Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Transição Planetária

A Transição Planetária

“Opera-se, na Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e confirmada pelo Espiritismo.

O planeta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição moral

Isto porque, os espíritos que o habitam, ainda caminhando em faixas de inferioridade, estão sendo substituídos por outros mais elevados que o impulsionarão pelas trilhas do progresso moral, dando lugar a uma era nova de paz e de felicidade.

Os espíritos renitentes na perversidade, nos desmandos, na sensualidade e vileza, estão sendo recambiados lentamente para mundos inferiores onde enfrentarão as conseqüências dos seus atos ignóbeis, assim renovando-se e predispondo-se ao retorno planetário, quando recuperados e decididos ao cumprimento das leis de amor.

Por outro lado, aqueles que permaneceram nas regiões inferiores estão sendo trazidos à reencarnação de modo a desfrutarem da oportunidade de trabalho e de aprendizado, modificando os hábitos infelizes a que se têm submetido, podendo avançar sob a governança de Deus.

Caso se oponham às exigências da evolução, também sofrerão um tipo de expurgo temporário para regiões primárias entre as raças atrasadas, tendo o ensejo de ser úteis e de sofrer os efeitos danosos da sua rebeldia.

Concomitantemente, espíritos nobres que conseguiram superar os impedimentos que os retinham na retaguarda, estarão chegando, a fim de promoverem o bem e alargarem os horizontes da felicidade humana, trabalhando infatigavelmente na reconstrução da sociedade, então fiel aos desígnios divinos.

Da mesma forma, missionários do amor e da caridade, procedentes de outras Esferas estarão revestindo-se da indumentária carnal, para tornar essa fase de luta iluminativa mais amena, proporcionando condições dignificantes, que estimulem ao avanço e à felicidade.

Não serão apenas os cataclismos físicos que sacudirão o planeta, como resultado da lei de destruição, geradora desses fenômenos, como ocorre com o outono que derruba a folhagem das árvores, a fim de que possam enfrentar a invernia rigorosa, renascendo exuberantes com a chegada da primavera, mas também os de natureza moral, social e humana que assinalarão os dias tormentosos, que já se vivem.

Os combates apresentam-se individuais e coletivos, ameaçando de destruição a vida com hecatombes inimagináveis.

A loucura, decorrente do materialismo dos indivíduos, atira-os nos abismos da violência e da insensatez, ampliando o campo do desespero que se alarga em todas as direções.

Esfacelam-se os lares, desorganizam-se os relacionamentos afetivos, desestruturam-se as instituições, as oficinas de trabalho convertem-se em áreas de competição desleal, as ruas do mundo transformam-se em campos de lutas perversas, levando de roldão os sentimentos de solidariedade e de respeito, de amor e de caridade...

A turbulência vence a paz, o conflito domina o amor, a luta desigual substitui a fraternidade.


A fatalidade da existência humana é a conquista do amor que proporciona plenitude.

Há, em toda parte, uma destinação inevitável, que expressa a ordem universal e a presença de uma Consciência Cósmica atuante.

A rebeldia que predomina no comportamento humano elegeu a violência como instrumento para conseguir o prazer que lhe não chega da maneira espontânea, gerando lamentáveis conseqüências, que se avolumam em desaires contínuos.

É inevitável a colheita da sementeira por aquele que a fez, tornando-se rico de grãos abençoados ou de espículos venenosos.

Como as leis da vida não podem ser derrogadas, toda objeção que se lhes faz converte-se em aflição, impedindo a conquista do bem-estar.

Da mesma forma, como o progresso é inevitável, o que não seja conquistado através do dever, sê-lo-á pelos impositivos estruturais de que o mesmo se constitui.


A melhor maneira, portanto, de compartilhar conscientemente da grande transição é através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto.

Nenhuma conquista exterior será lograda se não proceder das paisagens íntimas, nas quais estão instalados os hábitos.

Esses, de natureza perniciosa, devem ser substituídos por aqueles que são saudáveis, portanto, propiciatórios de bem-estar e de harmonia emocional.

Na mente está a chave para que seja operada a grande mudança.

Quando se tem domínio sobre ela, os pensamentos podem ser canalizados em sentido edificante, dando lugar a palavras corretas e a atos dignos.

O indivíduo, que se renova moralmente, contribui de forma segura para as alterações que se vêm operando no planeta.

Não é necessário que o turbilhão dos sofrimentos gerais o sensibilize, a fim de que possa contribuir eficazmente com os espíritos que operam em favor da grande transição.


Dispondo das ferramentas morais do enobrecimento, torna-se cooperador eficiente, em razão de trabalhar junto ao seu próximo pela mudança de convicção em torno dos objetivos existenciais, ao tempo em que se transforma num exemplo de alegria e de felicidade para todos.

O bem fascina todos aqueles que o observam e atrai quantos se encontram distantes da sua ação, o mesmo ocorrendo com a alegria e a saúde.

São eles que proporcionam o maior contágio de que se tem notícia e não as manifestações aberrantes e afligentes que parecem arrastar as multidões.

Como escasseiam os exemplos de júbilo, multiplicam-se os de desespero, logo ultrapassados pelos programas de sensibilização emocional para a plenitude.


A grande transição prossegue, e porque se faz necessária, a única alternativa é examinar-lhe a maneira como se apresenta e cooperar para que as sombras que se adensam no mundo sejam diminuídas pelo Sol da imortalidade.

Nenhum receio deve ser cultivado, porque, mesmo que ocorra a morte, esse fenômeno natural é veículo da vida que se manifestará em outra dimensão.

A vida sempre responde conforme as indagações morais que lhe são dirigidas.

As aguardadas mudanças que se vêm operando trazem uma ainda não valorizada contribuição, que é a erradicação do sofrimento das paisagens espirituais da Terra.

Enquanto viceje o mal, no mundo, o ser humano torna-se-lhe a vítima preferida, em face do egoísmo em que se estorcega, apenas por eleição especial.

A dor momentânea que o fere, convida-o, por outro lado, à observância das necessidades imperiosas de seguir a correnteza do amor no rumo do oceano da paz.


Logo passado o período de aflição, chegará o da harmonia.

Até lá, que todos os investimentos sejam de bondade e de ternura, de abnegação e de irrestrita confiança em Deus.

Joanna de Ângelis.


(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 30 de julho de 2006, no Rio de Janeiro, RJ)

Reino dos Céus

Pesquisaste, arrebatado, páginas comoventes e nobres que
encerravam a linguagem do Reino dos Céus.

Ouviste expositores fluentes, informando as excelências do
Reino dos Céus.

Acompanhaste missionários que erigiram templos onde se
pudessem guardar as mensagens do Reino dos Céus.

Meditas, extasiado, sobre as paisagens do Reino dos Céus.

E sonhas, fascinado, ante a esperança de entrares no Reino
dos Céus.

Todavia estás na Terra...
Lama e dor em toda parte.
Ignomínia e crime em enxurradas de ódio onde flutuam venenos
 e pestes.
Mentiras e traições emoldurando as telas mentais dos homens.

E deixas que a amargura vinque a tua face, macerando tua alma...

Desejarias saltar do trampolim da fé as cristas procelosas do
oceano dos homens em aflição, atingindo a plataforma celeste,
de um só impulso.

Mal sabes que o escritor das páginas impregnadas de beleza
sofre também no vale das sombras, sedento de luz.

Ignoras que o pregador carrega urzes no coração e tem as mãos
feridas no trato com o trabalho.

Desconheces as lágrimas que se derramam pelas faces dos
apóstolos, no labor abençoado.

Não estás informado das distâncias entre o ensino e a ação,
nem te percebes de que há muito céu a descobrir nos corações
humanos e muita luz a esconder-se nas paisagens da aflição.

O céu do gozo começa na terra do trabalho, como a árvore gigante
surge na semente minúscula.

Desdobra as percepções e apura os ouvidos.

Muitos preconizam a paz social em guerrilhas familiares a que se
não podem furtar.

Outros ensinam a verdade, utilizando a astúcia, como se a
sagacidade fosse o instrumento de manejo nobre  a serviço
do ideal.

Encontrarás missionários atarefados com as igrejas e almas abandonadas sem pastores nem agasalhos.
Não intentes um paraíso para ti, longe do trabalho fraternal aos
irmãos da margem.

Nem acredites em repouso justo sem a contribuição do necessário cansaço.
Há muita felicidade que é ociosidade negativa, como muita
expressão que é veneno verbal.

"O Reino de Deus - disse o Mestre - está dentro de vós mesmos."

Atende ao aflito, vigia as tuas atitudes, espalha a luz do
entendimento, trabalha sem cansaço, verificando que o terreno
desolado, quando arroteado com amor e perseverança, se
transforma em jardim colorido e perfumado.

Busca, desse modo, os céus da santificação; primeiro, porém,
santifica-te na Terra, transformando-a em bendito pomar de
felicidade perene, a um passo da glória da Imortalidade.


[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Messe de Amor]
[Editora LEAL]

O Reino dos Céus

AUTOR: Amélia Rodrigues - IN: LIVRO "Dias Venturosos" - Psicografia de Divaldo P.Franco


Permaneciam, na musicalidade da natureza e na ressonância dos corações os acordos maviosos do incomparável Sermão da montanha.

A melodia daquele voz, que enunciara as prodigiosas lições de esperança e de paz, continuava em vibração doce no âmago de todos quantos a ouviram.

As palavras pareceram fundir-se nos sentimentos do público, assinalando de forma especial cada um dos que estiveram presentes, como jamais ocorrera anteriormente.

Qual se nunca houvesse existido o passado, tudo agora se resumia nas expectativas do futuro promissor.

As dores que, até então, significavam amargura, apreensão, pesar, perderam o significado perturbador, para assinalarem os seus portadores com diferentes expressões, que os tornariam eleitos para o porvir ditoso.

Antes, as dificuldades e os sofrimentos representavam desgraça, abandono do socorro divino, orfandade espiritual. A partir daquele momento, porém, não seria mais a mesma coisa, porque uma Era Nova se inciava, clareada por incomum sol de alegria, mensageiro de felicidade.

Desde quando Jesus se acercara da multidão às margens do lago de Genesaré, houve uma significativa alteração na vida antes tranquila e modorrenta dos habitantes da Região.

Acostumados à rotina e à submissão aos dominadores políticos e religiosos, todos cumpriam com os deveres lhes eram assinalados, deixando-se arrastar quase indiferentes pelos pequenos sucessos diários.

Todavia, quando se ouviram as primeiras notícias do Rabi, que Se transformou repentinamente no fulcro de todas as ansiedades, um bulício permanente passou a agitar as pessoas e as comunidades instaladas na sua orla.

De certo modo, aquelas águas piscosas, que refletiam os céus sempre azuis e transparentes, se tornaram a moldura fulgurante para a tela especial onde Ele começou a escrever a música sublime dos Seus ensinamentos, que jamais desapareceriam das paisagens terrenas.
Ao lado de todos esses sentimentos, incomuns para aquelas gentes simples e modestas da Galiléia, pairavam no ar dulcidas emoções que embalavam os corações em festa contínua.

Agora, a cada instante, chegavam novas notícias, informações a respeito dos Seus feitos e dos Seus ditos, de boca a boca, em festival de beleza e de encantamento incessante.

Os encontros sucediam-se, ora nas praias largas; em ocasiões outras, nas praças públicas onde se reuniam as pessoas de contínuo, na barca de Simão, que Ele havia elegido para tribuna de dissertações encantadoras, tendo em vista a avidez com que todos O buscavam.

O Seu contacto suavizava a aspereza dos comportamentos agressivos, das necessidades crescentes, dos sofrimentos sem quartel.

Estimulado por esse dealbar de ansiedades, após uma reunião, que tivera lugar no seu lar, quando o Mestre se dirigiu à praia para sintonizar com as forças vivas da Natureza e melhor comungar com Deus, Simão, enternecido aproximou-se, cuidadoso, e após sentir-se notado, justificou a presença, elucidando que necessitava de informações, a fim de acalmar o corcel desenfreado dos pensamentos que o dominavam naqueles dias.

A noite, esplêndida de estrelas, que lucilavam à distância, tinha quebrado o seu silêncio pelas ondas sucessivas que se arrebentavam nas areias de seixos e pedras miúdas, levemente sacudidas pela brisa, ou pelos indefiníveis sons que se misturavam ao perfume suave das flores silvestres.

Jesus sempre ouvia aqueles que O buscavam com um misto de ternura, bondade e mansidão, permitindo que se estabelecesse um intercâmbio de vibrações dulçurosas, que passariam a impregnar o interlocutor para sempre.

Animado pela expressão de doçura do Amigo silencioso e atento, o pescador inquiriu, de monstrando interessse justificado:
- Falas a respeito do reino dos Céus, enriquecendo-nos a imaginação com símbolos - incomuns para a nossa compreensão. Acreditamos nas Tuas palavras. No entanto, acostumados à pesca rude, aos trabalhos desgastantes, sem hábitos mentais diferentes, todos nos inquirimos como será esse lugar. Eu próprio me tenho interrogado onde fica e como é constituído.

Fez uma pausa, emocionado, como se estivesse concatenando as idéias, para logo prosseguir:
- Gostaria, Senhor, que me explicasses, a fim de que, entendendo, também eu o pudesse dizer aos companheiros que participam das mesmas interrogações.

Abarcando a noite luminosa que dominava a paisagem à vista, o Mestre, paciente, elucidou:
- O reino dos Céus é o recanto calmo e silencioso do mundo interior onde repousam todas as ansiedades. Enquanto se está na Terra, os seus domínios se ampliam pela consciência em tranquilidade, pelo dever rectamente cumprido, e domina o coração com bem-estar, envolvendo todo o mundo íntimo em harmonia.

Proporciona alegria de viver, confiança no futuro, equilíbrio de acção, e dá sentido à existência corporal. E mesmo quando advém a morte física do ser, ei-lo que se transfere para a Imortalidade.

Silenciou momentaneamente, a fim de facultar ao discípulo compreender o conteúdo da lição, logo prosseguindo:
- A vida na Terra é constituída pelo elementos que existem no Reino Eterno e que são adaptados pelas necessidades humanas ao seu desenvolvimento e progresso. Porque a criatura ainda se encontra em processo de evolução, as suas construções primárias e grosseiras, que lentamente se vão transformando para melhor, a esforço de cada um e de todos reunidos.

Observa a delicada flor do espinheiro, que oscila ao vento e constatarás que é elaborada com a mesma substância dos acúleos que existem nas hastes. A luz prateada do astro que se engasta no Infinito e que nos parece repousante quão fria, é ardente e insuportável na superfície dele. No orvalho que nos humedece a face e os cabelos tens o mar miniaturizado, mas não é o mar gigantesco em si mesmo, que está à nossa frente ...

Assim é o reino dos Céus, a que me refiro e que a todos nos aguarda.

As suas fronteiras não podem ser conhecidas, porque são infinitas; a sua constituição escapa a qualquer definição, somente podendo ser apreendida pela emoção e a razão que dispensam palavras. Lá, não existe sofrimento, nem medo. A alma, que o alcança, liberta-se de preocupações e ansiedades, usufruindo das alegrias que na Terra jamais experimentou. O amor é vivo e pulsante, irradiando-se em todas as direcções, qual música divina que enternece e sustenta a esperança, fundindo os corações uns nos outros, sem desconfiança, nem precipitação.

Envolvendo o discípulo, que tinha os olhos iluminados de esperança e sorria de júbilos ante a possibilidade de transladar-se para esse paraíso, prosseguiu:
- O homem no mundo tudo mede pela pequenez de sua capacidade de entender a vida, não conseguindo possuir capacidade mental para superar os limites nos quais se encontra, enjaulado pelo corpo. No entanto, porque a vida orgânica é transitória, momento chega em que ele se liberta do carcere pela morte e defronte o mundo da realide, que ultrapassa a sua capacidade de antecipação,no qual se não foi vitorioso na luta contra as paixões e os vícios que o infelicitam, prossegue sofrendo, apegado aos interesses doentios a que se entregou. No entanto, quando consegue libertar-se das algemas do pecado, das rudes injunções afligentes que o apequenam, havendo superado os desejos malsãos, a inferioridade, porque cultivou o amor e a virtude, adentra-se pelo reino dos céus, como triunfador após a refrega das batalhas vencidas e a superação dos sentimentos animais.

Calou-se, por instante, para logo concluir:
- A morte do justo, a grande libertadora, transporta-o para o país da felicidade total, que já carrega interiormente, e onde nunca mais se acabará.

Hoje estamos lançando as bases colossais desse futuro, e porque ainda não é conhecido, experimentaremos a incompreensão dos sensualistas e gozadores, dos que desfrutam o poder enganoso e a propriedade injusta... Dia virá, porém, que não está próximo nem longe, no qual, as criaturas compreenderão a necessidade de preparar-se para conquistá.lo e envidarão todos os esforços, entregando a própria vida física, a fim de desfrutarem dele por toda a Eternidade...

Não foi necessário dizer mais nada. O silêncio, que se fez natural, estava saturado de bençãos, e Simão, emocionado, deixou-se arrastar pelas esperanças de o conseguir, quase em êxtase de felicidade.

FONTE: Revista de Espiritismo (Federação Espírita Portuguesa) - Artigo Jan - Março 2006 nº.67
Autor Espíritual: Amélia Rodrigues
Psicografia de: Divaldo P. Franco
IN: "Dias Venturosos"

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Iluminação de Consciências

Natanael Ben Elias, o paralítico de Cafarnaum, acabara de ser completamente curado por Jesus, voltando a andar.
Todos estavam em festa, exceto o Mestre, que meditava seriamente.
Simão, buscando romper o silêncio de Jesus, então pergunta:
Por que dizes que não Te compreendemos,Rabi? Estamos todos tão felizes!
Simão, neste momento, enquanto consideras o Reino de Deus pelo que viste, Natanael, com alegria infantil, comenta o acontecimento entre amigos embriagados e mulheres infelizes.
Outros que recobraram o ânimo ou recuperaram a voz, entre exclamações de contentamento, precipitam-se nos despenhadeiros da insensatez, acarretando novos desequilíbrios, desta vez, irreversíveis.
Não creias que a Boa Nova traga alegrias superficiais, dessas que o desencanto e o sofrimento facilmente apagam.
O Filho do Homem, por isso mesmo, não é um remendão irresponsável, que sobre tecidos velhos e gastos costura pedaços novos, danificando mais a parte rasgada com um dilaceramento maior.
A mensagem do Reino, mais do que uma promessa para o futuro, é uma realidade para o presente.
Penetra o íntimo e dignifica, desvelando os painéis da vida em deslumbrantes cores...
Eu sei, porém, que Me não podeis entender, tu e eles, por enquanto. E assim será por algum tempo.
Mais tarde, quando a dor produzir amadurecimento maior nos Espíritos, Eu enviarei alguém em Meu nome para dar prosseguimento ao serviço de iluminação de consciências.
As sepulturas quebrarão o silêncio que guardam e vozes, em toda parte, clamarão, lecionando esperanças sob os auspícios de mil consolações.
* * *
Séculos se passaram depois destes dizeres preciosos.
A dor amadureceu muitos corações desnorteados, e novamente a Humanidade suplicou a Jesus pela cura de suas mazelas.
Os sepulcros foram rompidos. O silêncio dos aparentemente mortos foi quebrado, e os descobrimos vivos, imortais e reluzentes.
Sim, as estrelas caíram dos céus. Estrelas de primeira grandeza espiritual se uniram em uma constelação admirável, e voltaram seu feixe de luz poderoso para aTerra.
Os Espíritos falaram, ensinaram, provaram que a vida futura prometida por Jesus é real.
A iluminação de consciências, proposta por Jesus, ganhou uma dimensão nova e maior.
A mensagem do Cristo se faz novamente presente como uma proposta para o presente, para a renovação imediata, urgente.
Na grande transição que o planeta atravessa, são eles, os Missionários do Mestre, que semeiam a verdade em todos os povos.
O amor volta a tomar seu lugar de evidência, nas propostas elevadas que são apresentadas aqui e acolá.
Atiramos as roupas velhas no tempo, e vestimos a roupagem do ESPIRITISMO, entendendo que a vida do Espírito, esta sim, é a verdadeira.

O Consolador - o Espiritismo - já está entre nós... Escutemo-Lo!



Autor: Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Primícias do Reino

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Jesus aproximou-se da Terra em Luz - Ivone A Pereira

A força do amor O encerramento do 3º Congresso Espírita Brasileiro, na visão dos Espíritos, relatado por Yvonne A. Pereira. Amigos e irmãos, abraço-os fervorosamente. Nesta oportunidade desejo compartilhar com os companheiros um fato relacionado ao suicídio que resultou numa serie de ações, desenvolvidas ao longo de 18 meses, aproximadamente, mas cujo desfecho superou todas as expectativas, mesmo as inimagináveis. As regiões de sofrimento onde vivem os suicidas, de todas as categorias, são inúmeras e vastas nos planos do Espírito. Brotam de um dia para outro, pois os excessos da Humanidade têm reduzido o tempo de reencarnação para um numero significativo de pessoas. Os atentados contra a manutenção da saúde física, mental e psicológica atingem cifras realmente assustadoras. A campanha Em Defesa da Vida, conduzida pelos espíritas, é ação que ameniza a situação. Mas algo mais intenso e abrangente, que envolva a sociedade, urge ser desenvolvido. Assim, passamos ao nosso relato. Localizamos em determinado nicho, em nosso plano, uma comunidade de suicidas vivendo em situação precária, em todos os aspectos. Chamava a nossa atenção que tal reduto de dor nunca reduzia de tamanho. Ao contrario, contabilizávamos um número crescente, dia após dia. Procurando analisar a problemática por todos os seus ângulos, verificamos que no local, incrustado em espaço de difícil acesso, existia uma espécie de ?escola? ? se este é o nome que se pode utilizar ? cujos integrantes se especializaram em indução ao suicídio; técnicas, recursos e equipamentos sofisticados eram desenvolvidos para que encarnados cometessem suicídio. O suicida era, então, conduzido à instituição e, sob tortura, a alma sofredora fornecia elementos mentais que serviam de alimentos à manutenção de diferentes desarmonias que conduzem o homem ao desespero. Fomos surpreendidos pela existência de tal organização e estarrecidos diante do fato, de como a alienação, associada à maldade, pode desestruturar o ser humano. Após tomar conhecimento dos detalhes, um plano de trabalho foi definido, depois que um mensageiro de elevada região veio até nós. Durante algum tempo pelejamos para sermos adequadamente preparados, inclusive aprendendo a liberar vibrações mais sublimadas, a fim de fornecer a matéria mental e sentimentos puros que pudessem erguer um campo de força energético ao redor do local. Almas devotadas estiveram conosco permanentemente, instruindo-nos, fortificando-nos e nos revelando a excelsitude do amor. Entretanto, era preciso fazer algo mais. Desfazer a organização não representaria, em princípio, maiores problemas; o desafio seria convencer os instrutores a não fazer mais aquele tipo de maldade. Várias tentativas foram envidadas, neste sentido. Orientadores esclarecidos da Vida Maior foram rejeitados e até ridicularizados. Nada conseguíamos com os dirigentes daquela instituição, voltada para a prática do suicídio. Mas a vitória chegou, gloriosa, no final da tarde do domingo ultimo, [1] quando, convidados a participar do encerramento do Congresso, aqueles dirigentes presenciaram a luminosidade do amor. Conseguiram, finalmente, ver o significado da vida, a sua importância e fundamentos. Foram momentos de grande emoção que envolveu a todos nós, quando uma nesga de luz desceu sobre os encarnados e desencarnados no exato instante em que todos, em ambos os planos da vida, se deram as mãos e cantaram a música em prol da paz. A nesga de luz se alargou, cresceu, envolveu a todos. A força do amor jorrou plena e, em sublime explosão, rompeu o ar, circulou sobre a cabeça de todos, espalhou-se como poderosa onda para além do recinto, ganhando a cidade. Brasília se nimbou de luz, no ar, no solo, nas águas. À nossa visão estupefata e maravilhada parecia que uma nova estrela estava surgindo. Os seres da Criação, vegetais, animais e hominais, os elementos inertes, rochas e minerais, as construções humanas, prédios, edifícios, avenidas, bancos, repartições públicas e privadas, residências, tudo, enfim, foi banhado por luz pura e cristalina que jorrava do Alto. Célere, a bela luminosidade espalhou do coração da Pátria para todos os recantos do Brasil, das Américas, da Europa, África, mais além, no Extremo e Médio Oriente, atingindo todos os continentes, países e cidades. Alcançou os pólos do Planeta, girou, em bailado sublime, por breves minutos ao redor da Terra e se prolongou mais além, em direção ao infinito. Jesus tinha se aproximado do Planeta, em brevíssima visita de luz, amor e compaixão. Jamais presenciei tanta beleza e tanta paz! Com afeto. Yvonne Pereira (Mensagem psicográfica recebida por Marta Antunes de Moura, na Federação Espírita Brasileira, em Brasília, no dia 22 de abril de 2010). [1] Domingo, 18 de abril de 2010: dia do encerramento do 3º Congresso Espírita Brasileiro. Todos os presentes cantavam, emocionados, a música pela paz.

O Evangelho e a Responsabilidade. "(...) O Evangelho serve para aliviar as dores da alma, serve para justificar as faltas dos homens, etc., mas é preciso notar que o Evangelho também chama à responsabilidade, exige de cada um de nós o esforço próprio para ser melhor. Há no Evangelho muitas consolações, mas também se encontram muitas advertências, muitas admoestações e muitas reprovações claras. Jesus ensinou e praticou o perdão em toda a sua plenitude, mas Jesus também reprovou o procedimento daqueles que reincidem no erro, daqueles que querem ser perdoados, querem receber muitos benefícios espirituais, mas não se corrigem, não procuram realizar a sua própria reforma moral...".

Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo - Dezembro de 1953 - Número 11

Já houve quem dissesse, talvez com ironia ou com intuito depreciativo, que o Evangelho serve para tudo, segundo as necessidades ou as conveniências dos homens. De fato, as aplicações do Evangelho, nas diversas circunstâncias da vida, são muito elásticas, senão incalculáveis, pois não há situação em que, tanto na alegria, como na dor, deixem de ter cabimento os ensinos evangélicos. Parece, porém, que o sentido daquela frase é outro. Quando se diz, ali, que “o Evangelho serve para tudo...”, naturalmente o que se pretende afirmar é que os homens se utilizam do Evangelho para tudo, até mesmo para encobrir as suas mazelas ou para justificar as suas fraquezas.
Realmente assim é. Que o diga a experiência da vida prática. Cita-se o Evangelho, constantemente, a propósito de tudo, mas, quase sempre, quando convém buscar apoio da palavra de Jesus para justificar uma atitude incorreta.
É muito raro citar-se o Evangelho com o desejo sincero de encontrar nele a carapuça que cabe a cada um... O Evangelho serve para aliviar as dores da alma, serve para justificar as faltas dos homens, etc., mas é preciso notar que o Evangelho também chama à responsabilidade, exige de cada um de nós o esforço próprio para ser melhor. Há no Evangelho muitas consolações, mas também se encontram muitas advertências, muitas admoestações e muitas reprovações claras. Jesus ensinou e praticou o perdão em toda a sua plenitude, mas Jesus também reprovou o procedimento daqueles que reincidem no erro, daqueles que querem ser perdoados, querem receber muitos benefícios espirituais, mas não se corrigem, não procuram realizar a sua própria reforma moral.
Que disse Jesus à pecadora? Vai, e não peques mais. Veja-se bem: não peques mais... Que quer dizer isto? Que não basta apelar para o Alto, não basta orar muito, não basta pedir o amparo divino: é necessário, é indispensável, também, não Reincidir na falta, esforçar-se para não cair de novo.
O Evangelho não exime o homem da responsabilidade, das conseqüências de seus atos. Cada um tem livre-arbítrio, embora relativo. Quando, porém, o homem quer aliviar a sua responsabilidade ou atenuar as suas faltas, recorre geralmente a uma saída fácil: a carne é fraca, ainda não sou perfeito etc. etc. E lá vem o Evangelho, citado na ponta da língua, para justificar a falta de educação espiritual, a falta de dignidade, a falta de prudência, a falta de “oração e vigilância”, finalmente. Daí dizer-se que o “Evangelho serve para tudo...” Sim, para tudo, porque os homens acham que, com o Evangelho na mão, podem fazer tudo e, depois, se apresentarem como Irresponsáveis. Afinal de contas, ninguém é responsável, porque a carne é fraca; ninguém é responsável, porque este mundo é imperfeito, e aqui não há criaturas perfeitas; ninguém é responsável, porque as exigências do mundo ainda são muito pesadas etc. etc.
Cada um, portanto, quer fugir à responsabilidade e, por isso, recorre logo ao Evangelho. No entanto, o Evangelho ensina claramente o principio da responsabilidade individual, quando diz: coloca, primeiro, o reino de Deus dentro de ti, e tudo o mais virá por acréscimo.
Que significa isto? Significa, simplesmente, que cada um, antes de pedir que as coisas venham do Alto, antes de querer a proteção divina, Deve melhorar-se interiormente, deve fazer um exame de consciência.
Que vem a ser isto, senão o principio da responsabilidade? Jesus disse mais: a cada um segundo as suas obras. Aí está, de maneira clara e iniludível, o principio da responsabilidade.
Muita gente cita o Evangelho apenas quando convém apontar um versículo, uma sentença que possa favorecer uma pretensão ou desculpar um procedimento reprovável. É que nem sempre convém citar o Evangelho, em certos pontos, porque há nas palavras de Jesus expressões fortes e incisivas, com endereço, indistintamente, para quem têm olhos de ver.
Não devemos, finalmente, procurar no Evangelho somente aquilo que nos alivia, que nos dá consolo ou que nos dá justificativa para as nossas faltas, mas devemos procurar no Evangelho, de preferência, aquilo que nos chama ao cumprimento do Dever e ao sentimento de responsabilidade.
Artigo : Deolindo Amorim

Só entrarão no reino dos céus...

Artigo extraído do livro "O Sermão da Montanha" - FEB -
 

 7ª Edição - 6/1989.

“Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! Entrarão no reino dos céus; apenas entrarão aqueles que fazem a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E eu então lhes direi em voz muito inteligível: nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que obrais a iniqüidade”. (Mateus, 7:21-23).
O texto em epígrafe, vazado em linguagem clara e precisa, não deixa a menor dúvida que a entrada no reino dos céus é uma questão de observância das leis divinas e não de filiação a esta ou àquela organização eclesiástica, de nada valendo as cerimônias ritualísticas, os exercícios religiosos, ou as confissões de fé que não se façam acompanhar de boas obras.
Os que dizem: “crede, e sereis salvos”; ou: “crede, e não precisareis guardar a lei”, coitados! – são cegos condutores de cegos.
Jesus sempre condenou com veemência as práticas meramente formalistas de religiosidade, e jamais acoroçoou a idéia de que seja suficiente a aceitação deste ou daquele “credo”, para que alguém tenha assegurado sua entrada nas mansões celestiais.
É a obediência aos mandamentos que prova a sinceridade de nossas convicções e a excelência da doutrina que aceitamos.
Quando essa doutrina é de molde a transformar-nos, erradicando de nós as características do “homem velho”, repleto de imperfeições, vícios e mazelas, para substituí-las pelas do “homem novo”, fazendo que em nossa vida se manifestem a honestidade, a brandura, a tolerância e a alegria de fazer o bem, então podemos saber que estamos trilhando o caminho certo, pois “é pelos frutos que se conhece a qualidade da árvore”.
Serão dignos do nome de cristão, os que se limitam a pregar os ensinamentos do Cristo (profetizar em seu nome), mas cujo caráter não se modifica para melhor, e não se mostram nem mais solícitos nem mais fraternos para com os outros? Não!
Os que, segundo os processos kardecistas ou umbandistas, doutrinam Espíritos obsessores, afastando-os daqueles que lhes sofriam o assédio, mas não se doutrinam a si mesmos, continuando com as mesmas fraquezas morais e a mesma falta de caridade no trato com seus semelhantes? Tampouco!
Os que fazem promessas, impondo-se penosas macerações, em demonstrações prodigiosas de fanatismo religioso (que a ninguém beneficiam), mas só cuidam da própria salvação, indiferentes à miséria e ao sofrimento do próximo? Também não!
À semelhança dos fariseus, os quais o Mestre comparou a sepulcros branqueados, formosos por fora, mas que por dentro estão cheios de asquerosidade, esses tais têm piedade apenas nos lábios, pois em seus corações o que há, realmente, é só frieza e hipocrisia.
Batendo na mesma tecla, disse Jesus de outra feita:
“Todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas, ao que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante de meu Pai que está nos céus”. (Mateus, 10:32-33).
Portanto, chamar Jesus Cristo de Nosso Senhor ou Nosso Salvador, entoar-lhe hinos e louvores, será de todo inútil se lhe não seguirmos os preceitos.
Sim, porque “confessar o Cristo diante dos homens” tem o sentido de proceder de conformidade com sua doutrina; significa devotar-se ao auxílio da Humanidade, sem exceção de espécie nenhuma, amparando, ensinando e servindo sempre, tornando-se um veículo da manifestação do Amor e da Verdade no mundo.
Enquanto formos movidos pelo egoísmo e pela vaidade, vivendo tão-somente para a exaltação do próprio “eu”; enquanto nos mantivermos insensíveis à má sorte de nossos irmãos, conquanto nos proclamemos seguidores do Cristo, estaremos negando-o diante dos homens, pois “amando-nos uns aos outros” é que nos daremos a conhecer como verdadeiros discípulos seus. E como “o amor é o cumprimento da Lei”, só quando soubermos amar é que faremos jus ao galardão celestial.

O Reino dos Céus

Artigo publicado no jornal Unificação - Ano IX - Agosto
 

de  1961 - Número 101

“E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou, Ei-lo ali, porque eis que o Reino de Deus está entre vós”.
(Lucas, Cap. XVII, v. 20/21).

“ E dizia: A que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei? É semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta, e cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu.

E disse outra vez: A que compararei o Reino de Deus?
É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou”.
(Lucas, Cap. XIII, v. 18/21).

“O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu, e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo”.


(Mateus, Cap. XIII, v. 44).

“ O reino dos céus é semelhante ao homem negociante, que busca boas pérolas.
E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.
O reino dos céus é semelhante a uma rede lançada no mar, e que apanha toda a qualidade de peixes.
E, estando cheia, a puxam para a praia; e assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora”.
(Mateus, Cap. XIII, v. 45/48).

Nos trechos evangélicos supra, o Mestre fez evidenciar que o Reino dos Céus não existe como lugar confinado, como mansão de repouso ou plano de contemplação beatífica.

Asseverando que o Reino dos Céus virá sem qualquer demonstração exterior, e ainda mais, que o tão almejado reino está perenemente entre nós, Jesus definiu, de modo inequívoco, como deveremos concebê-lo.
Evidentemente, se uma criatura vive em paz com sua consciência e é perseverante na observação dos ensinamentos evangélicos, estará, obviamente, vivendo num paraíso. Por outro lado, se qualquer indivíduo apenas pratica iniqüidades e reluta em seguir as veredas do Bem, estará, implicitamente, vivendo num verdadeiro inferno.
O Espiritismo proclama a existência dos planos superiores da Espiritualidade, onde os Espíritos que bem desempenharam o aprendizado nas “múltiplas moradas da casa do Pai”, gozam das bem-aventuranças peculiares àqueles que souberam assimilar as leis do amor. Essas regiões elevadíssimas não são destinadas à inação, ao descanso ou a servirem de reduto para espíritos egoístas que consideram a humanidade como parias ou intocáveis relegados à própria sorte.
No intuito de revelar aos seus pósteros a premente necessidade da preparação das almas para a tarefa dignificante de assimilação do reino dos Céus, o Nazareno fez várias comparações concludentes em torno do verdadeiro sentido em que devemos conceber a existência daquele reino. Naquelas felizes demonstrações o Reino dos Céus foi apresentado sob vários prismas que giram em torno do mesmo significado. Comparou-o, Jesus, ao grão de mostarda, que apesar de ser uma das mais minúsculas sementes, produz enorme vegetação; ao fermento que é capaz de levedar grande quantidade de massa; ao tesouro escondido, que, quando é achado por uma criatura, esta vende tudo quanto tem para adquiri-lo; a uma pérola de grande valor, que, quando achada serve de incentivo para quem a descobrir vender tudo quanto tem a fim de adquiri-la e, finalmente, a uma rede lançada ao mar e que, apanhando grande quantidade de peixes, uns são lançados fora como ruins e outros guardados como bons.
A máxima: “Buscai antes o Reino de Deus e sua justiça e tudo vos será acrescentado”, por si só é suficiente para demonstrar que, abrindo o coração para que nele se aninhe o sentimento do Bem, a criatura estará, tacitamente, recebendo pequena semente que se traduzirá em coisas empolgantes e gigantescas a ponto da criatura se sentir em íntimo contacto com as entidades boas e puras da Espiritualidade Superior, as quais, como aves do céu, dela aproximar-se-ão atraídas pelos vários ramos de virtude que emanam da sua alma.
Aquele que sentir em seu íntimo o despertar para as coisas de Deus deverá se desvencilhar de todas as imperfeições, deixando à margem todos os impulsos menos edificantes. Nesse caso deverá agir como aquele homem que, encontrando uma pérola de alto valor ou um tesouro escondido, se decidiu a dispor de tudo quanto tinha a fim de adquiri-los. O ser que pressentir, no âmago da sua alma, que as primícias do Reino dos Céus o estão bafejando com seus influxos, dada a sua qualidade de pessoa que pretende palmilhar a senda do Bem, deverá abandonar todas as preocupações escusas, os vícios, os maus pendores, a fim de possuir aquele Bem maior.
Fazendo analogia entre o Reino dos Céus e uma rede cheia de peixes, da qual o pescador separará os bons, guardando-os na cesta, e atirando os maus para fora, o Messias nos legou um ensino velado do qual temos que subtrair o espírito que vivifica.
O Reino dos Céus é para todas as criaturas de Deus. A rede generosa é lançada para toda a humanidade, indistintamente, assim como o Senhor derrama da sua infinita misericórdia sobre todos os seus filhos. Muitos, porém, não se contagiam por essas coisas sublimes e, quando ultrapassarem o limiar do túmulo, ocorrerá àquela separação lógica que os Evangelhos nos retratam, simbolizada no levantamento da rede e separação dos peixes: aqueles que se compenetraram dos seus deveres entrarão no gozo das coisas do Alto e aqueles que perverteram suas obrigações, que apenas aninharam o mal em seus corações, serão atirados para os lugares onde haverá choros e ranger de dentes – os planos terra-a-terra onde os espíritos ociosos curtirão as dores oriundas de um dever não cumprido, o umbral tenebroso servirá de cenário para essas criaturas que prevaricaram com os seus deveres.
Quando alguém nos disser que o Reino dos Céus está ali ou acolá, não devemos dar crédito. O tão aspirado Reino está dentro de nós e sua penetração em nosso coração se fará sem qualquer manifestação exterior, ou seja, pela simples prática das boas obras, conforme nos ensina o Cristo, através dos versículos 20 e 21 do Capitulo XVII do Evangelho de Lucas.

Paulo Alves de Godoy

terça-feira, 17 de julho de 2012

Ação Espírita na Transformação do Mundo.

Fonte: (Curso Dinâmico de Espiritismo – O Grande Desconhecido), 3ª Edição, Setembro de 1995, Editora J. Herculano Pires.

Três são os elementos fundamentais de que o Espiritismo se serve para transformar o nosso mundo num mundo melhor e mais belo:
A - Amor,
B - Trabalho,
C - Solidariedade.


1 - O AMOR abrange a compreensão e a tolerância, pois quem ama compreende o ser amado e sabe tolerá-lo em todas as circunstâncias. Abrange também a Verdade, pois quem ama sabe que o alvo supremo do Amor é a Verdade. Ninguém ama a mentira, pois mesmo os mentirosos apenas a suportam na falta da verdade. O amor egoísta do homem por si mesmo expande-se no desenvolvimento psicobiológico como, segundo já vimos, em amor altruísta, amor pelos outros, a partir do núcleo familial até à Sociedade, à Pátria e à Humanidade. Alguns espíritas dizem que os espíritas não têm pátria, pois sabem que todos podemos renascer em várias nações. Isso é uma incongruência, pois então não poderíamos também amar pai e mãe, que variam nas encarnações sucessivas. O amor não tem limites, mas nós, os homens, somos criaturas limitadas e estamos condicionados, em cada existência, pelas limitações da condição humana. Amamos de maneira especial aqueles que estão ligados a nós nesta vida ou se ligaram a nós em vidas anteriores. Amamos a todos os seres e a todas as coisas na proporção do nosso alcance mental de compreensão da realidade. E amamos a nossa Terra, o pedaço do mundo em que nascemos e vivemos e a parte populacional a que pertencemos, no recorte da população mundial que corresponde à população da nossa terra. E amamos os que estão além da Terra, nas zonas planetárias espirituais, como amamos, por intuição mental e afetiva, a todos os seres e coisas de todo o Universo. O ilimitado do Amor se impõe aos limites temporários da nossa condição imediata. E é esse o nosso primeiro degrau para a transcendência espiritual. Na proporção em que a nossa capacidade infinita de amar se concretiza na realidade afetiva (nascida dos sentimentos profundos e verdadeiros do amor) sentimo-nos elevados a planos superiores de afetividade intelecto-moral, respeitando progressivamente todas as expressões da vida e da beleza em todo o Universo. O Amor não é gosto, nem preferência, nem desejo – é afeição, ou seja, afetividade em ação, fluxo permanente de vibrações espirituais do ser que se expandem em todas as direções da realidade. Foi por isso que Francisco de Assis amou com a mesma ternura e o mesmo afeto, chamando-os de irmãos, aos minerais, aos vegetais, aos animais, aos homens e aos astros no infinito. As ondas do Amor atingem a todas as distâncias, elevações e profundidades, não podendo ser medidas, como fazemos com as ondas hertzianas do rádio. Depois de ultrapassar os limites possíveis da Criação, o Amor atinge o seu alvo principal, que é Deus, e Nele se transfunde.
O Espiritismo aprofunda o conhecimento da Realidade Universal e não pretende modificar o Mundo em que vivemos através de mudanças superficiais de estruturas.
Essa é a posição dos homens diante dos desequilíbrios e injustiças sociais. Mas o homem-espírita vê mais longe e mais fundo, buscando as causas dos efeitos visíveis. Se queremos apagar uma lâmpada elétrica não adianta assoprá-la, é necessário apertar a chave que detém o fluxo de eletricidade. Se queremos mudar uma Sociedade, não adianta modificar a sua estrutura feita pelos homens, mas modificar os homens que modificam as estruturas sociais. O homem egoísta produz o mundo egoísta, o homem altruísta produzirá o mundo generoso, bom e belo que todos desejamos. Não podemos fazer um bom plantio com más sementes. Temos de melhorar as sementes.
As relações humanas se baseiam na afetividade humana. Não há afetos entre corações insensíveis. Por isso a dor campeia no mundo, pois só ela pode abalar os corações de pedra. Mas o Espiritismo nos mostra que o coração de pedra é duro por falta de compreensão da realidade, de tradições negativas que o homem desenvolveu em tempos selvagens e brutais. Essas relações se modificam quando oferecemos aos homens uma visão mais humana e mais lógica da Realidade Universal. Essa visão não tem sido apresentada pelos espíritas, que, na sua maioria, se deixam levar apenas pelo aspecto religioso da doutrina, assim mesmo deformado pela influência de formações religiosas anteriores. Precisamos restabelecer a visão espírita em sua inteireza, afastando os resíduos de um passado de ilusões e mentiras prejudiciais. Se compreenderem a necessidade urgente de se aprofundarem no conhecimento da doutrina, de maneira a formarem uma sólida e esclarecida convicção espírita, poderão realmente contribuir para a modificação do mundo em que vivemos. Gerações e gerações de espíritas passaram pela Terra, de Kardec até hoje, sem terem obtido sequer um laivo de educação espírita, de formação doutrinária sistemática. Aprenderam apenas alguns hábitos espíritas, ouviram aulas inócuas de catecismo igrejeiro, tornaram-se, às vezes, ardorosos na adolescência e na juventude (porque o Espiritismo é oposição a tudo quanto de envelhecido e caduco existe no mundo), mas ao se defrontarem com a cultura universitária incluíram a doutrina no rol das coisas peremptas por não terem a menor visão da sua grandeza. Pais ignorantes e filhos ignorantes, na sucessão das encarnações inúteis, nada mais fizeram do que transformar a grande doutrina numa seita de papalvos. Duras são e têm de ser as palavras, porque ineptas e criminosas foram às ações condenadas. A preguiça mental de ler e pensar, a pretensão de saber tudo por intuição, de receber dos guias a verdade feita, o brilhareco inútil e vaidoso dos tribunos, as mistificações aceitas de mão beijada como bênçãos divinas e assim por diante, num rol infindável de tolices e burrices fizeram do movimento doutrinário um charco de crendices que impediu a volta prevista de Kardec para continuar seu trabalho. Em compensação, surgiram os reformadores e adulterados, as mistificações deslumbrantes e vazias e até mesmo as séries ridículas de reencarnações do mestre por contraditores incultos de suas mais valiosas afirmações doutrinárias.
Este amargo panorama afastou do meio espírita, muitas criaturas dotadas de excelentes condições para ajudarem o movimento a se organizar num plano superior de cultura. Isso é tanto mais grave quanto o nosso tempo que não justifica o que aconteceu com o Cristianismo deformado totalmente num tempo de ignorância e atraso cultural. Pelo contrário, o Espiritismo surgiu numa fase de acelerado desenvolvimento cultural e espiritual, em que os espíritas contaram e contam com os maiores recursos de conhecimento e progresso de que a humanidade terrena já dispôs. Todos os grandes esforços culturais em favor da doutrina foram negligenciados e continuam a sê-lo pela grande maioria dos espíritas de caramujo, que se encolhem em suas carapaças e em seus redutos fantásticos. Falta o amor pela doutrina, de que falava Urbano de Assis Xavier, falta o amor pelos companheiros que se dedicam à seara com abnegação de si mesmos e de suas próprias condições profissionais e intelectuais; falta o amor pelo povo faminto de esclarecimentos precisos e seguros; falta o amor pela Verdade, que continua sufocada pelas mentiras das trevas.
Os médiuns de grandes possibilidades se vêem cercados de multidões interesseiras, que os levam quase sempre ao fracasso ou ao esgotamento precoce. Só os interessados os procuram: os que desejam apenas dizer-se íntimos do médium; os que procuram consolação passageira em sua presença; os que buscam sugar-lhes os benefícios fluídicos e assim por diante. Os próprios médiuns acabam muitas vezes entregando-se ao desânimo e desviando-se para outros campos de atividade onde, pelo menos, poderão gozar de convivências menos penosas.
A exploração inconsciente e consciente dos médiuns pelos próprios adeptos da doutrina é um dos fatores mais negativos para o desenvolvimento do Espiritismo em nosso país e no mundo. A contribuição que eles poderiam dar para a execução das metas doutrinárias perde-se na miudalha das consultas pessoais e nas mensagens cotidianas de sentido religioso-confessional, mais tocadas de emoção embaladora do que de raciocínio e esclarecimento. É isso o que todos pedem, como crianças choramingas acostumadas a dormir ao embalo das cantigas de ninar. Até mesmo um médium como Arigó, dotado de temperamento agressivo como João Batista e assistido por uma entidade positiva como Fritz, acabou envolvido numa rede de interesses contraditórios que o envolveram através de manobras que o aturdiram, misturadas a calúnias e campanhas difamatórias que o levaram, na sua ignorância de roceiro inculto, a precipitar-se, sem querer, na sua destruição precoce. As grandes teses da Doutrina Espírita não foram suficientes para mobilizar os espíritas em favor do médium, resguardando-o e facilitando, pelo menos, a investigação dos cientistas norte-americanos, de diversas Universidades e da NASA, que tentaram desesperadamente colocar o problema em termos de equação cientifica. O que devia ter sido uma vitória da Verdade em plano universal, reverteu-se em mesquinho episódio de disputas profissionais acirradas por clérigos e médicos de visão rasteira. E tudo isso por que estranho motivo? Porque os espíritas não foram capazes de sair de suas tocas, empunhando as armas poderosas da doutrina, para enfrentar o conluio miserável das ambições absorventes e vorazes.
Cada espírita, ao aceitar e compreender a grandeza da causa doutrinária e sua finalidade suprema – que é a transformação moral, social, cultural e espiritual do nosso mundo – assume um grave compromisso com a sua própria consciência. O aparecimento de um médium como Chico Xavier ou Arigó não tem mais o sentido restrito do aparecimento de uma pitonisa ou um oráculo no passado, mas o do aparecimento de um João Batista ou de um Cristo na fase crítica da queda do mundo clássico greco-romano, da trágica agonia da civilização mitológica. Mas após um século da semeadura evangélica, na hora certa e precisa da colheita, vemos de novo o povo eleito enrolado em intrigas na Porta do Monturo, enquanto os romanos crucificam entre ladrões os que se imolaram em reencarnações providenciais.

Essa mentalidade de corujas agoureiras, e troianos que não ouvem Cassandra, decorre do egoísmo (essa lepra do coração humano, segundo a expressão Kardeciana) do comodismo e da preguiça mental. A falta de estudo sério e sistemático da doutrina, que permite a infiltração de elementos estranhos no corpo doutrinário, causando-lhe deformações rebarbativas e fantasiada de novidades, avilta a consciência espírita com a marca de Caim nos grupos de traidores. Esses traidores não traem apenas a doutrina, ao Cristo e a Kardec, mas também à Humanidade e ao Futuro. Onde fica o principio do Amor em tudo isso? Quem revelou amor à Verdade? Quem provou amar e respeitar a doutrina? Quem mostrou amar ao seu semelhante e por isso querer realmente ajudá-lo, orientá-lo, esclarecê-lo? A esse fim superior sobrepõe-se o interesse falso e mesquinho de fazer bonito aos olhos que necessitam de luz, bancar saberetas para os que nada sabem, impor a criaturas ingênuas a sua maneira mentirosa de ver o ensino puro e claro de Kardec.
O amor não está nos que se acumpliciam, se comprometem reciprocamente na trapaça, enleando-se na solidariedade da profanação consciente ou inconsciente. O amor está nos que repelem a farsa e condenam o gesto egoísta dos escamoteadores da verdade em proveito próprio, levando multidões ingênuas e desprevenidas à deturpação da doutrina esclarecedora. O amor, nesse caso, pode parecer impiedade, mas é piedade, pode assemelhar-se à injúria e agressão, mas é socorro e salvação. As condenações violentas de Jesus a escribas e fariseus não foram ditadas pelo ódio, mas pela indignação justa, necessária, indispensável do Mestre, que sacudia aquelas almas impuras para livrá-las da impureza com que aviltavam o simples.
Quem não tiver condições para compreender isso deve ter pelo menos a humildade de André Luiz, o médico lançado às zonas umbralinas, de contentar-se com trabalhos de limpeza e lavagem nos hospitais dos planos superiores para aprender a grandeza da humildade, a nobreza dos pequeninos, ao invés de rebelar-se contra as leis divinas da busca da Verdade.
Nosso movimento espírita, como todo o negro panorama religioso da Terra, está cheio de ignorantes revestidos ou não de graus universitários, que se julgam mestres iluminados e são apenas os cegos do Evangelho que levam outros cegos ao barranco. Impedi-los de cometer esse crime de vaidade afrontosa é o dever dos que sabem realmente amar e servir. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!” advertiu Jesus, não para condená-los ao fogo do inferno, mas para salvá-los do inferno de si mesmos.

2 – O TRABALHO é exigência do principio de transcendência. O homem trabalha por necessidade, como querem os teóricos da Dialética Materialista, mas não apenas para suprir as suas necessidades físicas de subsistência e sobrevivência. Não só, como querem os teóricos da vontade de potência, para adquirir poder. E nem só, também, como pretendem Bentham e os teóricos da ambição, para acumular posses que representam poder. A busca das causas, nesse campo, morreria no plano das causas secundárias. Mas a Filosofia Existencial, em nosso tempo, descobrindo o conceito de existência e definindo o homem como o existente (aquele ser que existe e luta para existir cada vez mais e melhor), mostrou e provou que a natureza humana é subjetiva e não objetiva (externa e material) e que a mola do mundo não está nos braços e nas mãos, mas na consciência. Confirmou-se assim, no plano geral da Cultura, o tantas vezes rejeitado e ridicularizado conceito espírita do trabalho. No Livro dos Espíritos temos a afirmação de que tudo trabalha na Natureza. Essa tese espírita antecipou a tese de John Dewey sobre a natureza universal da experiência. Em todo o Universo há forças em ação, inteligentemente dirigidas segundo planos determinados. Nada se fez ao acaso. Em termos atuais de eletrônica podemos dizer que o universo que é uma programação gigantesca de computadores em incessante atividade rigorosamente controlada. De um grão de areia a uma constelação estelar, de um fio de cabelo e de um vírus isolado até às maiores aglomerações humanas dos grandes parques industriais do mundo, tudo trabalha. O próprio repouso é uma forma de diversificação do trabalho para recuperações e reajustes nos organismos materiais e nas estruturas psicomentais do homem. As criaturas humanas que só trabalham para si mesmas ainda não superaram a condição animal. Vivem e trabalham, mas não existem. Porque existir é uma forma superior de viver, que inclui em seu conceito plena consciência das atividades desenvolvidas com finalidades transcendentes.
No próprio desenvolvimento da Civilização o trabalho individual se abre, progressivamente, nos processos de distribuição, para o plano superior do trabalho coletivo. Por isso, é no trabalho e através do trabalho que o homem se realiza como ser, desenvolvendo suas potencialidades. A extrema especialização da Era Tecnológica nasceu nas selvas, quando dos primeiros clãs o homem se incumbiu da guerra, da caça e da pesca, e a mulher da criação, alimentação e orientação dos filhos. A Revolução industrial na Inglaterra marcou um momento decisivo da evolução humana para a consciência da solidariedade. É no esforço comum e conjugado das relações de trabalho que se desenvolve o senso da comunidade, provando a necessidade do principio espírita de solidariedade e tolerância para o maior rendimento, maior estímulo e maior aperfeiçoamento das técnicas de produção. À concorrência de mercado, que estimula a ganância e a voracidade dos indivíduos e dos grupos, das empresas e dos sistemas de produção, opõe-se à conjugação das consciências, na solidariedade do trabalho comum, com vistas ao bem-estar de todos. Os teóricos que condenam as comunidades de trabalho voltadas para o interesse da maioria reduzem a finalidade superior do trabalho a interesses mesquinhos de enriquecimento individual e de grupos. A própria realidade os contesta com o espetáculo gigantesco do trabalho da Natureza, voltado para a grandeza do todo. Remy Chauvin considera os insetos sociais como expressões de sistemas coletivos de trabalho e de vida em que o egoísmo individualista e grupal (sociocentrismo) não impediu o desenvolvimento normal da solidariedade. A Natureza inteira é um exemplo que o homem rejeita em nome de seu egoísmo, da sua vaidade e das suas ambições desmedidas. Esses três elementos funcionaram na espécie humana como pontos hipnóticos que impediram o livre fluxo das energias livres do trabalho, condensando-as em formas institucionais absorventes. As tentativas de romper essas formas por métodos violentos representam uma reação instintiva que leva fatalmente, como o demonstra o panorama histórico atual, a novas formas de condensação. Esse círculo vicioso só pode ser rompido por uma profunda e geral compreensão do verdadeiro sentido do trabalho, que não leva a lutas e dissensões, mas à conjugação e harmonização de todas as fontes e todos os recursos do trabalho, nos mais diferenciados setores de atividade. A proposição espírita nesse sentido, como foi em seu tempo à proposição cristã original, encarna os mais altos ideais da espécie, voltados para o trabalho comunitário em ação e fins.
Hegel observou, em seus estudos de Estética, que a dialética do trabalho se revela nos reinos da Natureza. O mineral é a matéria-prima das elaborações futuras, apresentando-se como concentração de energias que formam as reservas básicas; o vegetal é a doação em que as forças do mineral se abrem para a floração e os frutos da vida; o animal é a vida em expansão dinâmica, síntese das elaborações dos dois reinos anteriores, endereçando esses resultados ao futuro, à síntese superior do Homem, no qual as contradições se resolvem na harmonia psicofísica e espiritual da criatura humana, dotada de consciência. Cabe agora a essa consciência elaborar a grandeza da Terra dos Homens (segundo a expressão de Saint-Exupéry). Por sinal que Exupéry, aviador, poeta e profeta, representa o arquétipo atual da evolução humana, na busca do infinito. Por isso, Simone de Beauvoir considerou a Humanidade, não como a espécie a que nos referimos por alegoria com os planos inferiores, mas como um devir, um processo de mutações constantes na direção do futuro. Hoje somos ainda projeções dos primatas obtusos e violentos, antropófagos (segundo Tagore) devoradores de si mesmos e dos semelhantes, escameadores e aviltadores da condição humana. Mas amanhã seremos homens, criaturas humanas que encarnarão as forças naturais sob o domínio da Razão e da Consciência. Teremos então a República dos Espíritos, formada pela solidariedade de consciências de que trata René Hubert em sua Pedagogia Generale.

Como vemos através desses dados, a Doutrina Espírita não nos oferece uma visão utópica do amanhã, mas uma precognição do homem em sua condição espiritual, sem as deformações teológicas e religiosas da visão comum, calcada em superstições e idealizações rebarbativas. Tendo penetrado objetivamente no mundo das causas, um século antes que as Ciências Materiais o fizessem, a Ciência Espírita, experimental e indutiva – e que tem agora todos os seus princípios fundamentais endossados por aquelas, em pesquisas de laboratório e tecnológicas – não formulou uma estrutura dogmática de pressupostos para figurar o homem de após a morte e o homem do futuro. A imagem que nos deu do homem novo há um século está hoje plenamente confirmada pelos fatos. A controvertida questão da sobrevivência espiritual foi resolvida tecnologicamente de maneira positiva, comprovando a tese espírita. Falta pouco para romper-se, nas mãos já trêmulas dos teólogos, a Túnica de Nessus da dogmática religiosa, que gerou por toda a parte angústias e desesperos. Estamos agora em condições de pensar tranqüilamente num futuro melhor para a Humanidade em fases melhores da sua evolução. Podemos agora nos integrar conscientemente na gigantesca oficina de trabalhos na Terra, preparando o caminho das gerações vindouras. As revelações não nos chegam mais de mão beijada, pois, como ensina Kardec, brotam dos esforços conjugados do homem esclarecido com os espíritos conscientes. Os dois mundos em que nos movemos, o espiritual e o material, abriram as suas comportas para que as suas águas se encontrem no esplendor de uma nova aurora. E o Sol que acende essa aurora não é mais uma chama solitária na escuridão total dos espaços vazios, mas apenas uma tocha olímpica entre milhões de tochas que balizam as conquistas futuras do homem na escalada sem-fim. Prometeu não será mais sacrificado por querer roubar o fogo celeste de Zeus, pois esse fogo é o mesmo que resplandece no corpo espiritual da ressurreição, que brilha na alma humana e define a sua natureza divina. Basta-nos continuar em nossos trabalhos para termos a nossa parte assegurada na Herança de Deus, pois como ensinou o Apóstolo Paulo, somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo. O conhecimento é a nossa fé, que não se funda em palavras, sacramentos e ídolos mortos, mas na certeza das verificações positivas e nas conquistas do trabalho humano, gerador constante de novas formas de energia para a escalada humana na transcendência.

3 – A SOLIDARIEDADE ESPÍRITA Se manifesta particularmente no campo da assistência à pobreza, aos doentes e desvalidos. O grande impulso nesse sentido foi dado, desde o início do movimento doutrinário da França, pelo livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que trabalhou em silêncio na elaboração dessa obra, sem nada dizer a ninguém. Selecionou numerosas mensagens psicografadas, procedentes de diversos países em que o Espiritismo já florescia. Sua intenção era oferecer aos espíritas um roteiro para a prática religiosa, baseado no que ele chamava de essência do ensino moral do Cristo. Conhecendo profundamente a História do Cristianismo e as dificuldades com que os originais do Evangelho haviam sido escritos, em épocas e locais diferentes, bem como o problema dos evangelhos apócrifos e das interferências mitológicas nos textos canônicos e as interpolações ocorridas nestes, afastou todos esses elementos espúrios para oferecer aos espíritas uma obra pura, despojada de todos os acessórios comprometedores. Seu trabalho solitário e abnegado deu-nos uma obra-prima, que conta com milhões de exemplares incessantemente reeditados no mundo. Essa obra foi ameaçada com a tentativa de adulteração. Foi o maior atentado que a obra de Kardec já sofreu no mundo, pior que a queima de seus livros em Barcelona pela inquisição Espanhola. Muito pior, porque foi um atentado provindo dos próprios espíritas, através de uma instituição doutrinária que tem, por obrigação estatuária, defender, preservar e divulgar a Doutrina Espírita codificada por Kardec. A conseqüência mais grave desse fato lamentável foi a quebra da solidariedade espírita, a desconfiança e a mágoa provocadas entre velhos companheiros. O ataque das Trevas à vaidade e à ignorância de alguns espíritas invigilantes produziu os efeitos necessários. Sirva o exemplo doloroso para todos os que assumem encargos doutrinários, julgando receber prebendas e consagração. A vaidade excitada leva monges de pedra a se julgarem poderosos na aridez e na solidão dos desertos.
A solidariedade espírita não é apenas interna, entre os adeptos e companheiros. Projeta-se pelo menos em três dimensões:
a) No plano social geral da comunidade espírita, além dos grupinhos domésticos e das instituições fechadas;
b) Envolve todas as criaturas vivas, protegendo-as, amparando-as, estimulando-as em suas lutas pela transcendência, procurando ajudá-las sem nada pedir em troca, nem mesmo a simpatia doutrinária, pois quem ajuda não tem o direito de impor coisa alguma;
c) Eleva-se aos planos superiores para ligar-se a Kardec e sua obra, a todos os espíritos esclarecidos que lutam pela propagação do Espiritismo no mundo e a Deus e a Jesus na Solidariedade cósmica dos mundos solidários.

Nessas três dimensões a Solidariedade Espírita realiza, como que apoiada em três poderosas alavancas, o esforço supremo de elevação do mundo, estimulando a transcendência humana. As mentes que ainda não atingiram a compreensão desse processo podem fechar-se em grupos e instituições de tipo igrejeiro, isolando-se em seus ambientes de furna, onde os espíritos mistificadores e embusteiros se acoitam facilmente. Mas na proporção em que os adeptos assim isolados, ou pelo menos alguns deles, procurarem realmente compreender a doutrina, à situação se modificará, despertando os indolentes para atividades maiores.
Todo trabalho espírita é exigente e penoso, porque faz parte de uma grande batalha – a da Redenção do Mundo, iniciada pelo jovem carpinteiro Jesus, filho de Maria e José. Essa batalha não é a de Deus contra o Diabo, o estranho anjo de luz que se revoltou para fundar o inferno. Essa ingênua concepção das civilizações agrárias e pastoris teve o seu tempo e sua função, o seu efeito de controle em fases de barbárie, mas não passa de uma alegoria inadequada ao nosso tempo. Tudo no Evangelho, como Kardec demonstrou, desde que afastado do clima mitológico, torna-se claro e demonstra a posição evidentemente racional do Cristo. O jovem carpinteiro não pertencia à Era Mitológica e encerrou essa era com a sua passagem pela Terra e a propagação do seu ensino. O mito vingou-se dele, pois o transformou também em mito. Por muito tempo, até aos nossos dias, a figura humana de Jesus figurou na nova mitologia, na fase romana do Renascimento Mitológico, em que se destacou a figura do imperador Juliano, o Apóstata, que depois de aceitar o Cristianismo apostatou-se e empenhou-se na salvação dos seus deuses antigos. Os resíduos da mentalidade mitológica das civilizações arcaicas, particularmente a Grega e a Romana, reagiram, como era natural, contra o racionalismo cristão. Dessa maneira, na mente das populações bárbaras do império Romano decadente, Jesus foi transformado num mito da Era Agrária. Os padres e bispos do Cristianismo nascente, todos impregnados pela carga mitológica de um longo passado de ignorância e superstições, não foram capazes de compreender o racionalismo das proposições cristãs. Pelo contrário, cheios de temor e de espanto, contribuíram para a deformação do Cristianismo. Antes e depois da queda do império, os cristãos fizeram concessões necessárias aos povos bárbaros para absorvê-los no seio da Religião Redentora. Onde quer que os cristãos se impussessem pela força do número e das armas, as igrejas pagãs eram transformadas em templos cristãos, conservando-se cautelosamente as tradições mitológicas mais arraigadas. O exemplo clássico e mais conhecido dessa tática romana é a Catedral de Notre Dame, em Paris, que ainda guarda nos seus subterrâneos os restos do templo pagão da Deusa Lutécia. A Deusa pagã foi conservada no templo, mas com o nome de Nossa Senhora, para que o povo ingênuo aceitasse assim o culto cristão a Maria sob o prestígio secular da deusa pagã. Blavatsky lembra que a Deusa Céres, divindade da fecundação e em muitas regiões, mais especificamente, deusa dos cereais, forneceu ao Cristianismo nascente uma das mais conhecidas imagens de Nossa Senhora, em que ela é representada com o manto estrelado do Céu, em pé sobre o globo terreno: Céres cobrindo a Terra com seu manto celeste para fecundá-la. Esse mesmo processo de transposição ocorre hoje no Sincretismo Religioso Afro-Brasileiro e nas formas de sincretismo de outros países da América, onde os ritos e as figuras dos deuses ou santos católicos são absorvidos pelas religiões africanas transplantadas pelo tráfico negreiro de escravos ao novo continente. Jesus virou Oxalá, Nossa Senhora virou Iemanjá, São Jorge virou Ogum (deus da guerra), São Sebastião virou Oxum (deus da caça, e assim por diante).
Basta lermos o Livro de Atos dos Apóstolos, no Evangelho, e as epístolas de Paulo (anteriores aos Evangelhos) para termos a confirmação dessa verdade histórica. Na primeira epístola de Paulo ao Corintos, no tópico referente aos Dons Espirituais, temos uma descrição viva do chamado culto pneumático (do Grego: Pneuma, sopro, espírito), as sessões mediúnicas realizadas pelos primeiros cristãos e nas quais, segundo as pesquisas históricas modernas, que confirmam os dados da Tradição, manifestavam-se espíritos inferiores cheios de ódio a Cristo. Essas manifestações assustadoras foram consideradas como diabólicas, reforçando a imagem tradicional do Diabo na mente ingênua dos adeptos.

A luta entre o Bem e o Mal é simplesmente o processo dialético da evolução. O Mal é a ignorância, o atraso, a superstição. O Bem é o conhecimento, o progresso, a adequação da mente à realidade. Essa é a grande luta das coisas e dos seres, figurada na revolta absurda de Luzbel, o anjo de luz que se entregou à inveja e converteu-se em adversário de Deus. Esses símbolos de um passado bárbaro e longínquo ainda prevalecem na Terra como resíduos míticos que o tempo desgasta na proporção em que a Cultura se desenvolve. A Ciência incumbiu-se de ajustar a mente humana à realidade terrena, mas os homens se envaideceram e negaram-se a si mesmos nas idéias materialistas, colocando-se abaixo de tudo quanto existe. Duro castigo que o orgulho humano ainda não reconheceu. A Ciência afirma que nada se perde na Natureza, tudo se transforma. O homem aprova isso com entusiasmo e sorri de si mesmo (sem perceber), pois só ele não subsiste, só ele é pó que reverte ao pó. Essa é a verdadeira queda do homem, que se rebaixa ao pó num mundo em que tudo se eleva incessantemente na direção dos planos superiores. A tentação simbólica de Jesus no deserto assemelha-se à tentação de Buda na floresta. É a tentação dos homens pelas fascinações dos bens terrenos. Quando o homem se apega a terra (com t minúsculo, porque a terra que pisamos e não o Globo Terreno), ele se nega evoluir e é castigado pelas forças da evolução, que o impelem a sair da sua toca de bicho para atingir a condição existencial da espécie. A lei da existência não é o pó, mas a transcendência. Pode o homem andar de joelhos pelas ruas e as estradas, jejuar, mortificar-se, ciliciar-se quanto quiser, mas com isso não se tornará melhor. Voltará às reencarnações difíceis e dolorosas para aprender, no sofrimento e na decepção, que não se busca Deus rastejando, mas elevando-se no amor e na dedicação aos outros. As práticas religiosas de purificação são egoístas, aumentam a miséria humana e o apego do homem a si mesmo. As tentações que sofremos não vêm do Diabo, mas de nós mesmos, da nossa ignorância e do nosso apego hipnótico aos bens perecíveis da vida terrena. O Diabo é o Bicho-Papão dos adultos, o espantalho dos supersticiosos. Giovanni Papini, escritor católico italiano, contemporâneo, em seu livro IL DIAVOLO, escandalizou o Vaticano, pregando a conversão do Diabo. Não conseguia admitir esse mito impiedoso em sua teologia. O Padre Teilhard de Chardin, em seus estudos teológicos, negou a condenação eterna do Diabo. O Espiritismo se limita a mostrar a natureza mitológica do Diabo e a demonstrar, prática e logicamente, a impossibilidade da queda do Anjo Luzbel. A evolução espiritual é irreversível. O espírito que se elevou ao plano angélico não pode regredir, não pode ter inveja e outros sentimentos humanos. O anjo-mau é uma contradição em si mesmo, pois a Angelitude é a condição divina que o espírito busca e atinge na existência. A luta do homem para transformar o mundo é a luta do homem consigo mesmo, pois é ele quem faz o mundo, e o faz à sua imagem e semelhança. Deus criou a Terra e todos os mundos do espaço, mas deu cada mundo aos homens que os habitam, para que eles aprendam o seu ofício paterno de Criador, tentando criar o mundo humano que lhes compete. É evidente que existe o mundo físico, material, em que nascemos, vivemos e morremos. E é também inegável que, sobre esse mundo físico e com os seus materiais, os homens construíram um mundo diferente, feito de artifícios humanos. O mundo material e sua contraparte espiritual (que os cientistas começam a descobrir como antimatéria) constituem o mundo natural. Mas sobre ambas as partes desse mundo natural os homens constroem os seus mundos fictícios. Cada Civilização é um mundo imaginário que o homem constrói com o seu trabalho, modelando em argila e pedra os seus sonhos e as suas ilusões. Esses mundos artificiais são o reflexo das ideações humanas na matéria. Nós os criamos, alimentamos, desenvolvemos, dirigimos e matamos. Os mundos bárbaros criados na Terra eram ingênuos; os mundos civilizados apresentam uma gradação que reflete a evolução humana, indo das civilizações agrárias, fantasiosas e alegóricas, até às grandes civilizações orientais, massivas e arrogantes e às Civilizações Teocráticas, míticas e supersticiosas; chegando às Civilizações Cientificas, politeístas e pretensiosas, que se transformam em Civilizações Tecnológicas, materialistas e conflitivas, que morrerão para dar lugar à Civilização do Espírito, na busca cultural da Transcendência. Segundo Toynbee, mais de vinte grandes civilizações já existiram na Terra. Agora está surgindo aos nossos olhos e sob nossos pés uma Nova Civilização – a do Espírito – que podemos chamar de Cósmica ou Espiritual. É para preparar o advento dessa Civilização do Espírito que o Espiritismo surgiu. Não adianta querermos fazer do Espiritismo uma religião dogmática, carregada de misticismo tolo ou de materialismo alienante. As novas gerações que se encarnam para realizá-la não temem a Deus nem o Diabo, simplesmente confiam nos planos irreversíveis do Deus, que se executam segundo as leis da consciência humana em relação telepática permanente com as entidades angélicas a serviço de Deus. O Espiritismo é a Plataforma de Deus, aprovada pelos Espíritos Superiores para a transformação e elevação da Terra.

Mensagem de Chico Xavier por Wagner da Paixão

CONVITES DA VIDA


Caros irmãos e dedicadas irmãs: Deus nos abençoe e nos inspire o Bem!

Abraçamos, no Espiritismo Cristão, o mais sublime ideal do amor e da caridade, e porque
nos sentimos irmanados a Jesus, em Sua magna missão de resgatar almas e corações em
sofrimento, temos a luz divina a nos descortinar o futuro promissor, na medida em que
desenvolvemos habilidades morais, através da usina maravilhosa dos sentimentos
a situar-se em nossos corações...

O tempo renovado na Terra é um convite amoroso de Deus, buscando-nos os valores já
revelados de alma ou mesmo induzindo-nos a outras conquistas interiores, no trato
com a vida infinita e em viva relação de amor com os semelhantes...

Para muitos irmãos nossos, meus amigos, o culto da fé em obras de assistência e amor
aos semelhantes parece alienação ou sinal de pouca intelectualidade...

Sem qualquer recriminação à interpretação dos que assim julgam, indagaríamos sobre
o poder dos pensamentos sobre as ocorrências, sobre as coletividades, sobre os
elementos do próprio destino...

Meus Deus!... – suspiramos, admirado – Não são exatamente os dons da alma, do Espírito,
tantas vezes denominados gênio, inteligência, força moral, etc..., que geraram a cultura hoje
sistematizada no Orbe, ordenando a vida social, os fundamentos da justiça e todo o
progresso que, objetivamente, se assenta nessas bases de fé e visão, de otimismo e crença,
de concepções e anseios sentimentais?!...

A vida é tão bela e tão promissora, mesmo na Terra onde a violência e o sofrimento ainda
dominam, que mesmo o estrume – tido por elemento desprezível e agressor – é o bendito
adubo que patrocina, na base das plantas, as rosas mais perfumosas e os frutos mais
suculentos que enriquecem as nossas mesas!...

Por isso, meus amigos, Jesus é o nosso Sol de Amor e de Sabedoria!

Respeitamos todos os trabalhadores do Globo, de todas as épocas históricas e entendemos
até mesmo a existência das guerras fratricidas à luz da Lei de Destruição tão bem exarada na
genuína obra que revelou a Doutrina Espírita ao Mundo; todavia, não há grandeza espiritual
maior que o tratado iluminativo e santificante do Evangelho, que pode ser interpretado pelo
próprio coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, à nossa disposição!...

Temos, assim, meus irmãos, incontáveis motivos para vencer desafios e dores, amarguras e
desentendimentos circunstanciais, pois a vida se constitui de convites amorosos de Deus
a Seus filhos, estejam eles aonde estiverem ou se posicionem como nem imaginamos...

O amor é o nosso clima de florescimento e é também o nosso galardão sem fim!

Amemos – eis a nossa missão para a Eternidade...

Amemos os semelhantes, a nós mesmos, a Natureza, as dores e as alegrias, porque,
definitivamente, amigos, tudo concorre para o nosso progresso – que é o caminho da felicidade
sem sombras!

Que o Alto nos envolva na tarefa de melhorar-nos para melhorarmos a Terra. E que, a cada
trecho de nossa jornada comum, o sentimento iluminado pela fé se revele em perdão e caridade!

Chico Xavier

(Mensagem psicografada pelo médium Wagner G. Paixão em reunião pública do Grupo Espírita
da Bênção, em Mário Campos, MG, na noite do dia 02/01/2012)