Redenção
Autor: Amélia Rodrigues (espírito)
O
mergulho de Jesus nos fluidos grosseiros do orbe terráqueo é a história
da redenção da própria humanidade, que sai das furnas do “eu” para os
altos píncaros da liberdade.
Vivendo nos reinados de Augusto e Tibério, cujas vidas assinalaram com
vigor inusitado a História, o Seu berço e o Seu túmulo marcaram
indelevelmente os tempos, constituindo sinal divisório da Civilização,
acontecimento predominante nos fastos da vida humana.
Aceitando como berço o reduto humílimo de uma estrebaria, no momento
significativo de um censo, elaborou, desde o primeiro momento, a
profunda lição da humildade para inaugurar um reinado diferente entre as
criaturas, no justo momento em que a supremacia da força entronizava o
gládio e a púrpura atapetava o solo, alcatifando o piso por onde
passavam os triunfadores.
E não se afastou, jamais, da diretriz inicial assumida: o de servo de todos.
Acompanhando a marcha tresloucada do espírito humano que se encontra
atado aos sucessivos ciclos dos renascimentos inferiores, na roda das
paixões escravizantes, fez que pioneiros e embaixadores da Sua Morada O
precedessem cantando as glórias superiores da vida e do belo, para
propiciar os sonhos de elevação e as ânsias sublimantes...
Alexandre Magno conquistou o Mundo sem conseguir, no entanto, intimidar
os filósofos que habitavam as margens do Indo. Apaixonado por Homero,
dizia encontrar na Ilíada inspiração ao amor e à guerra que lhe dava
glórias... Logo passou, e aos 33 anos sucumbiu, depois de ter vivido o
correspondente a várias vidas...
Os direitos dos povos pertenciam aos dominadores e o homem não passava de animal de carga, nas garras da força.
Depois dEle, Marco Aurélio registra os pensamentos que fluem da mente
privilegiada, sob elevada inspiração de Emissários Sábios enquanto
peleja nos campos juncados de cadáveres...; as hostes selvagens, em nome
da hegemonia política de vândalos elevados ao poder, irrompem
voluptuosas, quais labaredas humanas crepitantes e carbonizantes, e
atrás de suas legiões ficam os destroços, as cinzas, as dores
agudíssimas das cidades vencidas e enlutadas.
Os triunfadores de um dia erigem monumentos à própria insânia, que a
soberba qualifica de glória, mas que ruem quando os construtores se
consomem...
... Tudo passa! A Grande Esfinge tudo devora...
Tronos refulgentes, sólios esplêndidos, coortes brilhantes ao Sol,
conquistas grandiosas, civilizações douradas e impiedosas, os tempos
vencem...
Ele chega silencioso, pulcro, e fica.
Reúne a malta dos aflitos e os agasalha ao próprio peito.
Nada solicita, coisa alguma exige.
Libertador por excelência, canta o hino da verdadeira liberdade,
ensinando a destruição dos elos da inferioridade que junge o homem às
mais cruéis cadeias...
Embosca-se na carne, mas é Sol de incomparável luz, clareando o fulcro dos milênios.
Ao suave balido da Sua mansa voz, acordam as esperanças e se levantam os ideais esquecidos.
Ao forte clamor do seu verbo, erguem-se os dias, e as horas do futuro
vibram, aprofundando no cerne do mundo os alicerces da Humanidade Feliz
do porvir.
Admoesta e ajuda.
Verbera, rigoroso, e socorre.
Aceita a oferenda do amor mas não enclausura a verdade nas paredes do suborno.
Rei Celeste, comparte das necessidades dos pecadores e vive entre eles.
Permuta o contato dos anjos pela comunhão do populacho da verdejante e
calma Cafarnaum, trocando os esplendores da Via-Láctea pelas madrugadas
rubras do lago piscoso.
Prefere os entardeceres ardentes de Jericó à epopéia célica dos astros em infinito meio-dia.
Aceita o pó das estradas ermas e calcinadas de Caná, Magdala, Dalmanuta,
e as suas fronteiras que se perdem no Sistema Solar, Ele as estreita
entre o Mar e o Hebron, entre a Síria e o país de Moab...
Deixa a gleba paradisíaca para tomar de um grão de mostarda e elaborar
com ele uma cantata, sofrendo calor asfixiante; esfaimado, pede a uma
figueira frutos que, fora de época, não os pode dar...
Senhor do Mundo, Causa anterior existente, deixa-se confundir na turba,
na multidão esfarrapada, que em fúria busca o amor sem saber
identificá-lo; na multidão, sim, na qual, sofrendo, encontra a razão do
Seu glorioso martírio.
Entre os sofredores, canta as mais eloqüentes expressões que o homem jamais ouviu.
As Suas Boas Novas são orquestradas pela musicalidade espontânea da
Natureza, no cenário das primaveras e dos verões, entre as aldeias e o
lago, no coração exuberante da Terra em crescimento...
E traído, magoado, encarcerado, vencido numa Cruz, elege uma tranqüila e
luminosa manhã para ressurgir, buscando uma antiga obsediada para
dizer-lhe que a vida não cessa, e que o Reino de Deus está dentro do
coração, reafirmando, insofismável, ficar “conosco todos os dias até o
fim do Mundo”, retornando, assim, ao Pai, onde nos espera vencidas as
refregas libertadoras da ascese em que hoje nos empenhamos com
sofreguidão.
Psicografia de divaldo Franco. Livro: Primícia do Reino
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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Depressões
Depressões
Autor: Emmanuel (espírito) / psicografia de Chico Xavier
Se trazes o espírito agoniado por sensações depressivas, concede ligeira pausa a ti mesmo, no capítulo das próprias aflições, a fim de raciocinar.
Se alguém te ofendeu, desculpa.
Se feriste alguém, reconsidera a própria atitude .
Contratempos do mundo estarão constantemente no mundo, onde estiveres.
Parentes difíceis repontam de todo núcleo familiar.
Trabalho é a lei do Universo.
Disciplina é alicerce da educação.
Circunstâncias constrangedoras assemelham-se a nuvens que aparecem no firmamento de qualquer clima.
Imcompreensões com relação a caminho e decisões que se adotem são empeços e desafios, na experiência de quantos desejem equilíbrio e trabalho.
Agradar a todos, ao mesmo tempo, é realização imposível.
Separações e renovações representam imperativos inevitáveis do progresso espiritual.
Mudanças equivalem a tratamento da alma, para os ajustes e reajustes necessários à vida.
Conflitos íntimos marcam toda criatura que aspire a elevar-se.
Fracassos de hoje são lições para os acertos de amanhã.
Problemas enxameiam a existência de todos aqueles que não se acomodam com estagnação.
Compreendendo a realidade de toda a pessoa que anseie por felicidade e paz, aperfeiçoamento e renovação, toda vez que sugestões de desânimo nos visitem a alma, retifiquemos em nós o que deva ser corrigido e, abraçando o trabalho que a vida nos deu a realizar, prossigamos à frente.
Autor: Emmanuel (espírito) / psicografia de Chico Xavier
Se trazes o espírito agoniado por sensações depressivas, concede ligeira pausa a ti mesmo, no capítulo das próprias aflições, a fim de raciocinar.
Se alguém te ofendeu, desculpa.
Se feriste alguém, reconsidera a própria atitude .
Contratempos do mundo estarão constantemente no mundo, onde estiveres.
Parentes difíceis repontam de todo núcleo familiar.
Trabalho é a lei do Universo.
Disciplina é alicerce da educação.
Circunstâncias constrangedoras assemelham-se a nuvens que aparecem no firmamento de qualquer clima.
Imcompreensões com relação a caminho e decisões que se adotem são empeços e desafios, na experiência de quantos desejem equilíbrio e trabalho.
Agradar a todos, ao mesmo tempo, é realização imposível.
Separações e renovações representam imperativos inevitáveis do progresso espiritual.
Mudanças equivalem a tratamento da alma, para os ajustes e reajustes necessários à vida.
Conflitos íntimos marcam toda criatura que aspire a elevar-se.
Fracassos de hoje são lições para os acertos de amanhã.
Problemas enxameiam a existência de todos aqueles que não se acomodam com estagnação.
Compreendendo a realidade de toda a pessoa que anseie por felicidade e paz, aperfeiçoamento e renovação, toda vez que sugestões de desânimo nos visitem a alma, retifiquemos em nós o que deva ser corrigido e, abraçando o trabalho que a vida nos deu a realizar, prossigamos à frente.
A Grande Educadora
A Grande Educadora
Autor: Léon Denis
Chama-se Dor.
Revela-se na desventura do amante, na desolação da orfandade, na angústia da miséria, no alquebramento da saúde, no esquife do ser querido que se foi deixando atrás de si a lágrima e o luto, no opróbrio da desonra, na humilhação do cárcere, no aviltamento dos prostíbulos, na tragédia dos cadafalsos, na insatisfação dos ideais, na tortura das impossibilidades – no acervo das desilusões contra que se confunde e se decepciona o coração da Humanidade.
Não obstante, a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa.
Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho regenerador das lágrimas, a Dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.
O diamante escravizado em sua ganga sofre inimagináveis dilacerações sob o buril do lapidário até poder ostentar toda a real pureza do grande valor que encerra. Assim também será a nossa alma, que precisará provar o amargor das desventuras para se recobrir dos esplendores das virtudes imortais cujos germens o Sempiterno lhe decalcou no ser desde os longínquos dias do seu princípio!
A alma humana é o diamante raro que a Natureza – Deus – criou para, por si mesmo, aperfeiçoar-se no desdobrar dos milênios, até atingir a plenitude do inimaginável valor que representa, como imagem e semelhança dAquele mesmo Foco que a concebeu. Mas o diamante – Homem – acha-se envolvido das brutezas das paixões inferiores. É um diamante bruto! Chega o dia, porém, em que os germes da imortalidade, nele decalcados, se revolucionam nos refolhos da sua consciência, nele palpitando, então, as ânsias por aquela perfeição que o aguarda, num destino glorificador: - Foi criado para as belezas do Espírito e vê-se bruto o inferior! Destinado a fulgir nos mostruários de esferas redimidas, reconhece-se imperfeito e tardo nas sombras da matéria! Sonha com a sublimização das alegrias em pátrias divinais, onde suas ânsias pelo ideal serão plenamente saciadas, mas se confessa verme, porquanto não aprendeu ainda sequer a dominar os instintos primitivos!
Então o diamante – Homem – inicia, por sua vontade própria, a trajetória indispensável do aperfeiçoamento dos valores que consigo traz em estado ignorado, e entra a sacudir de si a crosta das paixões que o entravam e entenebrecem.
E essa marcha para o Melhor, essa trajetória para o Alto denomina-se Evolução!
A luta, então, apresenta-se rude! É dolorosa, e lenta, e fatigante, e terrível! Dele requer todas as reservas de energias morais, físicas e mentais. Dilacera-lhe o coração, tortura-lhe a alma, e o martirológico, quase sempre, segue com ele, rondando-lhe os passos!
Mas seu destino é imortal, e ele prossegue!
E prosseguindo, vence!...
Então, já não é o bruto de antanho...
O diamante tornou-se jóia preciosa e refulge agora, pleno de méritos e satisfações eternas, nos grandes mostruários da Espiritualidade – esferas de luz que bordam o infinito do Eterno Artista, que é Deus!
A Dor, pois, é para o Espírito humano o que o Sol é para as trevas da noite tempestuosa: - Ressurreição! Porque, se este aclara os horizontes da Terra, levantando com seu brilho majestoso o esplendor da Natureza, aquela desenvolve em nosso ego os magnificentes dons que nele jaziam ignorados: - fecunda a inteligência, depurando o sentimento sob as lições da experiência, educando o caráter, dignificando, elevando, num progredir constante, todo o ser daquele em quem se faz vibrar, tal como o Sol, que vivifica e benfaz as regiões em que se mostra.
A Dor é o Sol da Alma...
A criatura que ainda não sofreu convenientemente carrega em si como que a aridez que desola os pólos glaciais e, como estes, é inacessível às elevadas manifestações do Bem, isto é, às qualidades redentoras que a Dor produz. Nada possuirá para oferecer aos que se lhe aproximam pelos caminhos da existência senão a indiferença que em seu ser se alastra, pois que é na desventura que se aprende a comungar com o Bem, e não pode saber senti-lo quem não teve ainda as fibras da alma tangidas pela inspiração da Dor!
O orgulho e o egoísmo, cancerosas chagas que corrompem as belas tendências do Espírito para os surtos evolutivos que o levarão a redimir-se; as vaidades perturbadoras do senso, as ambições desmedidas, funestas, que não raro arrastam o homem a irremediáveis, precipitosas situações; as torpes paixões que tudo arrebatam e tudo ferem e tudo esmagam na sua voragem avassaladora que infestam a alma humana, inferiorizando-a ao nível da brutalidade, e os quais a Dor, ferindo, cerceia, para implantar depois os fachos imortais de virtudes tais como a humildade, a fé, o desinteresse, a tolerância, a paciência, a prudência, a discrição, o senso do dever e da justiça, os dons do amor e da fraternidade e até os impulsos da abnegação e do sacrifício pelo bem alheio – remanescentes daquelas mesmas sublimes virtudes que de Jesus Nazareno fizeram o mensageiro do Eterno!
Ela, a Dor, é o maior agente do Sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana! É a retorta de onde o Sentimento sairá purificado dos vírus maléficos que o infelicitam! Quanto maior o seu jugo, mais benefícios concederá ao nosso ego – tal como o diamante, que mais cintila, alindado, quanto maior for o número dos golpes que lhe talharem as facetas! É a incorruptível amiga e protetora da espécie humana:- zelando pela sua elevação espiritual, inspirando nobres e fraternas virtudes! Ela é quem, no Além-Túmulo, nos leva a meditar, através da experiência, produzindo em nosso ser a ciência de nós mesmos, o critério indispensável para as conquistas do futuro, de que hauriremos reabilitação para a consciência conturbada. É quem, a par do Amor, impele as criaturas à comiseração pelos demais sofredores, e a comiseração é o sentimento que arrasta à Beneficiência. E é ainda ela mesma que nos enternece o coração, fazendo-nos avaliar pelo nosso o infortúnio alheio, predispondo-nos aos rasgos de proteção e bondade; e proteger os infelizes é amar o próximo, enquanto que amar o próximo é amar a Deus, pautando-se pela suprema lei recomendada no Decálogo e exemplificada pelo Divino Mestre!
Por isso mesmo, o coração que sofre não é desgraçado, mas sim venturoso, porque renasce para as auroras da Perfeição, marcha para o destino glorioso, para a comunhão com o Criador Onipotente! Prisioneiro do atraso, o homem somente se desespera sob os embates da Dor porque não a pode compreender ainda. Ela, porém, é magnânima e não maléfica. Não é desventura, é necessidade. Não é desgraça, é progresso. Não é castigo, é lição. Não é aniquilamento, é experiência. Nem é martírio, mas prelúdio de redenção! Notai que – depois do sacrifício na Cruz do Calvário foi que Jesus se aureolou da glória que converterá os séculos:
- “Quando eu for suspenso, atrairei todos a mim”. – Ele próprio o confirmou, falando a seus discípulos.
Sob o seu ferrete é que nos voltamos para aquele misericordioso Pai que é o nosso último e seguro refúgio, a nossa consolação suprema!
As ilusões passageiras da Terra, os prazeres e as alegrias levianas que infestam o mundo, aviltando o sentimento de cada um, nunca fizeram de seus idólatras almas aclaradas pelas chamas do amor a Deus. É que – para levantar na aridez das nossas almas a pira redentora da Fé só há um elemento capaz, e esse elemento é a Dor! Ela, e só ela, é bastante poderosa para reconciliar os homens – filhos pródigos – com o seu Criador e Pai!
Seu concurso é, portanto, indispensável para nos aperfeiçoar o caráter, e inestimável é o seu valor educativo. Serena, vigilante, nobre heróica – ela é o infalível corretivo às ignomínias do coração humano!
Nada há mais belo e respeitável do que uma alma que se conservou serena e comedida em face do infortúnio. Palpita nessa alma a epopéia de todas as vitórias! Responde por um atestado de redenção! Seu triunfo, conquanto ignorado pelo mundo, repercutiu nas regiões felizes do Invisível, onde o comemoraram os santos, os mártires de todos os tempos, os gênios da sabedoria e do bem, almas redimidas e amigas que ali habitam, as quais, como todos os homens que viveram e vivem sobre a Terra, também conheceram as correções da Dor, ela é a lei que aciona a Humanidade nos caminhos para o Melhor até a Perfeição!
Ó almas que sofreis! Enxugai o vosso pranto, calai o vosso desespero! Amai antes a vossa Dor e dela fazei o trono da vossa Imortalidade, pois que, ao findar dessa trajatória de lágrimas a que as existências vos obrigam – é a glorificação eterna que recebereie por prêmio!
Salve, ó Dor bendita, nobre e fiel educadora do coração humano!
E glória ao Espiritismo, que nos veio demonstrar a redenção das almas através da Dor!
(Mensagem recebida pela médium Yvonne Pereira)
Revista Reformador – Fevereiro 1978
Autor: Léon Denis
Chama-se Dor.
Revela-se na desventura do amante, na desolação da orfandade, na angústia da miséria, no alquebramento da saúde, no esquife do ser querido que se foi deixando atrás de si a lágrima e o luto, no opróbrio da desonra, na humilhação do cárcere, no aviltamento dos prostíbulos, na tragédia dos cadafalsos, na insatisfação dos ideais, na tortura das impossibilidades – no acervo das desilusões contra que se confunde e se decepciona o coração da Humanidade.
Não obstante, a Dor é a grande amiga a zelar pela espécie humana, junto dela exercendo missão elevada e santa.
Estendendo sobre as criaturas suas asas, úmidas sempre do orvalho regenerador das lágrimas, a Dor corrige, educa, aperfeiçoa, exalta, redime e glorifica o sentimento humano a cada vibração que lhe extrai através do sofrimento.
O diamante escravizado em sua ganga sofre inimagináveis dilacerações sob o buril do lapidário até poder ostentar toda a real pureza do grande valor que encerra. Assim também será a nossa alma, que precisará provar o amargor das desventuras para se recobrir dos esplendores das virtudes imortais cujos germens o Sempiterno lhe decalcou no ser desde os longínquos dias do seu princípio!
A alma humana é o diamante raro que a Natureza – Deus – criou para, por si mesmo, aperfeiçoar-se no desdobrar dos milênios, até atingir a plenitude do inimaginável valor que representa, como imagem e semelhança dAquele mesmo Foco que a concebeu. Mas o diamante – Homem – acha-se envolvido das brutezas das paixões inferiores. É um diamante bruto! Chega o dia, porém, em que os germes da imortalidade, nele decalcados, se revolucionam nos refolhos da sua consciência, nele palpitando, então, as ânsias por aquela perfeição que o aguarda, num destino glorificador: - Foi criado para as belezas do Espírito e vê-se bruto o inferior! Destinado a fulgir nos mostruários de esferas redimidas, reconhece-se imperfeito e tardo nas sombras da matéria! Sonha com a sublimização das alegrias em pátrias divinais, onde suas ânsias pelo ideal serão plenamente saciadas, mas se confessa verme, porquanto não aprendeu ainda sequer a dominar os instintos primitivos!
Então o diamante – Homem – inicia, por sua vontade própria, a trajetória indispensável do aperfeiçoamento dos valores que consigo traz em estado ignorado, e entra a sacudir de si a crosta das paixões que o entravam e entenebrecem.
E essa marcha para o Melhor, essa trajetória para o Alto denomina-se Evolução!
A luta, então, apresenta-se rude! É dolorosa, e lenta, e fatigante, e terrível! Dele requer todas as reservas de energias morais, físicas e mentais. Dilacera-lhe o coração, tortura-lhe a alma, e o martirológico, quase sempre, segue com ele, rondando-lhe os passos!
Mas seu destino é imortal, e ele prossegue!
E prosseguindo, vence!...
Então, já não é o bruto de antanho...
O diamante tornou-se jóia preciosa e refulge agora, pleno de méritos e satisfações eternas, nos grandes mostruários da Espiritualidade – esferas de luz que bordam o infinito do Eterno Artista, que é Deus!
A Dor, pois, é para o Espírito humano o que o Sol é para as trevas da noite tempestuosa: - Ressurreição! Porque, se este aclara os horizontes da Terra, levantando com seu brilho majestoso o esplendor da Natureza, aquela desenvolve em nosso ego os magnificentes dons que nele jaziam ignorados: - fecunda a inteligência, depurando o sentimento sob as lições da experiência, educando o caráter, dignificando, elevando, num progredir constante, todo o ser daquele em quem se faz vibrar, tal como o Sol, que vivifica e benfaz as regiões em que se mostra.
A Dor é o Sol da Alma...
A criatura que ainda não sofreu convenientemente carrega em si como que a aridez que desola os pólos glaciais e, como estes, é inacessível às elevadas manifestações do Bem, isto é, às qualidades redentoras que a Dor produz. Nada possuirá para oferecer aos que se lhe aproximam pelos caminhos da existência senão a indiferença que em seu ser se alastra, pois que é na desventura que se aprende a comungar com o Bem, e não pode saber senti-lo quem não teve ainda as fibras da alma tangidas pela inspiração da Dor!
O orgulho e o egoísmo, cancerosas chagas que corrompem as belas tendências do Espírito para os surtos evolutivos que o levarão a redimir-se; as vaidades perturbadoras do senso, as ambições desmedidas, funestas, que não raro arrastam o homem a irremediáveis, precipitosas situações; as torpes paixões que tudo arrebatam e tudo ferem e tudo esmagam na sua voragem avassaladora que infestam a alma humana, inferiorizando-a ao nível da brutalidade, e os quais a Dor, ferindo, cerceia, para implantar depois os fachos imortais de virtudes tais como a humildade, a fé, o desinteresse, a tolerância, a paciência, a prudência, a discrição, o senso do dever e da justiça, os dons do amor e da fraternidade e até os impulsos da abnegação e do sacrifício pelo bem alheio – remanescentes daquelas mesmas sublimes virtudes que de Jesus Nazareno fizeram o mensageiro do Eterno!
Ela, a Dor, é o maior agente do Sempiterno na obra gigantesca da regeneração humana! É a retorta de onde o Sentimento sairá purificado dos vírus maléficos que o infelicitam! Quanto maior o seu jugo, mais benefícios concederá ao nosso ego – tal como o diamante, que mais cintila, alindado, quanto maior for o número dos golpes que lhe talharem as facetas! É a incorruptível amiga e protetora da espécie humana:- zelando pela sua elevação espiritual, inspirando nobres e fraternas virtudes! Ela é quem, no Além-Túmulo, nos leva a meditar, através da experiência, produzindo em nosso ser a ciência de nós mesmos, o critério indispensável para as conquistas do futuro, de que hauriremos reabilitação para a consciência conturbada. É quem, a par do Amor, impele as criaturas à comiseração pelos demais sofredores, e a comiseração é o sentimento que arrasta à Beneficiência. E é ainda ela mesma que nos enternece o coração, fazendo-nos avaliar pelo nosso o infortúnio alheio, predispondo-nos aos rasgos de proteção e bondade; e proteger os infelizes é amar o próximo, enquanto que amar o próximo é amar a Deus, pautando-se pela suprema lei recomendada no Decálogo e exemplificada pelo Divino Mestre!
Por isso mesmo, o coração que sofre não é desgraçado, mas sim venturoso, porque renasce para as auroras da Perfeição, marcha para o destino glorioso, para a comunhão com o Criador Onipotente! Prisioneiro do atraso, o homem somente se desespera sob os embates da Dor porque não a pode compreender ainda. Ela, porém, é magnânima e não maléfica. Não é desventura, é necessidade. Não é desgraça, é progresso. Não é castigo, é lição. Não é aniquilamento, é experiência. Nem é martírio, mas prelúdio de redenção! Notai que – depois do sacrifício na Cruz do Calvário foi que Jesus se aureolou da glória que converterá os séculos:
- “Quando eu for suspenso, atrairei todos a mim”. – Ele próprio o confirmou, falando a seus discípulos.
Sob o seu ferrete é que nos voltamos para aquele misericordioso Pai que é o nosso último e seguro refúgio, a nossa consolação suprema!
As ilusões passageiras da Terra, os prazeres e as alegrias levianas que infestam o mundo, aviltando o sentimento de cada um, nunca fizeram de seus idólatras almas aclaradas pelas chamas do amor a Deus. É que – para levantar na aridez das nossas almas a pira redentora da Fé só há um elemento capaz, e esse elemento é a Dor! Ela, e só ela, é bastante poderosa para reconciliar os homens – filhos pródigos – com o seu Criador e Pai!
Seu concurso é, portanto, indispensável para nos aperfeiçoar o caráter, e inestimável é o seu valor educativo. Serena, vigilante, nobre heróica – ela é o infalível corretivo às ignomínias do coração humano!
Nada há mais belo e respeitável do que uma alma que se conservou serena e comedida em face do infortúnio. Palpita nessa alma a epopéia de todas as vitórias! Responde por um atestado de redenção! Seu triunfo, conquanto ignorado pelo mundo, repercutiu nas regiões felizes do Invisível, onde o comemoraram os santos, os mártires de todos os tempos, os gênios da sabedoria e do bem, almas redimidas e amigas que ali habitam, as quais, como todos os homens que viveram e vivem sobre a Terra, também conheceram as correções da Dor, ela é a lei que aciona a Humanidade nos caminhos para o Melhor até a Perfeição!
Ó almas que sofreis! Enxugai o vosso pranto, calai o vosso desespero! Amai antes a vossa Dor e dela fazei o trono da vossa Imortalidade, pois que, ao findar dessa trajatória de lágrimas a que as existências vos obrigam – é a glorificação eterna que recebereie por prêmio!
Salve, ó Dor bendita, nobre e fiel educadora do coração humano!
E glória ao Espiritismo, que nos veio demonstrar a redenção das almas através da Dor!
(Mensagem recebida pela médium Yvonne Pereira)
Revista Reformador – Fevereiro 1978
No Templo Espírita
No Templo Espírita
Autor: Salvador Gentile
Algumas regras de convivência espírita
O Centro Espírita deve ser, essencialmente, um templo de estudo e de trabalho; nestas condições, quem deseje engajar-se em suas fileiras deve estar sinceramente disposto a aprender e a servir.
Considerando que a Mensagem Espírita se dirige ao povo, desde as camadas mais humildes, o centro Espírita, conquanto guardando todas as instalações indispensáveis, não deve se revestir de pompa, nem incentivar privilégios pessoais, sendo um dos imperiosos deveres dos seus freqüentadores, qualquer que seja sua posição social ou cultural, aprender a viver com todos, igual a todos, com alegria e proveito.
Em razão de uma lei natural, os grupos resultam da reunião de pessoas afins, não só quanto à sua natureza interior, mas também quanto às suas condições exteriores; por isso, por mais precário seja o nível espiritual, ou social, que lhes transpareça, as pessoas que os integram convivem em relativa paz e com proveito, em nada importando suas limitações. Em face disso, antes de se definir por este ou aquele Centro Espirita onde se integrar, é mister examinar o problema fundamental da afinidade, a fim de que não se venha a experimentar contrariedades ou perturbar os que poderiam estar vivendo bem.
Do mesmo modo que na família, onde os laços afetivos são poderosos, cada pessoa precisa ceder um pouco de si mesma em razão dos defeitos e limitações de que somos ainda portadores; no Templo Espírita, onde as pessoas se refluem na qualidade de irmãos diante da Vida, o nosso comportamento necessita de um índice maior de sociabilidade. Por isso, quem queira se integrar na sua vida comunitária, precisa não perder de vista os imperativos da compreensão, da paciência e da tolerância, que os outros naturalmente, também estarão exercitando a seu respeito.
Todo trabalho de equipe, para que resulte em alta produtividade, pede ordem e participação integral. O Templo Espírita autêntico deve abrigar um grupo de pessoas trabalhando em equipe, e que lhe é sangue a vitalizar todos os departamentos da organização. Assim, pois, quem faça parte dessa equipe espírita-cristã de estudo e de trabalho, deve levar em linha de conta que, se falhar, fugindo aos imperativos da ordem e da participação integral, o trabalho conjunto pode se perder, da mesma forma que um simples dente quebrado de uma engrenagem leva a máquina à inércia.
Cada homem e um mundo em si mesmo e, por isso, difere dos demais. Inevitavelmente, assim, todo grupo, por mais homogêneo, é formado de indivíduos diferentes entre si, mas ligados por afinidade quanto às qualidades mais gerais, não estando, em conseqüência, isento de divergência ou mesmo de disputas, entre seus membros. O Templo Espírita que se estrutura num grupo, não foge à regra. Contudo aquele que detém a responsável qualidade de espírita, não pode olvidar que, se os remédios para essa perturbação passageira, que são a compreensão, a tolerância e a paciência, nos outros são virtudes, para ele fazem parte do dever, já que a base fundamental da instituição é o amor ao próximo.
Conquanto pareça um paradoxo, há espíritas excessivamente egoísta: são os que apenas estudam a mensagem dos Espíritos para si mesmos no recesso e na tranqüilidade do lar. Não há se negar que, conhecendo profundamente os princípios da vida eterna, já percorreram metade do caminho ou que sejam espiritas pela metade. Isto porque sendo o Espiritismo uma mensagem de verdade e de amor, necessita de cérebro para discernir e de coração para atuar, ou seja, é necessário que a verdade, contida na cabeça, caia coração e o transforme em fonte inesgotável de recursos para a efetivação do amor, desse amor cristão que se evidencia nas suas manifestações exteriores. Assim. ninguém guarde a ilusão de ser espírita porque conhece Espiritismo; espírita é aquele que conhece e trabalha, sendo o Templo Espírita a sua oficina, onde estuda e serve, aprende e ama.
Sendo o Templo Espírita um posto avançado da fraternidade humana na Terra, todas as suas atividades devem extravasar amor e proveito permanentemente, sendo justo que, com a sucessão dos indivíduos e o decurso do tempo, ele se aperfeiçoe cada vez mais no seu mister de ensinar e de servir. Em assim sendo, cada um deve fazer o melhor hoje, dentro do possível ao seu alcance, relegando ao tempo a solução das deficiências que, certamente, sempre existirão, consciente de que, se todos são passíveis de crítica diante da perfeição, cada um é credor pelo que sabe e faz cumprindo o seu dever.
Depois de ter contribuído decisivamente para a consolidação da Doutrina Espírita, a mediunidade ainda é o seu melhor instrumento de ação, uma vez que permite o intercâmbio com o mundo espiritual e o recolhimento de todas as bênçãos que é permitido aos Espíritos derramarem em beneficio do homem. Podemos distinguir duas ordens de mediunidades: a que fornece provas espetaculares da ação dos Espíritos com fenômenos extraordinários, e a que simplesmente revela os Espíritos em ação, no socorro aos indivíduos. Geralmente, a primeira, que entusiasma e deslumbra, conquanto deixe saldo favorável pelo abalo que causa às criaturas, é como a chuva pesada cuja enxurrada desgasta o solo, carreando-lhe os recursos de fertilidade, deixando atrás de si marcas profundas de erosão. A segunda, que consola, liberta e cura, é como chuva fertilizante que, ao invés de tirar, enriquece o solo em que se derrama. Quem se disponha, pois, a analisar o trabalho mediúnico no Templo Espírita, não pode perdem de vista que, com a mediunidade que socorre e ajuda, ele estará sempre regorgitante de gente em busca de amor, e, com o simples fenômeno, por mais espetacular que seja, extinguindo-se este, ele fenecerá também, porque os curiosos não vivem e não vibram sem as grandes emoções...
A descoberta da imprensa, que permitiu a vulgarização dos conhecimentos através do livro, não dispensou a existência de escolas, que ministram o estudo sistemático; muito pelo contrário, estimulou a sua proliferação. Que ninguém, se engane, pois, que o problema do saber se resolve com a existência do livro, pois se assim fora, há séculos, não teríamos mais escolas no Planeta; nem que a existência da escola dispensa a presença do livro, pois, se assim fora, à medida que surgiram as escolas, os livros teriam desaparecido, o que não é verdade, tendo sucedido exatamente o contrário.
O Espiritismo, como toda religião, está nos livros; o livro, no entanto, ainda aqui, não dispensa a existência de escolas e cursos, de estudo sistemático, que lhes analise o conteúdo dentro de métodos adequados. Por isso, se o Templo Espírita deve erigir-se em escola, ministrando os cursos que forem possíveis, não pode, no entanto, deixar de estimular a divulgação e a distribuição do livro espírita, pois, da mesma forma que nos outros ramos do saber, a presença do livro valorizará a escola e ampliará sua eficiência.
Anuário Espírita 1976
Autor: Salvador Gentile
Algumas regras de convivência espírita
O Centro Espírita deve ser, essencialmente, um templo de estudo e de trabalho; nestas condições, quem deseje engajar-se em suas fileiras deve estar sinceramente disposto a aprender e a servir.
Considerando que a Mensagem Espírita se dirige ao povo, desde as camadas mais humildes, o centro Espírita, conquanto guardando todas as instalações indispensáveis, não deve se revestir de pompa, nem incentivar privilégios pessoais, sendo um dos imperiosos deveres dos seus freqüentadores, qualquer que seja sua posição social ou cultural, aprender a viver com todos, igual a todos, com alegria e proveito.
Em razão de uma lei natural, os grupos resultam da reunião de pessoas afins, não só quanto à sua natureza interior, mas também quanto às suas condições exteriores; por isso, por mais precário seja o nível espiritual, ou social, que lhes transpareça, as pessoas que os integram convivem em relativa paz e com proveito, em nada importando suas limitações. Em face disso, antes de se definir por este ou aquele Centro Espirita onde se integrar, é mister examinar o problema fundamental da afinidade, a fim de que não se venha a experimentar contrariedades ou perturbar os que poderiam estar vivendo bem.
Do mesmo modo que na família, onde os laços afetivos são poderosos, cada pessoa precisa ceder um pouco de si mesma em razão dos defeitos e limitações de que somos ainda portadores; no Templo Espírita, onde as pessoas se refluem na qualidade de irmãos diante da Vida, o nosso comportamento necessita de um índice maior de sociabilidade. Por isso, quem queira se integrar na sua vida comunitária, precisa não perder de vista os imperativos da compreensão, da paciência e da tolerância, que os outros naturalmente, também estarão exercitando a seu respeito.
Todo trabalho de equipe, para que resulte em alta produtividade, pede ordem e participação integral. O Templo Espírita autêntico deve abrigar um grupo de pessoas trabalhando em equipe, e que lhe é sangue a vitalizar todos os departamentos da organização. Assim, pois, quem faça parte dessa equipe espírita-cristã de estudo e de trabalho, deve levar em linha de conta que, se falhar, fugindo aos imperativos da ordem e da participação integral, o trabalho conjunto pode se perder, da mesma forma que um simples dente quebrado de uma engrenagem leva a máquina à inércia.
Cada homem e um mundo em si mesmo e, por isso, difere dos demais. Inevitavelmente, assim, todo grupo, por mais homogêneo, é formado de indivíduos diferentes entre si, mas ligados por afinidade quanto às qualidades mais gerais, não estando, em conseqüência, isento de divergência ou mesmo de disputas, entre seus membros. O Templo Espírita que se estrutura num grupo, não foge à regra. Contudo aquele que detém a responsável qualidade de espírita, não pode olvidar que, se os remédios para essa perturbação passageira, que são a compreensão, a tolerância e a paciência, nos outros são virtudes, para ele fazem parte do dever, já que a base fundamental da instituição é o amor ao próximo.
Conquanto pareça um paradoxo, há espíritas excessivamente egoísta: são os que apenas estudam a mensagem dos Espíritos para si mesmos no recesso e na tranqüilidade do lar. Não há se negar que, conhecendo profundamente os princípios da vida eterna, já percorreram metade do caminho ou que sejam espiritas pela metade. Isto porque sendo o Espiritismo uma mensagem de verdade e de amor, necessita de cérebro para discernir e de coração para atuar, ou seja, é necessário que a verdade, contida na cabeça, caia coração e o transforme em fonte inesgotável de recursos para a efetivação do amor, desse amor cristão que se evidencia nas suas manifestações exteriores. Assim. ninguém guarde a ilusão de ser espírita porque conhece Espiritismo; espírita é aquele que conhece e trabalha, sendo o Templo Espírita a sua oficina, onde estuda e serve, aprende e ama.
Sendo o Templo Espírita um posto avançado da fraternidade humana na Terra, todas as suas atividades devem extravasar amor e proveito permanentemente, sendo justo que, com a sucessão dos indivíduos e o decurso do tempo, ele se aperfeiçoe cada vez mais no seu mister de ensinar e de servir. Em assim sendo, cada um deve fazer o melhor hoje, dentro do possível ao seu alcance, relegando ao tempo a solução das deficiências que, certamente, sempre existirão, consciente de que, se todos são passíveis de crítica diante da perfeição, cada um é credor pelo que sabe e faz cumprindo o seu dever.
Depois de ter contribuído decisivamente para a consolidação da Doutrina Espírita, a mediunidade ainda é o seu melhor instrumento de ação, uma vez que permite o intercâmbio com o mundo espiritual e o recolhimento de todas as bênçãos que é permitido aos Espíritos derramarem em beneficio do homem. Podemos distinguir duas ordens de mediunidades: a que fornece provas espetaculares da ação dos Espíritos com fenômenos extraordinários, e a que simplesmente revela os Espíritos em ação, no socorro aos indivíduos. Geralmente, a primeira, que entusiasma e deslumbra, conquanto deixe saldo favorável pelo abalo que causa às criaturas, é como a chuva pesada cuja enxurrada desgasta o solo, carreando-lhe os recursos de fertilidade, deixando atrás de si marcas profundas de erosão. A segunda, que consola, liberta e cura, é como chuva fertilizante que, ao invés de tirar, enriquece o solo em que se derrama. Quem se disponha, pois, a analisar o trabalho mediúnico no Templo Espírita, não pode perdem de vista que, com a mediunidade que socorre e ajuda, ele estará sempre regorgitante de gente em busca de amor, e, com o simples fenômeno, por mais espetacular que seja, extinguindo-se este, ele fenecerá também, porque os curiosos não vivem e não vibram sem as grandes emoções...
A descoberta da imprensa, que permitiu a vulgarização dos conhecimentos através do livro, não dispensou a existência de escolas, que ministram o estudo sistemático; muito pelo contrário, estimulou a sua proliferação. Que ninguém, se engane, pois, que o problema do saber se resolve com a existência do livro, pois se assim fora, há séculos, não teríamos mais escolas no Planeta; nem que a existência da escola dispensa a presença do livro, pois, se assim fora, à medida que surgiram as escolas, os livros teriam desaparecido, o que não é verdade, tendo sucedido exatamente o contrário.
O Espiritismo, como toda religião, está nos livros; o livro, no entanto, ainda aqui, não dispensa a existência de escolas e cursos, de estudo sistemático, que lhes analise o conteúdo dentro de métodos adequados. Por isso, se o Templo Espírita deve erigir-se em escola, ministrando os cursos que forem possíveis, não pode, no entanto, deixar de estimular a divulgação e a distribuição do livro espírita, pois, da mesma forma que nos outros ramos do saber, a presença do livro valorizará a escola e ampliará sua eficiência.
Anuário Espírita 1976
TENTAÇÕES AFETIVAS
TENTAÇÕES AFETIVAS |
O Espiritismo é uma religião?(...)"No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza...." (...)Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem". ...
O Espiritismo é uma religião? | |
Allan Kardec | |
“[...]
Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam,
são fundadas na comunhão de pensamentos; com efeito, é aí que podem e
devem exercer a sua força, porque o objetivo deve ser a libertação do
pensamento das amarras da matéria. Infelizmente, a maioria se afasta
deste princípio à medida que a religião se torna uma questão de forma.
Disto resulta que cada um, fazendo seu dever consistir na realização da
forma, se julga quites com Deus e com os homens, desde que praticou uma
fórmula. Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões
religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta e, na
maioria das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade em relação
aos outros assistentes; fica isolado em meio à multidão e só pensa no
céu para si mesmo. Por certo não era assim que o entendia Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, aí estarei entre elas.” Reunidos em meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, sua doutrina. Ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e ações. Mentem os egoístas e os orgulhosos, quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus não os conhece por seus discípulos. [...} Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças; consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé. É nesse sentido que se diz: a religião política; entretanto, mesmo nesta acepção, a palavra religião não é sinônima de opinião; implica uma idéia particular: a de fé conscienciosa; eis por que se diz também: a fé política. Ora, os homens podem filiar-se, por interesse, a um partido, sem ter fé nesse partido, e a prova é que o deixam sem escrúpulo, quando encontram seu interesse alhures, ao passo que aquele que o abraça por convicção é inabalável; persiste à custa dos maiores sacrifícios, e é a abnegação dos interesses pessoais a verdadeira pedra-de-toque da fé sincera. Todavia, se a renúncia a uma opinião, motivada pelo interesse, é um ato de desprezível covardia, é, não obstante, respeitável, quando fruto do reconhecimento do erro em que se estava; é, então, um ato de abnegação e de razão. Há mais coragem e grandeza em reconhecer abertamente que se enganou, do que persistir, por amor-próprio, no que se sabe ser falso, e para não se dar um desmentido a si próprio, o que acusa mais obstinação do que firmeza, mais orgulho do que razão, e mais fraqueza do que força. É mais ainda: é hipocrisia, porque se quer parecer o que não se é; além disso é uma ação má, porque é encorajar o erro por seu próprio exemplo. O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como conseqüência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. É nesse sentido que também se diz: a religião da amizade, a religião da família. Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza. Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou. Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral. As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por assembléias religiosas. Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta de uma palavra para cada idéia. Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se deve confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para com todos ou, em outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade. A caridade é a alma do Espiritismo; ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, razão por que se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade. Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, cujo inteiro alcance deve ser bem compreendido; e se os Espíritos não cessam de pregá-la e defini-la, é que, provavelmente, reconhecem que isto ainda é necessário. O campo da caridade é muito vasto; compreende duas grandes divisões que, em falta de termos especiais, podem designar-se pelas expressões Caridade beneficente e caridade benevolente. Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos recursos materiais de que se dispõe; mas a segunda está ao alcance de todos, do mais pobre como do mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nada além da vontade poderia estabelecer limites à benevolência. O que é preciso, então, para praticar a caridade benevolente? Amar ao próximo como a si mesmo. Ora, se se amar ao próximo tanto quanto a si, amar-se-o-á muito; agir-se-á para com outrem como se quereria que os outros agissem para conosco; não se quererá nem se fará mal a ninguém, porque não quereríamos que no-lo fizessem. Amar ao próximo é, pois, abjurar todo sentimento de ódio, de animosidade, de rancor, de inveja, de ciúme, de vingança, numa palavra, todo desejo e todo pensamento de prejudicar; é perdoar aos inimigos e retribuir o mal com o bem; é ser indulgente para as imperfeições de seus semelhantes e não procurar o argueiro no olho do vizinho, quando não se vê a trave no seu; é esconder ou desculpar as faltas alheias, em vez de se comprazer em as pôr em relevo, por espírito de maledicência; é ainda não se fazer valer à custa dos outros; não procurar esmagar ninguém sob o peso de sua superioridade; não desprezar ninguém pelo orgulho. Eis a verdadeira caridade benevolente, a caridade prática, sem a qual a caridade é palavra vã; é a caridade do verdadeiro espírita, como do verdadeiro cristão; aquela sem a qual aquele que diz: Fora da caridade não há salvação, pronuncia sua própria condenação, tanto neste quanto no outro mundo. [...] Crer num Deus Todo-Poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na preexistência da alma como única justificação do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento intelectual e moral; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na felicidade crescente com a perfeição; na eqüitativa remuneração do bem e do mal, segundo o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada à da imperfeição; no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível; na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados; considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterno; aceitar corajosamente as provações, em vista de um futuro mais invejável que o presente; praticar a caridade em pensamentos, em palavras e obras na mais larga acepção do termo; esforçar-se cada dia para ser melhor que na véspera, extirpando toda imperfeição de sua alma; submeter todas as crenças ao controle do livre-exame e da razão, e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém; ver, enfim, nas descobertas da Ciência, a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus: eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que pode conciliar-se com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar a Deus. É o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos, esperando que ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal. Com a fraternidade, filha da caridade, os homens viverão em paz e se pouparão males inumeráveis, que nascem da discórdia, por sua vez filha do orgulho, do egoísmo, da ambição, da inveja e de todas as imperfeições da Humanidade. O Espiritismo dá aos homens tudo o que é preciso para a sua felicidade aqui na Terra, porque lhes ensina a se contentarem com o que têm. Que os espíritas sejam, pois, os primeiros a aproveitar os benefícios que ele traz, e que inaugurem entre si o reino da harmonia, que resplandecerá nas gerações futuras. [...] > (Texto de Allan Kardec lido na Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, no dia 1º. de novembro de 1868. Transcrição parcial, Revue Spirite, dezembro de 1868). Site:arevistaespirita.com.br |
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Não vos inquieteis pelo dia de amanhã (...)"Quais as causas de a Humanidade haver chegado a tão deplorável desequilíbrio psíquico? A nosso ver, a causa é uma só: a falta de FÉ! Não dessas "fezinhas" denominacionais, estreitas, sectárias, que superabundam por aí, mas da FÉ mesmo, sem qualquer adjtivação, significando "confiança absoluta em Deus".(...)
"Não
vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã a si
mesmo trará seu cuidado. Basta a cada dia a sua própria aflição"
(Mateus, 6:34)
Ressalta
à observação comum que os homens nunca viveram tão
inquietos e amedrontados como na atualidade. Haja vista a quantidade fabulosa
de drogas "tranquilizantes" que consomem.
Parece
terem perdido completamente as esperanças de um futuro melhor, que algo
terrível, qual espada de Dâmocles, lhes ameaça os destinos,
e daí a angústia ou o desespero com que encaram "o dia de
amanhã".
Alguns
tentam dissimular esse estado de ânimo, procurando ganhar fortuna, de
qualquer maneira, por ser o dinheiro o "abre-te", Sésamo"
do prestígio social, por ensejar-lhes a satisfação de toda
a sorte de prazeres, permitindo-lhes, enfim, "gozar a vida", antes
que o mundo se acabe...
Ao
impacto dos desenganos, ou por via da saciedade, tais quimeras, entretanto,
logo se desfazem, quais bolhas de sabão, e, desiludidos frustrados, reconhecem
afinal que nunca houve, realmente, nem paz nem alegria em seus corações.
Quais
as causas de a Humanidade haver chegado a tão deplorável desequilíbrio
psíquico? A nosso ver, a causa é uma só: a falta de FÉ!
Não
dessas "fezinhas" denominacionais, estreitas, sectárias, que
superabundam por aí, mas da FÉ mesmo, sem qualquer adjtivação,
significando "confiança absoluta em Deus".
Sim,
o que está faltando à Humanidade, para que ela se tranquilize
e seja relativamente feliz, tanto quanto permitam as condições
deste mundo de expiações e de provas, é, pura e simplesmente
- FÉ EM DEUS.
Possuíssem
os homens essa preciosa virtude, estivessem plenamente convictos da solicitude
do Pai Celestial para com todas as Suas criaturas, e outra seria a maneira de
reagirem à frente das vicissitudes da existência.
Compreenderiam
que, sendo Deus a expressão máxima do Amor, só deseja o
nosso bem, a nossa felicidade; assim, não desempara ninguém e
sempre encontra meios de prover-nos do "pão de cada dia". Mas,
como é também a Justiça perfeita, deixa que sintamos as
consequências de nossos erros, para que os procuremos evitar, assim como
permite que soframos o choque de retorno de nossas maldades, para que aprendamos
a "não fazer aos outros aquilo que não queremos que nos façam".
Lembrados
do que dizem as Escrituras: "Nenhum passarinho cairá por terra sem
a vontade do Pai e até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão
todos contados" (Mateus, 10:29-30), conheceriam que tudo obedece aos soberanos
desígnios de Deus.
Suportariam,
então, pacientemente, toda e qualquer situação penosa que
não pudessem remover, por sabê-la justo resgate de faltas pretéritas,
quando não uma experiência útil e necessária à
lapidação de suas almas, condição indispensável
a que se aproximem do Criador, tornando-se particípes de Sua glória.
Coragem,
pois.
Não
nos deixemos vencer pelo desânimo, pelo pessimismo, pela descrença.
Por maiores que sejam os nossos padecimentos no dia de hoje, lembremo-nos de
que "amanhã será outro dia" e bem pode ser que Deus,
em Sua misericórdia, lhes ponha fim.
Por
outro lado, alijemos de nossa mente e de nosso coração pensamentos
funestos, apreensões e temores, porquanto muitas e muitas vezes nos atormentamos
à toa, por coisas que nunca chegam a realizar-se.
"Basta
a cada dia a sua própria aflição."
Rodolfo
Calligaris
Sermão da Montanha
Sermão da Montanha
A regra áurea."(..)Da mesma sorte, o mal praticado a dano de outrem volve também. Todos os atos maléficos dão origem a sofrimentos para quem os cometeu, o qual, nesta ou em futuras encarnações, será levado a passar pelas amarguras por que fez outros passarem; sentirá aquilo que eles sofreram."...
"Tudo
o que vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também
vós a eles, porque esta é a lei e os profetas." (Mateus,
7:12)
Conhecedor
profundo da alma humana, sabia o Mestre que a preocupação constante
dos homens de seu tempo (como ainda dos de hoje) consistia em receber, do meio
social a que pertenciam, o máximo possível em gozo e em posse,
sinal característico do forte egoísmo que os dominava.
Tomando,
pois, esse amor de cada um a si mesmo, como padrão dos nossos deveres
para com o próximo, estabeleceu ele o meio mais fácil e mais seguro
pelo qual haveremos de compreender o que e quanto devemos dar, em obediência
à lei do amor universal que nos cumpre desenvolver, a fim de que se estabeleça
em nosso mundo o reinado de Deus.
Em
nossas múltiplas relações com os outros, coloquemo-nos
em seu lugar: identifiquemo-nos com os seus sentimentos, sintamos-lhes as dificuldades,
conheçamos-lhes os anseios, e, depois, façamos-lhes como, invertendo-se
os papéis, desejaríamos que eles procedessem conosco.
Não
há melhor estalão com que aferir a nossa honestidade, em expressão
mais legítima do "amor ao próximo como
a nós mesmos."
Esta
regra áurea, se praticada por todos, faria que se modificassem completamente
as condições de vida de nosso planeta. Extinguir-se-iam, uma a
uma, todas as causas de sofrimento da Humanidade; desobstruir-se-ia o caminho
dos pedrouços que lhe embaraçam o progresso moral e, ao cabo de
algum tempo, a felicidade seria geral, porque já então, morto
o egoísmo em todas as suas formas: o egoísmo pessoal, de família,
de casta e de nacionalidade, veríamos implantado entre os terrícolas
o primado da abnegação, da caridade, do desprendimento, da justiça,
da paciência, da tolerância, da solidariedade, da paz, etc... porque
as grandes e nobres virtudes, sem exceção, são, todas elas,
filhas do Amor.
Dizendo-nos
que "esta é a lei e os profetas", quis Jesus significar que
esta regra de proceder resume toda a lei divina e tudo quanto fora ensinado
pelos profetas da antiguidade.
O
"fazei aos outros o que quereis que os outros vos façam" contém
a mesma verdade deste outro ensinamento doutrinado algures no Sermão
da Montanha: "com a medida com que medirdes, também
sereis medidos". É a lei da causalidade. A toda causa corresponde
um efeito, o qual será sempre da mesma natureza da causa que o originou.
Aquilo
que fizermos aos outros, seja bem ou seja mal, terá, certamente, sua
reação sobre nós, em bênçãos ou em
sofrimento. Tudo quanto dermos havemos de receber de volta. Os benefícios
que fizermos ao próximo são nos retribuídos em dobro, aqui
mesmo na Terra, em tempos de necessidade, ou no Além, na moeda do Reino,
em alegrias espirituais.
Da
mesma sorte, o mal praticado a dano de outrem volve também. Todos os
atos maléficos dão origem a sofrimentos para quem os cometeu,
o qual, nesta ou em futuras encarnações, será levado a
passar pelas amarguras por que fez outros passarem; sentirá aquilo que
eles sofreram.
E
isso, que a alguns pode parecer uma negação do amor de Deus de
Seu amor paternal, pois Ele quer que todas as criaturas progridam, combatam
a dureza de coração e se transformem em templos vivos, para aí
sentir Sua augusta presença.
Os
sofrimentos que decorrem das transgressões às leis divinas servem-nos
de advertência; fazem-nos sentir a diferença entre o bem e o mal
e dão-nos a experiência de que colheremos segundo o que plantarmos.
Se semearmos o bem, colheremos o bem; se espalharmos o mal, teremos de lhe arcar
com as funestas consequências.
Assim
não fora e, confiantes na impunidade, retardaríamos nosso avanço,
retardando, consequentemente, nossa felicidade futura na santa comunhão
com Deus.
A
regra áurea é a única e verdadeira norma de Cristianismo.
Assim, uma religião que nos leve a negligenciar as obras de misericórdia
em favor dos necessitados, dos aflitos e dos sofredores, ensinando ser suficiente
"crer" deste ou daquele modo para fazermos jus aos gozos celestiais;
que nos induza a considerar réprobos desprezíveis todos quantos
divirjam de nossa "fé".
Que
advogue a discriminação racial ou qualquer outra forma de desunião
entre os homens, exaltando uns e menosprezando outros, está defraudando
a doutrina cristã, é espúria e blasfema, pois pretende
impingir concepções e preconceitos humanos como sendo ordenações
de Deus.
Rodolfo
Calligaris
O Sermão da Montanha
O Sermão da Montanha
MENSAGEM AO MUNDO PAGÃO
"E
EU LHE MOSTRAREI QUANTO DEVE PADECER PELO MEU NOME". (ATOS, 9:16)
Decorrido
algum tempo após a crucificação de Jesus Cristo, o pequeno
grupo de apóstolos dedicou-se à tarefa de disseminação
da Boa Nova, procurando levar a mensagem cristã a todo o povo judeu.
Entretanto, a mensagem revelada, que os apóstolos julgavam ter um sentido
local, que acreditavam ser apenas dirigida ao povo de Israel e jamais apregoada
aos demais povos, tinha de ultrapassar os limites acanhados daquela nação,
para ser projetada no tempo e no espaço, atingindo os povos do chamado
mundo pagão.
Os apóstolos de Jesus não estavam em condições de encetar tarefa de tamanha envergadura, uma vez que não se haviam ainda desvencilhado de muitos dogmas e de antigas tradições, sendo isso suficiente para evitar que ultrapassassem os limites estreitos do judaísmo. A prova mais cabal dessa assertiva está contida em Atos, 11:1-3, onde vemos o apóstolo Pedro ser acerbamente criticado por seus companheiros, pelo fato de haver contribuído para a conversão de um gentio: o centurião Cornélio.
Apenas um homem estava em condições de levar a Mensagem do Cristo a esses povos: Paulo de Tarso. Entretanto, o jovem tarsense estava num campo oposto, e o Cristo o convocou por meio de retumbante manifestação espiritual, na Estrada de Damasco.
O chamamento de Paulo foi decisivo e o convocado obedeceu sem hesitações, sem indagações e sem condições. Fez apenas uma interrogação: Senhor, que queres que eu faça? Não formulou nenhuma das perguntas que qualquer um de nós comumente faria, em condições idênticas:
— Como e onde começar?
— Com que facilidades contarei?
— Poderei confiar na ajuda irrestrita do Alto?
— Quem me assessorará?
— Como enfrentarei os meus antigos amigos do Sinédrio?
— Aceitarão os gentios as minhas palavras?
— Prestar-se-ão a ouvir-me os filósofos gregos?
— Não será a minha pregação obstada pelas autoridades romanas?
— Porventura serei preso? Nesse caso quem me libertará?
— Quem será o meu sucessor na eventualidade de um fracasso?
— Não será ousadia demais combater a circuncisão, a idolatria e outras tradições?
— Onde haurirei as instruções necessárias?
Após receber a visita de Ananias e ter sido introduzido por Barnabé no grupo de apóstolos, Paulo de Tarso passou a percorrer os núcleos cristãos. Fundou centros de divulgação onde eles não existiam e deu nova vida àqueles que estavam ainda incipientes, para tanto, enfrentou acerba resistência, foi ultrajado, perseguido, vilipendiado, chegando mesmo a ser apedrejado. Nada disso arrefeceu o seu ânimo.
Não bastasse a resistência dos homens, intensificou-se o trabalho pernicioso dos Espíritos do mal: e um mensageiro das trevas trespassou-o de forma idêntica a um espinho na carne, acerca do qual Paulo teve de orar a Jesus, por três vezes, para que fosse desviado do seu caminho (II Cor. 12:7-8).
E Paulo falou e escreveu aos Hebreus, aos Tessalonicenses, aos Colossenses, aos Filipenses, aos Efésios, aos Gálatas, aos Coríntios e aos Romanos.
— Defendendo a pureza doutrinária do Cristianismo, debateu-se com o próprio apóstolo Pedro (Epístola aos Gálatas, 2:11);
— A fim de revelar o Deus Verdadeiro, foi ao Areópago, para discutir com os filósofos epicureus e estóicos;
— Para combater o mediunismo descontrolado e interesseiro, desmascarou Élimas (Atos, 13:6-9);
— Demonstrando os inconvenientes do personalismo, profligou a atitude de Apoio (I Cor. 3:1-9);
— Tentando extirpar a idolatria do seio do povo, defrontou-se com Demétrio (Atos, 19:24-30);
— No afã de implantar as verdades de uma nova doutrina, atraiu sobre si o ódio e a inimizade dos seus antigos companheiros, inclusive dos principais dos sacerdotes;— Com o objetivo de levar a palavra do Cristo até Roma, apelou para ser julgado na capital do Império.
E assim Paulo percorreu as cidades do mundo pagão, as comunidades dos gentios: foi à Beréia, à Macedônia, passou pela Síria, pela Cilicia, por Icônio, Listra, Derbe, Antioquia, Chipre e dezenas de outras cidades. Encetou três grandes viagens missionárias e voltou a Jerusalém, onde foi preso, julgado e remetido sob escolta até Roma, onde sofreu as agruras de úmidas prisões, frio e fome, e onde, por fim, foi sacrificado.
Na passagem evangélica sobre a Conversão na Estrada de Damasco, o vocábulo Vaso significa médium, intermediário, pois assim como o vaso recebe o perfume e irradia do seu odor para todos os lados, Paulo recebeu, via mediúnica, os consoladores ensinamentos de Jesus e os transmitiu a todos os povos.
Paulo de Tarso foi, portanto, o exemplo vivo do discípulo que obedece, sem aquilatar dos percalços do caminho, sem medir as oposições e sem temer as represálias e até a própria morte do corpo.
Os apóstolos de Jesus não estavam em condições de encetar tarefa de tamanha envergadura, uma vez que não se haviam ainda desvencilhado de muitos dogmas e de antigas tradições, sendo isso suficiente para evitar que ultrapassassem os limites estreitos do judaísmo. A prova mais cabal dessa assertiva está contida em Atos, 11:1-3, onde vemos o apóstolo Pedro ser acerbamente criticado por seus companheiros, pelo fato de haver contribuído para a conversão de um gentio: o centurião Cornélio.
Apenas um homem estava em condições de levar a Mensagem do Cristo a esses povos: Paulo de Tarso. Entretanto, o jovem tarsense estava num campo oposto, e o Cristo o convocou por meio de retumbante manifestação espiritual, na Estrada de Damasco.
O chamamento de Paulo foi decisivo e o convocado obedeceu sem hesitações, sem indagações e sem condições. Fez apenas uma interrogação: Senhor, que queres que eu faça? Não formulou nenhuma das perguntas que qualquer um de nós comumente faria, em condições idênticas:
— Como e onde começar?
— Com que facilidades contarei?
— Poderei confiar na ajuda irrestrita do Alto?
— Quem me assessorará?
— Como enfrentarei os meus antigos amigos do Sinédrio?
— Aceitarão os gentios as minhas palavras?
— Prestar-se-ão a ouvir-me os filósofos gregos?
— Não será a minha pregação obstada pelas autoridades romanas?
— Porventura serei preso? Nesse caso quem me libertará?
— Quem será o meu sucessor na eventualidade de um fracasso?
— Não será ousadia demais combater a circuncisão, a idolatria e outras tradições?
— Onde haurirei as instruções necessárias?
Após receber a visita de Ananias e ter sido introduzido por Barnabé no grupo de apóstolos, Paulo de Tarso passou a percorrer os núcleos cristãos. Fundou centros de divulgação onde eles não existiam e deu nova vida àqueles que estavam ainda incipientes, para tanto, enfrentou acerba resistência, foi ultrajado, perseguido, vilipendiado, chegando mesmo a ser apedrejado. Nada disso arrefeceu o seu ânimo.
Não bastasse a resistência dos homens, intensificou-se o trabalho pernicioso dos Espíritos do mal: e um mensageiro das trevas trespassou-o de forma idêntica a um espinho na carne, acerca do qual Paulo teve de orar a Jesus, por três vezes, para que fosse desviado do seu caminho (II Cor. 12:7-8).
E Paulo falou e escreveu aos Hebreus, aos Tessalonicenses, aos Colossenses, aos Filipenses, aos Efésios, aos Gálatas, aos Coríntios e aos Romanos.
— Defendendo a pureza doutrinária do Cristianismo, debateu-se com o próprio apóstolo Pedro (Epístola aos Gálatas, 2:11);
— A fim de revelar o Deus Verdadeiro, foi ao Areópago, para discutir com os filósofos epicureus e estóicos;
— Para combater o mediunismo descontrolado e interesseiro, desmascarou Élimas (Atos, 13:6-9);
— Demonstrando os inconvenientes do personalismo, profligou a atitude de Apoio (I Cor. 3:1-9);
— Tentando extirpar a idolatria do seio do povo, defrontou-se com Demétrio (Atos, 19:24-30);
— No afã de implantar as verdades de uma nova doutrina, atraiu sobre si o ódio e a inimizade dos seus antigos companheiros, inclusive dos principais dos sacerdotes;— Com o objetivo de levar a palavra do Cristo até Roma, apelou para ser julgado na capital do Império.
E assim Paulo percorreu as cidades do mundo pagão, as comunidades dos gentios: foi à Beréia, à Macedônia, passou pela Síria, pela Cilicia, por Icônio, Listra, Derbe, Antioquia, Chipre e dezenas de outras cidades. Encetou três grandes viagens missionárias e voltou a Jerusalém, onde foi preso, julgado e remetido sob escolta até Roma, onde sofreu as agruras de úmidas prisões, frio e fome, e onde, por fim, foi sacrificado.
Na passagem evangélica sobre a Conversão na Estrada de Damasco, o vocábulo Vaso significa médium, intermediário, pois assim como o vaso recebe o perfume e irradia do seu odor para todos os lados, Paulo recebeu, via mediúnica, os consoladores ensinamentos de Jesus e os transmitiu a todos os povos.
Paulo de Tarso foi, portanto, o exemplo vivo do discípulo que obedece, sem aquilatar dos percalços do caminho, sem medir as oposições e sem temer as represálias e até a própria morte do corpo.
Paulo
A. Godoy
Crônicas Evangélicas
Crônicas Evangélicas
A Terapia do Passe (...)"– Preciso de um passe. Estou muito irritado, com os nervos em frangalhos. Tive uma discussão homérica com minha esposa. Quase chegamos a vias de fato. Dificilmente será beneficiado, porquanto espera pelo passe para eliminar a irritação, sem compreender que é preciso evitar a irritação para receber o passe"...
ador • Dezembro 2006
Transfusão de energias, o passe magnético é um recurso milenar, usado desde as culturas mais remotas, com resultados surpreendentes, em favor da saúde humana.
Foi largamente empregado por Jesus. Dotado de potencial incomparável, o Mestre curava insidiosos
males do corpo e da alma.
Multidões o buscavam, atraídas muito mais pelos prodígios que operava sem que se atentasse à excelência
de seus princípios.
Algo semelhante ocorre na atualidade com o Espiritismo. As pessoas comparecem ao Centro Espírita como quem vai a um hospital, em busca de cura para males variados.
Expositores costumam evocar velho adágio, que até parece versículo evangélico:
Quem não vem pelo amor, vem pela dor.
Raros procuram a Doutrina movidos pelo amor ao conhecimento.
A dor é bem o Sino de Deus a nos convocar para o exercício de religiosidade. Quando plange, insistente, a alma se põe genuflexa, com disposição até para enfrentar os preconceitos ditados pela ignorância,
em busca de cura para seus males.
E situa-se o Centro Espírita como hospital, num primeiro momento, escola depois; por último,
abençoada oficina de trabalho para aqueles que perseveram na freqüência, acordados para os objetivos
do mergulho na carne, definidos na questão 132, de O Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta
qual o objetivo da encarnação dos Espíritos.
Responde o mentor espiritual:
Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição.
Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer
todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação.
Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca
na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia
com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É
assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.
O mentor espiritual que assistia Kardec enfatiza as maravilhosas oportunidades de progresso e
de participação na obra da Criação, que Deus nos oferece na experiência humana, utilizando essa
máquina incomparável que é o corpo humano.
Por mau uso, a desgastamos e desarranjamos freqüentemente.
Em nosso socorro, a Misericórdia Divina mobiliza infinitos recursos para o “conserto”.
Dentre eles, o maravilhoso passe magnético.
Imperioso, porém, alertar os beneficiários de que sua eficiência obedece a dois fatores primordiais:
O primeiro é a capacidade do passista, subordinada não tanto ao conhecimento da mecânica do serviço, mas, sobretudo, à pureza de seus sentimentos e ao desejo de servir.
Passista distraído do empenho de renovação e que desenvolve essa atividade como um assalariado,
interessado nos benefícios que receberá, sem cogitar dos benefícios que deve prestar, jamais será um
instrumento confiável da Espiritualidade.
Noutro dia perguntaram-me se alguém assim pode prejudicar o paciente.
Só se houver intencionalidade.
Se o passista, com raiva do paciente, impuser-lhe as mãos a afirmar, em pensamento:
– Quero que você se dane! Que fique doente e morra!
Assustador, amigo leitor?
Não se preocupe. Seria apenas uma vibração negativa, do mesmo teor deletério de quem grita,
xinga, ofende, capaz de causar embaraços ao objeto dela, mas considerado aqui o fator sintonia.
Se o “bombardeado” tem um comportamento equilibrado, habituado à oração, a cultivar a serenidade,
não será afetado.
E esteja sossegado. Ninguém se dispõe a participar do serviço do passe com a intenção de prejudicar
desafetos.
Considerando que a assistência espiritual é sempre monitorada e sustentada por mentores espirituais,
as deficiências humanas podem ser superadas, desde que seja cumprida a outra condição: a receptividade
do paciente. O aproveitamento depende de seu empenho por colocar-se em sintonia com o serviço.
Para que isso ocorra, é importante que nas palestras doutrinárias seja explicado aos interessados
o que é o passe, como funciona e quais as condições necessárias a fim de que surta efeito.
Cuidados indispensáveis:
Disciplina das emoções.
No atendimento fraterno:
– Preciso de um passe. Estou muito irritado, com os nervos em frangalhos. Tive uma discussão
homérica com minha esposa.
Quase chegamos a vias de fato.
Dificilmente será beneficiado, porquanto espera pelo passe para eliminar a irritação, sem compreender
que é preciso evitar a irritação para receber o passe.
Atenção às palestras.
Fala-se de Espíritos obsessores que procuram neutralizar com o sono a assimilação de esclarecimentos
capazes de subtrair os participantes à sua influência.
Pode acontecer, mas na maior parte das vezes o que ocorre é o desinteresse. São freqüentadores
que vêem o recinto das palestras como uma sala de espera de atendimento médico, situando-se em
modorrento alheamento, que favorece o sono.
Silêncio e contrição.
Favorecendo a eficiência do serviço, os centros espíritas tendem a realizar o atendimento magnético após
o trabalho doutrinário, nas chamadas câmaras de passe.
Enquanto espera, há quem aproveite para confraternizar com amigos e conhecidos ali presentes, abordando,
não raro, assuntos que não interessam à economia do ambiente, favorecendo uma quebra de sintonia
que vai tornar menos eficiente o passe.
Melhor o silêncio, com leitura de algo edificante ou a meditação em torno dos temas abordados
pelos expositores.
Duas observações de Jesus, endereçadas às pessoas beneficiadas por suas curas, devem merecer
nossa atenção.
Tua fé te salvou!
Os cuidados a que nos referimos favorecem a sintonia do paciente com o passista, mas a receptividade, a possibilidade de assimilar plenamente os benefícios oferecidos, depende da
confiança plena, da certeza absoluta de que estamos nos submetendo a uma terapia capaz de nos
beneficiar.
As curas operadas por Jesus não constituíam o prêmio da fé.O
Mestre não curava porque as pessoa acreditavam nele, mas porque as pessoas sintonizavam com seus
poderes.
Oportuno recordar o exemplo da mulher hemorroíssa, que se curou de uma hemorragia uterina de doze anos simplesmente tocando em suas vestes, movida pela convicção de que seria beneficiada.
Vai e não peques mais para que te não suceda pior!
Voltamos aqui à questão do uso. Se nossos males são decorrentes da má utilização da máquina
física, de nada valerá o “conserto”, se insistimos no mesmo comportamento.
Com o tempo o passe parece “perder a força”, já não traz os benefícios desejados, e o paciente
acaba buscando outro Centro, mais forte, sem noção de que os
Benfeitores espirituais estabelecem limites à sua ação.
Se constatam que os beneficiários não se conscientizam quanto à necessidade de superar mazelas
e imperfeições, deixam que o Sino de Deus continue a repicar, até que superem a “sonolência” e despertem
para os objetivos da existência humana.
Richard Simonetti.
O Reformador-Dezembro de 2006
Transfusão de energias, o passe magnético é um recurso milenar, usado desde as culturas mais remotas, com resultados surpreendentes, em favor da saúde humana.
Foi largamente empregado por Jesus. Dotado de potencial incomparável, o Mestre curava insidiosos
males do corpo e da alma.
Multidões o buscavam, atraídas muito mais pelos prodígios que operava sem que se atentasse à excelência
de seus princípios.
Algo semelhante ocorre na atualidade com o Espiritismo. As pessoas comparecem ao Centro Espírita como quem vai a um hospital, em busca de cura para males variados.
Expositores costumam evocar velho adágio, que até parece versículo evangélico:
Quem não vem pelo amor, vem pela dor.
Raros procuram a Doutrina movidos pelo amor ao conhecimento.
A dor é bem o Sino de Deus a nos convocar para o exercício de religiosidade. Quando plange, insistente, a alma se põe genuflexa, com disposição até para enfrentar os preconceitos ditados pela ignorância,
em busca de cura para seus males.
E situa-se o Centro Espírita como hospital, num primeiro momento, escola depois; por último,
abençoada oficina de trabalho para aqueles que perseveram na freqüência, acordados para os objetivos
do mergulho na carne, definidos na questão 132, de O Livro dos Espíritos, quando Kardec pergunta
qual o objetivo da encarnação dos Espíritos.
Responde o mentor espiritual:
Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição.
Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer
todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação.
Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca
na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia
com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É
assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.
O mentor espiritual que assistia Kardec enfatiza as maravilhosas oportunidades de progresso e
de participação na obra da Criação, que Deus nos oferece na experiência humana, utilizando essa
máquina incomparável que é o corpo humano.
Por mau uso, a desgastamos e desarranjamos freqüentemente.
Em nosso socorro, a Misericórdia Divina mobiliza infinitos recursos para o “conserto”.
Dentre eles, o maravilhoso passe magnético.
Imperioso, porém, alertar os beneficiários de que sua eficiência obedece a dois fatores primordiais:
O primeiro é a capacidade do passista, subordinada não tanto ao conhecimento da mecânica do serviço, mas, sobretudo, à pureza de seus sentimentos e ao desejo de servir.
Passista distraído do empenho de renovação e que desenvolve essa atividade como um assalariado,
interessado nos benefícios que receberá, sem cogitar dos benefícios que deve prestar, jamais será um
instrumento confiável da Espiritualidade.
Noutro dia perguntaram-me se alguém assim pode prejudicar o paciente.
Só se houver intencionalidade.
Se o passista, com raiva do paciente, impuser-lhe as mãos a afirmar, em pensamento:
– Quero que você se dane! Que fique doente e morra!
Assustador, amigo leitor?
Não se preocupe. Seria apenas uma vibração negativa, do mesmo teor deletério de quem grita,
xinga, ofende, capaz de causar embaraços ao objeto dela, mas considerado aqui o fator sintonia.
Se o “bombardeado” tem um comportamento equilibrado, habituado à oração, a cultivar a serenidade,
não será afetado.
E esteja sossegado. Ninguém se dispõe a participar do serviço do passe com a intenção de prejudicar
desafetos.
Considerando que a assistência espiritual é sempre monitorada e sustentada por mentores espirituais,
as deficiências humanas podem ser superadas, desde que seja cumprida a outra condição: a receptividade
do paciente. O aproveitamento depende de seu empenho por colocar-se em sintonia com o serviço.
Para que isso ocorra, é importante que nas palestras doutrinárias seja explicado aos interessados
o que é o passe, como funciona e quais as condições necessárias a fim de que surta efeito.
Cuidados indispensáveis:
Disciplina das emoções.
No atendimento fraterno:
– Preciso de um passe. Estou muito irritado, com os nervos em frangalhos. Tive uma discussão
homérica com minha esposa.
Quase chegamos a vias de fato.
Dificilmente será beneficiado, porquanto espera pelo passe para eliminar a irritação, sem compreender
que é preciso evitar a irritação para receber o passe.
Atenção às palestras.
Fala-se de Espíritos obsessores que procuram neutralizar com o sono a assimilação de esclarecimentos
capazes de subtrair os participantes à sua influência.
Pode acontecer, mas na maior parte das vezes o que ocorre é o desinteresse. São freqüentadores
que vêem o recinto das palestras como uma sala de espera de atendimento médico, situando-se em
modorrento alheamento, que favorece o sono.
Silêncio e contrição.
Favorecendo a eficiência do serviço, os centros espíritas tendem a realizar o atendimento magnético após
o trabalho doutrinário, nas chamadas câmaras de passe.
Enquanto espera, há quem aproveite para confraternizar com amigos e conhecidos ali presentes, abordando,
não raro, assuntos que não interessam à economia do ambiente, favorecendo uma quebra de sintonia
que vai tornar menos eficiente o passe.
Melhor o silêncio, com leitura de algo edificante ou a meditação em torno dos temas abordados
pelos expositores.
Duas observações de Jesus, endereçadas às pessoas beneficiadas por suas curas, devem merecer
nossa atenção.
Tua fé te salvou!
Os cuidados a que nos referimos favorecem a sintonia do paciente com o passista, mas a receptividade, a possibilidade de assimilar plenamente os benefícios oferecidos, depende da
confiança plena, da certeza absoluta de que estamos nos submetendo a uma terapia capaz de nos
beneficiar.
As curas operadas por Jesus não constituíam o prêmio da fé.O
Mestre não curava porque as pessoa acreditavam nele, mas porque as pessoas sintonizavam com seus
poderes.
Oportuno recordar o exemplo da mulher hemorroíssa, que se curou de uma hemorragia uterina de doze anos simplesmente tocando em suas vestes, movida pela convicção de que seria beneficiada.
Vai e não peques mais para que te não suceda pior!
Voltamos aqui à questão do uso. Se nossos males são decorrentes da má utilização da máquina
física, de nada valerá o “conserto”, se insistimos no mesmo comportamento.
Com o tempo o passe parece “perder a força”, já não traz os benefícios desejados, e o paciente
acaba buscando outro Centro, mais forte, sem noção de que os
Benfeitores espirituais estabelecem limites à sua ação.
Se constatam que os beneficiários não se conscientizam quanto à necessidade de superar mazelas
e imperfeições, deixam que o Sino de Deus continue a repicar, até que superem a “sonolência” e despertem
para os objetivos da existência humana.
Richard Simonetti.
O Reformador-Dezembro de 2006
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