No Templo Espírita
Autor: Salvador Gentile
Algumas regras de convivência espírita
O Centro Espírita deve ser, essencialmente, um templo de estudo e de
trabalho; nestas condições, quem deseje engajar-se em suas fileiras deve
estar sinceramente disposto a aprender e a servir.
Considerando que a Mensagem Espírita se dirige ao povo, desde as camadas
mais humildes, o centro Espírita, conquanto guardando todas as
instalações indispensáveis, não deve se revestir de pompa, nem
incentivar privilégios pessoais, sendo um dos imperiosos deveres dos
seus freqüentadores, qualquer que seja sua posição social ou cultural,
aprender a viver com todos, igual a todos, com alegria e proveito.
Em razão de uma lei natural, os grupos resultam da reunião de pessoas
afins, não só quanto à sua natureza interior, mas também quanto às suas
condições exteriores; por isso, por mais precário seja o nível
espiritual, ou social, que lhes transpareça, as pessoas que os integram
convivem em relativa paz e com proveito, em nada importando suas
limitações. Em face disso, antes de se definir por este ou aquele Centro
Espirita onde se integrar, é mister examinar o problema fundamental da
afinidade, a fim de que não se venha a experimentar contrariedades ou
perturbar os que poderiam estar vivendo bem.
Do mesmo modo que na família, onde os laços afetivos são poderosos, cada
pessoa precisa ceder um pouco de si mesma em razão dos defeitos e
limitações de que somos ainda portadores; no Templo Espírita, onde as
pessoas se refluem na qualidade de irmãos diante da Vida, o nosso
comportamento necessita de um índice maior de sociabilidade. Por isso,
quem queira se integrar na sua vida comunitária, precisa não perder de
vista os imperativos da compreensão, da paciência e da tolerância, que
os outros naturalmente, também estarão exercitando a seu respeito.
Todo trabalho de equipe, para que resulte em alta produtividade, pede
ordem e participação integral. O Templo Espírita autêntico deve abrigar
um grupo de pessoas trabalhando em equipe, e que lhe é sangue a
vitalizar todos os departamentos da organização. Assim, pois, quem faça
parte dessa equipe espírita-cristã de estudo e de trabalho, deve levar
em linha de conta que, se falhar, fugindo aos imperativos da ordem e da
participação integral, o trabalho conjunto pode se perder, da mesma
forma que um simples dente quebrado de uma engrenagem leva a máquina à
inércia.
Cada homem e um mundo em si mesmo e, por isso, difere dos demais.
Inevitavelmente, assim, todo grupo, por mais homogêneo, é formado de
indivíduos diferentes entre si, mas ligados por afinidade quanto às
qualidades mais gerais, não estando, em conseqüência, isento de
divergência ou mesmo de disputas, entre seus membros. O Templo Espírita
que se estrutura num grupo, não foge à regra. Contudo aquele que detém a
responsável qualidade de espírita, não pode olvidar que, se os remédios
para essa perturbação passageira, que são a compreensão, a tolerância e
a paciência, nos outros são virtudes, para ele fazem parte do dever, já
que a base fundamental da instituição é o amor ao próximo.
Conquanto pareça um paradoxo, há espíritas excessivamente egoísta: são
os que apenas estudam a mensagem dos Espíritos para si mesmos no recesso
e na tranqüilidade do lar. Não há se negar que, conhecendo
profundamente os princípios da vida eterna, já percorreram metade do
caminho ou que sejam espiritas pela metade. Isto porque sendo o
Espiritismo uma mensagem de verdade e de amor, necessita de cérebro para
discernir e de coração para atuar, ou seja, é necessário que a verdade,
contida na cabeça, caia coração e o transforme em fonte inesgotável de
recursos para a efetivação do amor, desse amor cristão que se evidencia
nas suas manifestações exteriores. Assim. ninguém guarde a ilusão de ser
espírita porque conhece Espiritismo; espírita é aquele que conhece e
trabalha, sendo o Templo Espírita a sua oficina, onde estuda e serve,
aprende e ama.
Sendo o Templo Espírita um posto avançado da fraternidade humana na
Terra, todas as suas atividades devem extravasar amor e proveito
permanentemente, sendo justo que, com a sucessão dos indivíduos e o
decurso do tempo, ele se aperfeiçoe cada vez mais no seu mister de
ensinar e de servir. Em assim sendo, cada um deve fazer o melhor hoje,
dentro do possível ao seu alcance, relegando ao tempo a solução das
deficiências que, certamente, sempre existirão, consciente de que, se
todos são passíveis de crítica diante da perfeição, cada um é credor
pelo que sabe e faz cumprindo o seu dever.
Depois de ter contribuído decisivamente para a consolidação da Doutrina
Espírita, a mediunidade ainda é o seu melhor instrumento de ação, uma
vez que permite o intercâmbio com o mundo espiritual e o recolhimento de
todas as bênçãos que é permitido aos Espíritos derramarem em beneficio
do homem. Podemos distinguir duas ordens de mediunidades: a que fornece
provas espetaculares da ação dos Espíritos com fenômenos
extraordinários, e a que simplesmente revela os Espíritos em ação, no
socorro aos indivíduos. Geralmente, a primeira, que entusiasma e
deslumbra, conquanto deixe saldo favorável pelo abalo que causa às
criaturas, é como a chuva pesada cuja enxurrada desgasta o solo,
carreando-lhe os recursos de fertilidade, deixando atrás de si marcas
profundas de erosão. A segunda, que consola, liberta e cura, é como
chuva fertilizante que, ao invés de tirar, enriquece o solo em que se
derrama. Quem se disponha, pois, a analisar o trabalho mediúnico no
Templo Espírita, não pode perdem de vista que, com a mediunidade que
socorre e ajuda, ele estará sempre regorgitante de gente em busca de
amor, e, com o simples fenômeno, por mais espetacular que seja,
extinguindo-se este, ele fenecerá também, porque os curiosos não vivem e
não vibram sem as grandes emoções...
A descoberta da imprensa, que permitiu a vulgarização dos conhecimentos
através do livro, não dispensou a existência de escolas, que ministram o
estudo sistemático; muito pelo contrário, estimulou a sua proliferação.
Que ninguém, se engane, pois, que o problema do saber se resolve com a
existência do livro, pois se assim fora, há séculos, não teríamos mais
escolas no Planeta; nem que a existência da escola dispensa a presença
do livro, pois, se assim fora, à medida que surgiram as escolas, os
livros teriam desaparecido, o que não é verdade, tendo sucedido
exatamente o contrário.
O Espiritismo, como toda religião, está nos livros; o livro, no entanto,
ainda aqui, não dispensa a existência de escolas e cursos, de estudo
sistemático, que lhes analise o conteúdo dentro de métodos adequados.
Por isso, se o Templo Espírita deve erigir-se em escola, ministrando os
cursos que forem possíveis, não pode, no entanto, deixar de estimular a
divulgação e a distribuição do livro espírita, pois, da mesma forma que
nos outros ramos do saber, a presença do livro valorizará a escola e
ampliará sua eficiência.
Anuário Espírita 1976
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