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sábado, 29 de setembro de 2012
Uma matéria para se estudar e refletir, buscarmos a humildade de reconhecermos que temos muito que aprender e a oferecer ao próximo através da caridade moral e material, pois ainda estamos numa fase em que muitos assumem uma postura de civilizados denegrindo o semelhante gerando intolerancia onde na realidade de um civilizado seria a prática da caridade e tolerancia.
Civilização e reino de Deus
José Argemiro da Silveira
de Ribeirão Preto, SP
"Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, Jesus lhes respondeu:
Não vem o reino de Deus com aparências exteriores"(Lucas, 17:20)
Não se pode negar o grande progresso da ciência e da tecnologia (esta como conseqüência daquela). Esse progresso superou, e muito, os inventores e idealistas de algumas décadas atrás, que sonhavam conseguir meios de comunicação e de transportes mais eficientes, e mais rápidos para todos. O automóvel, o avião, as viagens espaciais, em tempo relativamente pequeno, realizaram feitos muito além do que sonhavam os mais otimistas dos seus idealizadores. Nas diversas outras áreas da atividade humana, como na medicina, os inventos de máquinas e utensílios para o trabalho doméstico, na indústria, e nas atividades rurais, também experimentaram o mesmo progresso. Entretanto, apesar de todos esses avanços e descobertas, o ser humano da atualidade parece não viver mais feliz, nem melhor, do que o seu antepassado. Como entender o fenômeno?
No Livro dos Espíritos, questão 793, Allan Kardec pergunta: "Por que sinal se pode reconhecer uma civilização completa?" Resposta: "Vós a reconhecereis pelo desenvolvimento moral, Acreditais estar muito adiantados por terdes feito grandes descobertas e invenções maravilhosas; porque estais melhor instalados e melhor vestidos que os vossos selvagens; mas só tereis verdadeiramente o direito de vos dizer civilizados quando houverdes banido da vossa sociedade os vícios que a desonram e quando passardes a viver como irmãos, praticando a caridade cristã. Até esse momento não sereis mais do que povos esclarecidos, só tendo percorrido a primeira fase da civilização". Allan Kardec em comentário à resposta citada considera que "a civilização tem os seus graus, como todas as coisas, Uma civilização incompleta é um estado de transição que engendra males especiais, desconhecidos no estado primitivo, mas nem por isso deixa de constituir um progresso natural, necessário, que leva consigo mesmo o remédio para aqueles males. A medida que a civilização se aperfeiçoa, vai fazendo cessar alguns dos males que engendrou, e esses males desaparecerão com o progresso moral".
A resposta esclarece bem a questão. Progredimos em determinados aspectos, mas ainda não realizamos o mesmo progresso no que se refere ao conhecimento sobre nós mesmos, e como nos relacionar uns com os outros. Ainda não nos conscientizamos que somos todos irmãos, filhos de um mesmo Pai, e que para sermos verdadeiramente civilizados e felizes precisamos nos respeitar mutuamente, cooperarmos pelo bem comum, destruindo o egoísmo e o orgulho que ainda nos dominam. Somos, pois, uma civilização incompleta. Evoluímos em parte, mas ainda não compreendemos que o mais importante é o próprio ser humano, Espírito imortal, temporariamente no plano físico em busca do seu próprio desenvolvimento. Como, disse alguém, o homem conhece mais o átomo do que a si próprio.
O Espiritismo considera de fundamental importância, para o progresso moral da humanidade, resgatar os ensinos de Jesus, em sua pureza e simplicidade primitivas. "Durante os dois mil anos que se seguiram à morte do Mestre e ao Cristianismo Primitivo, a Igreja procedeu, através de sínodos e concílios, a acréscimos de tal magnitude, que acabaram por desfigurar a doutrina original. Ela incorporou ritos, símbolos e idéias provindos do paganismo romano, do Zoroastrismo e do Mitraísmo (culto de Mitra, divindade solar persa, um dos gênios do Masdeísmo)".1 E o essencial para a nossa educação, para o desenvolvimento das potencialidades do Espírito, foi relegado a plano secundário, ou mesmo esquecido. Um exemplo disso é a lei de causa e efeito. Há várias passagens nos ensinos de Jesus, tratando desse tema: "A cada um segundo suas obras"; "Guarda a tua espada, pois todos os que pegaram na espada, da espada morrerão"; "Com a medida que medirdes os outros, sereis medidos". O apóstolo Paulo diz algo semelhante na Epístola aos Gálatas: "Não vos enganeis; Deus não se deixa escarnecer; pois tudo o que o homem semear, isso também ceifará".
Entretanto, para bem compreendermos a lei de causa e efeito, precisamos admitir e estudar outra lei importante - a reencarnação, pois só numa existência não conseguimos entender o mecanismo da lei. Daí a importância do estudo dos ensinos de Jesus, à luz da Doutrina Espírita, que nos permite melhor compreender a finalidade da vida, e o que fazer para edificação do reino de Deus em nosso íntimo.
1 - A Missão Maior do Movimento Espírita - Reformador, fevereiro/2001, pág. 24
(Jornal Verdade e Luz Nº 185 de Junho de 2001)
O EVANGELHO E O FUTURO
Um
modesto escorço da História faz entrever os laços eternos
que ligam todas as gerações nos surtos evolutivos do planeta.
Muita
vez, o palco das civilizações foi modificado, sofrendo profundas
renovações nos seus cenários, mas os atores são
os mesmos, caminhando, nas lutas purificadoras, para a perfeição
d'Aquele que é a Luz do princípio.
Nos
primórdios da Humanidade, o homem terrestre foi naturalmente conduzido
às atividades exteriores, desbravando o caminho da natureza para a solução
do problema vital, mas houve um tempo em que a sua maioridade espiritual foi
proclamada pela sabedoria da Grécia e pelas organizações
romanas.
Nessa
época, a vinda do Cristo ao planeta assinalaria o maior acontecimento
para o munndo, de vez que o Evangelho seria a eterna mensagem do Céu,
ligando a Terra ao reino luminoso de Jesus, na hipótese da assimilação
do homem espiritual, com respeito aos ensinamentos divinos. Mas a pureza do
Cristianismo não conseguiu manter-se intacta, tão logo regressaram
ao plano invisível os auxiliares do Senhor, reencarnados no globo terrestre
para a glorificação dos tempos apostólicos.
O
assédio das trevas avassalou o coração das criaturas.
Decorridos
três séculos da lição santificante de Jesus, surgiram
a falsidade e a má-fé adaptando-se às conveniências
dos poderes políticos do mundo, desvirtuando-se-lhe todos os princípios,
por favorecer doutrinas de violência oficializada.
Debalde
enviou o Divino Mestre seus emissários e discípulos mais queridos
ao ambiente das lutas planetárias. Quando não foram trucidados
pelas multidões delinqüentes ou pelos verdugos das consciências,
foram obrigados a capitular diante da ignorância, esperando o juízo
longínquo da posteridade.
Desde
essa época, em que a mensagem evangélica dilatava a esfera da
liberdade humana, em virtude da sua maturidade para o entendimento das grandes
e consoladoras verdades da existência, estacionou o homem espiritual em
seus surtos de progresso, impossibilitado de acompanhar o homem físico
na sua marcha pelas estradas do conhecimento.
E'
por esse motivo que, ao lado dos aviões poderosos e da radiotelefonia,
que ligam todos os continentes e países da atualidade, indicando os imperativos
das leis da solidariedade humana, vemos o conceito de civilização
insultado por todas as doutrinas de isolamento, enquanto os povos se preparam
para o extermínio e para a destruição. E' ainda por isso
que, em nome do Evangelho, se perpetram todos os absurdos nos países
ditos cristãos.
A
realidade é que a civilização ocidental não chegou
a se cristianizar . Na França temos a guilhotina, a forca na Inglaterra,
o machado na Alemanha e a cadeira elétrica na própria América
da fraternidade e da concórdia, isto para nos referirmos tão-somente
às nações supercivilizadas do planeta. A Itália
não realizou a sua agressão à Abissínia, em nome
da civilização cristã do Ocidente? Não foi em nome
do Evangelho que os padres italianos abençoaram os canhões e as
metralhadoras da conquista? Em nome do Cristo espalharam-se nestes vinte séculos,
todas as discórdias e todas as amarguras do mundo.
Mas
é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores humanos. Se
as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos
últimos "ais" do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar
as realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem
de toda a Humanidade.
O
Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo
neste século de declives da sua História; só ele pode,
na sua feição de Cristianismo redivivo, salvar as religiões
que se apagam entre os choques da força e da ambição, do
egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos.
No
seu manancial de esclarecimentos, poder-se-á beber a linfa cristalina
das verdades consoladoras do Céu, preparando-se as almas para a nova
era. São chegados os tempos em que as forças do mal serão
compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio
nos ambientes terrestres, e os seus últimos triunfos são bem o
penhor de uma reação temerária e infeliz, apressando a
realização dos vaticínios sombrios que pesam sobre o seu
império perecível.
Ditadores,
exércitos, hegemonias econômicas, massas versáteis e inconscientes,
guerras inglórias, organizações seculares, passarão
com a vertigem de um pesadelo.
A
vitória da força é uma claridade de fogos de artifício.
Toda
a realidade é a do Espírito e toda a paz é a do entendimento
do reino de Deus e de sua justiça.
O
século que passa efetuará a divisão das ovelhas do imenso
rebanho. O cajado do pastor conduzirá o sofrimento na tarefa penosa da
escolha e a dor se incumbirá do trabalho que os homens não aceitaram
por amor.
Uma
tempestade de amarguras varrerá toda a Terra. Os filhos da Jerusalém
de todos os séculos devem chorar, contemplando essas chuvas de lágrimas
e de sangue que rebentarão das nuvens pesadas de suas consciências
enegrecidas.
Condenada
pelas sentenças irrevogáveis de seus erros sociais e políticos,
a superioridade européia desaparecerá para sempre, como o Império
Romano, entregando à América o fruto das
suas experiências, com vistas à civilização do porvir.
Vive-se
agora, na Terra, um crepúsculo, ao qual sucederá profunda noite;
e ao século XX compete a missão do desfecho desses acontecimentos
espantosos.
Todavia,
os operários humildes do Cristo ouçamos a sua voz no âmago
de nossa alma:
"Bem-aventurados
os pobres, porque o reino de Deus lhes pertence! Bem-aventurados os que têm
fome de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os aflitos,
porque chegará o dia da consolação! Bem-aventurados os
pacíficos, porque irão a Deus!
Sim,
porque depois da treva surgirá uma nova aurora. Luzes consoladoras envolverão
todo o orbe regenerado no batismo do sofrimento. O homem espiritual estará
unido ao homem físico para a sua marcha gloriosa no ilimitado, e o Espiritismo
terá retirado dos seus escombros materiais a alma divina das religiões,
que os homens perverteram, ligando-as no abraço acolhedor do Cristianismo
restaurado.
Trabalhemos
por Jesus, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto das conciências.
Todos
somos dos chamados ao grande labor e o nosso mais sublime dever é responder
aos apelos do Escolhido.
Revendo
os quadros da História do mundo, sentimos um frio cortante neste crepúsculo
doloroso da civilização ocidental. Lembremos a misericórdia
do Pai e façamos as nossas preces. A noite não tarda e, no bojo
de sua sombras compactadas, não nos esqueçamos de Jesus, cuja
misericórdia infinita, como sempre, será a claridade imortal da
alvorada futura, feita de paz, de fraternidade e de redenção.
Emmanuel
CAPÍTULO X -OS DOZE E SUA MISSÃO
OS
DOZE E SUA MISSÃO
1
- Então convocando os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus
poder sobre os espíritos imundos, para os expelirem e para curarem todas
as doenças e todas as enfermidades.
2
- Ora os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão,
que se chama Pedro e André, seu irmão.
3
- Tiago, filho de Zebedeu e João, seu irmão, Filipe e Bartolomeu,
Tomé e Mateus, o publicano, Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu.
4
- Simão Cananeu e Judas Iscariotes, que foi o que o entregou.
Durante
algum tempo, os discípulos se dedicam ao aprendizado junto ao Mestre.
Espíritos de alto progresso espiritual, fácil lhes foi assimilar
as lições que Jesus lhes ministrava diariamente, não só
pelas palavras, como também pelo exemplo. Fortificados pela fé
que Jesus lhes acendera nos corações, estavam preparados para
continuar a obra evangélica, que Jesus lhes confiaria. São sábias
e comovedoras as regras, segundo as quais os discípulos pautariam sua
conduta no mundo. Há vinte séculos que os discípulos de
boa vontade estudam este código de renúncia; os que não
se afastaram dele, triunfaram. Palmilhando os ásperos caminhos da terra,
quando a taça de amarguras parecia transbordar, lembravam-se das ternas
exortações e dos conselhos do Mestre e adquiriam novo alento para
perseverarem até o fim. Estas instruções são para
todos os tempos e para todos os discípulos de boa vontade. Os médiuns,
especialmente, devem meditá-las, estudá-las e assimilá-las
muito bem, antes de iniciarem seu medianato. De acordo com os últimos
ensinamentos do Espiritismo, estudemos o código do discípulo fiel.
5
- A estes doze enviou Jesus, dando-lhes estas instruções, dizendo:
Não ireis caminho de gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos.
6
- Mas ide antes às ovelhas que pereceram da casa de Israel.
Jesus
ordena a seus discípulos que se dirijam antes aos que já estavam
em condições de entender os novos ensinamentos. Os israelitas
eram, naturalmente, os indicados para primeiro receberem o Evangelho, dado o
longo preparo espiritual a que a lei de Moisés os tinha submetido, Dirigindo-se
a eles, os discípulos encontrariam um terreno propício à
semeadura. Ao passo que se procurassem em primeiro lugar os outros povos, as
dificuldades para a difusão do Evangelho seriam maiores, pois, ainda
não estavam à altura de suas lições. Com o tempo,
todos os povos se preparariam convenientemente e, então, surgiriam novos
trabalhadores, que lhes levariam as claridades do Evangelho.
Na
difusão do Espiritismo, o discípulo inteligente deve seguir a
mesma diretriz: primeiro os que estão em estado de o compreenderem; os
outros virão depois.
7
- E pondo-vos a caminho, pregai que está próximo o reino dos céus.
O
reino dos céus está dentro de nossos corações. É
inútil ir procurá-lo mais longe. Caracteriza-se pela bondade,
pelo amor fraterno entre todos, pelo acolhimento, amparo e proteção
aos que sofrem. O coração, livre de ódios, de remorsos,
de cobiça, de ambições descabidas, da concupiscência;
e capaz de amar a todos os homens, sem distinção de cor, de classe
social, de raças, de credos políticos ou religiosos, um coração
assim traz dentro de si o reino dos céus. Portanto, o reine dos céus
está ao nosso alcance. A consciência tranqüila e o coração
puro causam uma felicidade tal aos que os possuem, que, já na terra,
gozam as alegrias espirituais que os aguardam nos planos da espiritualidade.
Não deixemos para amanhã o início de adquirirmos essa graça.
Comecemos desde agora a trabalhar por merecê-la, combatendo nossas imperfeições,
abandonando nossos vícios, abrandando nosso caráter e esforçando-nos
por nos amarmos uns aos outros. E depois de termos realizado o reino dos céus
dentro de nós, fácil será concretizar na face de nosso
planeta. Jesus alude ao começo dos trabalho de regeneração
da humanidade pela observância das leis divinas, quando manda a seus discípulos
que preguem estar próximo o reino dos céus.
8
- Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expeli os demônios;
dai de graça o que de graça recebestes.
Conquanto
Jesus e seus discípulos e, modernamente o Espiritismo, tenham operado
curas materiais, é mais no sentido moral que devemos entender esta ordem
de Jesus. Porque o Evangelho é a lição divina que ensina
a humanidade a se curar de suas imperfeições morais.
Curai
os enfermos, isto é, ensinai os homens a evitarem o mal, para que não
sofram suas dolorosas conseqüências.
Ressuscitai
os mortos, isto é, ensinai que a morte não existe e que do outro
lado do túmulo o espírito continua com sua vida eterna.
Limpai
os leprosos, isto é, ensinai os pecadores a se regenerarem e esclarecei
os ignorantes sobre as coisas divinas.
Expeli
os demônios, isto é, encaminhai os espíritos obsessores
concitando-os ao perdão e à prática do bem.
E
nunca aceiteis a paga do bem que espalhastes, uma vez que o Pai, que está
nos céus, não põe preço em sua misericórdia.
9
- Não possuais ouro nem prata, nem tragais dinheiro nas vossas cintas;
10
- Nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado,
nem bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.
Acima
de tudo, o discípulo fiel deve confiar na Providência Divina. O
Senhor da seara não deixará os seus obreiros sem o necessário
para sua manutenção. Se os patrões humanos não deixam
seus operários sem a paga do trabalho que executam, quanto mais o Patrão
Divino não cuidará de seus servos?
Além
disso, o discípulo do Evangelho ensina os povos a se libertarem da matéria.
Daria um péssimo exemplo, o discípulo que se afadigasse pela posse
transitória dos bens terrenos; porque demonstraria confiar mais na matéria
do que na Providência Divina. A evangelização das criaturas
deve ser a principal preocupação do discípulo sincero.
11
- E em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, informai-vos de quem há
nela digno; e ficai aí até que vos retireis.
12
- E ao entrardes na casa saudai-a, dizendo: Paz seja nesta casa.
13
- E se aquela casa na realidade o merecer, virá sobre ela a vossa paz;
e se o não a merecer, tornará para vós a vossa paz.
Os
discípulos tinham de ir de aldeia em aldeia e de cidade em cidade pregando
o Evangelho. Naqueles tempos não havia a imprensa, nem o rádio
nem os modernos meios de propaganda; somente dispunham da palavra oral para
tornarem conhecido o Evangelho. Pobres como eram, não podiam pagar pousadas;
forçoso lhes era, por conseguinte, procurarem almas caritativas que os
hospedassem gratuitamente. Não só era uma oportunidade para essas
almas exercerem a caridade para com os viajores sem recursos, como também
era um testemunho que os discípulos davam de sua fé em Deus.
Em
nossos dias, o Espiritismo é o novo apóstolo que Jesus envia a
todas as cidades e a todos os lares para ensinar os preceitos evangélicos.
O Espiritismo saúda com a sagrada saudação a casa onde
penetra. E a casa passa a gozar a paz, o ambiente doméstico fica livre
de espíritos inferiores que o perturbavam, os quais são encaminhados
para as escolas de aprendizado e de regeneração no mundo espiritual.
Os membros da família extinguem as querelas e doce fraternidade preside
as relações familiares. Todavia, para isso é necessário
que a casa mereça realmente a paz, o que será conseguido pela
observância dos preceitos de Jesus.
Cumpre
notar que quando um médium vai ministrar um passe a um doente, prestando
assim a caridade espiritual, o doente pode ou não merecer a graça
de ser beneficiado.
Porque há doentes que só se lembram de implorar o auxílio
divino e prometem regenerar-se quando premidos pelo sofrimento. Logo que se
livram dos males que os atormentavam, esquecem-se das promessas feitas a Deus
e não mais se interessam pelas coisas espirituais. Nesse caso a graça
será toda do médium, que será recompensado espiritualmente
pelo serviço prestado.
14
- Sucedendo não vos querer alguém em casa, nem ouvir o que dizeis,
ao sair para fora da casa, ou da cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
Os
preceitos de Jesus visam eliminar do seio da grande família humana, todos
os motivos que separam os seus membros. O Evangelho, portanto, não poderá
ser imposto pela força, mas pelo Amor. Jesus não
ordena que seus discípulos forcem a consciência daqueles que os
querem ouvir; mas que se afastem deles, sem discutirem.
Mandando
que seus discípulos sacudissem o pó dos sapatos ao deixarem os
que os repelissem, é como se lhes dissesse: "Mostrai aos vossos
irmãos que vos enxotarem ou vos contradizerem que nenhuma das idéias
deles conseguiu abalar a vossa fé; e que deles não guardais o
menor ressentimento."
Na
difusão do Espiritismo, inúmeras vezes terão os discípulos
sinceros de sacudirem o pó das sandálias; porque nem todos os
encarnados estão em condições de compreendê-los.
15
- Em verdade vos afirmo isto: Menor rigor experimentará no dia do juízo
a terra de Sodoma e de Gomorra, do que aquela cidade.
Aqui
Jesus nos demonstra que toda aquisição de conhecimentos acarreta
aumento de responsabilidade. E cada um experimentará o rigor da Justiça
Divina de acôrdo com o grau de conhecimentos que tiver adquirido. Assim
sendo, ninguém carregará um fardo mais pesado do que suas forças
o permitirem. Todos aqueles que são chamados a participar das alegrias
do Evangelho, construindo seus destinos à luz dos ensinamentos de Jesus,
é porque já estão em situação de poderem
atender ao convite que lhes é feito. Todavia, há os que não
atendem ao chamado, furtando-se ao trabalho divino. Se analisarmos muito bem
a situação desses irmãos, notaremos que assim agem por
não quererem contrariar o comodismo em que vivem, protelando, dessa maneira,
o seu progresso espiritual e acumulando sofrimentos para o futuro.
Outra
importante advertência que podemos tirar desse versículo, é
no que se refere aos que pregam o Evangelho e não o exemplificam. Quem
ensina o Evangelho e não vive de conformidade com o que ensina, na verdade
experimentará o rigor que Sodoma e Gomorra não experimentaram.
16
- Vede que eu vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sede logo prudentes como
as serpentes e simplices como as pombas.
Deus
ama os humildes e abate os orgulhosos. Por isso é que Jesus nos recomenda
que sejamos simples como as pombas. Na simplicidade das pombas, Jesus simboliza
a humildade de que devemos nos revestir no desempenho do labor de nosso aperfeiçoamento
espiritual; porque aos humildes nunca faltará o auxílio do AltÍssimo.
E nossa humildade será provada diante dos reveses da vida, quando sofremos
as provas e as expiações reservadas para o progresso e purificação
de nosso espírito. Entretanto, Jesus quer também que tenhamos
a prudência das serpentes. Com isso ele nos adverte que exerçamos
contínua e enérgica vigilância sobre nós próprios,
a fim de que as tentações do mundo, quais lobos vorazes, não
inutilizem nossa encarnação.
No
que se refere ao trabalho espiritual, essa advertência de Jesus é
profunda. É fora de dúvida que o trabalhador do Evangelho viverá
continuamente assediado pelas forças das trevas, as quais tentarão
freqüentemente desviá-lo da tarefa. Os médiuns, sobretudo,
e os pregadores da palavra divina, terão de lutar não só
contra os encarnados, mas também contra os espíritos desencarnados
que, ou por ignorância ou movidos por sentimentos inferiores, tudo farão
para anular-lhes os esforços. E como os trabalhadores do Evangelho somente
pooderão revidar com as armas do bem, do amor, do pacifismo, da tolerância
e da piedade, jamais recorrendo à violência, deverão ser
quais ovelhas, cheias de prudência, convivendo no meio de lobos.
17
- Mas guardai-vos dos homens; porque ele vos farão comparecer nos seus
juízos e vos farão açoitar nas suas sinagogas;
18
- E vós sereis levados por meu respeito à presença dos
governadores e dos reis, para lhes servirdes a eles e aos gentios de testemunho.
Pregando
uma doutrina de paz e de igualdade; de amor de fraternidade e de perdão,
entre homens que cultuavam a guerra, o ódio, a vingança e os rígidos
preconceitos sociais; os discípulos levantariam contra si a perseguição
de todos os espíritos que se compraziam na ignorância ou que usufruíam
proveitos dela. A História nos conta que as predições de
Jesus se realizaram. Ainda hoje as perseguições não cessaram.
Onde quer que se erga uma voz concitando os homens à prática do
Evangelho em toda sua pureza e simplicidade é certo aí acorrerem
muitos para abafá-la. É o que tem acontecido com o Espiritismo.
Essa Doutrina, que é o Consolador prometido pelo Mestre, suscitou desde
o seu aparecimento todas as perseguições morais possíveis.
Desde as religiões organizadas até a ciência, todos se bateram
contra ela, culminando no martírio dos médiuns, submetidos a desalmadas
experiências de laboratório. Todavia, se cai um discípulo,
levanta-se outro; e os trabalhadores da grande causa prosseguem dando o testemunho.
19
- E quando vos levarem, não cuideis como ou o que haveis de falar; porque
naquela hora vos será inspirado o que haveis de dizer:
20
- Porque não sois vós os que falais, mas o Espírito de
vosso Pai é o que fala em vós.
Os
pregadores do Evangelho eram médiuns e, por isso, no momento de responderem
a seus algozes, eram assistidos por espíritos de elevada hierarquia espiritual,
que lhes sugeriam as palavras a serem proferidas. Eis porque vemos que os sacrificados
nos circos romanos, ante a turba ébria de sangue e de violência,
nada respondiam que não glorificasse o Cristianismo nascente; e elevavam
ao Alto suas preces e seus cânticos de perdão e de amor. E acabado
o espetáculo, os espíritos mártires partiam para o mundo
espiritual nos braços de seus amigos. E o povo voltava para suas casas
pensativo e indagando de si para si: - Que nova religião será
essa cujos adeptos são sinceros até diante da morte?
E
todos queriam conhecê-la.
21
- E um irmão entregará à morte a outro irmão e o
pai ao filho; e os filhos se levantarão contra os pais e lhes darão
a morte.
Nas
perseguições e nas lutas religiosas a que o mundo tem assistido,
o fanatismo religioso quase sempre armou os braços dos membros de uma
mesma família, uns contra os outros. Pelo lado moral, houve profundo
choque entre os adeptos do Cristianismo nascente e os dos outros credos, gerando-se
assim a guerra de religiões dentro de um mesmo lar.
Em
nossos dias reacende-se a luta contra as idéias progressistas do Espiritismo,
que trabalha por reconduzir o Cristianismo à sua forma e pureza primitivas
e explicar o Evangelho racionalmente. Embora sem o caráter sanguinolento
do passado, a batalha que se trava não deixa de ser intensa a fim de
que a luz brilhe novamente. É natural, pois, que no entrechocar das idéias
novas do progresso com as idéias velhas do passado e do comodismo, muitas
vezes pais, filhos e irmãos se coloquem em campos opostos.
Jesus
aqui nos adverte acerca das lutas que um espírita travará dentro
de seu próprio lar para encaminhar a si e aos seus pelo caminho da Verdade.
Deverá, em primeiro lugar, vencer a perseguição que lhe
desencadearão os espíritos desencarnados ignorantes, os quais
incitarão contra ele seus próprios familiares. Assistimos, então,
à crítica impiedosa que tem de suportar e à oposição
tenaz que lhe é movida no sentido de afastá-lo do caminho da espiritualidade.
Em seguida deverá corrigir seus defeitos, livrar-se dos vícios
para que possa adquirir a força moral suficiente para guiar sua família
e combater as imperfeições, que cada um de seus familiares apresentar.
Manter a força moral para que seja respeitado e se fazer respeitar pela
família, é outra luta moral em que se empenhará um espírita
que quer seguir à risca os ensinamentos do Evangelho.
Um
lar não se domina pela violência. Dominar um lar pela violência
é tiranizar a família. Um lar se domina pelo Amor. Mas para que
o Amor possa dominar é preciso que seja gerado pelo respeito; e o respeito
só será conseguido quando o chefe da família for um alto
padrão de moralidade. Então terá a autoridade incontestável
para impor à sua família a norma de conduta que o Espiritismo
lhe ditar. Fazendo respeitar-se pelo Amor, os pais precisam saber usar da severidade
para não deixarem que seus filhos se extraviem. Grande é a responsabilidade
dos pais neste assunto. Cada filho extraviado é uma dívida que
os pais contraem para com Deus, por não terem sabido desempenhar a missão
de bons orientadores das almas que o Senhor lhes confiou. Essa dívida
lhes acarretará enormes trabalhos no futuro, além de sofrimentos
no mundo espiritual. Quando os filhos ameaçam desviar-se e não
querem obedecer pelo Amor, os pais devem empregar em tempo oportuno o corretivo
enérgico, embora com mágua no coração para evitarem
males maiores. É por isso que Jesus aqui nos fala que sua doutrina causaria
divisões na família, trazendo para o seio dela muitas lutas. Ele
sabia que os membros mais evoluídos, querendo impulsionar a evolução
dos retardatários, entrariam em choque com eles e teriam de trabalhar
arduamente para obterem êxito.
22
- E vós por causa do meu nome sereis o ódio de todos; aquele porém
que perseverar até o fim, esse é o que será salvo.
Jesus
aqui precavém os discípulos contra o orgulho e os preconceitos
sociais que separam as criaturas. Como eles pregariam a extinção
do orgulho e lutariam contra os preconceitos sociais, ensinando aos homens que
todos são irmãos, filhos do mesmo Pai, atrairiam sobre si a cólera
de grande número daqueles que não estavam preparados para compreendê-los.
Um dos pontos básicos do ensino de Jesus é fazer com que os homens
aprendam que todos são irmãos, não importa a que nação
ou raça pertençam e como irmãos se devem tratar. É
justamente isso que a maioria da humanidade não quer compreender; daí
resultaria para os discípulos o ódio de muitos.
Conquanto
muito se pregue e já se tenha chegado à conclusão de que
a humanidade é uma imensa família, cujos membros são irmãos,
o orgulho, gerando os preconceitos sociais, tem prejudicado constantemente o
cumprimento desta lei da fraternidade. Mas não é só em
relação às coisas terrenas que o orgulho tem feito estragos:
sua maléfica ação se estende também às coisas
espirituais. Na aquisição dos bens espirituais, o orgulho é
o principal tropeço. As vezes, pelo simples fato de não querermos
ombrear com nossos irmãos mais modestos e mais pequeninos do que nós,
desrespeitamos as leis divinas. A fraternidade é uma das grandes leis
morais do código divino. E sempre que o orgulho falar mais alto do que
a humildade, sufocaremos o sentimento de fraternidade, que deve presidir ao
trato com nosso próximo.
Jesus
é a personificação da humildade. E sua doutrina prega a
humildade de coração. Na terra ainda predomina o orgulho. E os
orgulhosos se revoltam contra os que lhes falam da doutrina de Jesus, porque
ela lhes relembra a humildade da qual se afastaram. E por isso o nome do Mestre
traria o desprezo para os discípulos. É preciso que não
nos esqueçamos de que seremos salvos, isto é, ficaremos livres
do ciclo das reencarnações dolorosas, somente se nós nos
conservarmos fiéis observadores dos preceitos de Jesus até o fim
de nossa vida.
23
- Quando porém vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade
vos afirmo que não acabareis de correr as cidades de Israel, sem que
venha o Filho do homem.
Assim
como cada espírito, individualmente, obedece à lei do progresso,
é natural que também o planeta, em seu conjunto, obedeça
à mesma lei. À medida que os espíritos aqui encarnados
progredirem, progredirão com eles as instituições humanas,
as quais melhorarão não só na parte material, como também
na moral, e intelectual. Os principais propulsores desse progresso, principalmente
na parte espiritual, são os espíritos desencarnados, que por toda
parte inspiram aos encarnados o respeito às leis divinas e por meio de
médiuns através dos tempos, indicam à humanidade os rumos
espirituais a seguir.
Jesus
toma Israel como o símbolo do mundo ao qual vinha ser pregado o Evangelho.
E recomenda a seus discípulos que não interrompam o labor evangélico
por coisa alguma, nem mesmo por causa das perseguições que sofreriam.
Conquanto, materialmente falando, não houvesse possibilidade de os discípulos
percorrerem todas as cidades do planeta, nem por isso elas ficariam esquecidas.
Uma legião de espíritos desencarnados estava incumbida de levar
o Evangelho aos mais afastados recantos do globo, suscitando trabalhadores onde
fossem necessários. E modernamente, o Espiritismo, manifestando-se desde
os lugarejos às grandes capitais, tornou-se o instrumento para a disseminação
dos preceitos evangélicos, preparando assim, o advento do Filho do homem,
isto é, do reinado espiritual de Jesus, em todos os corações.
24
- Não é o discípulo mais que seu Mestre, nem o servo mais
que seu senhor.
25
- Basta ao discípulo ser como o seu mestre e ao servo, como seu senhor.
Se eles chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?
Jesus
nos recomenda que o tomemos por modelo em nosso labor evangélico. Calmos,
pacíficos, mansos e tolerantes, exemplifiquemos com os atos o que pregarmos
com as palavras não violentemos a consciência de ninguém.
Não nos percamos no emaranhado das discussões inúteis.
Estejamos certos de que se nos foi concedido semearmos algumas sementes, ao
Pai Celestial pertence o fazê-las germinar. Quanto aos que nos perseguirem,
zombarem e escarnecerem de nossa doutrina perdoemo-las de todo o coração,
lembrados de que se assim trataram o Senhor, não saberiam tratar melhor
os seus servidores.
26
- Pois não os temais; porque nada há encoberto que se nâo
venha a descobrir; nem oculto que se não venha a saber.
27
- O que eu vos digo às escuras, dizei-o às claras: que se vos
diz ao ouvido, publicai-o dos telhados.
Os
discípulos não devem temer aqueles que não lhes aceitam
as lições. A lei da desencarnação os levará
para o mundo espiritual e lhes provará serem verdadeiros os ensinamentos,
que repudiaram, quando encarnados. É o que sucede atualmente com o Espiritismo;
ensina a lei da reencarnação, a imortalidade da alma, prega que
não existem tormentos eternos, demonstra o progresso ininterrupto do
espírito, estabeleceu a comunicação entre os encarnados
e os desencarnados; por fim, explica de modo mais racional os preceitos de Jesus.
Apesar de encerrar tanta beleza e simplicidade, ainda encontra perseguições,
descrentes e detratores. Não os devemos temer. A desencarnação
se encarregará de abrir-lhes os olhos para as verdades eternas. Por isso,
publiquemos sempre em voz bem alta e por toda a parte, as lições
que recebemos por meio do Espiritismo.
28
- E não temais aos que matam o corpo e não podem matar a alma;
temei antes porém ao que pode lançar no inferno tanto a alma como
o corpo.
Inferno
é o símbolo do sofrimento em que incorremos todas as vezes em
que incidimos em faltas. Não há castigos eternos e não
há inferno onde os espíritos culpados sofram as conseqüências
de suas más ações, por toda a eternidade. Conquanto o sofrimento
seja efêmero, é causado ao nosso corpo por todo ato, por mais insignificante
que seja, que praticarmos em desacordo com as leis divinas. E é freqüente
um espírito sofrer, durante sucessivas reencarnações em
corpos carnais, as más conseqüências dos péssimos atos
do passado.
A
reencarnação é um processo regenerador e aperfeiçoador
ao mesmo tempo; enquanto de um lado faz com que corrijamos os erros do passado,
de outro lado promove nosso aprimoramento espiritual. Como somos espíritos
imortais submetidos a um constante progresso, é através das reencarnações,
isto é, das vidas sucessivas que vivemos na terra, e algumas delas bastante
dolorosas, é através delas que sairemos da materialidade primitiva
e alcançaremos a espiritualidade superior. Tal sucede com a jóia
que antes de ostentar todo seu fulgor, tem de suportar inúmeros processos
de burilamento até perder toda a ganga que a enfeiava e lhe ocultava
o magnífico brilho.
O
que devemos temer não são as perseguições que apenas
atingem o nosso corpo. Devemos temer o que atinge a alma. O corpo é transitório,
a alma é imortal. O que atinge a alma e pode lançá-la no
inferno, isto é, em muitos séculos de sofrimentos expiatórios
repercutindo nas vidas sucessivas, é a hipocrisia, o orgulho, o ódio,
os crimes, os vícios, em resumo, o mal sob qualquer forma de que se revista.
29
- Porventura não se vendem dois passarinhos por um asse? e nenhum deles
não cairá sobre a terra sem a vontade de vosso Pai.
30
- E até os mesmos cabelos da vossa cabeça todos eles estão
contados.
31
- Não temais pois, que mais valeis vós que muitos pássaros.
Aqui
Jesus nos mostra a soberana vontade de Deus regendo o Universo, até nas
menores coisas. E adverte os trabalhadores do Evangelho de que as horas que
despenderem no trabalho espiritual nunca lhes farão falta, no que se
refere à parte material de suas existências. Se mesmo um passarinho
é objeto dos desvelos de Deus, quanto mais nós não o seremos?
Por isso aqueles que dedicarem uma fração de tempo ao serviço
divino de cooperarem com o Mestre na difusão do Evangelho; e os que destinarem
algumas horas por semana ao estudo dos assuntos espirituais e evangélicos,
não deverão temer que estes momentos lhes prejudiquem o andamento
de suas ocupações materiais.
Há
pessoas que não procuram seguir o Espiritismo, e outras que não
querem desenvolver sua mediunidade com receio de perderem na parte material.
Aquelas horas que deveriam consagrar ao serviço divino e ao estudo do
Evangelho para seu aprimoramento moral e espiritual, passam-nas trabalhando
para aumentar seus haveres materiais, receosas de que mais tarde, lhes falte
o necessário. É um erro pensar assim.
Até
mesmo os cabelos de nossas cabeças estão contados é uma
figura de que se serve o Mestre para afirmar que na parte material nada há
de faltar aos que consagram algumas horas, por poucas que sejam, ao serviço
de Deus.
É
verdade que devemos ser previdentes; contudo, não devemos exagerar. Para
desempenhar nossa vida na terra temos necessidade de duas coisas: dos bens espirituais
e; bens materiais; êstes para nosso corpo, e aqueles para nossa alma.
E o Senhor proverá às necessidades do trabalhador, uma vez que
este demonstre boa vontade na execução seu pequenino labor evangélico.
O Senhor não exige que nos sacrifiquemos às coisas divinas; nós,
de nossa parte, não nos devemos sacrificar às coisas materiais.
32
- Todo aquele pois que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei
diante de meu Pai que está nos céus.
33
- E o que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu
Pai que está nos céus.
Confessar
Jesus diante dos homens é viver de conformidade com seus ensinamentos.
E ter a coragem suficiente de abandonar os preconceitos das religiões
dogmáticas, o preconceito das raças e das classes sociais; é
ver em cada pessoa um irmão que merece o nosso carinho, respeito e consideração.
Enfim, confessar Jesus diante dos homens é submeter-se à lei da
fraternidade universal. Os médiuns que sinceramente confessam Jesus diante
dos homens, são aqueles que não medem sacrifícios quando
se trata de levar sua cooperação mediúnica quer ao leito
de um enfermo, quer em auxílio de um obsidiado e a qualquer lugar onde
haja dores, aflições e lágrimas. Tais médiuns sabem
renunciar aos prazeres do mundo, sempre que estes interfiram no desempenho de
seu medianato.
34
- Não julgueis que vim trazer paz à terra; nào vim trazer-lhe
paz, mas espada;
35
- Porque vim separar ao homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe,
e a nora contra sua sogra.
Uma
idéia, por mais nobre que seja, ao aparecer desperta a oposição
da maioria. Os hábitos seculares, o comodismo, a indiferença,
o interesse, tudo luta contra ela. Semelhante estado de
coisas é motivado pelo pequeno adiantamento espiritual, que caracteriza
a quase totalidade dos habitantes da terra. Cumpre notar que na terra
estão encarnados espíritos em diversos graus de evolução;
alguns já alcançaram um grau de adiantamento superior e aceitam
facilmente as idéias novas; outros estão em grau inferior de espiritualidade
e mostram-se refratários a ensinamentos mais elevados, para cuja compreensão
ainda não estão suficientemente preparados. Daí se origina
a divergência de opiniões, que divide até os membros de
uma mesma família.
Dizendo
Jesus que não veio trazer paz, mas espada, quis dar-nos a entender que
sua doutrina, enquanto não fosse compreendida
pela totalidade dos encarnados, seria causa de atritos entre os que a compreenderiam
e os que não a compreenderiam. E nos adverte de que esses atritos começariam
dentro dos próprios lares.
O
Espiritismo se bate pela unidade religiosa do mundo, porque a lei divina é
uma só. Contudo, a unidade religiosa só será possível
quando a Terra tiver acabado de sofrer sua transformação para
planeta de categoria mais elevada. Então será habitada por espíritos
de maior adiantamento espiritual, os quais assimilarão com mais facilidade
as idéias progressistas e trabalharão por fazê-las triunfar.
Em sua simbologia, a Bíblia prediz que tal transformação
será feita pelo fogo e por cataclismas. Não será assim.
A transformação que se processará, será apenas de
ordem moral e a Terra já está passando por ela. Pouco a pouco
se encarnarão espíritos de maior elevação espiritual,
uns aqui e outros acolá, até completarem um todo homogêneo,
que impulsionará a Terra para uma hierarquia espiritual superior, no
concerto dos mundos que compõem o Universo.
Notemos
que todas as religiões do planeta são boas, pois, estão
graduadas de conformidade com a compreensão de seus adeptos, constituindo
cada uma delas uma face da Verdade, que se revela progressivamente à
humanidade. Sendo as revelações progressivas, há religiões
que melhor explicam as leis divinas. E os espíritos que acompanham o
progresso, são aqueles que vão aceitando as revelações
à medida que elas surgem. Nesse caso está o Espiritismo com revelações
mais adiantadas. Moisés revelou uma parte da Verdade, graduada para a
compreensão dos povos de seu tempo. Jesus continuou a obra de Moisés,
acrescentando-lhe novas revelações e novo, ensinamentos. O Espiritismo
continua a obra de Moisés e de Jesus, enriquecendo-a de novos valores
espirituais, mediante o que vem revelar aos homens. Assim vemos que o Espiritismo
nada mais é do que a continuação das religiões que
o antecederam, explicando-as sob um ponto de vista mais adiantada, mais racional
e mais compreensível, porque não usa símbolos, nem tem
dogmas. E lança luz sobre o que seus predecessores deixaram subentendido,
por não terem podido explicar tudo aos povos das épocas em que
viveram. A Moisés e a Jesus cumpria esperarem que a inteligência
humana se desenvolvesse, para que pudesse assimilar conhecimentos de ordem superior.
E
o Espiritismo veio precisamente na época em que a humanidade, estando
com sua inteligência amadurecida, podiam receber ensinamentos novos.
36
- E os inimigos do homem serão os seus mesmos domésticos.
37
- O que ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno
de mim; e o que ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é
digno de mim.
Jesus
nos avisa de que os inimigos do homem são os seus próprios domésticos,
porque as opiniões contraditórias, que se formam dentro de um
lar, poderão desviar do caminho espiritual aqueles que o querem seguir.
É
comum alguém querer desenvolver sua mediunidade e encontrar cerrada oposição
justamente naqueles que mais deveriam entusiasmá-lo para isso. Outros
querem seguir o Espiritismo, freqüentar as sessões, estudar o Evangelho
e a mesma má vontade em secundá-las em seus esforços divinos
se manifesta no seio de sua família. Às vezes é o marido
que serve de obstáculo à mulher e a mulher ao marido; outras vezes
são os pais que não se interessam pelo futuro espiritual de seus
filhos e nada fazem para guiá-los espiritualmente; e acontece também
que pelo falso amor que os pais consagram aos filhos, não usam da energia
necessária para conduzi-los pelo reto caminho, deixando que eles se percam
nas ilusões do mundo. Os pais espíritas precisam prestar atenção
nesse particular: não basta que eles se esforcem por seguir a Jesus;
é imprescindível que incutam no coração de seus
filhos, desde pequeninos, os hábitos de acordo com os ensinamentos de
Jesus; só assim estarão cooperando com o Mestre na evangelização
do mundo.
Ser
digno de Jesus, portanto, é saber superar todos os obstáculos
que se nos apresentarem contra nosso desejo de espiritualização.
Esses obstáculos se manifestarão com maior intensidade em nosso
ambiente doméstico; é indispensável, então, uma
grande dose de boa vontade, muita fé em Deus, muita oração
a fim de que esses obstáculos sejam removidos, não pela violência,
mas pelo entendimento mútuo e pelo amor que todas as criaturas se devem
umas às outras.
38
- E o que não toma a sua cruz e não me segue, não é
digno de mim.
A
cruz a que Jesus se refere, pode apresentar-se a nós sob três aspectos:
no cumprimento de nosso dever de cada dia, no sofrimento e na mediunidade.
É
mister que cumpramos nossos deveres diários com a melhor boa vontade
e segundo os preceitos de Jesus, tratando cristãmente de todos os que
se aproximarem de nós e dos que vivem sob nossa dependência. Para
isso devemos esforçar-nos para sermos um padrão de moralidade,
de trabalho, de fé em Deus e de amor ao próximo. É baseando
mesmo os nossos mínimos atos no Evangelho de Jesus, que nos tornaremos
dignos de Jesus.
O
sofrimento pelo qual passaremos também constitui a cruz que devemos carregar
durante nossa existência. Não há efeito sem causa. Se sofremos,
é porque o merecemos. Se não conseguirmos descobrir a causa de
nosso sofrimento na existência atual, ela estará, forçosamente,
numa de nossas existências do passado. Nunca nos esqueçamos de
que nossa vida presente é a conseqüência dos atos que tivermos
praticado em nossas encarnações anteriores, assim como nosso futuro
será o resultado de nossas ações da vida presente .. Geralmente,
os que sofrem se afastam de Jesus por se lastimarem. E o sofrimento humano pode
ser causado pelo desvio das leis divinas, pela ignorância e pelo endurecimento.
Qualquer transgressão das leis divinas causa sofrimentos. Podemos
escapar da justiça terrena, mas jamais poderemos escapar da Justiça
Divina, que dá a cada um unicamente o que cada um merece, como conseqüência
de seus atos.
A
ignorância é outra grande causa de sofrimentos. A ignorância
conduz ao vício e ao crime. Por isso o indivíduo já esclarecido
à luz do Evangelho deverá combater acerrimamente a ignorância
de seus irmãos, ensinando-os a respeitarem os preceitos de Jesus.
O
endurecimento é outra fonte de sofrimento. O indívíduo
endurecido é aquele ao qual já foi mostrado o bom caminho, mas
por orgulho, por comodismo, por conveniências sociais ou por pouca vontade,
persiste no erro. Semeia, assim, sementes de sofrimentos que, mais cedo ou mais
tarde, e nesta vida ou na outra, germinarão, resultando numa colheita
de frutos amargos.
Os
que sofrem, por conseguinte, que tornem a cruz dos seus padecimentos e a carreguem
com calma, paciência, resignação e coragem até o
fim, para que possam ser dignos de Jesus.
Dado
o estado de incompreensão em que está imersa a maioria dos encarnados,
a mediunidade se torna, por vezes uma cruz bem pesada. E o médium digno
de Jesus é o que toma a cruz de sua mediunidade e a transforma em luz
para os que jazem nas trevas, consolo para os aflitos, esperança para
os tristes, alívio para os sofredores e guia para os ignorantes.
39
- O que acha a sua alma, perdê-la-á; e o que perder a sua alma
por mim, achá-la-á.
Nossa
verdadeira vida é a vida espiritual que viveremos quando estivermos libertos
da matéria. A vida material é fugaz e por mais que façamos,
não a poderemos conservar senão por um curto período ..
É um erro, pois, não cuidarmos de nos preparar para a vida espiritual,
que constitui nosso futuro. Se desde nossa infância tudo fazemos para
que fiquemos aparelhados para triunfarmos materialmente, procurando auferir
as maiores vantagens que a terra nos pode oferecer, porque não nos prepararemos
também para a vida espiritual na qual ingressaremos infalivelmente?
Acham
sua alma na terra os que julgam que é aqui que estão seus únicos
interesses e concentram seus esforços apenas na consecução
das coisas materiais. Quando despertarem no mundo espiritual, verificarão
que correram atrás de ilusões. E como não conquistaram
nem um pouquinho de bens espirituais, estarão com suas almas perdidas
na maior pobreza espiritual. Os que perdem suas almas na terra são aquêles
que tudo fazem para conquistar os bens espirituais, através da vida terrena.
Compreendem que a vida terrena é um meio que Deus lhes dá para
o progresso de suas almas. E como sabem que a vida terrena é passageira,
envidam seus melhores esforços na aquisição de tudo quanto
lhes possa ser útil na pátria espiritual.
Perder
a alma por Jesus é observar rigorosamente os seus preceitos, única
maneira de se conseguir a riqueza espiritual, que fará com que as almas
se achem ricas e felizes quando desencarnarem.
40
- O que a vós vos recebe, a mim me recebe; e o que a mim me recebe, recebe
aquele que me enviou.
Diariamente
estamos recebendo os ensinamentos de Jesus.
Se
prestarmos um pouco de atenção, notaremos que continuamente somos
advertidos sobre a prática do bem. Não só os evangelizadores,
porém, mesmo uma criança serve de mensageira para trazer-nos uma
mensagem de Jesus, que nos aponte nossos deveres para com Deus e para com nosso
próximo. Os bons espíritos estão incessantemente velando
para que os ensinamentos do Mestre sejam relembrados por nós e para isso
usam de todos os meios ao alcance deles. Nosso anjo da guarda não cessa
de nos dirigir salutares inspirações para que não nos afastemos
da observância das leis divinas. Nos conselhos de um amigo, nas leituras
úteis, nos bons pensamentos que se formam em nosso cérebro, nas
preleções evangélicas que ouvimos, são transmitidas
lições de alto interesse para nossas almas. Nossa consciência
é a sentinela vigilante, que faz com que jamais deixemos de receber a
Jesus no Íntimo de nossos corações. Basta que ouçamos
nossa consciência com sinceridade e humildade e sua voz nos recordará
sempre nas vicissitudes e na bonança, a fé que Jesus nos recomendou,
a esperança que ele nos trouxe, a caridade que nos ensinou a praticar
e a resignação ante a vontade do Pai celestial que exemplificou.
41
- O que recebe um profeta na qualidade de profeta receberá a recompensa
de profeta; e o que recebe um justo na qualidade de justo receberá a
recompensa de justo.
42
- E todo o que der de beber a um daqueles pequeninos um copo de água
fría só pela razão de ser meu discípulo, na verdade
vos dígo que não perderá a sua recompensa.
Profetas,
no tempo de Jesus, eram os inspirados que ensinavam o povo a respeitar os mandamentos
divinos. E os justos eram as pessoas que viviam conforme a lei de Deus. Era
crença geral que o Pai não deixaria sem recompensa aquele que
agasalhassem um profeta ou um justo. Jesus leva mais longe ainda a recompensa
divina, afirmando que receberão paga celeste até os que derem
um simples copo dágua a um pobrezinho, pela simples razão de quererem
obedecer aos preceitos do Evangelho.
Eliseu Rigonatti
Evangelho dos Humildes
Evangelho dos Humildes
CORPO TERRESTRE E CORPO CELESTE
"Nem
toda carne é uma mesma carne, mas uma, certamente, é a dos homens
e outra
a dos animais, uma a das aves e outra a dos peixes. E corpos há celestes e corpos há
terrestres, mas uma é, por certo, a glória dos celestes e outra a dos terrestres." Paulo
a dos animais, uma a das aves e outra a dos peixes. E corpos há celestes e corpos há
terrestres, mas uma é, por certo, a glória dos celestes e outra a dos terrestres." Paulo
O
erudito apóstolo das gentes, instruindo membros da igreja de Corinto
acerca da imortalidade, reporta-se, pelos dizeres acima, variadíssimos
aspectos em que a matéria se desdobra, assumindo, como indumento do espírito,
estruturas apropriadas ao meio que lhe serve de campo de ação.
Assim, pois, como o Espírito age mediante o corpo físico quando encarnado, continuará agindo após a desencarnação através do corpo astral, fluídico, ou celeste, como o denomina Paulo. Trata-se do elemento intermediário entre o corpo físico e o Espírito, tal como foi revelado por Kardec, sob a denominação de perispírito. Esta vestidura permanece acompanhando os seres em sua trajetória evolutiva, passando, a seu turno, por transformações de conformidade com aquelas que se vão operando nos mesmos seres que a revestem.
Assim, pois, como o Espírito age mediante o corpo físico quando encarnado, continuará agindo após a desencarnação através do corpo astral, fluídico, ou celeste, como o denomina Paulo. Trata-se do elemento intermediário entre o corpo físico e o Espírito, tal como foi revelado por Kardec, sob a denominação de perispírito. Esta vestidura permanece acompanhando os seres em sua trajetória evolutiva, passando, a seu turno, por transformações de conformidade com aquelas que se vão operando nos mesmos seres que a revestem.
Por
isso, essa veste estabelece e fixa automaticamente a ambiência própria
às várias categorias de Espíritos, consoante o estado em
que se encontram. Não há, pois, necessidade de barreiras que delimitem
a zona em que devem permanecer.
A
separação entre bons e maus decorre naturalmente da natureza dos
seus respectivos perispíritos. Cada um leva consigo o seu céu
ou seu inferno, "o umbral" ou o lar celeste, onde permanecerá
agindo e lutando, aprendendo e progredindo.
Além dessa função, o corpo celeste presta-se a outra de subida importância, que é registar em sua maravilhosa tessitura todas as impressões, experiências, emoções e conhecimentos adquiridos pelo Espírito, tornando-se, assim, o repositório vivo que o acompanha sempre, tanto nos períodos de encarnação como nos de erraticidade.
Destarte, aclara-se a velha e debatida questão do subconsciente, a propósito da qual tantas teorias esdrúxulas têm sido expendidas, tornando o assunto cada vez menos inteligível e mais confuso.
Levamos conosco o nosso bem e o nosso mal, os nossos erros e os nossos acertos, os elementos de paz ou de atribulação, de alegria ou de sofrimento, de acordo com os atos que praticamos, cujas consequências se refletirão sobre nós, não importa onde nem quando, sendo porém, fatal, como expressão que é da soberana e indefectível imanente.
Além dessa função, o corpo celeste presta-se a outra de subida importância, que é registar em sua maravilhosa tessitura todas as impressões, experiências, emoções e conhecimentos adquiridos pelo Espírito, tornando-se, assim, o repositório vivo que o acompanha sempre, tanto nos períodos de encarnação como nos de erraticidade.
Destarte, aclara-se a velha e debatida questão do subconsciente, a propósito da qual tantas teorias esdrúxulas têm sido expendidas, tornando o assunto cada vez menos inteligível e mais confuso.
Levamos conosco o nosso bem e o nosso mal, os nossos erros e os nossos acertos, os elementos de paz ou de atribulação, de alegria ou de sofrimento, de acordo com os atos que praticamos, cujas consequências se refletirão sobre nós, não importa onde nem quando, sendo porém, fatal, como expressão que é da soberana e indefectível imanente.
E
assim verificamos como é bela e fascinante a verdade em sua simpleza,
desacompanhada dos artifícios e das lantejoulas que a desnaturam, empalidecendo
seu esplendor e refulgência.
Bendita,
pois, seja a Revelação, fonte inexaurível de luz que espanca
as trevas da ignorância dos simples e humildes, deixando que se debatam
na escuridão os que trazem enfunadas as velas da vaidade e da presunção.
Vinícius
Na Seara do Mestre
Na Seara do Mestre
NÃO DAR PÉROLAS AOS PORCOS
"Não
deis aos cães as covas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas."
(Mateus, 7:6)
Que espécie de coisas santas se pode deitar aos cães, e quem, por acaso, quem atirará suas pérolas aos porcos? Jesus Cristo acrescentou, ainda, em seus ensinamentos: para evitar que os porcos, pisando-as, se firam, e, virando contra vós, vos despedacem.
Trata-se, evidentemente, de um ensino um tanto exótico, o qual, entretanto, como tantos outros ensinamentos do Mestre, encerra um sentido alegórico, passível de interpretação à luz meridiana da razão, uma vez que o apóstolo afirmou que a letra mata e o Espírito vivifica.
Procuremos, pois, elucidar essa questão à luz dos próprios ensinamentos evangélicos.
Quando Jesus fez a sua peregrinação pela Terra, dado o fato de ser um renovador, que vinha revolver, vinha revolucionar os costumes e abalar os alicerces de um mundo prenhe de corrupção e de aberrações de todos os matizes, não demorou em granjear elevado número de inimigos.
Seus maiores detratores foram justamente os sacerdotes judeus, que manipulavam o povo, ensinando-lhe doutrinas e práticas deletérias. Eles, que conheciam as Escrituras e não ignoravam que elas vaticinavam o advento do Messias, deveriam ser, portanto, os mais achegados amigos e admiradores do Cristo e de sua obra incomparável. No entanto, agiram ao contrário, tornando-se os mais acerbos inimigos de Jesus.
Além dos sacerdotes, o Mestre defrontou-se com outros renhidos opositores: os escribas, os fariseus e os saduceus, além dos próprios poderes políticos da época, os quais tinham nítido interesse em contemporizar com os costumes e as tradições dos judeus, a fim de exercerem o seu domínio, a sua hegemonia. Desse modo, o embate era entre forças terrenas, poderosas, e Jesus Cristo com o seu pequenino grupo de apóstolos e admiradores. Uma luta desigual, entre um manso cordeiro e uma malta de lobos vorazes.
As pregações de Jesus, verdadeiras coisas santas e pérolas de inestimável valor, caíram no seio desses seus inimigos como verdadeiros petardos, que vinham abalar a muralha aparentemente inexpugnável de suas velhas e enraizadas tradições e preconceitos.
Eles
se enfureceram, quando viram os seus interesses contrariados pela nova doutrina
revelada pelo Cristo; isso fez com que se rebelassem contra os maravilhosos
ensinamentos evangélicos, e, tais como animais feridos, investiram-se
contra o grande Enviado dos Céus, deixando de esposar as novas idéias
redentoras. Travou-se, assim, uma luta entre a luz e as trevas.
Assim
como Deus faz o sol brilhar sobre justos e injustos e a chuva beneficiar bons
e maus, as coisas santas, oriundas do Céu, oferecidas preciosas pérolas
dos ensinamentos do Mestre foram oferecidas a esses homens recalcitrantes, mas
eles, como
autênticos cegos que não querem ver, não compreendendo o
valor das palavras ensinadas e a verdade nelas contida, sentiram-se feridos
em seus interesses, avançaram contra o Inovador e seus emissários,
crucificando um, flagelando outros e matando muitos deles.
Desse
modo, as pérolas foram pisadas e as coisas santas menosprezadas. Evidentemente,
esse ensinamento de Jesus também representou uma admoestação
a todos os seareiros de boa vontade, para que evitem discorrer sobre os seus
ensinamentos com criaturas empedernidas e refratárias a tudo o que vem
do Alto, aos rebelados que se insurgem contra as leis de Deus, ou mesmo em ambientes
inadequados, onde alguns homens preferem chafurdar-se no lamaçal dos
vícios e da imoralidade, relegando para plano secundário as coisas
nobilitantes, que impulsionam o Espírita para a frente e para o Alto.
Muitos homens, de corações endurecidos, se insurgem contra essas idéias reformistas, que objetivam iluminar a mente dos Seres e os horizontes do mundo, porque isso representará um fim ao império das trevas. Conseqüentemente, no auge da desespero, investem-se contra os inovadores, blasfemando e tornando-se verdadeiros entraves ao encaminhamento da Humanidade, rumo a seus relevantes objetivos, obstaculizando uma mais rápida aproximação entre as criaturas humanas e o seu Criador.
Paulo A. Godoy
Muitos homens, de corações endurecidos, se insurgem contra essas idéias reformistas, que objetivam iluminar a mente dos Seres e os horizontes do mundo, porque isso representará um fim ao império das trevas. Conseqüentemente, no auge da desespero, investem-se contra os inovadores, blasfemando e tornando-se verdadeiros entraves ao encaminhamento da Humanidade, rumo a seus relevantes objetivos, obstaculizando uma mais rápida aproximação entre as criaturas humanas e o seu Criador.
Paulo A. Godoy
APASCENTA AS MINHAS OVELHAS
"Simão,
filho de Jonas, amas-me mais do que estes outros?" ( João, 21:15)
Que
razões insondáveis teriam levado o Mestre, em Espírito,
uma vez que já havia acontecido o episódio da crucificação,
a indagar de Pedro, por três vezes consecutivas, se ele o amava mais do
que os outros seus companheiros?
Diante da resposta positiva do apóstolo, o Espírito do Mestre acrescentou: 'Apascenta as minhas ovelhas'.
Será que essa pergunta foi formulada, porque o velho pescador do Tiberiades deveria ser, na realidade, o chefe dos apóstolos?
Entretanto, Ele havia recomendado aos seus discípulos que nenhum deles deveria procurar exercer hegemonia. Alguns historiadores esclarecem que Tiago Maior, e não Pedro, se tornou, de fato, o orientador do pugilo de apóstolos, após o episódio da crucificação exercendo sobre os demais evidente liderança.
O velho apóstolo, habituado a ver João confabular muito frequentemente com o Senhor, surpreendeu-se pelo fato de Ele fazer-lhe aquela indagação, em vez de fazê-la a João. Por isso, olhando para trás e vendo o discípulo amado vir a certa distância, indagou: E deste, o que lhe será feito? O que mereceu a réplica: 'Que te importa se a este quero que fique até que eu volte?'.
Esta passagem evangélica levou os discípulos a acreditarem que João não desencarnaria, enquanto Jesus Cristo não voltasse. Os fatos posteriores comprovaram que não foi assim. João foi o único apóstolo que não pereceu de morte violenta, pois foi preso, remetido para um longo exílio na Ilha de Patmos, onde desencarnou após haver recebido, via mediúnica, o monumental livro que se chama Apocalipse.
Diante da resposta positiva do apóstolo, o Espírito do Mestre acrescentou: 'Apascenta as minhas ovelhas'.
Será que essa pergunta foi formulada, porque o velho pescador do Tiberiades deveria ser, na realidade, o chefe dos apóstolos?
Entretanto, Ele havia recomendado aos seus discípulos que nenhum deles deveria procurar exercer hegemonia. Alguns historiadores esclarecem que Tiago Maior, e não Pedro, se tornou, de fato, o orientador do pugilo de apóstolos, após o episódio da crucificação exercendo sobre os demais evidente liderança.
O velho apóstolo, habituado a ver João confabular muito frequentemente com o Senhor, surpreendeu-se pelo fato de Ele fazer-lhe aquela indagação, em vez de fazê-la a João. Por isso, olhando para trás e vendo o discípulo amado vir a certa distância, indagou: E deste, o que lhe será feito? O que mereceu a réplica: 'Que te importa se a este quero que fique até que eu volte?'.
Esta passagem evangélica levou os discípulos a acreditarem que João não desencarnaria, enquanto Jesus Cristo não voltasse. Os fatos posteriores comprovaram que não foi assim. João foi o único apóstolo que não pereceu de morte violenta, pois foi preso, remetido para um longo exílio na Ilha de Patmos, onde desencarnou após haver recebido, via mediúnica, o monumental livro que se chama Apocalipse.
Os
Evangelhos registram, também, que, logo após ter o Mestre formulado
aquela pergunta a Pedro, acrescentou: Na verdade, na verdade te digo, quando
eras mais moço, te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; mas,
quando já fores velho, estenderás as tuas mãos; e outro
te cingirá, e te levará para onde tu não queiras, o que
foi interpretado como uma antevisão do gênero de morte que o velho
apóstolo iria experimentar.
E digno de realce, nesse ensinamento, ter Jesus Cristo surgido em Espírito aos seus antigos companheiros, propiciando, assim, a mais efusiva demonstração da imortalidade da alma, comprovando que esta sobrevive ao que se convencionou chamar morte. A crucificação aniquilou o corpo que o Mestre havia tomado para o desempenho do seu Messiado, mas a sua alma, imperecível, eterna, sublimada, prosseguiu para a Eternidade, deixando o túmulo vazio, numa demonstração inequívoca de que a morte não é o fim.
O Espírito de Jesus, liberto do corpo, ainda permanecia preocupado com a instabilidade de Pedro, no tocante à sua libertação pelo conhecimento da Verdade, por isso, voltou, a fim de indagar se ele o amava mais do que os demais, se estava em condições de desvenciliar-se dos convencionalismos, dos ritualismos e do apego às tradições, abandonando tudo para tão-somente abraçar a Doutrina libertadora que Ele viera revelar, tornando-se, na realidade, um autêntico pastor de todas as ovelhas, de todas as almas, ainda que fossem dos mais diversos rebanhos. Se ele estava apto a falar aos judeus ortodoxos, aos samaritanos, aos gentios!
Aparentemente, Simão Pedro e os demais apóstolos, pelo fato de serem homens de poucas letras, ou por motivo de apego aos formalismos, estavam despreparados para a tarefa gigantesca de revolver, de revolucionar o mundo religioso dos pagãos.
E digno de realce, nesse ensinamento, ter Jesus Cristo surgido em Espírito aos seus antigos companheiros, propiciando, assim, a mais efusiva demonstração da imortalidade da alma, comprovando que esta sobrevive ao que se convencionou chamar morte. A crucificação aniquilou o corpo que o Mestre havia tomado para o desempenho do seu Messiado, mas a sua alma, imperecível, eterna, sublimada, prosseguiu para a Eternidade, deixando o túmulo vazio, numa demonstração inequívoca de que a morte não é o fim.
O Espírito de Jesus, liberto do corpo, ainda permanecia preocupado com a instabilidade de Pedro, no tocante à sua libertação pelo conhecimento da Verdade, por isso, voltou, a fim de indagar se ele o amava mais do que os demais, se estava em condições de desvenciliar-se dos convencionalismos, dos ritualismos e do apego às tradições, abandonando tudo para tão-somente abraçar a Doutrina libertadora que Ele viera revelar, tornando-se, na realidade, um autêntico pastor de todas as ovelhas, de todas as almas, ainda que fossem dos mais diversos rebanhos. Se ele estava apto a falar aos judeus ortodoxos, aos samaritanos, aos gentios!
Aparentemente, Simão Pedro e os demais apóstolos, pelo fato de serem homens de poucas letras, ou por motivo de apego aos formalismos, estavam despreparados para a tarefa gigantesca de revolver, de revolucionar o mundo religioso dos pagãos.
Essa
contingência levou o Espírito de Jesus a convocar Paulo de Tarso,
na Estrada de Damasco, a fim de que o novo e dinâmico discípulo
levasse as palavras altamente consoladoras dos Evangelhos a todos os povos,
a todas as ramificações religiosas, procurando, assim, cooperar
na tarefa ingente de reunir todas as ovelhas num só rebanho.
A História demonstrou que João não ficou até que o Cristo voltasse. Portanto, é óbvio que, das palavras do Mestre, se deverá entender "o Espírito que vivifica". Por outro lado, o Cristo não voltou, nem voltará na forma que os homens concebem. A sua volta será como o relâmpago que parte do oriente e se mostra no ocidente, ou seja, será tarefa não somente de um homem, mas de uma plêiade de Espíritos benfeitores, sob a égide do Espírito de Verdade, quando, então, serão restauradas na Terra as primícias dos ensinamentos de Jesus Cristo.
O Espiritismo, que representa o advento do Consolador, se encarregará dessa magistral tarefa de restabelecer em seus devidos lugares tudo aquilo que o Mestre nos ensinou, tudo aquilo que os interesses de homens e grupos fizeram com que fosse retirado dos seus lugares, sofrendo o impacto das deturpações.
Paulo A. Godoy
A História demonstrou que João não ficou até que o Cristo voltasse. Portanto, é óbvio que, das palavras do Mestre, se deverá entender "o Espírito que vivifica". Por outro lado, o Cristo não voltou, nem voltará na forma que os homens concebem. A sua volta será como o relâmpago que parte do oriente e se mostra no ocidente, ou seja, será tarefa não somente de um homem, mas de uma plêiade de Espíritos benfeitores, sob a égide do Espírito de Verdade, quando, então, serão restauradas na Terra as primícias dos ensinamentos de Jesus Cristo.
O Espiritismo, que representa o advento do Consolador, se encarregará dessa magistral tarefa de restabelecer em seus devidos lugares tudo aquilo que o Mestre nos ensinou, tudo aquilo que os interesses de homens e grupos fizeram com que fosse retirado dos seus lugares, sofrendo o impacto das deturpações.
Paulo A. Godoy
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