PERDÃO RADICAL
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As sublimes lições não paravam de iluminar as consciências dos discípulos interessados no conhecimento da Verdade. Cada momento em companhia do Mestre amado revestia-se de um aprendizado inolvidável. Jamais houvera alguém que pudesse, como Ele o fazia, cantar a beleza da sabedoria com a linguagem singela de um lírio alvinitente em pleno chavascal. As Suas palavras eram como pérolas reluzentes que formavam colares luminosos na consciência dos ouvintes. Ele nunca se repetia. Com as mesmas palavras entretecia variações incomuns em torno dos temas do cotidiano, oferecendo soluções simples, às vezes, profundas, com a mesma naturalidade com que se referia ao Pai, o Seu Abba. Ressoavam nos refolhos das almas o canto incomparável do Sermão da Montanha, que se lhes tornara o novo norte para o avanço no rumo da augusta plenitude. Cada bem-aventurança era portadora de um novo conteúdo, como sendo a diretriz soberana do amor em relação ao futuro da Humanidade. Ninguém ficava à margem, nenhum sentimento era esquecido e a fonte de inexaurível sabedoria continuava a fluir a água lustral dos ensinamentos imortais. Ele parecia ter pressa de preparar os amigos, embora não fosse apressado. Eram tantas as necessidades humanas que não era possível desperdiçar o tempo em cogitações da banalidade e emprego das horas em pequenezes habituais do comportamento. Mais de uma vez Ele falara sobre a emoção do amor e a bênção do perdão, sendo porém enfático em todas elas. O perdão é sempre melhor para aquele que o concede. Para que não ficasse esquecido entre as preocupações que assaltavam os amigos, na sua labuta diária, Ele voltava ao tema com novas composições. Já lhes dissera que se fazia indispensável perdoar setenta vezes sete vezes, o que significava perdoar incessante, ininterruptamente... Naquela oportunidade ímpar, complementou o ensinamento, referindo-se à conduta pessoal de cada criatura: Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta... ... Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda e sejas lançado na prisão. Em verdade, vos digo que de maneira nenhuma saireis dali enquanto não pagardes o último ceitil. (*) Tratava-se da aplicação da misericórdia nos relacionamentos, de modo a manter-se a consciência de paz. Nesse sentido, a compaixão em relação aos erros alheios assumia papel de preponderância, mas os amigos aturdidos compreendiam que lhes era muito difícil a mudança de conduta, habituados ao desforço em relação àqueles que os prejudicavam. Assim pensando, após a exposição do Senhor, Tiago perguntou-Lhe, recordando-se da severidade da Lei Antiga: Como é possível, Mestre, permitir-se que o agressor fique impune, após a prática do seu ato perverso? O Iluminado olhou-o com imensa ternura, por saber que ele era cumpridor dos deveres, severo em relação a si mesmo, portanto, exigente no que diz respeito ao comportamento dos outros e compreendeu-lhe a inquietação. Após um breve silêncio, ante o zimbório celeste, recamado de estrelas que lucilavam ao longe, respondeu benigno: As águas do rio limpam as margens e o leito por onde correm, transformando e decompondo o lixo e a imundície em rico adubo mais adiante, levados pela correnteza. Assim também o amor de misericórdia transforma a agressão em bênção para a vítima, auxiliando o inimigo a purificar-se, ao largo do percurso evolutivo. Quando se perdoa, isto não implica anuência com o erro, com o crime, com o descalabro do outro. Não se trata de desconhecer a atitude infeliz, mas objetiva não retaliar o outro, não aguardar oportunidade para nele desforçar-se. Não devolver o mal que se sofre é o início do ato de perdoar. Compreender, porém, que o outro, o agressor, é infeliz, que ele se compraz em malsinar porque é atormentado, constitui a melhor reflexão para o perdão radical, o perdão sem reservas. Ninguém tem o direito de oferecer ao Pai suas orações e dádivas de devotamento, se tem fechado o coração para o seu próximo, aquele que, na sua desdita, derrama fel sobre os outros e cobre a senda que percorrerá no futuro com os espinhos da própria insanidade. Ter adversário é fenômeno normal na trajetória de todas as criaturas, no entanto, deve-se evitar ser-lhe também inamistoso, igualando-se em fraqueza moral e desdita interior. Quem assim se comporta também sofrerá julgamento da autoridade, a quem seja apresentada queixa, e essa poderá exigir-lhe o ressarcimento do mal até o último e mínimo ultraje. É o que ocorre com qualquer ofensor ou ofendido magoado. É obrigado a refazer o caminho sob a jurisdição divina, até quitar-se de todas as mazelas e débitos morais. O interrogante, no entanto, insistiu: Como então fica a justiça diante daquele que lhe desrespeita os códigos austeros? O Amigo compassivo compreendeu a inquietação do companheiro e elucidou: A questão da justiça não pertence ao ofendido, mas aos legisladores que aplicarão a penalidade corretora que se enquadre nos códigos legais. E quando isso não ocorre, a sabedoria divina impõe-se ao calceta, que carrega na consciência o delito, fazendo-o ressarcir os danos com a sua cooperação ou sofrendo os efeitos do mal que praticou, imputando-se sofrimentos reparadores. Ninguém consegue fugir à consciência indefinidamente, porque sempre há um despertar para a realidade transcendental. Mas, Mestre, nesse caso, todos os crimes de qualquer porte devem ser perdoados e esquecidos? - Instou, inquieto, Serenamente, Jesus retorquiu: Não há crime imperdoável. Há, sim, mágoas exageradas. Quem não tem condutas reprocháveis ao longo da existência, por mais austero seja em relação a si mesmo, observando os Códigos da justiça e da religião? Quantas vezes, em momentos de infelicidade e de ira, pessoas boas e generosas, devotadas ao Pai e ao dever, rebelam-se e agem incorretamente? Será justo desconhecer-lhes toda uma trajetória de dignidade por um momento de alucinação, de torpor mental pela ira asselvajada que lhe tomou a consciência? É necessário, portanto, perdoar-se todas as formas de agressão, entregando-as ao amor do Pai Incomparável, a tomar nas mãos a lei e a justiça, aplicando-as conforme o desconforto de que se é objeto. Assim fazendo, torna-se digno de também ser perdoado. Esse é o sublime comportamento do amor, em forma de benignidade para com o próximo, o irmão da retaguarda evolutiva. Depois do silêncio que se abateu natural, no círculo de amigos, Ele adiu gentilmente: Convém recordar-se, igualmente, que todos necessitam do perdão para as suas ações infelizes, desse modo, devendo perdoar-se, purificar a mente, permitir-se o direito de errar, compreendendo a sua humanidade e fraqueza, mas não permanecendo no deslize moral nem se comprazendo em ficar na situação a que foi arrojado. O autoperdão é conquista do amor que se renova e compreende que se está em processo de renovação e de autoiluminação. Assim, portanto, rogando-se ao Pai perdão pelos próprios delitos, amplia-se o pensamento e alcança-se o agressor digno de ser perdoado também. A noite prosseguia rica de suaves perfumes e incrustada dos diamantes estelares, registrou a lição imorredoura do perdão a todas as ofensas. |
pelo Espírito Amélia Rodrigues - Psicografia de Divaldo Pereira Franco, no lar de Armandine e Dominique Chéron, na manhã de 5 de junho de 2014, em Vitry-sur-Seine, França. Do site: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=369. |
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domingo, 21 de setembro de 2014
PERDÃO RADICAL
OBSESSÕES E POSSESSÕES
(A
Gênese - Os milagres segundo o Espiritismo - cap. XIV - Os fluidos - II
- Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais - Obsessões
e possessões, itens 45 a 49.)
45. Pululam
em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade
moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte
integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo.
A obsessão, que é um dos efeitos de semelhante ação, como as
enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser
considerada uma prova ou uma expiação e aceita com esse caráter.
Chama-se
obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um
indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a
simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a
perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera
todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade audiente e psicográfica,
traduz-se pela obstinação de um Espírito em querer manifestar-se, com
exclusão de qualquer outro.
46. Assim
como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o
corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão
decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um
Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa
moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das
enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la contra a obsessão,
tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade de
trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta
para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros. Necessário se
torna este socorro, quando a obsessão degenera em subjugação e em
possessão, porque nesse caso o paciente não raro perde a vontade e o
livre-arbítrio.
Quase
sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem
frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o
obsessor, em precedente existência.
Nos
casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado
de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e
os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido
mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação
idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.
Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente,
ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que,
entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior
esta for, tanto maior também será aquela.
Mas,
ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável
se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus
desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o
desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em
evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação
moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e
de converter um Espírito imperfeito.
O
trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua
situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não
sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação
às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido,
porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência.
É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a
mais violenta subjugação. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIII.)
Em
todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se
dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.
47. Na
obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu
perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal
enlaçado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua
vontade.
Na
possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se
substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para
domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono,
pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é
sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não
pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a
união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento
da concepção. (Cap. XI, nº 18.)
De
posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele como
se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com
seus braços, conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na
mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o
pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que
fala e age; quem o tenha conhecido em vida, reconhece-lhe a linguagem, a
voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.
48. Na
obsessão há sempre um Espírito malfeitor. Na possessão pode tratar-se
de um Espírito bom que queira falar e que, para causar maior impressão
nos ouvintes, toma do corpo de um encarnado, que
voluntariamente lho empresta, como emprestaria sua vestimenta a outro
encarnado. Isso se verifica sem qualquer perturbação ou incômodo,
durante o tempo em que o Espírito encarnado se acha em liberdade, como
no estado de emancipação, conservando-se este último ao lado do seu
substituto para ouvi-lo.
Quando
é mau o Espírito possessor, as coisas se passam de outro modo. Ele não
toma moderadamente o corpo do encarnado, arrebata-o, se este não possui
bastante força moral para lhe resistir. Fá-lo por maldade para
com este, a quem tortura e martiriza de todas as formas, indo ao extremo
de tentar exterminá-lo, seja por estrangulação, seja atirando-o ao fogo
ou a outros lugares perigosos. Servindo-se dos órgãos e dos membros do
infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata os que o cercam;
entrega-se a excentricidades e a atos que apresentam todos os caracteres
da loucura furiosa.
São
numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e
não derivam de outra causa muitos casos de loucura. Amiúde, há também
desordens patológicas, que são meras consequências e contra as quais
nada adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa
originária. Dando a conhecer essa fonte donde provém uma parte das
misérias humanas, o Espiritismo indica o remédio a ser aplicado: atuar
sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por
meio da inteligência.[1]
49. São
as mais das vezes individuais a obsessão e a possessão; mas, não raro
são epidêmicas. Quando sobre uma localidade se lança uma revoada de maus
Espíritos, é como se uma tropa de inimigos a invadisse. Pode então ser
muito considerável o número dos indivíduos atacados.[2]
[1] Casos de cura de obsessões e de possessões: Revue Spirite,
dezembro de 1863, pág. 373; - janeiro de 1864, pág. 11; - junho de
1864, pág. 168; - janeiro de 1865, pág. 5; - junho de 1865, pág. 172; -
fevereiro de 1866, pág. 38; - junho de 1867, pág. 174.
[2] Foi
exatamente desse gênero a epidemia que, faz alguns anos, atacou a
aldeia de Morzine na Sabóia. Veja-se o relato completo dessa epidemia
na Revue Spirite de dezembro de 1862, pág. 353; - janeiro, fevereiro, abril e maio de 1863, págs. 1, 33, 101 e 133.
Créditos:IPEAK
Créditos:IPEAK
Curas
Grupo curador de Marmande
Intervenção dos próximos nas curas
(Revista Espírita, junho de 1867)
“Marmande, 12 de maio de 1867.
“Caro senhor Kardec,
“Há
algum tempo vos entretive com o resultado de nossos trabalhos espíritas
que continuamos com perseverança, e sinto-me feliz em dizê-lo, com
sucessos satisfatórios. Os obsedados e os doentes são sempre objeto de
nossos cuidados exclusivos. A moralização e os fluidos são os principais
meios indicados por nossos guias.
“Nossos
bons Espíritos, que se votaram à propagação do Espiritismo, tomaram
também a tarefa de vulgarizar o magnetismo. Em quase todas as consultas,
para os diversos casos de moléstias, eles pedem o concurso dos
parentes: um pai, uma mãe, um irmão ou uma irmã, um vizinho, um amigo,
são chamados para dar passes. Essas bravas criaturas ficam
surpresas de parar crises, acalmar dores. Parece-me que este meio é
engenhoso e seguro para fazer adeptos; assim a confiança se estende cada
vez mais em nossa região.
Os
grupos que se ocupam de curas talvez fizessem bem em dar os mesmos
conselhos; os felizes resultados obtidos provariam de maneira evidente a
verdade do magnetismo, e dariam a certeza de que a faculdade de curar
ou aliviar o seu semelhante não é privilégio exclusivo de algumas
pessoas; que para isto não é preciso senão boa vontade e confiança em
Deus. Não falo de uma boa saúde, que é condição indispensável,
compreende-se. Reconhecendo que temos tal poder em nós, adquirimos a
certeza de que não há políticas nem sortilégios, nem pacto com o diabo.
É, pois, um meio de destruir as ideias supersticiosas.
“Eis alguns exemplos de curas obtidas:
“Uma
menina de 6 a 7 anos estava acamada, com uma dor de cabeça contínua,
febre, tosse frequente com expectoração e dor viva do lado esquerdo; dor
também nos olhos, que de vez em quando se cobriam de uma substância
leitosa, formando uma espécie de belida. Sob os cabelos, a pele do
crânio estava coberta de películas brancas; urina espessa e turva.
Deprimida e abatida, a menina não comia nem dormia. O médico tinha
acabado por suspender suas visitas. A mãe, pobre, em presença
da criança doente e abandonada, veio me procurar. Consultados, nossos
guias prescreveram como único remédio a imposição das mãos, os passes
fluídicos por parte da mãe, recomendando-me que fosse, durante alguns
dias, fazer-lhe ver como deveria se conduzir. Comecei por mandar
suspender os vesicatórios e secá-los. Depois de três dias de passes e de
imposição das mãos sobre a cabeça, os rins e o peito, executados a título de lições, mas
feitos com alma, a criança pediu para se levantar; a febre tinha
passado e todos os acidentes descritos acima desapareceram ao cabo de
dez dias.
“Esta
cura, que a mãe qualificava de miraculosa, fez que me chamassem, dois
dias depois, junto a uma outra menina de 3 a 4 anos, que tinha febre.
Depois dos passes e da imposição de mãos, a febre cessou, desde o
primeiro dia.
“As
curas de algumas obsessões não nos dão menos satisfação e confiança.
Maria B..., jovem de 21 anos, de Samazan, perto de Marmande, punha-se
nua como um bicho, corria pelos campos e ia deitar-se ao lado do
cachorro num buraco de palheiro. A moralização do obsessor, por nosso
intermédio, e os passes fluídicos feitos pelo marido, conforme as nossas
instruções, em breve a libertaram. Toda a comuna de Samazan foi
testemunha da insuficiência da medicina para curá-la, e da eficácia do
meio simples empregado para reconduzi-la ao estado normal.
“A
Sra. D.., de 22 anos, da comuna de Sainte-Marthe, não longe de
Marmande, caía em crises extraordinárias e violentas; rugia, mordia,
rolava, sentia golpes terríveis no estômago, desfalecia e às vezes
ficava quatro ou cinco horas inconsciente; uma vez passou oito horas sem
recobrar a lucidez. Em vão o Dr. T... lhe havia prestado cuidados. O
marido, depois de correr para profissionais, sacerdotes da região
reputados como curadores e exorcistas, de adivinhos - pois confessou
havê-los consultado - dirigiu-se a nós, pedindo que nos ocupássemos de
sua mulher se, como lhe haviam contado, estivesse em nós o poder de
curá-la. Prometemos escrever-lhe, para indicar o que ele deveria fazer.
“Consultados,
nossos guias disseram: Cessem qualquer tratamento médico, pois os
remédios seriam inúteis; que o marido eleve sua alma a Deus, imponha as
mãos sobre a fronte da esposa e lhe faça passes fluídicos com amor e
confiança; que observe pontualmente as recomendações que lhe vamos
fazer, seja qual for a contrariedade que ele possa experimentar (seguem
as recomendações, absolutamente pessoais), e se ele se compenetrar da
ideia de que elas são necessárias e em proveito de sua pobre aflita, em
breve terá sua recompensa.
“Também nos disseram que chamássemos e moralizássemos o Espírito obsessor, sob o nome de Lucie Cédar. Esse Espírito revelou a causa que o levava a atormentar a Sra. D... Essa
causa se ligava precisamente às recomendações feitas ao marido.
Tendo-se conformado a tudo, ele teve a satisfação de ver sua mulher
completamente livre no espaço de dez dias. Ele me disse: Levando em
conta que os Espíritos se comunicam, não me admiro que vos tenham dito o
que só era conhecido por mim, mas estou muito mais admirado pelo fato
de nenhum remédio ter podido curar minha mulher. Se eu me tivesse
dirigido a vós desde o começo, teria 150 francos no bolso, que aí já não estão, pois gastei em medicamentos.
“Aperto a vossa mão muito cordialmente.
“DOMBRE.”
Estes
casos de cura nada têm de mais extraordinários do que aqueles que temos
citado, provindos do mesmo centro, mas eles provam, pela persistência
do sucesso há vários anos, quanto se pode obter pela perseverança e pela
dedicação, pois assim a assistência dos bons Espíritos jamais falta.
Eles só abandonam os que deixam o bom caminho, o que é fácil de
reconhecer pelo declínio do sucesso, ao passo que sustentam, até o
último momento, mesmo contra os ataques da malevolência, aqueles cujo
zelo, sinceridade, abnegação e humanidade estão à prova das vicissitudes
da vida. Eles elevam aquele que se humilha e humilham o que se eleva.
Isto se aplica a todos os gêneros de mediunidade.
Nada
desencorajou o Sr. Dombre. Ele lutou energicamente contra todos os
entraves que lhe foram suscitados e deles triunfou; desprezou as
injúrias e as ameaças dos nossos adversários comuns e os forçou ao
silêncio por sua firmeza; não poupou seu tempo nem seu esforço ou
sacrifícios materiais; jamais procurou prevalecer-se do que faz para
adquirir relevo ou criar um degrau qualquer; seu desinteresse moral
iguala o seu desinteresse material; se fica feliz por triunfar, é porque
cada sucesso o é para a doutrina. Eis os títulos sérios ao
reconhecimento de todos os espíritas atuais e futuros, títulos aos quais
há que associar os membros do grupo que o secundam com tanto zelo e
abnegação, e cujos nomes lamentamos não podermos citar.
O
fato mais característico assinalado na carta é o da interferência dos
parentes e amigos dos doentes nas curas. É uma ideia nova, cuja
importância não escapará a ninguém, porque sua propagação não pode
deixar de ter resultados consideráveis. É a vulgarização anunciada da
mediunidade curadora. Os espíritas notarão quanto os Espíritos são
engenhosos nos meios tão variados que empregam para fazer penetrar a
ideia nas massas. Como isto não aconteceria, se lhes abrimos
incessantemente novos canais, e lhes damos os meios de bater em todas as
portas?
Portanto,
esta prática jamais seria demasiadamente encorajada. Contudo, há que
não perder de vista que os resultados estarão na razão da boa direção
dada à coisa pelos chefes dos grupos curadores e do impulso que souberem
imprimir por sua energia, seu devotamento e seu próprio exemplo.
Crédito: IPEAK
PROVA E EXPIAÇÃO
Questões e problemas
(Revista Espírita, setembro de 1863)
SOBRE A EXPIAÇÃO E A PROVA
Moulins, 8 de julho de 1863.
Senhor e venerado mestre,
Venho
submeter à vossa apreciação uma questão que foi discutida em nosso
pequeno grupo e não pudemos resolver por nossas próprias luzes. Os
próprios Espíritos que consultamos não responderam muito categoricamente
para nos tirar da dúvida.
Redigi
uma pequena nota, que tomo a liberdade de vos remeter, na qual reuni os
motivos de minha opinião pessoal, que difere da de vários colegas. A
opinião destes últimos é que a expiação ocorre efetivamente durante a
encarnação, apoiando-se no fato de que essa expressão foi empregada em
muitas comunicações, e notadamente no Livro dos Espíritos.
Venho,
pois, vos pedir a extrema bondade de nos dar a vossa opinião sobre essa
questão. Vossa decisão para nós será lei, e de boa vontade cada um
sacrificará sua maneira de ver, para colocar-se sob a bandeira que
plantastes e sustentais de maneira tão firme e tão sábia.
Recebei, senhor e caro mestre, etc.
T. T.
“Várias comunicações dadas por Espíritos diferentes qualificam indistintamente comoexpiações e provas, males e tribulações que formam o quinhão de cada um de nós durante a encarnação na Terra.
Dessa
aplicação à mesma ideia, de duas palavras muito diversas na sua
significação, resulta uma certa confusão, sem dúvida pouco importante
para os Espíritos desmaterializados, mas que, entre os encarnados, dá
lugar a discussões que seria bom fazer cessar por uma definição clara e
precisa e explicações fornecidas pelos Espíritos superiores que
fixariam, de modo irrevogável, esse ponto de doutrina.
“Para começar, tomando os dois vocábulos no sentido absoluto, parece que a expiaçãoseria
o castigo, a pena imposta para o resgate de uma falta, com o perfeito
conhecimento, por parte do culpado punido, da causa do castigo, isto é,
da falta a expiar. Compreende-se que, neste sentido, a expiação seja
sempre imposta por Deus.
“A prova não
implica qualquer ideia de reparação. Ela pode ser voluntária ou
imposta, mas não é a consequência rigorosa e imediata das faltas
cometidas.
“A
prova é um meio de constatar o estado de uma coisa, para reconhecer se é
de boa qualidade. Assim, submete-se a uma prova uma corda, uma ponte,
uma peça de artilharia, não por causa de seu estado anterior, mas para
certificar-se de que estão adequadas ao serviço a que se destinam.
“Assim, por extensão, tem-se chamado de provas da vida ao conjunto
de meios físicos ou morais que revelam a existência ou ausência das
qualidades da alma que estabelecem a sua perfeição ou os progressos por
ela feitos na busca dessa perfeição final.
“Parece, pois, lógico admitir que a expiação propriamente
dita, e no sentido absoluto do vocábulo, ocorre na vida espiritual,
após a desencarnação ou morte corpórea; que ela possa ser mais ou menos
longa, mais ou menos penosa, de acordo com a gravidade das faltas, mas
que é completa no outro mundo e termina sempre por um ardente desejo de
ter uma nova reencarnação, durante a qual as provas escolhidas ou
impostas deverão permitir que a alma faça um progresso para a perfeição
que as faltas anteriores lhe impediram de realizar.
“Assim, pois, não conviria admitir que há expiação na
Terra, mesmo que excepcionalmente, porque seria preciso admitir,
também, o conhecimento das faltas punidas. Ora, tal conhecimento só
existe na vida de além-túmulo. A expiação sem tal conhecimento seria uma barbárie sem utilidade e não se conformaria nem com a justiça nem com a bondade de Deus.
“Durante a encarnação, não se pode conceber senão provas, porque, sejam quais forem os males e tribulações desta Terra, é impossível considerá-los como podendo constituir umaexpiação suficiente
para faltas de qualquer gravidade. Pensa-se que um culpado, entregue à
justiça dos homens, estaria bem punido se o condenassem a viver como o
menos feliz de nós?
Não exageremos, pois, a importância dos males desta Terra para nos atribuirmos o mérito de havê-los suportado. A prova consiste
mais na maneira pela qual os males foram suportados do que na sua
intensidade que, como a felicidade terrena, é sempre relativa para cada
indivíduo.
“Os caracteres distintivos da expiação e da prova são
que a primeira é sempre imposta, e sua causa deve ser conhecida por
aquele que a sofre, ao passo que a segunda pode ser voluntária, isto é,
escolhida pelo Espírito, ou mesmo imposta por Deus, na falta de escolha.
Além disso, ela se concebe muito bem sem causa conhecida, pois não é
necessariamente a consequência de faltas passadas.
“Numa palavra: a expiação cobre o passado; a prova abre o futuro.
“O número de julho da Revista Espírita contém um artigo intitulado Expiação terrena, que pareceria contrário à opinião emitida acima. Contudo, lendo-o atentamente, ver-se-á que aexpiação verdadeira se deu na vida espírita, e que a posição que Max ocupou na sua última encarnação realmente não é senão o gênero de provas que
ele escolheu, ou que lhe foram impostas, e das quais saiu vitorioso,
mas que, durante toda essa encarnação, ignorando sua posição anterior,
ele não poderia em nada aproveitar uma expiação sem objetivo.
“Talvez
esta seja mais uma questão de palavras que de princípios. Com efeito,
foi dito muitas vezes: “Não vos atenhais às palavras; vede o fundo do
pensamento.” Em todo o caso, para nós que nos entendemos por meio de
palavras, convém estarmos bem fixados no sentido que a elas ligamos.”
Resposta. A
distinção estabelecida pelo autor da nota acima, entre o caráter da
expiação e o das provas é perfeitamente justa. Contudo, não poderíamos
partilhar de sua opinião no que concerne à aplicação desta teoria à
situação do homem na Terra.
A
expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos
penoso, resultado de uma falta cometida. A prova implica sempre a de uma
inferioridade real ou presumível, porque o que chegou ao ponto
culminante a que aspira, não mais necessita de provas.
Em
certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação
pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta
para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá que
recomeçar um trabalho penoso. Esse novo trabalho é a punição da
negligência no primeiro. A segunda prova se torna, assim, uma expiação.
Para
o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se
se conduzir bem, a pena é ao mesmo tempo uma expiação por sua falta e
uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver
melhor, sua prova é nula e um novo castigo conduzirá a uma nova prova.
Agora,
se considerarmos o homem na Terra, veremos que ele aí suporta males de
toda sorte, e por vezes cruéis. Esses males têm uma causa. Ora, a menos
que os atribuamos ao capricho do Criador, somos forçados a admitir que a
causa está em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não
podem ser resultado de nossas virtudes. Então elas têm sua fonte nas
nossas imperfeições.
Se
um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, às honras e a todos
os prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do
arrastamento. Para aquele que cai na desgraça por sua conduta ou sua
imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais, e pode-se dizer que é
punido por onde pecou. No entanto, o que dizer daquele que, desde seu
nascimento, está a braços com necessidades e privações; que arrasta uma
existência miserável e sem esperança de melhora; que sucumbe ao peso de
enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente nada feito para
merecer tal sorte? Quer seja uma prova, quer uma expiação, a posição
não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de vista do nosso
correspondente, porque se o homem não se lembra da falta, também não se
lembra de haver escolhido a prova. Assim, há que buscar alhures a
solução da questão.
Como
todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem
ter uma causa. Se essa causa não estiver na vida atual, deve estar numa
vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, tais efeitos
devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos
quais eles são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o
futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta, e
provas em relação ao proveito delas tirado. Diz-nos a razão que Deus
não pode ferir um inocente. Logo, se somos feridos e se não somos
inocentes, o mal que sentimos é o castigo, e a maneira de suportá-lo é a
prova.
Mas,
acontece muitas vezes que a falta não se acha nesta vida. Então
acusa-se a justiça de Deus, nega-se a sua bondade, duvida-se, até, de
sua existência. Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida
sobre a Divindade. Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e
bom deve dizer que ele só agirá com sabedoria, mesmo naquilo que não
compreendamos, e que se sofremos uma pena, é porque fizemos por merecer.
É, pois uma expiação.
Pela
grande lei da pluralidade das existências, o Espiritismo levanta
completamente o véu sob o qual essa questão deixava obscuridade. Ele nos
ensina que se a falta não tiver sido cometida nesta vida, tê-lo-á sido
em outra, e que assim a justiça de Deus segue o seu curso, punindo-nos
por onde havíamos pecado.
Vem
a seguir a grave questão do esquecimento que, segundo o nosso
correspondente, tira aos males da vida o caráter de expiação. É um erro.
Dai-lhe o nome que quiserdes, mas não fareis que não sejam a
consequência de uma falta. Se o ignorais, o Espiritismo vo-lo ensina.
Quanto
ao esquecimento das faltas em si, ele não tem as consequências que lhe
atribuís. Temos demonstrado alhures que a lembrança precisa dessas
faltas teria inconvenientes extremamente graves, porque isso nos
perturbaria e nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo;
porque traria uma perturbação nas relações sociais e porque, por isso
mesmo, entravaria o nosso livre-arbítrio.
Por
outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto o supõem. Ele só
se dá na vida exterior de relação, no próprio interesse da Humanidade,
mas a vida espiritual não sofre solução de continuidade. Tanto na
erraticidade quanto nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra
perfeitamente, e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz na
voz da consciência, que o adverte do que deve ou não deve fazer. Se ele
não a escuta, então é culpa sua. Além disso, o Espiritismo dá ao homem
um meio de remontar ao seu passado, senão aos atos precisos, ao menos
aos caracteres gerais desses atos que ficaram mais ou menos desbotados
na sua vida atual. Pelas tribulações que suporta, expiações ou provas,
ele deve concluir que foi culpado. Pela natureza dessas tribulações,
ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas, e apoiando-se no
princípio de que a mais justa punição é a consequência da falta, ele
pode deduzir seu passado moral. Suas tendências más lhe ensinam o que
resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo
ponto de partida. Ele aí chega rico ou pobre de boas qualidades,
basta-lhe, pois, estudar-se a si mesmo para ver o que lhe falta, e dizer
para si mesmo: “Se sou punido, é porque pequei.” E a própria punição
lhe dirá o que fez.
Citemos uma comparação.
Suponhamos
um homem condenado a tantos anos de trabalhos forçados, e aí sofrendo
um castigo especial, mais ou menos rigoroso, conforme à sua falta;
suponhamos, ainda, que ao entrar na prisão ele perca a lembrança dos
atos que para lá o conduziram. Não poderá ele dizer para si mesmo: “Se
estou na prisão, é que fui culpado, pois não se condena gente virtuosa,
portanto, tratemos de nos tornarmos bom, para não voltarmos quando daqui
sairmos.” Quer ele saber o que fez? Estudando a lei penal, saberá quais
os crimes que para ali conduzem, porque não se é posto a ferros por uma
estroinice; da duração e da severidade da pena, concluirá o gênero dos
que deve ter cometido. Para ter uma ideia mais exata, terá apenas que
estudar aqueles para os quais ele se sente instintivamente arrastado.
Saberá, então, o que daí em diante deverá evitar para
conservar a liberdade, e a isso será ainda excitado pelas exortações dos
homens de bem, encarregados de instruí-lo e de guiá-lo no bom caminho.
Se ele não tira proveito disso, sofrerá as consequências. Tal a situação
do homem na Terra onde, como o grilheta, não pode ter sido posto por
suas perfeições, desde que é infeliz e obrigado a trabalhar. Deus lhe
multiplica os ensinamentos proporcionais ao seu adiantamento. Adverte-o
incessantemente e o fere, até, para despertá-lo de seu torpor. Aquele
que persiste no endurecimento não pode desculpar-se com a ignorância.
Em
resumo, se certas situações da vida humana têm, mais particularmente, o
caráter das provas, outras incontestavelmente têm o do castigo, e todo
castigo pode servir de prova.
É
um erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser
imposta. Vemos diariamente na vida expiações voluntárias, sem falar dos
monges que se maceram e se fustigam com a disciplina e o cilício. Assim,
nada há de irracional em admitir que um Espírito na erraticidade
escolha ou solicite uma existência terrena que o leve a reparar seus
erros passados. Se tal existência lhe tivesse sido imposta, não teria
sido menos justa, malgrado a ausência momentânea da lembrança, pelos
motivos acima desenvolvidos. As misérias daqui são, pois, expiação, por
seu lado efetivo e material, e provas, por suas consequências morais.
Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o
melhoramento. Em presença de um objetivo tão importante, seria pueril
fazer uma questão de princípio de uma questão de palavra. Isto provaria
que se liga mais importância às palavras do que à coisa.
Temos
prazer de responder às perguntas sérias e de elucidá-las, quando
possível. A discussão é tanto mais útil com pessoas de boa-fé, que
estudaram e querem aprofundar as coisas, pois é trabalhar para o
progresso da ciência, quanto é ociosa com os que julgam sem conhecimento
e querem saber sem se darem ao trabalho de aprender.
Crédito: IPEAK
Crédito: IPEAK
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
USP aponta novos rumos para a ciência através da mediunidade
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Escrito por Redação |
Alexandre Caroli Rocha, especialista em análise textual e Denise Paraná, especialista em elaboração de biografias pelo método de história oral, realizaram estudo sobre o tema em âmbito multidisciplinar e as portas do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP se abriram para a realidade empírica das capacidades mediúnicas, demonstrando a necessidade de um novo entendimento sobre a relação mente – cérebro através de teorias não-reducionistas.Sob a supervisão do professor dr. Francisco Lotufo Neto e do professor dr. Alexander Moreira-Almeida, da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, o estudo obteve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP. Foram dois anos de pesquisa que resultou em uma série de estudos, cuja divulgação o Correio Fraterno antecipa com exclusividade. O primeiro artigo acaba de ser publicado pela revista científica internacional Explore, com o título "Investigating the Fit and Accuracy of Alleged Mediumistic Writing: A Case Study of Chico Xavier's Letters" ("Investigando a adequação e a acuidade da alegada escrita mediúnica: um estudo de caso das cartas de Chico Xavier", em tradução livre). Também assina este artigo a doutora Elizabeth Schmitt Freire, da Universidade de Abedeen, na Escócia, pesquisadora que somou esforços com a equipe. O objetivo do pós-doutorado foi verificar, usando métodos acadêmicos, se na produção das cartas psicografadas de Chico Xavier havia indícios de obtenção 'anômala' de informações, ou seja, se Chico poderia ter acesso àquelas informações que escrevia em suas cartas psicografadas. "Investigamos se aqueles dados objetivos que tantas vezes traziam consolo aos familiares em luto eram verdadeiramente inacessíveis ao médium por vias comuns, ou seja, como por leituras, conversas etc. Além disso, fizemos um amplo levantamento bibliográfico sobre a relação mente – cérebro e a prática da mediunidade", explica Denise Paraná. Para atingir esse objetivo, os pesquisadores tiveram um longo trabalho. "Era preciso verificar se a eventual fragilidade emocional dos parentes que procuravam consolo nas cartas de Chico os levava à crença de que o falecido era o autor das cartas, ou se havia nas cartas, de fato, registros dos falecidos", explicam os pesquisadores. Por isso, eles investigaram detidamente a veracidade das informações presentes nas cartas, fizeram longas e detalhadas entrevistas e buscaram documentos relativos aos casos estudados em arquivos particulares, acervos de jornais, cartórios etc. Também compararam nas cartas psicografadas o estilo linguístico, as descrições físicas e de personalidade do autor espiritual (desencarnado) com seus traços quando ainda 'vivo'. Também foi analisado o conjunto de cartas produzidas por Chico Xavier para entender suas principais características, verificando-se o que havia de genérico e subjetivo nas psicografias, "tudo o aquilo que poderíamos aplicar a qualquer situação de morte, mas também aquilo que existia de particular a quem o texto foi atribuído". Por fim, sistematizaram os dados, analisaram as informações coletadas e produziram artigos. No primeiro deles, já citado, descobriram que dos 99 itens de informações verificáveis, identificados em um conjunto de 13 cartas psicografadas, 98% tinham adequação clara e precisa e não havia nenhum item não adequado. Segundo os pesquisadores, concluiu-se que explicações comuns para tal acuidade de informação, como fraude, acaso, vazamento de informação e leitura fria seriam possibilidades apenas remotamente plausíveis. Mesmo para os espíritas, que têm convicção na imortalidade da alma, os resultados da pesquisa são surpreendentes. "Sabemos que médiuns são humanos e, portanto, passíveis de erros". O próprio Chico costumava se lembrar disso e gostava de checar com os seus consulentes alguns dados das cartas particulares que psicografava. Entretanto, pesquisas como estas, que nos trazem evidências da sua fantástica capacidade mediúnica são muito bem-vindas. Somadas a outras pesquisas, elas ajudam a ampliar os horizontes da ciência em busca de novos modelos de entendimento da consciência humana e de nosso papel no universo", concluem. A questão da mediunidade é fato para os espíritas e esse trabalho é uma das formas de sensibilizar a academia para isso, principalmente a comunidade internacional, que ainda desconhece quem foi Chico Xavier. Publicado no jornal Correio Fraterno - edição 458 - julho/agosto 2014 |
FATALIDADE
Emmanuel
A fatalidade do mal é sempre uma criação
devida à nós mesmos, gerando, em nosso prejuízo, a provação expiatória, em
torno da qual passamos compulsoriamente a gravitar.
Semelhante afirmativa dispensa qualquer
discussão filosófica, pela simplicidade com que será justo averiguar-lhe o
acerto, nas mais comezinhas atividades da vida comum.
Uma conta esposada naturalmente é um laço
moral tecido pelo devedor à frente do credor, impondo-lhe a obrigação do
resgate.
Um templo doméstico entregue ao lixo
sistemático transformar-se-á com certeza num depósito de micróbios e
detritos, determinando a multiplicação de núcleos infecciosos de
enfermidade e morte.
Um campo confiado ao império da erva daninha
converter-se-á, sem dúvida, na moradia de vermes insaciáveis, compelindo o
lavrador a maior sacrifício na recuperação oportuna.
Assim corre em nosso esforço cotidiano.
Não precisamos remontar a existência
passadas para sondar a nossa cultura de desequilíbrio e sofrimento.
Auscultemos a nossa peregrinação de cada
dia.
Em cada passo, quando marchamos no mundo ao
sabor do egoísmo e da invigilância, geramos nos companheiros de
experiência as mais difíceis posições morais contra nós.
Aqui, é a nossa preguiça, atraindo em nosso
desfavor a indiferença dos missionários do trabalho; ali, é a nossa
palavra agressiva ou impensada, coagulando a aversão e o temor ao redor de
nossa presença.
Acolá, é o gesto de incompreensão provocando
a tristeza e o desânimo nos corações interessados em nosso progresso; e,
mais além, é a própria inconstância no bem, sintonizando-nos com os
agentes do mal...
Lembremo-nos de que os efeitos se
expressarão segundo as causas e alteremos o jogo das circunstância, em
nossa luta evolutiva, desenvolvendo, conosco e em torno de nós, a mais
elevada plantação de amor e serviço, devotamento e boa vontade.
“Acharás o que procuras”, disse-nos o
Senhor:
E, em cada instante de nossa vida, estamos
recolhendo o que semeamos, dependendo da nossa sementeira de hoje a
colheita melhor de amanhã.
Psicografia
Francisco
Cândido Xavier Livro
FÉ, PAZ E AMOR
Entre Chamados e Escolhidos
Emmanuel
Apreciando aquele
ensinamento dos “chamados e escolhidos”, a destacar-se da palavra do Senhor, nas
lições do Evangelho, mentalizemos o assunto, transferindo-o a uma oficina
terrestre.
Em favor da produção de
serviço, são aí admitidos colaboradores de variada procedência, escalonados em
classes diversas.
Todos são chamados pela obra a
fazer, a fim de conjugarem esforços dentro das finalidades da instituição a que
se ajustam.
Entretanto, raros se portam à
altura dos compromissos que assumem.
Muitos deles devoram o tempo,
renovando indagações incessantes acerca dos problemas comezinhos da casa, a
pretexto de recolherem esclarecimentos e diretrizes.
São os servos ociosos.
Outros muitos confiam-se à
irascibilidade e à cólera, arrojando de si os fluídos empestados da indisciplina
com que espalham o fogo da rebelião e o gelo do desânimo, anulando máquinas e
desencorajando os companheiros.
São os servos revoltados.
Muitos ainda entregam-se ao
culto da lisonja, abandonando as obrigações que lhes cabem, para tecerem elogios
venenosos à pessoa dos dirigentes, com o fim de lhes subornarem a consciência, à
cata de vantagens materiais.
São os servos bajuladores.
Muitos se refugiam nos
programas extensos, salientando o futuro com discursos brilhantes, nos quais se
reportam a imaginárias realizações, abominando os deveres humildes que
consideram indignos da inteligência que lhes é própria.
Mas há um tipo de cooperador
que indaga pouco e age muito, que cultua a dignidade pessoal sem descer aos
desvarios do orgulho, que sustenta o respeito devido à ordem sem se render à
adulação e que traça diretivas de trabalho para cumpri-las, cada dia, ao preço
do próprio amor e da própria renúncia.
Servos desses são aqueles que
o serviço elege por seus diretores, sem qualquer recurso a caprichos
particulares.
Assim, para que te faças
escolhido como sustentáculo na obra da luz e do amor, não basta te consagres a
longas plataformas verbais ou a preciosas promessas da boca, vazias de
substância e sentido.
Antes de tudo, é
imprescindível saibamos escolher a própria luz e o próprio amor como normas de
nossa vida, porque assim, através do constante serviço aos outros, edificaremos
o verdadeiro serviço a nós mesmos em abençoada e permanente ascensão.
Estudando o Perdão
Estudando o Perdão
Emmanuel
O Pai Excelso esculpiu
potencialmente na alma de todos os Seus filhos a beleza e a sublimidade da Sua
Lei a expressar-se não somente em Amor Infinito para todos os seres, mas
igualmente em dignidade para todas as criaturas.
Em razão disso, a Misericórdia
Divina atende a múltiplos meios de auxílio, desdobrando-os em favor dos
espíritos sofredores e transviados, promovendo a criação de obstáculos que
refazem a esperança, de lutas que desenvolvem faculdades entorpecidas, de
aflições que impulsionam a procura da paz e de dores que recuperam e reeducam;
todavia, o entendimento mais obtuso e a sensibilidade mais empedernida em
acordando, um dia, para a realidade, contemplam a si mesmos e suspiram pela
respeitabilidade espiritual que legitima o selo da elevação...
E o primeiro impulso que lhes
orienta o novo roteiro é justamente aquele do homem irrepreensível que busca o
resgate dos próprios débitos, levantando o caráter perante a luz.
Ainda mesmo que a dívida lhes
reclame séculos de tormento, ao tormento se entregam, renovados e confiantes, na
certeza de que o tempo, como graça de Deus, lhes facultará possibilidade e
socorro para que se refaçam.
O perdão, na vida, qual ocorre
na organização bancária do mundo, será empréstimos de recursos, moratória
benevolente, reforma de compromissos e aval generoso e nobre, com bases na
solidariedade e na tolerância, porque, em verdade pura, consciência nenhuma,
quando voltada ao bem, deseja inocentar-se e, agora, hoje ou amanhã, consagra-se
a pagar seus débitos no mundo para reerguer-se, limpa, ante a Justiça Eterna que
coroa de luz quem lavou, por fim, o mal das suas próprias contas, em ceitil por
ceitil.
F É, P A Z E A M O R - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel
Transcrição : Valéria
Parafraseando a parábola dos talentos
ESTUDO DA PARÁBOLA
Irmão X
Comentávamos
a necessidade da divulgação da Doutrina Espírita, quando o rabí Zoan ben
Ozias, distinto orientador israelita, hoje consagrado às verdades do
Evangelho no Mundo Espiritual, pediu licença a fim de parafrasear a parábola
dos talentos, contada por Jesus, e falou, simples:
- Meus
amigos, o Senhor da Terra, partindo, em caráter temporário, para fora do
mundo, chamou três dos seus servos e, considerando a capacidade de cada um,
confiou-lhes alguns dos seus próprios bens, a título de empréstimo,
participando-lhes que os reencontraria, mais tarde, na Vida Superior...
Ao primeiro
transmitiu o Dinheiro, o Poder, o Conforto, a Habilidade e o Prestígio; ao
segundo concedeu a Inteligência e a Autoridade, e ao terceiro entregou o
Conhecimento Espírita.
Depois de
longo tempo, os três servidores, assustados e vacilantes, compareceram
diante do Senhor para as contas necessárias.
O primeiro
avançou e disse:
- Senhor,
cometi muitos disparates e não conseguí realizar-te a vontade, que determina
o bem para todos os teus súditos, mas, com os cinco talentos que me puseste
nas mãos, comecei a cultivar, pelo menos com pequeninos resultados, outros
cinco, que são o Trabalho, o Progresso, a Amizade, a Esperança e a Gratidão,
em alguns dos companheiros que ficaram no mundo... Perdoa-me, ó Divino
Amigo, se não pude fazer mais!...
O Senhor
respondeu tranquilo:
- Bem está,
servo fiel, pois não erraste por intenção... Volta ao campo terrestre e
reinicia a obra interrompida, renascendo sob o amparo das afeições que
ajudaste.
Veio o
segundo e alegou:
- Senhor,
digna-te desculpar-me a incapacidade... Não te pude compreender claramente
os desígnios que preceituam a felicidade igual para todas as criaturas e
perpetrei lastimáveis enganos... Ainda assim, mobilizei os dois valores que
me deste e, com eles, angariei outros dois que são a Cultura e a Experiência
para muitos dos irmãos que permanecem na retarguarda...
O Excelso
Benfeitor replicou, satisfeito:
- Bem está,
servo fiel, pois não erraste por intenção... Volta ao campo terrestre e
reinicia a obra interrompida, renascendo sob o amparo das afeições que
ajuntaste.
O terceiro
adiantou-se e explicou:
- Senhor,
devolvo-te o Conhecimento Espírita, intocado e puro, qual o recebi de tua
munificência... O Conhecimento Espírita é Luz, Senhor, e, com ele, aprendi
que a tua Lei é obra dura demais, atribuindo a cada um conforme as próprias
obras. De que modo usar uma lâmpada assim, brilhante e viva, se os homens na
Terra estão divididos por pesadelos de inveja e ciúme, crueldade e ilusão?
Como empregar o clarão de tua verdade sem ferir ou incomodar? e como
incomodar ou ferir, sem trazer deploráveis consequências para mim próprio?
Sabes que a Verdade, entre os homens, cria problemas onde aparece... Em
vista disso, tive medo de tua Lei e julguei como sendo a medida mais
razoável para mim o acomodar-me com o sossego de minha casa... Assim
pensando, ocultei o dom que me recomendaste aplicar e restituo-te semelhante
riqueza, sem o mínimo toque de minha parte!...
O Sublime
Credor, porém, entre austero e triste, ordenou que o tesouro do Conhecimento
Espírita lhe fosse arrancado e entregou, de imediato, aos dois colaboradores
diligentes que se encaminhariam para a Terra, de novo, declarando, incisivo:
- Servo
infiel, não existe para a tua negligência outra alternativa senão a de
recomeçares toda a tua obra pelos mais obscuros entraves do principio...
- Senhor!...
Senhor!... – chorou o servo displicente. – Onde a tua equidade? Deste
aos meus companheiros o Dinheiro, o Poder, o Conforto, a Habilidade, o
Prestígio, a Inteligência e a Autoridade, e a mim concedeste tão-só o
Conhecimento Espirita... Como fazes cair sobre mim todo o peso de tua
severidade?
O Senhor,
entretanto, explicou, brandamente:
- Não
desconheces que te atribuí a luz da Verdade como sendo o bem maior de todos.
Se ambos lhes faltava o discernimento que lhes podias ter ministrado,
através do exemplo, de que fugiste por medo da responsabilidade de corrigir
amando e trabalhar instruindo... Escondendo a riqueza que te emprestei, não
só te perdeste pelo temor de sofrer e auxiliar, como também prejudicaste a
obra deficitária de teus irmãos, cujos dias no mundo teriam alcançado maior
rendimento no Bem Eterno, se houvessem recebido o quinhão de amor e serviço,
humildade e paciência que lhes negaste!...
- Senhor!...
Senhor!... porquê? – soluçou o infeliz – porque tamanho rigor,
se a tua Lei é de Misericórdia e Justiça.
Então, os
assessores do Senhor conduziam o servo desleal para as sombras do recomeço,
esclarecendo a ele que a Lei, realmente, é disciplina de Misericórdia e
Justiça, mas com uma diferença: para os ignorantes do dever. A Justiça chega
pelo alvará da Misericórdia; mas, para as criaturas conscientes das próprias
obrigações, a Misericórdia chega pelo cárcere da Justiça.
Livro
Estante da Vida – Pelo Espírito “Irmão X”
- Psicografia Francisco C. Xavier
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
"E eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus."(Mateus, 16: 19) "...As chaves do Reino dos Céus, prometidas por Jesus Cristo, são simbolizadas na sabedoria, nas obras meritórias, na evolução espiritual, na reforma íntima, pois, sem esses atributos ninguém terá possibilidades de ascender aos páramos de luz que os homens denominam Céus. Quem tiver obedecido às ordenações de Jesus Cristo no sentido de acumular um tesouro nos Céus, onde os ladrões não roubam nem a ferrugem consome, certamente terá garantida a posse dessas chaves. ...
O
QUE LIGARES NA TERRA
"E
eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na Terra
será ligado nos Céus,
e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus."(Mateus, 16: 19)
e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus."(Mateus, 16: 19)
Não
sendo o Reino dos Céus um lugar circunscrito, mas apenas um estado consciencial,
é óbvio que as chaves desse reino, prometidas por Jesus Cristo
ao apóstolo Pedro, são apenas simbólicas.
Os
homens conquistam o Reino dos Céus quando operam dentro de si a reforma
íntima. Sendo o Evangelho de Jesus a alavanca mais portentosa para se
alcançar essa reforma, é ele, portanto, a chave desse reino, a
qual é concedida por Deus a todos os seus filhos, assim como foram outorgadas
a Pedro as chaves do Reino dos Céus, que apesar de ser um Espírito
de ordem elevada estava e está ainda palmilhando a senda evolutiva.
Quando
o Mestre prometeu a Pedro que tudo aquilo que ele ligasse na Terra, teria a
sua correspondente ligação nos Céus, e tudo aquilo que
fosse por ele desligado aqui embaixo, seria também desligado lá
em cima, não objetivou conceder ao notável apóstolo uma
prerrogativa especial, pois os acontecimentos posteriores revelaram que o antigo
pescador do Tiberíades não desfrutava desse poder.
Como
poderiam ser ligadas nos Céus as coisas praticadas por Pedro na Terra,
se logo após ter o Cristo proferido aquelas palavras, o apóstolo
foi vítima da influenciação de Espíritos de ordem
inferior, merecendo de Jesus as famosas palavras: Afasta-te de mim satanás!
(Mateus,16:23).
Como
poderia Pedro estar investido de tamanha autoridade, se algum tempo após
o Mestre teve necessidade de dizer-lhe: Pedro, satanás vos pediu para
vos cirandar como trigo, mas eu roguei por ti, para que a tua fé não
desfaleça. Quando te converteres, convence os teus irmãos (Lucas,22:31-34).
Teria
sido ligado nos Planos Superiores o episódio da negação
quando Pedro, por três vezes consecutivas, sustentou não ser seguidor
de Jesus Cristo? (Mateus, 26:34).
Será
que poderia ser ligada nos Céus a atitude dos apóstolo entre eles
Pedro, de repelir estrangeiros na comunidade dos cristãos?
Os
apóstolos, entre eles Pedro, não conseguiram curar o jovem lunático,
narrado em Mateus, 9:18, o que foi feito posteriormente por Jesus Cristo. Tudo
indica que não foi ligado no Céu aquilo que os apóstolos,
entre eles Pedro, pretendiam fazer.
Quando
Pedro visitou o Centurião Cornélio, na cidade de Cesaréia,
houve uma ligação no Céu daquilo que ele praticou. Os demais
apóstolos não concordaram com a visita e admoestaram Pedro severamente
por haver adentrado a casa dum gentio. Nessa mesma visita Pedro disse a Cornélio:
Vós bem sabeis que não é lícito a a um varão
judeu juntar-se ou chegar-se a um estrangeiro (Atos, 10:28). Porventura teriam
essas palavras do apóstolo boa ressonância no Céu, quando
se considera que a mensagem de Jesus Cristo foi dirigida a todos os povos de
forma indistinta?
Como
decorrência, deve-se compreender que somente é ligado ou desligado
nos Céus o que for praticado sob a égide dos ensinamentos evangélicos,
pois isso constitui, na realidade, os de ligação entre Deus e
os homens. Somente merecerá o beneplácito ou a repulsa do Alto,
o que for praticado com ou sem a égide do Evangelho, uma vez que o Mestre
havia asseverado que nenhum só til ou jota dos seus ensinos deixaria
de ser cumprido.
O
que significam, na realidade, as chaves do Reino dos Céus?
Serão
porventura chaves comuns, como as que são usadas na Terra para se abrir
portas de casas? Teriam as chaves do Reino dos Céus sido dadas somente
a Pedro?
As
chaves do Reino dos Céus, prometidas por Jesus Cristo, são simbolizadas
na sabedoria, nas obras meritórias, na evolução espiritual,
na reforma íntima, pois, sem esses atributos ninguém terá
possibilidades de ascender aos páramos de luz que os homens denominam
Céus. Quem tiver obedecido às ordenações de Jesus
Cristo no sentido de acumular um tesouro nos Céus, onde os ladrões
não roubam nem a ferrugem consome, certamente terá garantida a
posse dessas chaves.
Todo
aquele que pautar seus atos nos moldes dos ensinamentos legados por Jesus, todo
aquele que viver os ensinamentos evangélicos, estará apto a conquistar
esse decantado reino. A vivência dos preceitos ensinados pelo Cristo propiciará
a todos aqueles que os assimilarem a oportunidade de viverem as qualidades intrínsecas
que lhes possibilitarão o acesso a essas regiões elevadas. Eles
entrarão realmente na posse das chaves para a conquista desse tão
almejado Reino.
Quando
Pedro proclamou ser Jesus Cristo o Filho de Deus vivo, o Mestre retrucou: Não
foi nem a carne nem o sangue quem isso te revelou, mas meu Pai quee está
nos Céus, o que, logicamente, indica que o apóstolo estava sendo
medianeiro de palavras emanadas do Alto, portanto, o instrumento de uma revelação.
Como decorrência, tudo aquilo que, como medianeiro, ele ligasse na Terra,
seria ligado nos Céus, rnas o que ele viesse a fazer como homem, e não
como instrumento do Alto, não teria essa ligação ou desligamento.
Como
homem, ele teve dura contenda com Paulo (Gálatas, 2:11), tendo o Apóstolo
dos Gentios afirmado que Pedro era repreensível e que não andava
segundo as verdades contidas nos Evangelhos. É óbvio que um episódio
dessa natureza não poderia jamais ser ligado nos Céus.
Paulo
A. Godoy
Livro : O Evangelho Pedi Licença
Fonte: site a casa do espiritismo
Livro : O Evangelho Pedi Licença
Fonte: site a casa do espiritismo
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