Revista o Reformador 2001-Outubro
O dia fora especialmente abrasador. A Úmbria ardia sob o Sol da primavera
que explodia em flores por toda parte.
Os imensos campos que se aproximavam dos montes sobranceiros, divididos
em variadas plantações, estuavam no variegado tom de verde, confraternizando
com as terras arroteadas para novas sementeiras, enquanto o feno em fardos
arredondados dava um colorido especial de amarelo-marrom à relva, ora queimada
pelo Sol, ora reverdecente, entremeada pelo vermelho rubro das papoulas exuberantes.
No alto da cidade, a imponente catedral dedicada ao Santo da pobreza com
a sua torre-campanário de elevado porte que, no passado, servia para observar os
inimigos que se aproximassem da encantadora Assis, construída em pedras sobre
outras pedras que a exaltavam dando-lhe um ar de grandeza, galantaria e de glória.
Quando a noite desceu, um pouco tarde, porque a claridade no poente permanecia
em colorido deslumbrante, e o zimbório se adornou de estrelas, a movimentação
prosseguiu em ritmo também febril.
Favônios sopravam do vale fértil, refrescando as ruelas e praças iluminadas.
Um espetáculo na Praça de S. Francisco atraíra a multidão ávida de ruídos e
movimentação, encerrando-se sem grande finale, reduzindo a cidade formosa ao
silêncio quebrado apenas pelas onomatopéias da Natureza e um que outro transeunte
notívago. Perambulando pelas proximidades da Igreja inferior, em tentativa
de recordar aqueles já remotos tempos do século XIII, quando o jovem trovador fora
arrebatado por Jesus e saíra a cantar a melodia imortal do Evangelho, vi acercar-se
um grupo de Espíritos nobres e, dentre eles, o Pai Francisco.
Mantinha as mesmas características com que Giotto o imortalizara nos seus
afrescos. De regular estatura, compleição frágil, traços sem grande beleza física,
porém portador de difícil abordagem de irradiação psíquica, estava acompanhado
por alguns dos seus primeiros irmãos da revolução do amor, da pobreza e da humildade.
Não poderia desperdiçar a feliz oportunidade. Porque estivessem conversando
discretamente, utilizei-me de um momento que se me fez factível e, aproximando-
me, expliquei que eu havia sido na Terra um jornalista brasileiro que, no
Além-Túmulo, reencontrara Jesus e O amava com ternura e respeito.
Interroguei o benfeitor do irmão lobo, se ele me poderia conceder alguns
breves minutos para uma entrevista que encaminharia aos poucos leitores que tomariam
conhecimento do nosso encontro.
Jovial e algo tímido, o santo anuiu de bom grado.
Interroguei-o, sem delongas, bastante emocionado:
– Como vê o desfile de multidões chegadas de diferentes partes do mundo,
para conhecerem Assis, e visitarem os lugares por onde o Paizinho esteve, especialmente
a tumba que lhe guarda os despojos carnais?
Expressando no olhar luminoso a grandeza espiritual de que era possuidor,
o pobrezinho respondeu:
– Esse interesse das criaturas muito me sensibiliza, especialmente porque
reconheço a pequenez da atividade por mim desenvolvida na Terra. No entanto, se
eu pudesse optar, preferiria que o sentimento de todos fosse o de manter contato
O
com o Espírito do Senhor a Quem procurei seguir nos já longínquos dias da existência
física. Em todos os meus passos, a minha pessoa sempre procurou ceder o seu
insignificante lugar ao Pastor que nos orienta o caminho e nos guarda a paz.
“Quando o anjo da morte se acercou do meu corpo cansado, antes de me
retirar destes sítios queridos abençoando-os, senti que viriam muitos homens e
mulheres no futuro, e que encontrariam paz, roteiro e reconforto moral, elegendo,
após acuradas meditações, o reino de Deus. Ainda mantenho essa esperança, e
por isso, periodicamente com os meus irmãos que foram dos mais pobres, procuro
auscultar as almas e auxiliá-las no despertamento, ajudando-as conforme as suas
necessidades e de acordo com os seus apelos e preces...”
– E esse bulício que toma as massas, enquanto o mercado de recordações
cresce cada vez mais, alterando o significado das visitações, que lhe parece?
– Não me cabe censurar o comportamento dos meus irmãos do agitado
mundo atual. A criatura humana deve viver, negociar, trocar objetos e procurar a
conquista de lucros. Toda atividade honrosa merece respeito, porque arranca o ser
da ociosidade, que é um grande adversário do equilíbrio e da dignidade. Vale porém
reconhecer que existem outros recursos que podem ser mobilizados para a
permuta de valores, evitando-se a exaltação das crendices e superstições que contribuem
para auxiliar na transferência das responsabilidades da transformação interior
para o Bem, pela magnetização de objetos e adoração de símbolos...
“As pessoas vivem hoje aturdidas pela pressa, pela volúpia da falta de tempo
para meditar, para assimilar as bênçãos do Pai Criador. Assis sempre inspirou paz
e reflexão. A vida cristã é a antítese do comportamento agitado e angustiado do ser
moderno. Compreendo toda essa inquietação e mesmo a falta de silêncio, por
momentos sequer, no Templo, quando se poderia pensar no significado daqueles
dias que ficaram no passado e sua aplicação na atualidade movimentada.”
– O Paizinho acredita que seria possível repetir aquelas vivências nestes tumultuados
anos terrestres?
– Acredito que sim, porquanto aqueles eram também dias de muito sofrimento
e inquietação, considerando-se a população e as circunstâncias existentes.
Havia guerra entre Assis e Perúgia, entre os estados italianos e papais, abuso do
poder senhorial e religioso, alucinação e desespero das Cruzadas, miséria das
camadas pobres e dos camponeses, indiferença social e perseguições de toda
ordem... A mensagem de Jesus não é para um tempo, para uma Nação, nem mesmo
é uma proposta figurativa que deve ser interpretada conforme a comodidade
dos cristãos. Naquela época também se afirmava que era impossível viver conforme
o Evangelho: com despojamento, com humildade, com renúncia, com amor total
pelo próximo deserdado...
“Mais de uma vez, respondendo a esse argumento egoísta, esclareci que, ou
o Evangelho deveria ser seguido conforme fora pregado, e o luxo, a ostentação, o
orgulho banidos da Igreja e dos corações, ou se deveria viver conforme as vaidades
terrenas, as ambições de classes e de poder, estando a Palavra totalmente errada...
Na conjuntura, era inevitável que o Evangelho triunfasse, embora nem todos
tivessem a coragem de abandonar o século para seguir Jesus. Compreendo a atitude
daqueles que prosseguem pensando ser impossível entregar a vida ao Mestre
e desfrutar simultaneamente dos prazeres do mundo, embriagando-se de gozo e de
perturbações. Entretanto, considero ser irrealizável a paz, enquanto a criatura se
mantiver encarcerada na cela dourada dos presídios da posse e das paixões mais
degradantes. Quando se rompem os elos dos vícios – e o poder terrestre, o uso
indevido do sexo, os interesses servis, as dependências químicas, alcoólicas e outras
são vícios que se arrastam através das gerações, fixando-se na história do
pensamento humano como necessidades urgentes – uma liberdade diferente toma
conta da existência que adquire beleza e tranqüilidade. Não se trata isto de uma
utopia, mas de uma realidade. A única posse que liberta é não ter nada além do
essencial, que favorece a construção da vida feliz.”
– Que pensa a respeito da alteração de objetivos e de comportamentos que
a Ordem franciscana vivencia atualmente, em total afronta aos postulados básicos e
iniciais que foram traçados pelo Irmão Alegria?
Sem demonstrar enfado ou mal-estar ante a interrogação, o Entrevistado
respondeu serenamente:
– É normal que as idéias puras e dignificantes no seu início dêem lugar no
futuro a realizações totalmente diversas dos programas elaborados. Com o tempo e
a adesão de muitos indivíduos, vão surgindo alterações compatíveis com o nível
evolutivo dos mesmos, que procuram adaptar às suas necessidades aquilo que
pensam estar esposando com nobreza e mesmo abnegação. Transcorrido um largo
período, pouco sobrevive aos ditames das imposições e caprichos impostos pelos
séculos inexoráveis... Com a nossa tradição, os primeiros fenômenos surgiram
quando ainda me encontrava no corpo, constatando-o dolorosamente ao retornar da
Cruzada, em face do largo tempo que permaneci no Oriente visitando as terras
onde Jesus vivera... O choque que experimentei foi muito grande, levando-me ao
quase recolhimento total na Porciúncula e à necessidade de maior doação, a fim de
manter fiéis os demais companheiros que haviam renunciado a tudo: orgulho, cultura
vã, discussões teológicas vazias de significado espiritual e ricas de palavras pobres
e confusas, de comodidade, até o momento em que a Irmã Morte me arrebatou
o Espírito...
– Como seria possível viver segundo os rígidos critérios do Evangelho, sem
perturbar o progresso tecnológico nem o desenvolvimento da ciência?
– A ciência e o progresso tecnológico são inspirações de Nosso Pai, favorecendo
o ser humano com recursos que lhe tornam a vida mais feliz e menos penosa,
diminuindo-lhe a carga bruta dos afazeres, as conjunturas amargas das enfermidades,
especialmente as mutiladoras e degenerativas, proporcionando meios
hábeis para a fraternidade e o entendimento entre os homens e as Nações. Será
isso o que ocorre? O monstro da guerra não continua ceifando vidas e semeando o
horror em nome da ordem e da paz? Gerações sucessivas não têm sido vitimadas
pelo preconceito de raça, de orgulho, de classe e de religião?
“Despojar-se de tudo não é atirar fora as conquistas já realizadas, mas aplicá-
las em favor de todos e não apenas de alguns poucos. É o impositivo de repartir
o excesso com aqueles que não têm nada ou que padecem carência, respeitar os
direitos à vida, preservar a irmã Natureza e todos os seres viventes igualmente filhos
de Deus. Quem se despoja fica livre para amar e para servir, bases da vida em
toda parte.”
Profundamente comovido, interroguei, por fim:
– O Paizinho Francisco poderia encerrar esta entrevista enviando, por meu
intermédio, uma mensagem aos homens da Terra na atualidade?
– A mensagem que me envolve o Espírito e que faz parte de todo o meu processo
de evolução é seguir Jesus e viver os Seus feitos. Mas, se me fosse facultado
sintetizar tudo quanto eu gostaria de repetir aos meus irmãos terrestres neste
momento de glórias e de sofrimentos, de grandezas e de misérias, eu diria: fazer
aos outros somente aquilo que deseje que os outros lhe façam, e em qualquer circunstância,
amar e amar até sentir as dores que o amor muitas vezes experimenta
quando direcionado ao próximo.
O Emissário de Jesus sorriu suavemente, envolvendo-me em peregrina luminosidade
que me levou às lágrimas.
Profundamente tocado pela sua magnanimidade, prossegui o giro por Assis,
evocando sua bênção, no fim do mês de setembro de 1226, quando ele pediu para
ser transportado para a sua Porciúncula, onde morreria, e vazada nas seguintes
palavras:
– Abençoada sejas tu por Deus, Cidade Santa, porque por ti muitas almas
se salvarão e em ti muitos servos de Deus habitarão e por ti muitos serão eleitos
no reino da vida eterna. Paz a ti!
Irmão X
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na madrugada de 27 de maio
de 2001, em Assis, Itália.)
Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
sábado, 8 de setembro de 2012
Em Família
Editorial
“Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.” (Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXII, item 3.)
AFIRMAÇÃO DE ALLAN KARDEC NÃO DEIXA DÚVIDAS QUANTO À IMPORTÂNCIA DO AMOR NA CONSTITUIÇÃO FAMILIAR, DESTACANDO-O, TAMBÉM, COMO ALICERCE DE SUSTENTAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS VÍNCULOS FAMILIARES. VAI ALÉM, QUANDO COLOCA OS FILHOS COMO CENTRO DA ATENÇÃO DO CASAL, ALVO DE TODO O AFETO QUE DEVE NASCER COM O COMPROMISSO DE UNIÃO, FORMAL OU INFORMAL, MAS NATURAL, QUE O HOMEM E A MULHER JUNTOS ASSUMEM ANTES MESMO DA CONCEPÇÃO.
Ao Espírito que, para enfrentar uma nova existência terrena, se submete a uma
total dependência de seus pais no período de concepção, gestação, nascimento e
crescimento, não há nada pior do que se sentir rejeitado e desprezado por aqueles
que lhe estão proporcionando nova reencarnação. Neste período, mais sujeito às influências
benéficas que espera receber, a simples ausência do amor é a causa maior
de muitos desajustes pessoais, com graves conseqüências familiares e sociais.
Se o núcleo familiar, composto pelo conjunto homem, mulher e filhos, estiver assentado
em um relacionamento realmente afetivo, em que o amor seja cultivado e manifestado
sem medos e sem receios, teremos uma família bem constituída e bem consolidada,
com os seus integrantes moralmente bem estruturados e conseqüentemente
fortalecidos para os desafios naturais da existência. Em contrapartida, qualquer quebra,
enfraquecimento ou instabilidade nos vínculos de amor desse conjunto provocará,
sempre, maior prejuízo para os filhos, com tendências graves à depressão, à fuga, ao
suicídio, ao uso das drogas, à violência, enfim.
Numa fase em que, com justa razão, o mundo clama por paz, a única solução definitiva
é o cultivo do amor incondicional por parte de todos os homens. E cultivar o
hábito de amar é um aprendizado que começamos a desenvolver na vida em família.
Promovida pela Federação Espírita Brasileira, o Movimento Espírita mantém a
oportuna Campanha “Viver em Família”, que tem por slogan – O Melhor é Viver em
Família. Aperte mais esse laço. Na seqüência dessa Campanha podemos, com convicção,
destacar que a vivência do amor em família é a solução para todos os males
da Humanidade.
Revista o Reformador 2002-Maio
“Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.” (Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXII, item 3.)
AFIRMAÇÃO DE ALLAN KARDEC NÃO DEIXA DÚVIDAS QUANTO À IMPORTÂNCIA DO AMOR NA CONSTITUIÇÃO FAMILIAR, DESTACANDO-O, TAMBÉM, COMO ALICERCE DE SUSTENTAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS VÍNCULOS FAMILIARES. VAI ALÉM, QUANDO COLOCA OS FILHOS COMO CENTRO DA ATENÇÃO DO CASAL, ALVO DE TODO O AFETO QUE DEVE NASCER COM O COMPROMISSO DE UNIÃO, FORMAL OU INFORMAL, MAS NATURAL, QUE O HOMEM E A MULHER JUNTOS ASSUMEM ANTES MESMO DA CONCEPÇÃO.
Ao Espírito que, para enfrentar uma nova existência terrena, se submete a uma
total dependência de seus pais no período de concepção, gestação, nascimento e
crescimento, não há nada pior do que se sentir rejeitado e desprezado por aqueles
que lhe estão proporcionando nova reencarnação. Neste período, mais sujeito às influências
benéficas que espera receber, a simples ausência do amor é a causa maior
de muitos desajustes pessoais, com graves conseqüências familiares e sociais.
Se o núcleo familiar, composto pelo conjunto homem, mulher e filhos, estiver assentado
em um relacionamento realmente afetivo, em que o amor seja cultivado e manifestado
sem medos e sem receios, teremos uma família bem constituída e bem consolidada,
com os seus integrantes moralmente bem estruturados e conseqüentemente
fortalecidos para os desafios naturais da existência. Em contrapartida, qualquer quebra,
enfraquecimento ou instabilidade nos vínculos de amor desse conjunto provocará,
sempre, maior prejuízo para os filhos, com tendências graves à depressão, à fuga, ao
suicídio, ao uso das drogas, à violência, enfim.
Numa fase em que, com justa razão, o mundo clama por paz, a única solução definitiva
é o cultivo do amor incondicional por parte de todos os homens. E cultivar o
hábito de amar é um aprendizado que começamos a desenvolver na vida em família.
Promovida pela Federação Espírita Brasileira, o Movimento Espírita mantém a
oportuna Campanha “Viver em Família”, que tem por slogan – O Melhor é Viver em
Família. Aperte mais esse laço. Na seqüência dessa Campanha podemos, com convicção,
destacar que a vivência do amor em família é a solução para todos os males
da Humanidade.
Revista o Reformador 2002-Maio
Educação
"A aquisição de hábitos saudáveis, edificantes e que produzem harmonia no grupo social, a transformação das tendências agressivas e dos sentimentos de baixa estima para melhor,
o esforço para qualquer realização dão-se por intermédio dos processos educativos, especialmente aqueles de natureza moral, ao mesmo tempo que, mediante o estudo,
ocorre o desenvolvimento cultural e intelectual, num somatório de valores que enobrecem o ser humano.
À educação, no seu sentido lato, está reservada, portanto, a grande tarefa de construir o homem e a mulher melhores e mais sociáveis, neles desenvolvendo os germes do amor e da dignidade,
com os quais progride espiritualmente, tornando-se úteis à comunidade, após transcenderem os limites egoicos, adquirindo a consciência de paz e dos valores éticos que constituem a vida pensante."
(...) Sendo a educação, conforme já referido, o processo de criar hábitos saudáveis, não se pode permitir o direito de tornar-se virulenta na observação dos seus preceitos,
castigando e impondo-se para ser considerada como legítima. Pelo contrário, deve conquistar o educando por meios dos recursos poderosos de que se forma,
especialmente pelo sentido de amor e de dignidade de que se reveste.
(...) O respeito é uma conquista que cada um consegue pela maneira como se comporta, pelos atos e palavras, pela vivência e forma de conquistar os demais. Toda vez
que se estabelecem normas de imposição, violenta-se o livre-arbítrio, o direito de optar-se pela aceitação do outro com todas as maneiras absurdas que lhe são características.
A vida vale pelo que se lhe pode acrescentar de bom, de belo, de útil, sem a valorização demasiada do empenho para consegui-lo."
Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Psicologia da Gratidão
Solta-nos Barrabás
Artigo publicado no jornal Unificação - Ano XII - Janeiro/Fevereiro de 1965 - Números 142-143
Solta-nos Barrabás
“Mas toda a multidão clamou a uma, dizendo: Fora daqui com este, e solta-nos Barrabás. O qual fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio”.
(Lucas, 23, v. 18-19).
A escolha era entre Jesus – exemplo vivo de amor, de paz, de misericórdia e de justiça, que andava pelas províncias judaicas apregoando palavras de vida eterna, restaurando a vista aos cegos, limpando os leprosos, levantando paralíticos, fazendo falar aos mudos e afastando espíritos daninhos de criaturas possessas; e Barrabás – chefe de sedição e homicida.
Pilatos, cego em seu apego à posição de mando, conseguiu ver a cegueira do povo e tentou evitar a consumação de uma injusta escolha: “Mas que mal fez este? Não acho nele culpa alguma de morte”.
Mas, em grandes gritos a condenação de Jesus e a liberdade de Barrabás foram exigidas pelo povo, seguidas da escolha do gênero de morte: crucifica-o, crucifica-o.
Esse foi o epílogo de um grande drama e, nos dias atuais ainda afirmamos, a exemplo do que fizeram os fariseus: “Se tivéssemos vivido nos dias dos nossos pais não teríamos sido cúmplices na condenação de Jesus”.
Barrabás era a expressão de revolta e do crime; Jesus representava a virtude, a bondade e a fraternidade. Quase vinte séculos separam-nos do episódio do Calvário e, no entanto, parece que a escolha, se fosse processada na atualidade, não seria muito diferente.
Os maus exemplos dados diuturnamente por inúmeros cristãos – inveja, discórdia, revoltas, mentiras, vícios, crimes e guerras, são autênticas demonstrações de que Barrabás continua a ser preferido e Jesus preterido. Ainda existem mentores religiosos do mesmo tipo daqueles que insuflaram o povo diante do Pretório, coagindo Pilatos a condenar o Mestre, encastelado na intolerância e fazendo prevalecer inócuas tradições e doutrinas de homens.
Sem ramificação profunda nos Evangelhos não pode haver Cristianismo, e sem Cristianismo não pode haver amor e paz. O panorama contristador que nos apresenta o mundo de hoje, após quase vinte séculos de experiência cristã não é dos mais recomendáveis, mormente quando se considera ser o Cristianismo uma Doutrina de elevada perfeição e eficiência, impregnada, entretanto, de falhas oriundas de criaturas que não vigiaram suficientemente na tarefa de evitar a deturpação dos ensinamentos trazidos pelo Unigênito de Deus.
Os vinte séculos de disseminação da Doutrina Cristã, não conseguiram ainda fazer silenciar o eco daqueles estridentes gritos: “Solta-nos Barrabás”.
Ao Espiritismo está reservado o papel de restaurador das verdades reveladas por Jesus Cristo, cumprindo aos seguidores de Allan Kardec a tarefa árdua de destituir as palavras ensinadas por Jesus das interpretações negativas que tiveram no desenrolar dos tempos, apresentando-as coerentes com o dizer de Jesus: Eu sou a fonte de água-viva que jorra para a vida eterna.
Paulo Alves de Godoy
“Mas toda a multidão clamou a uma, dizendo: Fora daqui com este, e solta-nos Barrabás. O qual fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio”.
(Lucas, 23, v. 18-19).
A escolha era entre Jesus – exemplo vivo de amor, de paz, de misericórdia e de justiça, que andava pelas províncias judaicas apregoando palavras de vida eterna, restaurando a vista aos cegos, limpando os leprosos, levantando paralíticos, fazendo falar aos mudos e afastando espíritos daninhos de criaturas possessas; e Barrabás – chefe de sedição e homicida.
Pilatos, cego em seu apego à posição de mando, conseguiu ver a cegueira do povo e tentou evitar a consumação de uma injusta escolha: “Mas que mal fez este? Não acho nele culpa alguma de morte”.
Mas, em grandes gritos a condenação de Jesus e a liberdade de Barrabás foram exigidas pelo povo, seguidas da escolha do gênero de morte: crucifica-o, crucifica-o.
Esse foi o epílogo de um grande drama e, nos dias atuais ainda afirmamos, a exemplo do que fizeram os fariseus: “Se tivéssemos vivido nos dias dos nossos pais não teríamos sido cúmplices na condenação de Jesus”.
Barrabás era a expressão de revolta e do crime; Jesus representava a virtude, a bondade e a fraternidade. Quase vinte séculos separam-nos do episódio do Calvário e, no entanto, parece que a escolha, se fosse processada na atualidade, não seria muito diferente.
Os maus exemplos dados diuturnamente por inúmeros cristãos – inveja, discórdia, revoltas, mentiras, vícios, crimes e guerras, são autênticas demonstrações de que Barrabás continua a ser preferido e Jesus preterido. Ainda existem mentores religiosos do mesmo tipo daqueles que insuflaram o povo diante do Pretório, coagindo Pilatos a condenar o Mestre, encastelado na intolerância e fazendo prevalecer inócuas tradições e doutrinas de homens.
Sem ramificação profunda nos Evangelhos não pode haver Cristianismo, e sem Cristianismo não pode haver amor e paz. O panorama contristador que nos apresenta o mundo de hoje, após quase vinte séculos de experiência cristã não é dos mais recomendáveis, mormente quando se considera ser o Cristianismo uma Doutrina de elevada perfeição e eficiência, impregnada, entretanto, de falhas oriundas de criaturas que não vigiaram suficientemente na tarefa de evitar a deturpação dos ensinamentos trazidos pelo Unigênito de Deus.
Os vinte séculos de disseminação da Doutrina Cristã, não conseguiram ainda fazer silenciar o eco daqueles estridentes gritos: “Solta-nos Barrabás”.
Ao Espiritismo está reservado o papel de restaurador das verdades reveladas por Jesus Cristo, cumprindo aos seguidores de Allan Kardec a tarefa árdua de destituir as palavras ensinadas por Jesus das interpretações negativas que tiveram no desenrolar dos tempos, apresentando-as coerentes com o dizer de Jesus: Eu sou a fonte de água-viva que jorra para a vida eterna.
Paulo Alves de Godoy
Dois conceitos de honestidade
Autor: Deolindo Amorim – Artigo publicado no jornal “Unificação” – Ano XIII – Janeiro de 1966 – Número 154.
Comemorou-se
há pouco, em diversas sociedades espíritas, o centenário de mais uma
obra da Codificação de Allan Kardec: “O Céu e o Inferno”, publicada em
1865, na França. É um livro pouco lido e, por isso, pouco citado no
próprio meio espírita. Há, nele, entretanto, muita matéria doutrinária
para estudo e meditação. Quem tiver ocasião de ler, ou reler, por
exemplo, certas comunicações de espíritos desencarnados, verá que “O Céu
e o Inferno” é um livro de grande utilidade, também neste ponto,
justamente porque nos faz muitas advertências oportuníssimas para a vida
cotidiana. São espíritos que viveram neste mundo, sofreram, cometeram
os seus deslizes e, depois, vieram trazer o resultado de suas
experiências, através do elemento mediúnico.
Uma das comunicações que me parecem mais significativas e mais sérias pelo seu conteúdo moral é a do espírito de José Bré, desencarnado em 1840 e evocado por sua neta, em Bordéus, no ano de 1862. Esse espírito, ao chegar à vida espiritual, teve certa surpresa, sofreu pouco, exatamente porque, na Terra, era tido por muito honesto, mas verificou, naturalmente decepcionado consigo mesmo, que o conceito de honestidade, no mundo espiritual, nem sempre coincide com o que se pensa entre nós. É uma advertência grave e sempre atual, não há dúvida. O fato de um indivíduo ser um modelo de honestidade perante os homens, segundo os padrões e as convenções terrenas, não quer dizer, em todos os casos, que esse indivíduo já esteja completamente quite com a Justiça Divina. Foi o que se deu com o espírito de José Bré, quando se viu, depois, diante de problemas de consciência, problemas que a sociedade humana desconhecia, mas que apareceram, em toda a plenitude, quando o espírito enfrentou a dura realidade do “além-túmulo”, como se costuma dizer.
Sua neta, assim que começou o diálogo com o espírito do avô, estranhou que ele estivesse sofrendo e lhe fez a seguinte pergunta: “Não vivestes sempre honestamente?” O espírito dissera, momentos antes, que estava lamentando o fato de “não ter melhor aproveitado o tempo aí na Terra”. Tal declaração causou espanto à neta de Bré, pois todos os seus conhecidos consideravam o morto um homem irrepreensível, um homem exemplar em tudo por tudo. Esperava-se, portanto, que viesse dizer, do “outro lado da vida”, que estava muito bem, estava feliz. Mas o espírito respondeu de um modo franco, dizendo a coisa como realmente deve ser dita: há um abismo entre a honestidade perante os homens e a honestidade perante Deus. É uma verdade dura, mas precisa ser repetida aos quatro ventos, porque muita gente não pensa nisto, está iludida com os aplausos humanos. Convém reproduzir as palavras do espírito, pelo menos em parte.
Não basta, para ser honesto perante Deus, ter respeitado as leis dos homens; é preciso, antes de tudo, não haver transgredido as leis divinas. Honesto aos olhos de Deus será aquele, que possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso de seus semelhantes. Assim, o homem honesto, perante Deus, deve evitar cuidadoso as palavras mordazes, veneno oculto sob flores, que destrói reputações e acabrunha o homem, muitas vezes cobrindo-o de ridículo.
Bela e profunda lição!
O conceito de honestidade, segundo os costumes terrenos, vê a criatura humana apenas pelo lado exterior. Então, é honesto, para o mundo, todo aquele que está em dia com as suas contas, cumpre os seus deveres sociais, mantém a família, educa os filhos, paga impostos, etc., etc... Tudo isto, porém, são obrigações comezinhas. Ninguém pense que, pelo fato de cumprir todos os seus deveres humanos, que são deveres meramente rotineiros ou naturais, estão isento de prestar contas à consciência. É aí, precisamente, que está o conflito entre aquilo que se entende por honestidade, perante o mundo, e o que vem a ser a honestidade prevista nas Leis Divinas. São dois conceitos muito diferentes. O indivíduo pode ser muito bom cidadão, porque respeita as leis do Estado, atende a todas as exigências da sociedade em que vive, apresentando-se como exemplo de virtudes em sua vida exterior e, no entanto, não ser honesto em suas intenções, porque pensa mal, articula intriga e maldade, fere a reputação alheia, espalha insinuações infamantes, embora disfarçadas com palavras doces, aparentemente inocentes. Tudo isto compromete a consciência perante o julgamento divino. Mas o mundo não vê, nem pode ver os pensamentos ocultos, porque são inerentes à vida interior, que é um segredo indevassável. Enquanto isso, o indivíduo vai passando como honesto ou virtuoso, podendo, até, ser glorificado como santo aos olhos dos homens. Quando chega a hora da partida, quando se descerra o véu dos artifícios humanos, vem o julgamento da consciência, que é o nosso juiz implacável. Então, aquele que se iludira com os conceitos humanos, supondo que iria ter, no mundo espiritual, uma vida quase angelical, uma vida de felicidade completa, porque todos o tinham por honesto, vai sentir, diretamente, que a sua suposta honestidade, na Terra, de nada lhe vale, porque a Justiça Divina, que é onisciente e onipresente, não julga somente pelos atos exteriores, mas julga, antes de tudo, pelas intenções, pelos pensamentos mais ocultos, pelos sentimentos que alimentamos, embora saibamos encobri-los ou disfarçá-los na sociedade humana. O que vai pesar na balança, no fim de tudo, quando nos defrontamos com a realidade espiritual, não é o conceito de honestidade segundo os homens, mas o conceito de honestidade segundo a Justiça de Deus. É a lição, que nos fica, depois da leitura, bem meditada, de uma comunicação do teor moral e doutrinário daquela que foi dada, em Bordéus, pelo espírito de José Bré.
Uma das comunicações que me parecem mais significativas e mais sérias pelo seu conteúdo moral é a do espírito de José Bré, desencarnado em 1840 e evocado por sua neta, em Bordéus, no ano de 1862. Esse espírito, ao chegar à vida espiritual, teve certa surpresa, sofreu pouco, exatamente porque, na Terra, era tido por muito honesto, mas verificou, naturalmente decepcionado consigo mesmo, que o conceito de honestidade, no mundo espiritual, nem sempre coincide com o que se pensa entre nós. É uma advertência grave e sempre atual, não há dúvida. O fato de um indivíduo ser um modelo de honestidade perante os homens, segundo os padrões e as convenções terrenas, não quer dizer, em todos os casos, que esse indivíduo já esteja completamente quite com a Justiça Divina. Foi o que se deu com o espírito de José Bré, quando se viu, depois, diante de problemas de consciência, problemas que a sociedade humana desconhecia, mas que apareceram, em toda a plenitude, quando o espírito enfrentou a dura realidade do “além-túmulo”, como se costuma dizer.
Sua neta, assim que começou o diálogo com o espírito do avô, estranhou que ele estivesse sofrendo e lhe fez a seguinte pergunta: “Não vivestes sempre honestamente?” O espírito dissera, momentos antes, que estava lamentando o fato de “não ter melhor aproveitado o tempo aí na Terra”. Tal declaração causou espanto à neta de Bré, pois todos os seus conhecidos consideravam o morto um homem irrepreensível, um homem exemplar em tudo por tudo. Esperava-se, portanto, que viesse dizer, do “outro lado da vida”, que estava muito bem, estava feliz. Mas o espírito respondeu de um modo franco, dizendo a coisa como realmente deve ser dita: há um abismo entre a honestidade perante os homens e a honestidade perante Deus. É uma verdade dura, mas precisa ser repetida aos quatro ventos, porque muita gente não pensa nisto, está iludida com os aplausos humanos. Convém reproduzir as palavras do espírito, pelo menos em parte.
Não basta, para ser honesto perante Deus, ter respeitado as leis dos homens; é preciso, antes de tudo, não haver transgredido as leis divinas. Honesto aos olhos de Deus será aquele, que possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso de seus semelhantes. Assim, o homem honesto, perante Deus, deve evitar cuidadoso as palavras mordazes, veneno oculto sob flores, que destrói reputações e acabrunha o homem, muitas vezes cobrindo-o de ridículo.
Bela e profunda lição!
O conceito de honestidade, segundo os costumes terrenos, vê a criatura humana apenas pelo lado exterior. Então, é honesto, para o mundo, todo aquele que está em dia com as suas contas, cumpre os seus deveres sociais, mantém a família, educa os filhos, paga impostos, etc., etc... Tudo isto, porém, são obrigações comezinhas. Ninguém pense que, pelo fato de cumprir todos os seus deveres humanos, que são deveres meramente rotineiros ou naturais, estão isento de prestar contas à consciência. É aí, precisamente, que está o conflito entre aquilo que se entende por honestidade, perante o mundo, e o que vem a ser a honestidade prevista nas Leis Divinas. São dois conceitos muito diferentes. O indivíduo pode ser muito bom cidadão, porque respeita as leis do Estado, atende a todas as exigências da sociedade em que vive, apresentando-se como exemplo de virtudes em sua vida exterior e, no entanto, não ser honesto em suas intenções, porque pensa mal, articula intriga e maldade, fere a reputação alheia, espalha insinuações infamantes, embora disfarçadas com palavras doces, aparentemente inocentes. Tudo isto compromete a consciência perante o julgamento divino. Mas o mundo não vê, nem pode ver os pensamentos ocultos, porque são inerentes à vida interior, que é um segredo indevassável. Enquanto isso, o indivíduo vai passando como honesto ou virtuoso, podendo, até, ser glorificado como santo aos olhos dos homens. Quando chega a hora da partida, quando se descerra o véu dos artifícios humanos, vem o julgamento da consciência, que é o nosso juiz implacável. Então, aquele que se iludira com os conceitos humanos, supondo que iria ter, no mundo espiritual, uma vida quase angelical, uma vida de felicidade completa, porque todos o tinham por honesto, vai sentir, diretamente, que a sua suposta honestidade, na Terra, de nada lhe vale, porque a Justiça Divina, que é onisciente e onipresente, não julga somente pelos atos exteriores, mas julga, antes de tudo, pelas intenções, pelos pensamentos mais ocultos, pelos sentimentos que alimentamos, embora saibamos encobri-los ou disfarçá-los na sociedade humana. O que vai pesar na balança, no fim de tudo, quando nos defrontamos com a realidade espiritual, não é o conceito de honestidade segundo os homens, mas o conceito de honestidade segundo a Justiça de Deus. É a lição, que nos fica, depois da leitura, bem meditada, de uma comunicação do teor moral e doutrinário daquela que foi dada, em Bordéus, pelo espírito de José Bré.
Amor filial
Por CLARA LILA GONZALEZ DE ARAÚJO
Revista o Reformador de Maio de 2009
“Sabeis os mandamentos: não cometereis adultério; não matareis; não roubareis;
não prestareis falso testemunho; não fareis agravo a ninguém; honrai a vosso
pai e a vossa mãe.” (S. Marcos, 10:19; S. Lucas, 18:20; S. Mateus, 18-19).1
A passagem acima registra o encontro de Jesus com Efraim,(2) homem de muitas posses, morador de Jerusalém, que lhe indaga sobre o que fazer para herdar a vida eterna (Mateus, 19:16; Marcos, 10:17; Lucas, 18:18).
O próspero negociante, porém, não compreendeu os ensinamentos que lhes foram transmitidos
pelo Mestre e afastou-se receoso de perder seus bens materiais; o mancebo rico não soube interpretar,
claramente, a mensagem cristã:
a capacidade de amar o próximo é o verdadeiro tesouro a conquistar.
Para se alcançar a perfeição é preciso ser devotado às criaturas e todas as ações devem ter por móvel
a caridade, feita com sinceridade de coração, porquanto penosos sacrifícios e renúncias poderão ser
exigidos daqueles que assim agem.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 1, esses versículos fundamentam a reflexão
sobre quão imprescindível é o amor filial em nossas vidas e estimulam- -nos a cultivar a estima para com os
pais, de modo ainda mais rigoroso, cercando-os de carinhos e cuidados, principalmente na velhice:
O mandamento: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe” é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que não ama a seu pai e a sua mãe; mas, o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Quis Deus mostrar por essa forma que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência [...](3)
Allan Kardec, no referido capítulo, item 3, ressalta o descaso de certas pessoas para com os seus genitores,
negando-lhes as solicitudes necessárias ao seu conforto e consolo, e afirma categórico:
Ai, pois, daquele que olvida o que deve aos que o ampararam em sua fraqueza [...] será
punido com a ingratidão e o abandono [...](3)
Ao reencarnar, vinculamo-nos aos laços familiares que entretecemos para nós próprios, na linha
mental que caracteriza as nossas tendências, afinados, igualmente, nas atitudes e inclinações para com
todos aqueles que permanecem na mesma conjunção de débitos.
A organização do núcleo familiar tem sua origem na esfera espiritual e proporciona aos seres que
reencarnam a realização de ações conjuntas e construtivas, revigorando os elos de amor entre a parentela.
Todavia, no âmago dessas experiências, afloram ódios e ressentimentos do pretérito obscuro,
exigindo inauditos esforços dos familiares para superação desses sentimentos, hauridos do passado
distante. Certos filhos agem de forma inadequada em face das dificuldades que encontram no ambiente
doméstico, transformando-se em motivos de excessivas discórdias e aflições junto daqueles que os
acolheram no meio familiar.O problema pode ser descrito em poucas palavras: os pais, em sua maioria,
se sentem sempre comprometidos em cuidar dos filhos e estes tendem, naturalmente, a libertar-se deles.
O Espírito Emmanuel faz elucidativa análise sobre esses vínculos:
Temos assim, no grupo doméstico, os laços de elevação e alegria que já conseguimos tecer,
por intermédio do amor louvavelmente vivido, mas também as algemas de constrangimento e aversão, nas quais recolhemos, de volta, os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino
e que necessitamos desfazer, à custa de trabalho e sacrifício, paciência e humildade, recursos novos com que faremos nova produção de reflexos espirituais, suscetíveis de anular os efeitos de nossa conduta anterior, conturbada e infeliz.(4).
Mesmo variando, entre os pais, a maneira de expressar afeição na dedicação e cuidados demonstrados
aos filhos, todos se preocupam em dar-lhes atenção, o que torna essas vivências familiares enriquecidas
e caracterizadas pelo amor que os interligam e lhes permitem construir um mundo completo de experiências vitais para suas almas em reajuste. No entanto, os embaraços que podem ocorrer na criação dos filhos são previsíveis; se os pais se adaptam mal às exigências de sua função é, sem dúvida, porque encontraram no curso de sua evolução moral obstáculos que não conseguiram superar por
não terem firme a vontade. Assevera Kardec:
Alguns pais, é certo, descuram de seus deveres e não são para os filhos o que deviam ser; mas,
a Deus é que compete puni-los e não a seus filhos. Não compete a estes censurá-los, porque talvez
hajam merecido que aqueles fossem quais se mostram.[...](5)
Muitos se afastam dos pais na velhice e não zelam por eles com a devida consideração; expressam sentimentos de ingratidão sem reconhecer os sacrifícios que se impuseram para que os filhos tivessem comodidades e bem-estar.
Geralmente, sem assistência, os genitores idosos tornam-se pessoas enfermas e amarguradas;
processos degenerativos, como mal de Alzheimer, mal de Parkinson, distrofia muscular, câncer,
diabetes e outros, surgem, para alguns, no momento próprio da vida material, como impositivo
da necessidade de reabilitação do Espírito. Se os familiares, com paciência, abnegação e devotamento, não ajudarem o enfermo a sentir-se amparado nessa fase de grande testemunho, como contribuir para iluminação de todos os envolvidos na prova em curso?
Em nota à questão 917, de O Livro dos Espíritos, o insigne Codificador observa:
O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade o é de todas as virtudes.Destruir um e
desenvolver a outra, tal deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se quiser assegurar a
sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.(6).
O amor verdadeiro é uma demonstração afetuosa por quem devemos ter cuidado, respeito, responsabilidade e conhecimento de suas necessidades especiais. De acordo com Erich Fromm (1900-
-1980), um dos principais psicanalistas do século XX, [...] a satisfação no amor individual não pode ser atingida sem a capacidade de amar ao próximo, sem verdadeira humildade, coragem, fé e disciplina.(7)
Essa afirmação segue o princípio do amor amadurecido: sou amado porque amo, e não do amor
imaturo: amo porque sou amado(.8)
O amor deve ser ativo de forma a promover o desenvolvimento e a felicidade da pessoa amada; ela necessita do convívio dos outros para a amplitude de suas aptidões, para utilizar seus poderes mentais, emocionais e sensoriais, para compreender as potencialidades que lhe são inerentes, conforme as condições existenciais, principalmente as do núcleo doméstico, permitindo-lhe desenvolver essas capacidades ao máximo, desde que estimulada para isso. Estar apto a exercitar a razão e a praticar o amor, a se tornar um
ser produtivo e a considerar a vida uma bênção. Por esse motivo, os laços de família, na orientação dos Espíritos superiores, não são simples elos estabelecidos pelos costumes sociais, mas tornam-se necessários ao progresso de cada um; o resultado do relaxamento desses laços seria uma intensificação do egoísmo.(9)
Por outro lado, alguns filhos apegam-se aos pais com o intuito de obrigá-los [...] a comprar caro o que lhes
resta a viver, descarregando sobre eles o peso do governo da casa! Será então aos pais velhos
e fracos que cabe servir a filhos jovens e fortes?(10)
Alertam os benfeitores espirituais que existem indivíduos que agridem com certa frequência “os pais e buscam escravizá-los, como se os progenitores lhes constituíssem alimárias domésticas”.(11)
Reflitamos no bem a fazer por aqueles que nos permitiram retornar ao corpo de carne ou que
se transformaram em pais e mães substitutos; se nos omitirmos é possível que percamos a oportunidade
de auxiliá-los antes de partirem para o Além. Deixemos para depois, ao desencarnar, o entendimento
claro sobre os vínculos familiares que perduram em nossa existência, comungando fraternalmente com esses seres as mesmas experiências domésticas. É impossível, de imediato, compreendermos a trama do destino que a lei de ação e reação nos reservou e as circunstâncias que determinaram o retorno à Terra, junto deles. Sigamos a exortação de Jesus, que nos orienta a amar bastante, para sermos amados, principalmente aos pais que merecem particular deferência e afeto ilimitado e, ao lado deles, vivenciar situações que edificam a
sabedoria no amor filial.
Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
25. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2008.
Cap. 14, item 1.
2XAVIER, Francisco C. Contos desta e doutra
vida. Pelo Espírito Irmão X. 2. ed. 1.
reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 34.
3KARDEC, Allan. Op. cit., cap. 14, item 3.
4XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida.
Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2008. Cap. 12, p. 56.
5KARDEC, Allan. Op. cit., cap. 14, item 3.
6______. O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 91. ed. 1. reimp. Rio de
Janeiro: FEB, 2008. Q. 917.
7FROMM, Erich. A arte de amar. Tradução
de Milton Amado. Belo Horizonte: Editora
Itatiaia, 1995. Preâmbulo, p. 7.
8______.______. Amor entre pais e filhos,
p. 52-60.
9KARDEC, Allan. Op. cit., q. 775.
10______. O evangelho segundo o espiritismo.
Tradução de Guillon Ribeiro. 25. ed.
de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap.
14, item 3.
11XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo
Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2008. Cap. 18, p. 94.
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Revista o Reformador de Maio de 2009
“Sabeis os mandamentos: não cometereis adultério; não matareis; não roubareis;
não prestareis falso testemunho; não fareis agravo a ninguém; honrai a vosso
pai e a vossa mãe.” (S. Marcos, 10:19; S. Lucas, 18:20; S. Mateus, 18-19).1
A passagem acima registra o encontro de Jesus com Efraim,(2) homem de muitas posses, morador de Jerusalém, que lhe indaga sobre o que fazer para herdar a vida eterna (Mateus, 19:16; Marcos, 10:17; Lucas, 18:18).
O próspero negociante, porém, não compreendeu os ensinamentos que lhes foram transmitidos
pelo Mestre e afastou-se receoso de perder seus bens materiais; o mancebo rico não soube interpretar,
claramente, a mensagem cristã:
a capacidade de amar o próximo é o verdadeiro tesouro a conquistar.
Para se alcançar a perfeição é preciso ser devotado às criaturas e todas as ações devem ter por móvel
a caridade, feita com sinceridade de coração, porquanto penosos sacrifícios e renúncias poderão ser
exigidos daqueles que assim agem.
Em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIV, item 1, esses versículos fundamentam a reflexão
sobre quão imprescindível é o amor filial em nossas vidas e estimulam- -nos a cultivar a estima para com os
pais, de modo ainda mais rigoroso, cercando-os de carinhos e cuidados, principalmente na velhice:
O mandamento: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe” é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que não ama a seu pai e a sua mãe; mas, o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Quis Deus mostrar por essa forma que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência [...](3)
Allan Kardec, no referido capítulo, item 3, ressalta o descaso de certas pessoas para com os seus genitores,
negando-lhes as solicitudes necessárias ao seu conforto e consolo, e afirma categórico:
Ai, pois, daquele que olvida o que deve aos que o ampararam em sua fraqueza [...] será
punido com a ingratidão e o abandono [...](3)
Ao reencarnar, vinculamo-nos aos laços familiares que entretecemos para nós próprios, na linha
mental que caracteriza as nossas tendências, afinados, igualmente, nas atitudes e inclinações para com
todos aqueles que permanecem na mesma conjunção de débitos.
A organização do núcleo familiar tem sua origem na esfera espiritual e proporciona aos seres que
reencarnam a realização de ações conjuntas e construtivas, revigorando os elos de amor entre a parentela.
Todavia, no âmago dessas experiências, afloram ódios e ressentimentos do pretérito obscuro,
exigindo inauditos esforços dos familiares para superação desses sentimentos, hauridos do passado
distante. Certos filhos agem de forma inadequada em face das dificuldades que encontram no ambiente
doméstico, transformando-se em motivos de excessivas discórdias e aflições junto daqueles que os
acolheram no meio familiar.O problema pode ser descrito em poucas palavras: os pais, em sua maioria,
se sentem sempre comprometidos em cuidar dos filhos e estes tendem, naturalmente, a libertar-se deles.
O Espírito Emmanuel faz elucidativa análise sobre esses vínculos:
Temos assim, no grupo doméstico, os laços de elevação e alegria que já conseguimos tecer,
por intermédio do amor louvavelmente vivido, mas também as algemas de constrangimento e aversão, nas quais recolhemos, de volta, os clichês inquietantes que nós mesmos plasmamos na memória do destino
e que necessitamos desfazer, à custa de trabalho e sacrifício, paciência e humildade, recursos novos com que faremos nova produção de reflexos espirituais, suscetíveis de anular os efeitos de nossa conduta anterior, conturbada e infeliz.(4).
Mesmo variando, entre os pais, a maneira de expressar afeição na dedicação e cuidados demonstrados
aos filhos, todos se preocupam em dar-lhes atenção, o que torna essas vivências familiares enriquecidas
e caracterizadas pelo amor que os interligam e lhes permitem construir um mundo completo de experiências vitais para suas almas em reajuste. No entanto, os embaraços que podem ocorrer na criação dos filhos são previsíveis; se os pais se adaptam mal às exigências de sua função é, sem dúvida, porque encontraram no curso de sua evolução moral obstáculos que não conseguiram superar por
não terem firme a vontade. Assevera Kardec:
Alguns pais, é certo, descuram de seus deveres e não são para os filhos o que deviam ser; mas,
a Deus é que compete puni-los e não a seus filhos. Não compete a estes censurá-los, porque talvez
hajam merecido que aqueles fossem quais se mostram.[...](5)
Muitos se afastam dos pais na velhice e não zelam por eles com a devida consideração; expressam sentimentos de ingratidão sem reconhecer os sacrifícios que se impuseram para que os filhos tivessem comodidades e bem-estar.
Geralmente, sem assistência, os genitores idosos tornam-se pessoas enfermas e amarguradas;
processos degenerativos, como mal de Alzheimer, mal de Parkinson, distrofia muscular, câncer,
diabetes e outros, surgem, para alguns, no momento próprio da vida material, como impositivo
da necessidade de reabilitação do Espírito. Se os familiares, com paciência, abnegação e devotamento, não ajudarem o enfermo a sentir-se amparado nessa fase de grande testemunho, como contribuir para iluminação de todos os envolvidos na prova em curso?
Em nota à questão 917, de O Livro dos Espíritos, o insigne Codificador observa:
O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade o é de todas as virtudes.Destruir um e
desenvolver a outra, tal deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se quiser assegurar a
sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.(6).
O amor verdadeiro é uma demonstração afetuosa por quem devemos ter cuidado, respeito, responsabilidade e conhecimento de suas necessidades especiais. De acordo com Erich Fromm (1900-
-1980), um dos principais psicanalistas do século XX, [...] a satisfação no amor individual não pode ser atingida sem a capacidade de amar ao próximo, sem verdadeira humildade, coragem, fé e disciplina.(7)
Essa afirmação segue o princípio do amor amadurecido: sou amado porque amo, e não do amor
imaturo: amo porque sou amado(.8)
O amor deve ser ativo de forma a promover o desenvolvimento e a felicidade da pessoa amada; ela necessita do convívio dos outros para a amplitude de suas aptidões, para utilizar seus poderes mentais, emocionais e sensoriais, para compreender as potencialidades que lhe são inerentes, conforme as condições existenciais, principalmente as do núcleo doméstico, permitindo-lhe desenvolver essas capacidades ao máximo, desde que estimulada para isso. Estar apto a exercitar a razão e a praticar o amor, a se tornar um
ser produtivo e a considerar a vida uma bênção. Por esse motivo, os laços de família, na orientação dos Espíritos superiores, não são simples elos estabelecidos pelos costumes sociais, mas tornam-se necessários ao progresso de cada um; o resultado do relaxamento desses laços seria uma intensificação do egoísmo.(9)
Por outro lado, alguns filhos apegam-se aos pais com o intuito de obrigá-los [...] a comprar caro o que lhes
resta a viver, descarregando sobre eles o peso do governo da casa! Será então aos pais velhos
e fracos que cabe servir a filhos jovens e fortes?(10)
Alertam os benfeitores espirituais que existem indivíduos que agridem com certa frequência “os pais e buscam escravizá-los, como se os progenitores lhes constituíssem alimárias domésticas”.(11)
Reflitamos no bem a fazer por aqueles que nos permitiram retornar ao corpo de carne ou que
se transformaram em pais e mães substitutos; se nos omitirmos é possível que percamos a oportunidade
de auxiliá-los antes de partirem para o Além. Deixemos para depois, ao desencarnar, o entendimento
claro sobre os vínculos familiares que perduram em nossa existência, comungando fraternalmente com esses seres as mesmas experiências domésticas. É impossível, de imediato, compreendermos a trama do destino que a lei de ação e reação nos reservou e as circunstâncias que determinaram o retorno à Terra, junto deles. Sigamos a exortação de Jesus, que nos orienta a amar bastante, para sermos amados, principalmente aos pais que merecem particular deferência e afeto ilimitado e, ao lado deles, vivenciar situações que edificam a
sabedoria no amor filial.
Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
25. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2008.
Cap. 14, item 1.
2XAVIER, Francisco C. Contos desta e doutra
vida. Pelo Espírito Irmão X. 2. ed. 1.
reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 34.
3KARDEC, Allan. Op. cit., cap. 14, item 3.
4XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida.
Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2008. Cap. 12, p. 56.
5KARDEC, Allan. Op. cit., cap. 14, item 3.
6______. O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 91. ed. 1. reimp. Rio de
Janeiro: FEB, 2008. Q. 917.
7FROMM, Erich. A arte de amar. Tradução
de Milton Amado. Belo Horizonte: Editora
Itatiaia, 1995. Preâmbulo, p. 7.
8______.______. Amor entre pais e filhos,
p. 52-60.
9KARDEC, Allan. Op. cit., q. 775.
10______. O evangelho segundo o espiritismo.
Tradução de Guillon Ribeiro. 25. ed.
de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap.
14, item 3.
11XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo
Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2008. Cap. 18, p. 94.
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sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Falar com amor
Aylton Paiva
“Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios?
Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar,
porque será faltar com a caridade. Se o fizer, para tirar daí proveito,
para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade.
Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os defeitos
de outrem é uma das virtudes contidas na caridade.”
(Questão 903 de O Livro dos Espíritos.)
“Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito
de repreender o seu próximo?
Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto
cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo,
daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis
fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais
das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão
é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja
cumprido com todo o cuidado possível.” (O Evangelho segundo
o Espiritismo, cap. X – Bem-aventurados os que são misericordiosos,
item 19.)
Em nossa vida social, que envolve os ambientes familiar e profissional, grupo religioso,
momentos de lazer, temos que conviver necessariamente com o próximo.
Jesus nos mandou amar o próximo como a nós mesmos, porém como amaremos o próximo quando ele fala ou tem comportamento que achamos não estar correto, quando analisados pelo princípio do direito e dever a que todos estamos submetidos? Simplesmente silenciar,
omitir-se, ainda que as suas palavras ou conduta possam prejudicar o outro?
Observamos, então, que amar o próximo estabelece ações concretas para que possamos ajudá-lo, tanto quanto a nós mesmos.
É necessário saber analisar e exercitar a crítica, e não a maledicência, para amorosamente falar com a pessoa, de forma construtiva.
Nesses momentos em que devemos exercitar a crítica, a Doutrina Espírita e a Psicologia trazem- -nos orientações oportunas a fim de que a nossa ação verdadeiramente
construa algo de bom e útil para o outro e também para nós.
Com base em onze itens extraídos de um estudo de Psicologia sobre habilidades sociais cristãs (referência ao final), podemos associar princípios espíritas a todas as situações em que a crítica for pertinente ou necessária.
Então, tendo em vista o conhecimento do Espiritismo e o conhecimento da Psicologia com
relação à crítica, deve-se, ao FAZER:
1. Dirigir-se diretamente à pessoa.
A análise e as observações que precisamos fazer a respeito de alguém devem ser feitas diretamente a ela, pelo respeito e consideração para com essa pessoa.
Fazer comentários sobre uma pessoa com outra é, na maioria das vezes, dar ensejo à maledicência e cair na famosa “fofoca”, ou seja, comentário que não deseja oferecer algo
positivo ao outro, mas denegri- -lo, rebaixá-lo numa tentativa de, falsamente, elevar a própria personalidade.
2. Referir-se ao comportamento e não à pessoa.
Quando se analisa e se faz uma crítica sobre o erro de uma pessoa, deveremos apontar o erro no seu comportamento e não fazer um julgamento negativo sobre ela.
3. Escolher a ocasião adequada.
Para que uma crítica seja bem recebida é necessário que a pessoa a quem iremos fazê-la seja respeitada.
Precisamos analisar se a ocasião é a melhor. Se não há alguém por perto, a quem não interessa o que vamos dizer. Se a pessoa já não está com o estado emocional alterado por outros problemas ou questões íntimas.
4. Controlar a emoção.
Crítica não é desabafo.
Por mais que a conduta da pessoa ou o erro que ela cometeu tenha produzido em nós algo de ruim, desde a irritação até a raiva, ao nos diri-girmos a ela precisamos ter sob controle
as nossas emoções, porque ninguém constrói nada de produtivo agredindo, ao utilizar-se da crítica.
5. Evitar produzir desconforto excessivo no interlocutor.
Se efetivamente queremos usar a crítica como forma positiva de ajudar, melhorar, aperfeiçoar o outro, deveremos não só ter o controle das emoções, como, também, usar
as palavras de forma adequada para esclarecer e orientar.
6. Ao fazer a crítica, apresentar um aspecto positivo e, em seguida, falar do comportamento inadequado.
Ao final, referir-se a outro comportamento adequado da pessoa.
É muito difícil receber uma crítica com tranqüilidade, por isso, comecemos apresentando à pessoa algo que ela tenha de bom, falando de forma autêntica e verdadeira; em seguida apresentemos a crítica.
Quando necessário, para amenizar o impacto emocional produzido, comentemos algo positivo que a pessoa também tem. Ela se tornará mais receptiva à análise feita.
7. Ao falar, ser claro e sucinto.
Quando fizermos a crítica, deveremos falar com clareza, com tranqüilidade e prender-nos estritamente ao que necessariamente tenha que ser dito naquele instante.
Ficar com circunlóquios e repetições desnecessárias acaba por irritar o interlocutor, bloqueando a sua possível receptividade.
8. Evitar estilo professoral e moralista.
Ao fazer uma crítica nunca deveremos posicionar-nos como se falássemos de cátedra ou com pretensa superioridade moral ou espiritual.
Considerando-se o erro como elemento inerente às nossas experiências
de aprendizagem, ao fazer a crítica não deveremos assumir uma postura de quem não erra nunca e já se sente como um ser perfeito.
Esse comportamento gera uma postura por parte da outra pessoa de defensibilidade e de bloqueio; ainda que a crítica seja procedente ela, mentalmente, já terá assumido
um estado mental e emocional de impermeabilidade.
9. Dar oportunidade ao outro para se justificar.
O grande avanço nas normas do Direito que regem a elaboração das leis, principalmente na área da punibilidade, foi o estabelecimento do princípio do contraditório.
Ninguém pode ser condenado se não tiver o direito de responder às acusações que lhe são imputadas, ou seja, o inarredável direito de defesa.
Da mesma forma, no relacionamento comum, quando surge um fato em que alguém é criticado, ele tem o direito de se justificar e deve ser-lhe dada a oportunidade para tal.
Se a sua argumentação justifica ou não a ocorrência, dependerá de nova
análise, podendo ser acolhida ou não.
10. Não permitir atitudes subservientes.
Como há aquelas pessoas que ao serem criticadas, no sentido de apontar-lhes erros, se irritam ou se enraivecem partindo para o ataque a fim de se defender, outras assumem
um comportamento de subserviência, ou seja, de se rebaixar, desconsiderando-se.
Adotam uma postura de “coitadinho inferior”
É preciso mostrar à pessoa o erro cometido e que se deseja apenas a sua reparação, sem que isso fira a sua dignidade e a sua auto-estima.
Às vezes esse comportamento revela uma compreensão autêntica da sua falha, mas exagerado quanto à autocrítica, outras vezes, porém,pode manifestar uma manobra para
escusar-se de encarar os próprios erros.
11. Manter contato visual sem ser intimidatório.
Ao dialogarmos com a pessoa a qual fazemos a crítica, mantenhamos
contato visual com ela, sem que ele seja intimidatório ou que a
nossa postura revele uma pretensa superioridade.
Que esse contato visual expresse compreensão, clareza e firmeza respeitosa para com a pessoa a quem estamos expressando a nossa crítica.
Finalmente, ao adotarmos o comportamento de fazer a crítica de maneira construtiva e educativa, estaremos atendendo à orientação do Mestre Jesus: “Fazei aos homens
tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a
lei e os profetas.” (Mateus, 7:12.)
“Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem.”
(Lucas, 6:31.)
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1. ed.
especial. Rio de Janeiro: FEB, Parte Terceira,
cap. XII, 2005.
_____. O Evangelho segundo o Espiritismo,
3. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, cap. X,
2005.
PRETTE, Almir e Zilda. Habilidades Sociais
Cristãs, 1. ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,
2003.
Revista o Reformador-Ano 2005-outubro
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Reforma Moral
Editorial
Na questão 895 de O Livro dos Espíritos, no capítulo que trata da Perfeição Moral, Allan Kardec
indaga: “Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar, qual o
sinal mais característico da imperfeição?” Ao que os Espíritos Superiores respondem: “O interesse
pessoal. (...) O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se
aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, ao
contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro.”
Dependendo do ponto de vista que tem a respeito da própria vida, o homem pode tomar atitudes
diversas: se tem dúvidas com relação à sua condição de Espírito imortal, que continuará a existir e a progredirdepois da morte do corpo físico, ele se apega aos valores materiais, que são temporários; se, ao contrário,está convicto da sua imortalidade, ele administrará os bens materiais como quem está com a responsabilidadede cuidar de algo por tempo determinado, findo o qual deixará na matéria o que é da
matéria, prestando contas da sua administração, e conquistando valores espirituais, estes sim permanentes,
que decorrem do respeito e do amor ao próximo que pratica.
O excessivo apego às coisas materiais leva o homem ao cultivo do orgulho e do egoísmo e, por conseqüência,a toda desagregação social que ambos provocam. E quando isto ocorre, esse homem busca, inquieto,soluções as mais diversas, apelando para reformas sociais, reformas econômicas ou reformas políticas,muito válidas, sem dúvida, mas que por si não são suficientes para eliminar suas angústias.
Uma única reforma, se faz necessária, que está na base de todas as demais: é a reforma moral do ser
humano, a qual consiste em substituir o orgulho pela humildade e o egoísmo pela fraternidade. Esta reforma
será sempre mais consistente quanto mais convicto estiver o ser humano de sua imortalidade.
Com esta transformação moral constrói-se uma paz duradoura para toda a Humanidade, evita-se a
guerra entre seres e nações, elimina-se a miséria e a ignorância no mundo e distribuem-se com equanimidade
os valores econômicos entre todos os seus habitantes. Isto porque não se pode pretender uma
sociedade justa constituída por seres injustos, nem, tampouco, uma sociedade fraterna e solidária constituída
por seres violentos.
Analisando as conseqüências decorrentes da convicção que a Doutrina Espírita nos traz – de que somos
Espíritos imortais em constante processo de evolução; já existíamos antes de nascer e vamos continuar
a existir depois da morte do corpo físico; temos um claro objetivo a alcançar que é o nosso aprimoramento
intelectual e moral, como Espírito encarnado ou desencarnado –, Allan Kardec não teve
dúvidas em afirmar: “O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade,
na sua maior pureza.” (O Livro dos Espíritos, q. 918; O Evangelho segundo o Espiritismo,
cap. XVII, item 3.)
E Jesus, depois de nos alertar para não andarmos muito cuidadosos com as coisas da matéria, já nos
ensinava no seu Evangelho: “Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça e todas essas coisas
vos serão dadas de acréscimo.” (Mateus, 6:33.)
Revista o Reformador Ano 2005 -Outubro
Na questão 895 de O Livro dos Espíritos, no capítulo que trata da Perfeição Moral, Allan Kardec
indaga: “Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar, qual o
sinal mais característico da imperfeição?” Ao que os Espíritos Superiores respondem: “O interesse
pessoal. (...) O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se
aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, ao
contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro.”
Dependendo do ponto de vista que tem a respeito da própria vida, o homem pode tomar atitudes
diversas: se tem dúvidas com relação à sua condição de Espírito imortal, que continuará a existir e a progredirdepois da morte do corpo físico, ele se apega aos valores materiais, que são temporários; se, ao contrário,está convicto da sua imortalidade, ele administrará os bens materiais como quem está com a responsabilidadede cuidar de algo por tempo determinado, findo o qual deixará na matéria o que é da
matéria, prestando contas da sua administração, e conquistando valores espirituais, estes sim permanentes,
que decorrem do respeito e do amor ao próximo que pratica.
O excessivo apego às coisas materiais leva o homem ao cultivo do orgulho e do egoísmo e, por conseqüência,a toda desagregação social que ambos provocam. E quando isto ocorre, esse homem busca, inquieto,soluções as mais diversas, apelando para reformas sociais, reformas econômicas ou reformas políticas,muito válidas, sem dúvida, mas que por si não são suficientes para eliminar suas angústias.
Uma única reforma, se faz necessária, que está na base de todas as demais: é a reforma moral do ser
humano, a qual consiste em substituir o orgulho pela humildade e o egoísmo pela fraternidade. Esta reforma
será sempre mais consistente quanto mais convicto estiver o ser humano de sua imortalidade.
Com esta transformação moral constrói-se uma paz duradoura para toda a Humanidade, evita-se a
guerra entre seres e nações, elimina-se a miséria e a ignorância no mundo e distribuem-se com equanimidade
os valores econômicos entre todos os seus habitantes. Isto porque não se pode pretender uma
sociedade justa constituída por seres injustos, nem, tampouco, uma sociedade fraterna e solidária constituída
por seres violentos.
Analisando as conseqüências decorrentes da convicção que a Doutrina Espírita nos traz – de que somos
Espíritos imortais em constante processo de evolução; já existíamos antes de nascer e vamos continuar
a existir depois da morte do corpo físico; temos um claro objetivo a alcançar que é o nosso aprimoramento
intelectual e moral, como Espírito encarnado ou desencarnado –, Allan Kardec não teve
dúvidas em afirmar: “O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade,
na sua maior pureza.” (O Livro dos Espíritos, q. 918; O Evangelho segundo o Espiritismo,
cap. XVII, item 3.)
E Jesus, depois de nos alertar para não andarmos muito cuidadosos com as coisas da matéria, já nos
ensinava no seu Evangelho: “Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça e todas essas coisas
vos serão dadas de acréscimo.” (Mateus, 6:33.)
Revista o Reformador Ano 2005 -Outubro
A Mesa e o Pão
Kardec explicou o problema da mesa nas sessões
espíritas com a sua habitual naturalidade: é o móvel mais cômodo para sentarmos
ao seu redor. Afastava assim qualquer resquício de misticismo e magia, de rito
e sacramento no ato mediúnico. Não obstante, há quem considere esse ato
puramente místico e mágico, lembrando a evocação e a prece. Não nos sentamos em
torno da mesa apenas para conversar ou escrever, mas também para nos
alimentarmos. A alimentação que tomamos na mesa espírita não é material, mas
espiritual. A evocação não é um rito, mas um convite. Antes de sentar à mesa os
convites já foram feitos, pois basta pensarmos num espírito para o evocarmos.
Ele atende ou não ao nosso convite, pois é livre e não está submetido a nenhum
poder humano. Mas o pão que pomos sobre a mesa é o pão espiritual da prece, que
será partido e servido na hora da doutrinação.
Conta-nos o Evangelho de Lucas o episódio comovente dos
discípulos na estrada de Emaús. Após a ressurreição de Jesus, Cleófas e um
companheiro seguiam, ao entardecer, para essa aldeia, afastando-se do cenário
angustiado de Jerusalém. Um estranho os alcançou e acompanhou, conversando
sobre a morte e a ressurreição de Jesus. Pararam numa estalagem para
alimentar-se. Sentaram-se à mesa com aquele estranho. Mas, no momento em que
ele partiu o pão, os discípulos o conheceram: era o Mestre ressuscitado. Mas
logo a seguir o Senhor desapareceu e a mesa só tinha os dois ao seu redor. É
fácil imaginar-se o assombro dos discípulos. O vazio da mesa e o silêncio do
anoitecer, que já começava, devem ter-lhes parecido muito mais cheio de rumores
e alegrias que as mesas dos banquetes festivos do mundo.
É precisamente o que se passa na mesa simples, sem
aparatos, de uma verdadeira sessão mediúnica. A cor da toalha pouco importa. A
cor branca não interessa mais ao ato mediúnico do que a vermelha ou a preta. A
pureza exigida é apenas a das intenções. Os convivas estão ao redor e não são
conhecidos. Surgem da estrada, na penumbra do crepúsculo, como estranhos. Mas
no momento de partir o pão eles se revelam. Feita a prece simples de abertura
dos trabalhos podemos ver, pela maneira deles partirem o pão, quem são eles.
Iniciamos então a conversação necessária e logo depois eles desaparecem como
apareceram, retornando ao invisível, no seio da noite.
Como podem os cristãos de todas as denominações
censurar esse repasto singelo e atribuí-lo a influências diabólicas? Como podem
dizer que isso tudo não passa de ilusão, loucura ou mistificação? Nunca leram,
nem mesmo por acaso, o tópico sobre os dons espirituais na I Epístola de Paulo
aos Coríntios? Não viram que o apóstolo confirma a simbologia comovente da
Estrada de Emaús, relatando as sessões mediúnicas da era apostólica? E como
podem alguns espíritas quebrar a harmonia dessas reuniões espirituais com aparatos
inúteis e desnecessários, com a introdução de sistemas pretensiosos nas sessões
mediúnicas? Se quisermos deformar e ridicularizar a prática espírita, basta
exigirmos a toalha branca na mesa, vestir os médiuns de vestes brancas e
rituais, obrigá-los a formar a corrente de mãos dadas e outras muitas tolices
dessa espécie. É o que fazem os espíritos mistificadores, através de dirigentes
supersticiosos e simplórios.
Para comer o pão da verdade só necessitamos dos dentes
do bom-senso. Por isso o comensal da estalagem de Emaús simplesmente desapareceu
depois de partir o pão. Todos os acréscimos de técnicas inventadas por homens
vaidosos, de disciplinas rígidas na hora da sessão, de palavras mágicas e
gestos misteriosos não passam de joio na seara. A prática espírita deve ser
racional e simples, pois toda encenação e aparato só servem para estimular
mistificações.
Há pessoas que desejam fazer sessões à plena luz, por
entender que a penumbra habitual dá motivo a desconfianças e representa uma
modalidade de formalismo. Mas a penumbra é necessária à boa concentração dos
médiuns e mesmo dos assistentes. A iluminação normal da sala provoca
distrações, penetra nas pálpebras e quebra o ambiente de recolhimento. Claro
que não se deve fazer o escuro excessivo e muito menos completo, mas a penumbra
do ambiente não é um aparato formal, é uma exigência natural da concentração
serena. Além dessas razões evidentes, convém lembrar que o excesso de luz
exerce influência inibitória sobre os médiuns e a emanação fluídica do ectoplasma.
Em todas as reuniões mediúnicas o ectoplasma se libera para ajudar as ligações
perispirituais entre médiuns e espíritos. Temos de saber distinguir entre o
necessário e o supérfluo, entre o conveniente e o inconveniente, sem fazer
concessões à ignorância ou à desconfiança dos que não entendem do assunto.
O problema da concentração mental é também um dos menos
compreendidos. A concentração dos pensamentos numa reunião mediúnica não
corresponde ao tipo de concentração individual de uma pessoa num determinado
problema a resolver ou num estudo a fazer. Trata-se de uma concentração
coletiva de pensamentos voltados para um mesmo alvo. Quando todos pensam em
Deus ou em Jesus, todos os pensamentos se concentram numa só idéia. A palavra
concentração sugere um esforço mental contínuo para se manter o pensamento
fixado numa imagem. Isso prejudicaria os trabalhos mediúnicos, criando um ambiente
de tensão mental exaustiva. Não é de tensão, de esforço cansativo que se
necessita, mas de afrouxamento e despreocupação. Todos devem voltar o seu pensamento
para um alvo superior, geralmente para Jesus (pois pensar em Deus é mais
difícil) e todos devem manter a idéia de Jesus na mente, sem esforço ou preocupação,
como quem se lembra saudoso de um amigo distante. Esse estado mental de
lembrança, não de uma imagem ou figura de Jesus, mas da sua pessoa, dos seus
atos, dos seus ensinos e do que ele representa para nós, deve ser mantido no
decorrer da sessão. Quando se nota que o pensamento se desvia para outros
rumos, o que é natural, faz-se que ele retorne suavemente à idéia
centralizadora. O ambiente de uma sessão é tanto mais favorável quanto menos
tensões e preocupações existirem na reunião. As evocações mentais de
assistentes e médiuns, solicitando a manifestação de entes queridos ou de
espíritos amigos são prejudiciais, pois quebram e tumultuam o ambiente mental
da sessão. Pensar num espírito é evocá-lo, como ensina Kardec. Quem comparece a
uma sessão com a esperança de receber uma comunicação deste ou daquele
espírito, já o evocou. Ele atenderá se for possível. Mas durante a sessão só se
deve pensar em Jesus. Criando-se no ambiente um clima tranqüilo e confiante,
pode-se esperar a possibilidade dos melhores resultados
Não há regras específicas e formais para a realização
das sessões espíritas. Entre a prece de abertura e a de encerramento desenvolvem-se
as manifestações mediúnicas, sob a orientação e muitas vezes a interferência de
espíritos dirigentes. O sistema autoritário, em que o presidente determina aos
médiuns receberem as comunicações, uma de cada vez, provém da recomendação do
Apóstolo Paulo à comunidade de Corinto. Nas reuniões de Kardec, mesmo nas
psicográficas, havia ampla liberdade, permitindo as conversações entre
espíritos comunicantes, às vezes através de vários médiuns. Léon Denis usava
também de liberdade em suas sessões. Cabe aos espíritos protetores determinar
quais os espíritos que devem comunicar-se e quais os médiuns em condições de
recebê-los. O presidente ou dirigente humano da sessão tem a função de mantê-la
equilibrada, orientar o decorrer dos trabalhos e intervir, quando necessário,
nas doutrinações e no reajustamento da concentração. Se há muitos médiuns à
mesa, há naturalmente a possibilidade de se atender a número maior de espíritos
comunicantes, através de vários doutrinadores. O que importa na doutrinação não
é o muito falar, mas o falar com propriedade e com amor, procurando-se atingir
a consciência e o sentimento do espírito. Quando vai se aproximando o fim do
horário destinado à sessão, o presidente faz um aviso, para que os médiuns o
ajudem no controle da reunião. As comunicações de espíritos violentos,
desejosos de tumultuar os trabalhos, exigem atitude enérgica para que sejam
contidos e afastados. Energia serena, sem agressividade, mas com firmeza. Não
se deve esquecer de que se trata de entidade sofredora, necessitada de amparo e
orientação. Não é a força que age contra o espírito, nem a elevação da voz, mas
a intenção de ajudá-lo, o desejo sincero de fazê-lo melhorar e tornar-se nosso
companheiro, porque essa disposição nos dá a autoridade moral sobre os
espíritos inferiores. É importante que não falte em nossa mesa espírita o pão
da prece e a luz do amor. Basta quase sempre uma só palavra de amor sincero
para acalmar o espírito mais violento. O amor brota da compreensão humana, da
nossa capacidade de nos colocarmos em pensamento no lugar e na situação da
criatura que se encheu de ódio e violência em existências brutais em que o amor
não floriu em seu coração.
Uma sessão espírita é um ato de amor. Não é uma
cerimônia destinada à finalidade egoísta de nos livrar de espíritos-parasitas,
por nós mesmos atraídos e alimentados, mas com o objetivo de levar ajuda
espiritual aos que padecem. O Espiritismo nos ensina, como ensinou Jesus, que
somos todos irmãos e companheiros, criados por Deus para o mesmo destino de
transcendência, de elevação espiritual. Esse é o pensamento central da compreensão
espírita e precisamos dar-lhe eficácia, traduzi-lo em ação.
Tratamos aqui da sessão mediúnica comum, não da sessão
específica de desobsessão. A sessão rotineira dos Centros é a que se realiza
todas as semanas, em dias e horas certos, dispondo de freqüência regular. Há
quem discorde desses trabalhos públicos, alegando as exigências de Kardec na
Sociedade Parisiense, quando não permitia a presença nas sessões de pessoas que
não tivessem algum conhecimento doutrinário. A medida de Kardec era justa e
necessária, numa fase em que o Espiritismo nascia, sob um alarido universal de
protestos e ameaças. Hoje estamos a mais de um século dessa fase e o
Espiritismo só é combatido por pessoas sistemáticas ou ignorantes. A maioria
absoluta das pessoas que procuram as sessões é necessitada, tratando-se
geralmente de médiuns em franco desenvolvimento de suas faculdades. Negar-lhes
acesso às sessões seria como negar a um sedento acesso a uma fonte. A mediunidade
não se desenvolve por acaso e muito menos sob o poder mágico da vara de Moisés,
que tirou água da rocha. Em geral, o desenvolvimento mediúnico começa por diversas
perturbações e não raro por processos obsessivos. Não se pode querer que uma
pessoa em estado de alteração psíquica vá primeiro estudar uma doutrina através
de cursos demorados para depois submeter-se aos métodos de cura. Por isso, nas
instituições bem dirigidas as sessões mediúnicas normais não se restringem à
prática mediúnica. Iniciam-se os trabalhos com leitura e preleção evangélicas,
de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
A seguir, há uma exposição doutrinária que prepara os freqüentadores para os
trabalhos práticos. Os médiuns em desenvolvimento recebem a mensagem evangélica
e os ensinos doutrinários em dosagens apropriadas e, a seguir, participam do
trabalho mediúnico. Isso concorre para uma compreensão simultânea da doutrina,
de sua natureza cristã, de sua moral evangélica e das relações diretas e
necessárias de teoria e prática em Espiritismo. As críticas a esse método referem-se
à extensão das sessões. Mas é evidente que a preparação das matérias permite
reduzir a parte oral aos limites necessários. O aproveitamento verificado nos
Grupos e Centros que usam esse método provaram a sua validade. Nos centros que
realizam várias sessões por semana, a divisão da matéria pode ser feita com
mais amplitude, nas várias sessões. Isso não impede que, além desse processo sinérgico
ou gestáltico, em que o iniciante adquire desde logo uma visão global da
doutrina e da sua prática, o Centro mantenha, quando possível, um curso
especial de doutrina em outro dia e horário.
Quando possível, é conveniente intercalar os passes
entre a parte evangélica e a doutrinária. Se isso prolongar demais a sessão,
pode-se estabelecer uma sessão especial para os passes, sempre iniciada com uma
exposição sobre o assunto.
A vantagem de se fazer tudo em seqüência, numa única sessão,
é a de se dar ao iniciante, em doses apropriadas e na seqüência natural do
tempo, na prática, a compreensão da unidade do problema espírita. Essa compreensão,
infelizmente, falta até mesmo a veteranos do trabalho espírita, em virtude da
dispersão e até mesmo da restrição das práticas tradicionais apenas a um
aspecto da doutrina. Claro que o problema de desobsessão em casos graves não
pode ser tratado em sessões dessa natureza. Para isso, os Centros bem
orientados dispõem de sessões especiais, privativas, com médiuns e doutrinadores
capacitados, e, sempre que possível, com a participação de médicos espíritas
conhecidos por seu desinteresse profissional em casos de ordem doutrinária. Colocamos
estas questões com base em experiência própria e de conjunto, observadas
atentamente no correr dos anos de trabalho e estudo incessantes. Quando o
sistema é bem aplicado, contando com elementos humanos dedicados, os resultados
são sempre surpreendentes. Não se trata de uma inovação, mas apenas de urna
conjugação de práticas tradicionais que, reunidas e articuladas, produzem mais
e melhor.
No tocante à mediunidade é necessário o mais rigoroso
critério kardecista, baseado nos livros específicos de Kardec: Instruções Práticas sobre Manifestações
Espíritas e O Livro dos Médiuns.
Essa é a base necessária e insubstituível do estudo e do ensino da mediunidade.
Livros como No Invisível, de Léon
Denis, e os livros de orientação mediúnica de Emmanuel e André Luiz podem
também ser usados como subsidiários, mas jamais colocados como obras básicas da
doutrina. Sem esse critério, muitos Centros e Grupos, e até mesmo grandes
instituições, caíram num plano de misticismo igrejeiro e de autoritarismo
sacerdotal que desfiguram e ridicularizam o Espiritismo. Precisamos compreender
que lidamos com uma doutrina revolucionária, que deve modificar a rotina
espiritual da Terra, abrindo-lhe as perspectivas de uma nova concepção do
Espírito. Sem isso, nossa mesa só terá pão murcho e envelhecido.
Livro : Mediunidade
Autor: Herculano Pires
Livro : Mediunidade
Autor: Herculano Pires
Função e Significação( O Centro Espírita)
O Centro Espírita não é templo nem laboratório – é, para
usarmos a expressão espírita de Victor Hugo: point d’opotique do movimento
doutrinário, ou seja, o seu ponto visual de convergência. Podemos figurá-lo
como um espelho côncavo em que todas as atividades doutrinárias se refletem se
unem, projetando-se conjugadas no plano social geral, espírita e não espírita.
Por isso mesmo a sua importância, como síntese natural da dialética espírita, é
fundamental para o desenvolvimento seguro da Doutrina e suas práticas. Kardec
avaliou a sua importância significativa no plano da divulgação e da orientação
dos Grupos, explicando ser preferível a existência de vários Centros pequenos e
modestos numa cidade ou num bairro, à existência de um único Centro grande e
suntuoso.
Um Centro Espírita pequeno e modesto – como na maioria
o são – atrai as pessoas realmente interessadas no conhecimento doutrinário,
cria um ambiente de fraternidade ativa em que as discriminações sociais e culturais
desaparecem no entrelaçamento de todos os seus componentes, considerados como
colaboradores necessários de uma obra única e concreta. O ideal é o Centro
funcionar em sede própria, para maior e mais livre desenvolvimento de seus
trabalhos, mas enquanto isso não for possível, pode funcionar com eficiência
numa sala cedida ou alugada, numa garagem vazia ou mesmo numa dependência de
casa familiar. As objeções contra isso só podem valer quando se trate de casas
em que existam motivos impeditivos materiais ou morais.
Muitos Centros Espíritas surgiram do desenvolvimento de
grupos familiais, desligando-se mais tarde da residência em que formara. A
alegação de que a casa fica infestada ou coisas semelhantes é contraditada pela
experiência. Um trabalho de amor ao próximo, feito com sinceridade e intenções
elevadas, conta com a proteção dos Espíritos benevolentes e a própria defesa de
suas boas intenções. Os Centros oriundos de grupos familiares mostram-se mais
coesos e mais abertos conservando a seiva fraterna de sua origem. É esse o
clima de que necessitam os trabalhos doutrinários.
Organizado o Centro, com uma denominação simples e
afetiva, com o nome de um Espírito amigo ou de uma figura espírita abnegada, de
pessoa já desencarnada, preparados, aprovados em assembléia geral e registrados
em estatutos, sua função e significação estão definidas como estudo e prática
da Doutrina, divulgação e orientação dos interessados, serviço assistencial aos
espíritos sofredores e às pessoas perturbadas, sempre segundo o Codificação de
Allan Kardec. Sem Kardec não há Espiritismo, há apenas mediunismo desorientado,
formas do sincretismo religioso afro-brasileiro, confusões determinadas por
teorias pessoais de pretensos mestres.
Dirigentes, auxiliares e freqüentadores de um Centro
Espírita bem organizado sabem que a obra de Kardec é um monumento científico,
filosófico e religioso de estrutura dinâmica, não estática, mas cujo
desenvolvimento exige estudos e pesquisas do maior rigor metodológico,
realizadas com humanidade, bom-senso, respeito à Doutrina e condições culturais
superiores. Opiniões pessoais, palpites de pessoas pretensiosas, livros mediúnicos
ou não de conteúdo mistificador, cheios de absurdos ridículos – seja o autor
quem for – não têm nenhum valor para um verdadeiro Centro Espírita.
Cada Centro Espírita tem os seus protetores e guias
espirituais que comprovam a sua autenticidade pelos serviços prestados, pelas
manifestações oportunas e cautelosas, pela dedicação aos princípios
kardecianos. A autoridade moral e cultural dos dirigentes e dos espíritos
protetores e guias de médiuns e trabalhos decorre da integração dos mesmos na
orientação de Kardec. O Centro que se esquece disso cai fatalmente em situações
negativas, adotando práticas anti-espíritas e enveredando pelo caminho da
traição a Kardec e ao Espírito da verdade. As conseqüências dessa falência são
altamente prejudiciais a todo movimento espírita. Não se trata de nenhum
problema sobrenatural, mas simplesmente de falta de vigilância – principalmente
contra o orgulho e a vaidade, que levam muitas pessoas a quererem evidenciar-se
mais do que outras. Isso acontece também em todos os campos da atividade
humana, nos quais encontramos cientistas pretensiosos e sistemáticos,
negociantes fraudulentos, médicos apegados às suas idéias próprias. A pretensão
humana não tem limites e cada indivíduo pretensioso está sempre assessorado por
entidades mistificadoras.
A Ciência Espírita é um organismo vivo, de natureza
conceptual, estruturada em leis psicológicas, ou seja, em princípios
espirituais e racionais. Essa estrutura é íntegra, perfeita, harmoniosa, e não
podemos violentar um só dos seus princípios sem pôr em perigo imediato todo o
seu sistema. No Centro Espírita em que essa compreensão da doutrina não se
desenvolve, na verdade não existe Espiritismo, mas apenas um vago desejo de
atingi-lo. As raízes dessa estrutura conceptual estão no Cristianismo, não em
seu aspecto formal-igrejeiro, mas em sua existência evangélica, definida da
Codificação Kardeciana. Os evangelhos canônicos das Igrejas Cristãs estão
carregados de elementos da Era Mitológica e superstições judaicas. São esses
elementos do passado pagão-judeu que deformaram o ensino puro de Jesus,
permitindo interpretações flagrantemente contrárias ao que Jesus ensinou e
exemplificou. No livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e no livro “A Gênese”
Kardec mostrou como podemos restabelecer a pureza das raízes evangélicas,
usando a pesquisa histórica das origens cristãs, o método analítico-positivo de
estudo histórico e o método lógico comparativo dos textos. Sem a pureza das
raízes não teremos a pureza dos textos e cairemos facilmente nas trapaças ou
nas ilusões dos mistificadores encarnados e desencarnados.
Nas primeiras comunidades cristãs, onde o culto
pneumático[i] era
praticado, manifestavam-se espíritos furiosos, defensores de suas crenças
antigas, que injuriavam o Cristo e seus adeptos. O culto constituía a parte
prática do ensino espírita de Jesus. Na I Epístola aos Coríntios o Apóstolo
Paulo dá instruções à comunidade de Corinto sobre a realização desse culto,
ensinando até mesmo como os médiuns (então chamados profetas) deviam se
comportar na reunião. Os Espíritos se manifestavam pelos médiuns e eram
doutrinados pelos participantes do culto. Esse trecho expressivo encontra-se no
tópico da epístola que trata dos Dons Espirituais. Não obstante, as Igrejas
Cristãs deram interpretações inadequada e absurda a esse trecho, como fizeram
com todos os trechos do Evangelho em que Jesus se refere à reencarnação.
Incapazes de doutrinar os espíritos mistificadores ou agressivos, que atacavam
Jesus e sua missão, os que se ligaram ao Império Romano suprimiram o culto
pneumático, alegando que as entidades que neles se manifestavam eram
diabólicas. Essa a razão porque Igrejas Cristãs repelem até hoje o Espiritismo
como prática diabólica, rejeitando as manifestações espíritas.
Num Centro Espírita bem organizado esses problemas são
estudados e ensinados, para que as pessoas interessadas no ensino real do
Cristo possam compreender o sentido do Espiritismo. Sem isso, o Centro Espírita
deixa de cumprir a sua missão na grande obra de restauração do Cristianismo em
espírito e verdade. O que o Espiritismo busca é a verdade cristã, cumprindo na
Terra a promessa de Jesus, que através de Kardec e seu guia Espiritual, o
Espírito Superior que deu a Kardec, quando este lhe perguntou quem era, esta
resposta simples: “Para você, eu sou A Verdade”. O Centro Espírita significa,
assim, uma fortaleza espiritual da grande batalha para o restabelecimento da
verdade cristã na Terra. Mas tudo isso deve ser encarado de maneira racional e
não mística, no Centro Espírita. Ninguém está ali investido de prerrogativas
divinas, mas apenas de obrigações humanas.
[i]
A expressão culto pneumático vem do grego, pois “pneuma” quer dizer espírito.
Livro : O Centro Espírita por Herculano Pires
Livro : O Centro Espírita por Herculano Pires
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