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sexta-feira, 27 de julho de 2012

BELARMINO BICAS-Suicida indireto por encolerizar-se e magoar-se

BELARMINO  BICAS

 Irmão X
Depois da festa beneficente, em que servíramos justos, Belarmino Bicas, prezado companheiro a que nos afeiçoamos, no Plano Espiritual, chamou-me à parte e falou, decidido:
- Bem, já que estivemos hoje em tarefa de solidariedade, estimaria solicitar um favor...
Ante a surpresa que nos assaltou, Belarmino prosseguiu:
- Soube que você ainda dispões de alguma facilidade para escrever aos companheiros encarnados na Terra e gostaria de confiar-lhe um assunto...
- Que assunto?
- Acontece que desencarnei com cinquenta e oito anos de idade, após vinte de convicção espírita. Abracei os princípios codificados por Allan Kardec, aos trinta e oito, e, como sempre fora irascível por temperamento, organizei, desde os meus primeiros contactos com a Doutrina Consoladora, uma relação diária de todas as minhas exasperaçãoes, apontando-lhes as causas para estudos posteriores... Os meus desconchavos, porém, foram tantos que, apesar dos nobres conhecimentos assimilados, suprimi, inconscientemente, vinte e dois anos da quota de oitenta que me cabia desfrutar no corpo físico, regressando à Pátria Espiritual na condição de suicida indireto... Somente aqui, pude examinar os meus problemas e acomodar-me às desilusões... Quantos tesouros perdidos por bagatelas! Quanta asneira em nome do sentimento!...
E, exibindo curioso papel, Belarmino acrescentava:
- Conte o meu caso para quem esteja ainda carregando a bobagem do azedume! Fale do perigo das zangas sistemáticas, insista na necessidade da tolerância, da paciência, da serenidade, do perdão! Rogue aos nossos companheiros para que não percam a riqueza das horas com suscetibilidades e amuos, explique ao pessoal na Terra que mau-humor também mata!...
Foi então que passei à leitura da interessante estatística de irritações, que não me furto à satisfação de transcrever: Belarmino Bicas – Número de cóleras e mágoas desnecessárias com a especificação das causas respectivas, de 1936 a 1956
1811           em razão de contrariedades em famíla;
906          por indispor-se, dentro de casa, em questão de alimentação e higiene;
1614           por altercações com a esposa, em divergência na conduta doméstica e social;
1801           por motivo de desgostos com os filhos, genros e nora;
11        por descontentamento com os netos;
1015           por entrar em choque com chefes de serviço;
1333           por incompatibilidade no trato com os colegas;
1012 em virtude de reclamações a fornecedores e logistas em casos de pouca monta;
614          por mal-entendidos com vizinhos;
315          por ressentimentos com amigos íntimos;
1089 por melindres ante o descaso de funcionários e empregados de instituições diversas;
615          por aborrecimentos com barbeiros e alfaiates;
777  por desacordos com motoristas e passageiros desconhecidos, em viagem de ônibus, automóveis particulares, bondes e lotações;
419          por desavenças com leiteiros e padeiros;
820          por malquistar-se com garções em retaurantes e cafés;
211          por ofender-se com dificuldades em serviços de telefones;
90        por motivo de controvérsias em casas de diversões;
815          por abespinhar-se com opiniões alheias em matéria religiosa;
217          por incompreensões com irmãos de fé, no templo espírita;
901            por engano ou inquietação, diante de pessoas imaginários ou da perspectiva de acontecimentos desagradáveis que nunca sucederam.
Total: 16.386 exasperações inúteis.
Esse, o apanhado das irritações do prestimoso amigo Bicas: 16.386 dissabores dispensáveis em 7.300 dias de existência, e, isso, por quatro lustros mais belos de sua passagem no mundo, porque iluminados pelos clarões do Evangelho Redivivo. Cumpro-lhe o desejo de tornar conhecida a sua experiência que, a nosso ver, é tão importante quanto as observações que previnem desequilíbrios e enfermidades, embora estejamos certos de que muita gente julgará o balanço de Belarmino por mera invencionice de Espírito loroteiro.
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Livro Cartas e Crônicas - Espírito Irmão X - Psicografia Francisco C. Xavier

ALCOÓLATRA

OBS do Blog : Este livro Vozes do Grande Além, é uma obra com fatos acontecidos nas Reuniões Mediúnicas que fora gravada, e transcrita em livro.
São depoimentos vivos que através de experiencias equivocadas de nossos irmãos nos trazendo as dores, sofrimentos, lamentações de terem tomados rumos contrários a Lei de Deus.
A reflexão desses fatos se  faz necessário para desfazermos os nossos equivocos enquanto é tempo...

ALCOÓLATRA
Joaquim Dias
Reunião da noite de 12 de janeiro de 1956.
Emocionadamente, o nosso grupo recebeu a visita de Joaquim Dias, pobre espírito sofredor que
nos trouxe o doloroso relato ,de sua experiência, da qual recolhemos amplo material para estudo e
meditação.
Alcoólatra!
Que outra palavra existirá na Terra, encerrando consigo tantas potencialidades para o crime?
O alcoólatra não é somente o destruidor de si mesmo. É o perigoso instrumento das trevas, ponte
viva para as forças arrasadoras da lama abismal.
O incêndio que provoca desolação aparece numa chispa.
O alcoolismo que carreia a miséria nasce num copinho.
De chispa em chispa, transforma-se .0 incêndio em chamas devoradoras.
De copinho a copinho, o vício alcança a delinqüência.
Hoje, farrapo de alma que foi homem, reconheço que, ontem, a minha tragédia começou assim...
Um aperitivo inocente...
Uma hora de recreio. . .
Uma noite festiva...
Era eu um homem feliz e trabalhador, vivendo em companhia de meus pais, de minha esposa e
um filhinho.
Uma ocasião, porém, surgiu em que tive a infelicidade de sorver alguns goles do veneno terrível;
disfarçado em bebida elegante, tentando afugentar pequeninos problemas da vida e, desde então,
converti-me em zona pestilencial para os abutres da crueldade.
Velhos inimigos desencarnados de nossa equipe familiar fizeram de mim seu intérprete.
A breve tempo, abandonei o trabalho, fugi à higiene e apodreci meu caráter, trocando o lar
venturoso pela taverna infeliz. .
Bebendo por mim e por todas as entidades viciosas que nos hostilizavam a casa, falsifiquei
documentos, matando meu pai com medicação indevida, depois de arrojá-lo à extrema ruína. .
Mais tarde, tornando-me bestial e inconsciente, espanquei minha mãe, impondo-lhe a enfermidade
que a transportou para a sepultura. .
Depois de algum tempo, constrangi minha esposa ao meretrício, para extorquir-lhe dinheiro,
assassinan- do-a numa noite de horror e fazendo crer que a infeliz se envenenara usando as próprias
mãos e, de meu filho, fiz um jovem salteador e beberrão, muito cedo eliminado pela polícia. . .
Réprobo social, colhia tão-somente as aversões que eu plantava.
Muitas vezes, em relâmpagos de lucidez, admoestava-me a consciência:
-Ainda é tempo! Recomeça! Recomeça!
Entretanto, fizera-me um homem vencido e cercado pelas sombras daqueles que, quanto eu, se
haviam consagrado no corpo físico à criminalidade e à viciação, e essas sombras rodeavam-me
apressadas, gritando-me, irresistíveis:
- Bebe e esquece! Bebe, Joaquim!
E eu me embriagava, sequioso de olvidar a mim mesmo, até que o delírio agudo me sitiou num
catre de amargura e indigência.
A febre, a enfermidade e a loucura consumiram-me a carne, mas não percebi a visitação da morte,
porque fui atraído, de roldão, para a turba de delinqüentes a que antes me afeiçoara.
Sofri-lhes a pressão, assimilei-lhes os desvarios e, com eles, procurei novamente embebedar-me.
A taverna era o meu mundo, com a demência irresponsável por meu modo de ser...
Ai de mim, contudo! Chegou o instante em que não mais pude engodar minha sede!...
A insatisfação arrasava-me por dentro, sem que meus lábios conseguissem tocar, de leve, numa
gota do liquido tentador.
Deplorando a inexplicável inibição que me agravava os padecimentos, afastei-me dos
companheiros para ocultar a desdita de que me via objeto.

Caminhei sem destino, angustiado e semi-louco, até que me vi prostrado num leito espinhoso de
terra seca. . .
Sede implacável dominava-me totalmente. . .
Clamei por socorro em vão, invejando os vermes do subsolo.
Palavra alguma conseguiria relatar a aflição com que implorei do Céu uma gota d’água que
sustasse a alucinação de minhas células gustativas...
Meu suplicio ultrapassava toda humana expressão. ..
Não passava de uma fogueira circunscrita a mim mesmo.
Começaram, então, para mim, as miragens expiatórias.
Via-me em noite fresca e tranqüila, procurando o orvalho que caía do céu para dessedentar-me,
enfim, mas, buscando as bagas do celeste elixir, elas não eram, aos meus olhos, senão lágrimas de
minha mãe, cuja voz me atingia, pranteando em desconsolo:
- Não me batas, meu filho! Não me batas, meu filho! . . .
Devolvido à flagelação, via-me sob a chuva renovadora, mas, tentando sorver-lhe o jorro, nele
reconhecia o pranto de meu pai, cujas palavras derradeiras me impunham desalento e vergonha:
- Filho meu, por que me arruinaste assim?' Arrojava-me ao chão, mergulhando meu ser na
corrente poluída que o temporal engrossava sempre, na esperança de aliviar a sede terrível, mas, na
própria lama do enxurro, encontrava somente as lágrimas de minha esposa, de mistura com,
recriminações dolorosas, fustigando-me a consciência:
- _Por que me atiraste ao lodo? e por que me mataste, bandido?
- De novo regressava ao deserto que me acolhia, para logo após me entregar à visão de fontes
cristalinas...
-Enlouquecido de sede, colava a boca ao manancial, que se convertia em taça de fel candente, da
qual transbordavam as lágrimas de meu filho, a bradar-me, em desespero:
- Meu pai, meu pai, que fizeste de mim?
Em toda parte, não surpreendia senão lágrimas... Arrastei-me pelos medonhos caminhos de minha
peregrinação dolorosa, como um Espírito amaldiçoado que o vício metamorfoseara em peçonhento réptil...
Suspirava por água que me aliviasse o tormento, mas só encontrava pranto...
Pranto de meu pai, de minha mãe, de minha esposa e de meu filho a perseguir-me implacável...
Alma acicatada por remorsos intraduzíveis, amarguei provações espantosas, até que mãos
fraternas me trouxeram à bênção da oração...
Piedosos enfermeiros da Vida Espiritual e mensageiros da Bondade Divina, pelos talentos da prece,
aplacaram-me a sede, ofertando-me água pura...
Atenuou-se-me o estranho martírio, embora a consciência me acuse...
Ainda assim, amparado por aqueles que vos inspiram, ofereço-vos o triste exemplo de meu caso
particular par escarmento daqueles que começam de copinho a copinho, no aperitivo inocente, na hora
de recreio ou na noite festiva, descendo desprevenidos para o desequilíbrio e para a morte. . .
E, em vos falando, com o meu sofrimento transformado em palavras, rogo-vos a esmola dos
pensamentos amigos para que eu regresse a mim mesmo, na escabrosa jornada da própria restauração.
Do livro Vozes do Grande Além. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Ao encontro do filho (Chico Xavier)

Ao encontro do filho (Chico Xavier)
“Na certeza de que os Amigos Espirituais nos observam, creio que a palavra de nosso caro Emmanuel foi suscitada por um acontecimento que nem todos em nossa reunião pública per-ceberam.
“Dentre os visitantes estava um casal de amigos que viera não só ao contato de nossos trabalhos, mas igualmente ao encontro de um filho que chegou de cidade próxima a fim de revê-los. Tratava-se de um rapaz detido na prisão de comunidade vizinha que, com permissão generosa das autoridades, vinha escoltado por dois guardas para ver os genitores, especialmente a mãezi-nha, portadora de moléstia grave.
“Num banco ao nosso redor, vi quando a senhora abraçou o jovem e exclamou: “Ah, meu filho, meu filho!” Notando que as lágrimas dos pais e do filho se confundiam, não consegui tam-bém conter as minhas. Lembrei-me da bondade de meus pais para comigo e pensei que eu poderia estar na posição daquele filho sequioso de perdão e de afeto e confesso que chorei. Penso, porém, que alguma coisa de muito grave estará nos registros do que haja acontecido, porque pequeno grupo de pessoas não gos-tou da nossa simpatia pelo moço.
“Observando isso procurei conter-me para que os pais sofre-dores não tivessem conhecimento da reduzida movimentação de censura que se fizera. E o fato passou sem maiores comentários. No início de nossas tarefas O Evangelho Segundo o Espiritismo nos forneceu para estudo o item 14 do capítulo X. E ao fim da reunião nosso caro Emmanuel escreveu, por nosso intermédio, a página que lhe envio.”

Prova e julgamento (Emmanuel)
Decerto que o Senhor nos terá advertido contra os riscos do julgamento, observando-nos a inclinação espontânea para proje-tar-nos em assuntos alheios.
* * *
Habitualmente, perante os nossos irmãos em experiências di-fíceis, estamos induzidos a imaginar neles o que sentimos e pen-samos acerca de nós próprios.
Encontramos determinada criatura acusada desse ou daquele delito; para logo, frequentemente, passamos a mentalizar como teria sido a falta praticada, fantasiando minudências infelizes a fim de agravá-la, quando muitas vezes a pessoa indiciada tudo promoveu de modo a poupar a suposta vítima, resistindo-lhe às provocações até as últimas consequências.
Surpreendemos irmãos considerados em desvalia moral; e de imediato, ao registrar-lhes o abatimento, ideamos quadros repro-váveis de conduta sobre as telas de inquietude em que terão en-trado, emprestando-lhes ao comportamento o comportamento talvez menos digno que teríamos adotado na problemática de ordem espiritual em que se acharam envoltos, quando, na maio-ria das ocasiões, são almas violadas por circunstâncias cruéis, à feição de aves desprevenidas, sob o laço do caçador.
* * *
Abstenhamo-nos de julgar os irmãos supostamente caídos.
O Senhor suscitou a formação de juízes na organização social do mundo para que esses magistrados estudem os processos em que nos tornemos passíveis de corrigenda ou segregação, con-forme o grau de periculosidade que venhamos a apresentar na convivência uns com os outros.
Por outro lado, os princípios de causa e efeito dispõem da sua própria penalogia ante a Divina Justiça.
Cada qual de nós traz em si e consigo os resultados das pró-prias ações.
Ninguém foge às leis que asseguram a harmonia do Universo.
* * *
Diante dos companheiros que consideres transviados, auxilia-os quanto possas. E onde não consigas estender braços de apoio, silencia e ora por eles.
Todos somos alunos na grande escola da vida.
Consideremos que toda escola afere o valor dos ensinos pro-fessados em tempo justo de exame.
Os irmãos apontados à apreciação dos júris públicos são companheiros em prova.
Hoje será o dia deles, entretanto, é possível que amanhã o nosso também venha a chegar.

Dia de juízo (J. Herculano Pires)
Todos erramos. Até mesmo os santos erraram. Por isso disse Jesus: “Não julgueis para não serdes julgados”. No comentário n° 14 do capítulo X de O Evangelho Segundo o Espiritismo Si-meão nos aconselha a esquecer o mal e pensar apenas no bem que pode ser feito. Por mais inúteis que nos julguemos e por pio-res que nos consideremos, há sempre diante de nós uma oportu-nidade de fazer o bem. Pensando no mal, perdemo-la; pensando no bem, podemos aproveitá-la.
No doloroso episódio que Chico Xavier nos relata, e que pro-vocou a mensagem de Emmanuel, temos um exemplo vivo dessa realidade. Chico não perguntou de que crime o rapaz era acusa-do. Sofreu com ele e com os pais na prática da caridade. Alguns companheiros de reunião, entretanto, não pensaram assim, não sentiram esse impulso de solidariedade humana. E o simples fato de censurarem o médium produziu um constrangimento do bem.
O dia do juízo chega para todos nós. Para aquele rapaz já ha-via chegado e ele cumpria o veredicto da lei. Sabendo disso e compreendendo que Deus quer a salvação de todos, mesmo dos piores criminosos, nosso dever é o do bom samaritano que socor-reu o próximo sem indagar de seus antecedentes. Lemos no Ecle-siastes que Deus fez tempo para tudo e Emmanuel lembra-nos que existe o “tempo justo de exame”. Por outro lado, o que mais erra é o que mais necessita de perdão, o que menos amor revela em sua conduta é o que de mais amor necessita.
Livro: Na era do Espírito
Chico Xavier, Herculano Pires, e espíritos diversos

Matrimônio e divórcio (Chico Xavier)

Matrimônio e divórcio (Chico Xavier)
“Em nossa reunião pública, o ponto oferecido à assembleia de amigos foi o item 4 do capítulo XXII de O Evangelho segundo o Espiritismo. As opiniões expostas pelos comentaristas foram as mais diversas, todas elas, porém, denotando o propósito de acer-tarmos no bem, na esfera de nossas atitudes domésticas, especi-almente sobre matrimônio e divórcio.
“Como sempre sucede, na fase terminal de nossas tarefas o nosso caro Emmanuel escreveu a página que se intitula “Casar-se”. Algumas senhoras presentes, alegando desejar a continuida-de dos mesmos estudos sobre o tema nas cidades em que resi-dem, solicitaram seja a mensagem do nosso Amigo Espiritual enviada às suas mãos para os seus abençoados comentários.
“Cumpro, assim, com muito prazer, o que prometi às nossas irmãs.”

Casar-se (Emmanuel)
Não basta casar-se. Imperioso saber para quê.
Dirás provavelmente que a resposta é óbvia, que as criaturas abraçam o matrimônio por amor.
O amor, porém, reclama cultivo. E a felicidade na comunhão afetiva não é prato feito e sim construção do dia-a-dia.
* * *
As leis humanas casam as pessoas para que as pessoas se u-nam segundo as Leis Divinas.
* * *
Se desposaste alguém que te constituía o mais belo dos so-nhos e se encontras nesse alguém o fracasso do ideal que acalen-taste, é chegado o tempo de trabalhares mais intensivamente na edificação dos planos que ideaste de início.
* * *
Ergueste o lar por amor e tão-só pelo amor conseguirás con-servá-lo.
Não será exigindo tiranicamente isso ou aquilo de quem te compartilha o teto e a existência que te desincumbirás dos com-promissos a que te empenhaste.
Unicamente doando a ti mesmo em apoio da esposa ou do es-poso é que assegurarás a estabilidade da união em que investiste os melhores sentimentos.
Se sabes que a tolerância e a bondade resolvem os problemas em pauta, a ti cabe o primeiro passo a fim de patenteá-las na vi-vência comum, garantindo a harmonia doméstica.
* * *
Inegavelmente não se te nega o direito de adiar realizações ou dilatar o prazo destinado ao resgate de certos débitos, de vez que ninguém pode aceitar a criminalidade em nome do amor. Entre-
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tanto, nos dias difíceis do lar recorda que o divórcio é justo, mas na condição de medida articulada em última instância. E nem te esqueças de que casar-se é tarefa para todos os dias, porquanto somente da comunhão espiritual gradativa e profunda é que sur-girá a integração dos cônjuges na vida permutada, de coração para coração, na qual o casamento se lança sempre para o Mais Alto, em plenitude de amor eterno.

O cultivo do amor (J. Herculano Pires)
A lei civil do casamento, segundo lemos no item 4 do capítu-lo XXII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, “tem por fim regular as relações sociais e os interesses familiares, segundo as exigências da civilização”. E a seguir vem esta observação: “Mas nada, absolutamente, impede que ela seja um corolário da lei de Deus”. E a lei de Deus, no caso, é a lei do amor. Quer dizer que o casamento civil deve efetuar-se por amor e não por conveniên-cia de qualquer espécie. A falta de conjugação dessas duas leis, a humana e a divina, é a causa principal dos fracassos no casamen-to.
Entre os interesses que podem influir na determinação do ca-samento figuram também a vaidade e a atração sexual, ambos elementos estranhos ao amor e por isso mesmo de natureza efê-mera. Em casos dessa natureza, como em vários outros, a sepa-ração se torna inevitável e o divórcio aparece então como a lei civil que serve de remédio à separação dos casais, permitindo aos pares frustrados a reconstrução do lar em bases legítimas com outros cônjuges. “Um dia se perguntará – diz ainda o trecho citado – se uma cadeia indissolúvel não aumentará o número das uniões irregulares”.
Mas quando o lar se formou com base no amor as decepções que podem surgir têm o remédio no próprio amor. Quem ama sabe tolerar e perdoar. As dificuldades serão superadas dia a dia pelo cultivo do amor. Basta que cada cônjuge se lembre de que as frustrações são recíprocas. O mesmo acontece com o artista na realização de sua obra. O ideal está sempre acima do real. Mas o verdadeiro artista sabe disso e procura superar a sua frustração pelo esforço constante de aperfeiçoamento. O cultivo do amor é como o cultivo da arte. E quem romper um casamento de amor, por simples intolerância, não encontrará mais remédio para a sua solidão.

Livro: Na era do Espírito
Chico Xavier, Herculano Pires, e espíritos diversos

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Opiniões sobre a juventude

opiniões  sobre  a  juventude
Chico Xavier
“Em nossa reunião pública O Evangelizo Segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item 9 do capítulo XIV, referente ao problema da indiferença dos filhos para com os pais terrestres. O Livro dos Espíritos nos deu a questão nº. 264 sobre a escolha de provas e rumos feita pelo Espírito antes da sua reencarnação.
Estabeleceu-se o diálogo entre vários pais e mães presentes à reunião, de permeio com as dissertações evangélicas pelos irmãos que se incumbem dessa tarefa. A troca de pontos de vista foi pacifica, mas muito ardente.
As opiniões sobre a juventude foram as mais diversas. Como de hábito, Emmanuel escreveu ao término do nosso encontro a página a que deu o título de “Jovens difíceis', que não só por mim, mas por instância de muitos dos amigos visitantes, envio-lhe para os seus comentários em favor de
nossos estudos.”
JOVENS DIFÍCEIS
Emmanuel
Terás talvez contigo jovens difíceis para instalar convenientemente na vida.
Inquestionavelmente, é preciso apoiá-los quanto se nos faça possível. Capacitemo-nos, porém, de que ampará-los não será traçar-lhes a obrigação
de copiar-nos os tipos de felicidade ou vivência.
Claro que não nos compete o direito de abandoná-los a si próprios quando ainda inexperientes. Entretanto, isso não significa devamos destruir-lhes a vocação, furtando-lhes a autenticidade em que se lhes caracteriza a existência.
Sonharemos para nossos filhos, no Mundo, invejável destaque nas profissões liberais com primorosas titulações acadêmicas, mas é possível hajam
renascido conosco para os serviços da gleba, aspirando a adquirir duros calos nas mãos a fim de se realizarem na elevação que demandam.
De outras vezes ideamos para eles a formação do lar em que nos premiem o anseio de possuir respeitáveis descendentes. No entanto, é possível
estejam conosco para longas experiências em condições de celibato, carregando problemas e provas que lhes dizem respeito ao burilamento espiritual.
Às vezes, gritamos revoltados contra eles, exigindo nos adotem o modo de ser. Freqüentemente, porém, se isso acontece, acabamos por perdê-los em mãos que lhes deslustram os sentimentos ou lhes estragam a vida, quando não os empurramos, inconscientemente, para a furna dos tóxicos ou para os despenhadeiros do desequilíbrio mental com que se matriculam nos manicômios.
Compadece-te dos filhos que pareçam diferentes de ti.
Aceita-os como são e auxilia a cada um deles na integração com o trabalho em que se façam dignos da vida que vieram viver.
Ampara-os sem imposição e sem violência.
Antes de te surgirem à frente por filhos de teu amor, são filhos de Deus, cujo Amor Infinito vela em nós e por nós.
Ainda mesmo quando evidenciem características inquietantes, abençoa-os e orienta-os, quanto possível, a fim de que se mantenham por esteios
vivos de rendimento do bem no Bem Comum.
E mesmo quando não te possam compartilhar do teto e se te afastem da companhia, a pretexto de independência, abençoa-os mesmo assim, compreendendo que todos nós, desde que nos vinculemos à ordem e ao trabalho no dever que nos compete, sem prejudicar a ninguém, desfrutamos por Lei Divina o privilégio de descobrir qual é para nós o melhor caminho de agir e servir, viver e sobreviver.
AMPARO DOS PAIS
Irmão Saulo
Todos os jovens precisam do amparo dos pais, embora na adolescência, em geral, a rebeldia dos filhos seja inevitável.  Uma tradição de severidade paterna, pautada pelo autoritarismo político e religioso, deu aos pais o conceito errôneo de que devem sujeitar os filhos - e particularmente os jovens - aos seus princípios e maneira de ser.  Mas os jovens trazem a sua própria personalidade e o seu próprio roteiro de vida, e justamente nessa face da adolescência estão firmando o seu eu diante do mundo.
 É conhecido o problema da "crise da adolescência", sobre o qual Maurice Debesse escreveu um dos seus livros mais belos e profundos.  Mas é em René Hubert, no capítulo sobre a Psicologia da Juventude, de sua "Pedagogia Geral", que encontramos maior sintonia com os princípios espíritas.
Psicólogos e Pedagogos conhecem bem esse problema que responde pelo chamado "conflito de gerações". Emmanuel nos dá a sua chave ao lembrar que cada espírito já traz para a Terra a sua prova e o seu roteiro de serviço, escolhidos livremente na vida espiritual segundo as suas necessidades de evolução e aprimoramento.
 O amparo dos pais não pode ser dado por meio de imposição e autoritarismo, sob pena de deixar de ser amparo para se transformar em tirania.
 Se o "conflito de gerações" sempre existiu no mundo, agora se mostra mais violento porque o tempo da tirania está no fim e porque a era de transição em que vivemos acentua nos jovens os anseios do futuro.  Os pais só poderão ampará-los se tiverem amor suficiente para compreendê-los e ajudá-los sem exigências.  Está é também uma hora de aprendizado para os pais.  E só o amor verdadeiro pelos filhos pode socorrê-los.
 O jovem de hoje é o homem de amanhã.  Os tempos mudam e não podemos querer sujeitá-los ao nosso modelo.  Qualquer coação paterna só poderá afastá-los de casa e da família, lançando-os a meios e companhias perigosos.  A verdadeira educação é o equilíbrio entre o amor e a compreensão.  A energia paterna e a disciplina filial brotam naturalmente entre essas duas margens, fluindo como as águas de uma fonte na paisagem da vida.
 
Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
 

O HOMEM QUE NÃO SE IRRITAVA

O  HOMEM  QUE  NÃO  SE  IRRITAVA
Irmão X
 
 
Existiu um rei, amigo da sabedoria, que, depois de grande trabalho para subjugar a natureza inferior, convidou um filósofo para socorrê-lo no aperfeiçoamento da palavra. Conseguira indiscutível progresso na arte de sublimar-se. Fizera-se portador de primorosa cultura e, tanto no ministério público, quanto na vida privada, caracterizava-se por largos gestos de bondade e inteligência. Fazia quanto lhe era possível para exercer a justiça, segundo os padrões da reta consciência, e demonstrava inexcedível carinho na defesa e proteção do povo, através de reiteradas distribuições de lã e trigo, a fim de que as pessoas menos favorecidas pela fortuna não sofressem frio ou fome. Não sabia acumular tesouros exclusivamente para si e, em razão disso, obedecendo às virtudes sociais de que se fizera o exemplo vivo, instituíra escolas e abrigos e incentivara a indústria e a lavoura, desejando que todos os súditos, ainda os mais humildes, encontrassem acesso à educação e à prosperidade.
No circulo das manifestações pessoais, contudo, o valoroso monarca se sentia atrasado e hesitante.
Não sabia disfarçar a cólera, não continha a franqueza rude e nem sopitava o mau humor.
Admirado e querido pelas qualidades sublimes que pudera fixar na personalidade, sofria, no entanto, a mágoa e a desconfiança de muitos que passaram a temer-lhe a frase contundente.
Interessado, porém, na própria melhoria, solicitou ao filósofo que lhe acompanhasse a lide cotidiana.
Quando se descontrolava, caindo nas amargas conseqüências do verbo impensado, o orientador observava, com humildade :
– Poderoso senhor, tenha paciência e continue trabalhando no aprimoramento das próprias manifestações.
A expressão serena e sábia revela grandeza interior que reclama tempo para ser devidamente consolidada. Quem alcança a ciência de falar, pode conviver com os anjos, porque a palavra é, sem dúvida, a continuação de nós mesmos.
O monarca não se conformava e, em desespero passivo, confiava-se a rigoroso silêncio, que prejudicava consideravelmente os negócios do reino.
De semelhante posição vinha roubá-la o filósofo, advertindo, respeitoso:
– Amado soberano, a extrema quietude pode traduzir traição aos nossos deveres. A pretexto de nos reformarmos espiritualmente, não será lícito desprezar os nossos compromissos com o progresso comum. Fale sempre e não desdenhe agir! O verbo é a projeção do pensamento criador.
O rei voltava a conversar, beneficiando o extenso domínio que lhe cabia dirigir, mas lá chegava outro momento em que se perdia na indignação excessiva, humilhando e ferindo ministros e vassalos a que desejaria ajudar sinceramente.
Lamentando-se, aflito, vinha o filósofo conselheiral, afirmando, prestimoso:
– Grande soberano, tenha paciência consigo mesmo.
O reajustamento da alma não é obra para um dia. Prossiga, esforçando-se. Toda realização pede o concurso abençoado das horas... O rio deixaria de existir sem a congregação das gotas... Guarde calma, muita calma e não desanime...
O monarca, no entanto, desacoroçoado, depois de regular experimentação com o filósofo, exonerou-o das funções que ocupava e expediu doía emissários às suas províncias extensas para que lhe trouxessem a palácio algum homem incapaz de se irritar. Pretendia entrar em contacto com o espírito mais equilibrado de suas terras, a fim de melhor orientar-se no autoburilamento.
Os mensageiros iniciaram as investigações, mas impacientavam-se desiludidos. O homem que observavam ponderado na via pública era colérico no lar. Quem se revelava gentil em casa, costumava irar-se na rua. Alguns se mostravam distintos e agradáveis junto da família consangüínea, todavia, eram azedos no trato social.
Diversos exibiam formosa máscara de serenidade com os estranhos, no entanto, dirigiam-se aos domésticos com deplorável aspereza.
Depois de trinta dias de porfiada pesquisa, descobriram, jubilosos, o homem que nunca se exasperava.
Seguiram-no, cuidadosamente, em toda parte.
Nunca falava alto e mantinha silêncio comovedor, no domicílio que lhe era próprio e fora dele.
Durante quatro semanas foi examinado sob atenção vigilante, não perdendo um til na conduta irrepreensível.
Trabalhava, movimentava-se, alimentava-se e atendia aos menores deveres, imperturbavelmente.
Apressaram-se os mensageiros em levar a boa-nova ao monarca, e o rei, satisfeito, convocou assessores e áulicos de sua casa para receber a personagem admirável, com a dignidade que lhe era devida.
O vassalo venturoso foi trazido à real presença, entretanto, quando o soberano lhe dirigiu a palavra, esperando encontrar um anjo num corpo de carne, verificou, sob indefinível assombro, que o homem incapaz de irritar-se era mudo.
Sob o respeito manifesto de todos, o rei sorriu, desapontado, e mandou buscar novamente o filósofo, resignando-se a ter paciência consigo mesmo, a fim de aprender a conquistar-se pouco a pouco.
 
 
Do livro “Contos e Apólogos”. Irmão X. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

PERDOAR

PERDOAR
Sim, deves perdoar! Perdoar e esquecer a ofensa que te colheu de surpresa,
quase dilacerando a tua paz. Afinal, o teu opositor não desejou ferirte
realmente, e,
se o fez com essa intenção, perdoa ainda, perdoao
com maior dose de compaixão e
amor. Ele deve estar enfermo, credor, portanto, da misericórdia do perdão.
Ante a tua aflição, talvez ele sorria. A insanidade se apresenta em face
múltipla e uma delas é a impiedade, outra o sarcasmo, podendo revestirse
de
aspectos muito diversos.
Se ele agiu, cruciado pela ira, assacando as armas da calúnia e da agressão,
foi vitimado por cilada infeliz da qual poderá sair desequilibrado ou comprometido
organicamente.
Possivelmente, não irá perceber esse problema, senão mais tarde.
Quando te ofendeu deliberadamente, conduzindo o teu nome e o teu caráter
ao descrédito, em verdade se desacreditou ele mesmo. Continuas o que és e não o
que ele disse a teu respeito.
Conquanto justifique manter a animosidade contra tua pessoa, evitando a
reaproximação, alimenta miasmas que lhe fazem mal e se abebera da alienação com
indisfarçável presunção.
Perdoa, portanto, seja o que for e a quem for.
O perdão beneficia aquele que perdoa, por propiciarlhe
paz espiritual,
equilíbrio emocional e lucidez mental.
* * *
Felizes são os que possuem a fortuna do perdão para a distender
largamente, sem parcimônia.
O perdoado é alguém em débito; o que perdoou é espírito em lucro.
Se revidas o mal és igual ao ofensor; se perdoas, estás em melhor condição;
mas se perdoas e amas aquele que te maltratou, avanças em marcha invejável pela
rota do bem.
Todo agressor sofre em si mesmo. É um espírito envenenado, espargindo o
tóxico que o vitima. Não desças a ele senão para o ajudar.
Há tanto tempo não experimentavas aflição ou problema — graças à fé
clara e nobre que esflora em tua alma — que te desacostumaste ao convívio do
85 – FLORAÇÕES EVANGÉLICAS (pelo Espírito J oanna de Ângelis)
sofrimento. Por isso, estás considerando em demasia o petardo com que te
atingiram, valorizando a ferida que podes de imediato cicatrizar.
Pelo que se passa contigo, medita e compreenderás o que ocorre com ele, o
teu ofensor.
O que te é inusitado, nele é habitual.
Se não te permitires a ira ou a rebeldia —perdoarás!
* * *
A mão que, em afagando a tua, crava nela espinhos e urze que carrega, está
ferida ou se ferirá simultaneamente. Não lhe retribuas a atitude, usando estiletes de
violência para não aprofundares as lacerações.
O regato singelo, que tem o curso Impedido por calhaus e os não pode
afastar, contornaos
ou pára, a fim de ultrapassálos
e seguir adiante.
A natureza violentada pela tormenta responde ao ultraje reverdescendo tudo
e logo multiplicando flores e grãos.
E o pântano infeliz, na sua desolação, quando se adorna de luar, parece
receber o perdão da paisagem e a benéfica esperança da oportunidade de ser drenado
brevemente, transformandose
em jardim.
Que é o “Consolador”, que hoje nos conforta e esclarece, conduzindo uma
plêiade de Embaixadores dos Céus para a Terra, em missão de misericórdia e amor,
senão o perdão de Deus aos nossos erros, por intercessão de Jesus? Perdoa, sim, e
intercede ao Senhor por aquele que te ofende, olvidando todo o mal que ele supõe
terte
feito ou que supões que ele te fez, e, se o conseguires, amao,
assim mesmo
como ele é.
*
“Não vos digo que per doeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”.
(Mateus, 18:22)
*
“A misericór dia é o complemento da br andur a, por quanto aquele que não for
miser icor dioso não poder á ser br ando e pacífico.
Ela consiste no esquecimento e no per dão das ofensas”.
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 10º — Item 4

Livro: Florações Evangélicas
Joana de Angelis
Psicografado por Divaldo

Mágoa


MÁGOA
Síndrome alarmante, de desequilíbrio, a presença da mágoa faculta a
fixação de graves enfermidades físicas e psíquicas no organismo de quem a
agasalha.
A mágoa pode ser comparada à ferrugem perniciosa que destrói o metal em
que se origina.
Normalmente se instala nos redutos do amor próprio ferido e
paulatinamente se desdobra em seguro processo enfermiço, que termina por vitimar
o hospedeiro.
De fácil combate, no início, pode ser expulsa mediante a oração singela e
nobre, possuindo, todavia, o recurso de, em habitando os tecidos delicados do
sentimento, desdobrarse
em modalidades várias, para sorrateiramente apossarse
de
todos os departamentos da emotividade, engendrando cânceres morais irreversíveis.
Ao seu lado, instalase,
quase sempre, a aversão, que estimula o ódio, etapa grave do
processo destrutivo.
A magoa, não obstante desgovernar aquele que a vitaliza, emite verdadeiros
dardos morbíficos que atingem outras vítimas incautas, aquelas que se fizeram as
causadoras conscientes ou não do seu nascimento... Borra sórdida, entorpece os
canais por onde transita a esperança, impedindolhe
o ministério consolador.
Hábil, disfarçase,
utilizandose
de argumentos bem urdidos para negarse
ao perdão ou fugir ao dever do esquecimento.
Muitas distonias orgânicas são o resultado do veneno da mágoa, que,
gerando altas cargas tóxicas sobre a maquinaria mental, produz desequilíbrio no
mecanismo psíquico com lamentáveis conseqüências nos aparelhos circulatório,
digestivo, nervoso...
O homem é, sem dúvida, o que vitaliza pelo pensamento. Suas idéias, suas
aspirações constituem o campo vibratório no qual transita e em cujas fontes se nutre.
Estiolando os ideais e espalhando infundadas suspeitas, a mágoa consegue
isolar o ressentido, impossibilitando a cooperação dos socorros externos,
procedentes de outras pessoas.
* * *
Caça implacavelmente esses agentes inferiores, que conspiram contra a tua
paz.
59 – FLORAÇÕES EVANGÉLICAS (pelo Espírito J oanna de Ângelis)
O teu ofensor merece tua compaixão, nunca o teu revide.
Aquele que te persegue sofre desequilíbrios que ignoras e não é justo que te
afundes, com ele, no fosso da sua animosidade.
Seja qual for a dificuldade que te impulsione à mágoa, reage, mediante a
renovação de propósitos, não valorizando ofensas nem considerando ofensores.
Através do cultivo de pensamentos salutares, pairarás acima das viciações
mentais que agasalham esses miasmas mortíferos que, infelizmente, se alastram pela
Terra de hoje, pestilenciais, danosos, aniquiladores.
Incontáveis problemas que culminam em tragédias quotidianas são
decorrência da mágoa, que virulenta se firmou, gerando o nefando comércio do
sofrimento desnecessário.
* * *
Se já registras a modulação da fé raciocinada nos programas da renovação
interior, apura aspirações e não te aflijas.
Instado às paisagens Inferiores, ascende na direção do bem.
Malsinado pela Incompreensão, desculpa.
Ferido nos melhores brios, perdoa.
Se meditares na transitoriedade do mal e na perenidade do bem, não terás
outra opção, além daquela: amar e amar sempre, impedindo que a mágoa estabeleça
nas fronteiras da tua vida as balizas da sua província infeliz.
*
“Quando estiver des or ando, se tiver des alguma coisa contr a alguém, per doailhe,
para que vosso Pai que está nos Céus, vos per doe as vossas ofensas”.
(Marcos, 11:25)
*
“Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! Exclama ger almente o
homem em todas as posições sociais. Isto, meus car os filhos, pr ova melhor do
que todos os r aciocínios possíveis, a ver dade desta máxima do Eclesiastes:
A felicidade não é deste mundo”.
François NicolasMadeleine
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 5º — Item 20)

Livro: Florações Evangélicas
Ditada por Joana de Angelis
Psicografada por Divaldo.

O ADOLESCENTE, O AMOR E A PAIXÃO

O ADOLESCENTE, O AMOR E A PAIXÃO
Período de exuberância hormonal, a adolescência se caracteriza pelos
impulsos e desmandos da emotividade. Confundem-se as emoções, e todo o
ser é um conjunto de sensações desordenadas, num turbilhão de impressões
que aturdem o jovem. Irrompem, naturalmente, os desejos da sensualidade, e
se confundem os sentimentos, por falta da capacidade de discernir gozo e
plenitude, êxtase sexual e harmonia interior.
É nessa fase que se apresentam as paixões avassaladoras e
irresponsáveis que desajustam e alucinam, gerando problemas psicológicos e
sociais muito graves, quando não são controladas e orientadas no sentido da
superação dos desejos carnais.
Subitamente o jovem descobre interesses novos em relação a outro,
àquele com quem convive e nunca antes experimentara nada de original, que
se diferenciasse da fraternidade, da amizade sem compromisso. A libido se lhe
impõe e propele-o a relacionamentos apressados quão ardorosos, que logo se
esfumam. Quando não atendida, por circunstâncias violentas, dá surgimento a
estados depressivos, que podem perturbar profundamente o adolescente, que
passa a cultivar o pessimismo e a angústia, derrapando em desajustes
psicológicos de curso demorado.
O ideal, nesse momento, é a canalização dessa força criadora para as
experiências da arte, do trabalho, do estudo, da pesquisa, que a transformam
em energia superior, potencializada pela beleza e pelo equilíbrio. Nesse
sentido, deve-se recorrer aos desportos, à ginástica, às caminhadas e
atividades ecológicas que, além de úteis à comunidade, também gastam o
excesso hormonal, tanto físico quanto psíquico.
As licenças morais da atualidade e os veículos de comunicação
pervertidos contribuem para um amadurecimento precoce, indevido, e a
irrupção da libido, em razão das provocações audio-visuais, das conversações
insanas, que têm sempre por base o sexo em detrimento da sexualidade, do
conjunto de valores que se expressam na personalidade, leva os jovens
imaturos a relacionamentos inoportunos, por curiosidade ou precipitação,
impondo-lhes falsas necessidades, que passam a atormentá-los, seviciando-os
emocionalmente, ou empurrando-os para os mecanismos exaustivos da autosatisfação,
com desajustes da função sexual em si mesma agredida e
mentalmente mal direcionada.
O amor, na adolescência, é um sentimento de posse, que se apresenta
como necessidade de submeter o outro à sua vontade, para que sejam
atendidos os caprichos da mais variada ordem. Por imaturidade emocional,
nessa fase, não se tem condições de experimentar as delícias do respeito aos
direitos do outro a quem se diz amar, antes impondo sua forma de ser; não há
capacidade para renunciar em favor daquele a quem se direciona o afeto, mas
se deseja receber sempre sem a preocupação da retribuição iúevitável, que é o
sustentáculo basilar do amor.
O amor real é expressão de maturidade, de firmeza de caráter, de
coerência, de consciência de responsabilidade, que trabalham em favor dos
envolvidos no sentimento que energiza, enriquecendo de aspirações pelo bom,
pelo belo, pela felicidade. Envolve-se em ternura e não agride, sempre disposto
a ceder, desde que do ato resulte o bem-estar para o ser amado. Rareia, como
é natural, no período juvenil, que o tempo somente consolida mediante as
experiências dos relacionamentos bem sucedidos.
Há jovens capazes de amar em profundidade, sem dúvida, por serem
Espíritos experientes nas lutas evolutivas, encontrando-se em corpos novos,
em desenvolvimento, porém investidos da capacidade vigorosa de sentir e
entender.
Celebrizaram-se, na História, os amores-lendários de Romeu e Julieta,
terminando em tragédia, em razão da imaturidade dos enamorados. Enquanto
eles se entregaram ao autocídio inditoso, surgem as imagens alcandoradas da
ternura de Dante e Beatriz, de Abelardo e Heloísa, amadurecidos pela própria
vida e dispostos à renúncia, desde que redundando em felicidade do outro.
O amor produz encantamento e adorna a alma de beleza, vitalizando o
corpo de hormônios específicos, porém oferecendo capacidade de sacrifícios
inimagináveis.
Maria de Madalena, jovem pervertida e enferma da alma, encontra Jesus
e O ama, tocada nos sentimentos nobres que estavam asfixiados pela lama
das paixões servis, levantando-se para a dignificação pessoal.
Saulo de Tarso, ainda jovem, perseguidor inclemente dos homens do
caminho, encontra Jesus e enternece-se, deixando-se dominar pela Sua
presença e dá-se-Lhe até o holocausto.
Mais de um milhão de vidas, que foram tocadas pelo Seu amor,
facultaram-se banir, ultrajar, morrer, sem qualquer reação, confiantes na
compensação afetiva que deflui do amor, e que experimentavam.
Não somente o amor na sua feição espiritual, mas também o maternal, o
fraternal, o sexual, quando não tem por meta somente o relacionamento célere,
mas sim, a convivência agradável e vitalizadora que se converte em razão da
própria vida.
A paixão é como labareda que arde, devora e se consome a si mesma
pela falta de combustível. O amor é a doce presença da alegria, que envolve as
criaturas em harmonias luarizantes e duradouras. Enquanto uma termina sem
deixar saudades, o outro prossegue sem abrir lacunas, mesmo quando as
circunstâncias não facultam a presença física. A primeira é arrebatadora e
breve; o segundo é confortador e permanente.
Desse modo, explodem muitas paixões na adolescência, e poucas vezes
nasce o amor que irá definir os rumos afetivos do jovem.
É nesse período que, muitos compromissos se firmam, sem estrutura
para o prosseguimento, para os desafios, para o futuro, quando as aspirações
se modificam por imperativo da própria idade e os quadros de valores se
apresentam alterados. Tais uniões, nessa fase de paixões, tendem ao
fracasso, se por acaso não forem assentadas em bases de segurança bem
equilibradas. Passado o fogo dos desejos, termina a união, acaba o amor, que
afinal jamais existiu...
É indispensável que, no período juvenil, todos se permitam orientar pela
experiência e maturidade dos pais e mestres, a fim de transitar com segurança,
não assumindo compromissos para os quais ainda não possui resistência
psicológica, moral, existencial.
Cabe, portanto, ao adolescente, a submissão dinâmica, isto é, a aceitação
consciente das diretrizes e roteiros que lhes são apresentados pelos genitores,
no lar, pelos educadores, na Escola, a fim de seguirem sem deixar marcas na
retaguarda.
A disciplina sexual, nessa ocasião, contribui muito para equilibrar as
emoções e dinamizar as experiências físicas, dando resistência para enfrentar
os apelos das paixões traumatizantes que surgem com freqüência no curso da
vida.
A paixão, na adolescência, quando cultivada no silêncio da timidez,
transforma-se em verdugo caprichoso que dilacera por dentro, conduzindo a
sua vítima a estados patológicos muito graves, de onde podem nascer
manifestações psicóticas portadoras de tendências criminosas e perversas.
Realizar a catarse das paixões, comunicando-se com todos e vivendo
fraternalmente, em clima de legítima amizade, abre campo para as
manifestações da afetividade sadia, que se converte em amor, à medida que
transcorre o tempo e a pessoa adquire compreensão e discernimento a
respeito dos objetivos essenciais da sua reencarnação

Livro: Adolescência e Vida.
Ditado pelo Espírito de Joana de Angelis
Psicografado por Divaldo.

O ADOLESCENTE NA BUSCA DA IDENTIDADE E DO IDEALISMO

O ADOLESCENTE NA BUSCA DA IDENTIDADE E DO IDEALISMO
O desabrochar da adolescência, à semelhança do que ocorre com o
botão de rosa que se abre ante a carícia do Sol, desvela-lhe a intimidade que
se encontra adormecida, e desperta, suavemente, aspirando a vida,
exteriorizando aroma e oferecendo pólen para a fertilização e ressurgimento
em novas e maravilhosas expressões.
A plenitude da vida, na fase da adolescência, estua e exterioriza-se,
deixando que todos os conteúdos arquivados no inconsciente do ser passem a
revelar-se, em forma de tendências, aptidões, anseios e tentativas de
realização.
Nem sempre esse despertar é tranqüilo, podendo, às vezes, ser uma
irrupção vulcânica de energias retidas que estouram, produzindo danos.
Noutras ocasiões pode expressar-se como sofrimento íntimo, caracterizado por
fobias de aparência inexplicável, mas que procedem dos registros
perispirituais, mergulhados no inconsciente, que repontam como conflitos,
consciência de culpa, pudor exacerbado, misticismo, em mecanismos bem
elaborados de fuga da realidade.
Reencarnando-se, para reparar os erros e edificar o bem em si mesmo, o
Espírito atinge a adolescência orgânica, vivenciando o transformar de energias
e hormônios sutis quão poderosos, que o despertam para as manifestações do
sexo, mas também para as aspirações idealistas, desenvolvendo a busca da
própria identidade.
Carregando a soma das personalidades vividas em outras reencarnações,
a sua identificação com o mundo atual demanda tempo e amadurecimento,
mediante os quais pode aquilatar quem realmente é e o que legitimamente
deseja.
Não tendo o discernimento ainda para eleger o que é melhor, quase
sempre se entrega à busca do mais imediato, porque mais simples, procurando
acomodar-se às manifestações fisiológicas do comer, dormir, praticar sexo,
vencer o tempo sem grande esforço. Trata-se de um atavismo pernicioso, que
deve ser melhor direcionado, a fim de que seja descoberta a finalidade da
existência e como alcançar esse patamar que o aguarda.
Se o lar oferece segurança afetiva e compreensão, o adolescente tem
facilidade para selecionar os valores e aceitar aqueles que lhe são mais
favoráveis para o progresso. Todavia, se o grupo familiar é traumatizante, foge
para comportamentos oportunistas, que parecem afugentar as mágoas e
libertá-lo do cárcere doméstico.
A influência dos pais é decisiva na elaboração e desenvolvimento do
idealismo, na afirmação da própria identidade, sem que haja pressão ou
autoritarismo dos genitores, antes oferecimento de meios para o diálogo
esclarecedor, sem a sujeição aos conselhos castradores e impositivos, sempre
de maus resultados.
Há uma tendência no jovem para fugir aos programas elaborados, às
experiências vividas por outrem, ao aproveitamento da sabedoria dos mais
antigos. Cada ser é uma realidade especial, que necessita vivenciar suas
próprias aspirações, muitas vezes equivocando-se para melhor compreender o
caminho por onde deve seguir. Em razão disso, experiência e uma conquista
pessoal, que cada qual aprende pelo próprio esforço, não raro, através de erros
que são corrigidos e insucessos que se fazem ultrapassados pelo êxito.
Quando alguém deseja impor seu ponto de vista, transfere realização não
lograda, para que o outro a consiga, assim alegrando aquele que se lhe torna
mentor.
A educação propõe e o educando aprende mediante o exercício, a
reflexão, o amadurecimento.
Os modelos devem ser silenciosos, falando mais pelos exemplos, pela
alegria de viver, pelos valores comprovados, ao invés das palavras sonoras,
mas cujas práticas demonstram o contrário.
Quando alguém convive com adolescente encontra-se sob a alça de mira
da sua acurada observação. Ele compara as atitudes com as palavras, o
comportamento cotidiano com os conteúdos filosóficos, não acreditando senão
naquilo que édemonstrado, jamais no que é proposto pelo verbo. Em razão
disso, surgem os conflitos domésticos, nos quais os genitores se dizem
incompreendidos e não seguidos, olvidando-se que são os responsáveis, até
certo ponto, pelo insucesso das suas proposições.
A identidade de cada um tem suas características pessoais, e essas não
podem, nem devem ser clones, nos quais se perde a individualidade.
A busca da identidade no adolescente é demorada, qual ocorre com o
indivíduo em si mesmo, prolongando-se pelo período da razão,
amadurecimento e velhice.
Por isso mesmo, nem sempre a avançada idade biológica é sinônimo de
sabedoria, de equilíbrio. Jovens há, maduros, enquanto idosos existem que
permanecem aprisionados na criança caprichosa e renitente da infância não
ultrapassada.
O idealismo brota do âmago do ser e deve ser cultivado pelos genitores,
que estimularão as tendências positivas do filho, oferecendo-lhe os recursos
emocionais e afetivos para que ele possa materializar a aspiração do mundo
íntimo. Quando se revelar a tendência para o idealismo perverso, o
desequilíbrio firmado no egoísmo, no capricho, nos desregramentos morais, é
necessário ensinar-lhe a técnica de como canalizar as energias para o lado
melhor da vida, propondo ideais práticos e mais imediatos, que sejam
compensadores psicologicamente, de forma que a eleição se opere com
naturalidade, por meio da substituição daqueles que são perturbadores por
esses outros que são satisfatórios.
Ao invés das lutas contínuas, que se fazem imposições descabidas,
enriquecidas de queixas e lamentações pelo investimento dirigido ao filho, a
quem se informa não saber aproveitar tudo quanto recebe, é justo que todas as
propostas sejam apresentadas de forma edificante, sem acusações nem
rejeições, mas com espírito de tolerância e compreensão, até que o
discernimento do adolescente aceite como fenômeno natural a contribuição,
tendo em mente que a escolha foi própria e que isso é bom para ele, não
porque outros assim o queiram, porém porque mais o conforta e o agrada.
A adolescência é ainda fase de amoldamento, de adaptação, ao mesmo
tempo de transformações, que merece e exige paciência e habilidade
psicológica.
De um lado, existe o interesse familiar, que trabalha para o melhor do
educando, mas por outra parte se encontra o grupo social, nem sempre
equilibrado, na Escola, no Clube, na rua, no trabalho, conspirando contra as
atitudes saudáveis que se deseja oferecer e que naturalmente atraem o
adolescente, porque ele gosta de ser igual aos demais, não chamar a atenção,
ou quando, em conflito, quer destacar-se, exibir-se, exatamente porque vive
inseguro, experimenta dramas, que mascara sob a desfaçatez, o cinismo
aparente...
Com o tranqüilizar do fluxo sexual, mediante a reflexão e o trabalho,
através do estudo e das aspirações superiores que se devem ministrar com
cuidado, ele passa a identificar-se com o mundo, com as pessoas e por fim
com ele mesmo. Essa auto-identificação é mais demorada, porque mais
profunda, prolongando-se por toda a existência bem orientada pelo dever e
pelas aspirações enobrecidas.
O idealismo torna-se-lhe um alimento que deve ser ingerido com
freqüência, a fim de que não haja carência emocional e perda de identidade no
tumulto das propostas sociais, econômicas e artísticas...
Invariavelmente o Espírito reencarna para dar prosseguimento a tarefas
que ficaram interrompidas, e ressurgem nos painéis mentais como aspirações
e tendências mais acentuadas. Outras vezes, no entanto, deve começar a
experimentar atividades novas, mediante as quais progredirá no rumo da vida e
de Deus.
Na fase da insegurança pela adolescência, toda a vigilância é necessária,
de modo a auxiliar o jovem a encontrar-se e a definir o seu ideal de vida,
entregando-se-lhe confiante e rico de perseverança até conseguir a meta
ambicionada.

Livro: Adolescência e Vida.
Ditado pelo Espírito de Joana de Angelis
Psicografado por Divaldo.