opiniões sobre a
juventude
Chico Xavier
“Em nossa reunião pública O Evangelizo
Segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item 9 do capítulo XIV,
referente ao problema da indiferença dos filhos para com os pais
terrestres. O Livro dos Espíritos nos deu a questão nº. 264 sobre a
escolha de provas e rumos feita pelo Espírito antes da sua reencarnação.
Estabeleceu-se o diálogo entre vários pais e
mães presentes à reunião, de permeio com as dissertações evangélicas pelos
irmãos que se incumbem dessa tarefa. A troca de pontos de vista foi
pacifica, mas muito ardente.
As opiniões sobre a juventude foram as mais
diversas. Como de hábito, Emmanuel escreveu ao término do nosso encontro a
página a que deu o título de “Jovens difíceis', que não só por mim, mas
por instância de muitos dos amigos visitantes, envio-lhe para os seus
comentários em favor de
nossos estudos.”
JOVENS DIFÍCEIS
Emmanuel
Terás talvez contigo jovens difíceis para
instalar convenientemente na vida.
Inquestionavelmente, é preciso apoiá-los
quanto se nos faça possível. Capacitemo-nos, porém, de que ampará-los não
será traçar-lhes a obrigação
de copiar-nos os tipos de felicidade ou
vivência.
Claro que não nos compete o direito de
abandoná-los a si próprios quando ainda inexperientes. Entretanto, isso
não significa devamos destruir-lhes a vocação, furtando-lhes a
autenticidade em que se lhes caracteriza a existência.
Sonharemos para nossos filhos, no Mundo,
invejável destaque nas profissões liberais com primorosas titulações
acadêmicas, mas é possível hajam
renascido conosco para os serviços da gleba,
aspirando a adquirir duros calos nas mãos a fim de se realizarem na
elevação que demandam.
De outras vezes ideamos para eles a formação
do lar em que nos premiem o anseio de possuir respeitáveis descendentes.
No entanto, é possível
estejam conosco para longas experiências em
condições de celibato, carregando problemas e provas que lhes dizem
respeito ao burilamento espiritual.
Às vezes, gritamos revoltados contra eles,
exigindo nos adotem o modo de ser. Freqüentemente, porém, se isso
acontece, acabamos por perdê-los em mãos que lhes deslustram os
sentimentos ou lhes estragam a vida, quando não os empurramos,
inconscientemente, para a furna dos tóxicos ou para os despenhadeiros do
desequilíbrio mental com que se matriculam nos manicômios.
Compadece-te dos filhos que pareçam
diferentes de ti.
Aceita-os como são e auxilia a cada um deles
na integração com o trabalho em que se façam dignos da vida que vieram
viver.
Ampara-os sem imposição e sem violência.
Antes de te surgirem à frente por filhos de
teu amor, são filhos de Deus, cujo Amor Infinito vela em nós e por nós.
Ainda mesmo quando evidenciem
características inquietantes, abençoa-os e orienta-os, quanto possível, a
fim de que se mantenham por esteios
vivos de rendimento do bem no Bem Comum.
E mesmo quando não te possam compartilhar do
teto e se te afastem da companhia, a pretexto de independência, abençoa-os
mesmo assim, compreendendo que todos nós, desde que nos vinculemos à ordem
e ao trabalho no dever que nos compete, sem prejudicar a ninguém,
desfrutamos por Lei Divina o privilégio de descobrir qual é para nós o
melhor caminho de agir e servir, viver e sobreviver.
AMPARO DOS PAIS
Irmão Saulo
Todos os jovens precisam do amparo dos pais,
embora na adolescência, em geral, a rebeldia dos filhos seja inevitável.
Uma tradição de severidade paterna, pautada pelo autoritarismo político e
religioso, deu aos pais o conceito errôneo de que devem sujeitar os filhos
- e particularmente os jovens - aos seus princípios e maneira de ser. Mas
os jovens trazem a sua própria personalidade e o seu próprio roteiro de
vida, e justamente nessa face da adolescência estão firmando o seu eu
diante do mundo.
É conhecido o problema da "crise da
adolescência", sobre o qual Maurice Debesse escreveu um dos seus livros
mais belos e profundos. Mas é em René Hubert, no capítulo sobre a
Psicologia da Juventude, de sua "Pedagogia Geral", que encontramos maior
sintonia com os princípios espíritas.
Psicólogos e Pedagogos conhecem bem esse
problema que responde pelo chamado "conflito de gerações". Emmanuel nos dá
a sua chave ao lembrar que cada espírito já traz para a Terra a sua prova
e o seu roteiro de serviço, escolhidos livremente na vida espiritual
segundo as suas necessidades de evolução e aprimoramento.
O amparo dos pais não pode ser dado por
meio de imposição e autoritarismo, sob pena de deixar de ser amparo para
se transformar em tirania.
Se o "conflito de gerações" sempre existiu
no mundo, agora se mostra mais violento porque o tempo da tirania está no
fim e porque a era de transição em que vivemos acentua nos jovens os
anseios do futuro. Os pais só poderão ampará-los se tiverem amor
suficiente para compreendê-los e ajudá-los sem exigências. Está é também
uma hora de aprendizado para os pais. E só o amor verdadeiro pelos filhos
pode socorrê-los.
O jovem de hoje é o homem de amanhã. Os
tempos mudam e não podemos querer sujeitá-los ao nosso modelo. Qualquer
coação paterna só poderá afastá-los de casa e da família, lançando-os a
meios e companhias perigosos. A verdadeira educação é o equilíbrio entre
o amor e a compreensão. A energia paterna e a disciplina filial brotam
naturalmente entre essas duas margens, fluindo como as águas de uma fonte
na paisagem da vida.
Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia
de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
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