Este texto relata a vinda de Pedro ao plano espiritual, nos mostrando o quanto o trabalho é incessante .
Livro dos Espíritos:
969. Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em Lhe entoar louvores?
“É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus,
porque o vêem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo em a Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados
estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo.
Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo.”
Obs: O texto acima é de responsabilidade do Blog.
Livro dos Espíritos:
969. Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em Lhe entoar louvores?
“É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus,
porque o vêem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo em a Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados
estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo.
Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo.”
Obs: O texto acima é de responsabilidade do Blog.
O NATAL DO APÓSTOLO
Quando Simão Pedro foi
arrancado aos grilhões do cárcere para o derradeiro sacrifício, sentia o
coração varado de angústia, conquanto mostrasse o passo firme.
O velho apóstolo, que
transpusera os oitenta de idade, levantava a cabeça branca, destacando-se na
turba à maneira de um pai atormentado por filhos inconscientes.
Irmãos do Evangelho
ladeavam-no, tristes, escondendo o próprio desespero, diante da serenidade
com que ele, encanecido em duras experiências, se acomodava ao martírio.
Mulheres e crianças
emaranhavam-se, cortejo adentro, para beijar-lhe as mãos. Transeuntes, ainda
mesmo adversos ao Cristianismo nascente, fitavam-no, respeitosos, quais se
vissem um soberano humilhado e pobremente vestido, a caminho de inesperado
triunfo... E até soldados da escolta, recordando vários companheiros que
Simão transfigurara, ao curar-lhe os parentes enfermos, abeiravam-se dele
com veneração e carinho...
Apenas um dos pretorianos,
Sertório Aniceto, destacado elemento na expedição, não poupava o sarcasmo.
Desejando quebrar a
atmosfera de reverência e de êxtase que se fazia, desdobrava impropérios: -
Para diante, velho impudente! Judeu Sujo! Lixo humano, que envergonharia os
postes da arena!...
E mais à frente:
- Não abuse da crendice do
povo” Ladrão imundo, chegou seu fim!...
Pedro, entretanto,
contemplava o céu escaldante da tarde e orava em silêncio...
Sentia-se, agora, fatigado
e incapaz! Compreendia que a Boa Nova exigia servidores robustos e rogava ao
Cristo enviasse obreiros novos e valorosos para a vinha do mundo... Mas não
era só isso... No imo do coração, ardia-lhe a saudade do Mestre e ansiava
retomar-lhe a companhia para sempre...
Escalando a colina, via
não longe o Campo de Marte, assinalado pelo monumento de Augusto, as
cintilações do Tibre espreguiçando ao sol, o casario imenso, as termas e os
jardins; no entanto, regressava pela imaginação à Galiléia distante,
buscando Jesus em pensamento...
Revia o lago de Genesaré,
em seus dias mais belos, e as multidões simples e generosas com que o Senhor
repartia o pão e a verdade, o consolo e a esperança...
Por estranhos mecanismos
da memória, respirava, de novo, o perfume das rosas de Betsaida, das
romãzeiras de Dalmanuta, das quintas frutescentes de Magdala e dos pequenos
vinhedos de Cafarnaum...
Apesar do calor reinante,
rememorava a pesca e supunha-se envolvido pelo sopro da brisa, quando a
barca sobrestava as ondas calmas.
Reconstituía, enlevadas,
as pregações do Divino Amigo e parecia-lhe jornadear de retorno à família
das crianças e dos enfermos, das mães sofredoras e dos velhinhos que ele
próprio lhe entregara ao coração...
Atingido o local do
suplício, confiou-se automaticamente aos soldados que o desnudaram, e, como
se estivesse hipnotizado pela idéia do reencontro, sofregamente aguardado
quase nada percebeu dos martelos, rudemente manobrados, que lhe apresavam
pés e mãos ao lenho que se lhe erguera de improviso...
Em derredor, escutava os
protestos velados das centenas de espectadores da lamentável exibição, de
mistura com as preces dos companheiros agoniados... Detido, porém, na ânsia
de repouso, Pedro não via que o tempo se escoava, sem que lhe desfechassem
qualquer golpe...
Aqui e além, grupos em
orações e lágrimas salientavam-se de mãos postas; contudo, a morte
tardava... Aniceto, entretanto, não o perdia de vista, e, reparando que o
crepúsculo baixava, atirou-lhe pontiagudo calhau à cabeça e gritou:
- Morre, bruxo!
O apóstolo observou que o
sangue esguichava, mas, sem qualquer reação, rendeu-se o invencível torpor,
qual se fosse repentinamente anestesiado por brando sono.
Semelhante impressão,
contudo, perdurou por momentos. O ancião, após desalgemar-se do corpo,
identificou-se espiritualmente, livre e eufórico, ao pé dos próprios
despojos, e, alheio à algazarra em torno, contemplou o firmamento, onde os
astros se inflamavam, como se dedos invisíveis acendessem lumes
deslumbrantes para uma festa no céu... Espantado, observou que um homem
descia do alto, como que materializado pela fulguração das estrelas, e,
decorridos alguns instantes de assombro, viu Jesus a dois passos, a
endereçar-lhe o inolvidável sorriso.
-
Mestre! – clamou,
inclinando-se para beijar o chão que ele pisava. O Messias redivivo tomou-o
nos braços e partiu, conchegando-o ao coração, qual se transportasse frágil
criança.
Por várias semanas restaurou-se
Pedro na estância de luz que o Cristo lhe reservara.
Junto dele, visitou
paragens de inexprimível beleza, recolheu lições preciosas, presenciou
espetáculos soberbos de grandeza cósmica e abraçou afeições inesquecíveis...
Quando mais integrado se
reconhecia no Plano Superior, eis que o Celeste Companheiro lhe anuncia nova
separação.. Que o discípulo descansasse quanto quisesse, elevando-se às
excelsas regiões... Ele, porém, devia ausentar-se...
- Senhor, aonde vais? – indagou
o apóstolo, penosamente surpreendido.
E Jesus, indicando-lhe escuro
recanto da vastidão, em que se adivinhava a residência planetária dos
homens, informou, sereno:
- Pedro, enquanto houver um
gemido na Terra, não me será lícito repousar...
- Então, Senhor, eu também...
E, como outrora,
demandaram, juntos, os quadros de ação, em que se lhes evidenciasse o amor
sublime...
....................................................................................................................
Atraídos por centenas de
vozes, atravessaram Roma, parando, por fim, em espaçoso cemitério da Via
Ápia, mergulhado na sombra noturna...
A multidão cantava,
glorificando o Senhor...
Não obstante o Natal
estivesse na lembrança de poucos, rememorava-se, ali, diante da imensidão
constelada, a melodia dos mensageiros angélicos.
Simão, fremindo de
emotividade, começou a chorar de alegria. Anelava ser bom, aspirava a ser
irmão da Humanidade, queria auxiliar a construção do Reino de Deus e
homenagear a manjedoura de Belém, ofertando algo de si mesmo, em louvor do
Evangelho...
Nesse ínterim,
aproximou-se Jesus e Disse-lhe ao ouvido:
- Pedro, alguém te chama...
O apóstolo voltou-se e,
admirado, enxergou na pequena comunidade um homem triste, carregando nos
braços um pequenino agonizante... Era Aniceto, a rogar-lhe, mentalmente, se
lhe compadecesse do filhinho que a febre devorava. Qual se lhe registrasse a
presença, expunha-lhe os remorsos que amargava e pedia-lhe perdão...
O antigo pescador não
hesitou. Depois de oscular-lhe a fronte suarenta, afagou a criança
atribulada, impondo-lhe as mãos, e, ali mesmo, magneticamente tocado por
forças renovadoras e intangíveis, o menino despertou, lúcido e refeito,
enlaçando-se ao pai, à feição da ave assustada quase torna à segurança do
ninho.
Aniceto, no íntimo,
compreendeu o socorro e a bênção que recebia e, renovado, começou a cantar
em lágrimas de júbilo: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa
vontade para com os homens!...”.
Para o rude legionário de
César começava nova vida e para Simão Pedro o serviço continuou...
Espírito: IRMÃO X.
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO
NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos