Enfermidade
apirética, decorrente de perturbações do sistema nervoso, sem qualquer lesão
anatômica de vulto, a neurose é mal que perturba expressivo número de
criaturas da mole humana.
Com
características próprias e sem causalidade cerebral, desequilibra a emoção e
gera desajustes fisiológicos sem patogênese profunda.
Para um
melhor, breve, estudo metodológico, recorremos a Freud, que classificou as
neuroses em dois grupos, embora a complexidade moderna de conceitos e
variedades ora apresentados por especialistas.
O célebre
médico vienense, que muito se interessou pelas neuroses, estabeleceu que as há
verdadeiras e psiconeuroses. As primeiras decorrem
de fixações e pressões de vária ordem, desajustando o sistema nervoso, sem
que necessariamente o lesionem. Ao lado do mecanismo psicológico causal,
apresentam uma temporária perturbação orgânica. São elas: a neurastenia, a
hipocondria, as de ansiedade, as de origem traumática... Ao se instalarem,
apresentam estados de angústia, de ansiedade, de insegurança, de medos... As
segundas, porque de origem psicogênica, conduzem a uma regressão de fixações
da infância, expressando-se como manifestações de histeria conversiva,
ansiosa, incluindo os estados obsessivo e compulsivo.
As
neuroses, porque de apresentação sutil no seu começo — tiques nervosos,
repetições de palavras ou de gestos, dependências de bengalas psicológicas, fixações psíquicas que se agravam —
grassam, na sociedade, especialmente em decorrência de exigências do grupo
social e da coletividade, em formas de pressões reais ou aparentes, que, nos
temperamentos frágeis, produzem desarmonia, dando curso a inquietações, às vezes,
alarmantes.
É comum
fazerem-se acompanhar de episódios e fenômenos somáticos mui variados, como
taquicardias, prisões de ventre, dores que parecem reais. A medida que se
agravam, podem levar a paralisias, distúrbios de postura, de fonação, movimentos
desconexos...
Quando se
apresentam com manifestações fóbicas — medos de ambientes fechados, de altura,
de doenças, amnésia, etc. — trazem componentes graves, de mais difícil
recuperação.
O quadro
dos estados histéricos, conversivos e ansiosos, radica-se na psique e tende a
avançar para as fixações obsessivas e compulsivas atormentantes.
Generalizando
a sua etiopatogenia, também podem manifestar-se em caráter misto, isto é, verdadeiro e psicogénico, simultaneamente, assumindo proporções mais sérias,
a um passo dos estados psicóticos, às vezes, irreversíveis.
Não raro,
as neuroses apresentam-se com caráter de culpa,
atormentando o paciente com a inquietante idéia de que, sobre todo mal e
insucesso que lhe acontece, a responsabilidade pertence-lhe. A manifestação
do pensamento de culpa tem um significado autopunitivo, perturbador, que
dissocia a personalidade, fragmentando-a.
Outras
vezes, expressam-se como forma de
transferência, e a necessidade de culpar outrem aturde o paciente, que
se apresenta sempre na condição de vitima, buscando, fora de si, as razões que
lhe justifiquem as ocorrências mínimas ou máximas que o desagradem. Quando
ele não encontra um responsável próximo e direto, apela para a figura do
abstrato coletivo: a sociedade, o governo, Deus...
Os
estados neuróticos são profundamente inquietadores e desarmonizam o psiquismo
humano, necessitando receber conveniente terapia, bem como perseverante
esforço de recomposição psicológica.
Aprofundando-se
a sonda da inquirição na psicogênese dos fenômenos neuróticos, defrontar-se-ão
as causas reais na conduta
anterior do paciente, que atrelou a consciência a comportamentos desvariados e
passou injustamente considerado, recebendo simpatia e amizade dos amigos e
conhecidos, quando deveria haver sido justiçado, transferindo os receios e
inseguranças, que permaneceram camuflados por aparência digna para a atual
reencarnação, na qual assomam do inconsciente profundo as culpas e os conflitos
que ora se manifestam como processos reparadores.
Eis por
que, ao lado das neuroses, surgem episódios de obsessão espiritual que agravam
a débil constituição do enfermo, empurrando-o para processos longos de
loucura.
Assim
ocorre, porque as vítimas das suas ações ignóbeis morreram, porém não se
consumiram, e porque prosseguiram vivendo, reencontram, por afinidade de
consciência de dívida-e-cobrança, os adversários, inflingindo-lhes então maior
soma de aflições, a princípio telepaticamente, depois sujeitando-os pelo
controle mental e, ainda, mais tarde, de natureza física, quando ocorrem as
subjugações lamentáveis.
A
consciência inquieta, que reflete na psicologia do indivíduo os estados
neuróticos, encontra-se vinculada a acontecimentos pretéritos, negativos, quão
infelizes.
As
moléstias, particularmente na área psíquica, instalam-se, por serem doentes da alma os seus portadores.
Toda
terapia liberativa deve ter como recurso de auxílio a renovação moral do
paciente, sua reeducação através das disciplinas espirituais da oração, da
meditação, da relevante ação caridosa, por cujo meio ele se lenifica e se
apazigua com aqueles que o odeiam e consigo mesmo, por constatar a excelência
da própria recuperação.
Lentamente,
a Psicologia Transpessoal identifica esses seres — personalidades anômalas, dúplices, etc. — que interferem
no comportamento das criaturas humanas e as perturbam, não sendo outros,
senão, as almas dos homens que antes viveram na Terra e permanecem vivos.
Como
terapia preventiva a qualquer distúrbio neurótico, a auto-análise freqüente,
com o exame de consciência correspondente, desidentificando-se das matrizes
perturbadoras do passado, e abrindo-se às realizações de enobrecimento
no presente, com os anseios da conquista tranqüila do futuro.
Certamente,
conhecendo a etiopatogenia das enfermidades em geral, Jesus asseverou: A cada um segundo as suas obras...
Atuar
sempre com segurança após saudável reflexão, pensar com retidão e viver em paz
consigo mesmo, representam o mais equilibrado e expressivo caráter psicológico
de criatura portadora de saúde mental.