Tipificando
insegurança psicológica e desconfiança sistemática, a presença do ciúme na
alma transforma-se em algoz implacável do ser. O paciente que lhe tomba nas
malhas estertora em suspeitas e verdades,
que nunca encontram apoio nem reconforto.
Atormentado
pelo ego dominador, o paciente, quando não consegue asfixiar aquele a quem estima ou ama, dominando-lhe a conduta e
o pensamento, foge para o ciúme, em cujo campo se homizia a fim de entregar-se
aos sofrimentos masoquistas que lhe ocultam a imaturidade, a preguiça mental e
o desejo de impor-se à vitima da sua psicopatologia.
No
aturdimento do ciúme, o ego vê o que lhe agrada e se envolve apenas com aquilo
em que acredita, ficando surdo à razão, à verdade.
O ciúme atenaza quem o experimenta e aquele que
se lhe torna alvo preferencial.
O ciumento, inseguro dos próprios valores, descarrega
a fúria do estágio primitivista em manifestações ridículas, quão
perturbadoras, em que se consome. Ateia incêndios em ocorrências imaginárias,
com a mente exacerbada pela suspeita infeliz, e envenena-se com os vapores da
revolta em que se rebolca, insanamente.
Desviando-se
das pessoas e ampliando o círculo de prevalência, o ciúme envolve objetos e
posições, posses e valores que assumem uma importância alucinada, isolando o
paciente nos sítios da angústia ou armando-o com instrumentos de agressão
contra todos e tudo.
O ciúme tende a levar sua vítima à loucura.
O ego enciumado fixa o móvel da existência no desejo
exorbitante e circunscreve-se à paixão dominadora, destruindo as resistências
morais e emocionais, que terminam por ceder-lhe as forças, deixando de reagir.
Armadilha
do ego presunçoso, ele merece o extermínio através da conquista de valores
expressivos, que demonstrem ao próprio indivíduo as suas possibilidades de ser
feliz.
Somente o
self pode conseguir essa
façanha, arrebentando as algemas a que se encontra agrilhoado, para assomar,
rico de realizações interiores, superando a estreiteza e os limites egóicos, expandindo-se e preenchendo
os espaços emocionais, as aspirações espirituais, vencidos pelos gases
venenosos do ciúme.
Liberando-se da compressão do ciúme, a pouco e
pouco, o eu profundo respira, alcança
as praias largas da existência e desfruta de paz com alguém ou não, com algo ou
nada, porém com harmonia, com amor, com a vida.Livro: Ser Consciente
Divaldo P. Franco / Joana de Angelis
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