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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

“Se alguém me Servir, meu Pai o Honrará”


Rodolfo Calligaris
“Em verdade, em verdade vos digo: se grão de trigo que cai na terra não morrer, ficará só;
mas, se ele morrer, produzirá muito fruto.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem aborrece a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.
Se alguém me quiser servir, siga-me, e onde eu estiver, ali estará também o meu servo.
Se alguém me servir, meu Pai o honrará”.
(João, 12:24-26.)
Há que se distinguirem no homem duas coisas bem diferentes: a individualidade e a personalidade.
Individualidade é a centelha emanada de Deus, cujo destino é evoluir do átomo ao infinito.
Personalidade é o conjunto de elementos psicossomáticos que caracterizam a pessoa, ou cada uma das encarnações da centelha espiritual.
A individualidade permanece para todo o sempre, é imortal; a personalidade dura apenas a existência corpórea, do nascimento à morte.
A personalidade é, por assim dizer, apenas um capítulo da história do ser; a individualidade é a obra em elaboração, à qual se vão acrescentando sempre novos capítulos. Em cada permanência na Terra, cumpre-nos adquirir as experiências que ela pode ensejar ao desenvolvimento de nosso Espírito, preparando-nos pouco a pouco para a escalada a planos a vez mais altanados.
Lamentavelmente, apesar de quase todos dizermos espiritualistas e apregoarmos nossa fé na vida eterna, poucos nos conduzimos de conformidade com tais convicções.
O que vemos, por toda a parte, é um desinteresse generalizado pelas questões espirituais e um apego total, absoluto, às coisas materiais. É uma negligência completa pelo que diz respeito ­à edificação da individualidade, enquanto tudo se sacrifica ao comprazimento da personalidade. ­
Ao invés de envidarmos sérios esforços no sentido de «sermos» hoje um pouco melhores que fomos ontem, pois que desse desenvolvimento espiritual é que há de resultar a nossa felicidade no dia de amanhã, cuidamos apenas “ter” mais dinheiro, mais fama, mais prestigio social, esquecendo-nos de que estas coisas, gratas à nossa personalidade, não constituem ­patrimônio efetivamente nosso, não nos acompanharão além da sepultura e, pois, de nada valerão na esfera da espiritualidade.
Por afeiçoar-nos em demasia à “vida neste mundo”, que passa, célere, para encerrar-se melancolicamente sob sete palmos de chão, deixamos ­de cultivar as virtudes cristãs, tesouro que a traça não corrói, o ladrão não rouba e a ferrugem não desgasta» — única moeda capaz de assegurar-nos o ingresso nas regiões ditosas do Mundo Maior.
Como diz o texto evangélico em tela, se o grão de trigo não morrer, isto é, não se desfizer da camada cortical que encerra o embrião, não germinará e conseqüentemente não poderá multiplicar-se.
Semelhantemente, para que nossa individualidade logre repontar, crescer e produzir maravilhosos frutos de altruísmo, mister se faz seja rompida a casca grossa do personalismo egoísta que a envolve.
Para consegui-lo, um só meio existe: seguir o exemplo do Mestre incomparável, entregando-nos a uma vivência de abnegação, exercitando-nos nas tarefas de auxílio ao próximo.
Amando e servindo nossos irmãos em humanidade, estaremos amando e servindo ao Cristo, pois, conforme sua afirmação, cada vez que assistimos a um desses “pequeninos” é a ele próprio que o fazemos.
Quem se ache empenhado nesse trabalho, continue, persevere. Embora o mundo o ignore ou não lhe reconheça os méritos, no devido tempo “o Pai celestial o honrará”.
(Revista Reformador de março de 1966)

18 Ciúme


Tipificando insegurança psicológica e desconfiança sistemática, a
presença do ciúme na alma transforma-se em algoz implacável do ser. O
paciente que lhe tomba nas malhas estertora em suspeitas e verdades, que
nunca encontram apoio nem reconforto.
Atormentado pelo ego dominador, o paciente, quando não consegue
asfixiar aquele a quem estima ou ama, dominando-lhe a conduta e o
pensamento, foge para o ciúme, em cujo campo se homizia a fim de entregarse
aos sofrimentos masoquistas que lhe ocultam a imaturidade, a preguiça
mental e o desejo de impor-se à vitima da sua psicopatologia.
No aturdimento do ciúme, o ego vê o que lhe agrada e se envolve apenas
com aquilo em que acredita, ficando surdo à razão, à verdade.
O ciúme atenaza quem o experimenta e aquele que se lhe torna alvo
preferencial.
O ciumento, inseguro dos próprios valores, descarrega a fúria do estágio
primitivista em manifestações ridículas, quão perturbadoras, em que se consome.
Ateia incêndios em ocorrências imaginárias, com a mente exacerbada pela
suspeita infeliz, e envenena-se com os vapores da revolta em que se rebolca,
insanamente.
Desviando-se das pessoas e ampliando o círculo de prevalência, o ciúme
envolve objetos e posições, posses e valores que assumem uma importância
alucinada, isolando o paciente nos sítios da angústia ou armando-o com
instrumentos de agressão contra todos e tudo.
O ciúme tende a levar sua vítima à loucura.
O ego enciumado fixa o móvel da existência no desejo exorbitante e
circunscreve-se à paixão dominadora, destruindo as resistências morais e
emocionais, que terminam por ceder-lhe as forças, deixando de reagir.
Armadilha do ego presunçoso, ele merece o extermínio através da
conquista de valores expressivos, que demonstrem ao próprio indivíduo as
suas possibilidades de ser feliz.
Somente o self pode conseguir essa façanha, arrebentando as algemas a
que se encontra agrilhoado, para assomar, rico de realizações interiores, superando
a estreiteza e os limites egóicos, expandindo-se e preenchendo os
espaços emocionais, as aspirações espirituais, vencidos pelos gases
venenosos do ciúme.
Liberando-se da compressão do ciúme, a pouco e pouco, o eu profundo
respira, alcança as praias largas da existência e desfruta de paz com alguém
ou não, com algo ou nada, porém com harmonia, com amor, com a vida.

O Ser Consciente
Divaldo/Joana de Angelis

sábado, 3 de novembro de 2012

Ditados Espontãneos. Parabola

Parábola.
(Sociedade, 9 de dezembro de 1859 Méd Sr Roze.)
Um velho navio, em sua última travessia, foi atacado por uma tempestade terrível. Levava,
além de grande quantidade de passageiros, uma multidão de mercadorias estrangeiras ao
seu destino, que a avareza e a cupidez de seus patrões havia acumulado. - O perigo era
iminente; a maior desordem reinava a bordo; os chefes recusavam lançar sua carga ao mar;
suas ordens eram desconhecidas; perderam a confiança da tripulação e dos passageiros. Era
necessário pensar em abandonar o navio; colocaram-se três embarcações no mar; na
primeira e a maior, se precipitaram estouvadamente os mais impacientes, e os mais
inexperientes, que se apressaram em dar força aos remos até a luz que perceberam na costa,
ao longe. Caíram nas mãos de uma horda de provocadores de naufrágios, que os despojaram
dos objetos preciosos que juntaram às pressas, e os maltratou sem piedade.
Os segundos, mais clarividentes, souberam distinguir um farol redentor no meio das luzes
enganosas que se acendiam no horizonte, e, confiantes, abandonaram seu barco ao capricho
das ondas; foram se quebrar nos recifes, bem ao pé do farol que não escapara de seus olhos,
e foram tanto mais sensíveis à sua ruína e à perda de seus bens quanto entreviram a
salvação.
Os terceiros, pouco numerosos, mais sábios e prudentes, guiaram com cuidado seu frágil
barquinho no meio dos escolhos e abordaram, corpos e bens, sem outro mal que a fadiga da
viagem.
Não vos contenteis, pois, em vos colocar em guarda contra os fogos dos provocadores de
naufrágios, contra os maus Espíritos; mas sabei também evitar a falta dos viajores indolentes
que perderam seus bens e foram naufragar no porto. Sabei guiar vosso barco no meio dos
escolhos das paixões, e abordareis felizes o porto da vida eterna, ricos de virtudes que
adquiristes em vossas viagens.
SÃO VICENTE DE PAULO.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

BEM-AVENTURADOS OS HUMILDES DE ESPÍRITO


Bem-aventurados os porque deles é o reino dos céus - tal foi a sentença com que Jesus iniciou as suas prédicas. Humildes de espírito - notemos bem - e não somente humildes. Se ele tivesse omitido aquele complemento não se teria revelado o incomparável mestre, o consumado pedagogo e o excelso psicólogo, cujas qualidades e méritos singulares jamais foram ou serão igualados neste mundo.

A despeito mesmo da clareza meridiana da beatitude em apreço, ainda assim, não tem sido compreendido em essência o relevante sinamento que encerra em sua singeleza e plicidade. Vamos, por isso, meditar com os nossos benévolos leitores, a dita frase, que, como todas as lições do Mestre, é sempre oportuna em todas as época da humanidade.
E, por serem desta natureza, as palavras do Ungido de Deus nunca passarão, conforme ele mesmo afirma, com aquela autoridade serena e calma que caracteriza a sua inconfundível personalidade. Realmente, sua palavra, sendo, como é, de perene atualidade, não pode passar como passa a dos homens, que, em dado tempo, assume foros de infalibilidade, para, logo depois, ser proscrita, caindo em caducidade.

O Verbo messiânico é a fonte da água viva, manando sempre fresca e renovada; enquanto que a palavra dos sátrapas terrenos é a água de cisterna, estagnada no personalismo que a polui e contamina. Humildes de espírito ou de coração. Está perfeitamente clara e concisa a sentença. Não se trata, portanto, de humildes de posição social, nem de humildes em relação à posse de bens materiais; nem, ainda, de humildes de intelecto, isto é, de ignorantes e analfabetos; nem tão-pouco de humildes no que respeita à profissão que exercem e às vestimentas que usam.
A assertiva ora comentada reporta-se a humildes de espírito, isto é, àqueles cujos corações estejam escoimados do orgulho sob suas múltiplas modalidades. Na classe dos humildes de intelecto, de posição, de fortuna, de profissão e de indumentária, viceja também o orgulho, tal como sói acontecer entre os demais componentes da sociedade humana.
Aquele sentimento não escolhe nem distingue classes; vai-se aninhando onde encontra guarida, seja na alma do sábio como na do ignaro; seja na alma do rico como na do mendigo que estende a mão à caridade pública; seja na alma do potentado que enfeixa poderes e exerce autoridades, que governa povos e dirige que perambula pelas titulares e dos togados, seja na daquele que cavam o solo ou que removem os detritos das cidades.
O orgulho assume várias formas diversas para cada classe, como para cada indivíduo. Ninguém escapa às suas arremetidas e a felonia das suas artimanhas e das suas esdrúxulas concepções. E' o pecado original que o homem traz consigo ao nascer, como fruto que é, do egoísmo, do apego ao "eu" extremada gera todas as gamas e todas as mais variadas nuanças que o orgulho assume, desde a soberba arrogante e tirana, até as formas depetulância grotesta e ridícula.
É o grande fator de discórdia entre os homens. É o elemento desaglutinador por excelência, semeando a cizânia em todos os campos de ação onde os homens exercem suas atividades. Medra e viça despejadamente no campo dos pobres como no dos argentários; no dos no douto e eruditos como dos iletrados e incultos; nas academias como nas feiras livres; nos antros do vício como nos templos e nos altares.
Não há terreno sáfaro ou estéril neste mundo, para esta planta daninha; não existe clima que lhe não seja propício, nem ambiência que seja refratária à sua proliferação. Há orgulho de raça, de nacionalidade e de estirpe; há orgulho de profissão, de títulos e pergaminhos; de crença ou orgulho religioso, um dos aspectos mais terríveis daquele sentimento, de vez que gerou, outrora, o ódio entre os profitentes de vários credos que, mutuamente, se trucidaram numa luta fratricida e cruel, mantendo, ainda no presente, a separação e o dissídio no seio da família humana.

O orgulho não procura base para apoiar as suas pretensões. Manifesta-se com ou sem motivos que o justifiquem; com ou sem razão alguma que explique a sua existência. Nos ricos é a riqueza que o gera e sustenta. Nos que conhecem algo em qualquer ramo do que se convencionou denominar — ciência — é o pouco saber que o mantém, nos pobres é a inveja que o alimenta; nos inscientes e semi-analfabetos é a própria ignorância que o conserva sempre vivo e palpitante; finalmente, nos tolos e fátuos, é a debilidade mental, a fraqueza de espírito que o provê do alimento necessário.
Tudo, como se vê, pode ser causa de orgulho. Há facínoras que se envaidecem dos crimes bárbaros que cometem, vendo em suas sangrentas façanhas gestos de heroísmo e de valor. Do orgulho procedem todas as megalomanias, das mais grotestas às mais perigosas, como aquela que tem por escopo o domínio do mundo. São incontáveis os malefícios que o orgulho engendra no coração humano, ocultando-se e disfarçando-se de todas as formas.
E' assim que vemos pessoas cujas palavras, escritas ou faladas, são amenas e cheias de doçura; ao sentirem-se, porém, melindrdas no seu excessivo amor-próprio, ei-las transformadas em verdadeiras feras, insultando e agredindo, na defesa do que chamam - dignidade.
Neste particular, as vítimas do orgulho incidem num equívoco muito generalizado. A verdadeira defesa da nossa dignidade é uma operação toda de caráter íntimo. É no interior, no recesso das nossas almas que se deve processar a vigilância e a defesa de nosso brio, de nossa honra e de nossa dignidade.
Quando, aí, nesse tribunal secreto, de nada nos acuse a consciência - essa faculdade soberana e augusta, através da qual podemos ouvir e sentir a voz do Supremo Juiz -, devemos ficar tranquilos, mesmo que sejamos acusados dos maiores delitos e das mais graves culpas.
Infelizmente, porém, os homens fazem o contrário: descuram da vigilância interna; fazem ouvidos moucos aos protestos da consciência própria, a despeito de suas reiteradas e constantes observações, para curarem, com excessivo zelo, da defesa exterior, isto é, do que dizem e pensam deles.
É o orgulho que ofusca a razão humana, arrastando o homem à pratica de semelhante insânia e de outros tantos despautérios e incongruências. Vítima da obnubilação mental, o orgulhoso fecha-se como a ostra, dentro de si mesmo, isolando-se do convívio social e tornando-se impermeável às inspirações e sugestões dos bons elementos espirituais que, no desempenho de sua missão de amor, procuram auxiliar e conduzir os encarnados ao porto seguro da redenção.
Daí a razão por que Jesus assim se exprimiu acerca desse fato, por ele observado: "Graças te dou, meu Pai, porque revelas as tuas coisas aos simples e pequenos, e as esconde dos sábios e dos grandes". Deus nada esconde dos homens; estes em sua vaidade e soberba, é que se tornam impermeáveis às revelações do Alto, como insensíveis aos reclamos da própria consciência.
O orgulho como se vê, constitui a grande pedra de tropeço no caminho de nossa evolução, já no que respeita ao desenvolvimento da inteligência, como no que concerne à esfera do sentimento. Justifica-se, pois, plenamente, o esforço do Divino Mestre, procurando incutir no espírito do homem a necessidade de combater o grande e perigoso inimigo do seu progresso intelectual e do seu aperfeiçoamento moral.
O meio de efetuar com êxito essa campanha, consiste em cultivar o elemento ou a virtude que se opõe ao orgulho: a humildade. Assim como nos servimos da água para extinguir os incêndios, assim cumpre que conquistemos a humildade de espírito, para alijarmos o orgulho dos nossos corações.
Todo veneno tem o seu antídoto. Todos os vícios e paixões que degradam o homem têm as virtudes que lhes são opostas, de cujo cultivo resulta a vitória sobre aquelas. Quando não queiramos, de moto próprio, empreender essa luta, seremos forçados a fazê-lo, mediante o influxo da dor.

O batismo da água nada pode contra os senões e os males do nosso caráter; mas o do fogo age sempre com eficiência em todas as conjunturas e emergências da vida. Outro malefício produzido pelo orgulho consiste em criar nos indivíduos o que pderíamos denominar, talvez com acerto, de complexo de superioridade. Imbuídos dessa presunção, desferem vôo, batendo as asas de ícaro, elevando-se às altas regiões das fantasias mórbidas, criadas pela imaginação, até que um dia se despenham, rolando no pó, para que se confirme a sabedoria da máxima evangélica: Aquele que se exalta será humilhado.

Recapitulando o expôsto sobre a primeira beatitude do Sermão do Monte, verificamos que humildade não quer dizer não quer dizer pobreza ou miséria; não quer dizer desasseio nem farandolagem; não quer dizer ignorância nem analfabetismo; não quer dizer também inaptidão e imbecilidade — de vez que o homem pode ser pobre, miserável, desasseado, maltrapilho, fageirento, néscio, inábil e bronco, sem possuir, todavia, a sublime virtude que Jesus, o Ungido de Deus, predicou pela palavra e pelo exemplo, nascendo num estábulo e morrendo numa cruz.

Cumpre ainda reportarmos a uma certa deturpação daquela excelsa virtude cristã, por parte daqueles que a pretendem confundir, seja por ignorância, seja de má fé, visando a inconfessáveis interesses, com subserviência ou passividade. Segundo este critério, bastante generalizado em certos meios, a pessoa humilde é aquela que se conserva impassível em todas as emergências em que se encontre; é aquela que não protesta nem reage contra as iniquidades de que seja vítima ou que se consumem aos seus olhos; é aquela que se submete, se agacha e se posterna diante de toda manifestação de força, de prepotência e de poderes, por mais absurdos e iníquos que sejam; é aquela que se julga inferior, incapaz, impotente, sem prestígio sem mérito, sem valor nenhum, em suma, que se supõe uma nulidade completa.

Semelhante juízo sobre a humildade é uma afronta atirada ao Cristianismo de Jesus. Não obtante, há muita gente, dentro e fora daquela doutrina, que pensa desse modo e incute nessas ignaras semelhante absurdidade. A humildade não se incompatibiliza com energia de ação, de vez que a energia é também uma virtude. Tão-pouco, ser humilde importa em nos desdenharmos, desmerecendo-nos e nos apoucando no conceito próprio.
Aquele que descrê de si mesmo é um fracassado na vida. Em realidade, devemos considerar-nos como obras divinas, que de fato somos, e portanto, de valor infinito. Devemos valorizar essa obra, na parte que nos toca, lutando incessantemente pela nossa espiritualização, libertando-nos das injunções inferiores da animalidade, a fim de que nos aproximemos da Suprema Perfeição - fonte eterna de onde promana a vida, debaixo de todas as suas formas e modalidades.
Esta lição que aprendemos no Evangelho; esta é a verdadeira doutrina messiânica. Para o divino Mestre, todo homem é filho de Deus representando, por isso, valia incomparável. Haja vista como Ele tratou os leprosos, a mulher adúltera e a grande pecadora. Para Ele, o mais enfermo é o que mais precisa da sua medicina. A ninguém desprezava e a e a ninguém jamais ensinou que se desprezasse e se aviltasse a si mesmo,mas que se erguesse do pó e da lama, voltando-se para a frente e para o Alto.
Tende bom ânimo - era a sua advertência predileta. Tudo é possível àquele que crê — foi também o seu estribilho. Quanto à energia, Jesus deu desta virtude, os mais edificantes testemunho em todas as conjunturas da sua vida terrena, culimando na expuls são dos vendilhões do templo, os quais apostrofou com estas candentes palavras: Fizestes da casa de oração um covil de ladrões.

Francisco de Assis — o grande apóstolo da humildade —, quem ousará negar que foi ele enérgico na sustentação dos postulados que encarnara? Sua existência toda foi um exemplo de humildade, aliada ao combate franco e decidido ao reverso daquela virtude, isto é, ao luxo, às pompas, ao fausto e a todas as expressões de grandeza e de exterioridade fascinadoras dos sentidos.

Não precisamos, pois, incompatibilizar-nos com a energia, para que sejamos humildes; não precisamos, outrossim, amesquinharmo-nos e nos desmerecermos aos nossos próprios olhos, para engastarmos em nossos caracteres o magnífico diamante cristão: basta que reconheçamos, em Deus, o pai comum de toda a Humanidade; e nos homens — sem distinção de raças, classes e credos — nossos irmãos, procedentes da mesma origem, com os mesmos direitos, sujeitos à mesma lei de justiça, votados, todos, ao mesmo destino, sem exclusivismos, sem privilégios de espécie alguma, sem exceçôes odiosas, estas ou aquelas — porquanto, humildade significa ausência de orgulho dominando o espírito; significa coração simples, destituído de soberba, iluminado pelas claridades da justiça divina, justiça essa que desperta nas almas o verdadeiro senso de igualdade e o sagrado sentimento de fraternidade.
Vinícius
Livro : Seara do Mestre

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Perguntas respondidas por Divaldo e Raul acerca do Evangelho.

Matéria retirada do Livro: Os Evangelhos e o Espiritismo da editora Leal .

Pergunta No 3.
" A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz , porque as obras deles eram más".(Jó.3:13-21). Hoje, no mundo, existem diversas seitas religiosas disputando a primazia da luz. Onde, afinal, encontrar a verdadeira luz?

Raul:Não é difícil encontrar a verdadeira luz nos dias atuais do mundo, mesmo que nos achemos em meio às disputas pela primazia. A luz verdadeira ilumina sem alarde, penetra os escaninhos das almas, a vida dos seres humanos e interfere positivamente no seu modo de ser. A mensagem que consegue alavancar o coração humano das limitações das sombras para as vultuosas claridades do intelecto e do sentimento , essa corresponde à grande e vera luz.

Divaldo: A verdadeira luz desceu à Terra nas jamais ultrapassadas canções apresentadas por Jesus no Sermão da Montanha.
Em razão da predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual do homem,permanece vigorosa a aceitação tácita das questões defluentes do ego e dos seus sicários, que são as paixões dissolventes. Ainda prevalece o interesse mesquinho e perturbador pela mentira, pela manipulação,pela prepotência , em que muitos indivíduos preferem estagiar.
Inúmeras seitas religiosas surgem com periodicidade, adaptando os ensinamentos austeros da busca do Reino dos Céus, mediante os valores enganosos da Terra, atraindo multidões ansiosas e sedentas de poder e gozo, porém distantes da verdade.
A proposta de Jesus , por ser a verdadeira - renúncia, amor, abnegação, caridade, autoiluminação - é preterida por alguns segmentos sociais e indivíduos egotistas, permanecendo, não obstante, como única alternativa para a felicidade.
Lenta, no entanto, seguramente, a luz da verdade imorredoura espalha-se pela Terra, proporcionando a renovação social e espiritual dos seus habitantes.

7- Quem é o " Espírito Santo" na concepção espiritual?

Raul: Essa expressão nos sugere que a governança do mundo existam plêiades de entidades luminosas que, sob o comando Celeste Benfeitor - Jesus, o Messias - cuidam de investir os recursos do seu poder espiritual em favor do progresso geral e da renovação das humanas criaturas. O que as teologias convencionaram chamar de Espírito Santo pode ser compreendido como esses conjuntos de Espíritos sublimados que cuidam da evolução planetária.

Divaldo: O Espírito Santo pode ser entendido como o Espírito de Verdade, o Consolador constituído pelas coortes espirituais formadas pelos nobres Guias da Humanidade.
Podemos identificá-lo também como as estrelas que cairão sobre a Terra, as forças espirituais , o Cristo de Deus...


49- O que devemos entender por "Humildes de Espírito" ou " Pobres de Espírito" ,  os quais Jesus elege para o Reino dos Céus? (Mt. 5: 3)

Raul: Essa bem aventurança de Jesus exprime, de fato, a ventura experimentada pelos que conseguem desenvolver a humildade, a simplicidade em si próprios. Humildade que não significa tolice nem pieguice, simplicidade que não é papalvice.
É assim que achamos em o Livro dos Médiuns, de Allan kardec, que no Cap. XXXI, item XVI , o Espírito Santo Agostinho a afirmar que Deus ama os simples de espírito , o que não quer dizer tolos, mas que renunciam a si mesmos e que , sem orgulho, para Ele se encaminham.
Divaldo: Os pobres de espírito podem ser considerados todos aqueles que se despojaram dos andrajos morais da ira, do ódio, do orgulho, da insensatez, da sensualidade, verdadeiras fortunas que muitos preservam e disputam. Nestes mundo rico de espíritos pobres de valores éticos, Jesus glorifica aqueles que são os liberados das mazelas da alma, dos vícios e dependências infelizes das paixões primárias. Esses alcançarão o Reino dos Céus que , de alguma forma, já se lhes encontra ínsito no coração puro de inferioridade.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Origem dos Vícios

Por Carlos Campetti

A questão da origem dos vícios é muito complexa e exige acurada pesquisa, análise e meditação. Em função
dessa mesma complexidade e da pobreza de nossa capacidade atual de sondar nossas próprias origens,
não há possibilidade de se esgotar o assunto. Dessa forma, faremos apenas algumas considerações como
tentativa de entender um pouco mais tão intrincada problemática.
Para dirigir nossa análise, vamos examinar a questão do interesse pessoal e sua relação com os vícios
do indivíduo.
Curiosamente, ao apresentar o significado da palavra interesse em seu dicionário, Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira, em certo momento, liga o verbete à expressão “vantagem pessoal”.
Vejamos:
“Interesse [...] S.m. 1. Lucro material
ou pecuniário; ganho. 2. Parte
ou participação que alguém tem
nalguma coisa: Qual o seu interesse
na firma? 3.Vantagem, proveito; benefício:
Só age em seu próprio interesse.
4. Aquilo que convém, que importa, seja em que domínio for.
5. Sentimento de cobiça; avidez.
6. Procura de vantagem pessoal, de proveito.
7. Sentimento de zelo, simpatia, preocupação ou curiosidade por alguém ou alguma coisa: Demonstra interesse pela menina;
Tem interesse por assuntos científicos.
8. Empenho: Não tenho interesse na resolução do caso.
[...]” Como se evidencia, apesar da conotação tendente ao negativo, o problema não está propriamente
no interesse, que pode apresentar aspectos positivos. Afinal, para fazer o bem ao próximo é necessário
interessar-se positivamente por ele. Allan Kardec e os Espíritos Superiores dizem que o egoísmo fundamenta- se no sentimento do interesse pessoal na questão 914 de O Livro dos Espíritos; e, na 917, afirmam que “[...] o egoísmo assenta na importância da personalidade [...]”.O interesse pessoal se qualifica como sendo exclusivo, exclusivista. O indivíduo não estaria propriamente dedicado à sua evolução espiritual,
mas interessado em superar os demais, em ganhos, quaisquer que sejam, que não pretenderia, não desejaria, não teria interesse em compartilhar com outros. Ele se julgaria o mais importante, com direitos exclusivos e merecedor de privilégios em relação aos demais.Nessa situação, ainda que tivesse interesse em
compartilhar algo, teria a preocupação de reservar a melhor parte para si, de garantir primeiro o seu
lado, depois pensaria nos outros em um âmbito restrito.
Mas essa atitude não é a que caracteriza o mais forte, o mais apto a sobreviver pela lei da seleção natural?
Não faria parte do instinto de sobrevivência, pelo menos entre os seres mais inferiores da Natureza?
O ser humano não teria herdado parte desses instintos no processo de evolução?
O que diferencia a espécie animal da humana?
As duas possuem inteligência, mas só a última tem capacidade moral. O homem é dotado de instintos e estes são mais fortes quanto menos evoluído ele é. Precisa trabalhar para o seu desenvolvimento, de forma
que a razão sobrepuje os instintos e ele deixe de ser governado pelas leis mecânicas que regem a vida
dos seres menos evoluídos, destinadas a garantir sua sobrevivência e dar as condições necessárias ao
seu desenvolvimento nos primeiros estágios de evolução.
Cabe ao ser humano desenvolver a capacidade de governar o próprio destino, sendo responsável pelo
uso do livre-arbítrio, da razão, na busca cada vez mais ampla da compreensão do significado da vida,
que, para ser plena, implica a concretização de uma existência ética – no sentido de reguladora das relações
com os demais seres. Porém, mais do que isso, a concretização de uma conduta moral, inspiradora e
norteadora do desenvolvimento integral do ser para o cumprimento do objetivo de sua existência,
cuja meta é o uso pleno da razão a caminho da conquista da intuição.
Quanto mais evoluído, menos interesse em relação à personalidade, menos apego ao que é pessoal,
maior submissão à vontade de Deus, mais dedicação ao bem do próximo, maior luz interior. Quanto
mais interesse pessoal, mais restrito está o ser ao mundo do ego, mais preocupado em defender seus
pontos de vista, seu mundo, seus objetivos particulares. Quanto mais livre do interesse pessoal, mais o
indivíduo se dedica ao próximo, pois sabe que o seu interesse está resguardado pela Justiça Divina.
Quanto mais desinteressado de si mesmo, mais cresce, pois se liberta da jaula do ego para conhecer o
universo do eu profundo que se identifica com as potências superiores
da alma.
O Espiritismo não incentiva o interesse pessoal, ainda que a pretexto da busca de evolução, pois, ao
contrário, o interesse pessoal dificulta o processo evolutivo do ser.
Quem quer que racionalize dessa forma equivocada pode estar interpretando mal o pensamento da
Doutrina, ou não consegue entender o sentido profundo do ensinamento.
É possível, ainda, que, ao ouvir os expositores que abordam o tema, esteja restringindo o conceito
à sua própria capacidade de entendimento. O Espiritismo incentiva o interesse pelo bem, que
precisa ser construído dentro de cada um, fato que possibilitará a sintonia com o bem externo. Mas
se o indivíduo tem desejo pessoal na conquista do bem que está fora dele dificilmente o alcançará, pois
o bem não pode ser somente dele: é de todos. O que ele precisa conquistar é a si mesmo, submetendo o
interesse pessoal, o culto à personalidade, e permitindo o surgimento do amor.Assim, o bem passa a existir
nele, da mesma forma que está nos demais e em todo o Universo.
Desse modo, pode-se afirmar que a raiz do problema está no interesse pessoal, pois é nele que se fundamentam o egoísmo e todos os demais vícios, inclusive a insegurança, que é falta de confiança
na Providência Divina e em si mesmo. O egoísta é profundamente
inseguro. Não confia em ninguém, nem mesmo em Deus, porque desconfia de si, da própria capacidade de compartilhar com os demais. Como possui interesse pessoal, conclui que todos também o possuem e
age, doentiamente, para garantir sua primazia em relação a tudo. A raiz do problema está, desse modo, no interesse pessoal, porque ele é a antítese da caridade, da suprema capacidade de renúncia pessoal em favor de outrem.
Deus não nos deu o interesse pessoal. Deu-nos as condições de caminhar para Ele, para aprender
com Ele e com os que cresceram antes que nós, no compartilhar da vida. Quando, por interesse pessoal,
nos recusamos, querendo a vida só para nós, morremos (filosoficamente) no engano, para renascer posteriormente, quando entendermos o profundo significado da caridade, no exercício da qual
não há espaço para o interesse pessoal, por mínimo que seja.A partir daí, todo aperfeiçoamento individual
é buscado como forma de melhor servir à grande obra da vida,
gerida pelo Criador.
O tema é complexo, difícil, pois, de esgotá-lo.Vale aguardar o futuro. O estudo e a experiência levam naturalmente a mais profundas análises e melhores conclusões sob a inspiração de nossos Benfeitores espirituais.
Setembro 2006 • Reformador

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O pecado e a atitude pecaminosa


"Tendes ouvido o que foi dito: Não adulterareis. Eu, porém, vos digo que todo o que põeseus olhos em uma mulher, para a cobiçar, já no seu coração cometeu adultério... E'necessário que haja escândalos, mas ai do homem por quem o escândalo vem."A atitude pecaminosa e o pecado consumado são igualmente passíveis de condenaçãopela soberana justiça do céu.Há capacidade para o mal, como há para o bem. O estado pecaminoso está incurso na leidivina, ainda mesmo que, por esta ou aquela circunstância, não se objetive o pecado.A justiça da Terra julga pelas aparências. A do céu julga segundo a reta equidade. Parao julgamento do mundo é mister que o mal se concretize para que exista e sejacondenado. Para o juízo divino, que penetra o âmago dos corações, não é istonecessário: ele constata o mal latente e o exprobra desde logo.E assim se explicam as palavras de Jesus: E' preciso que haja escândalo; mas aidaquele por quem vem o escândalo. Sim, é preciso que a maldade humana, oculta nospélagos insondáveis do Espírito, se manifeste, se mostre à luz do dia para que odelinqüente se reconheça como tal, e, suportando as conseqüências dolorosas do delito, secorrija e se converta. Enquanto a sujidade permanece escondida, o homem se julga puro;quando, porém, extravasa a lama pútrida que jazia acamada no fundo de sua alma, eledesperta para a realidade e se reconhece pecador. E' o que sucedeu com oMancebo, cuja paixão pelas riquezas mundanas Jesus tornou patente.Sendo a confissão da culpa o início da redenção, é preciso que haja escândalo, vistocomo o homem só se curva à evidência dos seus pecados quando estes se tornamostensivos, não lhe sendo mais possível dissimulá-los.Que importa que o adultério não se haja consumado, se ele existe no coração? Que importaque o homem mau não haja tirado a vida a ninguém, se ele é homicida de pensamento,se alimenta ódio contra seu próximo e se regozija com as alheias desventuras ?Quem diria que Judas seria capaz de vender a Jesus-Cristo por trinta dinheiros, senãoo mesmo Jesus, que sabia existir na alma cúpida daquele discípulo a avareza, a sedeinsaciável de ouro que, no dizer de Paulo, é a raiz de todos os males? Nesse caso,dir-se-á: porque, então, Jesus chamou Judas para o apostolado? Justamente porqueera preciso que o escândalo se verificasse, já em proveito da missão que Jesus vinhadesempenhar na Terra, já no do próprio Judas, cuja redenção teve início precisamenteapós a prática daquele crime de traição. O tremendo remorso de que se viu possuído éo atestado certo do despertar de sua consciência até ali mergulhada na embriaguez debastardas paixões.Noutro terreno menos grave, vemos Pedro, o apóstolo arrojado, cujo temperamentoardoroso tão bem se prestava a transmitir as mensagens do céu, negar três vezes o seuMestre, a despeito mesmo de haver sido por ele prevenido dessa prova pela qual deviapassar. A negação de Pedro foi, a seu turno, um escândalo; mas, era preciso  que assim sucedesse para que Pedro se acautelasse contra uma ralha de seu bondoso caráter.Jesus estava certo de que Pedro podia negá-lo; porem Pedro, a parte mais interessadano caso, ignorava que de tal fosse capaz. Após a consumação do ato pecaminoso, ficou-seconhecendo melhor; e, como é sabido, do conhecimento próprio depende a obra de nossoaperfeiçoamento. Pedro, no conceito de Jesus, era o mesmo, antes e depois da negação. Estafalta, ou melhor, a capacidade de praticar ou incorrer em tal gênero de pecado, já Jesus haviadescortinado no interior daquele apóstolo.De todos estes comentos ressalta grande e proveitosíssima lição de humildade, que convém assi-nalar. Do exposto, é forçoso concluir que existe em todos nós grandes falhas de caráter,muitas e variadas capacidades de pecar. Esta convicção, do que em realidade somos, há de nostornar mais benevolentes, menos descaridosos para com as quedas alheias. Veremos com olhosmais complacentes as vitimas do crime; e, — como os acusadores da mulher adúltera, aos quaisJesus forçou reconhecer as culpas próprias — não nos sentiremos com ânimo de atirar-lhes aprimeira pedra.

Livro: Em torno do Mestre- Vinícius