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sábado, 25 de janeiro de 2014

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 132

 
 
Os Espíritos se originam do mesmo princípio único, tocados com o mesmo amor pela Divindade. A justiça de Deus é perfeita em todos os rumos da Sua sabedoria, e neste entendimento é que os seres criados passam pelos mesmos processos de despertamento espiritual, mas, com reações diversas. O ponto de saída e chegada é o mesmo para todos os Seus filhos. As diferenças que encontramos de alma para alma, de homem para homem, já deves ter deduzido, é a idade de cada ser, na pauta das suas existências. Quanto, ao que muitos escritores espiritualistas dizem, que uns sofrem e outros não, na ascensão que deviam conquistar, é opinião falsa, por não encontrar ressonância na justiça do Todo-Poderoso. Se nasceram todos simples e ignorantes todos foram às escolas, onde os ensinamentos são os mesmos e idênticas às necessidades. Mesmo que as modalidades de aprendizagem sejam diversas, no fim, a soma de trabalhos, dores e sacrifícios, de esforços individuais para aquisição dos poderes, é a mesma, em busca das trilhas de libertação dos seus valores morais e espirituais.
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terça-feira, 6 de agosto de 2013

Expiação individual e/ou coletiva

Editorial
 •  Redação
O culpado busca em si mesmo o seu mais inexorável castigo. (C.I. 2a parte, cap VII, II)1
De modo diverso procede a justiça divina, cujas punições correspondem ao progresso dos seres aos quais elas são infligidas. (C.I. 2a parte, cap VII, III)1
As agonias da Terra têm por premissa as alegrias do céu. (C.I. 2a parte, cap VIII, Marcel)1
Eu quis expiar o orgulho, na última existência, sob a condição de servo. (C.I. VII, Antônio B)1
As tribulações, as vicissitudes, as dificuldades e dores humanas são sempre as consequências de uma vida anterior, culposa ou mal aproveitada. (C.I. VII, Erasto)1
Era a segunda vez que eu expiava a privação da vista. Tendo já expiado, ainda me faltava reparar. (C.I. VII, final, José)1
Deus, em sua bondade, faz que o próprio castigo redunde em proveito do progresso do Espírito. (Ev. III 15)2
Não há faltas irremissíveis, que a expiação não possa apagar. (L.E. Introdução, VI)3
Primeira ordem – Espíritos puros: Tendo alcançado a soma de perfeição de que é suscetível a criatura, não têm mais que sofrer provas, nem expiações. (L.E. 113)3
Deus impõe a encarnação aos Espíritos com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. (L.E. 132)3
O fim objetivado com a reencarnação é a expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. (L.E. 167, 178)3
Para os Espíritos, não há trevas, salvo as que podem achar-se por expiação. (L.E. 246)3
As vicissitudes da vida corpórea constituem expiação das faltas do passado e, simultaneamente, provas com relação ao futuro. (L.E. 399)3
As classes a que chamas sofredoras são mais numerosas, por ser a Terra lugar de expiação. (L.E. 931)3
A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito. (L.E. 998)3
Os privados da visão deveriam considerar-se como bem-aventurados da expiação. (R.E. 1863)4
A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falha cometida. – Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. (R.E. 1863)4
É erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta. – Assim, nada há de irracional em admitir que um Espírito na erraticidade escolha ou solicite uma existência terrena que e o leve a reparar seus erros passados. (R.E. 1863)4
Bendigo a chama; bendigo os sofrimentos; bendigo a prova, que era uma expiação. (R.E. 1863)4
O que lhe acontece é uma expiação; se quer que esta cesse, terá que se melhorar e provar as boas intenções, começando por se mostrar boa e caridosa para com os inimigos. (R.E. 1864)4
Há provações sem expiação, como há expiações sem provação. (R.E. 1864)4
Essas almas deserdadas desde o nascimento neste mundo já viviam e expiam, em corpos disformes, suas faltas passadas. (R.E. 1864)4
Aliás, quem sabe se esse menino, supondo seu crime sem escusas, não sofreu duro castigo no mundo dos Espíritos, e se seu arrependimento e seu desejo de reparar não reduziram a expiação terrena a uma simples enfermidade? (R.E. 1865)4
Por que esses dois seres são feridos juntos? Porque participaram da mesma vida; estavam ligados durante a provação, e devem estar reunidos na vida de expiação. (R.E. 1865)4
O fato seguinte apresenta um caso instrutivo, como aplicação da soberana justiça e como explicação do que por vezes parece inexplicável em certas posições da vida. (R.E. 1867)4
O mesmo sucede quando se trata de crimes cometidos solidariamente por um certo número de pessoas. As expiações também são solidárias, o que não suprime a expiação simultânea das faltas individuais. (O.P. Primeira parte – As expiações coletivas)5

1. KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno.
2. ____. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
3. ____. O Livro dos Espíritos.
4. ____. Revista Espírita.
5. ____. Obras Póstumas.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

O TRATAMENTO DAS DOENÇAS E O ESPIRITISMO

O TRATAMENTO DAS DOENÇAS
E O ESPIRITISMO
 
Emmanuel
 
1-O Espiritismo pode contribuir par ao tratamento das doenças?
 
         -A doutrina Espírita, expressando o Cristianismo Redivivo, não apenas descortina os panoramas radiantes da imortalidade, ante o grande futuro, mas é igualmente luz para o homem, a clarear-lhe o caminho; desse modo, desempenha função específica no tratamento das doenças que fustigam a Humanidade, por ensinar a medicina da alma, em bases no amor construtivo e reedificante.
         -Nas trilhas da experiência terrestre, realmente, a cada trecho, surpreendemos desequilíbrios, a se exprimirem por enfermidades individuais ou coletivas.
 
2-Existe uma patologia da alma?
 
         -Mágoas, ressentimentos, desesperos, atritos e irritações entretecem crises do pensamento, estabelecendo lesões mentais que culminam em processos patológicos, no corpo e na alma, quando não se convertem, de pronto, em pábulo da loucura ou em sombra da morte.
 
3-Por que acontece assim?
 
         -Isso acontece porque milhões de criaturas, repostas no lar, recapitulam amargosas e graves experiências, junto àqueles que atormentaram outrora ou que outrora lhes foram implacáveis verdugos; metamorfoseados em companheiros que, às vezes, trazem o nome de pais e figuram-se adversários intransigentes; responderam por filhos e mais se assemelham a duros algozes dos corações afetuosos que lhes deram o tesouro do berço; carregam a certidão de esposos e parecem forçados, em algemas duplas na pedreira do sofrimento; fazem-se conhecidos por titulares da parentela e exibem-se, à feição de carrascos tranqüilos.
 
4-Como classificar o reduto doméstico, onde se reúnem sob os mesmos interesses e sob o mesmo sangue os inimigos de existências passadas?
 
         -Do ponto de vista mental,os adversários do pretérito, reencarnados no presente, expandem entre si tamanha carga vibratória de crueldade e rebeldia, que transfiguram o ninho familiar em furna, minado por miríades de raios destrutivos de azedume e aversão.
 
5-Qual o papel dos princípios espíritas diante dos conflitos familiares?
 
         -Diante dos conflitos familiares, surgem os princípios espíritas por medicação providencial.
 
6-Qual o ponto fundamental do socorro espírita nos males de origem doméstica?
 
         Claramente, na educação individual e, evidenciando a reencarnação, destaca o impositivo da tolerância mútua, por terapêutica espiritual imediata, a fim de que os pontos nevrálgicos do indivíduo ou do grupo sejam definitivamente sanados.
 
7-Como classificam a Doutrina Espírita as pessoas difíceis da convivência ou da consanguinidade?
         -A Doutrina Espírita, proclamando o entendimento fraterno por medida inalienável, perante os ajustes precisos, cataloga os irmãos transviados na ficha dos enfermos carecentes de compaixão e socorro.
 
8-Como funcionam os ensinamentos espíritas na cura dos males que infelicitam as criaturas humanas?
         -Os ensinamentos espíritas, despertando a mente para a necessidade do trabalho e do estudo espontâneo, preparam a criatura em qualquer situação, para a obra do aperfeiçoamento próprio e desvelando a continuidade da vida, para lá da morte, patenteiam ao raciocínio de cada um que a individualidade não encontrará, além-túmulo, qualquer prerrogativa e sim a felicidade ou o infortúnio que construiu para si mesma, através daquilo que fez aos semelhantes.
 
9-A caridade pode auxiliar nas curas dos males humanos?
         -Fácil verificar, assim, que a Doutrina Espírita encerra a filosofia do pensamento reto, por agente preservativo da saúde moral, e consubstancia a religião natural do bem, cujas manifestações definem a caridade por terapêutica de alívio e correção de todos os males que afligem a existência.
 
10-Em que fórmulas essenciais se baseiam a terapêutica espírita?
         -Com os ensinamentos espíritas aprendemos que os atos de bondade, ainda os mais apagados e pequeninos, são plantações de alegrias eternas e que o perdão incondicional das ofensas é a fórmula santificante para supressão da dor e renovação do destino.
 
11-Quais são os medicamentos do espírito?
         -Nas atividades espíritas, colhemos do magnetismo sublimados benefícios imediatos, seja no clima do passe, sob o influxo da oração, ou no culto sistemático do Evangelho no lar, por intermédio dos quais, benfeitores e amigos desencarnados nos reequilibram as forças, através da inspiração elevada, apaziguando-nos os pensamentos, ou se valem de recursos mediúnicos esparsos no ambiente, a fim de nos propiciarem socorro à alma aflita ou às energias exaustas.
         -Se abraçastes, pois, a Doutrina Espírita, perlustra-lhes os ensinos e compreenderás que a humildade e a benevolência, o serviço e a abnegação, a paciÊncia e a esperança, a solidariedade e o otimismo são medicamentos do Espírito, transformando lutas em lições e dificuldades em bênçãos, porque no fundo de cada esclarecimento e de cada mensagem consoladora, que te fluem da inspiração, ouvirás a palavra do Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
 
 
Da Obra “Leis Do Amor” -  Espírito: Emmanuel –
Psicografias:  De Francisco Cândido Xavier Dos Capítulos Pares
E Waldo Vieira, Dos Capítulos Ímpares.

domingo, 24 de março de 2013

A CABEÇA DO PROFETA. (...)"Ninguém tem o direito de tirar a vida do seu semelhante. O profeta Elias poderia ter demonstrado a excelência do seu Deus, sem contudo ordenar a matança dos sacerdotes politeístas de Baal. O fato de ter João Batista sido o precursor de Jesus Cristo, desempenhando, portanto, importante papel no seu Messiado, seria o suficiente para ter anulado aquele delito; no entanto, vemos que o seu Espírito teve necessidade de se ajustar com a Lei Divina, por isso sua cabeça rolou, a pedido de Herodias"...


"E trouxeram-lhe, numa bandeja, a cabeça de João Batista." (Mateus, 14:11)
Herodias, pretendendo vingar-se de João Batista, pelo fato de ele ter, de público, verberado o seu procedimento imoral, instigava sua filha Salomé a solicitar a sua cabeça numa bandeja. O rei Herodes, não querendo voltar atrás em sua promessa, ordenou que assim fosse feito.
Esta passagem evangélica nos propicia uma eloqüente prova de reencarnação, de ajuste com a justiça divina, e tudo leva a crer que nessa ocorrência também houve a consumação de um juramento de vingança.
A reencarnação do Espírito de Elias, na pessoa de João Batista foi sobejamente confirmada pelo próprio Jesus Cristo (Mateus, 11:13- 14 e 17:11-13): "E se quereis dar crédito, este é o Elias que havia de vir. E então os discípulos entenderam que falava de João Batista.
A narração contida no I livro dos Reis (I Reis, capítulos 18 e 19), afirma que Elias, após fazer uma demonstração patética, convincente de que o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó era o Deus verdadeiro, ordenou a decapitação de 450 sacerdotes de Baal. O rei Acab, de Israel, comunicou o fato à rainha Jezabel, sua esposa, filha do rei dos sidônios, a qual não era israelita e adorava também o deus Baal.
Jezabel, face àquele fato consumado, jurou solenemente "Assim me matem também os deuses, e façam comigo coisas piores se até amanhã, a estas horas, não liquidar a vida de Elias, do mesmo modo como ele fez com os profetas".
Elias fugiu para Berseba, onde não foi encontrado pelos emissários da rainha. Com o desenrolar dos tempos, ambos desencarnaram, sem que o juramento de vingança fosse cumprido.
Quando nascido na pessoa de João Batista, embora Jesus tivesse afirmado que "ele era mais do que profeta" e que "era o maior dentre os nascidos de mulher", ele não pôde subtrair-se às conseqüências da lei de causa e efeito, tendo que quitar-se com a Justiça Divina.
Inspirada por Herodias, Salomé pediu sua cabeça numa bandeja. Isso ocorreu nove séculos após Elias ter ordenado a decapitação dos sacerdotes de Baal. É bem provável que Herodias também tenha sido a reencarnação de Jezabel, pois são pródigos os ensinamentos dos Espíritos em torno de sentimentos de vingança que perduram séculos e acompanham os Espíritos no decurso de muitas reencarnações. É provável que, não tendo ela se vingado de Elias, 24 horas após, conforme pretendia, o tenha feito 900 anos após, na pessoa de João Batista, que era o Elias reencarnado.
Muitos poderão achar que este período de tempo é demasiado longo. No entanto, os benfeitores espirituais nos revelam, principalmente através dos livros recebidos pela psicografia de Chico Xavier, que muitos Espíritos, animados de sentimentos inferiores, permanecem séculos e séculos na erraticidade ou em planos menos evoluídos. Nove séculos não são exagerados no ciclo evolutivo de um Espírito, e isso não significa que o Espírito de Jezabel não tenha tido outras reencarnações intermediárias, nas quais não conseguiu apagar do seu coração os sentimentos de desforra.
Ninguém tem o direito de tirar a vida do seu semelhante. O profeta Elias poderia ter demonstrado a excelência do seu Deus, sem contudo ordenar a matança dos sacerdotes politeístas de Baal.
O fato de ter João Batista sido o precursor de Jesus Cristo, desempenhando, portanto, importante papel no seu Messiado, seria o suficiente para ter anulado aquele delito; no entanto, vemos que o seu Espírito teve necessidade de se ajustar com a Lei Divina, por isso sua cabeça rolou, a pedido de Herodias. É a aplicação pura e simples da lei de Causa e Efeito. "É o quem com ferro fere, com ferro será ferido", do ensinamento evangélico.
Paulo A. Godoy

domingo, 10 de março de 2013

Filhos com Deficiência

Filhos com Deficiência

A expectativa que toma conta do período de gestação da mulher é tão especial e admissível que se justifica a frustração ou a amargura que envolve tantos corações, quando constatam que seus rebentos, ansiosamente aguardados, são portadores de deficiência física ou mental ou a conjugação de ambas.

Compreensíveis a dor e a surpresa que se alojam nas consciências e nas almas paternas, ao começarem a pensar nas limitações e conflitos, agonias e enfermidades que acompanharão os seus filhos, marcados, irremediavelmente, para toda uma existência de dependências e limitações.

Quantos são os pais que, colhidos no amor próprio, fogem da responsabilidade de cooperar com os filhos debilitados?

Quantas são as mães que, transformadas em estátuas de dor ou de revolta, abandonam os filhos à própria sorte, relegando-os aos ventos do destino?

Entretanto, levanta-se um enorme contingente de pais e de mães que, ao identificarem os dramas em que se acham seus filhos inseridos, enchem-se de ternura, de dedicação, vendo nos rebentos, achacados no corpo ou na mente, oportunidades de crescimento e enobrecida luta em prol do futuro feliz para todos.

Seu filho com deficiência, não o descreia, é alguém que retorna aos caminhos humanos, após infelizes rotas de desrespeito à ordem geral da vida.

Seus filhos lesados por carências corporais ou psíquicas estão em processo de ressarcimento, havendo deixado para trás, nas avenidas largas do livre-arbítrio, as marcas do uso da exorbitância, da insubmissão ou da crueldade.

Costumeiramente, os indivíduos que se valeram do brilho intelectual ou da sagacidade mental para induzir ao erro, para destruir vidas no mundo, para infelicitar, intrigando e maldizendo, reencarnam com os centros cerebrais lesados, em virtude de se haverem atormentado com suas práticas inferiores, provocando processos de desarranjo nas energias da alma, localizadas na zona da estrutura cerebral.

Não só intelectuais degenerados renascem com limitações psico-cerebrais, tangidos pela Síndrome de Down, mas, também, os que resolveram mergulhar nas valas suicidas, destroçando o cérebro e os seus núcleos importantes, mantendo-se com os fulcros de energias perispirituais sob graves distúrbios que deverão ser recompostos por meio da reencarnação.

Indivíduos que, no passado, se atiraram à insana destruição corporal, arremessando-se de altitudes, ou sob pesados veículos, ou deixando-se afogar no bojo de massa líquida, podem retornar agora na posição de filhos da sua carne, marcados por hemi, para ou tetraplegias, por cegueira, mudez, surdez ou outras dramáticas situações que estão situadas no território das teratologias.

O despotismo implacável pode gerar neuroses ou epilepsias; o domínio cruel de massas indefesas e desprotegidas pode produzir os mesmos efeitos.

Os homicídios cruéis podem acarretar infortunados quadros epilépticos, produzindo sobre a rede psico-nervosa adulterações nas energias circulantes, provocando panes de freqüência variada, de caráter simples ou crônico.

Seus filhos com deficiências podem estar em alguma dessas condições, necessitados da sua compreensão e assistência, para que sejam capazes de superar as próprias deficiências, colocando-se aparelhados de resignação e esforço íntimo para que suplantem-se a si mesmos, rumando para Deus, após atendidos os projetos redentores da Divindade.

Ame seus rebentos problematizados do corpo ou da mente, ou de ambos, cooperando com eles, com muita paciência e com o preito da ternura, para que possam sair vitoriosos da expiação terrena, avançando para mais altos vôos no rumo do nosso Criador.

Forre-se de carinho, de paciência, de tranqüilidade interior, vendo nesses filhos doentes as jóias abençoadas que o Pai confia às suas mãos para que as burile.

Por outro lado, vale considerar que se você os tem nos braços ou sob a sua assistência e seus cuidados, paternais ou maternais, é em razão dos seus envolvimentos e compromissos com eles.

Você poderá tê-los recebido por renúncia e elevado amor de sua parte, mas, pode ser que você esteja diretamente ligado às causas que determinaram os dramas dos seus filhos, cabendo-lhe não alimentar remorsos descabidos, mas, sim, auxiliá-los e impulsioná-los para a própria recomposição, enquanto você, igualmente, avança para o Criador, sofrendo por seu turno o ter que vê-los resgatar, sem outra opção que não seja abraçá-los e se colocarem, você e eles, sob a luz do amor de Deus, resignadamente.

Teresa de Brito.
Raul Teixeira

terça-feira, 5 de março de 2013

ACÊRCA DO DIVÓRCIO

CAPÍTULO XIX
ACÊRCA DO DIVÓRCIO
ACERCA DO DIVÓRCIO
1 - E aconteceu que, tendo Jesus acabado estes discursos, partiu de Galiléia, e veio para os confins da Judéia, além do Jordão.
2 - E seguiram-no muitas gentes, e curou ali os enfermos.
3 - E chegaram-se a ele os fariseus, tentando-o, e dizendo:
É por ventura lícito a um homem repudiar a sua mulher, por qualquer causa?
4 - Ele, respondendo, lhes disse: Não tendes lido que quem criou o homem, desde o princípio fê-los macho e fêmea? E disse:
5 - Por isso deixará o homem pai e mãe, e ajuntar-se-á com sua mulher, e serão dois numa só carne.
6 - Assim que já não são dois, mas uma só carne. Não separe logo o homem o que Deus ajuntou.
O casamento é uma instituição divina. Por meio do casamento, Deus providencia os corpos materiais para os espíritos encarnarem e progredirem; porque, como sabemos, é só pelo trabalho incessante, que o espirito realiza, ora nos círculos materiais, ora nos espirituais, é que se efetua sua evolução.
No ambiente do lar, encontramos os elementos indispensáveis para novos surtos de progresso e de redenção. É também no aconchego do lar, que ensaiamos nossos primeiros passos de amor para com nossos semelhantes. À medida que formos evoluindo, alargaremos o círculo de nosso amor, até que o amor que hoje dedicamos à nossa família, o dedicaremos à humanidade. Erram por conseguinte, os que querem ver no casamento apenas a influência das leis materiais. Ao lado das leis materiais, quase que instintivas, funcionam também puras e santificantes leis morais. Se as leis do instinto ligam os corpos, as leis morais ligam as almas, e determinam cinco espécies de casamentos, em nosso planeta, a saber:
CASAMENTOS POR AFINIDADE:
Almas gêmeas isto é, com o mesmo grau de evolução, unem-se para progredirem juntas. Dão-nos o exemplo do casamento perfeito. O lar é harmonioso. A vida exemplar que o casal vive, constitui um modelo.
CASAMENTOS DE PROVAS:
O casamento é uma prova de resignação, paciência, tolerância e fraternidade. Espíritos de diversos graus evolutivos reúnem-se no mesmo lar, onde se esforçam por viverem em harmonia, apesar da disparidade de gostos, de idéias e de inclinações, que os separam.
CASAMENTOS DE EXPIAÇÃO:
Espíritos culpados, que erraram juntos em encamações anteriores, reúnem-se no mesmo lar, para retificarem os erros do passado.
CASAMENTOS DE RESGATE:
O casamento é de resgate, quando os membros da família procuram resgatar dívidas, que contraíram uns para com os outros, em encarnações anteriores. Assim, o homem que atirou à lama uma mulher, na encarnação seguinte poderá pedir para vir a ser seu marido, para dignificá-la. A mulher, por cuja causa um homem se desviou, poderá, em futura encarnação, servir-lhe de arrimo, para ajudá-lo a voltar ao reto caminho. Os pais que se descuraram da educação moral dos filhos, poderão pedir nova encarnação, em que lhes seja concedido trabalharem para a melhoria de seus filhos extraviados, resgatando desse modo, o mal que lhes causaram.
CASAMENTOS DE RENÚNCIA:
O casamento é de renúncia quando um ou os dois cônjuges, embora não mais necessitando de encarnações terrenas, contudo se encarnam para apressarem o progresso de seus familiares, que se atrasaram no caminho da evolução.
Como vemos além de formarem uma só carne, marido e mulher obedecem a sublimes leis morais, que não podem ser transgredidas impunemente.
7 - Replicaram-lhe eles: Pois, por que mandou Moisés dar o homem à sua mulher carta de desquite, e repudiá-la?
8 - Respondeu-lhes: Porque Moisés, pela dureza de vossos corações, vos permitiu repudiar a vossas mulheres, mas ao princípio não foi assim.
9 - Eu pois vos declaro que todo aquele que repudiar sua mulher, se não é por causa da fornicação, e casar com outra, comete adultério, e o que se casar com a que o outro repudiou, comete adultério.
Quando o egoísmo fala mais alto, endurecendo os corações dos cônjuges, estes facilmente desprezam as leis morais, que lhes presidia à união, e o casamento é, ordinariamente, rompido. Entretanto, ainda assim o Evangelho proíbe a união dos cônjuges com terceiros, dando desta maneira a entender claramente, que os laços do casamento são indissolúveis aqui na terra enquanto os dois cônjuges estiverem encarnados.
10 - Disseram-lhe seus discípulos: Se tal é a condição de um homem a respeito de sua mulher, não convém casar-se.
11 - Ao que ele respondeu: Nem todos são capazes desta resolução, mas somente aqueles a quem isto foi dado.
12 - Porque há uns castrados, que nasceram assim do ventre de sua mãe; e há outros castrados, a quem outros homens fizeram tais; e há outros castrados, que a si mesmo se castraram por amor do reino dos céus. O que é capaz de compreender isto, compreenda-o.
Ao ouvirem tão novos ensinamentos e tão contrários ao costume geral, os discípulos ficaram admirados. E Jesus lhes explica que, conquanto fossem poucos, já existem na terra pessoas que compreendem o quanto de sublime há no sagrado instituto da família.
Os que nasceram castrados, são aqueles que se desviaram pelo sexo, em encarnações anteriores; e agora penetram na vida terrena, punidos naquilo por que pecaram.
Os que os homens castraram, são aqueles que sofreram essa crueldade, comum no Oriente, ainda até há bem pouco tempo.
Finalmente, os que se castraram por amor do reino dos céus, são aqueles que sabem dignificar as leis naturais do sexo, no sagrado instituto da família. E também aqueles que, não tendo conseguido constituir família, sabem manter-se em nobre e digna castidade.
JESUS ABENÇOA OS MENINOS
13 - Então lhe foram apresentados vários meninos, para lhes impor as mãos, e fazer oração por eles. E os discípulos os repeliam com palavras ásperas.
14 - Mas Jesus lhes disse: Deíxai os meninos, e não embaraceis que eles venham a mim; porque destes tais é o reino dos céus.
15 - E depois que lhes impôs as mãos, partiu dali.
Destes tais é o reino dos céus, significa que somente os que alcançaram a pureza e a inocência das crianças, estão em estado de merecerem a felicidade, que se origina sempre de uma consciência sem mácula.
Estas palavras de Jesus também são uma ordem, para que as crianças sejam instruídas em seu Evangelho, desde pequeninas. Embaraçar as crianças e mesmo repeli-las para que não se acerquem de Jesus, simboliza a indiferença dos pais em não cuidarem da educação evangélica de seus filhinhos. Proceder assim é um erro de lamentáveis conseqüências espirituais; porque os pais se esquecem de indicar aos filhos o caminho que facilmente os conduziria a Deus.
É muito comum depararmos com pais espíritas, que militam nas fileiras do Espiritismo como médiuns ou como pregadores, e não sabem encaminhar seus filhos para o caminho da espiritualidade e da evangelização, deixando-os entregues a si mesmos. O resultado é que os filhos inexperientes, privados do auxílio da experiência dos pais, desviam-se com facilidade, preparando colheitas de lágrimas e de sofrimentos para si próprios e para os pais que não souberam, ou não quiseram guiá-los pelo caminho reto.
O MANCEBO RICO
16 - E eis que, chegando-se a ele um, lhe disse: Bom Mestre, que obras boas devo fazer, para alcançar a vida eterna?
17 - Jesus lhe respondeu: Porque me perguntas tu o que é bom? Bom só Deus o é. Porém, se tu queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
18 - Ele lhe perguntou: Quais? E Jesus lhe disse: Não cometerás homicídio. Não adulterarás. Não cometerás furto. Não dirás falso testemunho.
19 - Honra a teu pai e à tua mãe, e amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
20 - O mancebo lhe disse: Eu tenho guardado tudo isso desde a minha mocidade; que é que me falta ainda?
21 - Jesus lhe respondeu: Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem, e segue-me.
22 - O mancebo, porém, como ouviu esta palavra, retirou-se triste; porque tinha muitos bens.
Para que ao desencarnar, o espírito atinja as regiões superiores do mundo espiritual, não lhe basta somente guardar os mandamentos divinos. É preciso que além de uma vida nobre e pura, tenha a coragem suficiente de se desprender das coisas da terra.
Respondendo Jesus ao moço rico, que se desfizesse do que possuía em benefício dos que nada tinham, mostrou-lhe que ainda lhe faltava a virtude da renúncia, isto é, pensar nos outros antes de pensar em si. E lhe demonstrando que precisava adquirir a virtude da renúncia, Jesus ensinou ao moço rico que o excessivo apego às riquezas da terra, amarra a alma às regiões inferiores, e não a deixa elevar-se para Deus.
Ao dizer Jesus que só Deus é bom, dá-nos uma lição de humildade, pois, por nós próprios nada somos, se a bondade divina não nos amparar.
23 - E Jesus disse aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificultosamente entrará no reino dos céus.
24 - Ainda vos digo mais: Que mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino dos céus.
O poder e os gozos materiais que a riqueza proporciona; o orgulho que alimenta nos corações; a sedução que exerce sobre as almas; tudo isso torna a prova da riqueza uma das mais difíceis, que um espírito tem de suportar no caminho da perfeição.
A riqueza é cheia de méritos para o futuro espiritual de uma alma, quando é bem empregada; porque a riqueza é uma das alavancas do progresso do mundo. Os ricos são os despenseiros dos bens materiais de Deus. E como tal, devem zelar para que nada falte aos que nada possuem. E que não seja por meio da fria caridade, que se limita a distribuir apenas algumas moedas; mas sim, pelo exercício da caridade ativa, que consiste em promover o trabalho, a instrução. O bem-estar e a moralização da família humana. E como, ordinariamente, o rico se esquece de seus deveres de mordomo, e usa, egoisticamente, só para si próprio, os bens que lhe foram confiados, torna-se difícil sua ascenção para Deus.
25 - Ora os discípulos, ouvidas estas palavras, conceberam grande espanto, dizendo: Quem poderá logo salvar-se?
26 - Porém Jesus, olhando para eles, disse: Aos homens é isto impossível, mas a Deus tudo é possível.
Na verdade, para Deus não é difícil que um rico se salve, porque existe a lei da reencarnação, a qual permite a cada um retificar os erros cometidos. Assim, aquele que empregou mal a riqueza, não está perdido, porque é vontade de Deus que não se perca nenhum de seus filhos; nas futuras encarnações, corrigirá os maus atos que praticou pelo emprego errôneo da riqueza. E então estará salvo.
27 - Então, respondendo, Pedro lhe disse: Eis aqui estamos nós que deixamos tudo, e te seguimos; que galardão pois será o nosso?
28 - E Jesus lhes disse: Em verdade vos afirmo que vós, quando no dia da regeneração estiver o Filho do homem sentado no trono da sua glória, vós, torno a dizer, que me seguistes, também estareis sentados sobre doze tronos, e julgareis as doze tribos de Israel.
Paupérrimos como eram, mesmo ao pouco que possuíam, os apóstolos souberam renunciar, a fim de auxiliarem Jesus na grandiosa tarefa de regeneração da humanidade. É justo, pois, que continuem a ser no mundo espiritual os principais colaboradores de Jesus, na obra de evangelização que se processa no mundo.
Jesus simboliza nas doze tribos de Israel a humanidade, e no cargo de juiz que confere a cada apóstolo, a supremacia que conquistaram no trabalho evangélico.
29 - E todo o que deixar, por amor do meu nome, a casa, ou os irmãos ou as irmãs ou o pai ou a mãe ou a mulher ou os filhos ou as fazendas, receberá cento por um, e possuirá a vida eterna.
Os interesses espirituais deverão sempre ser colocados acima dos interesses materiais, e mesmo acima dos laços transitórios da família. Por mais que amemos a casa, os irmãos, as irmãs, o pai, a mãe, a mulher, o marido, os filhos e nossas riquezas, jamais consintamos que nos sirvam de embaraço em nosso caminho para a espiritualidade. Especialmente os médiuns e todos os que foram convocados para a luta no campo do Espiritismo, nunca deverão deixar que os obstáculos criados no ambiente doméstico, lhes façam esquecer de seus deveres sublimes. É comum os familiares de um médium servirem de tentação para desviá-la do desempenho de suas responsabilidades mediúnicas. Às vezes, nossos entes queridos ainda não alcançaram o grau de compreensão espiritual, que lhes possibilitaria avaliarem o que significa o trabalho na seara de Jesus. E nesse estado de incompreensão, criam dificuldades de toda a sorte, perturbando o trabalho do discípulo fiel. É contra essa espécie de tentação, que Jesus quer que nos precatemos. Ele aqui nos quer dizer que sejamos suficientemente fortes para não cedermos, colocando acima de tudo, o trabalho divino que nos foi confiado.
30 - Porém, muitos primeiros virão a ser os últimos, e muitos últimos virão a ser os primeiros.
Nem sempre os que primeiro recebem as palavras de Jesus, têm o ânimo suficientemente forte para perseverarem até o fim, na observância de seus ensinamentos. Há os que se desviam ou recebem as lições com indiferença, sendo-lhes necessário longo período retificador, antes de conquistarem o reino dos céus. E acontece que há os que recebem as palavras de Jesus por último, e se esforçam de tal modo por segui-las, que facilmente alcançam e deixam para trás os que primeiro as ouviram. Vemos suceder a mesma coisa no Espiritismo: quantos há que ouvem as lições espíritas desde cedo e, no entanto, nenhum progresso espiritual conseguem; e quantos ingressam no Espiritismo já no fim de suas encarnações, e ainda produzem ótimos frutos espirituais para suas almas.
Eliseu Rigonatti

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Morte na boate- Richard Simonetti

Tragédias como a de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que vitimou 231 pessoas sempre suscitam a dúvida crucial: Maktub? Estava escrito?
            A meu ver está escrito apenas que morreremos um dia, mas sem definição do dia e hora, já que estes pertencem às contingências humanas, subordinadas ao livre-arbítrio.   Raros vivem integralmente o tempo concedido por Deus para as experiências humanas. Multidões retornam antes do tempo à espiritualidade por cuidarem mal do corpo, por se comprometerem no vício, no desregramento, na indisciplina, no crime…
            Há quem diga que débitos cármicos, nascidos de desvios cometidos em passadas existência teriam originado uma espécie de resgate coletivo na funesta madrugada.
            Além de logisticamente complicado juntar pessoas que queimam e sufocam seus semelhantes para morte igual, tal resgate lembra a pena de talião defendida por Moisés, o olho por olho, à distância do amor que cobre a multidão dos pecados, ensinado por Jesus.
            Há sempre a ideia supostamente consoladora, de que tudo vem de Deus. Assim pensando, seria, porventura, mais razoável imaginar que Deus estimula a negligência, a indisciplina, os vícios, os assassinatos, as bebedeiras, a agressividade, a maldade, a violência, as guerras, que diziam milhões de pessoas para que as pessoas paguem suas dívidas?
            Seria razoável imaginar que Deus inspirou os americanos a soltar duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, para que 200 mil japoneses quitassem seus débitos?
Essas mortes são de inspiração humana, jamais divina.
            O verdadeiro consolo está em considerar que o Espírito, a individualidade pensante, não morrerá jamais.
            Nascer e morrer são apenas duas faces da mesma moeda: a vida imortal, que se estende ao infinito, no desdobrar de experiências que nos conduzem à perfeição. Então, como diz Jesus, não mais experimentaremos a experiência da morte, em planos de matéria densa como a Terra. Nessa concepção está o verdadeiro consolo.
Quanto aos nossos amados, que nos antecedem no retorno à Espiritualidade, estão ausentes apenas aos nossos olhos.
            Se pudéssemos ver saberíamos que eles nos procuram, sofrem com nossa angústia, perturbam-se com nosso desconsolo, fortalecem-se com nossa coragem, vibram com nossas esperanças, torcem para que sejamos firmes e fortes no enfrentar os embates da existência a fim de que o reencontro mais tarde se dê em bases de vitória sobre as provações humanas, ensejando-nos luminoso porvir.
Transcrito do site Rede Amigos Espíritas

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

JOSÉ HERCULANO PIRES, EXPLICA AS DESENCARNAÇÕES COLETIVAS:

DESENCARNAÇÕES COLETIVAS
JOSÉ HERCULANO PIRES, EXPLICA AS DESENCARNAÇÕES COLETIVAS:
No Centro Espírita Lola Nave, da capital paulista, foi feito um diálogo aberto e livre de perguntas e respostas durante os trabalhos espíritas na noite de 1° de julho passado, trazendo à baila acontecimentos como o choque no pouso do avião da TAM, o afundamento do navio Titanic, a derrubada das Torres Gêmeas do Worl Trad Center, em Nova Iorque, o acidente do submarino atômico russo e trazendo nesse enfoque de resgates coletivos o incêndio do Edifício Joelma, e o incêndio do Edifício Andraus, em São Paulo e outros tantos acidentes trágicos, registrados ao longo do tempo.
Reportamo-nos aos escritos psicografados pelo médium Francisco Cândido Xavier e interpretaados por J. Herculano Pires, no livro Chico Xavier pede licença (GEEM), por Espíritos diversos.
No capítulo As Leis da Consciência, Herculano comenta a resposta de Emmanuel no capítulo anterior - Desencarnações coletivas, em que o benfeitor espiritual responde à pergunta: "Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos de grandes incêndios?"
"A resposta de Emmanuel vem do plano espiritual e acentua o aspecto terreno dos encarnados em virtude de um fator psicológico: o das leis da consciência. Obedecendo a essas leis, as vítimas de mortes coletivas aparecem como as mais severas julgadoras de si mesmas. São almas que se punem a si próprias em virtude de haverem crescido em amor e trazerem consigo a justiça imanente. Se no passado erraram, agora surgem como heroínas do amor no sacrifício reparador.
As leis da Justiça Divina estão escritas na consciência humana. Caim matou Abel por inveja e a sua própria consciência o acusou do crime. Ele não teve a coragem heróica de pedir a reparação equivalente, mas Deus o marcou e puniu. Faltava-lhe crescer em amor para punir-se a si mesmo. O símbolo bíblico nos revela a mecânica da autopunição cumprindo-se compulsoriamente. Mas, nas almas evoluídas a compulsão é substituída pela compaixão.
Para a boa compreensão desse problema precisamos de uma visão clara do processo evolutivo do homem. Como selvagem ele ainda se sujeita mais aos instintos do que à consciência. Por isso não é inteiramente responsável pelos seus atos. Como civilizado ele se investe do livre-arbítrio que o torna responsável. Mas o amor ainda não o ilumina com a devida intensidade. As civilizações antigas (como o demonstra a própria Bíblia) são cenários de apavorantes crimes coletivos, porque o homem amava mais a si mesmo do que aos semelhantes e a Deus. Nas civilizações modernas, tacadas pela luz do Cristianismo, os processos de autopunição se intensificam.
O suicídio de Judas é o exemplo da autopunição determinada por uma consciência evoluída. O que ocorreu com Judas em vida, ocorre com as almas desencarnadas que enfrentam os erros do passado na vida espiritual. Para encontrar o alívio da consciência elas sentem a necessidade (determinada pela compaixão) de passar pelo sacrifício que impuseram aos outros. Mas o que é esse sacrifício passageiro, diante da eternidade do espírito? A misericórdia divina se manifesta na reabilitação da alma após o sacrifício para que possa atingir a felicidade suprema na qualidade de herdeira e co-herdeira de Cristo, segundo a expressão do apóstolo Paulo.
Encarando a vida sem a compreensão das leis da consciência e do processo da reencarnação não poderemos explicar a Justiça de Deus - principalmennte nos casos brutais de mortes coletivas. Os que assim perecem estão sofrendo a autopunição de que suas próprias consciências sentiram necessidade na vida espiritual. A diferença entre esses casos e o de Judas é que essas vítimas não são suicidas, mas criaturas submetidas à lei de ação e reação.
Judas apressou o efeito da lei ao invés de enfrentar o remorso na vida terrena. Tornou-se um suicida e aumentou assim a própria culpa, rebelando-se contra a Justiça Divina e tentando escapar dela."
ARTHUR PUXIAN - Jornal O Semeador - setembro/07

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Desencarnações Coletivas (Emmanuel)



Emmanuel
Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos dos grandes incêndios?
(Pergunta endereçada a Emmanuel por algumas dezenas de pessoas em reunião pública, na noite de 23-2-1972, em Uberaba, Minas).
RESPOSTA:
Realmente reconhecemos em Deus o Perfeito Amor aliado à Justiça Perfeita. E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio.
Quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente.
É assim que, muitas vezes, renascemos no Planeta em grupos compromissados para a redenção múltipla.
***
Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.
Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.
Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de
sangue e lágrimas.
Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidade na conquista de presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação.
***
Criamos a culpa e nós mesmos engenhamos os processos destinados a extinguir-lhe as conseqüências. E a Sabedoria Divina se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à nossa própria segurança.
É por este motivo que, de todas as calamidades terrestres, o Homem se retira com mais experiência e mais luz no cérebro e no coração, para defender-se e valorizar a vida.
***
Lamentemos sem desespero, quantos se fizerem vítimas de desastres que nos confrangem a alma. A dor de todos eles é a nossa dor. Os problemas com que se defrontaram são igualmente nossos.
Não nos esqueçamos, porém, de que nunca estamos sem a presença de Misericórdia Divina junto às ocorrências da Divina Justiça, que o sofrimento é invariavelmente reduzido ao mínimo para cada um de nós, que tudo se renova para o bem de todos e que Deus nos concede sempre o melhor.
(Transcrito do livro: XAVIER, Francisco C. Autores diversos. Chico Xavier pede licença. S.Bernardo do Campo: Ed. GEEM. Cap. 19).

domingo, 20 de janeiro de 2013

NASCIMENTOS ESTRANHOS. "...Há quem nos pergunte por que motivo nascem crianças nos recintos de assistência a companheiros em tratamento de moléstias mentais. E responderemos com ligeira mostra do assunto...."


Diversos amigos, de passagem por Uberaba, deixaram-nos uma pergunta que nos tomou a atenção: “Por que
nascem crianças em lugares exclusivamente reservados aos tratamentos de doentes mentais?” Com o assunto em
pauta, em nossa reunião pública, O Livro dos Espíritos nos deu a questão 167 para estudo.
Os temas da reencarnação foram comentados. “Recomposição Espiritual”, foi a página que nosso Emmanuel
escreveu ao término das tarefas.
RECOMPOSIÇÃO ESPIRITUAL
Emmanuel
Há quem nos pergunte por que motivo nascem crianças nos recintos de assistência a companheiros em
tratamento de moléstias mentais.
E responderemos com ligeira mostra do assunto.
***
No Mais Além, certo amigo acreditou poder superar o desafio das facilidades humanas e pediu vantagens de berço no Plano Físico, a fim de cumprir elevada missão.
Ressurgiu, para logo, na linhagem de pais generosos que lhe ficharam o nome, de imediato, na posse de
avantajados recursos materiais.
Desenvolveu-se em refúgio respeitável e opulento.
Encontrou grupo familiar que estendeu apoio e compreensão.
Favorecido por educadores abnegados, senhoreou ingredientes dos mais valiosos para a formação da própria cultura.
Entretanto, em plena maioridade na experiência humana, por mais advertido fosse pelos princípios da fé que
esposara, decidiu-se pelo abuso.
Traçou infeliz caminho a si próprio.
Sulcou de sofrimento o coração dos pais, feriu companheiros, desbaratou os próprios bens, suscitou a
infelicidade de vastos agrupamentos domésticos, criou dificuldades e sombras e, por fim, precipitando-se em
desregramentos sem nome, desencarnou em lamentável posição de criminalidade.
De regresso ao Mundo Espiritual, reconheceu amigos, recordou afeições, clareou o pensamento, reformulou
pereceres, recompôs idéias e aceitou a culpa que lhe danificava a consciência.
Por mais se lhe dispensasse consolação, mais lhe doía o arrependimento.
Por mais se lhe prestassem favores, mais profundamente sentia o remorso que lhe arruinava todas as forças.
E isso, porque a apreciação de todos os fatos em si procedia dele próprio, no autojuízo a que todos nos
submetemos tão mais intensamente quanto maior o discernimento que venhamos a desfrutar.
Decorrido algum tempo de revisão e reajuste, ei-lo com o novo requerimento de que se supunha necessitado.
Rogava, agora, às autoridades superiores, difícil reencarnação em ambiente obscuro e indefinível, em que
quaisquer vantagens maciças lhe fossem sonegadas.
Foi assim que o vimos renascer, em espaço do Plano Físico totalmente consagrado ao tratamento de nossos
irmãos alienados mentais, recanto esse do qual estamos a vê-lo emergindo muito pouco a pouco, em seus
recursos espirituais, de modo a facear em futuro próximo o grave trabalho de reconquista de que se sente
sequioso, de maneira a reinstalar-se por dentro da própria alma, no respeito a si
Mesmo.
Como, pois, é fácil de entender, somos livres na escolha, mas nos resultados de nossas escolhas, quaisquer que sejam, de um modo ou de outro, com a nossa própria adesão voluntária à execução da Lei, a Lei sempre se cumprirá.

Livro: Caminhos de Volta
Chico Xavier, Espíritos Diversos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

CONSTRUIR O REINO DE DEUS EM NOSSOS CORAÇÕES


O reino de Deus não vem com visível aparência (Lucas 17:.20): precisamos construí-lo pacientemente em nossos corações. O reino de Deus não é subjetivo, ou pertencente a um mundo estranho. Ele foi implantado na Terra, e está crescendo entre os homens e as nações de boa vontade.
Aditou Jesus que o reino de Deus será subtraído ao povo que se tornar infiel e dado a um outro que apresentar melhores condições de assimilação.
A razão primária do preparo do povo de Israel para a gloriosa missão que lhe estava reservada, residia no fato de ser a única comunidade monoteísta da época - o único povo que esposava a crença num Deus uno e indivisível -, tornando-se, como decorrência, a nação que apresenta, as melhores condições para receber em seu seio o Messias prometido.
Por essa razão fundamental, o povo judeu foi alvo de intensa preparação por parte de entidades espirituais, sob a égide do Espírito Jeová, sendo desta forma propiciado para o advento sucessivo de numerosos profetas e missionários, precursores da vinda de Jesus Cristo.
Não houve, entretanto, a ressonância devida: muitos profetas foram apedrejados e mortos e o Messias foi crucificado. Cumpriu-se, assim, o vaticínio de Jesus contido em Mateus (23:37-39) "Jerusalém, que matas os profetase apedrejamos que te são enviados. Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintainhos debaixo das asas, e não o quiseste! Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta. Pois eu vos digo que desde agora já não me vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor".
As hostes romanas de Tito invadiram a famosa cidade, no ano 69, destruindo-a e forçando o povo israelita a se dispersar pelo mundo, perdendo a sua própria pátria. A sua terra foi dada a um povo diferente.
O reino de Deus, entretanto, tem sido dado e retirado de outros povos. Muitas nações tiveram em suas mãos a viabilidade de disseminar o conhecimento desse reino, porém assoberbadas pela glória terrena, pelo orgulho e pela vaidade, pouco ou nada fizeram a fim de corresponder à expectativa do Alto .
A Espanha dos reis católicos, em cujos domínios jamais se deixava de ver o sol, experimentou glória e opulência. Poderia ter sido consolidado no mundo um reino de paz e solidariedade, no entanto, ofuscou-se com o fausto e com o orgulho. Muitos emissários do Alto foram devorados pelas suas fogueiras inquisitoriais e perseguidos pela sanha intolerante daqueles que tinham em suas mãos o cetro do poder. O reino de Deus não encontrou terreno adequado. A velha nação entrou numa fase de decadência e de expiação.
A França napoleônica, cujos domínios se estenderam a boa parcela do mundo, não soube levar a paz e a concórdia às nações conquistadas .. A vaidade e a presunção passaram a nortear os rumos dos seus governantes. A possibilidade de amoldar-se às normas evangélicas simbolizadas no reino de Deus não encontrou guarida.
O Reino de Deus se fundamenta na primazia dos ensinamentos do Evangelho. A sua lei básica é o Amor; a sua bandeira é a Justiça: o seu escudo é a Verdade; o seu símbolo é a Paz. Seu objetivo é irmanar o gênero humano de modo a haver "um só rebanho sob a égide de um só pastor". Não é um reino que se impõe, mas que expõe: que não quer vencer, mas convencer; que quer ação em vez de adoração: que pretende transformar os homens em lídimos herdeiros de um Pai soberanamente justo e bom. Suas guerras são apenas intelectuais feitas contra o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a inveja, o ódio, o ciúme e outras formas de defeitos e ócios.
O reino de Deus pode ser subtraído das comunidades religiosas, quando elas se divorciam dos ditames evangélicos; quando se distanciam das massas sofredoras; quando se encastelam no orgulho e na vaidade: quando passam somente a cogitar das riquezas temporais, esquecidas do tesouro que o Mestre recomendou ser acumulado nos céus.
O reino de Deus é, também, tirado, temporariamente, de seio das famílias quando os seus componentes não vivem nas pautas da moral da compreensão, do amor recíproco, preferindo antes viverem chafurdados nos vícios e na intemperança, esquecidos da reforma interior.
O reino de Deus é tirado, provisoriamente, do coração do homem, quando este se torna avaro, assassino, perdulário, dissoluto: quando vive mergulhado nos vicíos terrenos; quando malbarata os seus deveres fundamentais no recesso do lar, aniquilando seus próprios valores morais e anulando os benefícios de mais uma vida terrena. Muitos homens de Israel se arroganm ao título de Filhos do Reino, por se considerarem mais puros que todos os outros homens, no entanto, o Mestre preceituou, enfático: "Os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, em que haverá choro e ranger de dentes" Mateus 8:12).
Somente através dos processos expiatórios as nações redimem-se, predispondo-se a novas experiências de adaptação ao reino de Deus. Somente pelos processos reencarnatórios as famílias e o homem podem fazer jus a novas experiências no tocante à reimplantação daquele reino em seus corações. Somente por intermédio da reforma de base, da derrocada dos dogmas, da adaptação aos postulados evangélicos, cingindo-se às práticas do amor e do apego à verdade, as religiões poderão atrair a si, novamente, o reino de Deus.
Paulo Alves Godoy
Os quatro Sermões

domingo, 30 de dezembro de 2012

E O CÉU SE FECHOU:"O Céu jamais poderá fechar-se, pois isso representa pura simplesmente a negação da misericórdia infinita do Criador de todas as coisas. Seria a anulação da promessa de Jesus de que "tu aquilo que pedirmos ao Pai, nos será concedido"..."


"Quando o Céu se fechou por três anos e seis meses." - (Lucas, 4:25)
O evangelhísta Lucas pôs nos lábios de Jesus Cristo a afirmação de que, ao tempo de profeta Elias, o Céu se fechou durante três e seis meses, de sorte que houve grande fome na Terra, tendo o grande profeta sido enviado a socorrer apenas uma pobre viúva, que residia em Sarepta de Sidon. Acrescentou, ainda, o Mestre, que existiam muitos leprosos na Terra ao tempo do profeta Eliseu, mas este foi enviado apenas para curar Naamã, um estrangeiro que estava contaminado por aquela enfermidade.

Poderá o Céu cerrar suas portas e deixar que os clamores que partem da Terra não sejam atendidos? Poderá Deus ficar surdo por três e meio longos anos, às rogativas que partem das sofridas criaturas terrenas?

Indubitavelmente, as palavras do Cristo encerram uma força de expressão e o seu objetivo fundamental, ao formular esse ensinamento, foi nos ensinar que existem na Terra criaturas que possuem um "tesouro nos Céus, por elas próprias amealhado, o qual fará com que venha em seu favor o socorro dos Céus, sempre que elas dele necessitem".

Um aglomerado de pessoas pode ser submetido a uma expiação coletiva e os Espíritos executores da vontade de Deus atender a rogativa que partir de uma ou mais delas, que experimentaram as consequências dessa mesma expiação, sem que a ela as outras façam jus. Foi o caso da pobre viúva de Sarepta de Sidom, que, vivendo no seio de um povo assolado por tremenda crise, foi socorrida pelo profeta Elias, adredemente instruído nesse sentido, tendo seus sofrimentos e de seu filho minorados.
O Céu jamais poderá fechar-se, pois isso representa pura simplesmente a negação da misericórdia infinita do Criador de todas as coisas. Seria a anulação da promessa de Jesus de que "tu aquilo que pedirmos ao Pai, nos será concedido".

No passado, costumava-se dizer que o Céu se fechava para os "hereges" e para os maus. Para os que não professassem a religião oficial ou fossem surdos aos ensinamentos evangélicos. Para os rebeldes e para os viciosos. Porém, cumpre aqui aditar que um dos grandes profetas da antiguidade afirmou que "Deus não que morte dos ímpios, mas que eles se redimam e vivam."

Um dos castigos que Moisés prometia, aos que não obedecessem às leis de Deus, era que: "O Céu se tornará de bronze, sobre as suas cabeças, e a terra debaixo de seus pés se tornaria de fé; (Deuteronômio, 28:23). Segundo o grande legislador dos hebreus essa maldição tinha o beneplácito de Deus, e destinava- se a todos aqueles que não guardassem os Dez Mandamentos da Lei.

Ao tempo de Moisés era admissível atemorizar o povo com ameaças dessa natureza, pois o Deus então apresentado, o temido e temível Jeová dos Exércitos, era um Deus parcial, rancoroso, vingativo e cheio de zelo. Quando do advento da Jesus, nos foi assentado um Deus que é todo misericórdia e a expressão maior do amor.

Ensinou-nos o Mestre que as cinco virgens prudentes da parábola encontraram as "portas do Céu", mas a cinco imprudentes encontram-nas fechadas (Mateus, 25:1-13). As cinco primeiras simbolizam os que cumprem seus deveres na Terra - são bons, tolerantes, misericordiosos.
As outras simbolizam os que vivem na Terra mergulhados nos vícios, são maus e recalcitrantes, insurgindo-se contra os preceitos da Lei. Torna-se evidente que o tratamento não poderia ser idêntico para todos.
É lógico que não existe porta nos Céus, nem porteiro. O que, na realidade, existe sãos Planos Espirituais numa escala infinita; para os Planos Elevados irão as almas boas e cumpridoras de seus deveres, que souberam cumprir as leis do amor; para os Planos Inferiores gravitarão os maus, os rebeldes, os vingativos, os orgulhosos, os malfeitores de todos os matizes.
É evidente, contudo, que os estágios nesses Planos são sempre transitórios, pois todas as criaturas caminham para Deus, e todas elas, indistintamente, através das vidas sucessivas, alcançam Planos mais sublimados, pois "há grande alegria nos Céus pelos pecadores que se regeneram".
E o Pai que se forme "um só rebanho, sob o cajado de um só pastor."
Paulo A. Godoy

domingo, 9 de dezembro de 2012

...A abnegação, em toda a parte, é sempre uma estrela sublime. Basta mostrar-se para que todos gravitemos em torno de sua luz...Cap. 16 Débito Alviado .

16 - DÉBITO ALIVIADO
Ação e Reação André Luiz /Chico Xavier

Em nossos estudos da lei de causa e efeito, não nos esqueceremos de Adelino
Correia, o irmão da fraternidade pura.
Na véspera de belo acontecimento que nos permitiremos narrar, visitamo-lo em
companhia de Silas, que no-lo apresentou nas atividades de um templo espírita-cristão.
Ouvimo-lo em preciosos comentários do Evangelho, sob o influxo de
iluminados instrutores, dos quais assimilava as correntes mentais com a docilidade
confiante de um homem profundamente habituado à oração.
Falara com mestria, arrancando-nos lágrimas pela emotividade com que nos
tangia as fibras mais íntimas. Singelamente trajado, denotava a condição do trabalhador
em experiências difíceis. Mas o estágio de prova a que parecia enredar-se era mais
amplo. Adelino revelava longa faixa de eczema na pele à mostra. Certa porção da
cabeça, os ouvidos e muitos pontos da face exibiam placas vermelhas, sobre as quais se
formavam diminutas vesículas de sangue, ao passo que as demais regiões da epiderme
surgiam gretadas, evidenciando uma afecção cutânea largamente cronicificada. Além
disso, acanhado e tristonho, indicava tormentos ocultos a lhe dominarem a mente.
Contudo, trazia nos olhos, maravilhosamente lúcidos, a marca da humildade. Vários
amigos espirituais assistiam-no, atentos.
Doce velhinha desencarnada abeirou-se de nós e, demonstrando gozar da
intimidade do orientador de nossas excursões, falou-lhe, afetuosa:
- Assistente amigo, venho rogar-lhe socorro em benefício da saúde de nosso
Adelino. Noto-o mais incomodado, ultimamente, pela dor das feridas não cicatrizadas...
- Sim, sim... - respondeu Silas, cordialmente - o caso dele merece de todos nós
especial carinho.
- Porque pensa ele nas necessidades dos outros, sem refletir nas necessidades
próprias... - acrescentou a anciã, comovida.
O assessor de Druso prosseguiu, com carinho:
- Dois de nossos médicos o vêm assistindo atenciosamente, quando se encontra
ausente do vaso físico por influência do sono.
E, afagando-lhe a cabeça:
- Esteja tranqüila. Correia, em breve, estará plenamente restaurado.
Os múltiplos serviços da casa desdobravam-se, eficientes, e Adelino, dentro
deles, atraía-nos a atenção pela segurança espiritual com que se conduzia.
Cercado pelas vibrações radiantes dos seus pensamentos, centralizados no santo
objetivo do bem, afigurava-se-nos um companheiro vestido de luz.
Alguns instantes após o afastamento da velhinha, apareceu-nos simpático rapaz,
igualmente já desenfaixado da matéria física, que, depois de saudar-nos, rogou,
reverente, ao nosso orientador:
- Peço vênia para solicitar-lhe valioso obséquio... – Fale sem receio.
E o jovem recém-chegado explicou, de olhos úmidos:
- Meu caro Assistente, sei que o nosso Adelino vem atravessando certa crise
financeira... Pelo muito que auxilia os outros, descura-se das suas próprias necessidades.
Pelo amparo que ele oferece constantemente à minha pobre mãe encarnada, insisto no
apoio de sua amizade para que seja favorecido. Ainda na semana passada, ouvindo as
súplicas de minha genitora viúva, em grande penúria para atender ao tratamento de dois
dos meus manos enfermos, procurei-o, em lágrimas, transmitindo-lhe apelos mentais
para que nos protegesse e, sem qualquer vacilação, acreditando obedecer aos seus
impulsos, visitou-nos a casa, entregando à minha sofredora mãezinha a importância de
que necessitava... ó meu Assistente, rogo-lhe por amor a Jesus!... Não deixe em
dificuldade quem tanto nos auxilia!...
Silas acolheu a petição com risonha benevolência e disse:
- Descansemos. Adelino permanece na rede de simpatia fraternal que teceu para
o asilo de si mesmo. Incumbem-se muitos amigos de supri-lo com os recursos
indispensáveis ao fiel desempenho da tarefa a que se dedicou
. As circunstâncias na luta
material harmonizar-se-ão em favor dele, atendendo-lhe aos méritos conquistados.
Efetivamente, o serviço espontâneo na afetuosa defesa do amigo que ali
enxergávamos, prestativo e confiante, era um tema de amizade e gratidão a estudar.
- Dir-se-ia - observou Hilário, intrigado - que todos os tarefeiros, em trânsito
nesta casa, são devedores do irmão sob nossa vista...
- Sim - aprovou Silas, paciente -, os créditos de Adelino são realmente enormes,
não obstante os débitos a que ainda está preso
... Cultiva, no entanto, a ventura de
substancializar a fé e o conhecimento superior que os Mensageiros de Jesus lhe confiam
em obras de genuíno amor fraternal, a lhe granjearem larga soma de reconhecimento.
Logo após, o mentor amigo recomendou-nos aproveitar os minutos em atuação
fraternal, no instituto evangélico em que nos abrigávamos, até que pudéssemos tomar
contacto mais amplo com o servidor, cuja existência atual se desdobrava sob os
auspícios da Mansão que nos patrocinava os estudos.
Em face da simpatia que Adelino despertava igualmente em nós, acercamo-nos
dele, a fim de ofertar-lhe, de algum modo, o contingente de nossas forças, na
movimentação dos passes magnéticos que passara agora a administrar, em favor de
alguns enfermos.

Era curioso pensar que nós mesmos, no primeiro encontro fortuito, nos
sentíamos prontos a partilhar-lhe as tarefas, tão-somente atraídos por sua irradiante
bondade.
A abnegação, em toda a parte, é sempre uma estrela sublime. Basta mostrar-se
para que todos gravitemos em torno de sua luz.

Findo o serviço da noite, Silas e nós acompanhamo-lo ao reduto doméstico.
Esperava-o, no limiar, a genitora que, evidentemente, ultrapassava os sessenta
de idade.
Silas deu-se pressa em no-la apresentar, explicando:
- É nossa irmã Leontina, carinhosa mãe de Correia, mãe e amiga a tutelar-lhe a
existência.
Reparando na avançada madureza do amigo que nos tomava a atenção, meu
colega indagou:
- Adelino não é casado?
- Sim, nosso irmão é casado, mas não conta com a presença da esposa.
A resposta dava-nos a entender que o companheiro atravessava provas perante
as quais nos cabia respeitosa discrição.
E, enquanto mãe e filho se entregavam a doce entendimento, Silas fez-nos
penetrar em aposento próximo.
Junto á porta de entrada, alinhavam-se três leitos, ocupados por outras tantas
criancinhas.
Loura menina de seus nove a dez anos presumíveis, ao lado de dois petizes de
escura tez, recordava a Branca de Neve entre dois anões.
Todos dormiam, placidamente.
Afagando a boneca viva, o Assistente informou:
- Esta é Marisa, a filhinha de Correia, de quem a mãezinha se distanciou em
definitivo, há seis anos.
Designando, em seguida, os dois meninos de cor, aduziu:
- E estes pequeninos são Mário e Raul, dois enjeitados que Adelino abraçou por
filhos do coração.
Ação e Reação André Luiz
Hilário e eu, adivinhando as aflições ocultas que decerto enxameavam na
existência do chefe da casa, silenciávamos, de propósito, em reverente expectativa.
Entendendo-nos a atitude, Silas passou a falar-nos mais longamente, aclarando:
- Para exaltar o santificante esforço de um amigo, a fim de estudarmos juntos
um processo de dívida aliviada, permitimo-nos algo dizer em torno do passado recente
do companheiro que visitamos, agora empenhado ao labor do seu resgate.
Qual se quisesse centralizar os recursos da memória, emudeceu por instantes e,
finalmente, continuou:
- Em meados do século precedente, Adelino era filho bastardo de um jovem
muito rico que o recebeu das mãos da genitora escrava, que desencarnou ao trazê-lo à
luz. Martim Gaspar, o moço afazendado que lhe foi o pai solteiro, era homem de
coração enrijecido, muito cedo acostumado ao orgulho tiranizante, em face da incúria
do lar em que nascera. Abusava das donzelas cativas a seu talante e, em muitas
ocasiões, vendeu-as com os próprios filhos recém-natos para lhes não ouvir os choros e
petitórios. Temido na casa grande da qual se fizera absoluto senhor, por morte do velho
pai, que, em vão, buscara tardiamente controlar-lhe os instintos, sabia usar o tronco e o
chicote, sem qualquer compaixão. Era execrado pela maioria dos servos e bajulado de
quantos lhe obtinham os favores, a troco de lisonja servil. Entretanto, para o filho
Martim - o mesmo Adelino de agora -, a sua ternura e dedicação não mostravam
limites. Inexplicavelmente para ele mesmo, amava-o com desvelado enternecimento, a
ponto de providenciar-lhe educação esmerada na própria fazenda. Entre pai e filho
estabeleceram-se, dessa forma, os mais santos laços afetivos. Eram companheiros
inseparáveis nos jogos e nos estudos, no serviço e na caça. Foi assim que Gaspar, não
obstante cruel para com os outros rebentos da própria carne, nas senzalas sofredoras,
não hesitou em legitimá-lo como filho, perante as autoridades do tempo, tornando-o
partícipe de seu nome e de sua herança. Pai e filho contavam, respectivamente,
quarenta e três e vinte e um anos de idade, quando Gaspar, embora solteirão
amadurecido, resolveu casar-se, em grande metrópole, desposando Maria Emília,
leviana jovem de vinte primaveras que, trazida à grande casa rural, desenvolveu sobre o
enteado estranha fascinação. Martim, extremamente amado pelo genitor, atraído agora
para os encantos femininos da madrasta, passou a experimentar torturantes conflitos
sentimentais. Ele, que se julgava o melhor amigo de Gaspar, entrou a detestá-lo. Não lhe
tolerava a posse sobre a mulher que desejava, sabendo-se por ela ardentemente querido,
porquanto Maria Emília, pretextando essa ou aquela necessidade, sabia isolá-lo em
viagens diversas, nas quais lhe exacerbava a afeição juvenil. Ambos souberam furtar-se
a qualquer desconfiança e, totalmente entregue à paixão que o requestava, o jovem
Martim, desprevenido, planejou o medonho parricídio em que se enliçou, desventurado.
Sabendo o genitor acamado, em tratamento do fígado enfermo, tomou a cooperação de
dois capatazes da sua inteira confiança, Antônio e Lucidio, igualmente verdugos de
meninas cativas, e, certa noite, administrou-lhe uma poção entorpecente, com
aprovação da madrasta... Tão logo se pôs o doente a dormir, coadjuvado pelos dois
cúmplices que odiavam o patrão, espalhou substâncias resinosas no leito paterno,
simulando, logo após, o incêndio no qual o mísero Gaspar, em horríveis padecimentos,
se ausentou do corpo. Conduzido o pai ao sepulcro e apoderando-se-lhe dos haveres,
tentou a felicidade ao pé de Maria Emília; todavia, o genitor desencarnado, a inflamarse
em cólera, envolveu-o em nuvens de fluidos inflamados, contra os quais o infeliz
não possuía defesa... Apegando-se ao afeto da companheira, Martim procurou
anestesiar a consciência e esquecer... esquecer... Confiou a fazenda aos cuidados de
ambos os cúmplices do tenebroso delito e, arrimando-se à companhia da mulher,
demandou à Europa, em busca de repouso e distração. Tudo, porém, debalde... Ao fim
de cinco anos de resistência, tombou integralmente vencido, sob o jugo do Espírito
paternal que o cercava, incessantemente, apesar de invisível. Abriu-se-lhe a pele em
chaga, como se chamas ocultas o requeimassem. Circunscrito ao leito de dor e
constantemente empolgado pelo remorso, recapitulava mentalmente a morte do
genitor, em urros de martírio selvagem... Não sabia, desse modo, senão chorar, gritando
a esmo o arrependimento de que se via possuído, no que foi interpretado à conta de
louco pela própria companheira, que se dava pressa em reconhecer-lhe a suposta
alienação mental, de modo a inocentar-se perante os amigos e servidores. Foi algemado
a semelhante suplício que Martim recebeu escárnio e abandono, dentro do próprio
círculo doméstico, vindo a expirar em tremenda flagelação. Martim Gaspar, o genitor
assassinado, aguardou-o no túmulo, arrastando-o para as sombras infernais, onde passou
a exercer pavorosa vingança... O desditoso filho desencarnado sofreu terríveis
humilhações e indescritíveis tormentos, durante onze anos sucessivos, em cárceres de
treva, até que, amparado por Mensageiros de Jesus, que lhe promoveram o resgate,
ingressou em nosso instituto, ao que fui informado, em lamentável situação. Tendo
entrado em sintonia com o genitor, sequioso de vindita, através das brechas mentais do
remorso e do arrependimento tardio, foi hipnotizado por gênios perversos, que o fizeram
sentir-se dominado de chamas torturantes.
Fixada a imaginação dele em semelhante
quadro de angústia, o próprio Martim nutria com o pensamento culposo as labaredas em
que se torturava sem consumir-se, até que foi convenientemente aliviado e socorrido por
nossos instrutores, através de recursos magnéticos que lhe sanaram o doloroso
desequilíbrio. Devotou-se, então, depois de melhorado, aos serviços mais duros de
nossa organização, conquistando com o tempo apreciáveis lauréis que lhe valeram a
volta à esfera humana, com o direito de iniciar o pagamento da larga dívida em que se
onerou, desavisado. Cultuando a prece com a renovação do mundo íntimo, renasceu de
espírito inclinado à fé religiosa, ardente e operante, encontrando no Espiritismo com
Jesus, ao influxo dos amigos desencarnados que o assistem, precioso campo de
fortalecimento moral e trabalho
digno, no qual tem sabido estender, com louvável
aproveitamento das horas, o seu raio de ação no estudo edificante e na caridade pura,
atraindo em seu favor as mais amplas simpatias, por parte de irmãos encarnados e
desencarnados, que lhe devem generosidade e carinho. Atirado a imensas dificuldades
materiais, desde cedo cresceu órfão de pai, de vez que não valorizou no passado a
ternura paterna, lutando com extrema pobreza e com enfermidade constante...
Custodiado, porém, por benfeitores da nossa Mansão, foi conduzido a um templo
espírita, ainda muito jovem, onde, submetido a tratamento da epiderme esfogueada,
entrou no conhecimento de nossa Renovadora Doutrina... A leitura dos princípios
espíritas, ao sol do Evangelho do Senhor, constituiu para ele recordações naturais dos
ensinamentos assimilados em nossa casa, antes da reencarnação. Desde aí, aceitou
nobremente a responsabilidade de viver e buscou, acima de tudo, aplicar a si próprio as
diretrizes regeneradoras da fé que abraça.
Disciplinou-se. Rendeu sincero preito às suas obrigações e, não obstante os
entraves orgânicos, muito moço se dedicou às representações comerciais, de cujos
labores retira os abençoados recursos que sabe repartir com necessitados numerosos,
reservando para si tão-somente o indispensável. Não é um rico da Terra, na acepção do
conceito, mas um trabalhador da fraternidade que sabe dar o próprio coração naquilo
que distribui.
Trilhando o caminho da simplicidade e da renúncia edificante, modificou as
impressões de muitos dos companheiros de outro tempo, que, nas baixas camadas da
sombra, se lhe haviam transformado em perseguidores e desafetos, obsessores esses
que, em lhe observando os exemplos novos, se sentiam moralmente desarmados para os
conflitos que se propunham manter. É assim que não deixa de ressarcir as suas culpas,
sofrendo-lhes o gravame em si mesmo.

Entretanto, pelos valores que entesoura, devotado ao bem alheio, resgata o
pretérito com o alívio possível, ganhando tempo e adquirindo novas bênçãos. Ajudando
aos outros, desbasta, dia a dia, o montante dos seus débitos, de vez que a Misericórdia
do Pai Celestial permite que os nossos credores atenuem o rigor da cobrança, sempre
que nos vejam oferecendo ao próximo necessitado aquilo que lhes devemos...
Silas confiou-se a pausa breve, mas Hilário, tanto quanto eu fascinado por sua
exposição clara e sensata, rogou, sedento de ensino:
- Continue, Assistente. Esta lição viva ilumina-nos de esperança... Como se
explica estar Adelino ganhando tempo?
Nosso amigo sorriu e acrescentou:
- Correia, que não merecia a ventura do lar tranqüilo por haver arruinado o lar
paterno, casou-se e padeceu o abandono da companheira que lhe não entendeu o
coração.
Avançando para a terna Marisa que dormia, acentuou:
- Assim, pela vida útil a que se consagra e pela caridade incessante que passou a
exercer, atraiu para junto de si, como filha da sua carne, a antiga madrasta que desviou
dos braços paternais, hoje reencarnada junto dele para reeducar-se ao calor de seus
exemplos nobres, guardando a dor de saber-se filha de pobre mulher que renegou o
tálamo conjugal, tanto quanto ela mesma o menosprezou no passado recente. Mas... não
é apenas essa a vantagem de Adelino...
Silas pousou levemente a destra nos pequenos que ressonavam e prosseguiu:
- Dedicando-se de alma e corpo à sua renovação com o Cristo, nosso amigo
recolheu como filhos adotivos os dois cúmplices do parricídio tremendo, os antigos
capatazes Antônio e Lucídio, que, abusando de humildes donzelas escravizadas, de
quem furtavam os filhinhos para exterminar ou vender, não encontraram senão o alcoice
por berço, vindo para o círculo afetivo do companheiro de outro tempo, no sangue
africano que tanto enxovalharam, de modo a lhe receberem o amparo moral à reforma
precisa.
Enquanto nos edificávamos com o precioso ensinamento, Silas observou:
- Como é fácil de reconhecer, nosso irmão, através da responsabilidade espíritacristã,
corretamente sentida e vivida, conquistou a felicidade de reencontrar os laços do
pretérito criminoso para o necessário reajuste, ao passo que, se houvesse desertado da
luta pela irreflexão da companheira ou se tivesse cerrado a porta do coração a dois
meninos infelizes, teria adiado para futuros séculos o nobre trabalho que está fazendo
agora...
Dispúnhamo-nos a formular novas indagações, mas Correia despedira-se da
mãezinha e viera ocupar um leito modesto, não longe das crianças.
Demonstrando hábitos respeitáveis, sentou-se em prece.
Foi quando Silas, recomendando-nos cooperação, abeirou-se dele e aplicou-lhe
passes magnéticos, esclarecendo-nos, logo após:
- Ainda pela utilidade que sabe imprimir aos seus dias, Adelino mereceu a
limitação da enfermidade congenial de que é portador. Tendo sofrido, por longo tempo,
o trauma perispirítico do remorso, por haver incendiado o corpo do próprio pai, nutriu
em si mesmo estranhas labaredas mentais que, como já lhes disse, o castigaram
intensamente além-túmulo... Renasceu, por isso, com a epiderme atormentada por
vibrações calcinantes que, desde cedo, se lhe expressaram na nova forma física por
eczema de mau caráter... Semelhante moléstia, em face da dívida em que se empenhou,
deveria cobrir-lhe todo o corpo, durante muitos e angustiosos lustros de sofrimento
mas, pelos méritos que ele vai adquirindo, a enfermidade não tomou proporções que o
impeçam de aprender e trabalhar, porquanto granjeou a ventura de continuar a servir,
pelo seu impulso espontâneo na plantação constante do bem.
A essa altura, talvez porque o dono da casa se dispusesse ao refúgio dos
travesseiros, o Assistente convidou-nos à retirada.
De volta à Mansão, prosseguiu nosso amável mentor tecendo brilhantes
comentários em torno do "amor que cobre a multidão dos pecados", como ensinou o
Apóstolo, quando Hilário, interpretando-me as indagações, considerou de improviso:
- Assistente, com uma elucidação assim tão clara, é justo aspiremos a saber
determinadas minudências que a ela digam respeito. Poderemos, acaso, inteirar-nos
quanto à situação de Martim Gaspar, o genitor que padeceu o martírio do fogo em sua
carne?
Porque Silas se detivesse em silêncio, meu colega continuou:
- Terá ciência do trabalho renovador de Adelino? Devotar-lhe-á, ainda,
menosprezo e ódio?
- Martim Gaspar - respondeu por fim o interlocutor -, infatigável que era na
violência, foi igualmente tocado pelos exemplos de nosso amigo. Observando-lhe a
transformação, abandonou as companhias indesejáveis a que se adaptara e rogou asilo,
em nosso instituto, vai para alguns anos, onde aceitou severas disciplinas...
- E onde se encontra agora? - insistiu Hilário, ansioso - porventura será
permitido vê-lo, para anotar-lhe as alterações?
Nesse instante, porém, varávamos a entrada do santuário de nossas obrigações,
e Silas, sem mais possibilidades de alongar-se, afagou os ombros de nosso
companheiro, dizendo:
- Acalme-se, Hilário. É possível estejamos de regresso ao assunto em breves
horas.
Despedimo-nos, conservando as anotações, à maneira de estudo interrompido,
aguardando seqüência.
No dia seguinte, porém, grata surpresa visitou-nos o coração.
Quando o relógio anunciou alta noite na extensa faixa planetária em que se
mantinha o nosso domicílio, o Assistente veio buscar-nos, prestimoso.
Demandaríamos à esfera carnal, mas, naquela hora, em companhia de Druso, o
orientador da instituição.
Regozijamo-nos, embora curiosos.
Era a primeira vez que viajaríamos junto ao grande mentor que nos conquistara
a mais ampla reverência. E, se é verdade que o privilégio nos alegrava, ao mesmo tempo
indagávamos do motivo pelo qual se ausentaria ele da casa que não lhe dispensava a
presença.
Entretanto, não houve oportunidade para longas divagações.
Em companhia de Druso, que se fazia seguir por Silas, por duas das irmãs
altamente responsáveis em serviços da Mansão e por nós outros, utilizamo-nos do meio
mais rápido para a excursão, cujo objetivo desconhecíamos, porquanto a maior
autoridade nos trabalhos normais do instituto decerto não disporia de tempo para uma
viagem que não fosse a mais curta possível.
Grande era o meu desejo de provocar o verbo do Assistente para a conversação
educativa em torno do problema que abordáramos na noite anterior; todavia, a presença
de Druso como que nos inibia a disposição de ferir qualquer tema que não partisse dele
mesmo, cuja dignidade não nos privava da expressão livre, mas nos infundia incoercível
respeito.
Foi assim que no trajeto ligeiro lhe ouvimos a conceituação oportuna e sábia,
em torno de múltiplas questões de justiça e trabalho, admirando-lhe, cada vez mais, a
cultura e a benevolência.
Espantado, no entanto, reconheci que a nossa equipe estacionou à porta do lar
de Adelino, que deixáramos na véspera.
Dois auxiliares que conhecíamos de perto esperavam-nos no limiar.
Depois de recíprocas saudações, um deles avançou para Druso e anunciou,
reverente:
- Diretor, o pequenino recém-nato estará conosco, dentro de meia hora.
O grande mentor agradeceu e convidou-nos a acompanhá-lo.
Na paisagem doméstica que nos era familiar, o relógio marcava duas horas e
vinte minutos da madrugada.
Atônitos, seguimos o orientador que tomara a vanguarda, penetrando o
aposento em que Adelino, ao que nos foi permitido supor, começava a dormir.
Druso acariciou-lhe a fronte por momentos e vimos Correia erguer-se do corpo
de carne, qual se fora movido por alavancas magnéticas poderosas, caindo nos braços
do grande orientador, à maneira de criança enternecida e feliz.
- Meu amigo - disse-lhe Druso, entre grave e terno -, chegou a hora do
reencontro...
Correia começou a chorar, aterrorizado, sem conseguir desenfaixar-se-lhe dos
braços acolhedores.
- Oremos juntos - acrescentou o bondoso amigo.
E, levantando os olhos para o Alto, sob nossa profunda atenção, Druso
suplicou:
- "Deus de Bondade, Pai de Infinito Amor, que criaste o tempo como incansável
guardião de nossas almas destinadas ao Teu seio, fortalece-nos para a renovação
necessária!... e Tu, que nos conheces os crimes e deserções, concede-nos a bênção das
dores e das horas para redimi-los, unge-nos com o entendimento de Tuas leis, para que
não repilamos as oportunidades do resgate!”
“Emprestaste-nos os tesouros do trabalho e do sofrimento, como favores de Tua
misericórdia, para que nos consagremos à reabilitação dolorosa, mas justa...”
“Nós, os prisioneiros da culpa, somos também operários de nossa libertação, ao
bafejo de Teu carinho.”
"Ó Pai, infunde-nos coragem para que nossas fraquezas sejam esquecidas,
inflama em nosso espírito o entusiasmo santo do bem, para que o mal não nos apague os
bons propósitos, e conduze-nos pelo carreiro da renunciação para que a nossa memória
não se aparte de Ti!...”
"Que possamos orar como Jesus, o Divino Mestre que nos enviaste aos
corações, a fim de que nos rendamos, de todo, aos Teus desígnios!...”
Depois de leve pausa, repetiu em pranto a prece dominical:
- "Pai Nosso, que estás nos Céus, santificado seja o Teu nome. Venha a nós o
Teu reino. Faça-se a Tua vontade, assim na Terra como nos Céus. O pão nosso de cada
dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos
devedores. Não nos deixes cair em tentação e livra-nos de todo mal, porque Teus são o
reino, o poder e a glória para sempre. Assim seja.”
Quando a sua voz emudeceu, profunda emotividade exercia sobre nós
inexpressável domínio.
Reconduzido ao veículo carnal, Adelino acordou em copiosas lágrimas...
Reconhecia-se-lhe o júbilo intimo, se bem não pudesse guardar a consciência
integral da comunhão conosco.
Ação e Reação André Luiz
Findos alguns minutos de expectação, que transcorreram céleres, escutamos lá
fora o choro convulso de uma criança tenra...
Enlaçado por Druso, o dono da casa ausentou-se do leito e, incontinenti, abriu a
porta que comunicava o interior com a calçada externa, em cujas lajes, vigiado por
amigos da Mansão, pobre recém-nato vagia aflitivamente.
Tomado de surpresa, Correia ajoelhou-se, enquanto o grande orientador lhe
dizia com segurança:
- Adelino, eis o pai ofendido que, enjeitado pelo coração materno que ainda não
mereceu, vem ao encontro do filho regenerado!
Correia não lhe ouviu a palavra, na acústica da carne, mas registrou-a no templo
mental, como apelo do amor celeste que lhe trazia ao coração mais uma criança
abandonada e infeliz... Tomado de alegria, para ele inexplicável, abraçou o pequerrucho
com espontâneo gesto de amor e, após conchegá-lo de encontro ao peito, voltou para
dentro, gritando jubiloso:
- Meu filho!... meu filho!...
Silas, entre Hilário e eu, comunicou-nos, emocionado:
- Martim Gaspar retorna à experiência física, asilando-se nos braços do filho
que o desprezou.
Não tivemos, contudo, qualquer ensejo a mais dilatada conversação. Druso,
enxugando as lágrimas, advertiu-nos em voz alta, qual se estivesse falando para si
mesmo:
- Oxalá, quando estivermos de novo em pleno nevoeiro da carne, possamos,
também nós, abrir o coração ao excelso amor de Jesus, para que não venhamos a falir
nas provas necessárias!...
E havia tanto recolhimento e tanta angústia naquele olhar que nos habituara ao
mais doce enternecimento e ao mais profundo respeito que, de volta à Mansão, nenhum
de nós ousou quebrar-lhe o doloroso e expressivo silêncio.