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quarta-feira, 21 de abril de 2021

TIRADENTES NOS BRAÇOS DE ISMAEL.


"resgatas hoje os delitos cruéis que cometeste quando te ocupavas do nefando mister do inquisidor, nos tempos passados. Redimiste o pretérito obscuro e criminoso com as lágrimas do teu sacrifício em favor da Pátria do Evangelho de Jesus. Passarás a ser um símbolo para a posteridade, com o teu heroísmo resignado nos sofrimentos purificadores. Qual novo gênio surges, para espargir bênçãos sobre a terra do Cruzeiro, em todos os séculos do seu futuro. "




Tiradentes nos braços de Ismael


[...]
"Os historiadores falam do grande pavor daqueles onze homens que se ajuntavam, andrajosos e desesperados, na sala do Oratório, para ouvirem a sentença da sua condenação, após três longos anos de separação, em que haviam ficado incomunicáveis nos diversos presídios da época. A leitura da peça condenatória, pelo Desembargador Francisco Alves da Rocha, levou quase duas horas. Depois de conhecerem os seus termos, os infelizes conjurados passaram às mais dolorosas e recíprocas recriminações. Os mais tristes quadros de fraqueza moral se patenteavam naqueles corações desiludidos e desamparados; mas, no dia seguinte, a dura sentença era modificada. D. Maria I havia comutado anteriormente as penas de morte em perpétuo degredo nas desoladas regiões africanas, com exceção do Tiradentes, que teria de morrer na forca, conservando-se o cadáver insepulto e esquartejado, para escarmento de quantos urdissem novas traições à coroa portuguesa.

O mártir da inconfidência, depois de haver apreciado, angustiadamente, a defecção dos companheiros, reveste-se de supremo heroísmo. Seu coração sente uma alegria sincera pela expiação cruel que somente a ele fora reservada, já que seus irmãos de ideal continuariam na posse do sagrado tesouro da vida. As falanges de Ismael lhe cercam a alma leal e forte, inundando-a de santas consolações.

Tiradentes entrega o espírito a Deus, nos suplícios da forca, a 21 de abril de 1792. Um arrepio de aflitiva ansiedade percorre a multidão, no instante em que seu corpo balança, pendente das trevas do cadafalso, no Campo da Lampadosa.
Mas, nesse momento, Ismael recebia em seus braços carinhosos a alma edificada do mártir.

– Irmão querido – exclama ele – resgatas hoje os delitos cruéis que cometeste quando te ocupavas do nefando mister do inquisidor, nos tempos passados. Redimiste o pretérito obscuro e criminoso com as lágrimas do teu sacrifício em favor da Pátria do Evangelho de Jesus. Passarás a ser um símbolo para a posteridade, com o teu heroísmo resignado nos sofrimentos purificadores. Qual novo gênio surges, para espargir bênçãos sobre a terra do Cruzeiro, em todos os séculos do seu futuro. Regozija-te no Senhor pelo desfecho dos teus sonhos de liberdade, porque cada um será justiçado de acordo com as suas obras. Se o Brasil se aproxima da sua maioridade como nação, ao influxo do amor divino, será o próprio Portugal quem virá trazer, até ele, todos os elementos da sua emancipação política, sem o êxito incerto das revoluções feitas à custa do sangue fraterno, para multiplicar os órfãos e as viúvas na face sombria da Terra...

Um sulco luminoso desenhou-se nos espaços, à passagem das gloriosas entidades que vieram acompanhar o espírito iluminado do mártir, que não chegou a contemplar o hediondo espetáculo do esquartejamento.

Daí a alguns dias, a piedosa rainha portuguesa enlouquecia, ferida de morte na sua consciência pelos remorsos pungentes que a dilaceravam e, consoante as profecias de Ismael, daí a alguns anos era o próprio Portugal que vinha trazer, com D. João VI, a independência do Brasil, sem o êxito incerto das revoluções fratricidas, cujos resultados invariáveis são sempre a multiplicação dos sofrimentos das criaturas, dilaceradas pelas provações e pelas dores, entre as pesadas sombras da vida terrestre."

Trecho retirado do capítulo"Inconfidência Mineira" no Livro “Brasil – Coração do Mundo – Pátria do Evangelho”
Psicografia Francisco C. Xavier – Espírito Humberto de Campos


terça-feira, 13 de abril de 2021

CIVILIZAÇÃO COM JESUS: "Se quisermos um mundo melhor, saibamos construí-lo. Progresso espiritual não vem por osmose. Não vale a melhoria de alguns sobre o estrangulamento de milhões. Amemo-nos para instruir-nos reciprocamente, começando pelo respeito de uns aos outros."

A RESPOSTA DE EMMANUEL

Vários assuntos foram debatidos numa das reuniões públicas de Uberaba. Aberto “O Livro dos Espíritos” caiu a questão 790 que trata dos problemas da, Civilização. Feitos os comentários, Emmanuel psicografou uma mensagem pelas mãos de Chico Xavier que no-la enviou, escrevendo-nos o seguinte:

“Passo-a às mãos com um apontamento que consideramos muito significativo.É que, às despedidas, um grupo de oito pessoas, seis senhores e duas senhoras – não-espíritas, mas que se achavam presentes para observações, conforme nos explicaram – adiantou-me, que a mensagem lida em voz alta era uma resposta à inquietação deles, os elementos do grupo, já que haviam pedido em silêncio alguma coisa do Plano Espiritual sobre as reformas atuais do Mundo.”

                                               
Emmanuel
CIVILIZAÇÃO COM JESUS

Comumente surpreendemos muitos companheiros que falam de renovação do trabalho, solicitando reformas violentas, como se todos os seus contemporâneos estivessem no grau de cultura intelectual em que já se encontram. Entretanto, se fossem recenseados entre aqueles irmãos da Humanidade que apenas guardam consigo, por enquanto, leves traços de alfabetização imperfeita, decerto que não se alegrariam em se vendo arrastados pelo vento da transformação para facearem sem preparo justo determinadas empresas de realização e serviço.
***
Muitos se referem aos problemas sociais exigindo medidas drásticas que consagrem novos tipos de relacionamento humano.  Todavia, caso se vissem no lugar daqueles que foram mantidos desde a meninice nas sombras da ignorância, não se agradariam ao se reconhecerem impulsionados à força para experiências complexas e arriscadas, até agora inacessíveis ao entendimento geral.
***
Reportam-se outros muitos a diferentes condutas de economia, qual se a administração dos interesses de milhões de pessoas devesse alterar-se de um instante para outro. No entanto, se fossem contados entre aqueles que muito pouco sabem, ainda, acerca de produção e disciplina, receita e despesa, em nada lhes adiantaria entrar em metamorfoses precipitadas, que talvez unicamente os induzisse a leviandade e perturbação.
***
Demoram-se muitos no exame da liberdade, rogando a independência imediata e sem freios para todas as criaturas, qual se a liberdade verdadeira não se baseasse no dever retamente cumprido. Mas, se vivessem nos obstáculos em que estacionam os espíritos inexperientes e inseguros, é possível que essa espécie de liberdade tão-somente os levasse a sofrimento e loucura.
***
Se quisermos um mundo melhor, saibamos construí-lo.
Progresso espiritual não vem por osmose.
Não vale a melhoria de alguns sobre o estrangulamento de milhões.
Amemo-nos para instruir-nos reciprocamente, começando pelo respeito de uns aos outros. 
***
A civilização com Jesus, por mais ampla na conceituação em que se defina, resumir-se-á sempre em quatro itens:
evolução sim;
violência não;
solidariedade primeiro;
educação sempre.


***


O RESPEITO PELOS OUTROS

Irmão Saulo

O processo civilizador é um esforço contínuo de aperfeiçoamento e adaptação. Os homens aperfeiçoam sua cultura pelas conquistas dos mais aptos e esclarecidos, mas, ao mesmo tempo, procuram adaptar a maioria menos apta às novas condições de vida que vão surgindo. O ímpeto dos vanguardeiros é contido pela inércia da massa. Quando se quer romper essa inércia e realizar mudanças violentas, surge a necessidade da coação e da subjugação. Cai-se inevitavelmente na contradição de suprimir os direitos da maioria a pretexto de libertá-la.

Civilizar é, sobretudo, humanizar. As maiorias menos capazes devem ser elevadas ao nível das minorias avançadas. Mas, se não levarmos em conta o fator tempo, a adaptação da maioria implicará largos períodos de desrespeito à sua condição e aos seus direitos, advindo injustiças e recém coletivos incalculáveis. Os esforços civilizadores entram no torvelinho do círculo vicioso, com a repetição dos erros que se pretendia eliminar. A História está repleta de exemplos desses retrocessos perigosos.

O processo civilizador do Cristianismo é espiritual e não material, porque o homem é espírito e não matéria. Seu objetivo não é a quantidade, mas a qualidade. Seu método não é massivo, mas coletivo, não opera em termos de massa, mas de coletividades. A adaptação deve decorrer de estímulos e não de pressões. O respeito pelos outros, tão pouco praticado até agora, é o cimento da construção do novo mundo.

Daí a conclusão de Emmanuel: “a evolução estimulada pela solidariedade humana e pela educação, com exclusão da violência que pertence à barbárie, é o caminho único da Civilização com Jesus”. É o que lemos no item 790 de “O Livro dos Espíritos”: “O homem não passa subitamente da infância à maturidade”

Livro “Chico Xavier pede licença” Psicografia Francisco C. Xavier Autores diversos

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

INFLUXOS MENTAIS : HARMONIA E PADRÃO VIBRATÓRIO - - - - - - - "Quanto mais nos avizinhamos da esfera animal, maior é a condensação obscurecente de nossa organização, e quanto mais nos elevamos, ao preço de esforço próprio, no rumo das gloriosas construções do espírito, maior é a sutileza de nosso envoltório, que passa a combinar-se facilmente com a beleza, com a harmonia e com a luz reinantes na Criação Divina.

 


O INSTRUTOR CLARENCIO, NOS OFERECE UMA VERDADEIRA AULA SOBRE NOSSOS PENSAMENTOS E VONTADES ATUANDO EM NOSSOS CENTROS DE FORÇA , TANTO NA MANUTENÇÃO DO EQUILÍBRIO QUANTO NO  DESEQUILÍBRIO, ,FALA A  RESPEITO DO PADRÃO VIBRATÓRIO QUE DETERMINA NOSSO PESO ESPECÍFICO E POR CONSEQUÊNCIA NOSSO HABITAT NO PLANO ESPIRITUAL, TECENDO COMENTÁRIOS SOBRE A FISIOLOGIA DO PERISPÍRITO! APRECIEM!





[...]”Como não desconhecem, o nosso corpo de matéria rarefeita está intimamente regido por sete centros de força, que se conjugam nas ramificações dos plexos e que, vibrando em sintonia uns com os outros, ao influxo do poder diretriz da mente, estabelecem, para nosso uso, um veículo de células elétricas, que podemos definir como sendo um campo eletromagnético, no qual o pensamento vibra em circuito fechado. Nossa posição mental determina o peso específico do nosso envoltório espiritual e, conseqüentemente, o “habitat” que lhe compete. Mero problema de padrão vibratório. Cada qual de nós respira em determinado tipo de onda. Quanto mais primitiva se revela a condição da mente, mais fraco é o influxo vibratório do pensamento, induzindo a compulsória aglutinação do ser às regiões da consciência embrionária ou torturada, onde se reúnem as vidas inferiores que lhe são afins. O crescimento do influxo mental, no veículo eletromagnético em que nos movemos, após abandonar o corpo terrestre, está na medida da experiência adquirida e arquivada em nosso próprio espírito. Atentos a semelhante realidade, é fácil compreender que sublimamos ou desequilibramos o delicado agente de nossas manifestações, conforme o tipo de pensamento que nos flui da  íntima. Quanto mais nos avizinhamos da esfera animal, maior é a condensação obscurecente de nossa organização, e quanto mais nos elevamos, ao preço de esforço próprio, no rumo das gloriosas construções do espírito, maior é a sutileza de nosso envoltório, que passa a combinar-se facilmente com a beleza, com a harmonia e com a luz reinantes na Criação Divina.

[...] Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força, que reage em nosso corpo a essa ou àquela classe de influxos mentais. Apliquemos à nossa aula rápida, tanto quanto nos seja possível, a terminologia trazida do mundo, para que vocês consigam fixar com mais segurança os nossos apontamentos. Analisando a fisiologia do perispírito, classifiquemos os seus centros de força, aproveitando a lembrança das regiões mais importantes do corpo terrestre. Temos, assim, por expressão máxima do veículo que nos serve presentemente, o “centro coronário” que, na Terra, é considerado pela filosofia hindu como sendo o lótus de mil pétalas, por ser o mais significativo em razão do seu alto potencial de radiações, de vez que nele assenta a ligação com a mente, fulgurante sede da consciência. Esse centro recebe em primeiro lugar os estímulos do espírito, comandando os demais, vibrando todavia com eles em justo regime de interdependência. Considerando em nossa exposição os fenômenos do corpo físico, e satisfazendo aos impositivos de simplicidade em nossas definições, devemos dizer que dele emanam as energias de sustentação do sistema nervoso e suas subdivisões, sendo o responsável pela alimentação das células do pensamento e o provedor de todos os recursos eletromagnéticos indispensáveis à estabilidade orgânica. É, por isso, o grande assimilador das energias solares e dos raios da Espiritualidade Superior capazes de favorecer a sublimação da alma. Logo após, anotamos o “centro cerebral”, contíguo ao “centro coronário”, que ordena as percepções de variada espécie, percepções essas que, na vestimenta carnal, constituem a visão, a audição, o tato e a vasta rede de processos da inteligência que dizem respeito à palavra, à cultura, à arte, ao saber. É no “centro cerebral” que possuímos o comando do núcleo endocrínico, referente aos poderes psíquicos. Em seguida, temos o “centro laríngeo”, que preside aos fenômenos vocais, inclusive às atividades do timo, da tireóide e das paratireóides. Logo após, identificamos o “centro cardíaco”, que sustenta os serviços da emoção e do equilíbrio geral. Prosseguindo em nossas observações, assinalamos o “centro esplênico” que, no corpo denso, está sediado no baço, regulando a distribuição e a circulação adequada dos recursos vitais em todos os escaninhos do veículo de que nos servimos. Continuando, identificamos o “centro gástrico”, que se responsabiliza pela penetração de alimentos e fluidos em nossa organização e, por fim, temos o “centro genésico”, em que se localiza o santuário do sexo, como templo modelador de formas e estímulos.

O instrutor fez pequena pausa de repouso e prosseguiu: – Não podemos olvidar, porém, que o nosso veículo sutil, tanto quanto o corpo de carne, é criação mental no caminho evolutivo, tecido com recursos tomados transitoriamente por nós mesmos aos celeiros do Universo, vaso de que nos utilizamos para ambientar em nossa individualidade eterna a divina luz da sublimação, com que nos cabe demandar as esferas do Espírito Puro. Tudo é trabalho da mente no espaço e no tempo, a valer-se de milhares de formas, a fim de purificar-se e santificar-se para a Glória Divina.

[...]– Quando a nossa mente, por atos contrários à Lei Divina, prejudica a harmonia de qualquer um desses fulcros de força de nossa alma, naturalmente se escraviza aos efeitos da ação desequilibrante, obrigando-se ao trabalho de reajuste.

 

Fonte: Livro Entre a Terra e o Céu- Francisco Cândido Xavier em parceria com Espírito de André Luiz.

CAP. 20 CONFLITOS DA ALMA 36§ À 40 §

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

O INSTRUTOR GÚBIO, NOS ALERTA DAS RELAÇÕES : PENSAMENTO, VONTADE , SINTONIA E DOENÇAS -------[...]Dirija um homem a sua vontade para a idéia de doença e a moléstia lhe responderá ao apelo, com todas as características dos moldes estruturados pelo pensamento enfermiço, porque a sugestão mental positiva determina a sintonia e receptividade da região orgânica, em conexão com o impulso havido, e as entidades microbianas, que vivem e se reproduzem no campo mental das milhões de pessoas que as entretêm, acorrerão em massa...

 

[...]O espírito encarnado respira numa zona de vibrações mais lentas, enfaixado num veículo constituído de trilhões de células que são outras tantas vidas microscópicas inferiores. Cada vida, porém, por mais insignificante, possui expressão magnética especial. A vontade, não obstante condicionada por leis cósmicas e morais, inclinará a comunidade dos corpúsculos vivos que permanecem a seu serviço por tempo limitado, à maneira do eletricista que liga as forças da usina para atividades num charco ou para serviços numa torre. Sendo cada um de nós uma força inteligente, detendo faculdades criadoras e atuando no Universo, estaremos sempre engendrando agentes psicológicos, através da energia mental, exteriorizando o pensamento e com ele improvisando causas possíveis, cujos efeitos podem ser próximos ou remotos sobre o ponto de origem. Abstendo-nos de mobilizar a vontade, seremos invariáveis joguetes das circunstâncias predominantes, no ambiente que nos rodeia; contudo, tão logo deliberemos manobrá-la, é indispensável resolvamos o problema de direção, porquanto nossos estados pessoais nos refletirão a escolha íntima. Existem princípios, forças e leis no universo minúsculo, tanto quanto no universo macrocósmico. Dirija um homem a sua vontade para a idéia de doença e a moléstia lhe responderá ao apelo, com todas as características dos moldes estruturados pelo pensamento enfermiço, porque a sugestão mental positiva determina a sintonia e receptividade da região orgânica, em conexão com o impulso havido, e as entidades microbianas, que vivem e se reproduzem no campo mental das milhões de pessoas que as entretêm, acorrerão em massa, absorvidas pelas células que as atraem, em obediência às ordens interiores, reiteradamente recebidas, formando no corpo a enfermidade idealizada. Claro que nesse capítulo temos a questão das provas necessárias, nos casos em que determinada personalidade renasce, atendendo a impositivos das lições expiatórias, mas, mesmo aí, o problema de ligação mental é infinitamente importante, porquanto o doente que se compraz na aceitação e no elogio da própria decadência acaba na posição de excelente incubador de bactérias e sintomas mórbidos, enquanto que o espírito em reajustamento, quando reage, valoroso, contra o mal, ainda mesmo que benéfico e merecido, encontra imensos recursos de concentrar-se no bem, integrando-se na corrente de vida vitoriosa.[...]

[...]– Nossa mente é uma entidade colocada entre forças inferiores e superiores, com objetivos de aperfeiçoamento. Nosso organismo perispiritual, fruto sublime da evolução, quanto ocorre ao corpo físico na esfera da Crosta, pode ser comparado aos pólos de um aparelho magneto-elétrico. O espírito encarnado sofre a influenciação inferior, através das regiões em que se situam o sexo e o estômago, e recebe os estímulos superiores, ainda mesmo procedentes de almas não sublimadas, através do coração e do cérebro. Quando a criatura busca manejar a própria vontade, escolhe a companhia que prefere e lança-se ao caminho que deseja. Se não escasseiam milhões de influxos primitivistas, constrangendo-nos, mesmo aquém das formas terrestres a entreter emoções e desejos, em baixos círculos, e armando-nos quedas momentâneas em abismos do sentimento destrutivo, pelos quais já peregrinamos há muitos séculos, não nos faltam milhões de apelos santificantes, convidando-nos à ascensão para a gloriosa imortalidade.


Trecho da Palestra de Gúbio , retirada do Livro Libertação de Francisco Cândido Xavier em parceria com André Luiz.

FONTE:LIBERTAÇÃO-CAP.2 " A palestra do Instrutor" 

15º§ à 17º§

sexta-feira, 28 de julho de 2017

O DEVER "SEGUNDO EMMANUEL":[...]a faixa de ação no bem que o Supremo Senhor nos traça à responsabilidade, para a sustentação da ordem e da evolução em Sua Obra Divina, no encalço de nosso próprio aperfeiçoamento.Cada consciência bafejada pelo sol da razão será interpretada, assim, à conta de raio na esfera da vida[...]cada espírito plasma os reflexos de si mesmo, por onde passa, abrindo-se aos reflexos das mentes mais elevadas que o impulsionam à contemplação de mais vastos horizontes do progresso e à adequada assimilação de mais altos valores da vida.

O Dever

O dever define a submissão que nos cabe a certos princípios estabelecidos como leis pela Sabedoria Divina, para o desenvolvimento de nossas faculdades.
Para viver em segurança, ninguém desprezará a disciplina.

Obedecem as partículas elementares no mundo atômico, obedece a constelação na glória da Imensidade.

O homem viajará pelo firmamento, a longas distâncias do lar em que se lhe vincula o corpo físico; no entanto, não logrará fazê-lo sem obediência aos princípios que vigem para os movimentos da máquina que o transporta.

Dessa forma, pode-se simbolizar o dever como sendo a faixa de ação no bem que o Supremo Senhor nos traça à responsabilidade, para a sustentação da ordem e da evolução em Sua Obra Divina, no encalço de nosso próprio aperfeiçoamento.

Cada consciência bafejada pelo sol da razão será interpretada, assim, à conta de raio na esfera da vida, evolvendo da superfície para o centro, competindo-lhe a obrigação de respeitar e promover, facilitar e nutrir o bem comum, atitude espontânea que lhe valerá o auxilio natural de todos os que lhe recolhem a simpatia e a cooperação. Com semelhante atitude, cada espírito plasma os reflexos de si mesmo, por onde passa, abrindo-se aos reflexos das mentes mais elevadas que o impulsionam à contemplação de mais vastos horizontes do progresso e à adequada assimilação de mais altos valores da vida.

Desse modo, pela execução do dever — região moral de serviço em que somos constantemente alertados pela consciência —, exteriorizamos a nossa melhor parte, recolhendo a melhor parte dos outros.

Acontece, porém, que muitas vezes criamos perturbações na linha das atividades que o Senhor nos confia, e não apenas desconjuntamos a peça de nossa existência, como também colocamos em desordem muitas existências alheias, desajustando outras muitas peças na máquina do destino.

Surge então para nós o inexorável constrangimento à luta maior, que podemos nomear como sendo o dever-regeneração, pelo qual somos compelidos a produzir reflexos inteiramente renovadores de nossa individualidade, à frente daqueles que se fizeram credores das nossas quotas de sacrifício.

É dessa maneira que recebemos, por imposição das circunstâncias, a esposa incompreensiva, o esposo atrabiliário, o filho doente, o chefe agressivo, o subalterno infeliz, a moléstia pertinaz ou a tarefa compulsória a beneficio dos outros, como gleba espiritual para esforço intensivo na recuperação de nós mesmos.

E por esse motivo que de nada vale desertar do campo de duras obrigações em que nos vejamos sitiados, por força dos acontecimentos naturais do caminho, de vez que na intimidade da consciência, ainda mesmo que a apreciação alheia nos liberte desse ou daquele imposto de devotamento e renúncia, ordena a razão estejamos de sentinela na obra de paciência e de tolerância, de humildade e de amor, que fomos chamados intimamente a atender; sem isso, não obstante a aparência legal de nosso afastamento da luta, somos invencivelmente onerados por ocultas sensações de desgosto ante as nossas próprias fraquezas, que, começando por ligeiras irritações e pequeninos desalentos, acabam matriculando-nos o espírito nos institutos da enfermidade ou na vala da frustração.

Do Livro Pensamento e Vida/ Chico Xavier - Emmanuel

sábado, 22 de abril de 2017

Aniversário do Brasil "[...]É lastimável que as paixões políticas aí permaneçam, intoxicando inteligências e corações. A esses sentimentos nefastos deve-se a sensação de angustiosa expectativa que o País vem experimentando, nestes anos derradeiros, perturbando os seus surtos de trabalho e empobrecendo as suas fontes de produção. Os espíritos, que aí se entregam ao vinho sinistro do interesse e da ambição, andam esquecidos de que são criminosos todos aqueles que destroem um abrigo diante da tempestade furiosa sem apresentar um refúgio melhor aos náufragos desesperados. Como inaugurar-se uma nova experiência de novos regimes políticos no País, se o próprio princípio democrático ainda não foi devidamente assimilado? Contudo, o que vemos no Brasil, nos últimos tempos, é a tendência para a desagregação das forças construtivas da nacionalidade, em lutas esterilizadoras[...]A política brasileira dos últimos anos tem sido a repetição do mesmo quadro. Sempre um Amurat escalando o caminho da glória e da evidência, sobre as humilhações dos seus semelhantes, e sempre um Miloch saindo do seu anonimato para desferir-lhe o golpe supremo.[...]No dia de aniversário do Brasil, recordemos que o professor Tyndall acaba de anunciar os dez problemas mais importantes que a ciência terrestre terá de resolver nos próximos cem anos, neles incluindo a viagem à Lua e a alimentação química, lembrando ao ilustre catedrático da Pensilvânia que, não obstante as suas mestranças, esqueceu a questão da vitória do Evangelho.


Vem o Brasil de comemorar o 437.° ano do seu descobrimento. Em todos os centros culturais do País foi lembrada a célebre expedição de Álvares Cabral, que, em marco de 1500, deixou Lisboa com as mais severas recomendações para os régulos da Ásia e que aportou primeiramente na ilha de Vera Cruz, cheia de árvores fartas e de rolas morenas cantando a inocência das terras inexploradas e virgens, cujo domínio Portugal havia pleiteado em Tordesilhas.
Os naturais ainda pareciam permanecer com a bênção divina no paraíso terrestre, pois não conheciam o sentimento que fizera Adão e Eva buscarem a folha de parra, envergonhados dos seus pormenores anatômicos; mas Frei Henrique de Coimbra na primeira missa celebrada naquele deserto maravilhoso tentou pregar para as gentes de Porto-Seguro, que não lhe compreenderam as palavras, tomando, logo após aquele ato católico, os seus arcos e os seus tacapes, prosseguindo nas suas danças exóticas, sobre as ervas rasteiras da praia.
Sobre as grandes comemorações brasileiras destes últimos dias, não podemos mencionar as da política administrativa, que, no momento, estava preocupada com a eleição do Presidente da Câmara Federal, sendo de destacar-se, somente, a Congregação Mariana no Rio de Janeiro.  A Igreja, conhecendo profundamente a psicologia das massas, reuniu mais de dez mil católicos na capital do País, realizando os seus movimentos com o apoio governamental. Mas, não nos surpreendemos. Não se tratou de um congresso para a generalização do livro ou de novas facilidades da vida. Como Frei Henrique de Coimbra, no dia 3 de maio de 1500, entre as madeiras toscas da Bahia, Monsenhor Leovigildo Franca, na Feira de Amostras do Rio de Janeiro, dava explicações da missa ao povo do Brasil, com a diferença de que falava pelo rádio e com pouca esperança de ser entendido pelos seus patrícios, que, como outrora, se levantariam dali, com as suas cuícas e os seus pandeiros, procurando a Favela ou a Mangueira, para um samba de quintal. Aliás, semelhante fato não será estranhável, considerando-se que o governo que apoiou a última concentração católica é o mesmo que subvenciona as festas carnavalescas, incentivando, por essa forma, o turismo no Brasil.
Todavia, longe das apreciações superficiais, que teria feito a nação em mais de quatrocentos anos de vida histórica e mais de um século de independência política? Com um território imenso, onde caberá possivelmente toda a população da Europa moderna, ela apenas conhece pouco mais de um décimo de suas possibilidades econômicas. Do vale soberbo do Amazonas às planícies do Prata, há um perfume de matas virgens na terra misteriosa e o mesmo livro infinito de sua Natureza extraordinária espera ainda a raça ciclópica que escreverá nas suas páginas, ainda em branco, a mais bela talvez de todas as epopeias da Humanidade, nos triunfos do Espírito.
É lastimável que as paixões políticas aí permaneçam, intoxicando inteligências e corações. A esses sentimentos nefastos deve-se a sensação de angustiosa expectativa que o País vem experimentando, nestes anos derradeiros, perturbando os seus surtos de trabalho e empobrecendo as suas fontes de produção. Os espíritos, que aí se entregam ao vinho sinistro do interesse e da ambição, andam esquecidos de que são criminosos todos aqueles que destroem um abrigo diante da tempestade furiosa sem apresentar um refúgio melhor aos náufragos desesperados. Como inaugurar-se uma nova experiência de novos regimes políticos no País, se o próprio princípio democrático ainda não foi devidamente assimilado? Contudo, o que vemos no Brasil, nos últimos tempos, é a tendência para a desagregação das forças construtivas da nacionalidade, em lutas esterilizadoras.
Reza a História que, nos séculos passados, quando as hordas de bárbaros ameaçavam a Europa medieval, o sultão Amurat  submeteu ao seu domínio as províncias gregas da Trácia,  da Albânia  e da Macedônia. Cheio de galardões e de vitórias, avançou para o norte em direção dos sérvios e dos búlgaros que, comandados por Lázaro e Sísman, lhe opuseram a mais encarniçada resistência. O orgulhoso sultão ganhou-lhes a grande batalha de Kossovo, mas, quando vitorioso contemplava com feroz alegria o campo forrado de sangue e de cadáveres, orgulhoso do seu feito e da sua glória, o sérvio Miloch levantou-se, no silêncio da praça destruída, e, lesto, cravou-lhe um punhal no coração.
A política brasileira dos últimos anos tem sido a repetição do mesmo quadro. Sempre um Amurat escalando o caminho da glória e da evidência, sobre as humilhações dos seus semelhantes, e sempre um Miloch saindo do seu anonimato para desferir-lhe o golpe supremo.
Mas… não falemos de assunto tão ingrato, quanto inoportuno.
No dia de aniversário do Brasil, recordemos que o professor Tyndall acaba de anunciar os dez problemas mais importantes que a ciência terrestre terá de resolver nos próximos cem anos, neles incluindo a viagem à Lua e a alimentação química, lembrando ao ilustre catedrático da Pensilvânia que, não obstante as suas mestranças, esqueceu a questão da vitória do Evangelho. E olhando o país maravilhoso onde todas as raças do planeta se encontraram para a glorificação da fraternidade e do amor, saudemos, com as emoções de nossa esperança, as terras afortunadas de Santa Cruz.

.Humberto de Campos

(.Irmão X)



7 de maio de 1937.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Pedro, o Apóstolo [...]Ignoro a razão por que revestiram a minha figura, na Terra, de semelhantes honrarias. Como homem, não fui mais que um obscuro pescador da Galileia e, como discípulo do Divino Mestre, não tive a fé necessária nos momentos oportunos. O Senhor não poderia portanto, conferir-me privilégios, quando amava todos os seus apóstolos com igual amor.[...] Nada desejais dizer ao mundo sobre a autenticidade dos Evangelhos? — Expressão autêntica da biografia e dos atos do Divino Mestre, não seria possível acrescentar qualquer coisa a esse livro sagrado. Muita iniquidade se tem verificado no mundo em nome do estatuto divino, quando todas as hipocrisias e injustiças estão nele sumariamente condenadas. — E no capítulo dos milagres? — Não é propriamente milagre o que caracterizou as ações práticas do Senhor. Todos os seus atos foram resultantes do seu imenso poder espiritual. Todas as obras a que se referem os Evangelistas são profundamente verdadeiras.[...]Qual o vosso objetivo, atualmente, no Brasil? — Venho visitar a obra do Evangelho aqui instituída por Ismael, filho de Abraão e de Agar e dirigida dos Espaços por abnegados apóstolos da fraternidade cristã.[...]O Reino de Deus ainda é a promessa para todos os pobres e para todos os aflitos da Terra. A Igreja romana, cujo chefe se diz possuidor de um trono que me pertence, está condenada no próprio Evangelho, com todas as suas grandezas bem tristes e bem miseráveis. A cadeira de São Pedro é para mim uma ironia muito amarga… Nestes templos faustosos não há lugares para Jesus, nem para os seus continuadores…



Enquanto a Capital dos mineiros, dirigida pelos seus elementos eclesiásticos, se prepara, esperando as grandes manifestações de fé do segundo congresso Eucarístico Nacional,  chegam os turistas elegantes e os peregrinos invisíveis. Também eu quis conhecer de perto as atividades religiosas dos conterrâneos de Augusto de Lima. 
Na praça Raul Soares,  espaçosa e ornamentada, vi o monumento dos congressistas, elevando-se em forma de altar, onde os atos religiosos serão celebrados. No topo, a custódia, rodeada de arcanjos petrificados, guardando o símbolo suave e branco da eucaristia, e, cá em baixo, nas linhas irregulares da terra, as acomodações largas e fartas, de onde o povo assistirá, comovido, às manifestações de Minas católica.
Foi nesse ambiente que a figura de um homem trajado à israelita, lembrando alguns tipos que em Jerusalém se dirigem, frequentemente, para o lugar sagrado das lamentações, aguçou a minha curiosidade incorrigível de jornalista.
— Um judeu?! — exclamei, aguardando as novidades de uma entrevista.
— Sim, fui judeu, há algumas centenas de anos — respondeu laconicamente o interpelado.
Sua réplica exaltou a minha bisbilhotice e procurei atrair a atenção da singular personagem.
— Vosso nome? — continuei.
— Simão Pedro.
— O Apóstolo?
E a veneranda figura respondeu afirmativamente, colando ao peito os cabelos respeitáveis da barba encanecida.
Surpreso e sedento da sua palavra, contemplei aquela figura hebraica, cheia de simplicidade e simpatia. Ao meu cérebro afluíam dezenas de perguntas, sem que pudesse coordená-las devidamente.
— Mestre — disse-lhe, por fim —, vossa palavra tem para o mundo um valor inestimável. A cristandade nunca vos julgou acessível na face da Terra, acreditando que vos conserváveis no Céu, de cujas portas resplandecentes guardáveis a chave maravilhosa. Não teríeis algumas mensagens do Senhor para transmitir à Humanidade, neste momento angustioso que as criaturas estão vivendo?
E o Apóstolo venerável, dentro da sua expressão resignada e humilde, começou a falar:
— Ignoro a razão por que revestiram a minha figura, na Terra, de semelhantes honrarias. Como homem, não fui mais que um obscuro pescador da Galileia e, como discípulo do Divino Mestre, não tive a fé necessária nos momentos oportunos. O Senhor não poderia portanto, conferir-me privilégios, quando amava todos os seus apóstolos com igual amor.
— É conhecida, na história das origens do Cristianismo, a vossa desinteligência com Paulo de Tarso. Tudo isso é verdadeiro?
— De alguma forma, tudo isso é verdade — declarou bondosamente o Apóstolo. — Mas, Paulo tinha razão. Sua palavra enérgica evitou que se criasse uma aristocracia injustificável, que, sem ele, teria de desenvolver-se fatalmente entre os amigos de Jesus, que se haviam retirado de Jerusalém para as regiões da Bataneia.
— Nada desejais dizer ao mundo sobre a autenticidade dos Evangelhos?
— Expressão autêntica da biografia e dos atos do Divino Mestre, não seria possível acrescentar qualquer coisa a esse livro sagrado. Muita iniquidade se tem verificado no mundo em nome do estatuto divino, quando todas as hipocrisias e injustiças estão nele sumariamente condenadas.
— E no capítulo dos milagres?
— Não é propriamente milagre o que caracterizou as ações práticas do Senhor. Todos os seus atos foram resultantes do seu imenso poder espiritual. Todas as obras a que se referem os Evangelistas são profundamente verdadeiras.
E, como quem retrocede no tempo, o apóstolo monologou:
— Em Cafarnaum, perto de Genesaré, e em Betsaida, muitas vezes acompanhei o Senhor nas suas abençoadas peregrinações. Na Samaria, ao lado de Cesareia de Filipe, vi suas mãos carinhosas dar vista aos cegos e consolação aos desesperados. Aquele sol claro e ardente da Galileia ainda hoje ilumina toda a minha alma e, decorridos tantos séculos depois de minhas lutas no mundo, ao lado de alguns companheiros procuro reivindicar para os homens a vida perfeita do Cristianismo, com o advento do Reino de Deus, que Jesus desejou fundar, com o seu exemplo, em cada coração.
— Os filósofos terrenos são quase unânimes em afirmar que o Cristo não conhecia a evolução da ciência grega, naquela época, e que as suas parábolas fazem supor a sua ignorância acerca da organização política do Império Romano; seus apóstolos falam de reis e príncipes que não poderiam ter existido.
— A ação do Cristo — retrucou o apóstolo — vai mais longe que todas as atividades e investigações das filosofias humanas. Cada século que passa imprime um brilho novo à sua figura e um novo fulgor ao seu ensinamento. Ele não foi alheio aos trabalhos do pensamento dos seus contemporâneos. Naquele tempo, as teorias de Lucrécio, expendidas alguns anos antes da obra do Senhor, e as lições de Filon em Alexandria eram muito inferiores às verdades celestes que ele vinha trazer à Humanidade atormentada e sofredora…
E, quando a figura veneranda de Simão parecia prestes a prosseguir na sua jornada, inquiri, abruptamente:
— Qual o vosso objetivo, atualmente, no Brasil?
— Venho visitar a obra do Evangelho aqui instituída por Ismael,  filho de Abraão  e de Agar  e dirigida dos Espaços por abnegados apóstolos da fraternidade cristã.
— E estais igualmente associado às festas do segundo Congresso Eucarístico Nacional? — perguntei.
Mas, o bondoso Apóstolo expressou uma atitude de profunda incompreensão, ao ouvir as minhas derradeiras palavras.
Foi quando, então, lhe mostrei o rico monumento festivo, as igrejas enfeitadas de ouro, os movimentos de recepção aos prelados, exclamando ele, afinal:
— Não, meu filho!… Esperam-me longe destas ostentações mentirosas os humildes e os desconsolados. O Reino de Deus ainda é a promessa para todos os pobres e para todos os aflitos da Terra. A Igreja romana, cujo chefe se diz possuidor de um trono que me pertence, está condenada no próprio Evangelho, com todas as suas grandezas bem tristes e bem miseráveis. A cadeira de São Pedro é para mim uma ironia muito amarga… Nestes templos faustosos não há lugares para Jesus, nem para os seus continuadores…
— E que sugeris, Mestre, para esclarecer a verdade?
Mas, nesse momento, o Apóstolo venerando enviou-me um gesto compassivo e piedoso, continuando o seu caminho, depois de amarrar, resignadamente, o cordão das sandálias.

.Humberto de Campos
(.Irmão X)


25 de agosto de 1936.

domingo, 25 de setembro de 2016

D. Pedro II "Apenas quero dizer que não só os republicanos, mas também nós, os da monarquia, estávamos redondamente enganados. O erro da nossa visão, quando na Terra, foi supor no Brasil o mesmo espírito anglo-saxônio que a Inglaterra legara aos norte-americanos. Eu também fui apaixonado pelo liberalismo, mas a verdade é que, em nossa terra, prevaleciam outros fatores mesológicos e, até agora, não temos sabido conciliar os interesses da nação com esses imperativos."[...]Não posso aplaudir nenhum movimento de destruição, pois entendo que, sobre a revolução, deve pairar o sentimento nobre da evolução geral de todos, dentro da maior concórdia espiritual. 19 Considere que, examinando a minha consciência, não me lembro de haver fortalecido nenhum sentimento de rebeldia nos meus tempos de governo; entretanto, muito sofri, verificando que eu poderia ter suavizado a luta entre os nossos estadistas e os políticos da América espanhola.

Novas mensagens — Humberto de Campos ©

 

2 D. Pedro II


1 Enquanto os vivos se reuniam em torno do monumento que o Brasil erigiu ao Patriarca da Independência, no Rio de Janeiro, os grandes “mortos” da pátria igualmente se colocavam entre os encarnados, aliando-se ao povo carioca nas suas comovedoras lembranças.
2 Também acorri ao local da festa votiva dos brasileiros, acompanhado do meu amigo José Porfírio de Miranda, antigo milionário do Pará, que a borracha elevara às culminâncias da fortuna, conduzindo-o, em seguida, aos declives da miséria, nos seus caprichosos movimentos.
3 Os vivos e os mortos do Brasil se reuniam na mesma vibração afetiva das recordações suaves, enviando ao nobre organizador da vida política da nacionalidade um pensamento de amizade e de veneração.
4 Antigo companheiro nosso, também no Plano Invisível, em plena via pública acercou-se de mim, exclamando:
— Chegas um pouco tarde. José Bonifácio já não está presente mas poderás ainda conseguir uma proveitosa entrevista para os teus leitores. Sabes quem saiu daqui neste momento?
— Quem? pergunto eu, na minha fome de notícias.
— O Imperador.
— D Pedro II?
— Ele mesmo. Após lembrar a grande figura do Patriarca, dirigiu-se com alguns amigos para Petrópolis, a reavivar velhas lembranças…
5 Em meu íntimo, havia um alvoroço de emoções. Lembrei-me de que, em toda a minha existência de jornalista no mundo, só enxergara um monarca diante dos meus olhos: o rei Alberto I, dos Belgas, quando, no Clube dos Diários, a elite dos intelectuais do país lhe oferecera a homenagem de uma comovida admiração. E ponderei se haveria mérito em consultar o pensamento de um rei, no outro mundo, onde todas as majestades desaparecem. Recordei a figura do grande imperador que Victor Hugo considerava o monarca republicano. Com os olhos da imaginação, vi-o, de novo, na intimidade dos Paços de São Cristóvão: o perfil heráldico, onde um sorriso de bondade espalhava o perfume da tolerância; as barbas compridas e brancas, como as dos santos das oleografias católicas; o olhar cheio de generosidade e de brandura, irradiando as mais doces promessas.
6 Um vivo, em havendo de ir a Petrópolis, é obrigado ao trajeto penoso dos ônibus, embora as perspectivas maravilhosas do mais belo trecho de todas as estradas do Brasil; os desencarnados, porém, não necessitam de semelhantes sacrifícios. Num abrir e fechar de olhos, eu e o meu amigo nos encontrávamos na encantadora cidade das hortênsias, onde os milionários do Rio de Janeiro podem descansar nas mais variadas épocas do ano.
7 Não fomos encontrar o Imperador nos antigos edifícios em que estabelecera a residência patriarcal de sua família mas justamente num recanto de jardim, contemplando as deliciosas paisagens da Serra da Estela e apreciando o sabor das recordações amigas e doces.
8 Acerquei-me da sua individualidade, com um misto de curiosidade e de profundo respeito, procurando improficuamente identificar os dois companheiros que o rodeavam.
— Majestade! — tentei chamar-lhe a atenção com a minha palavra humilde e obscura.
— Aproximem-se, meus amigos! — respondeu-me com benevolência e carinho. — Aqui não existe nenhuma expressão de majestade. Cá estão, fraternalmente comigo, o Afonso  n  e o Luís,  n   como três irmãos, sentindo eu muito prazer na companhia de ambos. Se o mundo nos irmana sobre a Terra, a morte nos confraterniza no Espaço infinito, sob as vistas magnânimas do Senhor.
9 E, fazendo uma pausa, como quem reconhece que há tempo de falar e tempo de ouvir, conforme nos aconselha a sabedoria da Bíblia, exclama o Imperador com bondade:
— A que devo o obséquio da sua interpelação?
10 — Majestade! — respondi, confundido com a sua delicadeza — desejara colher a vossa opinião com respeito ao Brasil e aos brasileiros. Estamos no limiar do cinquentenário de República e seria interessante ouvir o vosso conselho paternal para os vivos de boa vontade. Que pensais destes quarenta e tantos anos de novo regime?
— Minha palavra — retrucou D. Pedro — não pode ter a importância que a sua generosidade lhe atribui. Que poderia dizer do Brasil, senão que continuo a amá-lo com a mesma dedicação de todos os dias! Do Plano Invisível, para o mundo, prosseguimos no mesmo labor de construção da nacionalidade. 11 As convenções políticas dos homens não atingem os Espíritos desencarnados. O exílio termina sempre na sepultura, porque a única realidade é o amor, e o amor, eliminando todas as fronteiras, nos ligou para sempre ao torrão brasileiro. Não tenho o direito de criticar a República, mesmo porque todos os fenômenos políticos e sociais do nosso país tiveram os seus pródromos no mundo espiritual, considerando-se a missão do Brasil dentro do Evangelho. 12 Apenas quero dizer que não só os republicanos, mas também nós, os da monarquia, estávamos redondamente enganados. O erro da nossa visão, quando na Terra, foi supor no Brasil o mesmo espírito anglo-saxônio que a Inglaterra legara aos norte-americanos. Eu também fui apaixonado pelo liberalismo, mas a verdade é que, em nossa terra, prevaleciam outros fatores mesológicos e, até agora, não temos sabido conciliar os interesses da nação com esses imperativos.
13 A ausência de tradição nos elementos de nossa origem, como povo, estabeleceu uma descentralização de interesses, prejudicial ao bem coletivo do pais. Para a formação nacional, não vieram da metrópole os espíritos mais cultos. Pesando, de um lado, os africanos, revoltados com o cativeiro, e, de outro, os índios, revoltados com a invasão do estrangeiro na terra que era propriedade deles, a balança da evolução geral ficou seriamente comprometida. Sentimentos excessivos de liberdade não nos permitiram um refinamento de educação política. Todos querem mandar e ninguém se sente na obrigação de obedecer. 14 Quando no Império, possuíamos a autoridade centralizadora da Coroa, prevalecendo sobre as ambições dos grupos partidários que povoavam os nossos oito milhões e meio de quilômetros quadrados; mas, quando os republicanos sentiram de perto o peso das responsabilidades que tomaram à sua conta, os espíritos mais educados reconheceram o desacerto das nossas concepções administrativas. 15 Enquanto as nações da Europa e os Estados Unidos podiam empregar livremente em nosso país os seus capitais, a título de empréstimos vultosos que desbaratavam compulsoriamente a nossa economia, o Brasil podia descansar na monocultura, fazer a política dos partidos e adiar a solução dos seus problemas para o dia seguinte, dentro de um regime para o qual não se achava preparado em 1889. 16 Mas, quando se manifestou a crise mundial de 1929, todas as instituições políticas sofreram as mais amplas renovações, dentro dos movimentos revolucionários de 1930. Os capitais estrangeiros não puderam mais canalizar suas disponibilidades para a nossa terra, controlados pelos governos autárquicos dos tempos que correm, e o Brasil acordou para a sua própria realidade. Aliás, nós, os desencarnados há muito tempo procuramos auxiliar os vivos na sua tarefa.
17 — Quer dizer que também tendes inspirado os labores dos estadistas brasileiros?
— Sim, de modo indireto, pois não podemos interferir na liberdade deles. Há alguns anos, procurei auxiliar Alberto Torres nas suas elucubrações de ordem social e política. Em geral, nós, os desencarnados, buscamos influenciar, de preferência, os organismos mais sensíveis à nossa ação e Torres era o instrumento de nossas verdades para a administração. A realidade, porém, é que ele falou como Jeremias [Oh! Jerusalém!…]. Somente a gravidade da situação conseguiu despertar o espírito nacional para novas realizações.
18 — Majestade, as vossas palavras me dão a entender que aprovais o novo estado de coisas do Brasil. Aplaudistes, então, a queda da denominada república velha, sob as vibrações revolucionárias de 1930?
— Com as minhas palavras — disse ele bondosamente — não desejo exaltar a vaidade de quem quer que seja, nem deprimir o esforço de ninguém. Não posso aplaudir nenhum movimento de destruição, pois entendo que, sobre a revolução, deve pairar o sentimento nobre da evolução geral de todos, dentro da maior concórdia espiritual. 19 Considere que, examinando a minha consciência, não me lembro de haver fortalecido nenhum sentimento de rebeldia nos meus tempos de governo; entretanto, muito sofri, verificando que eu poderia ter suavizado a luta entre os nossos estadistas e os políticos da América espanhola. 20 Outra forma de ação  n  poderíamos ter empregado no caso de Rosas e de Oribe e mesmo em face do próprio Solano López, cuja inconsciência nos negócios do povo ficou evidentemente patenteada. E note-se que o problema se constituía de graves questões internacionais. O nosso mal foi sempre o desconhecimento da realidade brasileira. Os nossos períodos históricos têm sofrido largamente os reflexos da vida e da cultura europeias. 21 Nos tempos do Império, procurei saturar-me dos princípios democráticos da política francesa, tentando aplicá-los, amplamente, ao nosso meio, longe das nossas realidades práticas. Os republicanos, como Benjamim Constant, Deodoro, etc., deram-se a estudar a “República Americana”, de Bryce, distantes dos nossos problemas essenciais. 22 Quando regressei das lutas terrestres, procurei imediatamente colaborar na consolidação do novo regime, a fim de que a divisão e os desvarios de muitos dos seus adeptos não terminassem no puro e simples desmembramento do País. Graças a Deus, conseguimos conduzir Prudente de Morais ao poder constitucional, para acabarmos reconhecendo agora as nossas realidades; mais fortes. 23 Devo, todavia, fazer-lhe sentir que não me reconheço com o direito de opinar sobre os trabalhos dos homens públicos do País. Cabe-me, sim, rogar a Deus que os inspire, no cumprimento de seus austeros deveres, diante da pátria e do mundo. O grande caminho da atualidade é a organização da nossa Economia, em matéria de política, e o desenvolvimento da Educação, no que concerne ao avanço sociológico dos tempos que passam. Os demais elementos de nossas expressões evolutivas dependem de outros fatores de ordem espiritual, longe de todas as expressões transitórias da política dos homens.
24 A essa altura, notei que a minha curiosidade jornalística começava a magoar a venerável entidade e mudei repentinamente de assunto.
— Majestade, que dizeis da grande figura hoje lembrada?
— O vulto de José Bonifácio foi sempre objeto de meu respeito e de minha amizade. E olhe que foi ele o mais sensato organizador da nacionalidade brasileira, cujo progresso acompanha, carinhosamente, com a sua lealdade sincera. Hoje, que se comemora o centenário de sua desencarnação, devemos relembrar o seu regresso de novo ao Brasil, em meados do século passado, tendo sido uma das mais elevadas expressões de cultura, na Constituinte de 1891.
25 Dispunha-me a obter novos esclarecimentos; mas o Imperador, acompanhado de amigos, retirava-se quase que abruptamente da nossa companhia, correspondendo fraternalmente a outros apelos sentimentais.
Palavras amigas de adeus e votos de ventura no Plano Imortal, e eu e o meu amigo José Porfírio lá ficávamos com a suave impressão da sua palavra sábia e benevolente.
26 Daí a momentos, o meu companheiro quebrava o silêncio de minha meditação:
— Humberto, os monarquistas tinham razão!… Este velho é um poço de verdade e de experiência da vida! Você deve registar esta entrevista, oferecendo aos vivos estas palavras quentes de conhecimento e de sabedoria!
27 E aqui estou escrevendo para os meus ex-companheiros pelo estômago e pelo sofrimento.
Acreditarão no humilde cronista desencarnado?
Não guardo dúvidas nesse sentido. Penso que obteria mais amplos resultados, se fosse ao Cemitério do Caju e gritasse a palavra do Imperador para dentro de cada túmulo.

.Humberto de Campos
(.Irmão X)


[1] Afonso Celso de Assis Figueiredo — Visconde de Ouro Preto. Foi presidente do último gabinete ministerial que teve a monarquia.

[2] Luís Filipe Gastão de Orleãns, Conde d’Eu. Foi genro de D Pedro II por ter casado com a princesa Isabel.

[3] Outra forma de ação… — Alusão às lutas e à guerra em que se envolveu o Brasil com as Repúblicas do Uruguai, da Argentina e do Paraguai.
 
Citação parcial para estudo, de acordo com o artigo 46, item III, da Lei de Direitos Autorais.

Fonte:http://bibliadocaminho.com/ocaminho/TXavieriano/Livros/Nms/Nms02.htm

sábado, 23 de abril de 2016

Pátria do Evangelho: "Consideremos o valor espiritual do nosso grande destino! Engrandeçamos a pátria no cumprimento do dever pela ordem, e traduzamos a nossa dedicação mediante o trabalho honesto pela sua grandeza! Consideremos, acima de tudo, que todas as suas realizações hão de merecer a luminosa sanção de Jesus, antes de se fixarem nos bastidores do poder transitório precário dos homens! Nos dias de provação, como nas horas de venturas, estejamos irmanados numa doce aliança de fraternidade e paz indestrutível, dentro da qual deveremos esperar as claridades do futuro. ..."

Jesus transplantou da Palestina para a região do Cruzeiro a árvore magnânima do seu Evangelho, a fim de que os seus rebentos delicados florescessem de novo, frutificando em obras de amor para todas as criaturas. Ao cepticismo da época soará estranhamente uma afirmativa desta natureza. O Evangelho? Não seria mera ficção de pensadores do Cristianismo o repositório de suas lições? Não foi apenas um cântico de esperança do povo hebreu, que a Igreja Católica adaptou para garantir a coroa na cabeça dos príncipes terrestres? Não será uma palavra vazia, sem significação objetiva na atualidade do globo, quando todos os valores espirituais parecem descer ao “sepulcro caiado” da transição e da decadência? Mas, a realidade é que, não obstante todas as surpresas das ideologias modernas, a lição do Cristo aí está no planeta, aguardando a compreensão geral do seu sentido profundo. Sobre ela, levantaram-se filosofias complicadas e as mais extravagantes teorias salvacionistas. Em seu favor, muitos milhares de livros foram editados e algumas guerras ensangüentaram o roteiro dos povos. Entretanto, a sublime exemplificação do Divino Mestre, na usa expressão pura e simples, só pede a humildade e o amor da criatura, para ser devidamente compreendida. Do seu entendimento decorre aquele “Reino de Deus” em cada coração, de que falava o Senhor nas suas meigas pregações do Tiberíades _ reino de amor fraternal, cuja luz é o único elemento capaz de salvar o mundo, que se encaminha para os desfiladeiros da destruição.
E os verdadeiros aprendizes, os crentes sinceros no poder e na misericórdia do Senhor, esperam, com os seus labores obscuros, o advento da cristianização da humanidade, quando os homens, livres de todos os símbolos sectários de separatividade, puderem entender, integralmente, as maravilhas ocultas da obra cristã. Nas suas dolorosas provações dos tempos modernos, quando quase todos os valores morais sofrem o insulto da mais ampla subversão, esses espíritos heróicos e humildes sabem, na sua esperança e na sua crença, que, se Deus permite a prática de tantos absurdos, por parte dos poderosos da Terra, que se embriagam com o vinho da autoridade e da ambição, é que todas essas lutas nada mais representam do que experiências penosas, por abreviar a compreensão geral das leis divinas no porvir. E, serenos na sua resignação e na sua sinceridade, conhecem, ainda, que as lições do Evangelho não são símbolos mortos e aguardam, cheios de confiança no mundo espiritual, a alvorada luminosa do renascimento humano.
Nessa abençoada tarefa de espiritualização, o Brasil caminha na vanguarda. O material a empregar nesse serviço não vem das fontes de produção originariamente terrena e sim do plano invisível, onde se elaboram todos os ascendentes construtores da Pátria do Evangelho.
Estas páginas modestas constituem, pois, uma contribuição humilde à elucidação da história da civilização brasileira em sua marcha através dos tempos. Têm por único objetivo provar a excelência da missão evangélica do Brasil no concerto dos povos e que, acima de tudo, todas as suas realizações e todos os seus feitos, forros dos miseráveis troféus das glórias sanguinolentas, tiveram suas origens profundas no plano espiritual, de onde Jesus, pelas mãos carinhosas de Ismael, acompanha desveladamente a evolução da pátria extraordinária, em cujos, céus fulguram as estrelas da cruz. São elas, ainda, um grito de fé e de esperança aos que estacionam no meio do caminho. Ditadas pela voz de que já atravessou as estradas poeirentas e tristes da Morte, dirigem-se aos meus companheiros e irmãos da mesma comunidade e da mesma família, exclamando:
_ Brasileiros, ensarilhemos, para sempre, as armas homicidas das revoluções!... Consideremos o valor  espiritual do nosso grande destino! Engrandeçamos a pátria no cumprimento do dever pela ordem, e traduzamos a nossa dedicação mediante o trabalho honesto pela sua grandeza! Consideremos, acima de  tudo, que todas as suas realizações hão de merecer a luminosa sanção de Jesus, antes de se fixarem nos bastidores do  poder transitório precário dos homens! Nos dias de provação, como nas horas de venturas, estejamos irmanados numa doce aliança de fraternidade e paz indestrutível, dentro da qual deveremos esperar as claridades do futuro. Não nos compete estacionar, em nenhuma circunstância, e sem marchar, sempre, com a evolução e com a fé realizadora, ao encontro do Brasil, na sua admirável espiritualidade e na sua grandeza imperecível!

____
(*) Espírito.
LIVRO: “BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO”
ESPÍRITO: Humberto de Campo

domingo, 10 de janeiro de 2016

Seara do Ódio .(Um caso de Irmãos Siameses)

 "- Não! não te quero em meus braços!(...)- Mãe, deixa-me viver!.(...)A sementeira de crueldade atraíra a seara de ódio. E a seara de ódio lhes impunha nefasto desequilíbrio(...)despertaram de novo na Terra, traziam o estigma do clamoroso débito em que se haviam reunido, reaparecendo, entre os homens, como duas almas apaixonadas pela carne, disputando o mesmo vaso físico, no triste fenômeno de um corpo único, sustentando duas cabeças.""
- Não! não te quero em meus braços! - dizia a jovem mãe, a quem a Lei do Senhor conferira a doce missão da maternidade, para o filho que lhe desabrochava do seio - não me furtarás a beleza! Significas trabalho, renunciação, sofrimento...

- Mãe, deixa-me viver!... - suplicava-lhe a criancinha no santuário da consciência - estamos juntos! Dá-me a bênção do corpo! Devo lutar e regenerar-me. Sorverei contigo a taça de suor e lágrimas, procurando redimir-me... Completar-nos-emos. Dá-me arrimo, dar-te-ei alegria. Serei o rebento de teu amor, tanto quanto serás para mim a árvore de luz, em cujos ramos tecerei o meu ninho de paz e de esperança ...

- Não, não...

- Não me abandones!

- Expulsar-te-ei.

- Piedade, mãe! Não vês que procedemos de longe, alma com alma, coração a coração?

- Que importa o passado? Vejo em ti tão-somente o intruso, cuja presença não pedi.

- Esqueces-te, mãe, de que Deus nos reúne? Não me cerres a porta!...

- Sou mulher e sou livre. Sufocar-te-ei antes do berço...

- Compadece-te de mim!...

- Não posso. Sou mocidade e prazer, és perturbação e obstáculo.

- Ajuda-me!

- Auxiliar-te seria cortar em minha própria carne. Disputo a minha felicidade e a minha leveza feminil...

-Mãe, ampara-me! Procuro o serviço de minha restauração...

Dia a dia, renovava-se o diálogo sem palavras, até que, quando a criança tentava vir à luz, disse-lhe a mãezinha cega e infortunada, constrangendo-a a beber o fel da frustração:

- Toma à sombra de onde vens! Morre! Morre!

- Mãe, mãe! Não me mates! Protege-me! Deixa-me viver...

- Nunca!

- Socorre-me!

- Não posso.

Duramente repelido, caiu o pobre filho nas trevas da revolta e, no anseio desesperado de preservar o corpo tenro, agarrou-se ao coração dela, que destrambelhou, à maneira de um relógio desconsertado...

Ambos, então, ao invés de continuarem na graça da vida, precipitaram-se no despenhadeiro da morte.

Desprovidos do invólucro carnal, proojetaram-se no Espaço, gritando acusações recíprocas.

Achavam-se, porém, imanados um ao outro, pelas cadeias magnéticas de pesados compromissos, arrastando-se por muito tempo, detestando-se e recriminando-se mutuamente...

A sementeira de crueldade atraíra a seara de ódio. E a seara de ódio lhes impunha nefasto desequilíbrio.

Anos e anos desdobraram-se, sombrios e inquietantes, para os dois, até que, um dia, caridoso Espírito de mulher recordou-se deles em preces de carinho e piedade, como a ofertar-lhes o próprio seio. Ambos responderam, famintos de consolo e renovação, aceitando o generoso abrigo ...

Envolvidos pela carícia maternal, repousaram enfim.

Brando sono pacificou-lhes a mente dolorida.

Todavia, quando despertaram de novo na Terra, traziam o estigma do clamoroso débito em que se haviam reunido, reaparecendo, entre os homens, como duas almas apaixonadas pela carne, disputando o mesmo vaso físico, no triste fenômeno de um corpo único, sustentando duas cabeças.
XAVIER, Francisco Cândido. Contos e Apólogos. Pelo Espírito Irmão X. FEB.

sábado, 23 de maio de 2015

AVERSÕES


 Emmanuel

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena.
Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.
Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos, antes, durante e depois de suas encarnações.
Do item 8, do Cap.
XIV, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Somos defrontados, em todos os departamentos da família humana, pelas ocorrências da aversão inata.
Pais e filhos, irmãos e parentes outros, não raro, se repelem, desde os primeiros contactos.
Claramente verificáveis os fenômenos da hostilidade, entre adultos e crianças, trazidos pelo imperativo do berço à intimidade do dia-a-dia.
Pais existem nutrindo antipatia pelos próprios rebentos, desde que esses rebentos lhes surgem no lar, e existem filhos que se inimizam com os próprios pais, tão logo senhoreiam o campo mental, nos labores da encarnação.
Arraigado no labirinto de existências menos felizes, decerto que o problema das reações negativas, culpas, remorsos, inibições, vinganças e tantos outros está presente no quadro familiar, em que o ódio acumulado em estâncias do pretérito se exterioriza, por meio de manifestações catalogáveis na patologia da mente.
Nessa base de raciocínio, determinada criança terá sofrido essa ou aquela humilhação da parte dos pais ou tutores e se desenvolveu abafando propósitos de desforço, com o que intoxicou a si mesma, no curso do tempo, e certos pais haverão sentido inesperada animosidade por esse ou aquele filho recém-nato, alimentando ciúme contra ele, embora sufocando tal sentimento, com benéficas atitudes de convenção.
Não muito raro, os cadastros policiais registam infanticídios em que pais ou mães aniquilam o corpo daqueles mesmos Espíritos aos quais favoreceram com a encarnação na Terra.
Indubitavelmente, o tratamento psicológico, visando à cura mental e à sublimação da personalidade, é o caminho ideal para semelhantes pacientes; urge entender, porém, que médicos e analistas humanitários conseguirão efetuar prodígios de compreensão e de amor, liberando enfermos dessa espécie; no entanto, o estudo da reencarnação é igualmente chamado a funcionar, nos alicerces da obra de salvamento.
Quantos milhares de existências terminam anualmente, no mundo, pelos golpes da criminalidade? Claro está que as vítimas não foram arrebatadas para céus ou infernos teológicos.
Se compenetradas, quanto às leis de amor e perdão que dissipam as algemas do ódio, promovem-se a trabalho digno na Espiritualidade, às vezes até mesmo em auxílio aos próprios algozes.
Na maioria das circunstâncias, todavia, persistem no caminho daqueles que lhes dilapidaram a vida profunda, transformando-se em perseguidores magoados ou vingativos, jungidos mentalmente aos antigos ofensores, e finalmente reconduzidos, pelos princípios cármicos, ao renascimento junto deles, a fim de sanarem, no clima da convivência, os complexos de crueldade que ainda se lhes destilem do ser.
Quando isso aconteça, o apostolado de reajuste há-de iniciar-se nos pais, porquanto, despertos para a lógica e para o entendimento, são convocados pela sabedoria da vida ao apaziguamento e à renovação.
Observemos, no entanto, que em semelhantes domínios da alma o apoio da fé religiosa se erguerá em socorro e terapêutica.
É indispensável amar e desculpar, compreender e servir, tantas vezes quantas se façam necessárias, de modo a que sofrimento e dissensão desapareçam e a fim de que, nas bases da compreensão e da bondade de hoje, as crianças de hoje se levantem na condição de Espíritos reajustados, perante as Leis do Universo, garantindo aos adultos, nas trilhas das reencarnações porvindouras, a redenção de seus próprios destinos.
Psicografia : Francisco Cândido Xavier Livro : Vida e Sexo