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quinta-feira, 26 de maio de 2016

Pais e Evangelização

Pais e Evangelização

Que orientações os Amigos Espirituais dariam aos pais espíritas em relação ao encaminhamento dos filhos à Escola de Evangelização dos Centros Espíritas?
R: Conquanto seja o lar a escola por excelência onde a criatura deva receber os mais amplos favores da educação, burilando-lhe o sentimento e o caráter, não desconhecemos a imperiosidade de os pais buscarem noutras instituições sociais o justo apoio à educação da prole; e, assim, deverão encaminhar os filhos, no período oportuno, para a escola do saber, viabilizando-lhes a instrução. Entretanto, jamais deverão descuidar-se de aproximá-los dos serviços de evangelização em cujas abençoadas atividades se propiciará a formação espiritual da criança e do jovem diante do porvir.
Há pais espíritas que, erroneamente, têm deixado, em nome da liberdade e do livre-arbítrio, que os filhos avancem na idade cronológica para então escolherem este ou aquele caminho religioso que lhes complementem a conquista educativa no mundo. Tal medida tem gerado sofrimento e desespero, luto e mágoa, inconformação e dor. Porque, uma vez perdido o ensejo educativo na idade propícia à sementeira evangélica, os corações se mostram endurecidos, qual terra ressequida, árida, rebelde ao bom plantio, desperdiçando-se valioso período de ajuda e orientação. É então que somente a dor, a duros golpes provacionais, pode despertar para refazer e construir.
Bezerra de Menezes (1982)
Livro: Sublime Sementeira, org. Miriam Masotti Dusi, Feb, 2012.
Fonte: http://www.dij.febnet.org.br/familia/familia-e-evangelizacao/pais-e-evangelizacao/

segunda-feira, 31 de março de 2014

Não desanimar

Não desanimar

Cabe-nos não desanimar; prosseguir com o espírito voltado para o bem, de tal forma, que as paixões primitivas cedam lugar às peregrinas virtudes descendentes do amor.
Desesperada, a criatura humana suplica misericórdia, e os céus generosos fazem chover sobre a terra as messes de misericórdia e de encorajamento para a vida.
Não vos deixeis contaminar pelos desequilíbrios que grassam, pelo vírus do horror, que leva a vida aos patamares mais sofridos. Erguei-vos em pensamentos e em ação Àquele que nos prometeu estar conosco em qualquer circunstância para que pudéssemos ter vida e vida em abundância.
Filhos da alma, vossos guias espirituais adejam ao vosso lado como aves sublimes de ternura, aguardando a oportunidade de manter convosco intercâmbio iluminativo.
Não vos permitais o luxo da negativa às suas inspirações gloriosas. Não recalcitreis ante o espinho cravado nas carnes da alma de que necessitais momentaneamente.
Desde quando conhecestes Jesus, tendes o descer de demonstrar-lhe fidelidade e amor, basta-vos abrir os sentimentos de fraternidade e de misericórdia para com todos aqueles que sofrem, perdoando-vos os equívocos e perdoando as agressões que vos chegam ameaçadoras.
Ninguém a sós, em nome desses espíritas, que comparecem a este evento há cinquenta e nove anos sucessivamente.
Nós vos conclamamos à diretriz de segurança para uma existência de paz. Amar! Sede vós aqueles que amam. Rejeitados, menosprezados e até perseguidos, aureolai-vos no amor para que se exteriorizem os sentimentos sublimes do Cordeiro de Deus e em breve possamos ver bebendo no mesmo córrego, o lobo e o cordeiro, os bons e os ainda maus, fascinados pela água pura do Evangelho libertador.
Ide em paz, meus filhos, retornai aos vossos lares e buscai a luz da verdade que dissipa a ignorância e que anula a treva.
Jesus conta convosco na razão direta em que com Ele contamos. Abençoe-nos o incomparável amigo Jesus e dê-nos a sua bênção de paz.
Com muito carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre,
 
Bezerra.
Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, na conferência de
encerramento da 59ª Semana Espírita de Vitória da Conquista, em 9.9.2012.
Em 24.1.2014.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Não desanimar

Não desanimar

Cabe-nos não desanimar; prosseguir com o espírito voltado para o bem, de tal forma, que as paixões primitivas cedam lugar às peregrinas virtudes descendentes do amor.
Desesperada, a criatura humana suplica misericórdia, e os céus generosos fazem chover sobre a terra as messes de misericórdia e de encorajamento para a vida.
Não vos deixeis contaminar pelos desequilíbrios que grassam, pelo vírus do horror, que leva a vida aos patamares mais sofridos. Erguei-vos em pensamentos e em ação Àquele que nos prometeu estar conosco em qualquer circunstância para que pudéssemos ter vida e vida em abundância.
Filhos da alma, vossos guias espirituais adejam ao vosso lado como aves sublimes de ternura, aguardando a oportunidade de manter convosco intercâmbio iluminativo.
Não vos permitais o luxo da negativa às suas inspirações gloriosas. Não recalcitreis ante o espinho cravado nas carnes da alma de que necessitais momentaneamente.
Desde quando conhecestes Jesus, tendes o descer de demonstrar-lhe fidelidade e amor, basta-vos abrir os sentimentos de fraternidade e de misericórdia para com todos aqueles que sofrem, perdoando-vos os equívocos e perdoando as agressões que vos chegam ameaçadoras.
Ninguém a sós, em nome desses espíritas, que comparecem a este evento há cinquenta e nove anos sucessivamente.
Nós vos conclamamos à diretriz de segurança para uma existência de paz. Amar! Sede vós aqueles que amam. Rejeitados, menosprezados e até perseguidos, aureolai-vos no amor para que se exteriorizem os sentimentos sublimes do Cordeiro de Deus e em breve possamos ver bebendo no mesmo córrego, o lobo e o cordeiro, os bons e os ainda maus, fascinados pela água pura do Evangelho libertador.
Ide em paz, meus filhos, retornai aos vossos lares e buscai a luz da verdade que dissipa a ignorância e que anula a treva.
Jesus conta convosco na razão direta em que com Ele contamos. Abençoe-nos o incomparável amigo Jesus e dê-nos a sua bênção de paz.
Com muito carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre,
 
Bezerra.
Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, na conferência de
encerramento da 59ª Semana Espírita de Vitória da Conquista, em 9.9.2012.
Em 24.1.2014.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Reminiscência ( Grupo Ismael-1a Mensagem de Bezerra de Menezes)

REMINISCÊNCIA

Medeiros e Albuquerque
 
O Brasil republicano vagia entre as faixa do berço, quando conhecí Manuel Ramos, nome pelo qual designarei um amigo obscuro, que abracei pela primeira vez no curso de breve contenda com portugueses ilustres, a propósito de Floriano.
Comentávamos desfavoravelmente as atitudes cordiais do embaixador Camelo Lampreia, que primava pelo bom-senso, na conciliação dos elementos axaltados, ante os atos do Consolidador, quando um amigo brasileiro, justamente indignado, se prepara a revide de enormes proporções, de mundos cerrados e carantonha sombria. Assustado, procurava eu apartar os contendores, quando surge o Manuel, com a carcaça de um touro e com a alma de anjo, evitando o pugilato.
Conteve os antagonistas, qual se fora uma gladiador romano, habituado ao manejo de feras, e eu, tomado de simpatia, ofereci-lhe a mão, em sinal de reconhecimento, quando os ânimos irritados possibilitaram a conversa pacífica.
No amplexo amistoso, porém, observei que Manuel não era servidor comum, que se contentasse com a gorjeta ou com o elogio fácil.
Surpreendeu-me com o seu olhar indagador, a fixar-me insistentemente.
E quando preparei, intencional, as frases da despedida, o musculoso interventor da rixa inesperada me falou, sem preâmbulos:
Doutor Medeiros, poderá conceder-me uma palavrinha?
Quem não anuíra em ocasião como aquela?
O rapaz, contudo, foi breve. Biografou-se com simplicidade, atrvés de informes curtos e francos.
Era empregado na cozinha de portugueses acolhedores, que o faziam encarregado da bacalhoada acessível à numerosa freguesia, em atividade regular no porto. Fluminense de origem, buscava o Rio com o sonho maravilhoso de todos os moços pobres do interior, que imaginam na metrópole o Eldorado das miragens de Orellana. Não conseguira, entretanto, senão a colocação humilde, em casa de pasto, embora vivesse de livro às mãos.
Estudadva, estudava, mas... – salientava, desalentado – a sorte lhe fora incrivelmente adversa.
Onerado de compromissos, na órbita da família, vira o pai morrer, quase sem recursos, minado pela peste branca, e presenciara a loucura de sua mãe, desvairada de dor sobre o cadáver do companheiro e mais tarde internada, com ficha de indigente, em hospício da Capital.
Sobravam-lhe, ainda, quatro irmãs para cuidar.
Ganhava pouco e mal conseguia atender ao constante dreno doméstico. Agrupou em palavras rápidas e respeitosas diversas questões pequeninas que lhe apoquentavam a mente, detendo-se, porém, no caso materno, com minudências curiosas a lhe revelarem a grandeza do sentimento afetivo; e, por fim, imprimindo significativa reverência ao timbre de voz, pediu-me conselho, asseverando-se informado quanto aos meus estudos de magnetismo.
Não poderia, de minha parte, prestar-lhe socorro?
Reparando, talvez, a ponta de sarcasmo que me assomou ao sorriso de gozador impenitente, consertou o passo, acentuando que, se me não fosse possível a visita direta ao internato, a fim de aliviar-lhe a genitora doente, esperava que eu lhe desse, pelo menos, algumas noções alusivas ao assunto.
Ante a sinceridade cristalina e a beleza do devotamento filial que ele aparentava, por pouco lhe não pedi desculpas pela ironia silenciosa de momentos antes, e assenti.
Realmente, expliquei, não me confiava a experiências do teor daquela que me solicitava, mas dispunha de literatura valiosa e aproveitável.
Ceder-lhe-ia com prazer o material que desejasse.
Combinamos o encontro para o dia seguinte.
Apareceu Manuel, pontualmente, à entrevista, ouvindo-me, atencioso, como se ele estivesse à escuta de informações relativas a tesouros ocultos.
Acreditando falar muito mais comigo mesmo. Recordei, para começar, a fugura de Mesmer.
Manuel, contudo, não se mostrou leigo no assunto, Frederico Mesmer era para ele velho conhecido. Reportou-se, de modo simples, às leituras em francês a que se consagrava cada noite, em companhia de anônimo poliglota do subúrbio, e referiu-se à clínica do grande magnetizador na Place Vendôme, qual se houvera morado em Paris ao tempo de Luís XVI. Sabia quantos reveses o valoroso professor havia sofrido para provar as novidades científicas de que se sentia portador. O rapaz chegava a conhecer o texto do voto vencido, com o qual De Jussieu, o fundador da botânica moderna, se revelava o único amigo da verdade, na comissão indicada pela Sociedade Real de Medicina, a fim de apurar a realidade dos fenômentos magnéticos.
Agradavelmente surpreendido, senti-me à vontade no comentário aberto.
Recordei De Puységur, anotando-lhe os experimentos preciosos, quando, modiscado de curiosidade, passeava no salão a gritar, inquieto, para os ouvidos de seus pacientes: - “Dorme! Dome!”
E, num desfile de impressões do brasileiro que vive de frente para a Europa, falei-lhe de Braid, de Liébeault, Bernheim e Charcot, especificando as características das escolas de Nancy e de Paris.
Alinhei minhas próprias observações, e Manuel, então silencioso, me assinalava as palavras como se fora deslumbrado e ditoso devoto à frente de um semideus.
Recolheu, contente, a copiosa literatura em português e francês que lhe pus nas mãos ávidas e partiu.
De quando em quando me procurava, gentil, em visitas apressadas, a que, por minha vez, não prestava maior atenção.
A vida abriu-me caminho, por outros rumos, no seio do matagal, ao invés de seguir no curso de águas pacíficas, e, à maneira do seixo que rola para  o mar, impulsionado pelos detritos que descem da serra, a golpes irresistíveis da enxurrada grossa, ao invés de seguir no curso de águas, pacíficas, avancei no tempo, através de peripécias mil, na política e na imprensa, incapaz de erguer-me à esfera transcendente das cogitações religiosas.
Quando, em 1916, voltei da Europa com largo programa de serviço pró-adesão do Brasil aos Aliados, na culminância da batalha jornalística, eis que me aparece o Manuel, em pleno escritório, num singular extravasamento de alegria.
Forçava portas e afrontara auxiliares neurastênicos para ver-me e apertar-me nos braços.
Doutor Medeiros! Doutor Medeiros! Enfim! ... – clamava, ofegante – há quanto tempo, meu Deus! Há quanto tempo!...
Respondi-lhe ao abraço, com um sorriso forçado, porque nesse mesmo instante deveria avistar-me com Lauro Müller, a respeito de solenes decisões na campanha popular desencadeada.
Desejei provocar a retirada do importuno, que deixava transparecer nas bochechas de quarentão maduro aquela mesma alegria robusta do tempo de Floriano.
A conversação dele fazia-se absolutamente imprópria, a meu ver, em semelhante ocasião; entretanto, Manuel não me ofereceu qualquer oportunidade de censura cordial ao seu procedimento.
Eufórico, palavroso, desaparafusou a língua e narrou êxitos sobre êxitos.
O magnetismo desvendara-lhe estradas novas. Conseguira milagres. Mantinha correspondência ativa com estudiosos ilustres da França. Apresentava, garboso, conclusões próprias acerca do desdobramento da personalidade. Enfileirava apontamentos especiais sobre o sistema nervoso. Engalanava-se com dezenas de casos raríssimos de cura, inclusive o da própria genitora que se reequilibrara e ainda vivia.
E acrescentava informes, referentes ao jardim doméstico, sem me oferecer um minuto para qualquer consideração.
Casara-se. Possuía três filhos que pretendia apresentar-me. A esposa e ele acompanhavam, carinhosamente, as minhas páginas em “A Noite”. Convidava-me a visitar-lhe a família, quando chega o recinto a ex-ministro, fitando-me com assombro, como se me surpreendesse na companhia de um louco.
O antigo quituteiro do restaurante português não se deu por achado ouvindo declinar o nome do respeitável político. Iluminaram-se-me os olhos, cobrou ânimo novo e, sem mais nem menos, recomendou-nos freqüência assidua às sessões espirituais a que se dedicava nas noites de terças e sextas-feiras, junto de amigos e estudantes do Evangelho, encarecendo a necessidade de homens espiritualizados na administração do País. Reportou-se a Bittencourt Sampaio com frases quentes de aplauso. Sacou do bolso, que denotava prolongada ausência da lavanderia, seboso maço de papéis e leu, em voz estentórica, a prmeira mensagem de Bezerra de Menezes, no “Grupo Ismael”, através do médium Frederico Júnior, e, longe de parar, abriu diante de nós maltratado volume do Novo Testamento, combinando a leitura de alguns textos com as páginas de Allan Kardec, ao mesmo tempo que indagava de minhas impressões acerca da Casa dos Espíritos, em Paris.
Mastiguei uma resposta qualquer, e Manuel, absolutamente incapaz de entender a minha inadaptação às verdades de que se fizera pregoeiro, continuou exaltando os imperativos de renúncia e de sacrifício para nós ambos, como se fora trovejante doutrinador em praça pública.
E quando se inclinava no comentário de reencarnações passadas, afirmando ter vivido ao tempo de Gengis Khãn, mal sopitando a vergonha que aquela intimidade me provocava, recomendei-lhe silêncio em tom autoritário e descortês.
O pobre amigo empalideceu e, enquanto o ex-ministro de Venceslau Brás erguia para mim o olhar perscrutador, informei, implacável, indicando Manuel estarrecido:
Lauro, tenho aqui um ex-empregado requerendo nossos préstimos. Não é má pessoa, mas enlouqueceu de repente. Guarda a mania do espiritismo e eu desejava seus bons ofícios para que o infeliz obtivesse tratamento acessível na Praia Vermelha. Creio que não precisará do internato em regra, mas não pode prescindir de algum contacto com o hospício.
O grande político levou o caso a sério e respondeu sem hesitar:
Esteja descansado. Farei por ele quanto possa.
Nunca me esquecerei do olhar humilde que Manuel me dirigiu sem a menor reação, com duas grossas lágrimas, ao despedir-se cabisbaixo, sem mais uma palavra.
Depois, a vida continuou rolando, arrastando-me em seu torvelinho trepidante, mas o meu antigo aprendiz de magnetismo não mais me apareceu no caminho.
Política, jornalismo, aventuras...
Eis o sono, era a morte? Que sabia eu?
Compreendia apenas que não era mais possível brincar com a inteligência.
Indefinível pavor do desconhecido me assaltava o coração, afogado em lágrimas que eu não conseguia derramar.
Densa noite envolvera-me de súbito, e eu gritei com toda a força dos pulmões cansados, clamando por enfermagem e socorro, que se me afiguravam distanciados para sempre.
Em que tenebroso lugar minha voz vibraria agora, sem eco? que ouvidos me captariam as lamentações? Por quanto tempo supliquei apoio naquela posição de insegurança?
É inútil formular indagações a que não podemos responder.
Um instante surgiu, contudo, em que percebi junto de mim prateada luz.
Alguém se aproximava, dando-me a idéia de piedoso visitador, remanescente talvez de São Bernardo, o salvador de viajantes perdidos nas trevas.
Diante do meu deslumbramento, a claridade cresceu, cresceu, e uma voz, que jamais olvidei, saudou alegremente:
Doutor Medeiros! Doutor Medeiros!...
E o Manuel surgiu fulgurante de rara beleza, ante meus olhos assombrados, estendendo-me os braços fraternos.
Quietou-se-me, então, o raciocínio humano, apagaram-se-me os pruridos da inteligência.
Manuel, aureolado de sublimada luz, era para mim agora um verdadeiro redentor. Confiei-me ao seu carinho, copiando a rendição da criança assustada, que se refugia no seio materno, e uma vida nova começou para mim, somente imaginável por aqueles que sabem sobrepairar ao turbilhão de mentiras humanas, para escutarem, de alguma sorte, a mnsagem renovadora dos companheiros que atravessaram a cinzenta e gelada fronteira do túmulo.

Livro: Falando à Terra -  Chico Xavier

quarta-feira, 27 de março de 2013

União e Unificação

União e Unificação

Filhas e filhos da alma, que Jesus nos abençoe!

A união dos espíritas é ação que não pode ser postergada e a unificação é o laço de segurança dessa união.
A união vitaliza os ideais dos trabalhadores, mas a unificação conduz com equilíbrio pelas trilhas do serviço.
A união demonstra a excelência da qualidade da Doutrina Espírita nos corações, mas a unificação preserva essa qualidade, para que passe à posteridade conforme recebemos do ínclito Codificador.
Em união somos felizes. Em unificação estamos garantindo a preservação do Movimento Espírita aos desafios do futuro.
Em união teremos resistência para enfrentar o mal que existe em nós e aquele que cerca o nosso caminho, tentando impossibilitar-nos o avanço. Em unificação estaremos consolidando as atividades que o futuro coroará de bênçãos.
Em união marcharemos ajudando-nos reciprocamente. Em unificação estaremos ampliando os horizontes da divulgação doutrinária em bases corretas e equilibradas.
Com união demonstraremos a nós mesmos que é possível amar sem exigir nada. Com unificação colocaremos as ideias pessoais em planos secundários, objetivando a coletividade.
Com união construiremos o bem, o belo e o nobre. Com Unificação traremos de volta o pensamento do Codificador, preservando a unidade da Doutrina e do Movimento Espírita. Com união entre os companheiros encarnados, tornaremos mais fácil o intercâmbio entre nós outros, os que os precedemos na viagem de volta, e eles, que rumam pela estrada difícil. Com unificação estaremos vivenciando o Evangelho de Jesus quando o Mestre assevera: Um só rebanho , um só pastor.
Unindo-nos, como verdadeiros irmãos, estabeleceremos o laço de identificação com os propósitos dos Mentores da Humanidade, que esperam a influência que o Espiritismo provocará no mundo, à medida que seja conhecido e adotado nas áreas da ciência, das artes, do pensamento filosófico e das religiões.
União para unificação, meus filhos, é o desafio do momento.
Rogando a Jesus que nos abençoe e nos dê a sua paz, o servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra

Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, por ocasião do encerramento do 1º Congresso Espírita do Estado do Rio de Janeiro, na manhã de 25.01.2004, na sede da Federação Espírita do Rio de Janeiro, em Niterói, RJ.
Em 29.12.2009.
 
   

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

EVANGELIZAÇÃO PARA CRIANÇAS


Bezerra de Menezes
Que diz da existência, no Lar, de uma Escola Espírita de Evangelização? E da administração de aulas a crianças num Centro Espírita, no posto mediúnico? (A existência de um Grupo Espírita, para fins mediúnicos, num Lar, sabemos prejudicar a atmosfera psíquica).
“Consideramos que o Culto do Evangelho em casa pode funcionar e deve funcionar em apoio da Escola Espírita de Evangelização, sob amparo e supervisão dos pais que, a rigor, são os primeiros orientadores dos filhinhos.
Somos de opinião que o recinto de evangelização pública, num templo espírita, é sempre o lugar mais adequado à evangelização da criança, porquanto semelhante cenáculo do pão espiritual guarda consigo a natureza da escola.”
Será que uma Escola Espírita de Evangelização em uma entidade espírita corre o risco de prejudicar demais a formação do caráter das crianças, se os orientadores deixarem de observar para consigo mesmos certos requisitos como: cumprimento de horário, preparação criteriosa das aulas, assiduidade, etc.?
- “Perfeitamente. A primeira cartilha da criança, na escola da vida, é o exemplo dos adultos que a cercam”.
(Respostas dadas por Bezerra de Menezes, pelo médium Francisco Cândido Xavier, para a “Didática Especial de Espiritismo” elaborada pela Aliança Municipal Espírita de Juiz de Fora, 1970)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

União dos Espíritos


Neste momento grave de transformações da sociedade, qual é o nosso
contributo? O Senhor já veio ter conosco! Quando nos resolveremos a ir em
definitivo para o encontro com o Senhor? Até hoje a sua voz chega-nos de
quebrada em quebrada, conclamando-nos ao encontro com a verdade.
...E, calcetas temos sido. Detemo-nos na retaguarda, apoiados a
bengalas desculpistas, procurando as soluções da ilusão e da mentira, tentando
evadir-nos da responsabilidade.
Com Allan Kardec, não temos outra alternativa, senão apoiar a razão no
amor e deixar que o raciocínio frio se aqueça com o sentimento de amor
profundo, para que a sabedoria se nos instale na existência transitória do corpo
ou no Espírito eterno.
Meus filhos, Jesus conta conosco tanto quanto temos contado com Ele.
Ontem Ele nos ofereceu o testemunho da Sua vida e não nos pede agora o
holocausto de sangue nas garras das feras, nas estreitas arenas dos circos
romanos. Mas, inevitavelmente, aquele que O encontrou terá que enfrentar as
feras íntimas, capitaneadas pelo egoísmo, esse terrível adversário da evolução,
e os seus famanazes descendentes, que são os impedimentos ao processo de
integração.
As feras já não estarão fora. Deverão ser domadas no mundo íntimo. É
provável que não sejamos compreendidos, nem o propósito é este.
Aqueles que receberam na Terra o prêmio, o troféu, o aplauso, já estão
condecorados. Mas aqueles que passaram incompreendidos e foram fiéis até o
fim, esses encontrarão a plenitude, a felicidade. Este é o passo avançado para
que se dê a unificação dos espíritas, depois da união dos espíritos. E a
divulgação será mais pelos atos do que pelas palavras.
O mundo está cansado de oradores flamívomos e arrebatados, mas
carente de pessoas que vivam a lição que pretendem transmitir. Falamos tanto
de amor! Amemos porém aqueles que nos hostilizam; não esperemos que todos
estejam de acordo conosco. Compreendamos aqueles que no não
compreendem e nos tornam a marcha mais difícil, todavia mais gloriosa.
Não nos preocupemos, porque o Senhor da Seara está vigilante. Ele
cuida do grão que cai sobre a pedra e da ave do céu que o vai comer, mas
também do grão generoso que o solo ubérrimo recebe e devolve em mil grãos
para cada um.
Segui, encorajai-vos, espíritas, amando cada vez mais e alegrando-nos
porque ainda estamos nos dias heróicos do testemunho, e quando as
dificuldades são intestinas, quando as lições mais próximas e dilaceradoras de
nossos sentimentos têm o significado mais profundo. Em dias próximos
passados, também nós experimentamos acrimônia, acusação, agressão e amor;
porque a harmonia do todo é resultado da integração de suas partes.
Conhecemos a difícil estrada da unificação e é por isso que suplicamos
ao Senhor, depois de nos haver enviado o vaso escolhido para que pudesse
receber as vozes dos céus e legá-las para todas as épocas, nos ensejasse
estes dias de heroísmo e abnegação.
Não vos aflijais. Sede fiéis até o fim. Meio século significa um marco
expressivo, mas o Mestre nos espera desde antes que nós fôssemos, e há dois
mil anos diretamente vela por nós, mandando-nos Seus embaixadores, para que
despertemos para a vida.
Filhos da alma: amai, servi, passai adiante. O defensor da nossa honra é
Jesus. O servo que se justifica e que se defende perante o mundo, certamente
não confia no Senhor, que o contratou para a Sua seara. Avançai, semeai luz,
ponde estrelas na noite. Enxugai o pranto que verte volumoso dos olhos do
mundo, cicatrizai feridas e sede, em todo e qualquer instante, o amigo dos que
não têm amigos na Terra e o irmão dos desafortunados de caminho.
Em nome dos Espíritos-espíritas, levemos a nossa mensagem de solidariedade
e de amor.
Na condição de servidor humílimo e paternal de sempre,
BEZERRA
(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, na
Sessão de Encerramento do 1º Congresso Espírita Brasileiro, em 3-10-99.)Revista Reformador de 1999/Dezembro

terça-feira, 25 de setembro de 2012

AOS PAIS DE FAMÍLIA


"Ó espíritas! compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que,
quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteiraivos
dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a
missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os
vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bemestar
futuro. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizestes do
filho confiado à vossa guarda?" ("O Evangelho segundo o Espiritismo" - Cap. XIV -
Comunicação de Santo Agostinho.)
Pediram-me que patrocinasse uma exposição da moral evangélica-espírita para uso dos pais
de família nos primeiros passos da educação religiosa e filosófica dos filhos.
Impossível seria furtar-me a esse convite tão sugestivo no momento difícil que a
Humanidade atravessa, quando a fé e a moral, a solidez dos costumes, o cumprimento do dever e a
responsabilidade de cada um se diriam em colapso, desorientando a muitos, vencendo outros tantos,
desanimando ou enrijecendo o coração de quase todos para lançar o caos na sociedade humana,
assinalando as últimas etapas do fim de uma civilização. Aquiesci, portanto, visto que ao servo
zeloso cumpre agenciar com os talentos confiados à sua guarda, a fim de renderem o máximo, para
gáudio do Senhor, que deseja ver a sua vinha habilmente cultivada, oferecendo frutos excelentes de
amor e justiça, para felicidade das gerações vindouras.
O lar é a grande escola da família, em cujo seio o indivíduo se habilita para a realização dos
próprios compromissos perante as leis de Deus e para consigo mesmo, na caminhada para o
progresso. É aí, de preferência a qualquer outra parte, que a criança, o cidadão futuro, o futuro
governante, o futuro elemento da sociedade, se deverá educar, adquirindo aquela sólida formação
moral-religiosa que resistirá, vitoriosamente, aos embates das lutas cotidianas, das provações e mil
complexos próprios de um planeta ainda inferior. Nem o mestre, nem o adepto de uma crença
qualquer, nem o amigo, por maior que lhes seja o desejo de servir, conseguirá cultivar no coração da
infância os valores da moral evangélica se os pais, por sua vez, não edificarem no próprio lar o
templo feliz do ensinamento que tenderá a florescer e frutescer para a eternidade. Daí a urgente
necessidade de os pais espíritas se habilitarem para dar aos filhos pequeninas aulas de moral, aulas
de Evangelho, aulas de legítimo Espiritismo e mesmo aulas de boa educação social e doméstica,
pois o espírita, antes de mais nada, necessita manter a boa educação doméstica e social, sem a qual
não será cristão. Outrossim, será necessário que, de uma vez para sempre, os pais de família
observem a prática do amor recíproco, que fornecerá forças para realizarem a tarefa que assumiram
ao se tornarem cônjuges, qual a conquista do progresso através da paternidade; que zelem pela
harmonia e a serenidade domésticas de cada dia, jamais se permitindo displicências de quaisquer
naturezas, discussões, hostilidades, pois será necessário que respeitem os filhos, lembrando-se de
que das suas atitudes surgirão exemplos para a prole e que esses exemplos deverão ser os melhores,
para que não enfraqueçam a própria autoridade e o respeito para dirigir a família. Se tais atitudes
não forem observadas, dificilmente poderão cumprir o próprio dever de orientadores da família, e a
grandes responsabilidades serão chamados na realidade do mundo espiritual.

Não obstante, será bom que a criança e o adolescente assistam a aulas educativas de moral
religiosa na sua agremiação espírita. Deverão mesmo fazê-lo, pois será também necessário cultivar a
convivência com os futuros companheiros de ideal, ampliar relações fraternas, desenvolver traquejo
para futuros certames de cunho espírita, e em razão de que o Centro Espírita dever ser
prolongamento do lar. O que, porém, é necessário e indispensável, o que é extremamente urgente é
que os pais não releguem a outrem o dever de encaminhar os filhos para Deus, dever com o qual secomprometeram perante as Leis ao reencarnar, perante as exigências sociais do matrimônio e
perante as disposições morais da paternidade
.
A criança é grande enamorada dos próprios pais. Segue-os de olhos fixos. Uma lição, uma
advertência carinhosa dos pais, se prudente e sabiamente aplicadas, serão facilmente assimiladas
pelo filho, ainda frágil e simples. Se se descurou, porém, a educação na primeira infância, a
puberdade e a adolescência tornar-se-ão fases de orientação mais difícil. Mesmo em se tratando de
criança de índole rebelde, grandes benefícios advirão, se tal dever, o de educar, for fielmente
observado pelos pais. Jamais estes deverão alimentar a pretensão de que seu filho seja modelo de
boas qualidades, enquanto o filho do próximo é atestado de qualidades inferiores, visto que tal
ilusão entravará desastrosamente as providências educativas a favor do próprio filho.
Que os pais
rejeitem, sem vacilações, a notícia, mediunicamente revelada, de que "grandes missionários" são
seus filhos reencarnados. Semelhantes informações serão quase sempre fruto de mistificação, de
preferência veiculadas por obsessores e não por amigos espirituais, porquanto estes seriam
prudentes em não se permitirem tais indiscrições, mais prejudiciais que úteis ao próprio futuro da
criança.
Entretanto, à mãe compete ainda maior dose de responsabilidade no certame. O fato de ser
mãe não será apenas acontecimento biológico, mas posto de trabalho árduo, testemunho de
paciência, digno atestado de vigilância, de coragem, de amor, concordância com a renúncia e o
sacrifício. Não terá bem cumprido a própria tarefa a mulher que deixar de observar tal lema. Um
grande filósofo, adepto do Espiritismo, acentuou, numa das suas obras de educação e instrução, a
seguinte reflexão:
"...tal seja a mulher tal é o filho, tal será o homem. É a mulher que, desde o berço, modela a
alma das gerações. É ela que faz os heróis, os poetas, os artistas, cujos feitos e obras fulguram
através dos séculos."
"...para desempenhar, porém, tão sagrada missão educativa (na antigüidade grega), era
necessária a iniciação no grande mistério da vida e do destino, o conhecimento da lei das
preexistências e das reencarnações, porque só essa lei dá à vida do ser; que vai desabrochar sob a
égide materna, sua significação tão bela e tão comovedora." ¹
Patrocinando, pois, um ensaio literário-espírita para auxílio das mães e dos pais de família,
durante as noites de serão no lar, onde o Evangelho do Senhor e seus conseqüentes benefícios no
indivíduo e na sociedade serão ministrados e examinados, eu o faço no cumprimento dos próprios
deveres para com o Consolador, enviado pelo Céu à Terra como orientador da renovação moral de
cada um, para efetivação dos desígnios de Deus em relação à Humanidade.
Que tão belos serões renovadores do lar e dos corações obtenham êxitos na boa educação da
infância, é o meu desejo.
BEZERRA
(Comunicação obtida pela médium Yvonne A. Pereira, na noite de 11 de agosto de 1966, no Rio de
Janeiro - RJ, transcrita de “Obreiros do Bem”, de dezembro de 1976.)
REFORMADOR EDIÇÃO INTERNET
REFORMADOR, MAIO, 1997 14

__________
1. DENIS, Léon. "No Invisível". 17ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. Cap. VII.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Pecado é a Falta de Cada Um


Escrito por Bezerra de Menezes quando ainda encarnado

Artigo publicado no século 18, no jornal "O Paiz", no Rio de Janeiro - Fonte: "Espiritismo, Estudos Filosóficos", Volume I, Editora FAE - Agosto de 2001

11º - “Foi preciso que viesse à Terra o divino Jesus tomar sobre seus ombros os pecados do mundo e ensinar, pela palavra e pelo exemplo, o caminho da salvação, para correrem os ferrolhos que trancavam as portas da morada dos bem-aventurados”.
A revelação messiânica tem o maior alcance moral para a Humanidade, quer a considere em relação ao ortodoxismo, quer em relação ao Espiritismo.
No primeiro caso, Deus mandou seu unigênito Filho à Terra para sofrer, em si, a pena do pecado humano, e, por este sublime ato de amor, resgatar a culpa do primeiro tronco humano.
No segundo caso, suscitou Deus um enviado, um Messias pata trazer à Terra luz maior, luz que a Terra por seu adiantamento, já podia receber, a fim de, pela palavra e pelo exemplo, esclarecer-nos o caminho que leva à morada do Pai, e ensinar-nos a sofrer, até à morte, todas as misérias da vida, louvando o Senhor e seguindo seus preceitos.
Em ambos os casos, Cristo é o sublime reformador da Humanidade, o seu eterno modelo, mas sua missão é, pelos dois, diferentemente encarada.
Importa, pois, investigar os fundamentos das duas doutrinas, para reconhecer qual delas encara com Verdade o grandioso fato.
Subsistindo o dogma do pecado original e o da existência única dos espíritos, com os seus co-relativos: juízo definitivo, depois da morte, e definição eterna do destino humano, a interpretação ortodoxa da missão do Cristo, como redentor, é correta, e é mais do que isso, é necessária.
O Pai da Misericórdia não podia, sem tornar estéril esse superior atributo, manter, eternamente, suspensa sobre a raça condenada de seus pais a espada flamejante de sua tremenda justiça.
Mas, uma coisa notamos desde já, a ortodoxia explica sempre as coisas sobre-humanas por meios e processos rasteiramente humanos!
Se Deus quis, acalmando os ímpetos de sua cólera (sic), (assim) espargir sobre as vítimas de sua justiça o orvalho do amor e da misericórdia, por que não fazê-lo por simples ato de sua vontade, e exigir que fosse Ele próprio, na segunda pessoa da Trindade Divina, quem viesse sofrer o que cabia ao ser humano?
E, se o divino Jesus veio remir a Humanidade da culpa original, como se explica que sublata causa, (suprimida a causa) é eliminado o efeito, visto que o mal, oriundo daquele pecado, continua a produzir a danação do homem?
Nós compreendemos a redenção, como a entende a ortodoxia, pela extinção da causa que danou a Humanidade, e pela conseqüente extinção do verme do mal que ela produziu.
Assim, compreendemos a redenção.
Vir, porém, o próprio Deus a remir a Humanidade da causa do mal, deixando este incólume, como dantes, é incompreensível.
O Cristo não deixou a Humanidade como dantes, responder-nos-á a ortodoxia.
Ele remiu-a da culpa que não lhe permitia a entrada no Céu, e deixou ao livre-arbítrio de cada um aproveitar seu ensino e seu exemplo, que são a via e a vida.
Tudo isto é metafísico e reduz-se, em última análise, a dois princípios: o Cristo veio abrir as portas do Céu pela redenção da culpa original, mas deixou dependente do livre-arbítrio de cada um procurá-la ou evitá-las.
Ora, para se abrirem às portas do Céu à Humanidade, não era preciso o sacrifício de um Deus, coisa muito semelhante ao que se encontra em outras cosmogonias; bastava que o Eterno o quisesse.
E quanto a deixar ao livre-arbítrio de cada um o mérito ou demérito para a salvação, compreende-se que muito menos valia a pena o enorme sacrifício do Divino Cordeiro.
Tudo isto, porém, desaparece, evidenciando a procedência das nossas reflexões, uma vez removido o princípio fundamental da redenção ortodoxa: o pecado original.
Cremos ter provado este ponto de um modo incontroverso; e, pois, não tendo havido pecado original, nem podendo a culpa do pai passar aos filhos, é óbvio que a teoria ortodoxa sobre a redenção não subsiste, senão como uma ficção.
Jesus veio remir os pecados do homem, ensina o Espiritismo; mas veio fazê-lo, não abrindo as portas do Céu, que sempre estiveram abertas, não limpando a Humanidade do pecado original, que é um mito; porém, ensinando, com a palavra e com o exemplo, novas verdades, que esclareceram os horizontes da Humanidade, e lhe deram mais força e virtude para ascender a seu destino.
A missão de Jesus foi tão divina, assim considerada, como a considera a ortodoxia.
A diferença está, somente, em que num caso ela é um meio de resgate, que não resgatou, pois que ficou vigorando o mal, ao passo que no outro caso ela é sublime ensino, que tem produzido o grande progresso moral dos povos.
Jesus foi o continuador da obra de Moisés, foi o emissário da mais ampla revelação do Céu.
Jesus veio fazer o que está fazendo o Espiritismo, trazer a luz à medida do progresso que havia feito a Humanidade.
O pecado é falta de cada um e, portanto, a luz é trazida a todos, um por um.
Por este modo, a missão do Cristo subsiste, a despeito da eliminação do pecado original: e em nada a pode contrariar a subsistência do mal, como acontece na hipótese do ortodoxismo.
Jesus não veio arrancar a Humanidade da escravidão do pecado, transmitido de Adão e Eva; veio, sim, ensinar as Verdades, que alentam nossa natureza, para repudiarmos o Mal e mais nos afeiçoarmos ao Bem.

sábado, 1 de setembro de 2012

Lições Espirituais: Obsessão

Artigo publicado no século 18, no jornal "O Paiz", no Rio de Janeiro

Já como temos provado que do espaço nos vêm revelar espíritos, que foram nossos conhecidos em vida; que não há nisso fraudes satânicas, porque Satã é uma invenção humana, temos a questão das comunicações espíritas colocadas em condições idênticas para o materialista, para o católico, para todo ser racional, os quais não procuram fugir ao conhecimento da Verdade.
Posto isto, a Verdade das manifestações dos mortos não é hoje um mistério; é patente a quem quiser ver, como temos dito e repetido à sociedade.
O mais refratário, se fizer a experiência, será convencido, porque dia-a-dia colherá diversas provas de ser o espírito desencarnado quem se manifesta.
Por este modo, teremos provado experimentalmente: 1º) que existe o espírito; 2º) que o espírito sobrevive à morte do corpo; 3º) que, separado do corpo, continua, ou pode continuar, em constante comunicação com os vivos.
Entretanto, cumpre fazer notar que o “eu” humano, desembaraçado da prisão corpórea, adquire maior lucidez para descortinar os horizontes da criação, cada um na esfera de seu progresso.
Assim ensinam as comunicações de além-túmulo; estas mostram criaturas, que foram estúpidas e ignorantes na vida, dando, do espaço, provas de muita compreensão e saber.
As lições dos espíritos têm, pois, um alcance que não pode ser comparado ao das lições dos nossos sábios terrenos: primus, (primeiro) porque eles falam o que vêm; sécundus, (segundo) porque os sábios da Terra falam o que conjecturam.
É desnecessário dizermos que nos referimos às coisas do mundo invisível ou dos espíritos.
A palavra dos espíritos tem, portanto, tanta ou maior autoridade sobre as coisas da outra vida, como tem a do sábio sobre as coisas da Ciência que professa.
Podem, ambos, enganar-se, mas ali está o corretivo que é o criterium (critério) absoluto da Verdade.
Além de que, tratando-se de um fato que afeta, pessoalmente, todos os espíritos, isto é, o de terem eles tido mais que uma existência, seu depoimento é de visu, (por ter visto) quando o parecer do sábio é baseado em conjecturas e provas indiretas.
Se, pois, não um, porém muitos, mas se todos os espíritos afirmarem que têm tido mais de uma experiência corpórea, a lei das reencarnações tem, ipso facto, (por isso mesmo) passado pela prova experimental.
A Doutrina Espírita é a codificação dos ensinos dados aos homens pelos espíritos desencarnados, que se dizem mensageiros das Verdades prometidas pelo Cristo a seus discípulos.
Nessa Doutrina, firmada no ensino dos espíritos reveladores, está o principio da pluralidade das existências, sem a qual, como foi demonstrado no principio desta exposição, nada se pode explicar da vida humana, sem se ferirem os divinos atributos.
Daí, vem-nos um valioso testemunho, uníssono e autorizado pela superioridade dos espíritos que o deram.
Como, porém, nosso fim, hoje, não é apelar para a autoridade de quem quer que seja, mas, sim, dar uma prova experimental ao alcance de quem quiser observar, falaremos do que temos visto e pode ser visto por quem duvidar.
O estudo das obsessões, se não aceitarmos o ensino que nos vêm dar os luminares do espaço, é o que mais, eficazmente, separa a questão.
Trata-se de uma moça de família muito conhecida na grande roda da Corte, e sofre perseguição da parte de um espírito perverso, o qual a levou ao estado de loucura.
Um dia, o espírito da pobre vítima desprende-se, momentaneamente, do corpo, que jaz em sono, e vai a um Centro manifestar suas dores e pedir proteção.
Ali conta a sua história, que é a seguinte:
“Há séculos era eu uma moça cristã, devotada à caridade, por índole, e porque seguia os exemplos de meu bom pai:
Um homem (dá o nome) abusou de minha inocência, e, coagido por meu pai, reparou o mal que me fez, porém me tratou de modo a reduzir-me ao desespero.
Por fim, levou sua danação a abusar da própria filha, de minha filha, que era a minha única felicidade!
Tinha resistido a tudo; mas aquele golpe prostrou-me; arrastou-me ao suicídio.
Sofri no espaço castigos indescritíveis, até que Deus foi servido compadecer-se de mim, dando-me outra existência, para nela eu reparar as faltas do passado.
Prometi fazê-lo, mas não tive a força de cumprir o que prometi.
Degradei-me a ponto de fazer-me à favorita do rei; mas não foi isso o pior. O pior foi ter abusado de meu poder para fazer mal aos meus inimigos, e, especialmente, ao que fora meu marido.
Morri nesse estado de reincidência e sofri torturas atrozes, até que, arrependida, obtive a graça da presente encarnação para resgatar por boas obras meu negro passado.
Minha missão foi sofrer tanto quanto fiz sofrer e hoje tremo em pensar que ainda posso desfalecer”
Aquele desgraçado espírito que, sem nenhum interesse, contou-nos a história de três das suas existências corpóreas, deixou-nos consternados.
Imediatamente, o obsessor, aquele que perseguia a pobre moça, para se vingar do mal que lhe fizera a favorita, apareceu pelo mesmo médium, jurando fazer o mal à sua vitima até a morte, e dizendo a razão de tanto ódio.
O que ele contou conferia, exatamente, com o que ela havia contado!
Qual o positivista que poderá resistir a uma prova destas, e a três e quatro provas iguais, se tanto julgar preciso?
Há, por aí, mais de um grupo que faz trabalhos de obsediados.
Não faltam, pois, a quem tiver boa vontade, meios de verificar por si a exatidão de nossos estudos experimentais.
Indicamos, de preferência, os trabalhos de obsessões, porque por eles a prova é certa, visto que a obsessão é sempre obra de vingança por ofensas de uma vida anterior.
Aí, o observador não tem muito que esperar.

Aritgo escrito por Bezerra de Menezes quando ainda encarnado.

Texto retirado do site Irmã Clara