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terça-feira, 15 de janeiro de 2013

AUTISMO


O autista vive num mundo próprio, fechado em si mesmo, evitando o contato e qualquer tentativa de acesso ao seu interior. O autismo é um desenvolvimento inadequado da criança ocorrido antes que ela complete três anos, e que o acompanha por toda a vida. As estatísticas contam 20 casos em cada 10 mil nascidos.
No passado, alguns pesquisadores imaginaram uma mãe negligente, fria o bastante para comprometer o desenvolvimento de seu filho, como causa do autismo. Mas esta é uma conclusão preconceituosa e até ofensiva aos pais.
Felizmente as evidências afastam essa hipótese: "Não se conseguiu até agora provar qualquer causa psicológica no meio ambiente dessas crianças, que possa causar a doença", afirma a Autism Society of América - ASA".
"A CIÊNCIA NÃO DESCOBRIU A CAUSA DO AUTISMO,
E ATÉ HOJE NÃO HÁ UM TRATAMENTO QUE ALCANCE
A CURA".
A ciência não descobriu a causa do autismo, e até hoje não há um tratamento que alcance a cura. O escritor Hermínio Miranda fez uma pesquisa profunda e dedicada sobre o assunto que se tornou um grande sucesso editorial, "Autismo - uma leitura espiritual". Na Bienal do Livro de 2000, em São Paulo, SP, Hermínio foi surpreendido por dezenas de crianças e adultos entusiasmados envolvendo-o carinhosamente.
Era um grupo de autistas com seus pais, consolados e esclarecidos pela leitura do livro, prestando ao autor uma comovente e merecida homenagem. Nessa obra, cuja leitura recomendamos, Hermínio diz: "O autismo continua sendo um desafio, um enigma, uma esfinge. De minha parte, estou convencido de que alguns dos seus aspectos nucleares somente se abrirão ao nosso entendimento a partir da introdução da realidade espiritual no modelo com o qual abordamos".
Segundo o pesquisador, a causa seria "um sentimento de culpa não resolvido, suscitado por um desvio de comportamento", ocorrido em vidas passadas. Contudo, o autismo não é um castigo, mas um instrumento de aprendizado, de "ajuste da consciência ética fustigada pelo arrependimento ou remorso e desejosa de se pacificar", conforme explicou Hermínio, no livro.
A ciência não fará progressos apenas esmiuçando o cérebro célula a célula. O materialismo é um véu posto entre a realidade e os olhos dos ciestistas. Finalizamos com as lúcidas palavras de Hermínio: "Estou convencido de que avanços mais significativos na melhor definição da etiologia do autismo continuem na dependência da aceitação do ser humano com entidade espiritual preexistente, sobrevivente e reencarnante.
Essa realidade precisa ser aceita em bloco, sem mutilações.
Editorial - R.C.E.
AUTISMO: UMA QUESTÃO DE ECTOPLASMA?
O Médico Espírita desperta nas pessoas uma esperança de que pode solucionar as mais difíceis patologias da medicina, e talvez tenham razão. Quando nós, médicos espíritas, exercitamos com mais consciência e fé a nossa mediunidade intuitiva, ou seja, aprendemos a permanecer conectados, através da expansão de consciência, com o indispensável mundo paralelo onde as equipes espirituais, nossos mestres, nos ensinam ou nos querem ensinar como desvendar os mistérios ou dificuldades da medicina e de todas as ciências do Planeta.

Foi através do exercício ou expansão da consciência, através da sensibilidade dos médiuns de nosso grupo de estudo, é que tivemos êxito com o caso do menor Rafael, um autista, filho de mãe desquitada, pobre, que sobrevive de lavados domésticos; o qual após peregrinar por vários consultórios médicos e instituições psiquiátricas, chegou ao nosso atendimento fraterno, às quintas-feiras no Centro Espírita Lar de Jesus, já com diagnóstico médico de Autismo, mostrando total desligamento da realidade cognitiva, olhar distante, balbuciando ocasionalmente alguns ruídos, entendidos com grande dificuldade por sua mãe.
Rafael chegou ao nosso atendimento com dez anos de idade e sua mãe dona Maria de Jesus, desesperançada quanto à saúde mental de seu filho. Nós a encorajamos a ter fé, acreditatando no amparo divino através das equipes espirituais que assistem a todo o Planeta dirigido pelo nosso mestre Jesus. Daí então, nós encaminhamos o garoto para tratamento de desobsessão, já que, além de Autista, a percepção de vibrações de baixa frequência era evidente.

Na cabine de passe, aplicamos durante seis meses, uma vez por semana, às quintas-feiras, deitado em uma maca, o que chamamos de Realinhamento de Chacras ou técnica das polaridades, usada em nossa clínica particular Núcleo de Terapia Transpessoal.

Vou citar um caso que ocorreu na clínica, para explicar porque usamos a técnica de Realinhamento de Chacras em Rafael. Certa vez, uma paciente entrou em nosso consultório com forte crise de cefaléia crônica, a qual usava há quatro anos potentes analgésicos e antidepressivos, medicados pela clínica psiquiátrica, mostrando no seu rosto profundo e doloroso sofrimento. Foi levada por mim a deitar-se no divã, onde fiz a pergunta: como a dor de cabeça naquele momento era representada?
A paciente logo entrou em regressão, vivenciando uma cena de tortura em que sua cabeça era comprimida por uma prensa em forma de arco, em torno de sua cabeça, vindo a desencarnar por esmagamento do crânio, causa de sua dor de cabeça. No término da sessão, a dor de cabeça tinha desaparecido, mostrando ela agora a face descontraída e feliz. Quando pedi para a paciente levantar-se e ir ao encontro de seu esposo, que a aguardava na sala de espera, a paciente de pé, próxima ao divã, parou e me disse: "Doutor, não consigo sair deste lugar".
Eu insisti, mas a mesma repetiu que não conseguia andar, eu então pensei: "e agora! O marido esperando lá fora..." Foi então que mais uma vez, fora as outras centenas de vezes, o telefone espiritual, através de nossa mediunidade intuitiva, alertou-me que aquela paciente acabara de incorporar, conectar com uma entidade, sendo também uma médium consciente. Aliviei os músculos, a tensão, e mais facilmente veio o intercâmbio, me trazendo uma nova solução para aquela situação sem precisar doutrinar a entidade, já que aquela senhora não era espírita, e parecia assustada.

O recém-chegado colega Cícero Vasques, da sala ao lado, que trabalha com Massoterapia, Reiki, Realinhamento de Chacras, e sabendo eu que entidades errantes se conectam através do Chacra Esplênico, fez-me lembrar que um realinhamento desconectaria a entidade do médium, e foi então que pela primeira vez e com a ajuda do prof. Cícero Vasques, o qual, solicitado por mim, aplicou o realinhamento, obtivemos êxito imediato, após o último movimento da técnica.
Voltou a paciente de súbito à sua consciência de vigília, resolvendo assim esse novo desafio. Em seguida, agradecemos a assistência espiritual. Passamos então, a partir desse dia, a aplicar nos pacientes ditos pré-psicóticos ou incorporados a técnica do Realinhamento de Chacras, para desconectar o agente teta que, através da elevação da frequência vibratória do paciente, por um melhor fluir da energia vital, facilitando a abertura de seus Chacras, mantêm a entidade desconectada pelo menos por 48 horas, enquanto se faz uma outra abordagem terapêutica.

Voltando ao caso de Rafael, foi essa técnica que aplicamos com a intenção de ajudá-lo a retornar ao seu próprio corpo físico, já que o autista mantém-se dissociado de seu corpo por escassez de ectoplasma, informação essa passada a nós em reunião mediúnica por equipe científica do plano espiritual, que nos orientou desde o início do tratamento a manter o Realinhamento dos Chacras em Rafael, mas com a participação principalmente de médiuns de efeito físico ou de sustentação de nossa equipe de desobsessão, com a finalidade de doar o ectoplasma necessário ao acoplamento total de Rafael ao seu corpo físico, o qual, a cada das sessões seguintes, mostrava-se centrado mais no presente, passando então a falar e procurar pelas pessoas do atendimento fraterno.

Já está com um ano que Rafael entrou numa escola especial, já sabe ler, o que aprendeu a fazer sozinho, e também já escreve com boa caligrafia, e já se compreende o que ele fala e seus desenhos expressam com clareza seu pensamento, mostrando grande inteligência, principalmente através de seus desenhos arquitetônicos de fachadas de edifícios.

Na impossibilidade de ir à escola por dificuldade de transporte, Rafael se aborrece e se agita desesperadamente. Ele gosta de ir a escola porque é lá que ele tem aprendido a desenvolver boa comunicação e relacionamento interpessoal. Já estamos com o segundo caso de Autismo, há um mês e meio e com seis sessões de desobsessão e realinhamento, observamos excelente resultado no garoto. Sua mãe, senhora esclarecida e de nível superior, também já nos falou da visível melhora com esse tratamento, após ter andado por várias capitais e instituições do País, sem resultado evidente.
O seu depoimento é que o filho G..., nunca, em lugar algum, teve um avanço expressivo, como com essa abordagem terapêutica, feita por um grupo de sensitivos encarnados e desencarnados. A sua maior alegria, nesses últimos dias, foi o fato de seu filho ter falado pela primeira vez formando frases, o que não acontecia antes, pois era monossilábico, o que dificultava a sua comunicação, levando-o a chorar com frequência quando queria ser entendido e não conseguia.

Portanto, fica aqui o nosso estímulo para que continuemos exercitando a conexão com nossos irmãos sábios e bondosos que nos assistem e torcem pelo nosso sucesso.

COMUNICAÇÃO COM OS RECÉM-NASCIDOS

Por ser psicoterapeuta há seis anos e médico pediatra há 20 anos e trabalhar no berçário da Maternidade Dona Evangelina Rosa, passei, durante os meus plantões semanais, a ter comunicação com os recém-nascidos, tentando obter deles respostas convincentes de que estavam me ouvindo e me entendendo. Isso porque, nas regressões de memória feitas em adultos, os mesmos relatavam minúcias de sua vida intra-uterina, citando pensamentos, sentimentos e emoções de sua mãe e mesmo das pessoas ao seu redor.

Tive uma cliente que, vivenciando sua vida intra-uterina, descobriu que sua mãe não era sua mãe biológica, mas sim adotiva. A sua mãe biológica era prostituta, e até a estampa da roupa da sua parteira ela relatou. Quando chegou em casa, confirmou a veracidade de sua experiência, causando assim fortes emoções que foram equilibradas nas sessões seguintes.

As minhas próprias experiências de vida intra-uterina reforçaram minha convicção de que aqueles recém-nascidos podiam me entender e se comunicar comigo. Foi o que fiz e faço há mais de quatro anos. No início tive que conversar com os recém-nascidos, e ao mesmo tempo filmar, documentar a experiência, pois o pessoal da enfermagem, sabendo que sou espírita e ao solicitar ajuda na filmagem, se negavam dizendo: "Doutor, eu não gosto dessas coisas não".
Tive que fazer tudo só, mas com o passar das experiências e elas (enfermeiras), mesmo à distância presenciando os resultados positivos das comunicações com os recém-nascidos, passaram a se aproximar, me auxiliando e também conversando com os mesmos e descobrindio os seres que, embora pequenos e frágeis, são inteligentes e conscientes do que acontece ao seu redor.

A comunicação com os recém-nascidos é feita com minha apresentação, aos mesmos, como médico do plantão, e digo que sua permanência no berçário ou incubadora, longe de sua mãe, não é porque ela queira, mas porque os mesmos estão se adaptando ao corpo físico, que está nesse momento debilitado ou imaturo. Faço uma programação positiva pedindo aos mesmos que não se deixem agredir por bactérias, vírus ou fungos e que desenvolvam seu sistema imunológico, pois eles não estão sós, e podem fazer isso.
E digo em seguida: "se você estiver me ouvindo e entendendo, me dê uma resposta: movimente seu braço direito, esquerdo, abra os olhos, movimente a perna direita, esquerda etc.". Insisto uma, duas, três, cinco ou dez vezes, dependendo do estado do recém-nascido ou do meu próprio, mas sempre me dão uma resposta, movimentando o membro solicitado ou fazendo a expressão pedida. A dificuldade nas respostas é comum com os recém-nascidos nas primeiras 24 horas, talvez devido à ocitocina que, após o parto, deprime tanto a mãe como o recém-nascido.

Com esses resultados, o respeito, os cuidados, a atenção aos recém-nascidos foram dobrados e mantidos. As agressões verbais aos recém-natos, devidas ao cansaço do corpo clínico da maternidade e por razões conhecidas nossas, foram superadas em atenção aos pequeninos seres, reconhecidos com inteligência desde a fecundação e com certeza, para uns, antes disso, extremamente sensíveis ao que se passa e se fala ao seu redor.

O resultado não podia ser outro senão a recuperação mais rápida e eficiente de sua saúde, mesmo nos casos mais graves do berçário como as septicemias e membrana hialina. O resultado positivo dobrou, quando passamos a convocar os pais e a ensiná-los a se comunicar e programá-los positivamente.

A nossa sensibilidade ou mediunidade, favorecida pelo nosso estado mental e espiritual, é fundamental para acessarmos o campo mental do recém-nascido e de todos os seres. Os colegas médicos e assistentes que melhor se comunicam com os recém-nascidos são exatamente aqueles mais religiosos, que fazem suas orações, lêem o evangelho e meditam nas mais diversas religiões.
Dr. José Ribamar Tourinho - A.M.E. - Brasil

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

REENCARNAÇÕES ACIDENTAIS?



Na edição 286 desta revista publicamos na seção de Cartas um interessante questionamento feito por nossa leitora Edaci Giacomin Gonçalves, de Porto Alegre-RS, a respeito do tema reencarnações acidentais, uma expressão utilizada por Adenáuer Novaes no livro “Reencarnação”.

Por reencarnações acidentais Adenáuer Novaes entende os casos em que a fecundação não estava prevista e a união sexual foi fortuita. Um determinado Espírito que esteja próximo ao casal será atraído pelo óvulo fecundado. Mecanismos automáticos encarregar-se-ão de propiciar lições de aprendizagem de que o Espírito, nessa circunstância, necessite. Nesses casos, estariam incluídas as reencarnações oriundas de estupros e acidentes semelhantes.

Consultado por um de nossos colaboradores, Adenáuer Novaes escreveu-nos o seguinte:

“O questionamento da leitora é pertinente. O senso crítico é desejável em tudo que se refira ao conhecimento. A análise a respeito das reencarnações ‘acidentais’ deve contemplar a questão do livre-arbítrio. Os atos humanos nem sempre são programados com antecedência, graças à liberdade de escolha que foi atingida a essa altura da evolução do Espírito. É pouco provável que haja Espíritos à espera de cada possibilidade decisória.

Se considerarmos, por exemplo, o estupro como uma escolha do indivíduo doente que o pratica, temos que considerar também que, do outro lado, sua vítima teria a probabilidade de sofrê-lo, mas não o determinismo de que iria acontecer. Será que haveria, antecipadamente, um Espírito desencarnado à espera de que o fato ocorresse? Não seria considerar que há um determinismo? Prefiro considerar que, num plano menor, trata-se de um ‘acidente’. Num plano maior, divino, não há acidentes.

É também possível considerar que um casal possa mudar seus planos, aceitando a encarnação de um Espírito sem que tenha sido planejado recebê-lo anteriormente. Esse novo filho seria fruto do livre-arbítrio de ambos, portanto, não planejado previamente. O contrário, isto é, a redução do número de filhos, também poderia ocorrer. Vale considerar que os casos de separação dos casais também promovem mudanças no planejamento reencarnatório, provocando ‘acidentes’. Desconheço discussão sobre o assunto em outras obras.”

*

De fato, não existe nenhuma obra espírita confiável que utilize a expressão “reencarnação acidental”, que nos parece ter sido utilizada pelo confrade em face da pobreza do nosso idioma. “Acidental” seria, de acordo com a explicação dada por ele mesmo, um termo oposto a “planejado”. Além disso, Adenáuer reconhece, como estudioso que é, que num plano maior “não há acidentes”.

Antes de redigir este texto, ouvimos quase duas dezenas de articulistas e estudiosos espíritas que colaboram habitualmente com nossa revista. O que abaixo se vai ler é, portanto, uma síntese da pesquisa que fizemos e das considerações enviadas por nossos colaboradores.

As leis da genética encontram-se, segundo Emmanuel (O Consolador, pergunta 35), presididas por numerosos agentes psíquicos que a ciência da Terra está longe de formular. Esses agentes psíquicos são, muitas vezes, movimentados pelos mensageiros do plano espiritual, encarregados dessa ou daquela missão junto às correntes da profunda fonte da vida. A conjugação entre o campo espiritual e o campo físico não se faz por acaso e está na dependência de múltiplas condições, a maioria delas absolutamente desconhecida.

Entende Dr. Jorge Andréa (Encontro com a Cultura Espírita, págs. 91 a 95) que nenhum Espírito chegará ao processo reencarnatório sem uma atração específica com sua futura mãe. O mergulho na reencarnação só se dará quando a sintonia entre mãe e futuro filho estiver praticamente indissolúvel. Qualquer que seja a qualidade do reencarnante, haverá sempre com a mãe correlação de causas, onde ambos lucrarão sempre, no sentido evolutivo, quer os mecanismos se exteriorizem nas faixas do amor ou do ódio. O Espírito reencarnante, com o seu campo específico de energias, fará a seleção do espermatozoide pelas contingências de suas irradiações, adquirindo e construindo o futuro corpo de acordo com as suas necessidades.

Reencarnações se processam, muitas vezes, sem qualquer consulta aos que necessitam de segregação em certas lutas no plano físico, providências essas comparáveis às que assumimos no mundo com enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém no espaço de tempo em que se lhes perdura a enfermidade ou em que se mantenham sob as determinações da justiça. São os problemas especiais, em que a individualidade renasce de cérebro parcialmente inibido ou padecendo mutilações congênitas, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho. Incapazes de eleger o caminho de reajuste, pelo estado de loucura ou de sofrimento que evidenciam, semelhantes enfermos são decididamente internados na cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou paupérrimos, contrariando, por vezes, até certo ponto, os estatutos que regem a hereditariedade, por representarem dolorosas exceções no caminho normal. (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pág. 150.)

Não existe uma técnica invariável no serviço reencarnatório na Terra. Cada entidade reencarnante apresenta particularidades essenciais na recorporificação a que se entrega na esfera física, quanto cada pessoa expõe característicos diferentes quando se rende ao processo liberatório, não obstante o nascimento e a morte parecerem iguais. Os Espíritos inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo tiranizante, entram em simbiose fluídica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenômeno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da hereditariedade, como acontece à semente que, após desligar-se do fruto seco, germina no solo, segundo os princípios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor ambiental. Entre ambas as classes, porém, contamos com milhões de Espíritos medianos na evolução, portadores de créditos apreciáveis e dívidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de preparo e esmero de previsão.  (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pp. 152 e 153.)

A planificação para a reencarnação é quase infinita e obedece a critérios que decorrem das conquistas morais ou dos prejuízos ocasionais de cada candidato. Na generalidade, existem estabelecidos automatismos que funcionam sem maiores preocupações por parte dos técnicos em renascimento, e pelos quais a grande maioria dos Espíritos retorna à carne, assinalados pelas próprias injunções evolutivas. Ao lado desse automatismo das leis da reencarnação, há programas e labores especializados para atendimento de finalidades específicas. Os candidatos em nível médio de evolução, antes de serem encaminhados às experiências terrenas, requerem a oportunidade, empenhando nisso os melhores propósitos e apresentando os recursos que esperam utilizar, a fim de granjearem a bênção do recomeço, na bendita escola humana. Examinados por hábeis e dedicados programadores, que recorrem a técnicas especiais de avaliação das possibilidades apresentadas, são eles submetidos a demorados treinamentos, de acordo com o serviço a empreender,  com  vistas ao bem-estar da Humanidade,  após o que são selecionados os melhores, o que reduz a margem de insucesso. Os que não são aceitos, voltam a cursos de especialização para outras atividades, especialmente de equilíbrio, com que se armam de forças para vencer as más inclinações defluentes das existências anteriores que se malograram, bem como para  a aquisição de valiosas habilidades que lhes repontarão, futuramente, no corpo como tendências e aptidões. (Temas da Vida e da Morte, Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 13 e 14.)

De acordo com a ficha pessoal do candidato, é feita, concomitantemente, pesquisa sobre aqueles que lhe podem oferecer guarida, dentro dos mapas cármicos, providenciando-se necessários encontros ou reencontros na esfera dos sonhos, se os futuros genitores já estão reencarnados, ou diretamente, quando for um plano elaborado com antecedência, no qual os membros do futuro clã convivem, primeiro, na Erraticidade, de onde partem já com a família adredemente estabelecida. Executada a etapa de avaliação das possibilidades e a aproximação com a necessária anuência dos futuros pais, são meticulosamente estudados os mapas genéticos de modo a facultarem, no corpo, a ocorrência das manifestações físicas como psíquicas, de saúde e doença, normalidade ou idiotia, lucidez e inteligência, memória e harmonia emocional, duração do cometimento corporal e predisposições para prolongamento ou antecipação da viagem de retorno, ensejando, desse modo, probabilidades dentro do comportamento de cada aluno à aprendizagem terrena. “Fenômenos de determinismo são estabelecidos com  margem a alternâncias decorrentes do uso do livre-arbítrio, de modo a permitir uma ampla faixa de movimentação com certa independência emocional em torno do destino, embora sob controles que funcionam automaticamente, em consonância com as leis do equilíbrio geral.” Travam-se debates entre o futuro reencarnante e seus fiadores espirituais, expondo-se as dificuldades a enfrentar e os problemas a vencer, nascendo daí a euforia e a esperança em relação ao futuro. É assim que, em clima de prece, entre promessas de luta e coragem, sob o apoio de abnegados Instrutores, o Espírito mergulha no oceano compacto da psicosfera terrena e se vincula à célula fecundada, dando início a novo compromisso. Os que o amam, na Espiritualidade, ficam expectantes e interessados pelos acontecimentos, preocupados pelos sucessos que ocorrerão, e buscarão interceder nas horas graves, auxiliando nos momentos mais difíceis, encorajando sempre... (Temas da Vida e da Morte, Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 14 e 15.)

Dotado de expressiva capacidade plasmadora, o perispírito registra todas as ações do Espírito através dos mecanismos sutis da mente que sobre ele age, estabelecendo os futuros parâmetros de comportamento, que serão fixados por automatismos vibratórios nas reencarnações porvindouras. Intermediário entre a alma e o corpo físico, por ele se processam as imposições da mente sobre a matéria e os efeitos dela em retorno à causa geratriz. Captando o impulso do pensamento e computando a resposta da ação, a ele se incorporam os fenômenos da conduta atual do homem, assim programando os sucessos porvindouros, mediante os quais serão aprimoradas as conquistas, corrigidos os erros e reparados os danos destes últimos derivados. Constituído por campos de força muito especiais, o perispírito irradia vibrações específicas portadoras de carga própria, que facultam a perfeita sintonia com energias semelhantes, estabelecendo áreas de afinidade e repulsão de acordo com as ondas emitidas. Desse modo, quando o Espírito é encaminhado, por ocasião da reencarnação, aos futuros genitores, no momento da fecundação o gameta masculino vitorioso esteve impulsionado pela energia do perispírito do reencarnante, que naquele espermatozoide encontrou os fatores genéticos de que necessitava para a programática a que se deve submeter. A partir desse momento, os códigos genéticos da hereditariedade, em consonância com o conteúdo vibratório dos registos perispirituais, vão organizando o corpo que o Espírito habitará. Como é certo que, em casos especiais, há toda uma elaboração de programa para o reencarnante, na generalidade, os automatismos vibratórios das Leis de Causalidade respondem pela ocorrência, que jamais tem lugar ao acaso. Todo elemento irradia vibrações que lhe tipificam a espécie e respondem pela sua constituição. Espermatozoides e óvulos, em consequência, possuem campo de força específico, que propele os primeiros para o encontro com os últimos, facultando o surgimento da célula ovo. Por sua vez, cada gameta exterioriza ondas que correspondem à sua fatalidade biológica, na programação genética de que se faz portadora. (Temas da Vida e da Morte, Pensamento e perispírito, pp. 35 e 36.)

Concluindo, reproduzimos uma das perguntas propostas ao conhecido escritor Hermínio Correa de Miranda em uma entrevista  publicada pelo CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo, que o leitor pode ver na internet clicando neste link

 - http://geal-ba.blogspot.com.br:

Como se dão as reencarnações regidas pelo automatismo? Esta situação abrange os casos de reencarnação forçada que os Espíritos de pouca luz unidos em falanges impõem a seus subjugados?

Hermínio Correa Miranda: “Há reencarnações com um componente de compulsoriedade, obviamente em benefício da entidade reencarnante. O livro Prontuário da Obra de Allan Kardec, de Deoclécio de Demócrito, recomenda ler, sobre este aspecto, a Questão 262, em O Livro dos Espíritos. Recorro, ainda, ao Indicador Espírita, compilado por outro meticuloso e competente confrade, João Gonçalves. Veja o que contém o verbete número 2155: ‘Reencarnações se processam muita vez sem qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no plano físico, qual enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém. Incapazes de eleger o caminho de reajuste, são decididamente internando na cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou paupérrimos, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho, contrariando por vezes até certo a hereditariedade, por representarem dolorosas exceções no caminho normal.’ São indicadas, nesse verbete, as seguintes fontes de consulta: Evolução em Dois Mundos, Entre a Terra e o Céu, Missionários da Luz, Nosso Lar, No Mundo Maior, Obreiros da Vida Eterna, todos de André Luiz e mais: Autodescobrimento - uma busca interior, de Joanna de Ângelis e, ainda, As Mil Faces da Realidade Espiritual, de Hermínio C. Miranda, bem como Nascer e Renascer (?) e, finalmente, O Problema do Ser, de Léon Denis. Sobre a segunda parte de sua pergunta, lembro meu artigo ‘O médium do Anti-Cristo’ (Reformador, março e abril de 1976), no qual é examinada a hipótese de reencarnações de um mesmo grupo de entidades em torno de Adolf Hitler.”

 

 

 

 

FONTE : ASTOLFO O. OLIVEIRA FILHO EDITOR DA REVISTA ELETRÔNICA O CONSOLADOR

 

              http://www.oconsolador.com.br/ano6/292/oespiritismoresponde.html

Mediunidade Intuitiva



Sábado à tarde. Um pedido de orientação me fez chegar mais cedo ao Célia Xavier. A jovem não havia entrado em detalhes, apenas queria conversar sobre
mediunidade. A pergunta era: como eu posso ter certeza que sou médium?

Se fosse uma mediunidade de vidência ou audiência, a pergunta seria: será que eu não sou louca? Mas tratava-se de uma mediunidade que Kardec classifica
como intuitiva.

Mediunidade intuitiva é uma classificação que cabe em uma gama diversa de manifestações. Embora Kardec estivesse tratando de médiuns escreventes quando tocou no assunto (O Livro dos Médiuns, cap. XV.), sua definição se aplica também a médiuns falantes, de pressentimentos, pintores, entre outros.

A descrição da faculdade é simples. O médium percebe o conteúdo do que vai escrever ou falar antes do fenômeno acontecer, e movimenta o lápis ou a garganta de vontade própria. Como não há nenhuma interferência do espírito comunicante nas vias motoras do médium, não há mudança de caligrafia ou de entonação de voz, a menos que o médium assim o deseje (e o faça por conta própria, muitas vezes para se sentir mais seguro).

O problema dos médiuns intuitivos é a distinção entre seus próprios pensamentos e os pensamentos oriundos dos espíritos. Há faculdades em que a percepção dos espíritos é nítida e semelhante à percepção dos órgãos
dos sentidos. O mesmo não se dá com a intuição. O médium tem razões para crer que o pensamento não foi criado por ele, mas também não sente segurança para afirmar que é oriundo de um espírito, e em caso afirmativo, hesita quanto à fidelidade do que está escrevendo.

A mediunidade intuitiva é um conjunto de sugestões espirituais registradas pelo pensamento/sentimento do intermediário que é traduzido, interpretado e registrado por ele.

Para se ter noção da precariedade da comunicação intuitiva, faça uma vivência. Peça a um amigo para lhe contar, sem citar nomes, um episódio que aconteceu com ele, em ritmo de narrativa, pegue um lápis e vá anotando da forma possível o que ele diz. Compare o resultado final com uma gravação daquilo que ele narrou. Como se saiu?

Imagine agora uma situação em que você não é capaz de ouvir claramente, em que as idéias são percebidas com dificuldade, é necessário manter a concentração sobre o conteúdo, sem dispersar-se e as suas próprias emoções
alteram a comunicação com a fonte. Estas são algumas das dificuldades deste tipo de mediunidade.

Kardec estava atento a este tipo de situações quando escreveu sobre o assunto. Acostumado a trabalhar com médiuns mecânicos e semimecânicos, ele assim se
refere à mediunidade intuitiva:

“Efetivamente, a distinção é às vezes difícil de fazer-se. (...)”

Uma observação que Kardec faz quanto ao mecanismo desta faculdade é o que se pode chamar de criação simultânea. O médium não cria o texto em sua
mente e organiza as idéias para, a seguir, redigir. O pensamento “nasce à medida que a escrita vai sendo traçada e, amiúde, é contrário à idéia que antecipadamente se formara. Pode mesmo estar fora dos limites dos
conhecimentos e capacidades do médium”. (O Livro dos Médiuns, parágrafo 180)

Quatro elementos identificadores se encontram, portanto, no texto kardequiano: a falta de impulsos mecânicos, a voluntariedade da escrita mediúnica, a criação
simultânea das idéias do texto e a presença de conhecimentos e informações que podem estar além das capacidades do médium.

Mesmo encontrando estas quatro características (e a última é muito importante para a identificação de um médium intuitivo), ainda assim o produto desta mediunidade é passível de mescla com as idéias pessoais do intermediário. Isto fez com que os espíritos dissessem a Kardec a seguinte frase sobre os médiuns intuitivos:

“São muito comuns, mas muito sujeitos a erro, por não poderem, muitas vezes, discernir o que provêm dos Espíritos e o que deles próprios emana”. (O Livro dos Médiuns, parágrafo 191)

Este tipo de faculdade desaponta bastante os que desejam ver fenômenos definitivos, que dão evidências da vida após a morte. Parece-se com o garimpo manual, descarta-se muita areia para encontrar uma ou outra pepita de ouro verdadeiro. O curioso é que os céticos ficam a dizer: “só vejo areia”, e quando surge o ouro vociferam “quem sabe este charlatão não o colocou aí quando nos
distraímos”.

Eu expliquei aos poucos estas informações à jovem, que me pareceu um pouco desapontada no final da conversa. Talvez ela tenha sido incentivada a escrever o
que lhe ocorria, mas não tenha surgido nada em seu texto que atenda ao quarto critério de Kardec. Tudo indica que continuou em dúvida.

Com o surgimento da Psicologia Analítica, a distinção entre mediunidade intuitiva e animismo ficou ainda mais difícil. Jung afirmou que alguns fenômenos psicológicos nos quais a pessoa se sente um expectador, são frutos da fantasia ou da imaginação ativa; esta última, uma manifestação de arquétipos do inconsciente coletivo, mas isto é assunto para um outro artigo.

Blog Espiritismo Comentado

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Batismo para Salvar-se."...devemos procurar fazer tudo quanto Jesus fez, e não praticar tudo o que com Ele fizeram os homens ..."



* Se vocês, espíritas, não são batizados, como é que poderão salvar-se?

Esta pergunta me foi feita por um amigo em cama. Já houve quem me dissesse que o espírita deve batizar-se, sim, porque até Jesus o foi. A esta pessoa, baseando-me numa argumentação do médium e orador espírita José Raul Teixeira, respondi que, de fato, João Batista batizou Jesus nas águas do Jordão; no entanto, Jesus a ninguém batizou. Demais, os espíritos devemos procurar fazer tudo quanto Jesus fez, e não praticar tudo o que com Ele fizeram os homens porque, senão, neste descompassado, dentro em breve estaremos pregando um nosso semelhante qualquer numa cruz com uma coroa de espinhos.!

Outros alegam que o batismo evita que se morra pagão. Ouvi muito esta afirmativa quando eu era criança. Aproveito a oportunidade para explicar que a palavra pagão vem do Latim paganus e não designava, cm absoluto, o morador do Pagus, não. Quem informa é o ilustre catedrático paulista Silveira Bueno, católico convicto. Designava aquele que, para não servir na milícia romana, fugia das cidades, ia residir nos campos longe de Roma. Quando o Cristianismo triunfou com a aliança dos líderes políticos com os líderes religiosos, ao tempo de Constantino, século III depois de Cristo, deu-se à palavra paganus uma nova semântica', um novo significado. Desde então pagão seria todo aquele que não desejasse servir nas milícias celestiais, quer dizer, todo aquele que não quisesse pertencer ao Catolicismo.

O batismo é um ritual muito mais antigo do que comumente se pensa. Vem dos povos mais antigos, dos gregos, dos egípcios, dos hindus. As religiões tradicionalistas, ainda hoje, às panas do século XXI, insistem em conservá-lo, no que nada temos que ver. É um direito que elas têm e não seremos nós, os espíritas, que iremos cercear o livre-arbítrio de quem quer que seja, desde que não haja prejuízo alheio. Só que a Doutrina Espírita pura e simplesmente dispensa este ritual. Ou qualquer outro ritual também como preces especiais, casamentos religiosos, oferendas ou coisas do gênero. Perdão se me torno repetitivo, porém penso como Napoleão, segundo o qual a mais importante figura da retórica é a repetição.

O meu missivista, como ia dizendo, indagava como é que o espirita iria salvar-se pois que não fora batizado. A ele remeti longa cama. E porque talvez algum leitor amigo se defronte com esta mesma questão, atrevo-me sumariar a resposta enviada a ele. Devemos sempre fazer o devido esclarecimento espírita dos assuntos que nos são apresentados.

Bem, pessoalmente, para usar de sinceridade, eu não aprecio esta palavra salvação, não. Prefiro a expressão redenção ou libertação espiritual .Salvação, a meu ver, no que posso até estar errado, porque sou míope para longe e para perto, seria o oposto de perdição. Como não aceito a idéia de que Deus, definido por Jesus como Amor, deixe perder-se para sempre um só de seus filhos, dou preferência à redenção ou libertação espiritual. Mesmo porque Jesus declarou: Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará João, Cap. 8 vens. 32).

O que liberta a criatura do sofrimento, decorrente da violação às leis divinas, é a prática genuína e desinteressada do Bem. É a vivência espontânea da Fraternidade. É a vontade ardente de ver no semelhante um seu irmão voltando ao proscêncio terrestre para progredir, daí ser merecedor de melhores demonstrações de estima e consideração.

Nesse contexto, cabem duas palavras acerca do preconceito. Do preconceito racial, por exemplo. Determinado confrade fez um teste com um grupo de espíritas. Cada um dos componentes daquela brincadeira deveria fechar os olhos e imaginar-se sendo assaltado. Depois diria que emoção sentiu se fosse realidade o assalto. O leitor amigo poderá dizer qual foi a cor do assaltante imaginado pelos confrades espíritas envolvidos naquela experiência brejeira, porém muito significativa !

O que liberta a criatura é a Caridade, que, segundo uma definição do Irmão X, escrevendo pelo médium Chico Xavier, é servir sem descanso, é cooperar espontaneamente nas boas obras da comunidade, sem aguardar o convite ou o agradecimento dos outros, é não incomodar aquele que trabalha, é suportar sem revolta as (imitações alheias, auxiliando o próximo a supera-las.

O que liberta a criatura da ignorância é a paciente leitura de livros que nos dizem porque vivemos, para onde iremos depois da morte do corpo fisico (se é que ele morra, pois em verdade até ele simplesmente se transforma), de onde viemos ames do berço. Contudo, não basta a leitura. É necessária a sua reflexão. Impõe-se a vivência dos seus ensinos. Pois como já reconhecia Daudet, quanta gente há, em cuja biblioteca, poder-se-ia escrever "para uso externo", como nas garrafas das farmácias. Quer dizer, ler por ler simplesmente não vale a pena. Mister se faz modificar o comportamento, ampliar o horizonte cultural, aprofundar a análise do porquê da vida e sobretudo, repito, vivenciar o que os bons livros nos ensinam em termos de crescimento moral e espiritual.

O que liberta a criatura de suas imperfeições é o seu desejo de despojar-se de seus vícios morais como a inveja, a cobiça, o ciúme, a ira et caterva, forcejando por ser mais paciente, mais humilde, mais prudente, mais humano diante das dores alheias, mais tolerante diante das falhas da outra pessoa, sem cair na alienação dizendo amém a tudo e a todos, com esta atitude muito cômoda concordando com erronias que não podem de jeito nenhum contar com a nossa anuência.

O que liberta a criatura não é o batismo que recebeu em criança ou já adulto ao aceitar esta ou aquela solta religiosa. Não. O que liberta a criatura de seus erros do passado e de suas limitações anuais é este esforço diuturno de observar, na vida diária, tudo quanto o Cristo nos ensinou através da força do exemplo ! ...

Celso Martins

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

ELIAS - JOÃO BATISTA: UM CASO DE REENCARNAÇÃO




As escrituras deixam claro que o conceito de reencarnação era ensinado ao povo, apesar das diversas traduções terem deturpado os tentos.

Por Laylla Toledo
Elias foi um dos profetas referidos no Velho Testamento que viveu no século IX a.C. Não há livro na Bíblia escrito por ele, mas existem referências a seu respeito em diversos autores como Terceiro Livro dos Reis (Cap. 17) e Quarto Livro dos Reis (Cap. 1), Juizes e Malaquias.

Ele viveu ao tempo do Rei Acab e da rainha Jezabel, com quem esteve em constante oposição, por causa do culto que era promovido ao deus pagão Baal.

É considerado servo intrépide do Javismo (termo que vem de Javé ou Jeová, Deus segundo os hebreus), apesar do excessivo rigor e das atrocidades que ele praticou. Dentre essas, destaca-se aquela que fez descer fogo do céu e queimar um capitão juntamente com seus cinqüenta comandados, quando este foi buscá-lo por ordem do rei Acab.

O mesmo fato se repetiu com uma segunda brigada (um capitão e mais os seus cinqüenta soldados), assim como a mortandade dos 450 sacerdotes de Baal, que os fez passar pelo fio da espada, junto ao ribeiro de Quison (3° Reis, 18:40). Tem-se no total um saldo de 552 mortos.

A volta do Profeta Elias foi prevista por Malaquias: “Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor” (4:5).



A VIDA DE JOÃO BATISTA

João Batista era primo de Jesus, filho de Isabel e Zacarias. Levou uma vida muito austera. Abstendo-se de bens e prazeres, vivendo unicamente para o ministério do bem, convocando o povo ao arrependimento dos pecados e a se prepararem para receber o Redentor.

Chamado de “O Precursor”, vestia-se de peles e alimentava-se de mel e animais silvestres e verberava intimoratamente os atos de degradação humana, fosse em que nível fosse. Por esta razão, caiu na antipatia de Herodíades, acusada por ele pela sua união ilícita com o cunhado, o rei Herodes, irmão de Filipe (Marcos 6:17).



A REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA

A identificação dos dois personagens como sendo o mesmo espírito está bem claro nas escrituras. O retorno de Elias foi anunciado pelo anjo Gabriel: “[...] o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração; e tua mulher Isabel te dará a luz um filho, e por-lhe-ás o nome de João. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus; e irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).

Outra passagem que assinala a identificação do profeta como sendo o próprio João Batista é quando os apóstolos Pedro, Tiago e João perguntaram a Jesus, após a Transfiguração, sobre a volta de Elias: “Por que, pois, os escribas dizem que é preciso que Elias venha antes? Mas Jesus lhes respondeu: é verdade que Elias deve vir e restabelecer todas as coisas; mas eu vos declaro que Elias já veio, e não o conheceram, mas trataram como lhes aprouve. É assim que eles farão sofrer o Filho do Homem. Então seus discípulos compreenderam que era de João Batista que lhes havia falado”. (Mateus 17:10)

Aqui se trata da reencarnação de Elias na figura de João, explicação esta vista pelos apóstolos com muita naturalidade, justamente por estarem familiarizados com a realidade da reencarnação e esta fazer parte de sua crença religiosa, o judaísmo.

As palavras de Jesus confirmam tal fato em Mateus, referindo-se a João como o próprio Elias (espírito): “E, desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus adquire-se à força, e os violentos arrebatam-no. Porque todos os profetas e a lei, até João, profetizaram. E, se vós o quereis compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir. O que tem ouvidos para ouvir, ouça” (11:12).

A violência da lei mosaica ordenava o extermínio dos infiéis para ganhar a terra prometida – Paraíso dos Hebreus, por isso a citação “o reino dos céus adquire-se à força”. No período de Jesus, a nova lei estabelecia que, para se ganhar o reino dos céus o trajeto deveria ser outro – o da caridade e da doçura.



ELIAS VOLTA COMO JOÃO BATISTA

Quando Jesus disse que Elias já teria vindo e que ninguém o reconheceu, muitos interpretam que João era inspirado por Elias e não que era o próprio profeta. Mas essa identificação dos dois personagens sendo a mesma pessoa mostra também um outro aspecto, a Lei de Causa e Efeito. Na figura de Elias, mesmo falando em nome de Deus, ele cometeu alguns excessos e violências em sua época. Posteriormente, o seu espírito veio na figura de João Batista para preparar o povo para receber as palavras do Messias. Entretanto, pelo fato de ter cometido os excessos em sua vida anterior, veio resgatar parte de seus débitos sofrendo a decapitação por ordem de Herodes, a pedido de Salomé, que o agradou numa apresentação de dança, manobrada ardilosamente pela sua mãe, Herodíades.

Note-se a analogia das circunstâncias: na ocasião em que era conhecido como Elias, enfrentou a rainha Jezabel, tendo-a vencido pelos poderes, matando os sacerdotes e suprimindo o culto ao deus Baal. Na segunda ocasião, já como João Batista, ele é morto por maquinação também de uma rainha.

O conceito de reencarnação fazia parte das crenças judaicas. Esse conhecimento dos judeus só foi ampliado no momento em que Jesus trouxe-lhes mais informações sobre o processo reencarnatório. No diálogo entre Nicodemos e o Mestre podemos observar a atenção dada ao assunto: “Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor; porque ninguém poderia fazer os milagres que fazeis, se Deus não estivesse com ele. Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Nicodemos lhe disse: Como pode nascer um homem que já está velho? Pode ele entrar no ventre de sua mãe, para nascer uma segunda vez? Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo: Se um homem não renascer de água e de Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não vos espanteis do que eu vos disse, que é preciso que nasçais de novo. O Espírito sopra onde quer, e ouvis sua voz, mas não sabeis de onde ele vem e para onde ele vai. Ocorre o mesmo com todo o homem que é nascido do Espírito. Nicodemos lhe respondeu: Como isso pode se dar? Jesus lhe disse: Que! Sois mestre em Israel e ignorais essas coisas? Em verdade, em verdade vos digo que não dizemos senão o que sabemos, e que não testemunhamos senão, o que vimos; e, entretanto, vós não recebeis nosso testemunho. Mas se não me credes quando vos fato das coisas da Terra, como me crereis quando vos falar das coisas do céu?” (João 3:2-12).

Como nota de esclarecimento, é preciso identificar o significado da palavra água no texto. O renascimento “de água” e “de espírito” é nada mais do que a retomada da experiência física, cuja constituição é eminentemente líquida. Portanto, o renascer de água é reencarnar e o renascer de espírito é evoluir, progredir moralmente.



ERROS DE TRADUÇÃO: NEGLIGENCIA

O prof.. Carlos Juliano Torres Pastorino (19101980), Docente do Colégio Pedro II e catedrático da Universidade Federal de Brasília, diplomado em Teologia e Filosofia pelo Colégio Internacional Santo Antônio Maria Zaccaria, em Roma, era um exímio latinista, helenista e poliglota. De acordo com os conhecimentos do Prof. Pastorino, freqüentemente são traduzidos por “ressuscitar” os verbos gregos egeírô (estar acordado, despertar) e anístêmi (tornar a ficar de pé, regressar), e que este último, encerra um sentido em geral negligenciado pelos tradutores: o de reencarnar. As Escrituras não falam em “ressurreição dos corpos” ou “da carne”, mas em anástasis ek ton nekrõn, ou seja, “ressurreição dos mortos”. De posse destes esclarecimentos oferecidos por uma autoridade lingüística, torna-se relativamente fácil identificarmos os sentidos negligenciados propositadamente pelos tradutores modernos. A ressurreição ocorre com os mortos e não com os corpos.

Na Epístola aos Hebreus (11:35), onde se lê: “Mulheres receberam os seus mortos pela ressurreição”, vemos que são as “mulheres” e não os homens, pois elas é que podem gerar em seus ventres os corpos destinados à reencarnação, ao ressurgimento dos espíritos “mortos” no mundo físico.

Os gregos acreditavam na existência do Hades (lugar dos mortos), de onde as almas retornavam para a vida, denominando este fenômeno como “palingênese” (palinggenesia: novo nascimento). Assim como os gregos, os hebreus também acreditavam que as almas dos mortos voltavam à vida, que do Sheot elas retornavam ao mundo da matéria, conhecido como “anástasis” (do verbo anístêmi, composto de ana: ´para cima´, ´de novo´ ou ´para trás´; e ístêmr. ´estar de pé´. Ou seja: tornar a ficar de pé, regressar), expressão traduzida por “ressurreição”. Está escrito: “O Senhor é o que tira a vida e a dá: faz descer ao sheol e faz tornar a subir dele.” (1 Sm 2:6). Apesar de tentarem alterar o significado do texto, traduzindo inúmeras vezes “Sheol” por “sepultura”, para os mais atentos, se buscarmos a origem das palavras, veremos que a mensagem é clara quanto a afirmação: regressar do Sheol, regressar do mundo dos mortos.

A palavra Sheol é hebraica, e designa o lugar para onde iam todos após a morte: tanto os justos como os injustos, havendo, no entanto, nessa região dos mortos, uma divisão para os justos, e outra para os injustos, separados por um “abismo intransponível” (Lc 16.26). O lugar dos justos era de felicidade, prazer e segurança. Já o lugar dos ímpios era medonho, ignífero (onde há fogo), cheio de dores, sofrimentos, estando todos perfeitamente conscientes.

Em muitas das passagens bíblicas, as inúmeras referências ao Sheol possuem imperfeições na sua tradução. Certas versões em português traduzem a designação hebraica por sepultura e outros termos afins, como inferno (Dt 32.22; 2 Sm 22.6; Jó 11.8; 26.6; 5116.10), o que traz confusão. (Gn 37.35; Nm 16.30,33; Já 17.16;11.8; SI 30.3; 86.13;139.8; Pv 9.18; 15.24; Is 14.9; 38.18-32; Ez 31.15,17; Am 9.12).

A expressão grega “palinggenesia” (palingênese), segundo o Prof. Pastorino, era o termo técnico da reencarnação entre os gregos. No entanto, São Jerônimo, geralmente, o traduzia por regeneração.

Já a palavra “ressurreição” é a tradução da expressão grega “anastasis” originária do verbo “anistemi”, que significa tornar a ficar de pé, mas também “regressar”.

A palavra “reencarnação” não se encontra nas escrituras, mas na cultura judaico-cristã. Entre eles havia o conceito de ressurreição, que é justamente o que chamamos hoje de “reencarnação”.

O conceito reencarnacionista foi dissimulado nos textos bíblicos ao longo dos séculos, alterando-se com isso, o seu conteúdo. Referências do século II d.C., onde Orígenes, um dos pais da Igreja, comenta que: “Presentemente, é manifesto que grandes foram os desvios sofridos petas cópias, quer pelo descuido de certos escribas, quer pela audácia perversa de diversos corretores, quer pelas adições ou supressões arbitrárias.” Portanto, a intenção de distorcer o conteúdo bíblico já vem de longa data.

Se nos dedicarmos ao estudo profundo dos fatos, veremos que tudo é uma questão de resgate do verdadeiro sentido das palavras, que assumiram significados diversos no decorrer do tempo. Através da pesquisa etmológica, sem dúvida, chegaremos à verdade original dos textos.



O RETORNO DO CRISTIANISMO PURO

O início do Cristianismo, conhecido como Cristianismo primitivo, trazia em si uma pureza doutrinária, sendo recente a passagem do Cristo peta região. Mas o Cristianismo sofreu uma transformação no momento em que se tornou a religião oficial do Império Romano. A mistura de costumes politeístas (crença de vários deuses) com o Cristianismo puro inaugurou o Catolicismo. Este evento modificou os costumes cristãos e introduziu hábitos de cultura politeísta, surgindo rituais que não existiam até então.

O conceito de reencarnação, como meio pela qual a alma se redimi por si só, significava a falência do poder político e religioso da Igreja. Por este motivo, começou a considerar-se todos os seguidores da idéia da reencarnação como criminosos passíveis de pena de morte a partir do ano de 553 d. C., no Concílio de Constantinopla.

Assim, a tradução dos textos evangélicos primitivos e a confecção do Novo Testamento (Vulgata Latina) buscaram eliminar qualquer informação que se reportasse ao conceito de sobrevivência de alma e o seu retorno a um novo corpo, para uma nova existência.

Por se tratar de um obstáculo aos interesses de alguns, este importante ensinamento deixou de fazer parte das celebrações cristãs e dos cultos da Igreja. Mas o assunto em foco reapareceu muito tempo depois, com toda a sua força e transparência através dos fenômenos das Irmãs Fox em 1848, e com a publicação da obra O Livro dos Espíritos, em 1857.

Portanto, a idéia da reencarnação sempre esteve presente no cristianismo primitivo dos tempos apostólicos, e algum tempo depois, na pureza dos ensinos cristãos contidos nas comunicações reveladas pelo espiritismo. Os elementos básicos como a caridade, o amor ao próximo e a reencarnação são semelhanças facilmente observáveis entre os dois. Sendo este o principal motivo que identifica o espiritismo como sendo o Cristianismo Redivivo.

A reencarnação é fato, e negá-la não é suficiente para justificar e manter o atual sistema religioso. Até a Ciência, recentemente, dá provas de que a vida não termina com a morte do corpo, mas que continua em outra dimensão. A divulgação da verdade depende de nós – os caminheiros redivivos.

(Extraído da Revista Cristã de Espiritismo, nº 24, páginas 48-52)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mapeando os males do egoísmo

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
 
 




O egoísmo só será superado quando o indivíduo buscar entender a sua realidade eminentemente espiritual
Decorridos 155 anos da publicação da primeira edição de O Livro dos Espíritos, marco inicial da era do Espírito imortal ou da imortalidade da alma, os mentores espirituais desse mundo têm apontado o egoísmo – assunto que sempre merece cuidadosa reflexão de nossa parte – como o maior entrave ao progresso humano. Nesse sentido, nos comentários referentes à pergunta nº 917 da citada obra, Allan Kardec concluiu que “O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade o é de todas as virtudes [...]”. O Codificador inferiu também que destruir uma e desenvolver a outra deve ser o objetivo de toda a criatura humana que almeja a felicidade – tanto quanto se é possível alcançá-la neste planeta – agora e no futuro.       
Basicamente, o egoísmo deriva da forte influência das coisas da matéria em nossa personalidade; por isso, é difícil eliminá-lo, mas não impossível. Explicitando mais os seus malefícios, Chico Xavier, já na condição de Espírito desencarnado, na obra que leva, aliás, o seu nome (psicografia de Carlos A. Bacelli), ponderou que “Todos os males que assolam a humanidade derivam do egoísmo; é ele o grande responsável pelos preconceitos de toda espécie – o orgulho racial, o fanatismo religioso, a ambição do poder: é ele que fomenta as guerras de extermínio, a subjugação de um povo por outro, o desequilíbrio que assola as mentes que articulam os atentados terroristas...”.
Infelizmente, nesse início de milênio, a civilização humana ainda se pauta, de maneira inequívoca, pelo comportamento egoístico, considerando que:
  • A pobreza e a desigualdade ocupam o primeiro lugar na hierarquia dos principais problemas da humanidade, segundo Koffi Annan, ex-Secretário Geral das Nações Unidas;
  • 1,4 bilhão de pessoas ainda vivem com menos de US$ 1,25 por dia;
  • 1,75 bilhão de pessoas vivem em situação de pobreza multidimensional, conceito elástico que abarca privações nas áreas da saúde, oportunidades econômicas, educação e padrões de vida;
  • 925 milhões sofrem de fome crônica;
  • 2,6 bilhões de pessoas não têm acesso a condições decentes de saneamento e 884 milhões de pessoas não têm acesso à água potável;
  • 828 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento vivem em favelas, sem infraestruturas básicas ou inadequadas, tais como estradas, abastecimento de água encanada e eletricidade ou esgotos;
  • 796 milhões de adultos são analfabetos;
  • 8,8 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade morrem anualmente devido a problemas de saúde evitáveis;
  • Cerca de 75% da população não está coberta por sistemas de seguridade social adequados;
  • 150 milhões de pessoas sofrem anualmente catástrofes financeiras e 100 milhões são empurradas para níveis abaixo da linha de pobreza, quando obrigadas a pagar pelos serviços de saúde.
Paulo de Tarso não condena nem demoniza o dinheiro 
Vale acrescentar ainda que, de acordo com os dados do Ministério do Trabalho & Emprego, foram resgatados 41.451 trabalhadores no Brasil entre 1995 e 2011 encontrados em situação análoga à de escravo. Pior ainda: persistem os sinais convincentes de que tal abominação ainda esteja presente no território nacional. Subjacente a grande parte dos males acima descritos, está o notório e excessivo apego ao dinheiro como forma veemente de manifestação egoística. Prova dificílima para o Espírito que, se não bem aproveitada, pode levá-lo ao abismo. Por isso, Paulo de Tarso com acerto asseverou: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (I Timóteo, 6: 10).
Notem que Paulo não condena, abomina ou demoniza o dinheiro. Como pessoa inteligente, ele certamente sabia da importância desse elemento material para o adequado funcionamento das sociedades humanas. Ainda hoje precisamos ardentemente do       papel-moeda para o nosso sustento, preservação e equilíbrio econômico mundial. De fato, estamos ainda muito longe de vivermos numa economia baseada, por exemplo, no bônus-hora. Mas é previsível que à medida que avançarmos nas coisas do espírito, menos relevância o dinheiro terá em nossas vidas.
Tecendo outras relevantes considerações, o Espírito Emmanuel, na obra Caminho, Verdade e Vida (psicografia de Francisco C. Xavier), enfatiza, por sua vez, que o dinheiro que conquistamos pelos caminhos retos, abençoado pela claridade divina, é um amigo que nos busca a orientação sadia e a utilização humanitária. Mas o sábio mentor adverte igualmente: “Responderás a Deus pelas diretrizes que lhe deres e ai de ti se materializas essa força benéfica no sombrio edifício da iniquidade”.
Desse modo, possuir o dinheiro, em si, não é algo negativo; no entanto, as finalidades para as quais o direcionamos impactarão fortemente o nosso futuro. Por isso, o Espírito Emmanuel, em O Evangelho segundo o Espiritismo, observa que: “O egoísmo, chaga da humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem [...]”. Afinal, a maioria de nós traz em si, de maneira muito nítida ainda, essa nódoa. O próprio estilo de vida que adotamos – consumista e eminentemente voltado para a aquisição e o acúmulo de bens materiais em detrimento dos bens espirituais (virtudes) – favorece, como abordamos antes, o comportamento egoístico. 
Há pessoas incapazes de sacrificar-se pelo próximo 
Emmanuel esclarece a necessidade de “[...] Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens”. Emmanuel conclui o seu elevado pensamento externando o seguinte: “É... por essa lepra que se deve atribuir o fato de não haver ainda o cristianismo desempenhado por completo a sua missão [...]”. Desafortunadamente, continuamos a não entender que devemos nos empenhar para gerar bem-estar para todos e não apenas para alguns grupos.
Por fim, ele nos conclama a expulsarmos o egoísmo da Terra para que ela possa ascender na hierarquia dos mundos. Mas a condição sine qua non para que tal objetivo seja alcançado é expulsarmos esse sentimento pernicioso de nossos corações. Depreende-se, assim, que este é o único caminho para alcançarmos a maturidade espiritual.
O Espírito Irmão José, na obra Vigiai e Orai (psicografia de Carlos A. Bacelli), aborda outros aspectos inerentes ao sentimento de egoísmo que merecem igualmente reflexão de todos nós. Segundo esse sábio mentor, “Existem pessoas que não são capazes de sacrificar-se por ninguém”. De fato, é imperioso reconhecer que, às vezes, tais pessoas estão sob o nosso teto na condição de filho(a), marido ou esposa, ou até mesmo como mãe ou pai espalhando energias malsãs. “Não são capazes de deixar de ir a uma festa, para atender um amigo”, pondera o citado mentor. Seguindo essa linha de raciocínio, diríamos que as pessoas portadoras de tal perfil raramente saem da sua zona de conforto e, quando o fazem, estão claramente imbuídas de mau humor ou de interesse pessoal. Aliás, é altamente desagradável constatar que muitos pacientes internados em hospitais com doenças graves ficam sem visitas ou aguardam até um ano pela passagem de parentes.
Irmão José observa ainda que essas pessoas são incapazes de renunciar aos seus interesses (geralmente mesquinhos e egocêntricos), de rever uma posição, de algo compartilhar e até mesmo de considerar o outro como extensão delas próprias. Por terem a mente obnubilada não conseguem vislumbrar a obrigação moral de que devemos fazer aos outros o que, fundamentalmente, desejamos para nós próprios.
De maneira geral, o egoísmo pode ser considerado como um vício. É o vício de olhar só para si, para os próprios interesses pessoais; essencialmente, é a atitude viciosa de se importar apenas consigo mesmo e ninguém mais. A propósito, vemos na atualidade jovens viciados roubando coisas de valor de seus próprios lares – agindo egoisticamente por causa da drogadição – sem se importar com a dor e decepção que geram e nem com as consequências das suas loucuras. 
A prática do bem é essencial à nossa sanidade mental 
A análise do egoísmo também comporta uma faceta coletiva. As onipresentes greves de funcionários das companhias de Metrô, ônibus, trens, hospitais e segurança públicas são alguns exemplos insofismáveis da indiferença humana. Explorando um pouco mais os pensamentos do Irmão José, ele afirma que os egoístas são os primeiros “a se valerem da generosidade alheia”. Mais ainda: “Transvestem-se de humildade, mas se rebelam quando não são atendidos de imediato”. Paradoxalmente, “Esperam dos outros o que nunca deram a ninguém”. Desse modo, esclarece com muita propriedade o Espírito Chico Xavier que só através do nosso contato com a dor dos semelhantes para não sucumbirmos às nossas insanas crises narcisísticas.  E arremata, por fim, que: “A prática do bem aos semelhantes é essencial à nossa sanidade mental”.
Cremos que vale relembrar uma passagem contida na obra Dias Venturosos do Espírito Amélia Rodrigues (psicografia de Divaldo P. Franco) que traz o pensamento do próprio Cristo acerca de tão complexo assunto. Os ensinamentos são magnificamente claros e atualizados dado que o egoísmo é endêmico. Buscaremos apresentar um pequeno resumo da lição e recomendamos ao leitor interessado em colher mais informações que as busque na luminosa obra. Posto isto, lembra a mentora do além-túmulo que naquele dia – aliás, como sempre acontecia – o sermão do mestre havia atraído imensa multidão e a “Sua mensagem carregada de ternura e de esperança convidava essencialmente os ouvintes à transformação moral”.
Os pedidos de socorro eram inúmeros e os pedintes não demonstravam atenção para o visível cansaço e desgaste do Mestre inesquecível. Aliás, Amélia Rodrigues observa com precisão que “Na sua cegueira e desconcerto moral, as criaturas nunca veem as dores dos outros, suas dificuldades e problemas, diante dos próprios desafios”. Infelizmente, tal quadro não foi dissipado haja vista que os centros espíritas recebem enorme quantidade de pessoas nesse estado d’alma. E acrescenta ainda ela: “A ânsia de os solucionar torna-as indiferentes aos testemunhos silenciosos e afligentes que vergastam aqueles a quem recorrem, sem a menor consideração”.
Jesus, no entanto, atendera a todos com atenção e compaixão “até o momento em que Simão Pedro o resgatou da massa informe e insaciável”. Decorrido um intervalo para descanso e alimentação, na habitual reunião noturna de estudos, Simão, sob o efeito de um desagradável encontro que tivera com antigo desafeto que outrora o caluniara, e sentindo-se ainda magoado e ressentido, indagou-lhe – motivado por sincero desejo de aprender – como proceder diante dos que nos prejudicam e perturbam...  
O egoísmo é responsável por males incontáveis 
Jesus, solícito, respondeu-lhe com bondade: “Simão, os verdadeiros adversários do homem não se encontram fora dele, porém em seu mundo íntimo, perseguindo e inquietando-o sem termo [...]”.
Buscando obter mais esclarecimentos, perguntou-lhe ainda Simão quais eram os inimigos íntimos que carregamos dentro de nós. O Mestre foi extremamente didático ao explicar que: “Há três inimigos ferozes no imo do ser humano, que respondem por todas as misérias que assolam a sociedade, dilacerando os tecidos sutis da alma. Trata-se do egoísmo, do orgulho e da ignorância”. Tal diagnóstico ainda prevalece, pois vemos as terríveis consequências desses elementos produzindo sofrimento e aflição diariamente.
Continuando os seus ensinamentos, Jesus aduziu o seguinte:
“O egoísmo é algoz impiedoso, que junge a sua vítima ao eito da escravidão, tornando-a infeliz.
Graças a ele predominam os preconceitos sociais, as dificuldades econômicas, os problemas de relacionamento humano... Qual uma moléstia devoradora, se instala nos sentimentos e os estrangula com a força da própria loucura.
O egoísmo é responsável por males incontáveis que devastam a humanidade. O egoísta somente pensa em si, a nada nem a ninguém respeita na sanha de amealhar exclusivamente em benefício próprio, a tudo quanto ambiciona. Faz-se avaro e perverso, porque transita insensível às necessidades alheias.
Por sua vez, o orgulho é tóxico que cega e destrói os valores morais do indivíduo, levando-o a desconsiderar as demais criaturas que o cercam. Acreditando-se excepcional e portador de valores que pensa possuir subestima tudo para sobressair onde se encontra, exibindo a fragilidade moral e as distonias nervosas de que se torna vítima indefesa.
A ignorância igualmente escraviza e torna o ser déspota, indiferente a tudo quanto não lhe diz respeito diretamente, esquecido de que todas as pessoas são membros importantes e interdependentes do organismo social”. 
Ao egoísmo se deve sobrepor a solidariedade  
Pedro desejando aprender mais perguntou ao Messias como extirpar tais males da alma e quais antídotos poderiam ser usados para eliminá-los. E Jesus ofereceu-lhe a seguinte sublime orientação:
“Ao egoísmo se deve sobrepor a solidariedade, que abre os braços à gentileza e ao altruísmo.
O coração generoso é rico de dádivas. Quanto mais as reparte, mais possui, porque se multiplicam com celeridade.
A solidariedade anula a solidão e amplia o círculo de auxílios mútuos, dignificando o ser que se eleva emocionalmente, engrandecendo a vida e a humanidade.
O orgulho cede ante a humildade, que dimensiona a pessoa com a medida exata, descobrindo-lhe o significado, a sua realidade [...].
Sem a humildade o homem se rebela, porque não reconhece a fraqueza que lhe é peculiar, nem se dá conta, conscientemente, de que logo mais será desatrelado do carro orgânico, nivelando-se a todos os demais no vaso sepulcral...
À ignorância facultam-se o conhecimento e o dileto filho do sentimento maior, que é hálito do Pai vivificando tudo e todos, origem e finalidade do Universo: o amor!
[...]
A vitória real é sempre sobre si mesmo, nas províncias da alma.
O perdão às ofensas, o respeito ao direito alheio, a beneficência e a bondade são os filhos diletos do amor-conhecimento que voa em luz com asas de caridade, tornando o mundo melhor e todos os seres felizes”.
Após as profundas elucidações, Jesus silenciou. Em seguida, pôs-se a caminhar, enquanto os demais companheiros caíam em profunda meditação. Portanto, nós espíritas deveríamos nos considerar imensamente felizes por dispor de obras como aquela acima referenciada que traz esclarecimentos e informações da fonte mais pura. Concluindo, o egoísmo só será superado quando o indivíduo buscar entender a sua realidade eminentemente espiritual. O nosso modesto conselho é para que busquemos extirpar esse mal que carregamos em nós de eras incontáveis para nos credenciarmos à felicidade eterna. 
 
Bibliografia: 
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Baccelli, C.A. (Pelo Espírito Francisco Cândido Xavier). O Espírito de Chico Xavier. 2ª edição. Uberaba: Liv. Espírita Edições “Pedro e Paulo”, 2004, p. 29, 122-123.
Franco, Divaldo P. (Pelo Espírito Amélia Rodrigues). (2009). Dias venturosos. 3ª edição. Salvador, BA: Livraria Espírita Alvorada Editora, Cap. 15, p. 91-96.
Kardec, A. O Evangelho segundo o Espiritismo.  79ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1980, Cap. XI, p. 197-198.
Kardec, A. O  Livro dos Espíritos. 58ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1983, p. 422.
Leite, F. Famílias “esquecem” idosos em hospitais. Folha de São Paulo, São Paulo, 30 abr. 2006. Folha Cotidiano, p. C1.  
Ministério do Trabalho e Emprego. Trabalho Escravo no Brasil em Retrospectiva: Referências para estudos e pesquisas. p. 7, janeiro 2012.
Disponível em: http://portal.mte.gov.br
Acesso em 8 mai 2012.
Organização Internacional do Trabalho, (2011). Piso de Proteção Social para uma Globalização Equitativa e Inclusiva. Quadro 1 - A extensão do desafio social global, p. 22.
Disponível em: http://www.oit.org.br
Acessado em 28 mar 2012.
Xavier, F.C. (Pelo Espírito Emmanuel). Caminho, verdade e vida. 7ª edição. Rio de Janeiro: FEB, 1978, Cap. 57, p. 129-130.

Fonte: Revista eletrônica O Consolador