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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Evangelho em casa por Memei

quinta   reunião
Meimei
 
      
          No horário habitual do terceiro domingo de maio, Dona Zilda estava a postos na preparação do ambiente.
         Sobre a toalha, muito branca, que dava um tom de tranqüilidade e alegria ao aposento, achavam-se os livros e o jarro com água pura.
         Veloso e os filhinhos, juntamente de Marta, deram entrada no recinto.
         O grupo conversava, afetuosamente, mas o relógio lembrou-lhes a obrigação em pauta, badalando as seis da tarde.
 
PRECE INICIAL
 
         O mentor do conjunto orou, reverentemente:
 
         -Senhor Jesus; deste-nos vida dinâmica, para que seja naturalmente vivida. Movimenta-se nosso corpo, o tempo avança e a evolução caminha.
         Ajuda-nos, Senhor, para que a nossa fé também ande, a expressar-se em ação permanente no bem.
         A ti, Excelso Benfeitor, que traduziste confiança no Pai, em amor aos semelhantes, encomendamos a nossa aspiração de servir. Assim seja.
 
LEITURA
 
         Efetuada a oração de início, Veloso entregou o Novo Testamento às mãos de Marta, que o abriu, cuidadosamente, devolvendo-o ao orientador, que se deteve, conforme de hábito, no exame dos textos, passando a ler o versículo 12, do capítulo 15, nas Anotações do Apóstolo João: “O meu mandamento é este – que vos ameis uns aos outros, assim como vos amei”.
         Completando-se a preparação do comentário, Cláudio foi indicado para consultar a lição de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
         Aberto o volume e entregue a Dona Zilda, por recomendação de Veloso, a mãezinha, satisfeita, leu comovente a mensagem de Vicente de Paulo, em torno da caridade, inserta no capítulo XIII, entre as “Instruções dos Espíritos”.
 
COMENTÁRIO
 
         Finda a leitura, o orientador falou com segurança:
         -temos hoje um dos mais belos temas do Cristianismo – a caridade. Tão belo que Allan Kardec o inscreveu por senha no portal de seus princípios; “Fora da Caridade não há salvação”.
         É que a caridade é o próprio amor que o Mestre nos legou.
         E o amor do Cristo é luz que se estende a todos.
         Não apenas devoção afetiva aos que nos comungam a experiência do lar, mas devotamente fraternal a todas as criaturas.
         Seja onde for que surja a necessidade, os prestações de serviço são nossos simples deveres.
         A provação dos outros vale para nós como escola bendita, em que aprendamos igualmente a sofrer.
         Educandários diversos são mantidos para que adquiramos determinados conhecimentos.
         A química e a física, o idioma e a história pedem professores especiais.
         A experiência do cérebro exige a formação de vastos programas de ensino.
         O coração, ou melhor, o sentimento reclama o serviço do bem para instruir-me. E nenhuma instrutora mais eficiente que a caridade para infundirmos entendimento.
         A mão que se alonga para pedir-nos o necessário é uma oportunidade para que exerçamos o bem, mas constitui igualmente silenciosa acusação contra o egoísmo, na retenção do supérfluo.
         Contemplando infelizes crianças que não dispõem do agasalho e do pão com que se mantenham, somos espontaneamente forçados a situar-nos em lugar deles.
         A falta de trabalho remunerado, a moléstia insidiosa, a dificuldade maior em família e o fogão sem lume podem ser amanhã infortúnio igualmente nosso. Em razão disso, pelo menos ceder o que nos sobra, a benefício daqueles que carecem do essencial, é tarefa que se nos impõe à consciência.
         Entretanto, não é somente nos atos exteriores que a virtude sublime transparece para a edificação moral da Humanidade.
         A caridade é também atitude do coração nos menores gestos.
         Quantas vezes perdemos o governo de nós próprios, confiando-nos à irritação e à discórdia!...
         Nesses instantes, ficamos sempre entregues à compaixão dos que nos observam.
         Reparando nossos erros e identificando a necessidade de sermos perdoados, sentimos de perto como se faz imperioso o culto incessante da caridade em nossas relações uns com os outros.
         Olvidar as ofensas de que sejamos vítimas, não somente com os lábios, mas com todo o nosso coração, reconhecendo que poderíamos ter sido os ofensores, é manifestação de amor puro.
         Calar as imperfeições alheias entendendo que possuímos também as nossas, é ajudar nas situações mais difíceis, ainda mesmo despertando a calúnia contra nós, é começar a viver a fraternidade sem mácula.
         Quantas pessoas desejariam ter sido retas e nobres!
         Quantas rogam a Deus forças para que saiam do campo de sombra em que aprisionam por falta de vigilância!...
         Muitas delas estimariam pronunciar as palavras mais afáveis e mais doces, entretanto, o sentimento mal conduzido indu-las a falar, desajeitadamente.
         Se o papai chega do serviço, mostrando fatigado, é indispensável saibamos entender-lhe a necessidade de repouso, cessando o falatório ou o barulho. Se a refeição não apresenta os pratos de nossa preferência, se o café não nos satisfaz, é preciso aprender a sorrir, esquecendo os nossos caprichos e agradecendo às mãos que no-los preparam.
         Lina – (Fitando brejeiramente o irmão) – Ainda contem, quando o gatinho vomitou na sala, Cláudio agastou-se com Marta para tardar na limpeza, gritando palavras feias...
         CLÁUDIO – Ora essa! Eu queria o asseio...
         LINA – Mas, se Cláudio fosse caridoso, não precisava ter reclamado o serviço de Marta, não é mãezinha?
         D. ZILDA – O serviço em casa é de todos.
         VELOSO – Diga, pois, minha filha, que, se exercermos a caridade mútua, não reclamaremos de ninguém esse ou aquele trabalho. Se você viu a necessidade de higiene na sala, e ficou a esperar por Marta, a sua atitude não foi recomendável. Afirma você que Cláudio foi indelicado, mas, você, que via o quadro de serviço, poderia também ter sido caridosa com Marta, diminuindo-lhe a carga de trabalho, e para com Cláudio, ensinando-o como se deve agir.
         MARTA – (Sorrindo); – Reconheço-me culpada; entretanto, estava preparando bolos na cozinha, e o azeite a ferver não me deixava arredar o pé.
         D. ZILDA – Marta, você não precisa justificar-se.
         VELOSO – (Sorridente); – Não nos achamos num tribunal. Salientamos, apenas, o impositivo de sermos indulgentes, porquanto a caridade deve comparecer em tudo...
         CLÁUDIO – E quando Evandro e João, os meninos da vizinha, me atiram pedras?
         VELOSO – Meu filho, antes de qualquer reação, é imprescindível examine você a própria consciência, verificando se não existe alguma ofensa de sua parte a eles. Não se lembra de havê-los aborrecido? Responda sinceramente.
         CLÁUDIO – (Hesitante); – Bem, acheio-os tão miúdos e tão magros que lhes chamei, na escola, de “magricelas”.
         VELOSO – Alegro-me ao saber que você está falando a verdade, porque eu mesmo, há tempo, sem que me percebessem, observei que você os injuriava, de nossa janela. É muito raro, meu filho, haja persistência nesse ou naquele insulto, quando não o alimentamos, porquanto, se somos desconsiderados e perdoamos com toda a alma, a onda de crueldade ou de sombra não encontra combustível, acaba por si mesma.
         CLÁUDIO – Papai, e se eu não os tivesse ofendido e eles me apedrejassem mesmo assim?
         VELOSO – Nossa obrigação, meu filho, seria fazer silêncio e orar por eles, evitando qualquer ocasião de agravar o conflito. Pela oração, a bondade de Deis nos daria oportunidade de mostrar-lhes o nosso apreço.
         MARTA – Senhor Veloso, peço licença para contar aqui uma experiência sobre a oração. Nós temos uma vizinha. Dona Mercedes, que não conseguiu simpatizar comigo, desde a minha vinda para cá. Certa noite ouvi o senhor dizer a Dona Zilda que é caridade orar por aqueles que não nos estimam, a fim de que se faça harmonia entre eles e nós. Desde então, e isso faz muito tempo, comecei a lembrar-me de Dona Mercedes em minhas orações, rogando a Deus para que ela me perdoasse pela antipatia gratuita que eu lhe causava. Na ter-feira da semana passada, ela dirigiu-se a mim, perguntando se eu poderia auxilia-la na confecção do bolo de aniversário do Raulzinho, seu filho caçula. Muito contente, aceitei o convite e, com permissão de Dona Zilda, fui para a casa dela, durante a noite, e consegui armar o bolo e adorna-lo. Confesso ao senhor que fiz tudo com muita alegria e com muito carinho. Quando Dona Mercedes chegou à copa e notou o meu pequeno trabalho, ficou muito feliz e abraçou-me pela primeira vez. Desde esse dia, ela me cumprimenta, fitando-me nos olhos com muita bondade e, com grande surpresa para mim, deu-me uma linda colcha usada para minha cama.
         VELOSO – É uma experiência admirável, Marta. A oração dispõe e a caridade realiza. Como reconhecemos, é imprescindível cultivar a caridade com tudo, tudo...
         CLÁUDIO – Papai, o senhor disse “caridade para com tudo...” Como terei caridade para com uma xícara ou para com uma cadeira?
         VELOSO – Como não? Uma xícara ou uma cadeira manobradas com maldade pode fazer alvoroço e alvoroço em casa pode provocar enfermidade ou perturbação. A xícara serve-nos à mesa e deve ser lavada com cuidado. A cadeira serve-nos ao descanso e merece respeito.
         D. ZILDA – Meus filhos, o lar é a nossa primeira escola. Sem aprendermos aqui as lições da bondade, a se expressarem na paciência e na tolerância, no carinho e no entendimento que devemos aos que nos cercam, em vão ensinaremos, fora de nossa casa, qualquer virtude aos outros.
         VELOSO – E a todos nos cabe render graças a Deus por saber que é assim.
 
NOTA SEMANAL
 
            Veloso notificou que relataria um episódio edificante, sob o tema estudado, episódio esse que intitularia:
 
A BENFEITORA OCULTA
 
         Em grande cidade brasileira, Dona Rita Amaral, pobre viúva, mãe de dois meninos paralíticos, lavava roupa, a fim de ganhar o pão.
         Humilde e resignada, seu maior consolo era ouvir as lições do Evangelho, numa grande instituição espírita, responsável por vários serviços diários.
         Numa noite em que a abnegada irmã falara expressivamente quanto à assistência social, com alicerces na caridade pura, Dona Rita pediu avistar-se em particular com o diretor da organização.
         Conversaram ambos, longamente.
         Decorridos alguns dias, algo aconteceu no templo, chamando a atenção de todos.
         Os vasos sanitários daquela casa de socorro espiritual amanheciam brilhando.
         Todos os freqüentadores e visitantes se admiravam da limpeza sistemática e singular dos aludidos departamentos, o que perdurou por dezenove anos consecutivos, até que Dona Rita desencarnou.
         Foi então que o presidente do instituto, ao recordar0lhe a figura correta e simples, revelou que fora ela a benfeitora oculta da casa, efetuando-lhe as tarefas de higienização, sem qualquer pagamento, durante quase quatro lustros.
         Não lhe sendo possível colaborar com dinheiro, nas obras assistenciais da agremiação, oferecera-se para o asseio diário do edifício e, porque lhe não era possível comparecer durante o dia ao trabalho, à face dos deveres de mãe para com os filhinhos algemados ao catre, vinha, pontualmente, pela madrugada, atender ao serviço.
         O exemplo comoveu a todos e, ainda hoje, nos infunde a maior impressão.
 
ENCERRAMENTO
 
         Ante a quietude da pequena assembléia familiar, Veloso tomou a palavra e formulou a prece de encerramento:
 
         -Senhor Jesus; desejamos aprender a servir.
         Nos ensinam, Mestre, a procurar-te a presença divina no serviço de todos os dias! Entregamos-te, assim, as nossas vidas com os nossos sentimentos e idéias, com as nossas mãos e com as nossas possibilidades, rogando disponhas de nós, segundo a tua vontade. Assim seja.
 
*
         Logo após, Dona Zilda distribuiu a água fluidificada, entendendo-se com o pequeno grupo que conversava sobre a beleza das lições de Jesus.
         Lá fora, o céu noturno, resplendente de estrelas, parecia expressar à Humanidade um convite à paz e à ascensão, destacando-se entre as constelações o Cruzeiro do Sul no seu elevado simbolismo de libertação.
 
 
Da Obra “EVANGELHO EM CASA” – Espírito: MEIMEI –
Médium: FFRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

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