Disse-nos Jesus
"O Reino de Deus está dentro de vós".
Que interpretação devemos dar à semelhante
afirmativa? Se o Reino de Deus está dentro de nós, por que as práticas
religiosas para encontrá-Lo? perguntam-nos muitos amigos.
As práticas religiosas respeitáveis são sempre
valioso trabalho para que venhamos a desentranhá-lo das sombras que
conhecemos sob os nomes de "vaidade", "orgulho", "crueldade", "ódio",
"indiferença", "egoísmo", "indisciplina" e "inconformação" - sombras que
nos envolvem o sentimento, ao modo do cascalho que encerra o diamante.
Comparemos os prenúncios do Reino de Deus em nós com a alvorada de cada dia.
O Sol que nos sustenta não aparece de jato no
firmamento. Na escuridão das primeiras fases da madrugada começam a
surgir aberturas róseas de luz, aqui e ali, quando não estejam sob o
peso de nuvens que lhes ocultam temporariamente a beleza.
O processo de liquidação das trevas é sutil e vagaroso.
Os núcleos luminosos, somente a pouco e pouco,
aumentam em brilho e número, até que as sombras, necessariamente
extintas, abandonem os Céus, para que o Sol resplandeça e alimente todas
as vidas que evoluem na Terra.
Assim também nós, sob a carapaça das importações e
defeitos, adquiridos em múltiplas estâncias de trabalho e experiência,
com o esforço de auto-aperfeiçoamento que as revelações religiosas nos
oferecem, vamos criando forças de libertação com as quais surgem os
primeiros clarões de vida nova, em meio das sombras que ainda se nos
adensam no campo íntimo, em forma de faltas e desacertos porque,
atravessando dificuldades numerosas, vamos, assim, multiplicando os
valores espirituais em nós mesmos, rejubilando-nos com os pontos de luz
interna que vamos adquirindo, até que os nossos nevoeiros se disfarçam e
possamos usufruir as irradiações do Reino de Deus, em nós próprios,
identificando-nos com a Imortalidade em plena luz.
Emmanuel
(Uberaba, 15 de março de 1988)
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