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quinta-feira, 22 de julho de 2021

O DESERTO E NÓS







                         
[...]Estamos no deserto de nós mesmos em múltiplas e diferentes ocasiões: nos testemunhos das doenças prolongadas, com árduos tratamentos; nas experiências íntimas e dolorosas  das decepções, deserções e traições; nos momentos intransferíveis das escolhas decisivas; nas ações solitárias da consciência iluminada na direção do Bem em seu caleidoscópio de possibilidades; na vivência da saudade do magnetismo e presença dos entes queridos que nos antecederam na grande viagem; na solidão das tarefas iluminativas e reparadoras; nas aspirações sublimes de plenitude[...]Uma verdade, porém, é incontestável: temos que entrar no deserto de nós mesmos, com coragem e decisão, para nele encontrarmos as lições que nos conduzirão aos caminhos seguros ...
Fragmento de texto 




O DESERTO E NÓS


Quando ouvimos falar na Terra Santa prometida pelo Senhor, somos conduzidos pela imaginação a pensar numa terra extremamente bela, rica e fértil.
Equívoco!
A Terra Prometida tem sim, algumas belezas, riquezas e fertilidade, mas possui também um imenso deserto. Quais os sentidos dessa estranha presença?
Que lições podemos encontrar no deserto?

Na chamada Terra Santa ,o deserto é uma característica determinante na vida e na cultura dos povos que a habitam, apresentando-se ao leste de qualquer grande cidade: Jerusalém, Belém, Hebron, dentre outras. Mas é um deserto diferente: nada de imensas dunas de areias mas incontáveis montanhas marrons, cascalhos de erosão, cânions e vales, calor, serpentes, escorpiões, perigos e mortes e, claro, alguns oásis nos seus milhares de quilômetros.

A tradição judaico-cristã está marcada pela presença do deserto e suas lições. Abraão, Jacó, Moisés e o povo que conduzia, Davi, Elias, João Batista, Jesus e os discípulos, Paulo viveram experiências no deserto em ocasiões e sentidos diferentes.

Que sentidos podem apresentar essas experiências no deserto? Fé e obediência para Abraão, por exemplo; desafio e formação para Moisés e seu povo; abrigo para Jacó, Davi e Elias; cenário de meditação e ensino para João Batista e Jesus; disciplina e educação para Paulo.

O homem que descia de Jerusalém para Jericó, na parábola narrada por Jesus, o fazia por um caminho pelo deserto, o que torna a ação compassiva, socorrista e fraternal do samaritano ainda mais extraordinária, pois atender o agredido pelos bandidos implicava em colocar sua própria vida em risco.

Jesus e os discípulos se dirigiam frequentemente ao deserto para recolhimento e oração.

Curiosamente, nos relatos bíblicos, Deus aprecia falar no deserto e o fez com Abraão, Moisés, Elias. Isso nos faz pensar que o deserto é uma experiência de escuta e de autoescuta.

Foi no deserto de Dan, em companhia do casal Áquila e Prisca, que Paulo realizou um profundo processo de autoeducação: autoconhecimento, autoavaliação, meditação, disciplinas morais, privações, lutas internas, convívio fraternal, trabalho, mudança de paradigmas. Para o Apóstolo dos Gentios, o deserto foi uma experiência formativa para seu novo caráter que, a partir de então, passa a ter Jesus e o Evangelho como padrão de conduta.

E nossa experiência desértica? Podemos ou a temos de fato? Não precisaremos exatamente do deserto físico, material, mas da experiência do autoencontro e da autoescuta, da solidão no deserto de nós mesmos.

Estamos no deserto de nós mesmos em múltiplas e diferentes ocasiões: nos testemunhos das doenças prolongadas, com árduos tratamentos; nas experiências íntimas e dolorosas  das decepções, deserções e traições; nos momentos intransferíveis das escolhas decisivas; nas ações solitárias da consciência iluminada na direção do Bem em seu caleidoscópio de possibilidades; na vivência da saudade do magnetismo e presença dos entes queridos que nos antecederam na grande viagem; na solidão das tarefas iluminativas e reparadoras; nas aspirações sublimes de plenitude.

A multiplicação dos pães e peixes, que alimentou milhares de pessoas, ocorreu no deserto para onde as multidões seguiam a fim de ouvir o Senhor e dEle receber as bênçãos e curas.

Façamos o mesmo! Sigamos para nosso deserto agora em busca do Seu alimento, Sua bênção de curas das nossas dificuldades e temores internos, Seus ensinos libertadores.

Ao estar no deserto, enfim, podemos nos revoltar ou nos redimir, nos entregar aos seus perigos e suas consequências ou nos fortalecer no enfrentamento positivo dos desafios da Vida. Uma verdade, porém, é incontestável: temos que entrar no deserto de nós mesmos, com coragem e decisão, para nele encontrarmos as lições que nos conduzirão aos caminhos seguros nos labirintos da existência, ao autoencontro da harmonia conosco, com o próximo, com Deus e com a Natureza.


 Por Sandra Borba Pereira (RN)/  dezembro/2014 

terça-feira, 20 de julho de 2021

SER BOM " A criatura bondosa domina a arte da sinceridade ,pois, acima de tudo, é fiel consigo mesma."

 É preciso convir, també, que o orgulho ,frequentemente , estimulado no médium por aqueles que o cercam. Se tem faculdades um pouco além do comum, é procurado e elogiado, julgando-se indispensável, e logo toma  ares de importância e desdém, quando presta o seu concurso”.

(2ª Parte - cap. XX, ITEM 228.)





Ser bom é olhar as coisas e as pessoas com “os olhos do amor”. A criatura que aprendeu a ver tudo com bons olhos consegue perceber que todas as ocorrências da vida estão caminhando para uma renovação enriquecedora. No universo nada acontece que não tenha uma finalidade útil e providencial.


 As grandes dificuldades não significam castigos ou punições ,mas caminhos preparatórios para se alcançar dentro em breve um bem maior. 


O  bondoso é sustentado por sua auto-confiança e estimulado por um impulso forte e desinibido a fim de concretizar ou construir ações altruístas. Possui uma aura de vitalidade que reúne uma preciosa e rara combinação de ternura e destemor.


 A criatura bondosa domina a arte da sinceridade ,pois, acima de tudo, é fiel consigo mesma. Por ter desenvolvido uma natureza benevolente, tem aspecto jovial e sociável, demonstra carinho pelas crianças,aprecia a fauna e a flora, enfim gosta das coisas da Natureza. Em sua relação com os outros, é uma boa ouvinte, sempre disposta quando pode ser útil, solidária e cordial.


 Há uma diferença entre bondade e desatenção às necessidades pessoais. Ser bom não é ter uma vida associada à autonegação ou autonegligência, nem mesmo ajustar-se obsessivamente às exigências e necessidades dos outros. Acima de tudo, o bondoso conhece e defende os próprios direitos, ou seja, sabe cuidar de si mesmo.


 Entretanto, cuidar de si não quer dizer eu antes de tudo, mas com certeza significa eu também. A expressão “cuidar de si” não deriva do egoísmo ou do orgulho, mas traduz o dever de amar a criatura que temos responsabilidade de  amparar - nós mesmos.


 "É preciso convir, também que o orgulho, frequentemente, é estimulado no médium por aqueles que o cercam


Uma das características marcantes de nossa sociedade é fazer constantes solicitações e exigências às outras pessoas. Um indivíduo que aprendeu a ver com os” bons olhos do Amor'' tem a habilidade de não se deixar “estimular orgulhosamente” pelas pessoas que o rodeiam, porque aprendeu amar ou desempenhar sua tarefa na terra sem expectativas alheias.


 A incapacidade de dizer “não posso”, “não concordo”, “não sei”, “não quero” acarreta ao ser humano a perda do controle da própria vida. Isso, no entanto, não significa que deva dizer “não” a tudo, mas ter o direito de responder com franqueza quando lhe perguntam se gosta ou não de alguma coisa ;em outras palavras, deixar o outro saber como ele sente e pensa. Declarar de forma positiva e direta seus valores e propósitos é preservar sua dignidade e auto-respeito.Se uma pessoa não for capaz de pronunciar essas simples palavras “não” quando bem quiser, permitirá que outras pessoas a explorem sem parar, afastando daquilo que realmente pode e quer fazer.


 “Aqueles que nos cercam” pode nos levar a elogios desmedidos. Não se pode confiar confiar nos aplausos.Eles podem ser retirados a qualquer momento, não importa qual tenha sido nosso desempenho passado. A inconstância é um vício peculiar da massa comum.


 
Quando a criatura “crê se indispensável ,  e logo toma ares  de suficiência e de desdém quando presta seu concurso”,  devia  concientizar se de que, com essa atitude, não está ajudando os outros .O orgulhoso se precipita em satisfazer as vontades caprichosas, o bondoso estimula a aprendizagem ,porque sabe que é pelo caminho dos erros e acertos que venham conhecimento e, por consequência para o crescimento espiritual.


Aprender a ser uma pessoa  saudavelmente generosa pode estar ligado a uma longa aventura na área da perseverança. Ser bom não quer dizer que devemos interferir ou ficar preso nos problemas dos outros. Muitos de nós ficamos envolvidos numa generosidade compulsiva - atos de bondade motivados por sentimentos de culpa, obrigação, pena e de suposta superioridade moral.


Disse o Divino Amigo diante da população sofredora:”Tenho compaixão da multidão”.Para adquirir dádiva do conhecimento das virtudes ,é preciso elevar o entendimento e engrandecer o raciocínio com Jesus Cristo.


 Compaixão é um ato de elevada compreensão , em que reina fidelidade consigo mesmo, o auto-respeito , o perdão e a bondade. Ser bom, em sua exata definição, é fazer escolhas ou tomar atitudes com compaixão, lançando mão da própria dignidade e, ao mesmo tempo, promovendo a dignidade alheia. 



Francisco do Espírito Santo Neto

pelo Espírito HAMMED


Livro: A imensidão dos sentidos


segunda-feira, 19 de julho de 2021

ELES VIVERÃO

 

"Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz…Jamais amaldiçoes...A quem pratica o mal, chega o horror do remorso… … Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos.."


ELES VIVERÃO


Onze anos após a crucificação do Mestre, Tiago, o pregador, filho de Zebedeu, foi violentamente arrebatado por esbirros do Sinédrio, em Jerusalém, a fim de responder a processo infamante.


Arrancado ao pouso simples, depois de ordem sumária, ei-lo posto em algemas, sob o Sol causticante.


Avançando ao pé do grande templo, na mesma praça enorme em que Estêvão achara o extremo sacrifício, imensa multidão entrava-lhe a jornada.


Tiago, brando e mudo, padece, escarnecido.


Declaram-no embusteiro, malfeitor e ladrão.


Há quem lhe cuspa no rosto e lhe estraçalhe a veste.


- “A morte! à morte!…”


Centenas de vozes gritam inesperada condenação, e Pedro, que de longe o segue, estarrecido, fita o irmão desditoso, a entregar-se humilhado.


O antigo pescador e aprendiz de Jesus é atado a grande poste e, ali mesmo, sob a alegação de que Herodes lhe decretara a pena, legionários do povo passam-no pela espada, enquanto a turba estranha lhe apedreja os despojos.


Simão chora, sozinho, ao contemplar-lhe os restos, voltando, logo após, para o seu humilde refúgio.


Depois de algumas horas, veio a noite envolvente acalentar-lhe o pranto.


De rústica janela, o condutor da casa inquire o céu imenso, orando com fervor.


Porque a tempestade? porque a infâmia soez? O pobre amigo morto era justo e leal…


Incapaz de banir a ideia de vingança, Pedro lembra os algozes em revolta suprema.


Como desejaria ouvir o Mestre agora!… que diria Jesus do terrível sucesso?!…


Neste instante, levanta os olhos lacrimosos, e observa que o Cristo lhe surge, doce, à frente.


É o mesmo companheiro de semblante divino.


Ajoelha-se Pedro e grita-lhe:


- Senhor! somos todos contados entre os vermes do mundo!… porque tanta miséria a desfazer-se em lama? Nosso nome é pisado e o nosso sangue verte em homicídio impune… A calúnia feroz espia-nos o passo…


E talvez porque o mísero soluçasse de angústia, o Mestre aproximou-se e disse com carinho, a afagar-lhe os cabelos:


- Esqueceste, Simão? Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz…


- Senhor! - retrucou, em lágrimas, o apóstolo abatido - não renego o madeiro, mas clamo contra os maus… Que fazer de Joreb, o falsário infeliz, que mentiu sobre nós, de modo a enriquecer-se? que castigo terá esse inimigo atroz da verdade divina?


E Jesus respondeu, sereno, como outrora:


- Jamais amaldiçoes… Joreb vai viver…


- E Amenab, Senhor? que punição a dele, se armou escuro laço, tramando-nos a perda?


- Esqueçâmo-lo em prece, porque o pobre Amenab vai viver igualmente…


E Joachim ben Mad? não foi ele, talvez, o inspirador do crime? o carrasco sem fé que a todos atraiçoa? Com que horrenda aflição pagará seus delitos?


- Foge de condenar, Joachim vai viver…


- E Amós, o falso Amós, que ganhou por vender-nos?


- Olvidemos Amós, porque Amós vai viver…


- E Herodes, o rei vil, que nos condena à morte, fingindo ignorar que servimos a Deus?


Mas Jesus, sem turvar os olhos generosos, explicou simplesmente:


- Repito-te, outra vez que, quem fere, ante a lei será também ferido… A quem pratica o mal, chega o horror do remorso… E o remorso voraz possui bastante fel para amargar a vida… Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos..


Simão baixou a face banhada de pranto, mas ergueu-a em seguida, para nova indagação…


O Senhor, entretanto, já não mais ali estava. Na laje do chão só havia o silêncio que o luar renascente adornava de luz…


Fonte: Contos Desta e de Outra Vida.
IrmãoX/Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 16 de julho de 2021

OS MAGOS DO ORIENTE:"Tendo sido avisados os poderes terrenos de que o Rei Espiritual da Terra viera iniciar o seu reinado no coração dos homens, a reação das trevas foi de ódio.[...]Durante o progresso do Evangelho, vemos as trevas se insurgirem contra ele em quatro ocasiões"

 CAPÍTULO II

OS MAGOS DO ORIENTE


1 - Tendo pois nascido Jesus em Belém de Judá, em tempo do rei Herodes, eis que vieram do Oriente uns magos a Jerusalém.


2 - Dizendo: Onde está o rei dos judeus, que é nascido? Porque nós vimos no Oriente a sua estrela e viemos a adorá-lo.


3 - E o rei Herodes ouvindo isto se turbou e toda Jerusalém com ele.


4 - E convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, lhes perguntava onde havia de nascer o Cristo.


5 - E eles lhe disseram: Em Belém de Judá; porque assim está escrito pelo profeta:


6 - E tu Belém, terra de Judá, não és a de menos consideração entre as principais de Judá; porque de ti sairá o condutor, que há de comandar o meu povo de Israel.


7 - E então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com todo o cuidado que tempo havia que lhes aparecera a estrela.


8- E enviando-os a Belém, dísse-lhes: Ide e informai-vos bem que menino é esse; e depois que o houverdes achado vinde-me dizer, para eu ir também adorá-lo.


9 - Eles, tendo ouvido as palavras do rei, partiram; e logo a estrela, que tinham visto no Oriente, lhes apareceu, indo adiante deles, até que chegando, parou onde estava o menino.


10 - E quando eles viram a estrela, foi sobremaneira grande o júbilo que sentiram.


11 - E entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se o adoraram; e abrindo os seus cofres lhe fizeram suas ofertas de ouro, incenso e mirra.


12 - E havida resposta em sonhos, que não tornassem a Herodes, voltaram por outro caminho a suas terras.


Segundo nos informa Emmanuel em seu livro, "A Caminho da Luz", as raças adâmicas guardaram a lembrança das promessas do Cristo que, por sua vez, a fortaleceu enviando-lhes periodicamente seus missionários. Os enviados do Infinito falaram na China milenária, da celeste figura do Salvador, muitos séculos antes do advento de Jesus. Os iniciados do Egito o esperavam. Na Pérsia, idealizaram sua trajetória, antevendo-lhe os passos no caminho do porvir. Na lndia védica, era conhecida quase toda a história evangélica, que o sol dos milênios futuros iluminaria na escabrosa Palestina. (Vide Emmanuel, "A Caminho da Luz", págs. 30 e 31, edição de 1941 ).


Os magos eram sacerdotes. Na antiga Pérsia formavam uma corporação que se ocupava do culto religioso e do cultivo da ciência, principalmente da astronomia. O verdadeiro significado da palavra mago é sábio. Eram respeitadíssimos pelo povo e dividiam-se em várias classes, cada uma das quais tinha privilégios e deveres distintos. Levavam uma vida austera, vestiam-se com extrema simplicidade e não comiam carne. É fora de dúvida que terão tomado conhecimento das profecias referentes à vinda do Messias, por meio dos israelitas, quando estes estiveram cativos na Babilônia. Estas profecias, guardadas carinhosamente no recesso dos templos, só eram reveladas aos iniciados nas coisas espirituais. Estudiosos da espiritualidade que eram, não lhes foi difícil compreender o verdadeiro caráter de Jesus e da missão que vinha desempenhar entre os homens, motivo pelo qual o esperavam através das gerações. Cultores da mediunidade que para eles não tinha segredos, são avisados pelos seus mentores espirituais, logo que Jesus se encarna. E comparando o aviso recebido com as profecias que possuíam, não duvidaram em ir prestar suas homenagens ao Messias, há tanto tempo esperado e desejado. A estrela que os guiava era um espírito que se lhes apresentava em forma luminosa.


Qual o objetivo que visavam os mentores espirituais, favorecendo a adoração dos magos?


O objetivo era chamar a atenção do povo hebreu de que o Messias prometido já se tinha encarnado.


Realmente, os magos despertaram a curiosidade do povo de Jerusalém, tanto que Herodes os chamou e os inquiriu sobre os motivos que os tinham trazido à cidade. Certos de que o povo escolhido também sabia da chegada do Cristo, candidamente respondiam que o tinham vindo adorar.


De nada valeu o aviso. Israel não soube perceber o advento do Salvador.


A FUGIDA PARA O EGITO; A MATANÇA DOS INOCENTES


13 - Partidos que eles foram, eis que apareceu um anjo do Senhor em sonhos a José e lhe disse: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e foge para o Egito e fica-te lá até que eu te avise. Porque Herodes tem de buscar o menino para o matar.


14 - E José, levantando-se, tomou de noite o menino e sua mãe e retirou-se para o Egito.


15 - E ali esteve até a morte de Herodes; para se cumprir o que proferira o Senhor pelo profeta que diz: Do Egito chamei a meu filho.


16 - Herodes então, vendo que tinha sido iludido pelos magos, ficou muito irado por isso e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todo o seu termo, que tivessem dois anos e daí para baixo, regulando-se nisto pelo tempo que tinha exatamente averiguado dos magos,


17 - Então se cumpriu o que estava anunciado pelo profeta Jeremias, que diz:


18 - Em Ramá se ouviu um clamor, um choro e um grande lamento; vinha a ser Raquel chorando a seus filhos, sem admitir consolação pela falta deles.


Tendo sido avisados os poderes terrenos de que o Rei Espiritual da Terra viera iniciar o seu reinado no coração dos homens, a reação das trevas foi de ódio.


E deliberaram destruí-la.


A Providência Divina, porém, fez com que o Messias fosse colocado em lugar seguro, enquanto se manifestava o temporário poder das trevas.


Obediente às intuições superiores que recebiam, os magos voltam a seus países, sem se avistarem de novo com os perseguidores do menino.


É decretada a matança dos inocentes. As crianças atingidas por este violento desencarne, eram espíritos em expiação.


Em encarnações passadas muito tinham errado, tornando-se, desse modo, merecedores do castigo pelo qual passaram.


Durante o progresso do Evangelho, vemos as trevas se insurgirem contra ele em quatro ocasiões: A primeira, quando Jesus nasceu. A segunda, quando Jesus foi crucificado. A terceira, quando os Apóstolos se espalharam pelo mundo, levando o Evangelho a todos os povos; então assistimos às perseguições dos cristãos. E a quarta é de nossos dias, quando, com o advento do Espiritismo, o Consolador que viria explicar o que Jesus deixou para mais tarde e reviver-Ihe os preceitos, seus adeptos foram ridicularizados.


A VOLTA DO EGITO


19 - E sendo morto Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José no Egito.


20 - Dizendo: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque são mortos os que buscavam o menino para o matar.


21 - José, levantando-se, tomou o menino e sua mãe e veio para a terra de Israel.


22 - Mas ouvindo que Arquelao reinava na Judéía em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e avisado em sonhos se retirou para as partes da Galiléía.


23 - E veio morar numa cidade que se chama Nazaré; para se cumprir o que fora dito pelos profetas: Que será chamado Nazareno.


Em preservar a vida do menino, defendendo-o de seus perseguidores, devemos admirar a obediência de José, esposo de Maria e pai de Jesus.


Obedecendo às intuições de seus guias espirituais e ao seu anjo da guarda, José rendeu um preito de adoração e de veneração a Deus, nosso Pai.


Se José não tivesse obedecido às inspirações superiores, teria falhado na missão que lhe fora conferida de velar pela infância de Jesus.


Observemos aqui a ação maravilhosa da mediunidade. Os magos, José e Maria, receberam as ordens dos planos superiores por meio da mediunidade que possuíam. Por aí vemos que todo médium que trata amorosamente de sua mediunidade e sabe obedecer às inspirações de seus superiores espirituais, tem, na própria mediunidade, um arrimo seguro para triunfar de suas provas e de suas expiações na Terra.


Eliseu Rigonatti


Livro: O Evangelho dos Humildes

sexta-feira, 9 de julho de 2021

A PLANTA QUE O PAI NÃO PLANTOU "Ela é simbolizada nas vãs tradições, nos ritualismos, nas coisas que destoam da verdade. São os aparatos grotescos do culto exterior, as orações intermináveis e cheias de repetições, o batismo da água, a circuncisão, as superstiçôes, o fanatismo religioso, as várias modalidades de se adorar o Pai, sem que seja pelo único meio recomendado por Jesus: em Espírito e Verdade.

 "Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada." (Mateus, 15:13)


Os acirrados inimigos de Jesus Cristo haviam chamado a sua atenção pelo fato de os seus apóstolos assentarem-se à mesa, sem primeiramente lavar as mãos, alegando que esse ato contrariava os mandamentos da lei de Moisés.


O Mestre, no entanto, retrucou-lhes: Macula o homem apenas o que lhe sai da boca e não o que por ela entra, isto é, o que contamina o homem não é o alimento que ele ingere, mas as palavras maledicentes com seu cortejo de pensamentos negativos e prejudiciais, dos quais o coração está cheio.


Entretanto, a fim de melhor corroborar aquilo que apregoava, acrescentou o Mestre: E por que transgredis vós mandamentos muito mais importantes, dentre eles o que prescreve o honrai o vosso pai e a vossa mãe? Referia-se ele a uma ordenação emanada dos escribas e fariseus, a qual prescrevia que era suficiente que se fizesse uma oferta ao Templo, e dissesse aos pais: É oferta ao Senhor aquilo que poderias aproveitar de mim, para que o ofertante ficasse desobrigado de amparar seus pais.


Logo a seguir, após denominá-los hipócritas, o Senhor asseverou: Bem profetizou de vós Isaías: Este povo honra-me com os lábios, mas mantém longe de mim seus corações. Em vão ensinam doutrinas que são preceitos dos homens.


Nisso vieram os apóstolos a fim de informar que os escribas e fariseus estavam escandalizados com suas palavras, ao que ele retrucou: Toda planta que meu Pai celestial não plantou, será arrancada.


A passagem evangélica aqui abordada é clara na demonstração de que os escribas e fariseus tentaram chamar a atenção do Mestre, pelo fato de os seus discípulos estarem transgredindo uma lei de origem humana, qual seja a de lavar as mãos antes de comer o pão, relegando para um plano secundário um mandamento contido no decálogo, muito mais relevante e de origem divina, recebido no Monte Sinai, e que prescrevia, na forma de lei imutável, que o filho deveria honrar o seu pai e a sua mãe.


Na realidade, esses contrastes são uma constante no mundo.


Muitos homens têm por hábito guardar preceitos humanos, transitórios e infundados, deixando de cumprir ordenações e preceitos evangélicos e divinos, imprescindíveis para se realizar a reforma interior, definida como conquista do Reino dos Céus ou a redenção espiritual, mais comumente chamada salvação.


A planta que o Pai celestial não plantou, deve ser extirpada. Ela é simbolizada nas vãs tradições, nos ritualismos, nas coisas que destoam da verdade. São os aparatos grotescos do culto exterior, as orações intermináveis e cheias de repetições, o batismo da água, a circuncisão, as superstiçôes, o fanatismo religioso, as várias modalidades de se adorar o Pai, sem que seja pelo único meio recomendado por Jesus: em Espírito e Verdade.


Quando a humanidade estiver ciente da sua verdadeira destinação, todas essas plantas serão arrancadas da Terra, porque elas não foram plantadas pelo Pai.


Paulo A. Godoy

sábado, 26 de junho de 2021

AUTO-OBSESSÃO POR MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA





Capítulo doloroso do comportamento humano que passa quase despercebido de grande número de pacientes e médicos, é o que diz respeito à auto-obsessão, fruto espúrio do egoísmo que gera o orgulho e os seus hediondos facínoras, quais o ódio, o ciúme, a inveja, o ressentimento.

Mais assinalado pelas heranças do primarismo que inspirado pelas conquistas da razão, o indivíduo permite-se algum extremo de proc edimento, impondo os próprios caprichos, sem conceder aos outros direitos equivalentes, derrapando na defesa da auto-imagem, considerando-se sempre a pessoa correta e melhores as suas opiniões. Quando isso não ocorre, entrega-se ao desleixo e abandona o esforço de crescimento interior a prejuízo das conquistas ético-morais que o capacitam para o avanço pela senda do progresso.

No primeiro caso, sofre o conflito de perfeccionismo, acreditando ser o indicado para tudo fazer melhor, e, quando assim acontece, levanta queixas e críticas contra os demais elementos do grupo social no qual se movimenta. Assevera que ninguém o entende, que as suas são as melhores intenções e o seu sacrifício em favor de todos não é levado em consideração merecida. Exigente, a todos agride, tornando o verbo amargo e ferino, possuindo as mãos calçadas por luvas de espinhos, e dedo em riste apontando sempre erros imaginários ou reais, que poderiam ser corrigidos mediante o estímulo edificante àqueles que os cometem.

Na segunda vertente, a destruição da imagem atira-o ao fosso do desestímulo e do desrespeito por si mesmo, abandonando a luta antes de enfrentá-la, assim tombando inerme na auto-obsessão, proibindo-se qualquer esforço para mudar de atitudePode-se notar que ambas condutas são profundamente autodestrutivas,trabalhadas pelas fixações pretéritas das existências infelizes de que não se conseguiu libertar.

Ressumando do inconsciente atual através dos delicados mecanismos do perispírito, impõem-se, perturbadoras, tornando-se algozes que infelicitam sem piedade aquele que lhes padeceram as injunções perversas.

O perfeccionista atormenta a todos, porque vive inquieto, desconfiado dos próprios valores, buscando o aplauso exterior, face à insatisfação interna de que se vê objeto. A auto-imagem que tenta apresentar não corresponde à realidade, razão porque, passado o momento das exigências que comprazem ao ego, derrapa em rebeldia contra si mesmo, afligindo-se com remorsos injustificáveis que não ajudam a reeducação, porquanto logo volve aos disparates habituais.

Na fase, porém da auto-recriminação – conduta que é autodestrutiva – amargura- se e desanima ante as atividades que devem ser leva das adiante. Cessados os efeitos momentâneos dessa reflexão perturbadora, reassume apostura inadequada de censor inclemente, sempre disposto a agredir.

Já o desleixado, que se autopuniu mediante o desprezo a que se atirou, guarda interiormente o sentimento de orgulho ferido, agredindo o grupo social através do mecanismo de vingança que, na impossibilidade de atingir a quantos crê não o respeitarem, volta-o contra si mesmo, matando a imagem dos outros na sua figura desprezível.

Todas essas e outras síndromes de condutas enfermas desenham o quadro patológico da auto-obsessão, em que o paciente lúcido sabe o que está fazendo, sem interesse real de empenhar-se para alterá-lo trabalhando por uma nova maneira de conquistar a saúde emocional.

Ocorre que, em situações de tal natureza, a questão de sintonia faz-se naturalmente e são sincronizadas as próprias com outras mentes de seres desencarnados que estagiam na mesma onda psíquica, perturbados e infelizes, aderindo aos que lhes são equivalentes, nutrindo-se reciprocamente enquanto mais se desgastam.

Torna-se urgente que sejam estudadas tais condutas  patológicas nas áreas do animismo como do mediunismo, a fim de que essas ressonâncias sejam interrompidas, enquanto agentes e pacientes recebam a terapia conveniente, que tem por base o esforço
pela transformação moral do ser, aplicando-se à autovigilância encarregada de minimizar, remediar e evitar a reincidência dessa extravagante forma de comportamento.

Curiosamente, podemos encontrar suas vítimas entre pessoas realmente generosas, porém, enquanto forem aceitas suas imposições ou negligências, conforme cada qual se apresente.

A característica comum desses pacientes é a dificuldade que têm de laborar em grupo, em razão do egoísmo que os assinala, do orgulho que se fere com facilidade, dos ressentimentos que se demoram arraigados, dos ciúmes que se permitem, nunca valorizando as demais pessoas que formam o conjunto.

Podem mesmo possuir ideais nobilitantes, sem que abdiquem dos
pontos de vista que devem sempre predominar, tornando-se arbitriamente líderes por imposição, quando esses, em realidade o são por inspiração e métodos adequados, salutares, de conduzir aqueles que se lhes acercam.

Mais lamentável é a patologia auto-obsessiva, porquanto permanece além do túmulo, amargurando com sevícias cruéis o enfermo deslindado da matéria mas não dos hábitos transtornadores.

A problemática se alonga por período expressivo, muitas vezes sendo necessária a internação em Nosocômios especializados, que o amor de nobres Espíritos edificaram na Espiritualidade com esse objetivo específico.

Somente a pouco e pouco, o calceta desperta para os prejuízos que a sua atitude doentia causou a si mesmo, dando curso a problemas que permanecerão aguardando reparação.

A oportunidade da vida social é de alta magnitude, por ensejar ao Espírito o salutar atrito das arestas que impedem a harmonia, contribuindo para o êxito dos empreendimentos que facultam o progresso do indivíduo assim como o da Humanidade.

No relacionamento entre as pessoas surgem os saudáveis instantes de aprendizado, mesmo quando as circunstâncias não o propiciam diretamente, o que pode ser também positivo. 

Não raro, muitas ocorrências que se apresentam desastrosas com paciência e correção se transformam em legítimas bênçãos que o Espírito utiliza para o desenvolvimento de valores morais adormecidos e conquistas éticas não alcançáveis por outros meios.

A vida é permanente educadora, facultando aos alunos das existências sucessivas o aprimoramento de si mesmos com excelentes ensejos de iluminação da consciência.

Quando convidados ao serviço do Bem, eis que surge mas maravilhosas ensanchas de trabalhar o egoísmo e limar o orgulho, harmonizando-se e fruindo a felicidade que o próprio serviço enseja.

Certamente, a ação edificante é sempre de resultados mais felizes para aquele que a executa, proporcionando-lhe o júbilo de também ser útil aos demais, espalhando esperanças e construindo o melhor, de forma que acrescenta ao existente valiosos contributos que tornam a vida mais bela e significativa.

Cabe, portanto, a todos os indivíduos, o empenho pela transformação moral, a fim de se liberarem do verdugo interior, que são as más inclinações que os levam às dolorosas auto-obsessões com amplos comprometimentos para as interferências danosasdos Espíritos perversos, que se comprazem em afligir todos quantos se lhes tornam vítimas ou estão de alguma forma, vinculados por compromissos infelizes do passado.

Todo o empenho dever ser desenvolvido para que se auo-analisem e tenham coragem de romper com as couraças da falsa invulnerabilidade impostas pelo egoísmo e pelo orgulho.

Enquanto vicejem as expressões da matéria no processo da evolução, o ser se encontra sob os camartelos da fragilidade, necessitando manter a vigilância em torno dos mecanismos que a acionam, e que se transformam em processos de sofrimento, porque assinalados pelos desejos que procedem da anterioridade dos instintos primários por onde deambulou. 

Os remanescentes dessas experiências demoram-se impondo os seus métodos dominadores, tais como a força, o egoísmo, a astúcia, a predominância da violência antes que da razão, arrastando-o com os seus grilhões constritores.

O conhecimento, que conduz à conquista da consciência, consegue operar-lhe a libertação dos desejos infrenes e angustiantes, alçando-o às aspirações luninescentes da espiritualização, graças, à qual, desaparecem os fenômenos da auto-obsessão e das demais outras expressões patológicas obsessivas.

Torna-se inadiável a necessidade de ser aplicado o auto-exame em referência aos pensamentos e atitudes cotidianos, de modo que se façam estabelecidos programas de disciplina mental e emocional, alterando o comportamento doentio, reestruturando a personalidade, a fim de que sejam conseguidas as metas aneladas.

O Espírito é um ser saudável, face à sua origem, experimentando o desabrocharde todas as faculdades que lhe dormem no imo, embora permaneçam por algum tempo as marcas predominantes do trânsito evolutivo, que deverá superar a partir do momento que desperta para a razão.

À medida que se impregna de sentimentos enobrecedores, mais fascínio experimenta pela conquista de patamares elevados, n os quais aspira a mais amplo horizonte de libertação.

O egoísmo, portanto, cujo predomínio em a natureza animal é de largo tempo, deve ser substituído pelo altruísmo através do corr eto esforço de bem servir à coletividade de cujo mister se fruem benesses mais propiciadoras de felicidade.

Enquanto se pensa em plenitude egoísta, persegue-se uma utopia de breve duração.

O ser humano está fadado ao trabalho e à convivência social, nos quais haure recursos para o próprio como para o desenvolvimento coletivo, sem cuja conquista permaneceria em estágio primitivo.

A vida possui, desse modo, a finalidade precípua de ensejar o seu progresso ininterrupto na direção do Psiquismo Divino que o atrai e fascina mesmo que inconscientemente.

A auto-obsessão, desse modo, cederá lugar ao tropismo do Amor que o erguerá dos limites e dores nos quais se encontra, para os indimensionais espaços da auto-realização.

Manoel P. de Miranda
Erkrath, Düsseldorf (Alemanha), 13 de junho de 1998.

Livro: Luzes do Alvorecer 
cap.15 - Distúrbios Emocionais Obsessivos

domingo, 20 de junho de 2021

CONSIDERANDO A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO A SEMELHANÇA DE UMA REUNIÃO MEDIÙNICA,POR JOANA DE ANGELIS

Considerando a Parábola do Bom Samaritano


"Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho." 
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Capítulo 15º - Item 3.

Conta Lucas, no versículo 25 e seguintes, do Capítulo 10, do Evangelho, que interrogado o Mestre por um doutor pusilâmine que o tentava, a respeito da herança celeste, narrou-lhe o Senhor, após inquiri-lo sobre a Lei, a parábola do bom samaritano, a fim de informar-lhe, na aplicação do amor, quem seria o próximo.

Sintetizemos a narrativa: "Assaltado por malfeitores, um pobre homem foi deixado à margem da estrada que descia de Jerusalém a Jericó. Casualmente passou pela mesma via um doutor, e depois um levita que, embora o vissem, seguiram indiferentes. Um samaritano, porém, por ali passando e o vendo, tomou-se de piedade e o assistiu carinhosamente, conduzindo-o na sua alimária até uma hospedaria onde o deixou cercado de cuidados, dispondo-se a resgatar quaisquer compromissos excessivos, quando por ali passasse de retorno". E ante o assombro do interlocutor O Mestre indagou-lhe, quem seria o próximo do homem sofrido, ao que este respondeu: "O que usou de misericórdia para com ele". Disse, então, Jesus: "Vai, e faze da mesma maneira".

Considerando as nobres sessões de socorro mediúnico aos desencarnados em sofrimento, hoje realizadas pelos adeptos da Doutrina Cristã, recorramos ao ensino de Jesus, na excelente parábola.

O recinto das experiências medianímicas pode ser comparado à hospedagem acolhedora e gentil; o homem caído na orla do caminho, consideremo-lo o espírito tombado nos próprios enganos; o médium doutrinador assemelhemo-lo ao encarregado da estalagem; os médiuns recalcitrantes examinemo-los como o doutor indiferente e o levita sem piedade; o médium obediente ao mandato do serviço socorrista tenhamo-lo como o bom samaritano e a via entre Jerusalém e Jericó convencionemos a estrada dos deveres fraternos por onde todos transitamos. Ainda poderíamos considerar o bálsamo e o unguento postos nas feridas do assaltado como sendo as orações do círculo de corações devotados à tarefa mediúnica; as moedas pagas ao hospedeiro simbolizemo-las como as renúncias e dificuldades, lutas e testemunhos solicitados aos membros da reunião e o doutor da lei, zombeteiro e frio, representemos como sendo os companheiros conhecedores da vida imortal, notificados das surpresas além-do-túmulo, indiferentes, entretanto, às tarefas sacrificiais do auxílio fraterno.

Se abrasado pela mensagem espírita, militas na mediunidade, em qualquer das suas múltiplas manifestações, ou fazes parte de algum círculo de socorro espiritual, unge-te de bondade e dá a tua quota de esforço aos falidos na via da Imortalidade.

Não lhes imponhas verbosidades estrondosas nem debatas, apaixonado, convicções...

Fala-lhes do novo Amanhã e medica-os agora, socorrendo-os com bondade e abnegação.

Sê, em qualquer função que desempenhes na tarefa espírita de assistência mediúnica, o "bom samaritano", considerando todo e qualquer espírito que chegue ao núcleo de trabalho, não como o adversário de ontem, o obsessor de hoje ou o sempre inimigo, mas como o teu próximo a quem deves ajudar, assim como Jesus, redivivo na Mensagem Espírita, continua ajudando-te carinhoso e anônimo.

FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 32.

Fonte:http://www.reflexoesespiritas.org/mensagens-espiritas/2338-considerando-a-parabola-do-bom-samaritano

quarta-feira, 16 de junho de 2021

HIGIENE DA ALMA: "Ao enxergar impurezas em nós, certamente vamos querer nos limparmos, para nos libertarmos das angústias e males. Mas como é difícil mudar sentimento e pensamento!

 Fragmentos do texto:

"Lavar as mãos antes de se alimentar é um bom preceito de higiene, Jesus não estaria contra essa prática, mas escribas e fariseus tornavam esses e outros preceitos, úteis embora mas de ordem terrena, como condição de pureza espiritual[...]Espiritualmente, as impurezas da alma produzem emanações negativas, desagradáveis, deficiência e desequilíbrio das funções espirituais, e até reflexos no físico.[...]Em princípio, fisicamente, os fluidos são neutros, nem bons nem maus.[...]Pensamentos e sentimentos maus corrompem os fluidos, como agem os ácidos; os bons os restauram, equilibrando, fortalecendo; os iguais se combinam, os diferentes se repelem e os bons superam os maus[...]Emanamos usual e constantemente um tipo de fluido que nos envolve e acompanha em todos os nossos movimentos. É a nossa atmosfera individual, como diz Allan Kardec[...]Conforme o tipo de fluidos que produzimos habitualmente, oferecemos afinidade, possibilidade de combinação, com os fluidos dos que pensem ou sintam igual a nós. Essa combinação resulta em aumento de nossa potência fluídica, ou em "brecha", quando enseja a corrupção de nossos fluidos ou assimilação de fluidos inferiores.[...]Se queremos renovar nosso interior, basta pensar, sentir e querer, porém não repetindo atividades inferiores e, sim, nos aplicando em atividades nobres, como a oração, o estudo e o serviço espiritual e fraterno."




HIGIENE DA ALMA


(BEM-AVENTURADOS OS LIMPOS DE CORAÇÃO - MT 5:8)

I. IMPUREZAS E SEUS EFEITOS

Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos antigos?

Perguntaram os fariseus e escribas, ao verem alguns discípulos de Jesus comerem sem antes de lavar as mãos (Mc 7:1/5).

Lavar as mãos antes de se alimentar é um bom preceito de higiene, Jesus não estaria contra essa prática, mas escribas e fariseus tornavam esses e outros preceitos, úteis embora mas de ordem terrena, como condição de pureza espiritual.

Por que transgredís vós o mandamento de Deus pela vossa tradição? Respondeu Jesus.

Deus ordenou: Honra a teu pai e à tua mãe. Vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe é corbã (oferta ao Senhor) o que poderias aproveitar de mim, esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe. E assim invalidastes pela vossa tradição o mandamento de Deus (Mt 15:3/9).

Mostrava Jesus que eles, quando lhes interessava, burlavam a lei que, no momento, pretendiam defender.

E, chamando a si a multidão, que vivia sobrecarre¬gada e confusa ante tantas ordenações, disse: Nada há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar; mas o que sai dele, isso é que contamina o homem (Mc 7:15).

Mais tarde, os discípulos interrogaram Jesus a respeito, pedindo explicasse melhor o que queria dizer com isso (Mc 7:20/23), ao que o Mestre complementou:O que sai do homem isso contamio homem. 

Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução (perversão de costumes), a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem.

POR QUE NOS PREOCUPARMOS EM SER PUROS?

Pelas consequências que as impurezas acarretam.

Impurezas físicas causam odores desagradáveis e, quando se acumulam, acarretam dificuldade das funções, irritações na pele ou dificuldade na audição, e até doenças.

Espiritualmente, as impurezas da alma produzem emanações negativas, desagradáveis, deficiência e desequilíbrio das funções espirituais, e até reflexos no físico.

Ao paralítico de Betesda, que estivera enfermo por 38 anos, Jesus que o curara, disse: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda algo pior (Jo 5:1/15).

II. AÇÃO DO ESPÍRITO SOBRE OS FEUIDOS

Como é possível que o espírito influa no físico? 

No livro A Gênese, Allan Kardec esclarece, falando das leis e as forças (cap. VI, item 10) e sobre as criações fluídicas (cap. XIV, itens 14/21), que merecem ser consultados. Do muito que ali aprendemos, resumamos o essencial.

FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL

E a matéria cósmica primitiva. Dá origem ao que é material no universo, substâncias e coisas, e à parte material que existe nos seres.

Preenche o espaço e envolve e penetra os corpos.

A esse FCU, são inerentes as leis e forças que regem o mundo e que conhecemos como gravidade, coesão, afinidade, atração, magnetismo, eletricidade ativa, movimentos vibratórios, como o som, a luz e o calor.

FLUIDOS ESPIRITUAIS

E' a denominação de um de seus estados, porque constituem esses fluidos a atmosfera dos seres espirituais.

Nessa atmosfera sutil ocorrem fenômenos especiais. Assim, como a atmosfera de ar veicula o som, a atmosfera espiritual, fluídica, veicula o pensamento.

E é o meio onde se forma a luz peculiar ao mundo espiritual, que não se ilumina pela luz do sol ou a artificial.

AÇÃO SOBRE FLUIDOS

Dessa atmosfera fluídica, espíritos retiram elementos sobre os quais agem. O homem age sobre a matéria, e o espírito, sobre os fluidos.

O homem age com as mãos e a força muscular, o espírito, com o pensamento e a vontade.

O homem, no laboratório ou na cozinha, dispõe dos elementos, que junta, separa ou combina, e com as substâncias edifica e constrói.

O espírito, agindo sobre os fluidos, os dirige, aglomera ou dispersa e combina, modificando propriedades, organizando formas.

Seu próprio corpo espiritual é assim formado, mas também as vestes, objetos e ambientes do plano fluídico.

Essa "criação" do espírito é consciente ou não, como também na Terra muitas pessoas respiram, ouvem e digerem, sem saber como tudo isso se processa.

IMPREGNAÇÃO DOS FLUIDOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Em princípio, fisicamente, os fluidos são neutros, nem bons nem maus. Quando recebem a ação do pensamento e sentimento dos espíritos, encarnados ou não, ficam impregnados por eles e, então, adquirem certas qualidades: como, por exemplo, os fluidos de ódio, inveja, tristeza, ou os de benevolência, alegria e compaixão, que causam efeitos diversificados, excitantes ou calmantes, reparadores ou repulsivos.

Pensamentos e sentimentos maus corrompem os fluidos, como agem os ácidos; os bons os restauram, equilibrando, fortalecendo; os iguais se combinam, os diferentes se repelem e os bons superam os maus, pois a lei divina estabelece sempre o predomínio do bem, do que é positivo.

Pelos nossos pensamentos e sentimentos, quando constantes e intensos:

Imprimimos características especiais:

- nos fluidos do nosso perispírito, acarretando efeitos benéficos ou maléficos sobre nosso corpo. Ex. Os fluidos de tristeza podem causar languidez, depressão; os de cólera, aceleração prejudicial, excitação.

- nos fluidos ambientes, em que, a seguir, temos de viver. Assim, o fumante que impregna de nicotina suas próprias vias respiratórias mas, pela fumaça que expele, embaça a atmosfera em que ele mesmo tem de respirar.

Estruturamos nossa aura

Emanamos usual e constantemente um tipo de fluido que nos envolve e acompanha em todos os nossos movimentos. É a nossa atmosfera individual, como diz Allan Kardec, ou a "túnica de forças eletromagnéticas", o "hálito mental", de que fala André Luiz.

No desencarnado, a aura resulta apenas das emanações perispirituais; no encarnado ela é a difusão dos campos energéticos que partem do perispírito (que não fica circunscrito pelo corpo, irradia ao seu derredor, formando um halo em volta do corpo físico), mais as irradiações das células físicas.

Pelos fluidos que irradiamos, e o ambiente que formamos, assim, os espíritos podem saber, sem que precisemos falar, qual o tipo, a natureza, de nossos pensamentos e sentimentos habituais.

Estabelecemos afinidade fluídica

Conforme o tipo de fluidos que produzimos habitualmente, oferecemos afinidade, possibilidade de combinação, com os fluidos dos que pensem ou sintam igual a nós. Essa combinação resulta em aumento de nossa potência fluídica, ou em "brecha", quando enseja a corrupção de nossos fluidos ou assimilação de fluidos inferiores.

Conclusão

Há relação de causa e efeito entre espírito e corpo e as impurezas espirituais podem causar desequilíbrio espiritual, sintonia com outras influências semelhantes, refletindo prejudicialmente no físico.

Importa ser puro para manter a nossa integridade, nosso equilíbrio, e ser feliz!

III. IDENTIFICAÇÃO DAS IMPUREZAS

Sofremos angústia, insatisfação, doenças, desarmonias. E' sinal de impurezas, como disse Jesus, dentro do coração. Vigiai, diz Salomão, dia e noite o coração, porque é dele que nos vem, todo o mal e todo o bem, lembra-nos o Marquês de Maricá.

As impurezas estão no coração, no interior de nós mesmos. O sentimento íntimo é que leva a agir e causar efeitos, Como vigiar o coração, examinar o nosso íntimo? Para isso temos a consciência. 

Vinícius diz que o espelho reflete nosso exterior: postura, veste, penteado, e a consciência reflete o nosso interior; o caráter, o sentimento. Estamos sabendo usar o espelho da consciência? 

Costumamos consultá-lo?

E como está nossa consciência: é um espelho bem polido? Superfície bem plana, regular? Ou está embaçado, com irregularidades?

Se for assim, teremos imagens distorcidas da realidade interior. Existem atos que para o selvagem parecem "normais", como a antropofagia, e que podem causar horror e asco aos civilizados.

Para que nossa consciência possa ser um bom espelho é preciso que esteja evangelizada. Ao jeito do mundo, pode parecer que Tudo está bem! Somos bons! Mas, espelhando-nos no Cristo, veremos as causas de nossas impurezas, que oferecem sintonia a espíritos inferiores e acarretam males a nós próprios e ao nosso redor.

IV. HIGIENE DA ALMA

Ao enxergar impurezas em nós, certamente vamos querer nos limparmos, para nos libertarmos das angústias e males. Mas como é difícil mudar sentimento e pensamento!

Ação externa

Comecemos pela expressão deles. Se não podemos deixar de sentir e pensar no mal, pelo menos não cheguemos à ação.

Não é sermos "sepulcros caiados"?

É Jesus quem recomenda evitemos de concretizar o mal, quando diz:

Se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti (...) se o teu olho te escandalizar, arrancão e lança-o para longe de ti. Não quer o Mestre que nos mutilemos, mas, que vigiemos o que nos vai no íntimo e controlemos os órgãos do sentido, nossa locomoção e ação.

Confirmando o ensino evangélico, o Espiritismo esclarece: Há pecado por pensamento (O Evangelho segundo o Espiritismo, 7, item 7), porque os fluidos atendem ao seu comando. Quem pensa no mal e nisso se compraz, alimenta o desejo, o mal está na plenitude de sua força, o progresso por se fazer. A quem o pensamento do mal acode mas contra ele reage, há progresso em vias de realizar-se. Naquele que nem sequer concebe mais a idéia do mal, o progresso já está realizado.

Ambiente

O meio em que convivemos influi bastante, na medida em que, se falta censura social, há maior facilidade para a expressão do mal que mora no íntimo.

Influi, também, porque, pensando e sentindo, gastamos fluidos, perda que compensamos haurindo fluidos do exterior. Se o ambiente fluídico em que estivermos for espiritualmente insalubre? 

Absorveremos fluidos maus.

Mas o lírio, mesmo no lodo, no meio da podridão, não consegue permanecer alvo e puro? Sim, porque nasceu lá, mas, se tivesse de nele penetrar, não se contaminaria? 
Deus o prendeu lá por raízes, mas ele abre suas pétalas acima do lodo. Se ficar no mesmo nível, se prejudicará.

Jesus não convivia com pecadores? De fato, e dizia: "Os sãos não precisam de médico mas os enfermos". Mas é que estava com eles como o médico convivendo com os enfermos.

Médico das almas, tinha sabedoria e resistência moral para lidar com eles, ajudando-os sem se contaminar. Enquanto nós somos ainda convalescentes das mesmas moléstias da alma.

Os pecadores queriam conhecer Jesus e sua mensagem para sararem, por isso iam até ele, que os recebia caridosamente. Nós, porém, queremos ir ao ambiente mau, para quê?

Quando Jesus ou seus discípulos iam aos ambientes maus, era a trabalho, não para diversão, e não se demoravam. E Jesus recomendava:

Não ireis pelo caminho dos gentios nem entrareis em cidade de samaritanos (Mt 10:5), porque eram ambientes fluídicos que podiam influir negativamente.

Sem deixar de socorrer aos que precisem, quando necessário, evitemos frequentar os maus ambientes, em que os fluidos são prejudiciais.

Ação interna

Purificai as mãos, pecadores, aconselha Tiago, em sua carta (4:8), significando controlai a ação externa, o ambiente; e vós, de duplo ânimo, quem tiver maior disposição para o bem, para o progresso, purificai os corações. A correção do íntimo vai requerer um esforço maior.

Será difícil demais a purificação de nossa alma?

Permitam uma analogia singela. A borracha que estávamos usando para apagar o que estava escrito ficou suja. Como a limparemos?

Empregando-a na sua própria função, porém em papel limpo.

Também temos a faculdade de nos limparmos, no próprio exercício de nossas funções naturais: pensar, sentir e querer.

E assim que agimos sobre os fluidos, damos a eles características. Se queremos renovar nosso interior, basta pensar, sentir e querer, porém não repetindo atividades inferiores e, sim, nos aplicando em atividades nobres, como a oração, o estudo e o serviço espiritual e fraterno.

Já fazemos tudo isso! Sim, esporadicamente, com intermitência e misturado com o mal. Por isso não mantemos constantemente um bom estado vibratório, elevado, sereno.

Ainda bem que ao menos o fazemos de vez em quando. A um repórter que duvidava dos efeitos duradouros das reuniões para despertar o fervor religioso, o evangelista ponderou: Os efeitos de um banho não duram muito, mas precisamos do banho e nos faz bem.

Porém, só a ação equilibrada e constante pode nos dar a segurança de ter sempre uma boa estabilidade moral e física.

O PASSE

E como um banho de fluidos bons! Um recurso de renovação, de purificação fluídica, ou como diz Emmanuel, uma transfusão de energias psicofísicas de uma pessoa para outra.

Pode dar passe quem está bem de saúde e tem fluidos bons, porque sabe manter o equilíbrio emocional, bons pensamentos, sentimentos e atos.

Quem fizer o mesmo também terá bons fluidos e geralmente não precisará tomar passe.

Deve receber passe quem está carente de fluidos, enfermo, em desgaste emocional ou por estar sofrendo grande influência de espíritos sofredores ou maus.

O passe é, então, recurso misericordioso, providencial, ajuda a recompor as energias e a prosseguir caminhando.

Mas quem está equilibrado, com boa vitalidade, não deve tomar passe, porque ele é como um remédio, só toma quem precisa.

Para receber bem o passe, o assistido precisa estar receptivo, desejoso de receber a ajuda, e confiante no seu bom efeito, o que pode ser conseguido com uma orientação fraterna, a preleção evangélico-doutrinária e a prece.

Para o bom efeito do passe durar, quem o recebeu deverá manter a boa conduta, corrigindo atitudes erradas, cultivando bons pensamentos e sentimentos, procurando praticar atos bons. De outro modo, os bons fluidos recebidos no passe serão consumidos rapidamente, porque as atitudes e ações erradas provocarão novos desgastes, fazendo que volte a ficar carente.

Se insistirmos demais em receber passe, sem valorizar o auxílio fluídico recebido pela manutenção da boa conduta, o passe pode acabar deixando de fazer efeito em nós, porque ele é como um empréstimo para quem está em penúria, mas não para que vivamos indefinidamente à custa de outros. A lei divina não permitirá isso, pois dá "a cada um segundo suas obras".

COURAÇA FLUÍDICA

O perispírito é uma fonte fluídica permanentemente ao dispor de nosso pensamento e vontade. Podemos formar nele para nós como que uma couraça fluídica que neutraliza, modifica e repele os maus fluidos.

A solução, portanto, está no agir de cada criatura.

Um dos fariseus convidou Jesus para jantar. O Mestre aceitou, entrou em casa dele e tomou lugar à mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com unguento.

Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo:

Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora.

Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse:

— Simão, uma coisa tenho a dizer-te.

Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia 500 denários e o outro 50. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?

- Suponho que aquele a quem mais perdoou.

— Julgaste bem. Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta com bálsamo ungiu os meus pés. Por isso te digo:

Perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.

Quem ama age e age bem, corrigindo ou compensando erros.

Quem ama pouco, não age suficientemente para o bem; nessa pouca atividade para o bem, encontra sua própria condenação.

Dedicando-nos ao bem apagaremos o mal em nós; iremos nos purificando, nos libertando do erro.

Não apenas isso. Passaremos a sentir a vida em maior plenitude, a perceber mais e melhor em nós mesmos, a pujança do espírito e seu mundo maravilhoso.

Então, entenderemos a afirmativa de Jesus:

Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus (Mt 5:8).


Therezinha Oliveira


Do Livro: Quando o Evangelho Fala