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domingo, 25 de setembro de 2016

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 196

 
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                                       Subsídio

Obra: Filosofia Espírita ditada por Miramez psicografado por João Nunes Maia

 
 

Fonte:  http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q196c.html
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Livro dos Espíritos ,  questão concernente ao tema do Estudo.

PROLEGÔMENOS
Fenômenos alheios às leis da ciência ordinária se dão por toda parte, revelando na causa que os produz a ação de uma vontade livre e inteligente.
A razão diz que um efeito inteligente há de ter como causa uma potência inteligente e os fatos provaram que essa potência é capaz de entrar em comunicação com os homens por meio de sinais materiais.
Interrogada acerca da sua natureza, essa potência declarou pertencer ao mundo dos seres espirituais que se despojaram do envoltório corporal do homem. Assim é que foi revelada a doutrina dos Espíritos.
As comunicações entre o mundo espírita e o mundo corpóreo estão na ordem natural das coisas e não constituem fato sobrenatural, tanto que de tais comunicações se acham vestígios entre todos os povos e em todas as épocas. Hoje se generalizaram e tornaram patentes a todos.
Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade.
Este livro é o repositório de seus ensinos. Foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos do espírito de sistema. Nada contém que não seja a expressão do pensamento deles e que não tenha sido por eles examinado. Só a ordem e a distribuição metódica das matérias, assim como as notas e a forma de algumas partes da redação constituem obra daquele que recebeu a missão de os publicar.
Entre os Espíritos que concorreram para a execução desta obra, muitos se contam que viveram, em épocas diversas, na Terra, onde pregaram e praticaram a virtude e a sabedoria. Outros, pelos seus nomes, não pertencem a nenhuma personagem cuja lembrança a história guarde, mas cuja elevação é atestada pela pureza de seus ensinamentos e pela união em que se acham com os que usam de nomes venerados.
Eis em que termos nos deram, por escrito e por muitos médiuns, a missão de escrever este livro:
“Ocupa-te com zelo e perseverança do trabalho que empreendeste com o nosso concurso, pois esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases do novo edifício que se eleva e que um dia há de reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e caridade. Mas, antes de o divulgares, revê-lo-emos juntos, a fim de lhe verificarmos todas as minúcias.
“Estaremos contigo sempre que o pedires, para te ajudarmos nos teus outros trabalhos, porquanto esta é apenas uma parte da missão que te está confiada e que já um de nós te revelou.
“Entre os ensinos que te são dados, alguns há que deves guardar para ti somente, até nova ordem. Quando chegar o momento de os publicares, nós to diremos. Enquanto esperas, medita sobre eles, a fim de estares pronto quando te dissermos.
“Porás no cabeçalho do livro a cepa que te desenhamos[1], porque é o emblema do trabalho do Criador. Aí se acham reunidos todos os princípios materiais que melhor podem representar o corpo e o espírito. O corpo é a cepa; o espírito é o licor; a alma ou espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho e tu sabes que só mediante o trabalho do corpo o espírito adquire conhecimentos.           
“Não te deixes desanimar pela crítica. Encontrarás contraditores encarniçados, sobretudo entre os que têm interesse em enganar. Encontrá-los-ás mesmo entre os Espíritos, porque os que ainda não estão completamente desmaterializados procuram freqüentemente semear a dúvida, por malícia ou ignorância. Prossegue sempre. Crê em Deus e caminha com confiança: aqui estaremos para te amparar e vem próximo o tempo em que a verdade brilhará de todos os lados.
“A vaidade de certos homens, que julgam saber tudo e tudo querem explicar a seu modo, dará nascimento a opiniões dissidentes. Mas, todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão num só sentimento, o do amor do bem, e se unirão por um laço fraterno, que envolverá o mundo inteiro. Estes deixarão de lado as miseráveis questões de palavras, para só se ocuparem com o que é essencial. E a doutrina será sempre a mesma, quanto ao fundo, para todos os que receberem comunicações de Espíritos superiores.
“Com perseverança é que chegarás a colher os frutos de teus trabalhos. O prazer que experimentarás, vendo a doutrina propagar-se e bem compreendida, será uma recompensa, cujo valor integral conhecerás, talvez mais no futuro do que no presente. Não te inquietes, pois, com os espinhos e as pedras que os incrédulos ou os maus acumularão no teu caminho. Conserva a confiança: com ela chegarás ao fim e merecerás ser sempre ajudado.
“Lembra-te de que os Espíritos Bons só dispensam assistência aos que servem a Deus com humildade e desinteresse, e que repudiam a todo aquele que busca na senda do Céu um degrau para conquistar as coisas da Terra; eles se afastam do orgulhoso e do ambicioso. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira erguida entre o homem e Deus. São um véu lançado sobre as claridades celestes, e Deus não pode servir-se do cego para fazer compreensível a luz.”
São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc., etc.
Fonte: Site IPEAK

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 195

 
“Aquele que assim pensa em nada crê e a idéia de um castigo eterno não o refrearia mais do que qualquer outra,porque sua razão a repele, e semelhante idéia induz à incredulidade a respeito de tudo. Se unicamente meios racionais se tivessem empregado para guiar os homens, não haveria tantos cépticos. De fato, um Espírito imperfeito poderá, durante a vida corporal, pensar como dizes; mas, liberto que se veja da matéria, pensará de outro modo, pois logo verificará que fez cálculo errado e, então, sentimento oposto a esse trará ele para a sua nova existência. É assim que se efetua o progresso e essa a razão por que, na Terra os homens são desigualmente adiantados. Uns já dispõe de experiência que a outros falta, mas que adquirirão pouco a pouco. Deles depende o acelerar-se-lhes o progresso ou retardar-se indefinidamente.”
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 Subsídio
Obra : Filosofia Espírita ditada por Miramez psicografado por João Nunes Maia

 
 Fonte: http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q195c.html
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Questão do Livro dos Espíritos concernente ao estudo.

318. As idéias dos Espíritos se modificam quando na erraticidade?
"Muito; sofrem grandes modificações, à proporção que o Espírito se desmaterializa. Pode este, algumas vezes, permanecer longo tempo imbuído das idéias que tinha na Terra; mas, pouco a pouco, a influência da matéria diminui e ele vê as coisas com maior clareza. É então que procura os meios de se tornar melhor."

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 194

 
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Subsídios de outras Obras:
Filosofia Espírita de Miramez psicografado por João Nunes Maia
 
 

Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q194c.html

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Obra Básica : Livro O Céu e o Inferno: Allan Kardec
         Cap. VIII     Expiações Terrestres

MAX, o mendigo

Num vilarejo da Baviera morreu, por volta do ano de 1850, um velho quase centenário, conhecido pelo nome de pai Max. Ninguém conhecia exatamente sua origem, pois ele não tinha família. Há cerca de meio século, achacado por enfermidades que não lhe permitiam ganhar a vida trabalhando, não tinha outros recursos senão a caridade pública que dissimulava indo vender nas quintas e nos castelos almanaques e pequenos objetos. Haviam-lhe dado o apelido de conde Max, e as crianças só o chamavam por Senhor conde, o que o fazia sorrir sem se ofender. Por que esse título? Ninguém poderia dizer; tornara-se um hábito. Era talvez por causa de sua fisionomia e das suas maneiras cuja distinção contrastava com os andrajos. Vários anos depois da morte, ele apareceu em sonho à filha do proprietário de um dos castelos onde ele recebia hospitalidade na estrebaria, pois não tinha domicílio próprio. Ele disse-lhe: “Agradeço-vos por vos terdes lembrado do pobre Max em vossas preces, pois elas foram ouvidas pelo Senhor. Desejais saber quem eu sou, alma caridosa que vos interessastes pelo desgraçado mendigo; vou satisfazer-vos; será para todos uma grande instrução.”
“Há cerca de um século e meio, eu era um rico e poderoso senhor desta região, mas vaidoso, orgulhoso e enfatuado com minha nobreza. Minha imensa fortuna jamais serviu senão para os meus prazeres, e ela mal bastava para isso, pois eu era jogador, devasso e passava a vida em orgias. Meus vassalos, que eu acreditava terem sido criados para meu uso como os animais das quintas, eram sobrecarregados de impostos e maltratados para proverem minhas prodigalidades. Eu permanecia surdo às queixas deles como às de todos os desgraçados, e, na minha opinião, eles deviam considerar-se muito honrados de servir meus caprichos. Morri numa idade pouco avançada, esgotado pelos excessos, mas sem ter experimentado nenhuma verdadeira desgraça; tudo parecia, ao contrário, me sorrir, de sorte que eu era aos olhos de todos um dos felizardos do mundo: minha posição valeu-me suntuosa cerimônia fúnebre, os estroinas lamentaram em mim o faustoso senhor, mas nenhuma lágrima foi derramada sobre o meu túmulo, nenhuma prece do coração foi dirigida a Deus por mim, e minha memória foi amaldiçoada por todos aqueles cuja miséria eu aumentara. Ah! Como é terrível a maldição daqueles cuja desgraça fizemos! Ela não cessou de retinir nos meus ouvidos durante longos anos que me pareceram uma eternidade! E com a morte de cada uma das minhas vítimas, era uma nova figura ameaçadora ou irônica que se erguia diante de mim e me perseguia sem trégua, sem que eu pudesse encontrar um canto escuro para me subtrair da sua vista! Nem um olhar amigo! Meus antigos companheiros de devassidão, desgraçados como eu, fugiam de mim e pareciam dizer-me com desdém: “Não podes mais pagar os nossos prazeres.” Oh! como eu teria então pago caro por um instante de repouso, um copo d’água para saciar a sede ardente que me devorava! Mas não possuía mais nada, e todo o ouro que eu semeei às mancheias na terra não produziu uma única bênção, nem uma única, ouvis, minha criança!
“Enfim, oprimido pelo cansaço, esgotado como um viajante estafado que não vê o fim de sua estrada, gritei: “Meu Deus, tende compaixão de mim! Quando acabará esta horrível situação?” Então uma voz, a primeira que ouvia desde que deixara a terra, disse-me: “Quando quiseres. – O que é preciso fazer, grande Deus? respondi; dizei: submeto-me a tudo. – É preciso arrependeres-te; humilhares-te diante daqueles que humilhaste; pedir-lhes para interceder por ti, pois a prece do ofendido que perdoa é sempre agradável ao Senhor.”  Humilhei-me, pedi a meus vassalos, meus servidores, que estavam ali à minha frente, e cujas figuras, cada vez mais benevolentes, acabaram por desaparecer. Então, foi como uma nova vida para mim; a esperança substituiu o desespero e agradeci a Deus com todas as forças da minha alma. A voz me disse em seguida: “Príncipe!” e eu respondi: “Não há aqui outro príncipe senão o Deus onipotente que humilha os soberbos. Perdoai-me, Senhor, pois pequei; fazei de mim o servidor dos meus servidores, se tal é a vossa vontade.”
“Alguns anos mais tarde, nasci de novo, mas desta vez de uma família de pobres aldeões. Meus pais morreram quando eu ainda era criança, e fiquei no mundo sozinho e sem apoio. Ganhei a vida como pude, ora como servente de pedreiro, ora como moço de quinta, mas sempre honestamente, pois desta vez acreditava em Deus. Na idade de quarenta anos, uma doença paralisou-me todos os membros, e precisei mendigar durante mais de cinquenta anos nessas mesmas terras das quais havia sido o senhor absoluto; receber um pedaço de pão nas propriedades que possuíra, e onde, por uma amarga irrisão, me apelidaram senhor conde, demasiado feliz por encontrar um abrigo na estrebaria do castelo que fora meu. No meu sono, divertia-me a percorrer esse mesmo castelo onde reinara como déspota; quantas vezes, nos meus sonhos, me revi ali no meio da minha antiga fortuna!  Essas visões deixavam-me ao acordar um indefinível sentimento de amargor e de lamentos; mas jamais uma queixa escapou da minha boca; e quando Deus quis chamar-me a si, bendisse-o por me ter dado a coragem de suportar sem murmúrio esta longa e penosa provação cuja recompensa recebo hoje; e vós, minha filha, bendigo-vos por terdes orado por mim.”   

Observação: Recomendamos este fato àqueles que pretendem que os homens não teriam mais freio se não tivessem diante deles o espectro das penas eternas, e perguntamos se a perspectiva de um castigo como o do pai Marx é menos feita para deter no caminho do mal do que a de torturas sem fim nas quais já não se crê.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 193

 
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Subsídios de outras obras 
 
Miramez:
 
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 Subsídio fornecido pelo site IPEAK
Livro dos Espíritos :

273. Será possível que um homem de raça civilizada reencarne, por expiação, numa raça de selvagens?
"É; mas depende do gênero da expiação. Um senhor que tenha sido de grande crueldade para os seus escravos poderá, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a seus semelhantes. Um, que em certa época exerceu o mando, pode, em nova existência, ter que obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. Ser-lhe-á isso uma expiação, que Deus lhe imponha, se ele abusou do seu poder. Também um Espírito bom pode querer encarnar no seio de povos selvagens, ocupando posição influente, para fazê-los progredir. Em tal caso, desempenha uma missão."
Revista Espírita=> junho de 1863=>
Do Princípio da Não retrogação do Espírito

Tendo sido várias vezes levantadas questões sobre o princípio da não retrogradação dos Espíritos, princípio diversamente interpretado, vamos tentar resolvê-las. O Espiritismo quer ser claro para todos e não deixar aos seus futuros seguidores nenhum motivo para discussão de palavras, por isso todos os pontos suscetíveis de interpretação serão elucidados sucessivamente.
Os Espíritos não retrogradam, no sentido de que nada perdem do progresso realizado. Eles podem ficar momentaneamente estacionários, mas de bons não podem tornar-se maus, nem de sábios, ignorantes. Tal é o princípio geral, que só se aplica ao estado moral e não à situação material, que de boa pode tornar-se má, se o Espírito a tiver merecido.
Façamos uma comparação. Suponhamos um homem do mundo, instruído, mas culpado de um crime que o conduz às galés. Certamente há para ele uma grande descida como posição social e como bem-estar material. À estima e à consideração sucederam o desprezo e a abjeção. Entretanto, ele nada perdeu quanto ao desenvolvimento da inteligência. Levará à prisão as suas faculdades, os seus talentos, os seus conhecimentos. É um homem decaído, e é assim que devem ser compreendidos os Espíritos decaídos. Deus pode, pois, ao cabo de certo tempo de prova, retirar de um mundo onde não terão progredido moralmente, aqueles que o tiverem desconhecido, que se tiverem re­belado contra as suas leis, mandando que expiem os seus erros e o seu endurecimento num mundo inferior, entre seres ainda menos adiantados. Aí serão o que eram antes, moral e intelectualmente, mas numa condição infinitamente mais penosa, pela própria natureza do globo, e sobretudo pelo meio no qual se acharem. Numa palavra, estarão na posição de um homem civilizado forçado a viver entre os selvagens, ou de um homem educado condenado à sociedade dos forçados. Eles perderam sua posição e suas vantagens, mas não regrediram ao estado primitivo. De adultos, não se tornaram crianças. Eis o que se deve entender pela não retrogradação. Não tendo aproveitado o tempo, é para eles um trabalho a recomeçar. Em sua bondade, Deus não quer deixá-los por mais tempo entre os bons, cuja paz perturbam, e é por isto que ele os envia para viverem entre homens que eles terão por missão fazer com que progridam, ensinando-lhes o que sabem. Por esse trabalho eles próprios poderão adiantar-se e se regenerarem, expiando as faltas passadas, como o escravo que economiza pouco a pouco para um dia comprar sua liberdade. Mas, como o escravo, muitos só economizam dinheiro, em vez de amontoar virtudes, as únicas que podem pagar seu resgate.
Esta tem sido, até agora, a situação de nossa Terra, mundo de expiação e de provas, onde a raça adâmica, raça inteligente, foi exilada entre as raças primitivas inferiores que a habitavam antes dela. Tal a razão pela qual há tantas amarguras aqui, amarguras que estão longe de sentir no mesmo grau os povos selvagens.
Há, certamente, retrogradação do Espírito no sentido de que retarda seu progresso, mas não do ponto de vista de suas aquisições, em razão das quais e do desenvolvimento de sua inteligência, sua degradação social lhe é mais penosa. É assim que o homem do mundo sofre mais num meio abjeto do que aquele que sempre viveu na lama.
Segundo um sistema que tem algo de especioso à primeira vista, os Espíritos não teriam sido criados para se encarnarem e a encarnação não seria senão o resultado de sua falta. Tal sistema cai pela mera consideração de que se nenhum Espírito tivesse falido, não haveria homens na Terra, nem em outros mundos. Ora, como a presença do homem é necessária para o melhoramento material dos mundos; como ele concorre por sua inteligência e sua atividade para a obra geral, ele é uma das engrenagens essenciais da Criação. Deus não podia subordinar a realização desta parte de sua obra à queda eventual de suas criaturas, a menos que contasse para tanto com um número sempre suficiente de culpados para fornecer operários aos mundos criados e por criar. O bom-senso repele tal ideia.
A encarnação é, pois, uma necessidade para o Espírito que, realizando a sua missão providencial, trabalha para seu próprio adiantamento pela atividade e pela inteligência que ele deve desenvolver a fim de prover à sua vida e ao seu bem-estar. Mas a encarnação torna-se uma punição quando, não tendo feito o que devia, o Espírito é constrangido a recomeçar sua tarefa e multiplica suas existências corpóreas penosas por sua própria culpa. Um estudante só é graduado após ter passado por todas as classes. Essas classes são um castigo? Não. Elas são uma necessidade, uma condição indispensável ao seu avanço. Mas se, pela preguiça, for obrigado a repeti-las, aí é uma punição. Ser aprovado em algumas é um mérito. O que é certo, portanto, é que a encarnação na Terra é uma punição para muitos que a habitam, porque poderiam tê-la evitado, ao passo que eles talvez a tenham duplicado, triplicado, centuplicado, por sua própria culpa, assim retardando sua entrada em mundos melhores. O que é errado é admitir, em princípio, a encarnação como um castigo.
Outra questão muitas vezes discutida é esta: Como o Espírito foi criado simples e ignorante, com a liberdade de fazer o bem ou o mal, não teria ele uma queda moral quando toma o mau caminho, considerando-se que ele chega a fazer o mal que não fazia antes?
Esta proposição não é mais sustentável que a precedente. Só há queda na passagem de um estado relativamente bom a um pior. Ora, criado simples e ignorante, o Espírito está, em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual, como a criança que acaba de nascer. Se não fez o mal, também não fez o bem; não é feliz nem infeliz; age sem consciência e sem responsabilidade. Como nada tem, nada pode perder, nem pode retrogradar. Sua responsabilidade só começa no momento em que se desenvolve o seu livre-arbítrio. Seu estado primitivo não é, pois, um estado de inocência inteligente e raciocinada. Consequentemente, o mal que fizer mais tarde, infringindo as leis de Deus e abusando das faculdades que lhe foram dadas, não é um retorno do bem ao mal, mas a consequência do mau caminho por onde entrou.
Isto nos conduz a outra questão. Nero, por exemplo, enquanto encarnado como Nero, pode ter cometido mais maldades do que na sua precedente encarnação? A isto respondemos sim, o que não implica que na existência em que tivesse feito menos mal ele fosse melhor. Para começar, o mal pode mudar de forma sem ser um mal maior ou menor. A posição de Nero, como imperador, tendo-o posto em evidência, permitiu que seus atos fossem mais notados. Numa existência obscura ele pode ter cometido atos igualmente repreensíveis, posto que em menor escala, e que passaram despercebidos. Como soberano, ele pôde mandar incendiar uma cidade. Como uma pessoa comum, pôde queimar uma casa e fazer perecer a família. Um assassino vulgar que mata alguns viajantes para despojá-los, se estivesse no trono seria um tirano sanguinário, fazendo em grande escala o que a posição só lhe permite fazer em escala reduzida.
Considerando a questão sob outro ponto de vista, diremos que um homem pode fazer mais mal numa existência que na precedente, mostrar vícios que não tinha, sem que isto implique uma degeneração moral. Muitas vezes são as ocasiões que faltam para fazer o mal. Quando o princípio existe em estado latente, vem a ocasião e os maus instintos se desvelam.
A vida ordinária nos oferece numerosos exemplos dessa ordem: Um homem que era tido como bom, de repente revela vícios que ninguém suspeitava, e que causam admiração. É simplesmente porque soube dissimular, ou porque uma causa provocou o desenvolvimento de um mau germe. É bem certo que aquele em quem os bons sentimentos estão fortemente arraigados não tem nem mesmo o pensamento do mal. Quando tal pensamento existe, é que o germe existe. Frequentemente apenas falta a execução.
Depois, como dissemos, o mal, posto que sob diferentes formas, não deixa de ser o mal. O mesmo princípio vicioso pode ser a fonte de uma porção de atos diversos, provenientes de uma mesma causa. O orgulho, por exemplo, pode fazer cometer um grande número de faltas, às quais se está exposto, enquanto o princípio radical não for extirpado. Um homem pode, pois, numa existência, ter defeitos que não teria manifestado numa outra e que não são senão consequências várias de um mesmo princípio vicioso.
Para nós, Nero é um monstro, porque cometeu atrocidades. Mas é crível que esses homens pérfidos, hipócritas, verdadeiras víboras que semeiam o veneno da calúnia, despojam as famílias pela astúcia e pelo abuso de confiança, que cobrem suas torpezas com a máscara da virtude para chegarem com mais segurança a seus fins e receberem elogios quando só merecem a execração, é crível, dizíamos nós, que eles sejam melhores do que Nero? Certamente não. Serem reencarnados num Nero, para eles não seria uma regressão, mas uma ocasião para se mostrarem sob nova face. Nessa condição, eles exibirão os vícios que ocultavam. Ousarão fazer pela força o que faziam pela astúcia, eis toda a diferença. Mas essa nova prova não lhes tornará o castigo senão mais terrível se, em vez de aproveitar os meios que lhes são dados para reparar, deles se servem para o mal. Entretanto, cada existência, por pior que seja, é uma ocasião de progresso para o Espírito. Ele desenvolve a inteligência e adquire experiência e conhecimentos que mais tarde o ajudarão a progredir moralmente.
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 192

 
Miramez:
 
 

Subsídios:

Do Livro "O Consolador"  ditado por Emmanuel/ psicografado por Chico Xavier :

228 — A autoiluminação pode ser conseguida apenas com a tarefa de uma existência na Terra?
— Uma encarnação é como um dia de trabalho. E para que as experiências se façam acompanhar de resultados positivos e proveitosos na vida, faz-se indispensável que os dias de observação e de esforço se sucedam uns aos outros.No complexo das vidas diversas, o estudo prepara; todavia, somente a aplicação sincera dos ensinamentos do Cristo pode proporcionar a paz e a sabedoria, inerentes ao estado de plena iluminação dos redimidos.

 243 — Todos os Espíritos que passaram pela Terra tiveram as mesmas características evolutivas, no que se refere ao problema da dor?
— Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que se resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do passado, com exceção de Jesus-Cristo, fundamento de toda a verdade neste mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos angélicas repousa o governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios.

Questões do Livro dos Espíritos concernentes a questão 192:

780. O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.” (192-365)
a) – Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?
“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”
b) – Como é, nesse caso, que, muitas vezes, sucede serem os povos mais esclarecidos os mais pervertidos também?
“O progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.” (365-751)

terça-feira, 5 de julho de 2016

08 - ORGULHO E VAIDADE.""Aquele que não encontra a felicidade senão na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz quando não os pode satisfazer, enquanto que aquele que não se interessa pelo supérfluo se sente feliz com aquilo que, para os outros, constituiria infortúnio." (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quarto. Capítulo I. Penas e Gozos Terrenos. Parte dos comentários à resposta da pergunta 933.)"


Procuremos, agora, ilustrar, entre os defeitos que mais comumente manifestam-se em nós, o orgulho e a vaidade. Busquemos tranquilamente conhecê-los, tão profundamente quanto possível, sem mascarar os seus impulsos dentro de nós mesmos. Entendamos que a tolerância começa de nós para nós mesmos. Assim, o nosso trabalho de prospecção interior é suave, e não podemos nos maldizer ou nos martirizar pelos defeitos que ainda temos. Vamos, então, trazer aos níveis de nossa consciência aquelas manifestações impulsivas que nos dominam de certo modo, e que, progressivamente, desejamos controlar.
Vejamos, então, como identificar em nós o orgulho e a vaidade.

A - ORGULHO

"Aquele que não encontra a felicidade senão na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz quando não os pode satisfazer, enquanto que aquele que não se interessa pelo supérfluo se sente feliz com aquilo que, para os outros, constituiria infortúnio."
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quarto. Capítulo I. Penas e Gozos Terrenos. Parte dos comentários à resposta da pergunta 933.)


"O orgulho vos induz a julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar, e a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espirito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera."
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo IX. Bem-aventurados os Brandos e Pacíficos. A Cólera.)


As principais reações e características do tipo predominantemente orgulhoso são:

a) Amor-próprio muito acentuado: contraria-se por pequenos motivos;

b) Reage explosivamente a quaisquer observações ou críticas de outrem em relação ao seu comportamento;

c) Necessita ser o centro de atenções e fazer prevalecer sempre as suas próprias idéias;

d) Não aceita a possibilidade de seus erros, mantendo-se num estado de consciência fechado ao diálogo construtivo;

e) Menospreza as idéias do próximo;

f) Ao ser elogiado por quaisquer motivos, enche-se de uma satisfação presunçosa, como que se reafirmando na sua importância pessoal;

g) Preocupa-se muito com a sua aparência exterior, seus gestos são estudados, dá demasiada importância à sua posição social e ao prestígio pessoal;
h) Acha que todos os seus circundantes (familiares e amigos) devem girar em torno de si;

i) Não admite se humilhar diante de ninguém, achando essa atitude um traço de fraqueza e falta de personalidade;
j) Usa da ironia e do deboche para com o próximo nas ocasiõ e de contendas.

Compreendemos que o orgulhoso vive numa atmosfera ilusória, de destaque social ou intelectual, criando, assim, barreiras muito densas para penetrar na realidade do seu próprio interior. Na maioria dos casos o orgulho é um mecanismo de defesa para encobrir algum aspecto não aceito de ordem familiar, limitações da sua formação escolar-educacional, ou mesmo o resultado do seu próprio posicionamento diante da sociedade, da imagem que escolheu para si mesmo, do papel que deseja desempenhar na vida de "status".

É preferível nos olharmos de frente, corajosamente, e lutar por nossa melhora, não naquilo que a sociedade estabeleceu, dentro dos limites transitórios dos bens materiais, mas nas aquisições interiores: os tesouros eternos que "a traça não come nem a ferrugem corrói!".

B - VAIDADE

"O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria. " (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritis­mo. Capítulo V. Bem-aventurados os Aflitos. Causas Atuais das Aflições.)

A vaidade é decorrente do orgulho, e dele anda próxima. Destacamos adiante as suas facetas mais comuns:

a) Apresentação pessoal exuberante (no vestir, nos adornos usados, nos gestos afetados, no falar demasiado);

b) Evidência de qualidades intelectuais, não poupando referências à própria pessoa, ou a algo que realiza;

c) Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais com notória antipatia provocada aos demais;

d) intolerância para com aqueles cuja condição social ou intelectual é mais humilde, não evitando a eles referências desairosas;

e) Aspiração a cargos ou posições de destaque que acentuem as referências respeitosas ou elogiosas à sua pessoa;

f) Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de descontentamento diante de infortúnios por que passa;

g) Obstrução mental na capacidade de se auto-analisar, não aceitando suas possíveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade imerecida, o azar.

A vaidade, sorrateiramente, está quase sempre presente dentro de nós. Dela os espíritos inferiores se servem para abrir caminhos às perturbações entre os próprios amigos e familiares. É muito sutil a manifestação da vaidade no nosso íntimo e não é pequeno o esforço que devemos desenvolver na vigilância, para não sermos vítimas daquelas influências que encontram apoio nesse nosso defeito. De alguma forma e de variada intensidade, contamos todos com uma parcela de vaidade, que pode estar se manifestando nas nossas motivações de algo a realizar, o que é certamente válido, até certo ponto. O perigo, no entanto, reside nos excessos e no desconhecimento das fronteiras entre os impulsos de idealismo, por amor a uma causa nobre, e os ímpetos de destaque pessoal, característicos da vaidade.

A vaidade, nas suas formas de apresentação, quer pela postura física, gestos estudados, retórica no falar, atitudes intempestivas, reações arrogantes, reflete, quase sempre, uma deformação de colocação do indivíduo, face aos valores pessoais que a sociedade estabeleceu. Isto é, a aparência, os gestos, o palavreado, quanto mais artificiais e exuberantes, mais chamam a atenção, e isso agrada o interprete, satisfaz a sua necessidade pessoal de ser observado, comentado, "badalado". No íntimo, o protagonista reflete, naquela aparência toda, grande insegurança e acentuada carência de afeto que nele residem, oriundas de muitos fatores desencadeados na infância e na adolescência. Fixações de imagens que, quando criança, identificou em algumas pessoas aparentemente felizes, bem sucedidas, comentadas, admiradas, cujos gestos e maneiras de apresentação foram tomados como modelo a seguir.

O vaidoso o é, muitas vezes, sem perceber, e vive desempenhando um personagem que escolheu. No seu íntimo é sempre bem diferente daquele que aparenta, e, de alguma forma, essa dualidade lhe causa conflitos, pois sofre com tudo isso, sente necessidade de encontrar-se a si mesmo, embora às vezes sem saber como.

O mais prejudicial nisso tudo é que as fixações mentais nos personagens selecionados podem estabelecer e conduzir a enormes bloqueios do sentimento, levando as criaturas a assumirem um caráter endurecido, insensível, de atitudes frias e grosseiras. O Aprendiz do Evangelho terá aí um extraordinário campo de reflexão, de análise tranquila, para aprofundar-se até as raízes que geraram aquelas deformações, ao mesmo tempo que precisa identificar suas características autênticas, o seu verdadeiro modo de ser, para então despir a roupagem teatral que utilizava e colocar-se amadurecidamente, assumindo todo o seu íntimo, com disposição de melhorar sempre.

Ney P. Peres

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