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domingo, 25 de setembro de 2016

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 193

 
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Subsídios de outras obras 
 
Miramez:
 
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 Subsídio fornecido pelo site IPEAK
Livro dos Espíritos :

273. Será possível que um homem de raça civilizada reencarne, por expiação, numa raça de selvagens?
"É; mas depende do gênero da expiação. Um senhor que tenha sido de grande crueldade para os seus escravos poderá, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a seus semelhantes. Um, que em certa época exerceu o mando, pode, em nova existência, ter que obedecer aos que se curvaram ante a sua vontade. Ser-lhe-á isso uma expiação, que Deus lhe imponha, se ele abusou do seu poder. Também um Espírito bom pode querer encarnar no seio de povos selvagens, ocupando posição influente, para fazê-los progredir. Em tal caso, desempenha uma missão."
Revista Espírita=> junho de 1863=>
Do Princípio da Não retrogação do Espírito

Tendo sido várias vezes levantadas questões sobre o princípio da não retrogradação dos Espíritos, princípio diversamente interpretado, vamos tentar resolvê-las. O Espiritismo quer ser claro para todos e não deixar aos seus futuros seguidores nenhum motivo para discussão de palavras, por isso todos os pontos suscetíveis de interpretação serão elucidados sucessivamente.
Os Espíritos não retrogradam, no sentido de que nada perdem do progresso realizado. Eles podem ficar momentaneamente estacionários, mas de bons não podem tornar-se maus, nem de sábios, ignorantes. Tal é o princípio geral, que só se aplica ao estado moral e não à situação material, que de boa pode tornar-se má, se o Espírito a tiver merecido.
Façamos uma comparação. Suponhamos um homem do mundo, instruído, mas culpado de um crime que o conduz às galés. Certamente há para ele uma grande descida como posição social e como bem-estar material. À estima e à consideração sucederam o desprezo e a abjeção. Entretanto, ele nada perdeu quanto ao desenvolvimento da inteligência. Levará à prisão as suas faculdades, os seus talentos, os seus conhecimentos. É um homem decaído, e é assim que devem ser compreendidos os Espíritos decaídos. Deus pode, pois, ao cabo de certo tempo de prova, retirar de um mundo onde não terão progredido moralmente, aqueles que o tiverem desconhecido, que se tiverem re­belado contra as suas leis, mandando que expiem os seus erros e o seu endurecimento num mundo inferior, entre seres ainda menos adiantados. Aí serão o que eram antes, moral e intelectualmente, mas numa condição infinitamente mais penosa, pela própria natureza do globo, e sobretudo pelo meio no qual se acharem. Numa palavra, estarão na posição de um homem civilizado forçado a viver entre os selvagens, ou de um homem educado condenado à sociedade dos forçados. Eles perderam sua posição e suas vantagens, mas não regrediram ao estado primitivo. De adultos, não se tornaram crianças. Eis o que se deve entender pela não retrogradação. Não tendo aproveitado o tempo, é para eles um trabalho a recomeçar. Em sua bondade, Deus não quer deixá-los por mais tempo entre os bons, cuja paz perturbam, e é por isto que ele os envia para viverem entre homens que eles terão por missão fazer com que progridam, ensinando-lhes o que sabem. Por esse trabalho eles próprios poderão adiantar-se e se regenerarem, expiando as faltas passadas, como o escravo que economiza pouco a pouco para um dia comprar sua liberdade. Mas, como o escravo, muitos só economizam dinheiro, em vez de amontoar virtudes, as únicas que podem pagar seu resgate.
Esta tem sido, até agora, a situação de nossa Terra, mundo de expiação e de provas, onde a raça adâmica, raça inteligente, foi exilada entre as raças primitivas inferiores que a habitavam antes dela. Tal a razão pela qual há tantas amarguras aqui, amarguras que estão longe de sentir no mesmo grau os povos selvagens.
Há, certamente, retrogradação do Espírito no sentido de que retarda seu progresso, mas não do ponto de vista de suas aquisições, em razão das quais e do desenvolvimento de sua inteligência, sua degradação social lhe é mais penosa. É assim que o homem do mundo sofre mais num meio abjeto do que aquele que sempre viveu na lama.
Segundo um sistema que tem algo de especioso à primeira vista, os Espíritos não teriam sido criados para se encarnarem e a encarnação não seria senão o resultado de sua falta. Tal sistema cai pela mera consideração de que se nenhum Espírito tivesse falido, não haveria homens na Terra, nem em outros mundos. Ora, como a presença do homem é necessária para o melhoramento material dos mundos; como ele concorre por sua inteligência e sua atividade para a obra geral, ele é uma das engrenagens essenciais da Criação. Deus não podia subordinar a realização desta parte de sua obra à queda eventual de suas criaturas, a menos que contasse para tanto com um número sempre suficiente de culpados para fornecer operários aos mundos criados e por criar. O bom-senso repele tal ideia.
A encarnação é, pois, uma necessidade para o Espírito que, realizando a sua missão providencial, trabalha para seu próprio adiantamento pela atividade e pela inteligência que ele deve desenvolver a fim de prover à sua vida e ao seu bem-estar. Mas a encarnação torna-se uma punição quando, não tendo feito o que devia, o Espírito é constrangido a recomeçar sua tarefa e multiplica suas existências corpóreas penosas por sua própria culpa. Um estudante só é graduado após ter passado por todas as classes. Essas classes são um castigo? Não. Elas são uma necessidade, uma condição indispensável ao seu avanço. Mas se, pela preguiça, for obrigado a repeti-las, aí é uma punição. Ser aprovado em algumas é um mérito. O que é certo, portanto, é que a encarnação na Terra é uma punição para muitos que a habitam, porque poderiam tê-la evitado, ao passo que eles talvez a tenham duplicado, triplicado, centuplicado, por sua própria culpa, assim retardando sua entrada em mundos melhores. O que é errado é admitir, em princípio, a encarnação como um castigo.
Outra questão muitas vezes discutida é esta: Como o Espírito foi criado simples e ignorante, com a liberdade de fazer o bem ou o mal, não teria ele uma queda moral quando toma o mau caminho, considerando-se que ele chega a fazer o mal que não fazia antes?
Esta proposição não é mais sustentável que a precedente. Só há queda na passagem de um estado relativamente bom a um pior. Ora, criado simples e ignorante, o Espírito está, em sua origem, num estado de nulidade moral e intelectual, como a criança que acaba de nascer. Se não fez o mal, também não fez o bem; não é feliz nem infeliz; age sem consciência e sem responsabilidade. Como nada tem, nada pode perder, nem pode retrogradar. Sua responsabilidade só começa no momento em que se desenvolve o seu livre-arbítrio. Seu estado primitivo não é, pois, um estado de inocência inteligente e raciocinada. Consequentemente, o mal que fizer mais tarde, infringindo as leis de Deus e abusando das faculdades que lhe foram dadas, não é um retorno do bem ao mal, mas a consequência do mau caminho por onde entrou.
Isto nos conduz a outra questão. Nero, por exemplo, enquanto encarnado como Nero, pode ter cometido mais maldades do que na sua precedente encarnação? A isto respondemos sim, o que não implica que na existência em que tivesse feito menos mal ele fosse melhor. Para começar, o mal pode mudar de forma sem ser um mal maior ou menor. A posição de Nero, como imperador, tendo-o posto em evidência, permitiu que seus atos fossem mais notados. Numa existência obscura ele pode ter cometido atos igualmente repreensíveis, posto que em menor escala, e que passaram despercebidos. Como soberano, ele pôde mandar incendiar uma cidade. Como uma pessoa comum, pôde queimar uma casa e fazer perecer a família. Um assassino vulgar que mata alguns viajantes para despojá-los, se estivesse no trono seria um tirano sanguinário, fazendo em grande escala o que a posição só lhe permite fazer em escala reduzida.
Considerando a questão sob outro ponto de vista, diremos que um homem pode fazer mais mal numa existência que na precedente, mostrar vícios que não tinha, sem que isto implique uma degeneração moral. Muitas vezes são as ocasiões que faltam para fazer o mal. Quando o princípio existe em estado latente, vem a ocasião e os maus instintos se desvelam.
A vida ordinária nos oferece numerosos exemplos dessa ordem: Um homem que era tido como bom, de repente revela vícios que ninguém suspeitava, e que causam admiração. É simplesmente porque soube dissimular, ou porque uma causa provocou o desenvolvimento de um mau germe. É bem certo que aquele em quem os bons sentimentos estão fortemente arraigados não tem nem mesmo o pensamento do mal. Quando tal pensamento existe, é que o germe existe. Frequentemente apenas falta a execução.
Depois, como dissemos, o mal, posto que sob diferentes formas, não deixa de ser o mal. O mesmo princípio vicioso pode ser a fonte de uma porção de atos diversos, provenientes de uma mesma causa. O orgulho, por exemplo, pode fazer cometer um grande número de faltas, às quais se está exposto, enquanto o princípio radical não for extirpado. Um homem pode, pois, numa existência, ter defeitos que não teria manifestado numa outra e que não são senão consequências várias de um mesmo princípio vicioso.
Para nós, Nero é um monstro, porque cometeu atrocidades. Mas é crível que esses homens pérfidos, hipócritas, verdadeiras víboras que semeiam o veneno da calúnia, despojam as famílias pela astúcia e pelo abuso de confiança, que cobrem suas torpezas com a máscara da virtude para chegarem com mais segurança a seus fins e receberem elogios quando só merecem a execração, é crível, dizíamos nós, que eles sejam melhores do que Nero? Certamente não. Serem reencarnados num Nero, para eles não seria uma regressão, mas uma ocasião para se mostrarem sob nova face. Nessa condição, eles exibirão os vícios que ocultavam. Ousarão fazer pela força o que faziam pela astúcia, eis toda a diferença. Mas essa nova prova não lhes tornará o castigo senão mais terrível se, em vez de aproveitar os meios que lhes são dados para reparar, deles se servem para o mal. Entretanto, cada existência, por pior que seja, é uma ocasião de progresso para o Espírito. Ele desenvolve a inteligência e adquire experiência e conhecimentos que mais tarde o ajudarão a progredir moralmente.
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 192

 
Miramez:
 
 

Subsídios:

Do Livro "O Consolador"  ditado por Emmanuel/ psicografado por Chico Xavier :

228 — A autoiluminação pode ser conseguida apenas com a tarefa de uma existência na Terra?
— Uma encarnação é como um dia de trabalho. E para que as experiências se façam acompanhar de resultados positivos e proveitosos na vida, faz-se indispensável que os dias de observação e de esforço se sucedam uns aos outros.No complexo das vidas diversas, o estudo prepara; todavia, somente a aplicação sincera dos ensinamentos do Cristo pode proporcionar a paz e a sabedoria, inerentes ao estado de plena iluminação dos redimidos.

 243 — Todos os Espíritos que passaram pela Terra tiveram as mesmas características evolutivas, no que se refere ao problema da dor?
— Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que se resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do passado, com exceção de Jesus-Cristo, fundamento de toda a verdade neste mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos angélicas repousa o governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios.

Questões do Livro dos Espíritos concernentes a questão 192:

780. O progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual?
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.” (192-365)
a) – Como pode o progresso intelectual engendrar o progresso moral?
“Fazendo compreensíveis o bem e o mal. O homem, desde então, pode escolher. O desenvolvimento do livre-arbítrio acompanha o da inteligência e aumenta a responsabilidade dos atos.”
b) – Como é, nesse caso, que, muitas vezes, sucede serem os povos mais esclarecidos os mais pervertidos também?
“O progresso completo constitui o objetivo. Os povos, porém, como os indivíduos, só passo a passo o atingem. Enquanto não se lhes haja desenvolvido o senso moral, pode mesmo acontecer que se sirvam da inteligência para a prática do mal. O moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se.” (365-751)

terça-feira, 5 de julho de 2016

08 - ORGULHO E VAIDADE.""Aquele que não encontra a felicidade senão na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz quando não os pode satisfazer, enquanto que aquele que não se interessa pelo supérfluo se sente feliz com aquilo que, para os outros, constituiria infortúnio." (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quarto. Capítulo I. Penas e Gozos Terrenos. Parte dos comentários à resposta da pergunta 933.)"


Procuremos, agora, ilustrar, entre os defeitos que mais comumente manifestam-se em nós, o orgulho e a vaidade. Busquemos tranquilamente conhecê-los, tão profundamente quanto possível, sem mascarar os seus impulsos dentro de nós mesmos. Entendamos que a tolerância começa de nós para nós mesmos. Assim, o nosso trabalho de prospecção interior é suave, e não podemos nos maldizer ou nos martirizar pelos defeitos que ainda temos. Vamos, então, trazer aos níveis de nossa consciência aquelas manifestações impulsivas que nos dominam de certo modo, e que, progressivamente, desejamos controlar.
Vejamos, então, como identificar em nós o orgulho e a vaidade.

A - ORGULHO

"Aquele que não encontra a felicidade senão na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz quando não os pode satisfazer, enquanto que aquele que não se interessa pelo supérfluo se sente feliz com aquilo que, para os outros, constituiria infortúnio."
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quarto. Capítulo I. Penas e Gozos Terrenos. Parte dos comentários à resposta da pergunta 933.)


"O orgulho vos induz a julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar, e a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espirito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera."
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo IX. Bem-aventurados os Brandos e Pacíficos. A Cólera.)


As principais reações e características do tipo predominantemente orgulhoso são:

a) Amor-próprio muito acentuado: contraria-se por pequenos motivos;

b) Reage explosivamente a quaisquer observações ou críticas de outrem em relação ao seu comportamento;

c) Necessita ser o centro de atenções e fazer prevalecer sempre as suas próprias idéias;

d) Não aceita a possibilidade de seus erros, mantendo-se num estado de consciência fechado ao diálogo construtivo;

e) Menospreza as idéias do próximo;

f) Ao ser elogiado por quaisquer motivos, enche-se de uma satisfação presunçosa, como que se reafirmando na sua importância pessoal;

g) Preocupa-se muito com a sua aparência exterior, seus gestos são estudados, dá demasiada importância à sua posição social e ao prestígio pessoal;
h) Acha que todos os seus circundantes (familiares e amigos) devem girar em torno de si;

i) Não admite se humilhar diante de ninguém, achando essa atitude um traço de fraqueza e falta de personalidade;
j) Usa da ironia e do deboche para com o próximo nas ocasiõ e de contendas.

Compreendemos que o orgulhoso vive numa atmosfera ilusória, de destaque social ou intelectual, criando, assim, barreiras muito densas para penetrar na realidade do seu próprio interior. Na maioria dos casos o orgulho é um mecanismo de defesa para encobrir algum aspecto não aceito de ordem familiar, limitações da sua formação escolar-educacional, ou mesmo o resultado do seu próprio posicionamento diante da sociedade, da imagem que escolheu para si mesmo, do papel que deseja desempenhar na vida de "status".

É preferível nos olharmos de frente, corajosamente, e lutar por nossa melhora, não naquilo que a sociedade estabeleceu, dentro dos limites transitórios dos bens materiais, mas nas aquisições interiores: os tesouros eternos que "a traça não come nem a ferrugem corrói!".

B - VAIDADE

"O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria. " (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritis­mo. Capítulo V. Bem-aventurados os Aflitos. Causas Atuais das Aflições.)

A vaidade é decorrente do orgulho, e dele anda próxima. Destacamos adiante as suas facetas mais comuns:

a) Apresentação pessoal exuberante (no vestir, nos adornos usados, nos gestos afetados, no falar demasiado);

b) Evidência de qualidades intelectuais, não poupando referências à própria pessoa, ou a algo que realiza;

c) Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais com notória antipatia provocada aos demais;

d) intolerância para com aqueles cuja condição social ou intelectual é mais humilde, não evitando a eles referências desairosas;

e) Aspiração a cargos ou posições de destaque que acentuem as referências respeitosas ou elogiosas à sua pessoa;

f) Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de descontentamento diante de infortúnios por que passa;

g) Obstrução mental na capacidade de se auto-analisar, não aceitando suas possíveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade imerecida, o azar.

A vaidade, sorrateiramente, está quase sempre presente dentro de nós. Dela os espíritos inferiores se servem para abrir caminhos às perturbações entre os próprios amigos e familiares. É muito sutil a manifestação da vaidade no nosso íntimo e não é pequeno o esforço que devemos desenvolver na vigilância, para não sermos vítimas daquelas influências que encontram apoio nesse nosso defeito. De alguma forma e de variada intensidade, contamos todos com uma parcela de vaidade, que pode estar se manifestando nas nossas motivações de algo a realizar, o que é certamente válido, até certo ponto. O perigo, no entanto, reside nos excessos e no desconhecimento das fronteiras entre os impulsos de idealismo, por amor a uma causa nobre, e os ímpetos de destaque pessoal, característicos da vaidade.

A vaidade, nas suas formas de apresentação, quer pela postura física, gestos estudados, retórica no falar, atitudes intempestivas, reações arrogantes, reflete, quase sempre, uma deformação de colocação do indivíduo, face aos valores pessoais que a sociedade estabeleceu. Isto é, a aparência, os gestos, o palavreado, quanto mais artificiais e exuberantes, mais chamam a atenção, e isso agrada o interprete, satisfaz a sua necessidade pessoal de ser observado, comentado, "badalado". No íntimo, o protagonista reflete, naquela aparência toda, grande insegurança e acentuada carência de afeto que nele residem, oriundas de muitos fatores desencadeados na infância e na adolescência. Fixações de imagens que, quando criança, identificou em algumas pessoas aparentemente felizes, bem sucedidas, comentadas, admiradas, cujos gestos e maneiras de apresentação foram tomados como modelo a seguir.

O vaidoso o é, muitas vezes, sem perceber, e vive desempenhando um personagem que escolheu. No seu íntimo é sempre bem diferente daquele que aparenta, e, de alguma forma, essa dualidade lhe causa conflitos, pois sofre com tudo isso, sente necessidade de encontrar-se a si mesmo, embora às vezes sem saber como.

O mais prejudicial nisso tudo é que as fixações mentais nos personagens selecionados podem estabelecer e conduzir a enormes bloqueios do sentimento, levando as criaturas a assumirem um caráter endurecido, insensível, de atitudes frias e grosseiras. O Aprendiz do Evangelho terá aí um extraordinário campo de reflexão, de análise tranquila, para aprofundar-se até as raízes que geraram aquelas deformações, ao mesmo tempo que precisa identificar suas características autênticas, o seu verdadeiro modo de ser, para então despir a roupagem teatral que utilizava e colocar-se amadurecidamente, assumindo todo o seu íntimo, com disposição de melhorar sempre.

Ney P. Peres

 http://www.acasadoespiritismo.com.br/

PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO


"Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que deviam orar sempre e nunca desanimar, dizendo: Havia em certa cidade um juiz, que não temia a Deus, nem respeitava os homens. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que vinha constantemente ter com ele, dizendo: Defende-me do meu adversário. Ele por algum tempo não a queria atender, mas depois disse consigo: se bem que eu não tema a Deus, nem respeite os homens, todavia como esta viúva me incomoda, julgarei a sua causa, para que ela não continue a molestar-me com suas visitas. Ouvi, acrescentou o Senhor, o que disse este juiz injusto; e não fará Deus justiça aos seus escolhidos que a Ele clamam dia e noite, embora seja demorado a defendê-los? Digo-vos que bem depressa lhes farão justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na Terra?"
(Lucas, XVIII, 1-8)

1 - CAIRBAR SCHUTEL
A iniquidade é a falta de equidade, e a justiça revoltante. O iníquo é o homem perverso, criminoso, seja ele juiz, doutor, nobre, rico, pobre, rei. Na esfera moral, mesmo aqui na Terra, não se distinguem os homens pelo dinheiro e pelos títulos que possuem, mas sim pelo seu caráter. O iníquo não tem caráter, ou, por outra, tem caráter iníquo, pervertido. Mas ainda esse, quando tem de resolver alguma questão e o solicitante resolve bater à sua porta até que dê provimento ao seu pedido, para não ser incomodado, e porque é iníquo, resolve com presteza o problema, não para servir, mas para ficar livre de continuar molestado.
Foi o que sucedeu com o juiz iníquo ante a insistência da viúva. De modo que a demora do despacho na petição da viúva foi causada pela iniquidade do juiz. Se este fosse equitativo, justo, reto, de bom caráter, cumpridor de seus deveres, a viúva teria recebido deferimento de seu pedido com muito maior antecedência. Seja como for, o despacho foi dado, embora a custo, após reiteradas solicitações, importunações cotidianas, e o juiz, apesar de iníquo, para não ser "amolado", resolveu a questão. "Ora, disse Jesus, ouvi o que disse esse juiz iníquo; e não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a Ele clama noite e dia, embora seja demorado em defendê-los? Digo-vos que bem depressa lhes fará justiça".
Se a justiça, embora demorada, se faz na Terra até contra a vontade dos juízes, como não há de ser ela feita pelo supremo e justo juiz do Céu? A deficiência não é, pois, de Deus, mas sim dos homens, mormente na época que atravessamos, em que o Filho do Homem bate a todas as portas, inquire todos os corações e os encontra vazios de fé, vazios de crença, vazios de amor a Deus, vazios de caridade!
Antigamente havia juízes iníquos; hoje, pode-se dizer que nem só os juízes, mas até os peticionários são iníquos! A iniquidade lavra como um incêndio devorador, aniquilando as consciências e maculando os corações: homens iníquos, lares iníquos, sociedades iníquas, governos iníquos, leigos iníquos, sábios iníquos, tudo isso devido à crença sacerdotal, aos dogmas das seitas dominantes! Mas o senhor aí está a destruir a iniquidade, e, com ela, os iníquos.
 CAIRBAR SCHUTEL


2 - PAULO ALVES GODOY

A Parábola do Juiz Iníquo, ensinada por Jesus, nos adverte que jamais devemos perder a esperança, no afã de merecer o Atendimento Divino às nossas súplicas e nem duvidar que o SOCORRO solicitado venha ao nosso encontro.
A viúva da parábola, embora sabendo que o juiz era injusto, que não temia a Deus nem respeitava os os homens, não desanimou, pelo contrário, persistiu em sua súplica até ver atendida a sua pretensão. A fé inquebrantável e espírito de perseverança que a animavam deram êxito à sua causa.
O juiz, por sua vez, resolveu satisfazer a sua rogativa, mais pelo aborrecimento que a sua persistência lhe causava, de que propriamente movido pela disposição em atender um caso justo.
Se até os juízes iníquos, se não pelo espírito de justiça, mas por causa dos aborrecimentos que alguém lhes possa causar, decidem-se a aplicar a justiça, por que razão Deus, que é Todo bondade, não atenderia as necessidades de Seus filhos? Por isso, ponderou o Mestre: "E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles. Digo-vos que depressa Ihes fará justiça".
Entre nós, devido à precariedade do sistema judiciário e às falhas naturais, muitas vezes se aguarda anos e anos para o desfecho de um processo, cujo resultado nem sempre é favorável ao suplicante, por que razão não se ter confiança e fé nos apelos que formulamos aos Céus, os quais, quando justos, são invariavelmente atendidos?
O que a parábola nos ensina é que a Justiça Divina pode tardar, mas jamais falha. O atendimento tardio é motivado tão somente por nós próprios, pois quem tiver amealhado bens espirituais, ou acumulado um tesouro nos Céus, segundo o judicioso dizer dos Evangelhos, poderá desfrutar dos benefícios desse tesouro sem qualquer tardança. É óbvio que, se o homem não pratica qualquer boa obra, e se prevarica com os dons que Deus lhe concede, sem procurar se reformar intimamente, deixando de se enquadrar no estado consciencial que Jesus Cristo definiu como sendo a "conquista do reino dos Céus", não poderá desfrutar de primazia no atendimento às suas pretensões.
O Mestre deixou bem evidenciado que "a cada um será dado segundo as suas obras", Com base nessa sentença, nos será fácil deduzir que, se as nossas obras forem boas, tudo aquilo que pedirmos ao Pai, nos será concedido.
A Parábola do Fariseu e do Publicano, narrada em Lucas, 18:9-14, elucida, em parte, esta parábola. A narração se passa entre o fariseu que apenas se limitou a acusar o seu próximo, e o publicano que ali foi humildemente pedir ao Pai que lhe desse uma oportunidade, e Deus ouviu a prece do segundo, que" voltou justificado para a sua casa".
O mesmo Evangelho de Lucas (4:25-27) narra que no tempo de Eliseu havia muitos leprosos na Terra, só que o profeta foi enviado apenas para curar Naman, o Siro; havia muitas viúvas no tempo de Elias, mas o profeta foi enviado tão somente para minorar os sofrimentos de uma pobre viúva de Sarepta, de Sidon. Esta passagem atesta o quanto é importante haver mérito de ordem espiritual, quando se formula um pedido. E esse mérito é a qualidade que o nosso Espírito adquire através da vivência dos preceitos evangélicos, nos embates das vidas sucessivas do Espírito na carne.
O Espiritismo nos ensina que o Espírito, em sua trajetória evolutiva, tende a experimentar provações, em que jamais poderá se esquivar. Por outro lado, as transgressões que comete contra a lei eterna, originam expiações, das quais não se libertará enquanto não as houver resgatado. É o cumprimento do preceito evangélico: "Dali não sairá enquanto não houver resgatado o último ceitil".
Com base nessa assertiva, devemos convir que as preces que erguemos aos Céus terão sempre o mérito de nos dar forças e sustentação, e nunca de alterar os processos expiatórios ou probatórios, aos quais estejamos submetidos. Em outras palavras, conforme o que nos ensinam os benfeitores espirituais: "Peçamos a Deus para que fortaleça os nossos ombros para podermos carregar a cruz, e nunca para retirar a cruz dos nossos ombros".
Deus sempre fará justiça ao que a Ele clama, se não for nesta vida, será na vida subseqüente, por isso diz a parábola:
"Ainda que tardio para com ele",

Paulo Alves Godoy
3 - RODOLFO CALLIGARIS
Conquanto diferente na forma, esta parábola se assemelha bastante, na essência, àquela outra, do Amigo Importuno, registada pelo próprio evangelista Lucas, no cap. II, vs. 5 a 13.
Nesta, como naquela, Jesus nos exorta a confiar na Justiça Divina, na certeza de que, consoante o refrão popular, ela "tarda, mas não falha".
De fato, se mesmo homens iníquos, isto é, maldosos, perversos, insensíveis aos direitos do próximo e indiferentes à Moral, como o juiz de que nos fala o texto acima, não resistem ao assédio daqueles que lhes batem à porta com insistência, e, para verem-se livres de importunações, acabam resolvendo-lhes as questões, como poderia Deus, que é a perfeição absoluta, deixar de atender aos nossos justos reclamos e solicitações ?
Se, malgrado todas as deficiências e fraquezas dos que, na Terra, presidem aos serviços judiciais, as causas têm que ser solucionadas um dia, ainda que com grande demora, porque duvidar ou desesperançar das providências do Juiz Celestial?
Ele, que não é indiferente sequer à sorte de um pardal, que tudo sabe, tudo pode e tanto nos ama, negligenciaria a respeito de nossos legítimos interesses, deixar-nos-ia sofrer quallquer injustiça, mínima que fôsse?
Não!
Quando, pois, sintamos que o ânimo nos desfalece, por afigurar-se que os males que nos afligem sobreexcedem nossas forças, oremos e confiemos.
Deus não desampara a nenhum de Seus filhos.
Se, às vezes, parece não ouvir as nossas súplicas, permitindo perdurem nossos sofrimentos, é porque, à feição do lapidário emérito, que se esmera ao extremo no aperfeiçoamento de suas gemas preciosas, também Ele, sabendo ser a Dor o melhor instrumento para a lapidação de nossas almas, nos mantém sob a sua ação enérgica, mas eficiente, a fim de que sejam quebradas as estrias de nosso mau caráter, nos expunjamos de nossas mazelas e nos tornemos, o mais breve possível, dignos de ascender à Sua inefável companhia.
Sim, em todos os transes difíceis da existência, oremos e confiemos.
Se o fizermos com fé, haveremos de sentir que, embora os trilhos da experiência que nos cumpre palmilhar continuem cheios de pedras e de espinhos, a oração, jorrando luz à nossa frente, nos permitirá avançar com segurança, vencendo, incólumes, os tropeços do caminho! 

Rodolfo Calligaris

Dez Mandamentos com Kardec .



Walter Barcelos (Uberaba – MG) 

“Para discernir o erro da verdade, é preciso aprofundar estas respostas [osensinos dos Sábios Espíritos] e meditá-las longa e  seriamente; é todo um estudo que se tem a fazer. É preciso tempo para isso, assim como para tudo mais. Estudem, comparem, aprofundem-se; nós lhes dizemos sem cessar; o conhecimento da verdade tem este preço.” (“O Livro dos Médiuns”, Allan Kardec, cap. XXVII – “Contradições e Mistificações”, questão n.º 301, item 4, pág. 303, Editora LAKE)

ALLAN KARDEC é o eminente Codificador da Doutrina Espírita, que nasceu em 3 de outubro de 1804, em Lyon, na França. KARDEC é o alicerce inamovível da Fé Raciocinada, a fonte do conhecimento espiritual fundamentado na razão e nos fatos, a excelente interpretação para entender com beleza e espiritualidade os ensinamentos de Jesus. Kardec extrai o “espírito” que edifica, ilumina e educa, da “letra” que limita, abafa e mata o entendimento da verdade espiritual.
A FÉ RACIOCINADA será sempre para nós espíritas: a fé do raciocínio lógico,  a fé lúcida e consciente, a fé esclarecida, a fé iluminada, a fé em Espírito e Verdade, a fé da convicção inquebrantável, a fé do discernimento justo, a fé do bom senso, a fé
da certeza inabalável, a fé da compreensão plena, a fé da união divina entre Ciência, Filosofia e Religião. Discorreremos sobre os “dez verbos” citados pelo espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, “Caminho Espírita”, lição n.º 11 – “Kardec”, págs. 55-56, Editora CEC.

SENTIR KARDEC
O coração espiritual é imenso celeiro psíquico dos bons ou maus sentimentos.
O coração de carne é simples instrumento e mero reflexo das profundas emoções da alma, que brotam de forma vertiginosa da sensibilidade complexa do espírito. Imprescindível lançar as nossas melhores energias do coração no estudo sério dos textos doutrinários de Kardec. Que as melhores energias do coração vicejem no solo fértil da fé espírita, acionando o SENTIR PRAZEROSO: sentir com liberdade, sentir com autenticidade, sentir com sinceridade, sentir com alegria,  sentir com satisfação, sentir  com pureza de intenções, sentir com desejo de aprender, sentir com vontade de praticar, sentir com amor a Kardec e a Jesus. Ler e estudar as fantásticas lições do Codificador,deixando o coração emanar e fazer crescer os melhores sentimentos de amor e as melhores vibrações de paz, esperança e certeza. Transformar o conhecimento das obras de Kardec em essência espiritual que possa ficar eternamente conosco, vinculando-se aos mais recônditos arquivos de nosso coração e consciência. O órgão da sensibilidade espiritual deve ser acionado primeiro a fim de que os ensinos do sábio Missionário sejam incorporados no solo de nossos sentimentos e cresçam fortes e robustos, dêem centuplicados frutos de luz e conhecimento, caridade e fraternidade. O coração que realmente vibra com os ensinos do Mestre da razão iluminada registra-os nos escaninhos da alma, assegurando a assimilação da Verdade que educa e liberta. Sentir Kardec é selo espiritual que garante o nosso comprometimento e compromisso com a prática genuína do Espiritismo.

ESTUDAR KARDEC
A Doutrina Espírita é ciência divina do espírito e,para bem conhecê la, devemos começar com estudos sérios das obras de Allan Kardec. São as fontes fundamentais para o perfeito conhecimento do Espiritismo.
Ler muitos e muitos livros espíritas de maneira precipitada, esquecendo-se de estudar Kardec será conhecer o Espiritismo de forma incompleta. Sem o estudo metódico, permanente e progressivo das extraordinárias Obras da Codificação, nenhum espírita conseguirá construir a estrutura sólida da Fé Raciocinada.
As Obras de Kardec ensinam ao homem: raciocinar coma verdade, analisar os fenômenos materiais e espirituais que estão ao seu redor, refletir sobre o seu próprio destino, meditar nas conseqüências de seu livre-arbítrio, usar a razão e lógica em tudo quanto lê e estuda. Com a persistência de anos e anos de estudos ininterruptos, conquistam-se as virtudes: Prudência, Bom Senso e Discernimento – indispensáveis à prática do verdadeiro Espiritismo.
Raciocinemos com Kardec no silêncio e conforto da mesa de nossa residência e levemos com boa vontade, os luminosos frutos desse esforço para os Grupos de Estudos das casas espíritas. Dar nossa contribuição fraterna, com estudos bem elaborados, seguidos de explicações lúcidas e bem argumentadas. Quem estuda somente para seu uso pessoal, não ajudando na difusão do conhecimento espírita, age como egoísta da fé racional.
Sejamos bons aprendizes de Kardec, manuseemos diariamente as suas extraordinárias Obras, à semelhança dos livros escolares sempre compulsados por alunos dedicados.
Estudemos Kardec em grupo de irmãos sinceros nas casas espíritas. Que seja estudo participativo e dinâmico, dialogado e comentado e bem debatido de forma respeitosa e democrática, com atuação verbal de todos os presentes, de maneira alegre, fraternal e simpática. Todos são convidadosa falar e a ouvir, a perguntar e a
responder com espírito de disciplina, amizade e aproveitamento de tempo. Deste modo, obteremos sempre melhores resultados na assimilação dos princípios doutrinários. Gastemos fosfato e tempo de esforço continuado, desdobrando intenso amor ao conhecimento aprofundado de cada obra de Kardec, até ao seu término!...
Logo em seguida, comecemos novamente o estudo desta ou de outra excelente obra do Codificador

ANOTAR KARDEC
Para estudar, alcançando melhor aproveitamento na assimilação do
conhecimento das obras de Kardec, indispensável aprendermos a fazer anotações, registrar as idéias de maior profundidade, elaborar
resumos, criar quadros sinópticos com as principais idéias dos textos doutrinários das Obras Básicas. Selecionar e registrar as frases de maior conteúdo, os períodos de maior expressão explicativa, os parágrafos mais interessantes, buscando fazer anotações das principais idéias contidas nas dissertações. A fim de levar para a frente o esforço de “estudar-escrevendo”, tenhamos muita vigilância para que a verminose mental da preguiça, comodismo e desatenção não predomine em nós, fazendo com que deixemos de lado este excelente exercício de aprendizagem doutrinária.
Quem anota com racionalidade os estudos doutrinários grava e estuda melhor Kardec. Jamais se sentir cansado ao reler e reestudar a lição quantas vezes forem necessárias, penetrar na essência de seus ensinamentos, assimilar pelo raciocínio amadurecido. Se convocado a apresentá-las diante dos companheiros de estudos, então expô-las com método, serenidade e convicção. Montar planos de estudos com atenção, prazer e responsabilidade para ser apresentados com seriedade nos grupos de estudos da casa espírita. Pouco proveito obterá alguém quando produz ótimos resumos doutrinários, porém estes ficam guardados nas gavetas e não são aproveitados nos “Círculos de Estudos” das Obras Básicas.
Participemos dos excelentes Estudos Sistematizados da Doutrina Espírita (estudos com apostilas), todavia jamais deixemos demanusear e fazer anotações das Obras de Kardec!

MEDITAR KARDEC
Meditar é dever com Kardec, que vai exigir esforço maior do espírita interessado em estudar a abençoada Doutrina dos Espíritos. A definição da palavra “meditar”: submeter a um exame interior. Estudar, ponderar, considerar. Fazer meditação, concentração intensa do espírito, refletir. A volta da consciência, do espírito sobre si mesmo, para examinar o seu próprio conteúdo por meio do entendimento, da razão”.
O espírita que não aprende a meditar de maneira permanente e progressiva as explicações de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores torna evidente que não assimilará as idéias e conhecimentos profundos contidos nessas Obras.
Quem deseje sinceramente penetrar e conquistar o conhecimento da verdade espiritual não poderá ler com pressa e nem estudar com agitação as obras de Kardec.
Deste modo, perderá o fio condutor da boa assimilação do conhecimento superior. Pratiquemos, com vontade decisiva e alegria interior sempre renovada, o salutar exercício da meditação silenciosa, serena e empolgante. Aquietemos o corpo físico, tranqüilizemos a mente, pacifiquemos os sentimentos, empreguemos energia e atividade ao raciocínio progressivo, concentremo-nos nas idéias centrais e secundárias, naveguemos com emoção enlevada na profundeza dos princípios e conceitos, sejamos os pilotos seguros da nave espacial da imaginação construtiva e elevada. Aprendamos a conversar mentalmente com Kardec. Meditando com disciplina e persistência, entraremos em comunhão mental com instrutores da Vida Maior que nos inspiram
melhores sentimentos, melhores atitudes, melhores idéias, melhores projetos...
Usemos a incorruptível consciência para averiguar nossas emoções e desejos, fantasias e fracassos, frustrações e vitórias, imperfeições e virtudes, as boas ou más tendências, examinando com coragem resoluta nosso complexo mundo interior com os recursos superiores:retidão moral, exatidão de julgamentos e correção de rumos.

ANALISAR KARDEC
A Doutrina Espírita é formada pela tríplice aliança do conhecimento humano: CIÊNCIA, FILOSOFIA E RELIGIÃO. A Ciência é pesquisa e observação, experimentação e comprovação. A Filosofia é a capacidade de elaborar o encadeamento de raciocínios na busca do entendimento, na investigação de si mesmo, de seu destino, da vida material e espiritual, da evolução, da dor, das leis divinas, das
virtudes morais e de seu futuro glorioso. A Religião é o esforço sincero através da educação e do trabalho para praticar-se a Verdade, o Amor e a Caridade no desenvolvimento das potencialidades do espírito, rumo ao aprimoramento moral e à conquista da perfeição para o Reino de Deus.
Definição da palavra “análise”: “Decomposição de um todo em suas partes constituintes. Exame de dada parte de um todo, para conhecer sua natureza, suas proporções, suas funções, suas relações, suas proporções, etc. Analisar, portanto, é observar, examinar com minúcias, esquadrinhar. Examinar criticamente”.
As obras de Allan Kardec devem ser estudadas e reestudadas e não simplesmente lidas. As belas e profundas dissertações de Kardec e dos Sábios Espíritos devem ser analisadas: palavra por palavra, frase por frase, período por período, parágrafo por parágrafo, uma idéia encadeada com outra idéia ou com outras idéias, pergunta por pergunta, tema por tema, lição por lição, capítulo por capítulo. Analisar Kardec com bastante calma e sem pressa, com ritmo constante, sem saltos, com observações próprias sem divagações, com análise bem centrada nos conceitos kardequianos. Observar Kardec com raciocínio cuidadoso, atento e persistente, começando pelas idéias mais simples, a fim de alcançar progressivamente as idéias mais complexas. Análise detalhada dos conceitos, dos fatos e dos fenômenos, formando conclusões concretas e objetivas, visando a extrair: o espírito da letra, o essencial do superficial, as leis morais dos fenômenos humanos, o fator eterno do transitório.
Estamos precisando com urgência de estudo puro, completo, exclusivo das obras de Allan Kardec, sem mistura, sem alteração,
muito cristalino e transparente.
Implantemos na casa espírita um horário ou vários horários para estudar-se somente Kardec!

COMENTAR KARDEC
Há necessidade de familiarizarmo-nos com os ensinosdas Obras Básicas. Comentar Kardec, sabendo extrair os diamantes doutrinários no exercício da palavra responsável, lúcida e amorosa. Explicar em sua pureza cristalina os conceitos dos
Sábios Espíritos, de Kardec e de Jesus, à luz do edifício luminoso da Fé Raciocinada.
Explicando as lições de Kardec, vamos espalhar seus excelentes ensinamentos libertadores, ajudando a construir a fé racional na
mente popular ainda imatura, ignorante e supersticiosa.
O grande público que repleta as casas espíritas, na busca do passe curador,  tratamento espiritual e orientação dos Espíritos necessita ouvir belas e fecundas explicações dos textos de Kardec para familiarizar-se com os ensinamentos da Codificação. Falar com riqueza de conteúdo doutrinário penetrando o maravilhoso universo das obras de Kardec, que esclarece a inteligência, ilumina a consciência e eleva a emoção do homem tecnológico do Terceiro Milênio. Que os expositores e explicadores espíritas sejam estudiosos, responsáveis e persistentes no estudo das obras kardequianas. Tenham a convicção espírita baseada na fé racionada, a fim de ensinar com clareza, objetividade e simplicidade, somando racionalidade lúcida, poderosa certeza, emoção elevada e vibrações superiores.
Selecionar dos textos doutrinários as frases e idéias mais elucidativas, colocando-as em destaque na lousa, cartazes, fichas e na tela de data-show, favorecendo aos assistentes atentos conviver de mais perto com os conceitos de Kardec. Falar com a
claridade da certeza, expor com inspiração, ensinar com emoção, explicar com convicção e comentar com sabedoria, serenidade e alegria. Discorrer sobre os assuntos das obras kardequianas, deixando extravasar nossos melhores sentimentos, vibrar com entusiasmo com os princípios que ensinamos, dando autenticidade legítima a tudo que transmitimos ao público atento às nossas palavras de esclarecimento que soma certeza, consolação e esperança.

INTERPRETAR KARDEC
O Espiritismo é grandioso arcabouço doutrinário que deve ser estudado com muita seriedade, de forma metódica, sistemática, perseverante e a longo prazo, para se inteirar de seu fantástico conteúdo. Não poderá ser aprendido de forma leviana, fanatizada ou irresponsável. O sábio Codificador Allan Kardec fez interessante
pronunciamento em O Livro dos Médiuns, Editora LAKE, cap. III – “Método”, na questão n.º 18:
“Dissemos que o Espiritismo é toda uma Ciência, toda uma Filosofia.
Quem desejar conhecê-lo seriamente deve, pois, como primeira condição, submeter-se a um estudo sério e persuadir-se de que, mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincando”. Torna-se indispensável aos espíritas um GRANDE ESFORÇO DE ESTUDO, ENTENDIMENTO E INTERPRETAÇÃO das idéias contidas nas obras de Kardec para alcançar uma boa compreensão do corpo doutrinário do Espiritismo. A definição da palavra interpretar: “Ajuizar a intenção, o sentidode. Explicar, explanar ou aclarar o sentido de palavra, texto, lei, regulamentos, etc. Julgar, considerar, reputar. Dar significação. Alcançar o bom entendimento”. O bom intérprete das obras de Kardec deverá somar: estudo e atenção, razão e sentimento, análise e entendimento, conhecimento e auto-educação, fidelidade e
testemunho.
Se Kardec é excelente intérprete dos ensinos de Jesus, por nossa
vez, devemos ser bons intérpretes de Kardec. O bom intérprete que interessa a JESUS e a KARDEC deverá fundir em seu espírito os inestimáveis talentos e virtudes: Razão, Coração e Consciência; Raciocínio, Sentimento e Intuição; Lógica, Amor e Discernimento; Ponderação, Fraternidade e Bom Senso; Análise, Caridade e Reflexão.
Não basta sermos bons intérpretes dos conhecimentos científicos e filosóficos, imprescindível sermos bons intérpretes das esquecidas cátedras de Amor, Abnegação e Humildade, refletindo Jesus no coração. Testemunhar Kardec na idéia espírita, no estudo doutrinário, no trabalho solidário e no exemplo cristão. Cumpramos nossos deveres de amor, de coração sempre aberto, desfraldando a bandeira da Fraternidade Universal.

CULTIVAR KARDEC
Inicialmente, vamos saber no dicionário o que significa cultivar: “Fertilizar a terra pelo trabalho. Dar condições para o nascimento e desenvolvimento da planta.
Aplicar-se ou dedicar-se. Procurar manter ou conservar. Formar, educar ou desenvolver pelo estudo, pelo exercício”.
A idéia espirita deve e precisa ser promovida de forma permanente, com destaque para as obras e as idéias do Codificador do Espiritismo. É preciso convir que as obras de Kardec devem ser lidas e estudadas, dialogadas e debatidas, compreendidas e sentidas, amadas e vividas. Deste modo, estaremos cuidando com
acerto da grandiosa, bela e frutífera árvore do Cristianismo Redivivo que o Espiritismo tem a missão de fazer ressurgir vigorosa para beneficiar a grande família humana.
A casa espírita deverá buscar nas Obras do Mestre Lionês a fonte luminosa de suas orientações e aconselhamentos, trabalhos e estudos, programações e metas. Mantenhamos na casa espírita a MELHOR MÍDIA DOUTRINÁRIA: Kardec no diálogo fraternal das reuniões administrativas, Kardec na postura sincera dos diretores espíritas, Kardec nos estudos instrutivos das reuniões públicas, Kardec no conhecimento abalizado de expositores, oradores e comentaristas do Evangelho, Kardecnas idéias dos devotados trabalhadores da assistência fraterna, Kardec na mente dos médiuns da desobsessão, Kardec nos sentimentos dos médiuns passistas, Kardec na idéia e sentimento de evangelizadores da criança, coordenadores de mocidade e médiuns esclarecedores. Esforcemo-nos por manter a idéia do Codificador no cérebro esclarecido e coração sensibilizado de todos irmãos trabalhadores espíritas.
Que nossas queridas casas criem Grupos de Estudos Sistematizados das Obras de Kardec. Zelemos pela preservação do entusiasmo, alegria e firmeza na sua aprendizagem, mantendo com carinho os pequenos grupos de estudos.
Ninguém conseguirá cultivar a idéia espírita com Kardec sem estudar, sem se esforçar na aprendizagem, sem compreender, sem sentir, sem assimilá-la e sem vivenciá-la permanentemente. Na verdade, o que vai crescer com destaque, neste primeiro século do Terceiro Milênio, serão os ESTUDOS DOUTRINÁRIOS, muito especialmente das Obras Básicas do Espiritismo.

ENSINAR KARDEC
O recinto mais adequado para ENSINAR ESPIRITISMO é o centro espírita. Local apropriado, por possuir todas as condições físicas,
espirituais e instrumentações para ensinar com os melhores recursos. Tais são: a comunhão incessante com os Bons Espíritos, o bom ambiente espiritual, os expositores doutrinários preparados e os aprendizes realmente interessados.
A casa espírita deverá funcionar como VERDADEIRA ESCOLA DO ESPÍRITO, ensinando e vivenciando a Doutrina dos Espíritos, através de estudos sérios, sistematizados e produtivos. Há imperiosa necessidade de estudar de forma regular as
Obras Básicas. O Mestre Kardec pronunciou: “Estabelecer-se um
curso regular de Espiritismo, no intuito de desenvolver os princípios da ciência e de propagar o gosto pelos estudos sérios. O curso teria a vantagem de fundar a unidade de princípio, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de propagar as idéias espíritas e de desenvolver grande número de médiuns.
Considero esse curso como elemento de influência capital sobre o futuro do Espiritismo e sobre as suas conseqüências.” (os grifos são nossos) (Obras Póstumas, 2ª Parte, dissertação: “Ensino Espírita”, pág. 258, edição 1966, LAKE) (os grifos são nossos)
Os companheiros dedicados que mais amam o estudo doutrinário devem trabalhar pelo crescimento do número de Grupos de Estudos de Kardec. Estudos sistemáticos buscando o aprendizado sério, desenvolvendo a fé raciocinada, esforçando-se pela reforma íntima e fortalecendo a convicção espírita.
A conquista íntima da FÉ RACIOCINADA destruirá as sombras espessas da fé cega, que alimenta os hábitos inferiores da crença: dogmatismo, fanatismo, ritualismo, cerimoniais, fascinação coletiva, idolatria, superstição, misticismo e mediunismo irracional.
Quem não estuda Kardec com seriedade não poderá ensinar Kardec com certeza, clareza e segurança.
As Obras Básicas são fonte de luz divina para o cérebro aturdido e o coração atribulado de milhões de criaturas descrentes e indecisas da atualidade. Ensinar Kardec descortina aos aprendizes a visão grandiosa da vida espiritual e abrirá o mundo novo  de trabalho e amor, caridade e educação.

DIVULGAR KARDEC
Toda boa idéia merece ser estudada, ensinada e bem divulgada. A idéia espírita não dispensa a premente necessidade de sua propagação consciente e esclarecida, educada e respeitosa, que alcançará de forma crescente o raciocínio, a mente e o coração das criaturas descrentes e ignorantes.
Divulgar as obras e ensinos de Kardec em jornais espíritas, programas radiofônicos e televisivos, favorecer a aquisição das Obras Básicas pelo grande público, fomentar a distribuição de textos kardequianos, multiplicar os estudos em grupo das obras de Kardec, promover semanas espíritas, feirase clubes de livros espíritas, encontros, cursos, simpósios, congressos... Todas as atividades são necessárias e merecem ser bem feitas com simplicidade, desprendimento e confraternização, para espalharem com alegria as idéias de Kardec.
Convenhamos, o local onde está muito a desejar a divulgação de Kardec é no próprio centro espírita, junto aos médiuns, trabalhadores da casa e freqüentadores.
Neste aspecto encontra-se deficiente e apagada, limitada e desanimada, desfigurada e desmotivada. Manter o estudo sério, motivando o entusiasmo na maioria dos irmãos espiritistas não é atividade muito fácil de se concretizar. Duas são as principais causas:
1ª - A ausência de maior número de bons líderes espíritas para promover, incentivar e dinamizar os estudos sistematizados das Obras Básicas de maneira regular, a fim de atender o número sempre crescente de trabalhadores e freqüentadores das casas espíritas.
2ª - O acentuado desinteresse dos centros espíritas de estudar as Obras de Kardec. De que adianta promovermos grandes investimentos financeiros para divulgar Kardec na imprensa espírita e leiga, no rádio e televisão, confeccionar numerosas publicações dos textos doutrinários de Kardec, sendo que a maioria dos centros doutrinários continuam inertes e desmotivados para o conhecimento aprofundado da Doutrina Espírita?
Divulguemos Kardec de forma mais esclarecedora no salão iluminado do raciocínio, no santuário sensível do coração e no altar sublime da consciência dos irmãos espíritas!
Uberaba (MG), setembro de 2004