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domingo, 28 de dezembro de 2014

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 159



QUESTÃO 159 - O LIVRO DOS ESPÍRITOS

Parte Segunda
Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos

CAPÍTULO III
DA VOLTA DO ESPÍRITO, EXTINTA A VIDA CORPÓREA, À VIDA ESPIRITUAL

Separação da alma e do corpo

159. Que sensação experimenta a alma no momento em que reconhece estar no mundo dos Espíritos?

“Depende. Se praticasse o mal, impelido pelo desejo de o praticar, no primeiro momento te sentirás envergonhado de o haveres praticado. Com a alma do justo as coisas se passam de modo bem diferente. Ela se sente como que aliviada de grande peso, pois que não teme nenhum olhar perscrutador.”

FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME IV

Questão 159 comentada
CAPÍTULO 06
0159/LE
CHEGANDO AO ALÉM

A alma, quando chega ao Além, ao deixar o corpo físico, pode sentir-se feliz ou constrangida, dependendo do modo de vida que levou. O Evangelho é instrumento de salvação para todos nós, pois nos induz a uma moral sadia; os seus conceitos são de luz, nos mostrando e nos ajudando a modificar os pensamentos, as idéias, a palavra e a própria vida, copiando a vida de Jesus em todos os seus aspectos de nobreza.
O céu começa na Terra. Se queremos alcançá-lo, trabalhemos em nós mesmos, cortando as arestas e procurando transformar todos os nossos impulsos inferiores em virtudes, do porte das que foram ensinadas e vividas por Nosso Senhor Jesus Cristo. O desleixado na moral sofre as conseqüências do seu desleixo, mas o que viveu trabalhando para o seu auto-aprimoramento recebe, ao chegar ao Além, o prêmio dos seus esforços, e a luz de Deus dar-lhe-á a luz da vida.
O justo é exaltado em todos os tempos, seja onde for. O homem honesto é louvado e acreditado na Terra e no Céu. Ninguém perde por ser trabalhador, justo e caridoso. Esse homem é, pois, o ganhador de sempre; porém, a criatura que não observa as leis criadas por Deus e zeladas por seus vigilantes, sofre sempre por sua cegueira. Não devemos deixar para melhorar depois da desencarnação: isso é ignorância e perda de tempo. Comecemos logo que sentirmos necessidade. Qualquer esforço no sentido de melhorar moralmente é válido e é nesse gesto que as luzes começarão a acender em nossos corações, refletindo-se nas nossas consciências.

A lei das vidas sucessivas deve ser pesquisada porque é nela que se encontra a chave que nos dá a compreensão necessária, e que nos leva a nos esforçar todos os momentos por nossa melhoria moral, e na conduta do dia a dia. Coloquemos o Evangelho em nossa vida, que passaremos a melhorar. A consciência registra tudo o que se faz, e quando se escreve nela o que está em desacordo com a vontade de Deus,
os reflexos surgem por muitos meios, que chamamos de tristeza, medo, desespero, violência, orgulho, vaidade, egoísmo, fazendo com que a ignorância domine nossos passos. Eis aí a infelicidade da alma, criada por ela mesma.
Não esperes chegar ao Além para cuidar das coisas do Espírito; não faças isso! Começa agora mesmo, onde estiveres. Toda hora é hora de começar. Examina o que és, examina o que pensas, examina o que fazes na vida e, se tiveres algo para modificar, modifica-o sempre comparando com os ensinamentos de Jesus, que nunca errarás o caminho, pois Ele é a estrada dos homens, é a vida e a verdade. Diante de todos os esforços do bem, Ele criará em teu coração uma luz que, brilhando, não te deixará perder os passos na direção Daquele que sempre nos guiou. Procura leituras de livros decentes. O homem que não gosta de leituras, demora a compreender as próprias leis que o dirigem.
Deus nos ajuda por meios diferentes, mas constantes, e Jesus não nos abandona: usa todos os recursos possíveis para nos despertar para a vida do Além, mesmo quando nos movemos na carne. É certo que, fazendo o mal, não nos interessando pelo bem do próximo, esquecendo de amar a Deus sobre todas as coisas, como nos ensinou Jesus, ao chegarmos ao Além, pelos processos da morte do corpo, a tristeza e o arrependimento parecerão nos matar de novo.

Comentário de Miramez por João Nunes Maia


sábado, 6 de dezembro de 2014

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 158

 

 

Miramez

Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q158c.html

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 157

 



 

Miramez do livro Filosofia Espírita.
Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q157c.html

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 156

 


Comentários de Miramez.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

COMPORTAMENTO POR OBSESSÃO

COMPORTAMENTO POR OBSESSÃO

Quando a morte interrompe o ciclo de atividades viscosas, que o homem incorpora à sua natureza, de forma alguma o problema deixa de atormentá-lo.

A situação espiritual de quantos partem da Terra, dependentes de condicionamentos prejudiciais, é das mais dolorosas. Dificilmente pode-se descrever com fidelidade o tormento que experimentam, por variar, de indivíduo para indivíduo, não raro, enlouquecendo, nas tentativas de prosseguir com a situação nefasta...

Tal é o estado em que se debate, que não se dá conta da morte física, embora as estranhas e penosas sensações que o visitam em contínuo tormento. A esse estado soma a carência do que antes considerava prazer e agora lhe falta, afligindo-o mais.

Na conjuntura, mesmo desconhecido as “leis dos fluidos” que facultam as afinidades espirituais e intercambiam sensações com outros viciados ou iniciantes no comércio da ilusão, domiciliados na matéria, a princípio, inconscientemente, para depois estreitar os laços e fixações em demorada e torpe obsessão, em que ambos mais se desgastam e pioram o psiquismo, até que as Leis divinas façam cessar a coabitação perniciosa.

Casos outros há em que o desencarnado, identificando a conjuntura nova, formula e executa um programa de vampiração obsessiva em tentames exitosos, enredando os invigilantes que a ele se associam no plano físico,em largos cursos de alucinação e desgraça.
Muito mais grave do que parece é a obsessão, nos problemas sociais do comportamento humano.

Alcoolismo, tabagismo, drogas alucinógenas, sexolatria, jogatina, gula recebem grande suporte espiritual, sendo não poucas vezes, iniciada a viciação de cá para aí, por inspiração que fomenta a curiosidade e por necessidade que estimula o prosseguimento.

O enfermo, dificilmente, consegue evadir-se, por si mesmo, da dificuldade. De um lado, pelos nefastos prejuízos orgânicos de que se ressente e, por outro, em razão da incidência mental do
obsessor, que o utiliza como instrumento da loucura de que se vê possuído.

As verdadeiras multidões de dependentes de drogas ou de outras viciações estertoram, mesmo sem o saberem, em danosos processos de obsessão lamentável.

A falta de orientação religiosa, as permissividades morais, o desconhecimento proposital ou não das realidades do Espírito, a falta de tempo e a neurose que avassalam o homem respondem pela calamitosa ocorrência, que se agrava a cada dia.

O problema deve merecer o interesse e o estudo de cada um e de todos os cidadãos, porque a todos envolve e ameaça.
Antes, era rara a incidência das drogas, agora, com um e grave.
Ao invés de se aprofundarem as pesquisas das causas, com as naturais soluções,buscam-se leis mais tolerantes, comércio livre, certamente que por falência ética, sem dúvida.

O homem, convivendo com os fatores de qualquer porte, prefere aceitá-los a vencê-los,numa atitude sempre cômoda.
No que concerne ao mecanismo da evolução, essa atitude comporta, o que, porém, não é idêntico, quando muda a situação para o campo moral
.
O Espiritismo, esclarecendo a criatura em torno da vida moral e das relações que existem entre os Espíritos e a obsessão, combatendo-lhe, ao menos, neste capítulo,algumas das suas causas, que são os vícios.

Mantendo-se hábitos de higiene moral e social, ceif a-se, na raiz, a gênese desse problema malfazejo.

Outrossim, orientando a conduta humana, propõe uma terapia curadora, sem dúvida, salutar.

Na base das alienações espirituais, o homem desempenha importante papel, em decorrência da sua conduta, da sua atividade, do seu mundo interior.

Esforçar-se por alterar os estados mórbidos e as de pendências viciosas é tarefa de urgência, que se pode lograr através do esforço moral pessoal, do esclarecimento pelo estudo, da oração, da fluidoterapia e da desobsessão de que são encarregadas as nobres
Sociedades Espíritas que se dedicam ao mister da evangelização e da caridade,conforme os ensinos de Jesus e de Allan Kardec.

MANOEL PHILOMENO DE MIRANDA
(Roteiro de Libertação)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

A nova era (II)"... O mundo está abalado em seus fundamentos; reboará o trovão. Sede firmes! ""...A revolução que se apresta é antes moral do que material. Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, sopram a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardorosos, façais ouvir a vossa voz humilde, porquanto sois o grão de areia; mas, sem grãos de areia, não existiriam as montanhas. ..."

Um dia, Deus, em sua inesgotável caridade, permitiu que o homem visse a verdade varar as trevas. Esse dia foi o do advento do Cristo. Depois da luz viva, voltaram as trevas. Após alternativas de verdade e obscuridade, o mundo novamente se perdia. Então, semelhantemente aos profetas do Antigo Testamento, os Espíritos se puseram a falar e a vos advertir. O mundo está abalado em seus fundamentos; reboará o trovão. Sede firmes!
O Espiritismo é de ordem divina, pois que se assenta nas próprias leis da Natureza, e estai certos de que tudo o que é de ordem divina tem grande e útil objetivo. O vosso mundo se perdia; a Ciência, desenvolvida à custa do que é de ordem moral, mas conduzindo-vos ao bem-estar material, redundava em proveito do espírito das trevas. Como sabeis, cristãos, o coração e o amor têm de caminhar unidos à Ciência. O reino do Cristo, ah! passados que são dezoito séculos e apesar do sangue de tantos mártires, ainda não veio. Cristãos, voltai para o Mestre, que vos quer salvar. Tudo é fácil àquele que crê e ama; o amor o enche de inefável alegria. Sim, meus filhos, o mundo está abalado; os bons Espíritos vo-lo dizem sobejamente; dobrai-vos à rajada que anuncia a tempestade, a fim de não serdes derribados, isto é, preparai-vos e não imiteis as virgens loucas, que foram apanhadas desprevenidas à chegada do esposo.
A revolução que se apresta é antes moral do que material. Os grandes Espíritos, mensageiros divinos, sopram a fé, para que todos vós, obreiros esclarecidos e ardorosos, façais ouvir a vossa voz humilde, porquanto sois o grão de areia; mas, sem grãos de areia, não existiriam as montanhas.
Assim, pois, que estas palavras — “Somos pequenos” — careçam para vós de significação. A cada um a sua missão, a cada um o seu trabalho. Não constrói a formiga o edifício de sua república e imperceptíveis animálculos não elevam continentes? Começou a nova cruzada. Apóstolos da paz universal, que não de uma guerra, modernos São Bernardos, olhai e marchai para frente; a lei dos mundos é a do progresso. – Fénelon. (Poitiers, 1861.)

 

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 10.)

MÉDIUNS E INSTRUTORES(...)"não podemos compelir os irmãos de ideal, nos variados setores de nossa edificação, a proceder nesse ou naquele padrão de conduta, de vez que os princípios do Espiritismo são claros para nós todos..."(...)essa verdade é a de que Jesus não nos abandona em razão de nossas fraquezas, de que a Doutrina Espírita continuará brilhando sempre por chave de luz do Evangelho,..."



Irmão X

Ante os enigmas da mediunidade entre os homens, você pergunta, espantadiço: “Não dispõem os Espíritos Benevolentes e Sábios de recursos suficientes para impedir o abuso e a má fé? Estaremos sempre à mercê de médiuns infelizes, capazes de amplo comércio com as forças da sombra, a tisnarem de lodo o serviço nobre dos medianeiros honestos? Por que não instituir o estudo metódico da Doutrina Espírita nos templos de nossa fé, plasmando-se o caráter do instrumento mediúnico, antes de guinda-lo à publicidade?”
Suas inquirições realmente chegam a comover pela sinceridade em que se expressam;no entanto, meu caro, respondemos com a mesma clareza que os amigos desencarnados não escravizam as faculdades dos companheiros que permanecem no mundo.
Somente as entidades inferiores avocam para si o privilégio da posse temporária sobre as inteligências enfermiças, nos tristes processos da obsessão. Entrosadas entre si, partilham, na Terra, a loucura e a delinqüência, provocando, onde passam, os mais estranhos sentimentos, que variam do ridículo à compaixão.
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Todavia, entre os que despertaram para a responsabilidade, a governança tem o seu justo limite.
Os instrutores espirituais, qual acontece aos professores da escola comum, esclarecem e auxiliam sem constranger aos que lhes recebem assistência e bondade, encaminhando-os para a educação sem, contudo, violentar-lhes o livre arbítrio.
Do que posso deduzir, pelos estudos a que me consagro presentemente, milhares de tarefeiros da mediunidade foram conduzidos à Esfera Humana, durante o primeiro século do Espiritismo, todos eles munidos de honrosas designações de trabalho, em diversos países do Globo. Doutrinadores, materializadores, escreventes, assistentes, enfermeiros e condutores de opinião receberam preciosos títulos mediúnicos, renascendo na coletividade terrestre com a missão de servi-la, à feição de operários da luz; entretanto, raros atingiram o objetivo a que se propunham.
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Muitos desertaram, receando as preocupações do caminho; outros se distraíram excessivamente com as fascinações marginais; alguns esqueceram a conta que lhes seria pedida no Plano Divino, colocando-se na disputa ao poder humano; e alguns outros, ainda, preferiram acomodar-se a propostas menos dignas, descansando em felicidades ilusórias do mundo, como se pudessem fugir à sacudidela da morte.
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Partilhando as energias e os recursos dos Espíritos Benevolentes que os sustentavam, assim como pupilos amparados pelo prestígio e pela bolsa dos benfeitores que lhes estendem proteção e carinho, supuzeram-se donos de possibilidades que lhes não pertenciam e, superestimando o próprio valor, entregaram-se a aventuras particulares, nas quais se iniciaram em dolorosas experiências, quando não se afundaram em escabrosos precipícios de frustração.
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Nessas circunstâncias, o médium está sempre na posição de criatura que sacou valioso empréstimo no Banco da Bondade Divina com determinada finalidade, gastando o dinheiro a benefício próprio, com agravo dos próprios débitos.
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E, como a administração de qualquer instituto bancário não pode interferir na consciência dos seus devedores, sob pena de coartar-lhes a ação, também a Espiritualidade não subtraíra de nenhum modo, a iniciativa dos espíritos que se reencarnaram, com esse ou aquele mandato específico, porquanto, é da Lei que a colheita corresponda à espécie da plantação.
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No entanto, o último tópico de seus apontamentos merece anotação especial. Efetivamente, compete às organizações espíritas indiscutível responsabilidade na formação e observação dos médiuns, com mais ampla tarefa na divulgação doutrinária. Isso, porque a mediunidade, interpretada no ponto de vista de sintonia, só por si não constitui galardão. Há médiuns de todo feitio, inclusive aqueles que, por força de seu próprio passado, ainda suportam pesada influência das sombras, esperando que a Doutrina Espírita lhes envolva o campo mental na bênção de sua luz, a fim de que possam executar as próprias obrigações.
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Ainda aqui, todavia, não podemos compelir os irmãos de ideal, nos variados setores de nossa edificação, a proceder nesse ou naquele padrão de conduta, de vez que os princípios do Espiritismo são claros para nós todos.
De qualquer modo, porém, não se atenha ao desânimo.
Cada noite é a introdução de nova manhã.
De uma verdade inconteste, podemos guardar absoluta convicção, e essa verdade é a de que Jesus não nos abandona em razão de nossas fraquezas, de que a Doutrina Espírita continuará brilhando sempre por chave de luz do Evangelho, acima de quaisquer desacertos humanos, e de que todos nós, seja onde for, receberemos sempre da vida, de acordo com as próprias obras.
 
 
Livro – Histórias e Anotações – Francisco Cândido Xavier – Irmão X
Digitado por – Valeria Guida

 

O CRENTE MODIFICADO


Irmão X

Certo devoto, em se retirando do templo, sempre encontrava pequena turma de pedintes e sofredores, com os quais distribuía os níqueis que lhe sobravam na bolsa.Em seguida, exortava-os à confiança no porvir, quando as administrações terrestres aprendessem a efetuar a justa repartição das riquezas. Contassem todos com o Senhor, rico de bondade para todos os dilacerados da sorte, e que lhes enviaria benfeitores leias para o suprimento de pão e bem estar no momento oportuno.
À noite, de mãos postas, elevava-se espiritualmente ao Céu e figurava-se, à frente do Cordeiro Divino...
Ajoelhava-se e pedia reverente:
- Senhor, teus pobrezinhos padecem frio e fome... Auxilia-me para que possa, por minha vez, ampara-los em teu nome. Para isso, ´p Providência dos deserdados, digna-te conceder-me a mordomia nos bens materiais! É imprescindível que os celeiros de tua compaixão permaneçam sob a guarda de colaboradores eficientes e fiéis!...
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E o Salvador ouvia-o, complacente, sem prometer modificação de programa.
O aprendiz da fé retomava a luta habitual, sempre interessado na crítica fraterna.
De quando a quando, visitava instituições de benemerência e reparando a onda crescente dos necessitados ao redor dos trabalhos socorristas, inquiria santamente indignado:
- Onde se ocultam os ricaços sem deveres?
E, sem qualquer escrúpulo, justificava a indisciplina reinando na Terra.
Fazia carga asfixiante de palavras contra os favorecidos da fortuna e, não obstante cristão, declarava compreender o desespero dos pobres, quando se convertiam em revolucionários demolidores.
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- Impossível em equilíbrio social – asseverava, ríspido – quando os endinheirados alardeiam conforto excessivo ao pé dos indigentes.
Chegada à noite, tornava a rogativa, semiliberto do corpo físico e, sentindo-se diante do Mestre, voltava a solicitar:
-  Senhor, tenho encontrado dezenas de enfermos esfomeados plenamente esquecidos... Sofrem e choram, esmolando debalde na via pública... Os missionários da proteção coletiva, a quem emprestaste a autoridade e o ouro, esquecera-te as bênçãos e cristalizam-se no egoísmo feroz. Dá-me recursos! Tenho necessidade de espalhar os teus benefícios!
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O Salvador registrou a prece, sem alterar-lhe o roteiro.
E semelhantes cenas passaram à categoria de hábito inveterado. O devoto, em esforço verbal diário, defendia os órfãos, os doentes, as viúvas, os desempregados, os aflitos e os tristes, apaixonadamente.
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Nas rodas de companheiros, depois dos ofícios religiosos, pregava o advento do mundo novo em que os ricos da Terra seriam menos tirânicos e os pobrezinhos menos desditosos. Avançava, para isso, em teorias sociais de conseqüências imprevisíveis...
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Em certa ocasião, depois de grande calamidade pública, saiu a esmolar em favor das vítimas infelizes. A seca trouxera à cidade lamentáveis farrapos humanos. Inexprimíveis padecimentos desfiguravam centenas de rostos. Os infortunados pediam trabalho, mas, antes de tudo, requeriam remédio e alimentação.
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Tantas aflições presenciou o devoto, no círculo dos flagelados, e tanta indiferença surpreendeu na esfera das pessoas felizes que, à noite, em preces mais comovedoras e mais ardentes, subiu, em lágrimas, ao Trono do Cordeiro e suplicou:
- Senhor, os teus tutelados na Terra perecem a mingua de amor... Os afortunados escarnecem dos miseráveis, a opulência pisa os desvalidos. Dá-me acesso à riqueza fácil. Tenho necessidade de recursos urgentes para atender, no mundo, em nome de tua caridade infinita...
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O Mestre, tocado mo íntimo, através de tão reiteradas rogativas, alterou os desígnios e recomendou que o pedinte fosse conduzido, sem demora, ao manancial da prosperidade terrestre. E a ordem desceu de anjo a anjo e de servo a servo, assim quanto ocorre num exército humano em que a determinação do general supremo desce de oficial a oficial e de soldado a soldado.
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Em breve, o devoto era invariavelmente seguido por um mensageiro espiritual incumbido de soerguer-lhe o padrão econômico.
Atendendo aos imperativos da tarefa que lhe fora cometida, o emissário começou por observar-lhe as atividades comuns, identificando-lhe a posição de comerciante ativo e, examinado o melhor processo de conferir-lhe a doação celestial, passou a insuflar-lhe idéias favoráveis, utilizando recursos indiretos...
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Em algumas semanas, o crente sentiu-se compelido a realizar enormes aquisições de cereais, estimulado por inexplicável entusiasmos e, em sessenta dias, à face das exigências de exportação, o estoque gigantesco rendeu-se o lucro líquido de oitocentos mil cruzeiros.
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O auxiliar invisível, contudo, anotou-lhe profunda modificação íntima. O homem que possuía oitenta por cento de vocação para o desinteresse com Jesus e vinte por cento de comercialismo por necessidade fatal da experiência humana revelava estranha diferença. A mente dele, de inopino, acusou noventa e nove por cento de pensamentos alusivos à oferta e procura, compra e venda, restando apenas um por cento para o idealismo evangélico.
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O cooperador espiritual, sem acesso agora ao coração dele, buscou um companheiro d fé e inspirou-lhe a formular apelo ardente à execução da promessa ao Senhor, mas o crente, quase irreconhecível, respondeu, sem rebouços:
- Sim, efetivamente, em dois meses, ganhei oitocentos contos, todavia, é imperioso reconhecer que isto é uma insignificância para a nossa época. Além disso, a caridade pode esperar... O verdadeiro bem não é serviço que se faça afogadilho...
Fixou a máscara grave do homem de negócios excessivamente preocupado e concluiu:
-  Não posso esquecer igualmente que, acima de tudo, tenho a família e o futuro não é brincadeira...
Foi então que o mensageiro, fundamente desapontado, voltou ao domicílio que lhe era próprio e a nova notícia, de servo a servo e de anjo a anjo, subiu para o Senhor.
 
Livro – Histórias e Anotações – Francisco Cândido Xavier – Irmão X