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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

"E eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus."(Mateus, 16: 19) "...As chaves do Reino dos Céus, prometidas por Jesus Cristo, são simbolizadas na sabedoria, nas obras meritórias, na evolução espiritual, na reforma íntima, pois, sem esses atributos ninguém terá possibilidades de ascender aos páramos de luz que os homens denominam Céus. Quem tiver obedecido às ordenações de Jesus Cristo no sentido de acumular um tesouro nos Céus, onde os ladrões não roubam nem a ferrugem consome, certamente terá garantida a posse dessas chaves. ...

O QUE LIGARES NA TERRA

"E eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus,
e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus."(Mateus, 16: 19)
Não sendo o Reino dos Céus um lugar circunscrito, mas apenas um estado consciencial, é óbvio que as chaves desse reino, prometidas por Jesus Cristo ao apóstolo Pedro, são apenas simbólicas.
Os homens conquistam o Reino dos Céus quando operam dentro de si a reforma íntima. Sendo o Evangelho de Jesus a alavanca mais portentosa para se alcançar essa reforma, é ele, portanto, a chave desse reino, a qual é concedida por Deus a todos os seus filhos, assim como foram outorgadas a Pedro as chaves do Reino dos Céus, que apesar de ser um Espírito de ordem elevada estava e está ainda palmilhando a senda evolutiva.
Quando o Mestre prometeu a Pedro que tudo aquilo que ele ligasse na Terra, teria a sua correspondente ligação nos Céus, e tudo aquilo que fosse por ele desligado aqui embaixo, seria também desligado lá em cima, não objetivou conceder ao notável apóstolo uma prerrogativa especial, pois os acontecimentos posteriores revelaram que o antigo pescador do Tiberíades não desfrutava desse poder.
Como poderiam ser ligadas nos Céus as coisas praticadas por Pedro na Terra, se logo após ter o Cristo proferido aquelas palavras, o apóstolo foi vítima da influenciação de Espíritos de ordem inferior, merecendo de Jesus as famosas palavras: Afasta-te de mim satanás! (Mateus,16:23).
Como poderia Pedro estar investido de tamanha autoridade, se algum tempo após o Mestre teve necessidade de dizer-lhe: Pedro, satanás vos pediu para vos cirandar como trigo, mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. Quando te converteres, convence os teus irmãos (Lucas,22:31-34).
Teria sido ligado nos Planos Superiores o episódio da negação quando Pedro, por três vezes consecutivas, sustentou não ser seguidor de Jesus Cristo? (Mateus, 26:34).
Será que poderia ser ligada nos Céus a atitude dos apóstolo entre eles Pedro, de repelir estrangeiros na comunidade dos cristãos?
Os apóstolos, entre eles Pedro, não conseguiram curar o jovem lunático, narrado em Mateus, 9:18, o que foi feito posteriormente por Jesus Cristo. Tudo indica que não foi ligado no Céu aquilo que os apóstolos, entre eles Pedro, pretendiam fazer.
Quando Pedro visitou o Centurião Cornélio, na cidade de Cesaréia, houve uma ligação no Céu daquilo que ele praticou. Os demais apóstolos não concordaram com a visita e admoestaram Pedro severamente por haver adentrado a casa dum gentio. Nessa mesma visita Pedro disse a Cornélio: Vós bem sabeis que não é lícito a a um varão judeu juntar-se ou chegar-se a um estrangeiro (Atos, 10:28). Porventura teriam essas palavras do apóstolo boa ressonância no Céu, quando se considera que a mensagem de Jesus Cristo foi dirigida a todos os povos de forma indistinta?
Como decorrência, deve-se compreender que somente é ligado ou desligado nos Céus o que for praticado sob a égide dos ensinamentos evangélicos, pois isso constitui, na realidade, os de ligação entre Deus e os homens. Somente merecerá o beneplácito ou a repulsa do Alto, o que for praticado com ou sem a égide do Evangelho, uma vez que o Mestre havia asseverado que nenhum só til ou jota dos seus ensinos deixaria de ser cumprido.
O que significam, na realidade, as chaves do Reino dos Céus?
Serão porventura chaves comuns, como as que são usadas na Terra para se abrir portas de casas? Teriam as chaves do Reino dos Céus sido dadas somente a Pedro?
As chaves do Reino dos Céus, prometidas por Jesus Cristo, são simbolizadas na sabedoria, nas obras meritórias, na evolução espiritual, na reforma íntima, pois, sem esses atributos ninguém terá possibilidades de ascender aos páramos de luz que os homens denominam Céus. Quem tiver obedecido às ordenações de Jesus Cristo no sentido de acumular um tesouro nos Céus, onde os ladrões não roubam nem a ferrugem consome, certamente terá garantida a posse dessas chaves.
Todo aquele que pautar seus atos nos moldes dos ensinamentos legados por Jesus, todo aquele que viver os ensinamentos evangélicos, estará apto a conquistar esse decantado reino. A vivência dos preceitos ensinados pelo Cristo propiciará a todos aqueles que os assimilarem a oportunidade de viverem as qualidades intrínsecas que lhes possibilitarão o acesso a essas regiões elevadas. Eles entrarão realmente na posse das chaves para a conquista desse tão almejado Reino.
Quando Pedro proclamou ser Jesus Cristo o Filho de Deus vivo, o Mestre retrucou: Não foi nem a carne nem o sangue quem isso te revelou, mas meu Pai quee está nos Céus, o que, logicamente, indica que o apóstolo estava sendo medianeiro de palavras emanadas do Alto, portanto, o instrumento de uma revelação. Como decorrência, tudo aquilo que, como medianeiro, ele ligasse na Terra, seria ligado nos Céus, rnas o que ele viesse a fazer como homem, e não como instrumento do Alto, não teria essa ligação ou desligamento.
Como homem, ele teve dura contenda com Paulo (Gálatas, 2:11), tendo o Apóstolo dos Gentios afirmado que Pedro era repreensível e que não andava segundo as verdades contidas nos Evangelhos. É óbvio que um episódio dessa natureza não poderia jamais ser ligado nos Céus.
Paulo A. Godoy

Livro : O Evangelho Pedi Licença

Fonte: site a casa do espiritismo

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

NA IMPRENSA “Toda escritura divinamente inspirada é proveitosa...” — Paulo. (II TIMÓTEO, 3:16.)

André Luiz
 
Escrever com simplicidade e clareza, concisão e objetividade, esforçando-se pela revisão severa e incessante, quanto ao fundo e à forma, de originais que devam ser entregues ao público.
O patrimônio inestimável dos postulados espíritas está empenhado em nossas mãos.
Empregar com parcimônia e discernimento a força da imprensa, não atacando pessoas e instituições, para que o escândalo e o estardalhaço não encontrem pasto em nossas fileiras.
O comentário desairoso desencadeia a perturbação. Selecionar atentamente os originais recebidos para publicação, em prosa e verso, de autores encarnados ou de origem mediúnica, segundo a correção que apresentarem quanto à essência doutrinária e à nobreza da linguagem.
Sem o culto da pureza possível, não chegaremos à perfeição.
Sistematicamente, despersonalizar, ao máximo, os conceitos e as colaborações,
convergindo para Jesus e para o Espiritismo o interesse dos leitores.
O personalismo estreito ensombra o serviço.
Purificar, quando não se puder abolir, o teor dos anúncios comerciais e das notícias de caráter mundano.
A imprensa espírita cristã representa um veículo de disseminação da verdade e do bem.
 
“Toda escritura divinamente inspirada é proveitosa...” — Paulo. (II TIMÓTEO, 3:16.)
 
Ditado Pelo Espírito - André Luiz - Psicografia Waldo Vieira

NA VIA PÚBLICA “Vede prudentemente como andais.” — Paulo. (EFÉSIOS, 5:15.)


André Luiz

Demonstrar, com exemplos, que o espírita é cristão em qualquer local.
A Vinha do Senhor é o mundo inteiro.
Colaborar na higiene das vias públicas, não atirando detritos nas calçadas e nas sarjetas.
As pessoas de bons costumes se revelam nos menores atos.
Consagrar os direitos alheios, usando cordialidade e brandura com todo transeunte, seja ele quem for.
O culto da caridade não exige circunstâncias especiais.
Cumprimentar com serenidade e alegria as pessoas que convivem conosco, inspirando-lhes confiança.
A saudação fraterna é cartão de paz.
Exteriorizar gentileza e compreensão para com todos, prestando de boamente informações aos que se interessem por elas, auxiliando as crianças, os enfermos e as pessoas fatigadas em meio ao trânsito público, nesse ou naquele mister.
Alguns instantes de solidariedade semeiam simpatia e júbilo para sempre.
Coibir-se de provocar alarido na multidão, através de gritos ou brincadeiras inconvenientes, mantendo silêncio e respeito, junto às residências particulares, e justa veneração diante dos hospitais e das escolas, dos templos e dos presídios.
A elegância moral é o selo vivo da educação.
Abolir o divertimento impiedoso com os mutilados, com os enfermos mentais, com os mendigos e com os animais que nos surjam à frente.
Os menos felizes são credores de maior compaixão.
Proteger, com desvelo, caminhos e jardins, monumentos e pisos, árvores e demais recursos de beleza e conforto, dos lugares onde estiver.
O logradouro público é salão de visita para toda a comunidade.

“Vede prudentemente como andais.” — Paulo. (EFÉSIOS, 5:15.)

Ditado Pelo Espírito - André Luiz - Psicografia Waldo Vieira

NOS EMBATES POLÍTICOS " “Nenhum servo pode servir a dois senhores.” — Jesus. (LUCAS, 16:13.)"[...]O Espiritismo não pactua com interesses puramente terrenos.[...]Por nenhum pretexto, condenar aqueles que se acham investidos com responsabilidades administrativas de interesse público, mas sim orar em favor deles[...]


André Luiz

Situar em posição clara e definida as aspirações sociais e os ideais espíritas cristãos, sem confundir os interesses de César com os deveres para com o Senhor.
Só o Espírito possui eternidade.
Distanciar-se do partidarismo extremado.
Paixão em campo, sombra em torno.
Em nenhuma oportunidade, transformar a tribuna espírita em palanque de propaganda política, nem mesmo com sutilezas comovedoras em nome da caridade.
O despistamento favorece a dominação do mal.
Cumprir os deveres de cidadão e eleitor, escolhendo os candidatos aos postos eletivos, segundo os ditames da própria consciência, sem, contudo, enlear-se nas malhas do fanatismo de grei.
O discernimento é caminho para o acerto.
Repelir acordos políticos que, com o empenho da consciência individual, pretextem defender os princípios doutrinários ou aliciar prestígio social para a Doutrina, em troca de votos ou solidariedade a partidos e candidatos.
O Espiritismo não pactua com interesses puramente terrenos.
Não comerciar com o voto dos companheiros de Ideal, sobre quem a sua palavra ou cooperação possam exercer alguma influência.
A fé nunca será produto para o mercado humano.
Por nenhum pretexto, condenar aqueles que se acham investidos com responsabilidades administrativas de interesse público, mas sim orar em favor deles, a fim de que se desincumbam satisfatoriamente dos compromissos assumidos.
Para que o bem se faça, é preciso que o auxílio da prece se contraponha ao látego da crítica.
Impedir palestras e discussões de ordem política nas sedes das instituições doutrinárias, não olvidando que o serviço de evangelização é tarefa essencial.
A rigor, não há representantes oficiais do Espiritismo em setor algum da política humana.

“Nenhum servo pode servir a dois senhores.” — Jesus. (LUCAS, 16:13.)
Ditado Pelo Espírito - André Luiz - Psicografia Waldo Vieira

PERANTE O TEMPO " “Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto.” — Jesus. (JOÃO, 7:6.)"


André Luiz
Em nenhuma condição, malbaratar o tempo com polêmicas e conversações estéreis,
ocupações fantasistas e demasiado divertimento.
Desperdiçar tempo é esbanjar patrimônio divino.
Autodisciplinar-se em todos os cometimentos a que se proponha, revestindo-se do necessário discernimento.
“Fazer muito” nem sempre traduz “fazer bem”.
Fugir de chorar o passado, esforçando-se por reparar toda ação menos correta.
O passado é a raiz do presente, mas o presente é a raiz do futuro.
Afastar aflições descabidas com referência ao porvir, executando honestamente os deveres que o mundo lhe designa no minuto que passa.
O “amanhã” germinará das sementes do “hoje”.
Quanto possível, plasmar as resoluções do bem no momento em que surjam, de vez que, posteriormente, o campo da experiência pode modificar-se inteiramente.
Ajuda menos, quem tarde serve.
Ainda que assoberbado de realizações e tarefas, jamais descurar o bem que possa fazer em favor dos outros.
Quando procuramos o bem, o próprio bem nos ensina a encontrar o “tempo de auxiliar”.
“Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto.”
— Jesus. (JOÃO, 7:6.)
Ditado Pelo Espírito - André Luiz - Psicografia Waldo Vieira

NOS CONCLAVES DOUTRINÁRIOS


André Luiz

"Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas."
— Paulo. (FILIPENSES, 2:14.)

Somente empreender conclaves doutrinários como iniciativas de aproximação e planejamento de trabalho, a serem naturalmente entrosadas com as organizações centrais e regionais, responsáveis pela marcha evolutiva do Espiritismo.
Não há ordem sem disciplina.
Escolher como representantes de entidades e instituições, nos certames, os companheiros de boa-vontade que seja, de fato, competentes quanto aos objetivos doutrinários visados.
A aptidão de servir é metade do êxito.
Participar com seriedade dos conclaves espíritas, sem procurar diletantismo ou passatempo, sentido-os como deveres, em vez de tê-los simplesmente à conta de divertimento e excursão turística.
O tempo não volta.
Dignificar a hospitalidade de companheiros que oferecem ao conclavista a intimidade do próprio lar, mantendo-se com firmeza no trabalho a que foi chamado.
A fidelidade ao dever expressa nobreza de consciência.
Abster-se de subvenções governamentais de qualquer procedência para serem aplicadas em movimentos exclusivamente doutrinários que não apresentem características de assistência social.
Quem sabe suportar as próprias responsabilidades, dá testemunho de fé.
Respeitar os atos religiosos dos adeptos de outras crenças, evitando querelas e desentendimentos na execução dos programas traçados para os conclaves doutrinários.
Com Jesus, só encontramos motivos para ajudar.
Fixar não somente as lembranças afetivas ou alegres, mas, sobretudo, as resoluções, experiências e avisos do certame de que participe.
Quem guarda o ensinamento, aprende a lição.
Difundir, entre os núcleos interessados, as resoluções práticas das concentrações doutrinárias, de modo a não deixá-las em reduzido círculo de companheiros ou na poeira do esquecimento.
A continuidade do bem garante o melhor.

Do livro: Agenda Cristã
Psicografia: Francisco Cândido Xavier

NÃO ESTRAGUE SEU DIA


       André Luiz
    
A sua irritação não solucionará problema algum.
As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas.
Os seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o tempo conseguirá realizar.
O seu mau humor não modifica a vida.
A sua dor não impedirá que o Sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus.
A sua tristeza não iluminará os caminhos.
O seu desânimo não edificará a ninguém.
As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade.
As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você.
Não estrague o seu dia.
Aprenda, com a Sabedoria Divina, a desculpar infinitamente, construindo e reconstruindo sempre para o Infinito Bem.
      ( Do Livro Agenda Cristã, de André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier)
 

Lição Acerca da Vontade

UMA  PERGUNTA  SIMPLES

 Emmanuel
 
O discípulo, solicitava ao orientador algo falasse, acerca da vontade e o amigo esclareceu, sorrindo:
 
-Não precisamos de longas digressões. Basta lhe diga que, há dias, fui chamado com urgência para cooperar na extinção de um incêndio que ameaçava muitas vidas.
 
Atingimos o lugar que inspirava compaixão.
 
As chamas devoravam grande construção.
 
Turmas socorristas do Plano Espiritual se uniu aos bombeiros presentes e todos os moradores foram colocados fora de perigo.
 
Restava o prédio.
 
Paredes ruíam e as estruturas de madeira alimentavam o fogo implacável.
 
Vimos a destruição de preciosas peças de arte.
 
Cortinas e tapetes raros desapareciam aos nossos olhos.
 
Pertences de valor se convertiam em cinza.
 
O telhado desabou para consumir-se num lago de labaredas.
 
Entretanto, os homens de serviço ali congregados eram dos mais componentes. Todo um sistema de socorro jazia ali aparelhado, pronto a funcionar. Mangueiras enormes foram inteligentemente assestadas contra o fogaréu. Mas no instante da ação, faltava água.
 
Claro seja desnecessário dizer que o prédio foi destruído.
 
Em seguida, o mentor rematou:
 
-Aí está o símbolo da vontade.
Temos milhares de irmãos equipados com todos os recursos culturais para se defenderem da delinquência, do desequilíbrio, da irritação e do desânimo...
 
E, sorrindo, terminou a lição com Uma pergunta simples:
 
-Mas se não usam a própria vontade, o que se há de fazer?

Da Obra “Agora É O Tempo” – Espírito: Emmanuel – Médium: Francisco Cândido Xavier.
Digitado por: Lúcia Aydir.

 

sábado, 9 de agosto de 2014

A fé

(Grupo Espírita de Douai, 7 de junho de 1865)

A fé plana sobre a Terra, buscando uma pousada onde abrigar-se, buscando um coração para esclarecer. Onde irá ela?... Para começar, ela entrará na alma do homem primitivo e impor-se-á; porá um véu momentâneo sobre a razão que começa a desenvolver-se e vacila nas trevas do espírito. Ela conduzi-lo-á através das idades da simplicidade e far-se-á mestra pelas revelações. Mas, não estando ainda o raciocínio bastante amadurecido para discernir o que é justo do que é falso, para julgar o que vem de Deus, ela arrastará o homem para fora do reto caminho, tomando-o pela mão e pondo-lhe uma venda nos olhos. Muitos desvios, tal deve ser a divisa da fé cega que, entretanto, durante muito tempo teve sua utilidade e sua razão de ser.
Esta virtude desaparece quando a alma, pressentindo que pode ver com seus próprios olhos, a afasta e não mais quer marchar senão com a sua razão. Esta a ajuda a desfazer-se das crenças falsas que ela havia adotado sem exame. Nisto ela é boa. Mas o homem, encontrando em seu caminho muitos mistérios e verdades obscuras, quer desvendá-las e se atrapalha. Seu julgamento não pode acompanhá-la; ele quer ir muito depressa e a progressão em tudo deve ser gradual. Assim, não tem mais a fé que repeliu; não tem mais a razão que ele quis ultrapassar. Então ele faz como as borboletas temerárias; queima as asas na luz e se perde nos desvios impossíveis. Daí saiu a má filosofia que, buscando muito, fez tudo esboroar-se e nada substituiu.
Estava aí o momento da transformação. O homem não era mais o crente cego; também ainda não era o crente que racionaliza a crença; era a crise universal tão bem representada pelo estado da crisálida.
À força de procurar na noite, a claridade brilha, e muitas almas transviadas, encontrando com dificuldade a luz obscurecida por tantos desvios inúteis e retomando como guias seus condutores eternos: a fé e a razão, fazem-nos marchar à sua frente, a fim de que seus dois clarões reunidos impeçam-nos de perder-se uma segunda vez. Elas fazem assentar a fé sobre as bases sólidas da razão, ela própria ajudada pela inspiração.
É vossa oportunidade, meus amigos. Segui o caminho. Deus está no fim.

DEMEURE

Fonte:  Revista Espírita 1865

Dissertação Espírita: A chave do Céu

(Sociedade de Montreuil-Sur-Mer, 5 de janeiro de 1865)

Quando se considera que tudo vem de Deus e retorna a Deus, é impossível não perceber, na generalidade das criações divinas, o laço que as une entre si e as sujeita a um trabalho de avanço comum, ao mesmo tempo que a um trabalho de progresso particular. Também não se pode desconhecer que a lei de solidariedade daí resultante não nos obriga a sacrifícios gratuitos de toda sorte, uns para com os outros. Além do mais, é de notar-se que Deus nos mostrou em tudo uma primeira aplicação dos princípios primordiais por ele estabelecidos. Assim, pela solidariedade, encontra-se esse princípio expresso na sensibilidade de que fomos dotados, sensibilidade que nos leva a compartilhar dos males alheios, a lhes ter piedade e a aliviá-los.
Isto não é tudo. Os profetas e o divino messias Jesus deram-nos o exemplo de uma segunda aplicação do princípio de solidariedade, inicialmente consagrando-a através de cerimônias simbólicas, e mais frequentemente pela autoridade de seus ensinamentos, o amor do homem pelo homem; depois, proclamando como um dever necessário e vigoroso a prática da caridade, que é a expressão da solidariedade. A caridade é o ato de nossa submissão à lei de Deus; é o sinal de nossa grandeza moral; é a chave do céu. Assim, é da caridade que vos quero falar. Encará-la-ei apenas sob um aspecto: o lado material, e a razão disto é simples: é o lado que menos agrada ao homem.
Nem os cristãos nem os espíritas negaram o princípio, ou melhor, a lei da solidariedade, mas procuraram subtrair-lhe as consequências, e para isto invocaram mil pretextos. Citarei alguns deles.
As coisas do espírito ou do coração, dizem, tendo um preço infinitamente superior ao das coisas materiais, segue-se que consolar aflições, por boas palavras ou por sábios conselhos, vale infinitamente mais que consolar por socorros materiais. Seguramente, senhores, tendes razão se a aflição de que falais tem uma causa moral; se encontra sua razão numa ferida do coração; mas se for a fome, se for o frio, se for uma doença; se, numa palavra, forem causas materiais que a provocaram, vossas sábias palavras bastarão para minimizá-la? Permitireis que eu duvide disso. Se Deus, colocando-vos na Terra, tivesse esquecido de prover o alimento para o vosso corpo, teríeis encontrado o seu equivalente nos socorros espirituais que ele vos concede? Mas Deus não é o homem. Deus é a sabedoria eterna e a bondade infinita. Ele vos impôs um corpo de lama, mas proveu às necessidades desse corpo fertilizando os vossos campos e fecundando os tesouros da Terra; aos socorros espirituais que se dirigiam à vossa alma, juntou os socorros materiais reclamados por vosso corpo. Desde então, e porque o egoísmo talvez tenha despojado o pobre de sua herança terrena, com que direito vos julgais quites para com ele? Porque a justiça humana o excluiu do número dos usufrutuários dos bens temporais, vossa caridade não encontraria uma justiça mais equitativa para lhe fazer?
Um ilustre pensador deste século não temia assim exprimir-se na sua memorável profissão de fé: “Cada abelha tem direito à porção de mel necessária à sua subsistência, e se, entre os homens, a alguns falta o necessário, é que a justiça e a caridade desapareceram de seu meio.” Por mais excessiva que vos possa parecer esta linguagem, ela não deixa de conter uma grande verdade, verdade talvez incompreensível para o entendimento de muitos entre vós, mas evidente para nós, Espíritos que, mais tocados pelos efeitos, porque os abraçamos em seu conjunto, vemos assim as causas que os produzem.
Ah! diz este, ninguém mais que eu lamenta as penas e as privações cruéis do verdadeiro pobre, do pobre cujo trabalho, insuficiente para a manutenção da família, não lhe traz, em troca das fadigas, nem a alegria de nutrir os seus, nem a esperança de torná-los felizes; mas eu considerava um caso de consciência encorajar, por cegas liberalidades, a preguiça ou a má conduta em farrapos. Aliás, considero a caridade como indispensável à salvação do homem; somente a impossibilidade de descobrir as necessidades reais entre tantas necessidades simuladas parece-me justificar a minha abstenção.
A impossibilidade de descobrir as necessidades reais, tal é, meu amigo, a vossa justificação. Vede, entretanto, que essa justificativa jamais será sancionada por vossa consciência e não quero outra prova além da vossa confissão, porque, do direito que teria o verdadeiro pobre à vossa esmola, ─ e reconheceis esse direito ─ desse direito, digo eu, decorre para vós o dever de procurá-lo. Vós o procurais? A impossibilidade vos detém. É evidente! A caridade não tem limites, ela é infinita como Deus, de onde emana, e não admite qualquer impossibilidade! Sim, algo vos detém: é o egoísmo, e Deus, que sonda a razão e o coração, Deus o descobrirá facilmente sob os falaciosos pretextos com que o velais. Podeis enganar o mundo, conseguireis enganar momentaneamente a vossa consciência, mas nunca enganareis Deus. Em cem anos, em mil anos, aparecereis novamente na Terra; sem dúvida aí vivereis, despojados de vossa opulência presente e curvados ao peso da indigência. Eu vos declaro, então, que recebereis do rico o desdém e a indiferença que vós mesmos, outrora ricos, tiverdes demonstrado pelo pobre. Diz-se que a nobreza obriga; a solidariedade obriga ainda mais. Quem se subtrai a essa lei perde todos os seus benefícios. Eis por que vós, que tiverdes alimentado o fundo egoísta de vossa natureza, sofrereis, por vossa vez, o desprezo do egoísmo.
Escutai estas palavras de Rousseau:
“Para mim, sei que todos os pobres são meus irmãos e que não posso, sem uma inescusável dureza, recusar-lhes o fraco socorro que me pedem. Na maioria são vagabundos, concordo; mas conheço bem as penas da vida para ignorar por quantas desgraças o homem honesto pode encontrar-se reduzido em sua sorte. E como poderia eu estar certo de que o desconhecido que me vem implorar assistência em nome de Deus não é esse homem honesto, prestes a perecer de miséria, e que minha recusa vai reduzir ao desespero? Quando a esmola que se lhes dá não for para eles um socorro real, é ao menos um testemunho de que se participa de suas penas, um abrandamento da dureza da recusa, uma espécie de saudação que se lhes faz.”(Grifo do blog)
É um filho de Genebra, senhores, que fala da sorte; é um filósofo saciado nas fontes secas do século dezoito que teme desconhecer o homem honesto entre os desconhecidos que lhe estendem a mão, e que dá a todos. Ele dá a todos porque todos são seus irmãos: ele o sabe! Sabeis menos do que ele, senhores? Não ouso acreditar.
Mas, em que medida deveis dar, ou melhor, qual é nos vossos bens a parte que vos pertence e a que pertence aos pobres? Vossa parte, senhores, é o necessário, nada mais que o necessário, e não é preciso que exagereis. Em vão vos prevalecereis de vossa posição, dos encargos dela decorrentes, das obrigações de luxo que ela exige. Tudo isto diz respeito ao mundo, e se quereis viver para o mundo, não avançareis senão com o mundo, não ireis mais depressa que o mundo. Em vão, ainda, alegareis, para justificar vossos hábitos de moleza, um trabalho ao qual não se entrega o pobre, e que, praticado em vossa casa e por vós, vos torna beneficiários de maior comodidade. Em vão alegareis isto, porque todo homem é votado ao trabalho, para si ou para outros, porque todo homem é votado ao trabalho, para si ou para os outros, porque a incúria de seu vizinho não o absolveria do abandono em que ele o teria deixado.
Do vosso patrimônio, como do vosso trabalho, não vos é permitido retirar senão uma coisa em vosso proveito: o necessário. O resto cabe aos pobres. Esta é a lei. Não nego que esta lei comporte, em certos casos e em dadas circunstâncias, temperamentos; no entanto, diante da luz, diante da verdade, diante da justiça divina, ela não comporta mais isso.
E a família, que será dela? Estamos quites com ela pelo fato de termos socorrido aqueles a quem chamamos de pobres? Não, evidentemente, senhores, porque, do momento em que reconheceis a necessidade de vos despojar pelos pobres, trata-se de fazer uma escolha e estabelecer uma hierarquia. Ora, vossas mulheres e vossos filhos são os vossos primeiros pobres; a ele deveis, pois, dar as vossas primeiras esmolas. Velai pelo futuro de vossos filhos; preocupai-vos em lhes preparar dias calmos e tranquilos em meio a esse vale de lágrimas; deixai-lhes até em depósito uma pequena herança que lhes permita continuarem o bem que haveis começado: isto é legítimo. Entretanto, não lhes ensineis jamais a viver egoisticamente e a olhar como deles o que é de todos. Antes e depois deles, os autores de vossos dias, aqueles que vos alimentaram e guardaram, aqueles que protegeram vossos primeiros passos e guiaram vossa adolescência, vosso pai e vossa mãe, têm direito à vossa solicitude. Depois vêm as almas que Deus vos deu como vossos irmãos segundo a carne; depois os amigos de coração; depois todos os pobres, a começar pelos mais miseráveis.(Grifo do Blog)
Vós o vedes, eu vos concedo temperamentos, estabeleço uma hierarquia conforme os instintos do vosso coração. Evitai, entretanto, favorecer demasiado a uns, com exclusão de outros. É pela partilha equitativa dos vossos benefícios que mostrareis vossa sabedoria, e é ainda por essa partilha equitativa que cumprireis a lei de Deus em relação aos vossos irmãos, que é a lei da solidariedade.
Diz Lamennais que “A justiça é a vida; a caridade também é a vida, mas uma vida mais bela e mais doce.”
Sim, a caridade é uma bela e doce vida, é a vida dos santos, é a chave do Céu.

LACORDAIRE

Fonte: revista espírita de 1865