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sexta-feira, 10 de maio de 2013

A EUCARISTIA

A EUCARISTIA

"... Eu sou o pão vivo que desci do céu; se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. .. Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna... e permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que vive me enviou e eu também vivo pelo Pai, assim quem de mim se alimenta também viverá de mim... Isto vos escandaliza?.. . O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita: as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida..." — S. João, VI - 61 a 63.

As afirmativas acima transcritas, proferidas pelo Mestre e Senhor, causaram escândalo aos fariseus formalistas de outrora, constituindo, ainda neste século, pedra de tropeço para as várias formas vigentes de gentilidade.

Nada obstante, aquelas assertivas exprimem a maior e a mais transcendental revelação que, qual estrela de primeira grandeza, refulge no céu da espiritualidade.

O nosso corpo procede da terra, pois que resulta do alimento que ingerimos, da água que bebemos e do ar que respiramos. Tomamo-lo de empréstimo ao orbe que ora nos hospeda, e o restituiremos, quando daqui partirmos, de acordo com a sentença exarada no primeiro livro do Pentateuco: "Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris".

Toda a carne tem essa mesma origem, seja ela animal ou humana, da raça branca, preta ou amarela; da saxônica, judaica ou latina. Quanto, porém, ao Espírito, donde viemos? Como a matéria, tem a alma um só princípio, uma só gênese: Deus. Nele vivemos, nos movemos e existimos: porque dele somos geração — disse o grande apóstolo dos Gentios. Descobrir, pois, a linhagem divina em nós, cultivá-la, desenvolvê-la progressivamente — eis o alvo e o senso da Vida em sua mais sublime e excelente expressão.
Essa é a maravilhosa revelação que nos trouxe o Profeta de Nazaré. E, não só a anunciou, como a fez concreta em si própria, mostrando-nos ao vivo, através dos poderes espirituais enunciados, a divina natureza.

Filho de Deus é Jesus, e o são, a seu turno, todos os homens com a diferença que o Mestre conhece, sente e revela em sua vida a pulcra e santa estirpe, enquanto aqueles a ignoram de fato e de experiência, por isso que ainda a conservam em estado latente. Dessa ignorância resultam as dúvidas, os desatinos, a fraqueza, os erros e delitos em que os homens permanecem.
Sua conduta é dos que andam em trevas. As paixões os agitam, o egoísmo os conduz. E assim permanecerão até que comam a carne e bebam o sangue de Cristo, começando, então, a viver da vida que Ele vive, que é a vida que vem de Deus. Quem ingerir aquele alimento viverá eternamente, porquanto, vencendo a morte, não se encarcerará mais na prisão da carne.
O que nutre o corpo é o que é gerado da terra, e o que sustenta o Espírito é o que desce do céu. As necessidades do corpo se relacionam com o planeta, onde temporariamente permanecem. As do Espírito se harmonizam com o infinito, que o atrai e arrebata.

Sendo como é, uma só a fonte da Vida espiritual, que é eterna, a missão de Jesus é integrar-nos nessa fonte como Ele se acha integrado, conscientemente, percebendo, sentindo e gozando a plenitude da Vida. Quero que o meu gozo esteja em vós e o vosso gozo seja completo. Eu vim a este mundo para que tenhais vida, e vida em abundância.

Para compreendermos e assimilarmos, como discípulos, os ensinamentos do Mestre excelso, é preciso que dele nos aproximemos progressivamente, até que com Ele nos identifiquemos. Onde eu estou estará aquele que me serve. Já não sou eu mais quem vive: é Cristo que vive em mim, disse Paulo.

Da mesma sorte que se faz a transfusão de sangue para salvar o doente extenuado, prestes a sucumbir, assim também é necessário que se opere a transfusão da vida de Cristo em nós, para que possamos vencer a enfermidade moral que nos vexa, degrada e infelicita. Em verdade, em verdade vos digo que se não comerdes a carne e beberdes o sangue do Filho do homem, não tereis vida em vós. Só a vida de Cristo vertida na humanidade resolverá, de vez, todos os problemas sociais que vêm convulsionando o mundo através dos séculos, sem que até o presente encontrassem solução.

Eu sou a videira e o meu Pai é o viticultor; vós sois varas; aquele que permanece em mim, e no qual eu permaneço, dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer. É integral e perfeita a comunhão entre a videira e os sarmentos. Só assim estes frutificam, mercê da seiva que do tronco nele se transfunde. Da mesma sorte é mister que nossas relações com Cristo sejam cada vez mais íntimas e estreitas, para que possamos haurir do seu coração, escrínio insondável da graça, o amor que é a vida do Espírito, como o sangue é a vida do corpo, e a seiva é a vida da planta.

Em tal importa a Eucaristia em espírito e verdade. Simbólicas são as expressões com que Jesus no-la apresenta; todavia, na prática, não se trata de cerimônia, ritual ou símbolo, mas de realidade positiva, de potência espiritual incoercível que transformará o mundo no dia em que os homens a compreenderem, entrando em sintonização com ela.

A passagem acima comentada é a confirmação do que Jesus, mais tarde, no decurso da ceia pascal, disse aos se discípulos, com relação ao pão e ao vinho: Tomai e com este é o meu corpo, que é dado por vós. Empunhando e seguida o cálice acrescentou: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós.

Vinícius

terça-feira, 7 de maio de 2013

O LEPROSO PURIFICADO

CAPÍTULO VIII
O LEPROSO PURIFICADO

O LEPROSO PURIFICADO
1 - E depois que Jesus desceu do monte foi muita a gente do povo que o seguiu.
2 - E eis que vindo um leproso o adorava, dizendo: Se tu queres, Senhor, bem me podes limpar.
3 - E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Pois eu quero. Fica limpo. E logo ficou limpa toda a sua lepra.
4 - Então lhe disse Jesus: Vê, não o digas a alguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e faze a oferta que ordenou Moisés, para lhes servir de testemunho a eles.
Fascinados pela amorosa mensagem de Jesus, muita gente o seguia. Todavia, cumpre dividir em duas classes os que seguem Jesus: a uma classe pertencem os que o seguem com os lábios, sem jamais o sentirem no coração; estes falam, mas não praticam. A outra classe é constituída pelos que seguem Jesus, esforçando-se o mais possível para viverem segundo os ensinamentos dele.
Dada a extraordinária elevação moral de Jesus e ao seu perfeito conhecimento das leis divinas, fácil lhe era movimentar poderosos recursos fluídicos, com os quais efetuava as curas. É de se notar, contudo, que o paciente devia estar em posição de receber a cura que implorava. Uma das condições que melhor predispunha o doente a merecer a cura que tanto ambicionava, era alimentar uma fé viva, que pudesse atrair o fluxo magnético que Jesus irradiava.
Aqui vemos o leproso criar a condição favorável, pois diz ao Mestre: - "Se tu queres, bem me podes curar."
É como se ele afirmasse a Jesus: "A minha fé em tua ação é muito grande; o resto depende de tua vontade, Senhor."
E Jesus, notando que o leproso estava suficientemente preparado pela fé, respondeu-lhe: "Quero." Isto é: "Agora que estás regenerado, eu posso curar-te."
A lepra pertence à categoria das moléstias expiatórias. É um dos mais dolorosos, porém, dos mais enérgicos remédios para livrar a alma de pesados débitos contraídos em existências passadas. No tribunal da justiça divina, o castigo é sempre proporcional à falta cometida. Por isso, os que são tocados por tão terrível enfermidade, é porque têm grandes contas a liquidar. Em primeiro lugar deverão dar graças ao Pai pela sublime oportunidade de resgate, que sua misericórdia lhes proporciona; depois, encherem-se de fé, paciência, coragem e resignação. Quando a vontade de Deus os chamar novamente para o mundo espiritual, deixarão na terra o miserável corpo que lhes servia de cárcere e de tormentos; e seus espíritos, purificados das manchas dos crimes das encarnações anteriores, resplandecerão luminosos e felizes.
Jesus, ao curar o leproso, não contrariou as leis divinas.
As leis de Deus são imutáveis. Aconteceu que o leproso, pela sua resignação à Vontade Divina, tinha expiado suficientemente seus erros, purificando-se espiritualmente. E Jesus, vendo a fé de que o leproso estava possuído, fez com que a cura de seu espírito se refletisse em seu corpo físico.
Neste trecho aprendemos também que as expiações, isto é, os castigos não são eternos. Não há castigos eternos. O fim de uma expiação depende unicamente da força de vontade de cada um. Conformar-se com a situação em que se acha, é o primeiro passo para a cura do espírito, cura essa que, no momento oportuno, se refletirá infalivelmente no corpo físico. O leproso soube sofrer resignadamente e, como recompensa e exemplo, mereceu a cura que Deus lhe enviou por meio de Jesus.
O CENTURIÃO DE CAFARNAUM
5 - Tendo porém entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião, fazendo-lhe esta súplica.
6 - E dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa doente com uma paralisia e padece muito com ela.
7 - Respondeu-lhe então Jesus: Eu irei e o curarei.
8 - E respondendo o centurião, disse: Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa; porém, manda-o só com a tua palavra e o meu criado será salvo.
9 - Pois eu também sou um homem sujeito a outro, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: Vai acolá, ele vai; e a outro: Vem cá, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
10 - E Jesus, ouvindo-o assim falar, admirou-se e disse para os que o seguiam: Em verdade vos afirmo, que não achei tamanha fé em Israel.
11 - Digo-vos, porém, que virão muitos do Oriente e do Ocidente e que se sentarão à mesa com Abrahão e Isaac e Jacob no reino dos céus.
12 - Mas que os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
13 - Então disse Jesus ao Centurião: Vai e faça-se segundo tu creste. E naquela mesma hora ficou são o criado.
Observemos aqui a humildade com que o centurião se dirige a Jesus. Essa humildade transparece não só das palavras do centurião, como também do fato de ele, um superior, interceder por um inferior, seu servo.
A humildade é o característico da fé sincera. Os que sabem ser verdadeiramente humildes, muito recebem; porque a humildade abre as faculdades receptivas da alma, colocando-a em posição de merecer o auxílio divino.
Nos versículos 11 e 12, Jesus quer dizer que as leis divinas, até aí conhecidas somente do povo hebreu, no futuro seriam conhecidas e praticadas por todos os povos da terra. Esta profecia de Jesus se cumpre em nossos dias. O monoteísmo que era uma crença somente dos filhos de Israel, espalhou-se pela terra inteira. E hoje a humanidade civilizada já adora o Deus único, tornado conhecido em nosso planeta, por meio do povo israelita. E o Evangelho do Mestre já espalha sua claridade por todas as nações.
Os filhos do reino simbolizam aqueles que conhecem as leis divinas, mas não as praticam. E Jesus os adverte de que sofrerão as conseqüências dolorosas de seu endurecimento perante as leis do Senhor.
A SOGRA DE PEDRO
14 - E tendo chegado Jesus à casa de Pedro, viu que a sogra dele estava de cama e com febre.
15 - E tocou-lhe na mão e a febre a deixou e ela se levantou e se pôs a servi-los.
16 - Sobre a tarde porém lhe puseram diante muitos endemoninhados; e ele com sua palavra expelia os espíritos e curou todos os enfermos.
17 - Para se cumprir o que estava anunciado pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças.
Os endemoninhados aqui referidos eram pessoas obsidiadas; e Jesus, com sua palavra, afastava os espíritos obsessores.
Nas épocas de renovação espiritual da humanidade, multiplicam-se os casos de obsessões, como prova da imortalidade da alma. Foi o que aconteceu no tempo de Jesus: a Providência Divina permitiu as manifestações dos espíritos para chamar a atenção dos homens sobre a realidade da sobrevivência da alma, conforme Jesus ensinava.
Nos tempos modernos em que o Espiritismo por seu turno intensifica o trabalho de espiritualização do mundo, novamente se manifestam os espíritos, provando as verdades espirituais. E as manifestações mais comuns são as obsessões, que avivam a curiosidade do povo sobre os problemas da alma.
Quanto à profecia de Isaías, ela se refere à parte moral da doutrina de Jesus. Ensinando-nos as leis divinas e como praticá-las, Jesus nos deu o remédio que livra nossa alma de doenças e enfermidades morais, que nesta ou nas futuras encarnações arruinariam, a saúde de nosso corpo.
Quanto à sogra de Pedro, ela foi curada pelo passe, tão comum hoje em dia nos Centros Espíritas.
COMO DEVEMOS SEGUIR A JESUS
18 - Ora, vendo-se Jesus rodeado de muito povo, mandou-lhes que passassem para a banda d'além do lago.
19 - Então chegando-se a ele um escriba, lhe disse: Mestre eu seguir-te-ei para onde quer que fores.
20 - Ao que Jesus lhe respondeu: As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos; porém o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.
21 - E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, deixa-nos ir primeiro enterrar a meu Pai.
22 - Mas Jesus lhe respondeu: Segue-me e deixa que os mortos sepultem os seus mortos.
Seguir a Jesus é renunciar à cobiça, à inveja, à maledicência, ao ódio, à concupiscência, à cólera, à violência, aos vícios, aos maus hábitos, as más palavras, aos maus pensamentos e aos maus atos.
Seguir a Jesus é não se apegar excessivamente aos bens deste mundo, com prejuízo dos bens espirituais.
Seguir a Jesus é esquecer-se de si mesmo, em benefício dos outros.
Conhecendo que o escriba queria segui-lo, mas ainda carregado das vaidades do mundo, Jesus lhe respondeu como se lhe dissesse: "Eu, neste mundo, renunciei a tudo; como queres seguir-me se não te sujeitas a renunciar a nada?"
Os que já compreendem a imortalidade da alma sabem que a morte não existe. Quem já chegou a este grau de compreensão é um vivo, porque despertou para a realidade. Os que não compreendem a imortalidade da alma e julgam que a morte é o fim de tudo, estes são os verdadeiros mortos espirituais.
Dizendo Jesus ao discípulo que o seguisse, pois os mortos cuidariam do morto, quis dizer-lhe: "Tu que já sabes que a morte não existe, porque te importas tanto com ela? Deixa que se interessem pela morte os que não compreendem a verdadeira vida."
JESUS APAZIGUA A TEMPESTADE
23 - E entrando ele numa barca, o seguiram seus discípulos.
24 - E eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de modo que a barca se cobria das ondas e entretanto ele dormia.
25 - Então se chegaram a ele seus discípulos e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, que perecemos.
26 - E Jesus lhes disse: Porque temeis, homens de pouca fé? E levantando-se pôs preceito ao mar e aos ventos e logo se seguiu uma grande bonança.
27 - E os homens se admiraram, dizendo: Quem é este que os ventos e o mar lhe obedecem?
As chamadas forças cegas da natureza não existem. Em todos os departamentos que regulam a vida na face ela terra, depararemos sempre com cooperadores espirituais. Falanges de espíritos em evolução trabalham ativamente, zelando pela manutenção dos reinos da natureza: o mineral, o vegetal e o animal. Os fenômenos atmosféricos também são presididos por plêiades de espíritos, sob orientação superior, encarregados de manterem o equilíbrio planetário.
Nem sempre compreendemos o porquê dos fenômenos, que muitas vezes causam verdadeiras calamidades em determinadas regiões do mundo. Mas o Espiritismo nos ensina que não há efeito sem causa. Por conseguinte, os fenômenos tais como; tempestades, terremotos, maremotos, inundações, são orientados por entidades espirituais, em obediência a desígnios divinos, visando o apressamento da evolução não só do planeta, como também das populações atingidas.
Jesus aqui não fez milagre ao apaziguar a tempestade.
Usou apenas de seu conhecimento das forças que regem o Universo e de sua superioridade moral para ordenar aos orientadores invisíveis da atmosfera, que fizessem cessar a tempestade.
Todavia, de cada trecho do Evangelho podemos tirar proveitosos ensinamentos morais. O espírito, quando se entrega às paixões terrenas, desencadeia em seu íntimo terrível tempestade moral: a ambição o perturba, o ódio o maltrata, os vícios o escravizam, o orgulho o sufoca, seu coração se torna um mar tempestuoso. Para aplacar semelhantes tempestades da alma, o recurso é invocar a proteção de Jesus, e conformar-se com seus ensinamentos. E a consciência que se debatia qual mar encapelado e revolto, começa a abrandar, e suave paz assenhoreia-se do coração. E depois, com o coração sereno e a consciência tranqüila, o espírito regenerado exclama satisfeito: "Verdadeiramente Jesus aplaca as tempestades."
OS ENDEMONINHADOS GERASENOS
28 - E quando Jesus passou à outra parte do lago, ao país dos gerasenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados, que saíam dos sepulcros, em extrema fúria, de tal maneira, que ninguém ousava passar por aqueles caminhos.
29 - E gritaram logo ambos, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?
30 - Ora em alguma distância deles andava uma manada de porcos pastando.
31 - E os demônios o rogavam, dizendo: Se nos lanças daqui, manda-nos para a manada dos porcos.
32 - E ele lhes disse: Ide. E saindo eles se foram aos porcos e no mesmo ponto toda a manada correu impetuosamente somente por um despenhadeiro a precipitar-se no mar; e todos morreram afogados nas águas.
33 - E os pastores fugiram; e vindo à cidade, contaram tudo, e o sucesso dos que tinham sido endemoninhados.
34 - E logo toda a cidade saiu a encontrar-se com Jesus; e quando o viram, pediram-lhe que se retirasse do seu termo.
É comum depararmos com espíritos obsessores que não sentem o menor desejo de se regenerarem nem de deixarem suas vítimas. Quando doutrinados, imprecam contra quem os chama ao reto caminho e tudo fazem para não escutarem palavras de bom senso. Nestes casos, o doutrinador deve possuir grande força moral para ser obedecido. É o que nos ensina esta passagem evangélica: os espíritos obsessores não puderam desobedecer a Jesus; porém, como não tinham vontade de se corrigirem, acharam mais fácil atormentar os porcos do que aproveitar a oportunidade de melhoria que Jesus lhe oferecia.
Como a cura dos obsidiados lhes custou a perda dos porcos, os pastores se revoltaram. Estes pastores simbolizam duas espécies de indivíduos: os que dão mais valor às coisas terrenas do que às espirituais e os que recebem graças espirituais e não sabem reconhecê-las. Os primeiros só vêem a matéria e repelem sistematicamente qualquer tentativa que vise despertá-los para a espiritualidade. Os segundos jamais se lembram de agradecer a Providência Divina pelo que recebem, como os gerasenos que não se mostraram agradecidos a Jesus, pela cura de seus endemoninhados. É verdade que Jesus não está à espera de agradecimentos, pois que cada um sempre receberá de acordo com seus merecimentos; contudo, o saber agradecer e ser reconhecido é prova de humildade e de elevação espiritual.
É digno de notar-se o exemplo de tolerância que Jesus nos dá: ao ser convidado a retirar-se das terras dos gerasenos, Jesus não alterca com eles nem lhes lança em rosto o benefício que tinha feito aos obsidiados que sofriam; respeita-lhes a incompreensão, perdoa-lhes a ingratidão e retira-se.
Eliseu Rigonatti
O Evangelho dos Humildes

segunda-feira, 6 de maio de 2013

IGUALDADE "No seio das próprias religiões, cujo objetivo deveria ser unir e congraçar a família humana, apagando as causas de separação, é, infelizmente, onde mais prolifera o vírus da separatividade'(...)

IGUALDADE

A natureza, em suas manifestações eloquentes e inequívocas, ensina que todos os homens são iguais. Todos os que fazem parte da humanidade estão, de modo geral, sob o imperativo das leis que correspondem ao seu estado atual de evolução.

A necessidade de progredir e melhorar, ressarcindo o passado e aparando as arestas do caráter, explica a razão de ser da encarnação e reencarnação das almas neste orbe, onde ora nos encontramos.
A diferença entre os que aqui habitam é, exclusiva e unicamente, aquela que resulta do grau evolutivo de cada um, considerando todavia, que todos ainda se acham na dependência das aprendizagens relativas a este plano. A natureza, sujeitando os homens às mesmas necessidades e à contingência iniludível do nascimento e da morte, estabelece e assinala, de forma precisa e categórica, a igualdade humana.

O processo mediante o qual o homem surge no cenário terreno é o mesmo, não só no que respeita à sua espécie, como é, a seu turno, idêntico àquele que vigora em todo o reino animal. Os fenômenos fisiológicos que precedem e sucedem à encarnação são um só, envolvendo todos os seres desta esfera.
Concepção, período gestatório, nascimento e desenvolvimento, através da nutrição e assimilação. Seguem-se os trâmites naturais que se desenrolam do berço ao túmulo, obedecendo ao critério desa sentença de Kardec: Nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredindo sempre: tal é a lei.
Nada obstante, verifica-se na sociedade terrena o uso inveterado das seleções e dos privilégios, dividindo-se essa sociedade em classes, grupos e partidos, dentro dos quais surgem indivíduos que, à força de artifícios e paródias, pretendem, em vão, sobrepor-se às conjunturas a que se acham submetidos todos os mortais.
O prurido de supremacia e de exceções, fruto da vaidade, é, podemos dizer, o sentimento predominante em nosso meio. Daí as hierarquias, o títulos, as insígnias, as divisas, os distintivos e até as indumentárias especializadas.

No seio das próprias religiões, cujo objetivo deveria ser unir e congraçar a família humana, apagando as causas de separação, é, infelizmente, onde mais prolifera o vírus da separatividade. Os dogmas irredutíveis, em que se fundam, constituem verdadeiras pedras de tropeço na obra da confraternização dos Espíritos.
Os prepostos de deuses particularistas distribuem graças e favores aos que se submetem às suas injunções, e anátemas àqueles que querem digerir o pão da alma com a própria razão, como digerem, com o próprio estômago, o pão do corpo.

Certa vez, Jesus surpreendeu os apóstolos discutindo entre si qual deles seria o maior. Tomando, então, o excelso Mestre, ao acaso, uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: Aquele que receber esta criança, em meu nome, a mim me recebe; e quem me recebe não recebe a mim, mas ao Pai que me enviou.
Aquele, pois, dentre vós, que quiser ser grande, faça-se o servo de todos, porque o próprio Filho do homem não veio a este mundo para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate de muitos.

Neste passo, Jesus, deitou abaixo toda e qualquer pretensão de exclusividade no que respeita à sua representação no mundo. Apesar, porém, da clareza meridiana dessa advertência, ministrada mediante exemplificação tão positiva, ainda hoje, 20 séculos decorridos, os príncipes da igreja totalitária se obstinam em declarar-se os únicos e exclusivos representantes do Cristo de Deus!

A Terceira Revelação, proclamando a unidade do destino e a sujeição de todos às leis que regem a marcha evolutiva do Espírito, consoante a justiça do aforismo evangélico - A CADA UM SERÁ DADO SEGUNDO AS SUAS OBRAS- destrói o fermento das vaidades que desnorteiam e transviam os homens do verdadeiro senso da vida.
Ensinando, outrossim, que a origem dos seres é uma só e única, passando todos eles pelas etapas que unem as classes inferiores às superiores, como elos da mesma corrente, lança no coração do homem o germe da humildade, virtude esta sem a qual ninguém pode compreender nem perceber a lei soberana da IGUALDADE, que faz, não só da humanidade terrena, como de todas as humanidades que habitam as infinitas moradas da casa do Pai, uma só e única família.
Vinícius

domingo, 5 de maio de 2013

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno - Suicidas -Parte 7-Um Ateu

UM ATEU

M.J.-B.D... era um homem instruído, mas em extremo saturado de idéias materialistas, não acreditando em Deus nem na existência da alma. A pedido de um parente, foi evocado dois anos depois de desencarnado, na Sociedade Espírita de Paris.
1. - Evocação. - R. Sofro. Sou um réprobo.
2. - Fomos levados a evocar-vos em nome de parentes que, como tais, desejam conhecer da vossa sorte. Podereis dizer-nos se esta nossa evocação vos é penosa ou agradável? - R. Penosa.
3. - A vossa morte foi voluntária? - R. Sim. Nota - O Espírito escreve com extrema dificuldade. A letra é grossa, irregular, convulsa e quase ininteligível. Ao terminar a escrita encoleriza-se, quebra o lápis e rasga o papel.
4. - Tende calma, que nós todos pediremos a Deus por vós. - R. Sou forçado a crer nesse Deus.
5. - Que motivo poderia ter-vos levado ao suicídio? - R. O tédio de uma vida sem esperança.
    Nota - Concebe-se o suicídio quando a vida é sem esperança; procura-se então fugir-lhe a qualquer preço. Com o Espiritismo, ao contrário, a esperança fortalece-se porque o futuro se nos desdobra. O suicídio deixa de ser objetivo, uma vez reconhecido que apenas se isenta a gente do mal para arrostar com um mal cem vezes pior. Eis por que o Espiritismo tem seqüestrado muita gente a uma morte voluntária. Grandemente culpados são os que se esforçam por acreditar, com sofismas científicos e a pretexto de uma falsa razão, nessa idéia desesperadora, fonte de tantos crimes e males, de que tudo acaba com a vida. Esses serão responsáveis não só pelos próprios erros, como igualmente por todos os males a que os mesmos derem causa.
6. - Quisestes escapar às vicissitudes da vida... Adiantastes alguma coisa? Sois agora mais feliz? - R. Por que não existe o nada?
7. - Tende a bondade de nos descrever do melhor modo possível a vossa atual situação. - R. Sofro pelo constrangimento em que estou de crer em tudo quanto negava. Meu Espírito está como num braseiro, horrivelmente atormentado.
8. - Donde provinham as vossas idéias materialistas de outrora? - R. Em anterior encarnação eu fora mau e por isso condenei-me na seguinte aos tormentos da incerteza, e assim foi que me suicidei.
    Nota - Aqui há todo um corolário de idéias. Muitas vezes nos perguntamos como pode haver materialistas quando, tendo eles passado pelo mundo espiritual, deveriam ter do mesmo a intuição; ora, é precisamente essa intuição que é recusada a alguns Espíritos que, conservando o orgulho, não se arrependeram das suas faltas. Para esses tais, a prova consiste na aquisição, durante a vida corporal e à custa do próprio raciocínio, da prova da existência de Deus e da vida futura que têm, por assim dizer, incessantemente sob os olhos. Muitas vezes, porém, a presunção de nada admitir, acima de si, os empolga e absorve. Assim, sofrem eles a pena até que, domado o orgulho, se rendem à evidência.
9. - Quando vos afogastes, que idéias tínheis das conseqüências? Que reflexões fizestes nesse momento? - R. Nenhuma, pois tudo era o nada para mim. Depois é que vi que, tendo cumprido toda a sentença, teria de sofrer mais ainda.
10. - Estais bem convencido agora da existência de Deus, da alma e da vida futura? - R. Ah! Tudo isso muito me atormenta!
11. - Tornastes a ver vosso irmão? - R. Oh! não.
12. - E por que não? - R. Para que confundir os nossos desesperos? Exila-se a gente na desgraça e na ventura se reúne, eis o que é.
13. - Incomodar-vos-ia a presença de vosso irmão, que poderíamos atrair aí para junto de vós? - R. Não o façais, que o não mereço.
14. - Por que vos opondes? - R. Porque ele também não é feliz.
15. - Receais a sua presença, e no entanto ela só poderia ser benéfica para vós. - R. Não; mais tarde...
16. - Tendes algum recado para os vossos parentes? - R. Que orem por mim.
17. - Parece que na roda das vossas relações há quem partilhe das vossas opiniões. Quereis que lhes digamos algo a respeito? - R. Oh! os desgraçados! Assim possam eles crer em outra existência, eis quanto lhes posso desejar. Se eles pudessem avaliar a minha triste posição, muito refletiriam.
(Evocação de um irmão do precedente, que professava as mesmas teorias, mas que não se suicidou. Posto que também infeliz, este se apresenta mais calmo; a sua escrita é clara e legível.)
18. - Evocação. - R. Possa o quadro dos nossos sofrimentos ser útil lição, persuadindo-vos da realidade de uma outra existência, na qual se expiam as faltas oriundas da incredulidade.
19. - Vós, e vosso irmão que acabamos de evocar, vos vedes reciprocamente? -R. Não; ele me foge.
    Nota - Poder-se-ia perguntar como é que os Espíritos se podem evitar no mundo espiritual, uma vez que aí não existem obstáculos materiais nem refúgios impenetráveis à vista. Tudo é, porém, relativo nesse mundo e conforme a natureza fluídica dos seres que o habitam. Só os Espíritos superiores têm percepções indefinidas, que nos inferiores são limitadas. Para estes, os obstáculos fluídicos equivalem a obstáculos materiais. Os Espíritos furtam-se às vistas dos semelhantes por efeito volitivo, que atua sobre o envoltório perispiritual e fluidos ambientes. A Providência, porém, qual mãe, por todos os seus filhos vela, e por intermédio dos mesmos, individualmente, lhes concede ou nega essa faculdade, conforme as suas disposições morais, o que constitui, conforme as circunstâncias, um castigo ou uma recompensa.
20. - Estais mais calmo do que vosso irmão. Podereis dar-nos uma descrição mais precisa dos vossos sofrimentos? - R. Não sofreis aí na Terra no vosso orgulho, no vosso amor-próprio, quando obrigados a reconhecer os vossos erros?
"O vosso Espírito não se revolta com a idéia de vos humilhardes a quem vos demonstre o vosso erro? Pois bem! Julgai quanto deve sofrer o Espírito que durante toda a sua vida se persuadiu de que nada existia além dele, e que sobre todos prevalecia sempre a sua razão. Encontrando-se de súbito em face da verdade imponente, esse Espírito sente-se aniquilado, humilhado. A isso vem ainda juntar-se o remorso de haver por tanto tempo esquecido a existência de um Deus tão bom, tão indulgente. A situação é insuportável; não há calma nem repouso; não se encontra um pouco de tranqüilidade senão no momento em que a graça divina, isto é, o amor de Deus, nos toca, pois o orgulho de tal modo se apossa de nós, que de todo nos embota, a ponto de ser preciso ainda muito tempo para que nos despojemos completamente dessa roupagem fatal. Só a prece dos nossos irmãos pode ajudar-nos nesses transes.
21. - Quereis falar dos irmãos encarnados, ou dos Espíritos? - R. De uns como de outros.
22. - Enquanto nos entretínhamos com o vosso irmão, uma das pessoas aqui presentes orou por ele: - essa prece lhe foi proveitosa? - R. Ela não se perderá. Se ele agora recusa a graça, outro tanto não fará quando estiver em condições de recorrer a essa divina panacéia.
    Nota - Aqui lobrigamos um outro gênero de castigo, mas que não é o mesmo em todos os cépticos. Para este Espírito, é independente do sofrimento a necessidade de reconhecer verdades que repudiara quando encarnado. As suas idéias atuais revelam certo grau de adiantamento, comparativamente às de outros Espíritos persistentes na negação de Deus. Confessar o próprio erro é já alguma coisa, porque é premissa de humildade. Na subseqüente encarnação é mais que provável que a incredulidade ceda lugar ao sentimento inato da fé.
Transmitindo a resultante destas duas evocações à pessoa que no-las havia solicitado, tivemos dela a seguinte resposta:
"Não podeis imaginar, meu caro senhor, o grande benefício advindo da evocação de meu sogro e de meu tio. Reconhecemo-los perfeitamente. A letra do primeiro, sobretudo, é de uma analogia notável com a que ele tinha em vida, tanto mais quanto, durante os últimos meses que conosco passou, essa letra era sofreada e in-decifrável. Aí se verificam a mesma forma de pernas, da rubrica e de certas letras. Quanto ao vocabulário e ao estilo, a semelhança é ainda mais frisante; para nós, a analogia é completa, apenas com maior conhecimento de Deus, da alma e da eternidade que ele tão formalmente negava outrora. Não nos restam dúvidas, portanto, sobre a sua identidade. Deus será glorificado pela maior firmeza das nossas crenças no Espiritismo, e os nossos irmãos encarnados e desencarnados se tornarão melhores. A identidade de seu irmão também não é menos evidente; na mudança de ateu em crente, reconhecemos-lhe o caráter, o estilo, o contorno da frase. Uma palavra, sobre todas, nos despertou atenção - panacéia - sua frase predileta, a todo instante repetida.
"Mostrei essas duas comunicações a várias pessoas, que não menos se admiraram da sua veracidade, mas os incrédulos, com as mesmas opiniões dos meus parentes, esses desejariam respostas ainda mais categóricas.
"Queriam, por exemplo, que M. D... se referisse ao lugar em que foi enterrado, onde se afogou, como foi encontrado, etc. A fim de os convencer, não vos seria possível fazer nova evocação perguntando onde e como se suicidou, quanto tempo esteve submergido, em que lugar acharam o cadáver, onde foi inumado, de que modo, se civil ou religiosamente, foi sepultado? Dignai-vos, caro senhor, insistir pela resposta categórica a essas perguntas, pois são essenciais para os que ainda duvidam. Estou convencido de que darão, nesse caso, imensos resultados.
"Dou-me pressa a fim de esta vos ser entregue na sexta-feira de manhã, de modo a poder fazer-se a evocação na sessão da Sociedade desse mesmo dia... etc."
Reproduzimos esta carta pelo fato da confirmação da identidade e aqui lhe anexamos a nossa resposta para ensino das pessoas não familiarizadas com as comunicações de além-túmulo.
"As perguntas que nos pediram para novamente endereçar ao Espírito de vosso sogro, são, incontestavelmente, ditadas por intenção louvável, qual a de convencer incrédulos, visto como em vós não mais existe qualquer sentimento de dúvida ou curiosidade. Contudo, um conhecimento mais aprofundado da ciência espírita vos faria julgar supérfluas essas perguntas. Em primeiro lugar, solicitando-me conseguir resposta categórica, mostrais ignorar a circunstância de não podermos governar os Espíritos, a nosso talante. Ficai sabendo que eles nos respondem quando e como querem, e também como podem. A liberdade da sua ação é maior ainda do que quando encarnados, possuindo meios mais eficazes de se furtarem ao constrangimento moral que por acaso sobre eles queiramos exercer. As melhores provas de identidade são as que fornecem espontaneamente, por si mesmos, ou então as oriundas das próprias circunstâncias. Estas, é quase sempre inútil provocá-las. Segundo afirmais, o vosso parente provou a sua identidade de modo inconcusso; por conseguinte, é mais que provável a sua recusa em responder a perguntas que podem por ele ser com razão consideradas supérfluas, visando satisfazer à curiosidade de pessoas que lhe são indiferentes. A resposta bem poderia ser a que outros têm dado em casos semelhantes, isto é: - "para que perguntar coisas que já sabeis?"
"A isto acrescentarei que a perturbação e sofrimentos que o assoberbam devem agravar-se com as investigações desse gênero, que correspondem perfeitamente a querer constranger um doente, que mal pode pensar e falar, a historiar as minúcias da sua vida, faltando-se assim às considerações inspiradas pelo seu próprio estado.
"Quanto ao objetivo por vós alegado, ficai certo de que tudo seria negativo. As provas de identidade fornecidas são bem mais valiosas, por isso que foram espontâneas, e não de antemão premeditadas. Ora, se estas não puderam contentar os incrédulos, muito menos o fariam interrogativas já preestabelecidas, de cuja conivência poderiam suspeitar.
"Há pessoas a quem coisa alguma pode convencer. Esses poderiam ver o vosso parente, com os próprios olhos, e continuariam a supor-se vítimas de uma alucinação.
"Duas palavras ainda, quanto ao pedido que me fizestes de promover essa evocação no mesmo dia do recebimento de vossa carta. As evocações não se fazem assim de momento; os Espíritos nem sempre correspondem ao nosso apelo; é preciso que queiram, e não só isso, mas que também possam fazê-lo. É preciso, ainda, que encontrem um médium que lhes convenha, com as aptidões especiais necessárias e que esse médium esteja disponível em dado momento. É preciso, enfim, que o meio lhes seja simpático, etc. Pela concorrência dessas circunstâncias nem sempre se pode responder, e importa muito conhecê-las quando se quer praticar com seriedade e segurança."

sábado, 4 de maio de 2013

EADE-feb-Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita -Livro 1 Cristianismo e Espiritismo-Módulo2 Roteiro 11 Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo.

CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
Estêvão foi o nome adotado por Jeziel quando se converteu ao Cristianismo.
Judeu helenista de Corinto, era filho de Jochedeb e irmão de Abigail, futura
noiva de Saulo de Tarso. Emmanuel:
Paulo e Estêvão. Primeira parte. Cap. 2.
No ano de 34, os judeus que viviam em Corinto – cidade incorporada ao Império
Romano – sofreram atormentada perseguição conduzida pelo Precônsul
Licínio Minúcio, preposto de César, na província de Acaia, que culminou
com o assassinato de Jochebed, prisão e encaminhamento de Jeziel a trabalho
forçado nas galeras (galés) romanas. Abigail fugiu para Jerusalém, mantida
sob a proteção do casal Zacarias e Ruth, que a adotou como filha. Emmanuel:
Paulo e Estêvão
. Primeira parte. Cap. 2.
Libertado do serviço forçado pelo generoso romano Sérgio Paulo, Jeziel chega
extremamente enfermo a Jerusalém onde é acolhido por Simão Pedro na «Casa
do Caminho», instituição de auxílio aos necessitados, fundada pelo apóstolo.
Emmanuel:
Paulo e Estêvão. Primeira parte. Cap. 3.
Estêvão foi um dos mais destacados cristãos nos primeiros tempos da edificação
da igreja cristã. Um «Espírito cheio de graça e de poder que operava prodígios
e grandes sinais entre o povo». Atos dos apóstolos, 6:8.
ESTÊVÃO, O PRIMEIRO MÁRTIR
DO CRISTIANISMO
196
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Dados biográficos de Estêvão
Estêvão era um judeu helenista, nascido na cidade de Corinto, província
de Acaia, dominada pelos romanos.
A cidade, reedificada por Júlio César, era a mais bela jóia da velha Acaia, servindo
de capital à formosa província. Não se podia encontrar, na sua intimidade, o espírito
helênico em sua pureza antiga, mesmo porque, depois de um século de lamentável
abandono [...], restaurando-a, o grande imperador transformara Corinto em colônia
importante de romanos, para onde ocorrera grande número de libertos ansiosos de
trabalho remunerador, ou proprietários de promissoras fortunas. A estes, associara-se
vasta corrente de israelitas e considerável percentagem de filhos de outras raças que
ali se aglomeravam, transformando a cidade em núcleo de convergência de todos os
aventureiros do Oriente e do Ocidente.
2
Descendente da tribo de Issacar,
10 Estêvão se revelou, desde jovem,
destacado estudioso das escrituras, apreciando, em especial, os ensinamentos
de Isaías que anunciavam a promessa da vinda do Messias.
10 A sua vida foi
marcada por grandes sacrifícios e renúncias, sobretudo quando se converteu
ao Cristianismo. A partir deste momento, Jeziel rompe definitivamente com
as tradições do Judaísmo, adotando o pseudônimo de Estêvão, o primeiro
mártir do movimento cristão.
Possuidor de personalidade envolvente, Estêvão «cheio de graça e de força,
operava grandes prodígios e sinais entre o povo.» (Atos dos Apóstolos, 6:8)
No ano de 34 d. C., os habitantes de Corinto sofreram dolorosa perseguição
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 11
197
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
do Procônsul romano, Licínio Minúcio, que, «[...] cercado de grande número
de agentes políticos e militares e estabelecendo o terror entre todas as classes,
com seus processos infamantes. [...] Numerosas famílias de origem judaíca
foram escolhidas como vítimas preferenciais da nefanda extorsão.»
3
A família de Estêvão se resumia ao pai Jochedeb e a irmã Abigail – que futuramente
seria noiva de Paulo de Tarso –, uma vez que a sua mãe era falecida. Essa
família foi diretamente atingida pela perseguição do preposto de César, sendo
que o idoso Jochedeb foi covardemente assassinado, Estêvão foi feito prisioneiro
e atirado ao trabalho forçado nas galeras (galés) romanas.
4, 5, 7 Abigail fugiu para
Jerusalém sob a proteção de uma família judia, Zacarias e Ruth, também vítima
de perseguição, que teve os filhos mortos. Esse casal adotou a jovem irmã de
Jeziel como uma filha querida.
6
Estêvão, ou Jeziel, enfrentou com coragem e grande fortaleza moral as
provações que a vida lhe reservara. Nas galés romanas o valoroso seguidor
do Cristo foi submetido às mais ásperas privações, mas, estoicamente, tudo
suportou, jamais perdendo a fé em Deus.
Voltando de Cefalônia, a galera recebeu um passageiro ilustre. Era o jovem romano
Sérgio Paulo, que se dirigia para a cidade de Citium, em comissão de natureza política.
[...] Dada a importância do seu nome e o caráter oficial da missão a ele cometida, o co
mandante
Sérvio Carbo lhe reservou as melhores acomodações. Sérgio Paulo, entretanto,
[...] adoeceu com febre alta, abrindo-se-lhe o corpo em chagas purulentas. [...] O médico
a bordo não conseguiu explicar a enfermidade e os amigos do enfermo começaram a
retrair-se com indisfarçável escrúpulo. Ao fim de três dias, o jovem romano achava-se
quase abondonado. O comandante, preocupado por sua vez, com a própria situação e
receoso por si mesmo, chamou Lisipo [feitor da galera], pedindo-lhe que indicasse um
escravo dos mais educados e maneirosos, capaz de incumbir-se de toda assistência ao
passeiro ilustre. O feitor designou Jeziel, incontinenti, e, na mesma tarde, o moço hebreu
penetrou o camarote do enfermo, com o mesmo espírito de serenidade que costumava
testemunhar nas situações díspares e arriscadas.
8
Estêvão cuidou do romano com extremada dedicação, conquistando-lhe
a simpatia. Entre ambos estabeleceu-se laços de amizade sincera, de sorte que
usando do prestígio político que possuia, Sérgio Paulo obteve a libertação do
seu dedicado enfermeiro, fazendo-o aportar em Jerusalém.
9
Estêvão chegou em Jerusalém extremamente enfermo, pois contraira a
estranha doença que atingira o seu libertador. Um desconhecido, denominado
Inineu de Cretona, encaminhou a Efraim, um cristão, conhecido como segui
dor
do «Caminho» (designação primitiva do Cristianismo) que, por sua vez,
198
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
o conduziu à «Casa do Caminho», moradia do apóstolo Pedro, transformada
em local de atendimento a todos os necessitados.
10
Na Casa do Caminho, Estêvão recebeu o amparo que necessitava, encon
trando
no apóstolo Pedro um verdadeiro amigo, que lhe prestou esclarecimentos
a respeito de Jesus e da sua iluminada mensagem de amor.
12
O valoroso Simão Pedro, após tomar conhecimento do drama vivido
por Jeziel, desde a perseguição ocorrida em Corinto até a liberdade alcançada
por intercessão de Sérgio Paulo, recomenda-lhe manter-se em anonimato,
afirmando:
[...] Jerusalém regurgita de romanos e não seria justo comprometer o generoso amigo
que te restituiu à liberdade. [...] – Serás meu filho, doravante – exclamou Simão num
transporte de júbilo. [...] – Para que não te esqueças da Acaia, onde o Senhor se dignou
de buscar-te para o seu ministério divino, eu te batizarei no credo novo com o nome
grego de Estêvão.
13
A partir desse momento, Estêvão absorveu-se no estudo dos ensinos do
Cristo, participando da difusão da mensagem da Boa Nova na modesta mo
radia
da Casa do Caminho, cujos serviços de alimentação, enfermagem e de
semeadura da palavra divina cresciam celeremente.
Com a ampliação dos serviços prestados à comunidade, surgiu, então, a
necessidade de dividir as tarefas, evitando que um servidor ficasse mais sobrecarregado
que outro.
Na primeira reunião da igreja humilde, Simão Pedro pediu, então, nomeassem sete
auxiliares para o serviço de enfermarias e refeitórios, resolução que foi aprovada com
geral aprazimento. Entre os sete irmãos escolhidos, Estêvão foi designado com a sim
patia
de todos.
Começou para o jovem de Corinto uma vida nova. Aquelas mesmas virtudes espirituais
que iluminavam a sua personalidade e que tanto haviam contribuído para a cura do
patrício, que o restituíra à liberdade, difundiam entre os doentes e indigentes de Jeru
salém
os mais santos consolos. [...] Simão Pedro não cabia em si de contente, em face
das vitórias do filho espiritual. Os necessitados tinham a impressão de haver recebido
um novo arauto de Deus para o alívio de suas dores.
Em pouco tempo, Estêvão tornou-se famoso em Jerusalém, pelos seus feitos quase mira
culosos.
Considerado o escolhido do Cristo, sua ação resoluta e sincera arregimentara,
em poucos meses, as mais vastas conquistas para o Evangelho do amor e do perdão.
14
199
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
2. Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
Após a crucificação de Jesus numerosos judeus se converteram ao Cris
tianismo.
Os sacerdotes e membros do Sinédrio, entretanto, temiam que a
propagação dos preceitos cristãos provocasse desestabilização no Judaísmo.
Sendo assim, iniciou-se um movimento de perseguição aos cristãos, a
princípio realizado portas a dentro das sinagogas, posteriormente em público,
nas ruas e no interior das residências, durante as festividades corriqueiramente,
ou nas atividades diárias.
Vieram então alguns da sinagoga chamada dos Libertos, dos Cirineus e Alexandrinos,
dos da Cilícia e da Ásia, e puseram-se a discutir com Estêvão. Mas não podiam resis
tir
à sabedoria e ao Espírito que o levavam a falar. Pelo que subornaram homens que
atestassem: “ouvimo-lo pronunciar palavras blasfematórias contra Moisés e contra
Deus.” Amotinaram assim o povo, os anciãos e os escribas e, chegando de improviso,
arrebataram-no e levaram-no à presença do Sinédrio. Lá apresentaram falsas testemunhas
que depuseram: “Esse homem não cessa de falar contra o Lugar Santo e contra a Lei.
Ouvimo-lo dizer que Jesus Nazareno destruiria este Lugar e modificaria as tradições que
Moisés nos legou”. Ora, todos os membros do Sinédrio estavam com os olhos fixos nele,
e viram-lhe o rosto semelhante ao de um anjo.
1
Essa farsa montada contra Estêvão, foi apoiada por Saulo de Tarso. O
apóstolo dos gentios aparece no cenário da história cristã como o principal
elemento do julgamento, condenação e morte, por apedrejamento, de Estêvão,
considerado o primeiro mártir do Cristianismo.
Esses fatos aconteceram no ano 35 de nossa era.
O jovem Saulo apresentava toda a vivacidade de um homem solteiro, bordejando os
seus trinta anos. Na fisionomia cheia de virilidade e máscula beleza, os traços israelitas
fixavam-se particularmente nos olhos profundos e percucientes, próprios dos tempera
mentos
apaixonados e indomáveis, ricos de agudeza e resolução. Trajando a túnica do
patriciato, falava de preferência o grego, a que se afeiçoara na cidade natal, ao convívio
dos mestres bem-amados, trabalhados pelas escolas de Atenas e Alexandria.
15
Chegando a Jerusalém, vindo de Damasco, Saulo se encontra com o amigo
Sadoc que lhe fornece informações a respeito de Estêvão e o efeito que este
provocava nas pessoas. Cheio de zelo religioso, interpreta equivocadamente as
preleções de Estêvão, considerando-o blasfemador. Influenciando o Espírito
de Saulo, acrescenta:
200
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
– Não me conformo em ver os nossos princípios aviltados e proponho-me a cooperar
contigo [...], para estabelecermos a imprescindível repressão a tais atividades. Com as
tuas prerrogativas de futuro rabino, em destaque no Templo, poderás encabeçar uma
ação decisiva contra esses mistificadores e falsos taumaturgos.
16
Tempos depois, num sábado, Saulo e Sadoc se dirigem até a humilde
igreja de Jerusalém para ouvirem a pregação de Estêvão. Os apóstolos Tiago
Maior, Pedro e João surpreenderam-se com a presença «[...] do jovem doutor
da Lei, que se popularizara na cidade pela sua oratória veemente e pelo acurado
conhecimento das Escrituras».
17
A despeito de ter ficado impressionado com a pregação de Estêvão, Saulo
interpela o expositor, por meio de ríspida conversa, na tentativa de desacreditá
lo
perante a assembléia. Estêvão, porém, manteve-se sereno, respondendo com
gentileza e firmeza os apartes do doutor da Lei.
Desse momento em diante destacam-se, nas sinagogas, os debates re
ligiosos
entre Saulo, o orgulhoso fariseu, e Estêvão, o humilde e iluminado
cristão.
Gamaliel, o generoso e brilhante rabino, orientador de Saulo, sempre
presente aos debates, contribuía com palavras ponderadas, buscando acalmar
os ânimos.
Incorformado com as serenas proposições de Estêvão, Saulo perturbouse,
e, deixando levar-se pelo orgulho, denunciou Estêvão ao Sinédrio, onde
montou um ardiloso esquema de condenação com apoio de amigos.
18
Durante o julgamento, a defesa de Estêvão no Sinédrio foi brilhante, revelando
a grandeza do seu Espírito. Teve oportunidade também de demonstrar
o domínio que possuía das Escrituras, discursando com serenidade e segurança.
(Atos dos Apóstolos, 7:11-54)
Foi, entretanto, implacavelmente julgado e condenado à morte por apedrejamento,
homicído aprovado por Saulo. (Atos dos Apóstolos, 7:55-60) Mesmo
sendo acusado de blasfemador, caluniador e feiticeiro
19 Estêvão manteve-se
firme até o final, quando entregou sua alma a Deus.
Nessa hora suprema, recordava os mínimos laços de fé que o prendiam a uma vida mais
alta. Lembrou de todas as orações prediletas da infância. Fazia o possível por fixar na
retina o quadro da morte do pai supliciado e incompreendido. Intimamente, repetia o
Salmo 23 de David, qual fazia junto da irmã, nas situações que pareciam insuperáveis.
“O Senhor é meu pastor. Nada me faltará...” As expressões dos Escritos Sagrados, como
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
as promessas do Cristo no Evangelho, estavam-lhe no âmago do coração. O corpo
quebrantava-se no tormento, mas o Espírito estava tranqüilo e esperançoso.
20
Antes de emitir o último suspiro, Estêvão perdoa Saulo e os demais per
seguidores,
adentrando vitorioso no mundo espiritual. Para o futuro apóstolo
dos Gentios, entretanto, iniciava-se a sua “via crucis”, marcada por uma dor
extrema: acabara de perseguir, condenar e aprovar a matança do irmão de Abigail,
o seu amor adorado.
21 Compreendeu, assim, que os seus sonhos conjugais
e familiares estavam definitivamente comprometidos.
202
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Atos dos Apóstolos, 6:8-15.
2. XAVIER, Francisco Cândido.
Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 43.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte. Cap. 1 (Corações flagelados),
p. 11.
3. ______. p. 13.
4. ______. p. 13-38.
5. ______. Cap. 2 (Lágrimas e sacrifícios), p. 39-52.
6. ______. p. 55-57.
7. ______. Cap. 3 (Em Jerusalém), p. 58-59.
8. ______. p. 61-62.
9. ______. p. 63-66.
10. ______. p. 68-72.
11. ______. p. 75.
12. ______. p. 74-79.
13. ______. p. 80-81.
14. ______. p. 82-83.
15. XAVIER, Francisco Cândido.
Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel.
43. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte. Cap. 4 (Nas estradas de
Jope), p. 84.
16. ______. p. 90.
17. ______. Cap. 5 (A preparação de Estêvão), p. 102.
18. ______. 120-121.
19. ______. Cap. 6 (Ante o Sinédrio), p. 129-131.
20. ______. Cap. 8 (A morte de Estêvão), p. 190.
21. ______. p. 191-196.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
203
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Debater em grupo, e em plenária, caracterís
ticas
da personalidade de Estêvão, reveladoras da
grandeza do seu Espírito.
ORIENTAÇÕES AO MONITOR
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo

Conhecendo o Livro O Céu e o Inferno "Da proibição de evocar os mortos"

CAPÍTULO XI

Da proibição de evocar os mortos


1. - A Igreja de modo algum nega a realidade das manifestações. Ao contrário, como vimos nas citações precedentes, admite-as totalmente, atribuindo-as à exclusiva intervenção dos demônios. É debalde invocar os Evangelhos como fazem alguns para justificar a sua interdição, visto que os Evangelhos nada dizem a esse respeito. O supremo argumento que prevalece é a proibição de Moisés. A seguir damos os termos nos quais se refere ao assunto a mesma pastoral que citamos nos capítulos precedentes:
"Não é permitido entreter relações com eles (os Espíritos), seja imediatamente, seja por intermédio dos que os evocam e interrogam. A lei mosaica punia os gentios. Não procureis os mágicos, diz o Levítico, nem procureis saber coisa alguma dos adivinhos, de maneira a vos contaminardes por meio deles. (Cap. XIX, v. 31.) Morra de morte o homem ou a mulher em quem houver Espírito pitônico; sejam apedrejados e sobre eles recaia seu sangue. (Cap. XX, v. 27.) O Deuteronômio diz: Nunca exista entre vós quem consulte adivinhos, quem observe sonhos e agouros, quem use de malefícios, sortilégios, encantamentos, ou consultem os que têm o Espírito pitônico e se dão a práticas de adivinhação interrogando os mortos. O Senhor abomina todas essas coisas e destruirá, à vossa entrada, as nações que cometem tais crimes." (Cap. XVIII, vv. 10, 11 e 12.)
2. - É útil, para melhor compreensão do verdadeiro sentido das palavras de Moisés, reproduzir por completo o texto um tanto abreviado na citação antecedente. Ei-lo:
"Não vos desvieis do vosso Deus para procurar mágicos; não consulteis os adivinhos, e receai que vos contamineis dirigindo-vos a eles. Eu sou o Senhor vosso Deus." (Levítico, cap. XIX, v. 31.) O homem ou a mulher que tiver Espírito pitônico, ou de adivinho, morra de morte. Serão apedrejados, e o seu sangue recairá sobre eles." (Idem, cap. XX, v. 27.) Quando houverdes entrado na terra que o Senhor vosso Deus vos há de dar, guardai-vos; tomai cuidado em não imitar as abominações de tais povos; - e entre vós ninguém haja que pretenda purificar filho ou filha passando-os pelo fogo; que use de malefícios, sortilégios e encantamentos: que consulte os que têm o Espírito de Píton e se propõem adivinhar, interrogando os mortos para saber a verdade. O Senhor abomina todas essas coisas e exterminará todos esses povos, à vossa entrada, por causa dos crimes que têm cometido. ( Deuteronômio, cap. XVIII, vv. 9, 10, 11 e 12.)
3. - Se a lei de Moisés deve ser tão rigorosamente observada neste ponto, força é que o seja igualmente em todos os outros. Por que seria ela boa no tocante às evocações e má em outras de suas partes? É preciso ser conseqüente. Desde que se reconhece que a lei mosaica não está mais de acordo com a nossa época e costumes em dados casos, a mesma razão procede para a proibição de que tratamos.
Demais, é preciso expender os motivos que justificavam essa proibição e que hoje se anularam completamente. O legislador hebreu queria que 'o seu povo abandonasse todos os costumes adquiridos no Egito, onde as evocações estavam em uso e facilitavam abusos, como se infere destas palavras de Isaías: "O Espírito do Egito se aniquilará de si mesmo e eu precipitarei seu conselho; eles consultarão seus ídolos, seus adivinhos, seus pítons e seus mágicos." (Cap. XIX, v. 3.)
Os israelitas não deviam contratar alianças com as nações estrangeiras, e sabido era que naquelas nações que iam combater encontrariam as mesmas práticas. Moisés devia pois, por política, inspirar aos hebreus aversão a todos os costumes que pudessem ter semelhanças e pontos de contacto com o inimigo. Para justificar essa aversão, preciso era que apresentasse tais práticas como reprovadas pelo próprio Deus, e dai estas palavras: - "O Senhor abomina todas essas coisas e destruirá, à vossa chegada, as nações que cometem tais crimes."
4. - A proibição de Moisés era assaz justa, porque a evocação dos mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos augúrios e presságios explorados pelo charlatanismo e pela superstição. Essas práticas, ao que parece, também eram objeto de negócio, e Moisés, por mais que fizesse, não conseguiu desentranhá-las dos costumes populares.
As seguintes palavras do profeta justificam o asserto: - "Quando vos disserem: Consultai os mágicos e adivinhos que balbuciam encantamentos, respondei: - Não consulta cada povo ao seu Deus? E aos mortos se fala do que compete aos vivos?" (Isaías, cap. VIII, v. 19.) "Sou eu quem aponta a falsidade dos prodígios mágicos; quem enlouquece os que se propõem adivinhar, quem transtorna o espírito dos sábios e confunde a sua ciência vã." (Cap. XLIV, v. 25.)
"Que esses adivinhos, que estudam o céu, contemplam os astros e contam os meses para fazer predições, dizendo revelar-vos o futuro, venham agora salvar-vos. -Eles tornaram-se como a palha, e o fogo os devorou; não poderão livrar suas almas do fogo ardente; não restarão das chamas que despedirem, nem carvões que possam aquecer, nem fogo ao qual se possam sentar. - Eis ao que ficarão reduzidas todas essas coisas das quais vos tendes ocupado com tanto afinco: os traficantes que convosco traficam desde a infância foram-se, cada qual para seu lado, sem que um só deles se encontre que vos tire os vossos males." (Cap. XLVII, vv. 13, 14 e 15.)
Neste capítulo Isaías dirige-se aos babilônios sob a figura alegórica "da virgem filha de Babilônia, filha de caldeus". (v. 1.) Diz ele que os adivinhos não impedirão a ruína da monarquia. No seguinte capítulo dirige-se diretamente aos israelitas.
"Vinde aqui vós outros, filhos de uma agoureira, raça dum homem adúltero e de uma mulher prostituída. - De quem vos rides vós? Contra quem abristes a boca e mostrastes ferinas línguas? Não sois vós filhos perversos de bastarda raça - vós que procurais conforto em vossos deuses debaixo de todas as frontes, sacrificando-lhes os tenros filhinhos nas torrentes, sob os rochedos sobranceiros? Depositastes a vossa confiança nas pedras da torrente, espalhastes e bebestes licores em sua honra, oferecestes sacrifícios. Depois disso como não se acender a minha indignação?" (Cap. LVII, vv. 3, 4, 5 e 6.)
Estas palavras são inequívocas e provam claramente que nesse tempo as evocações tinham por fim a adivinhação, ao mesmo tempo que constituíam comércio, associadas às práticas da magia e do sortilégio, acompanhadas até de sacrifícios humanos. Moisés tinha razão, portanto, proibindo tais coisas e afirmando que Deus as abominava.
Essas práticas supersticiosas perpetuaram-se até à Idade Média, mas hoje a razão predomina, ao mesmo tempo que o Espiritismo veio mostrar o fim exclusivamente moral, consolador e religioso das relações de além-túmulo.
Uma vez, porém, que os espíritas não sacrificam criancinhas nem fazem libações para honrar deuses; uma vez que não interrogam astros, mortos e augures para adivinhar a verdade sabiamente velada aos homens; uma vez que repudiam traficar com a faculdade de comunicar com os Espíritos; uma vez que os não move a curiosidade nem a cupidez, mas um sentimento de piedade, um desejo de instruir-se e melhorar-se, aliviando as almas sofredoras; uma vez que assim é, porque o é - a proibição de Moisés não lhes pode ser extensiva.
Se os que clamam injustamente contra os espíritas se aprofundassem mais no sentido das palavras bíblicas, reconheceriam que nada existe de análogo, nos princípios do Espiritismo, com o que se passava entre os hebreus. A verdade é que o Espiritismo condena tudo que motivou a interdição de Moisés; mas os seus adversários, no afã de encontrar argumentos com que rebatam as novas idéias, nem se apercebem que tais argumentos são negativos, por serem completamente falsos.
A lei civil contemporânea pune todos os abusos que Moisés tinha em vista reprimir.
Contudo, se ele pronunciou a pena última contra os delinqüentes, é porque lhe faleciam meios brandos para governar um povo tão indisciplinado. Esta pena, ao demais, era muito prodigalizada na legislação mosaica, pois não havia muito onde escolher nos meios de repressão. Sem prisões nem casas de correção no deserto, Moisés não podia graduar a penalidade como se faz em nossos dias, além de que o seu povo não era de natureza a atemorizar-se com penas puramente disciplinares. Carecem portanto de razão os que se apóiam na severidade do castigo para provar o grau de culpabilidade da evocação dos mortos. Conviria, por consideração à lei de Moisés, manter a pena capital em todos os casos nos quais ele a prescrevia? Por que, então, reviver com tanta insistência este artigo, silenciando ao mesmo tempo o principio do capítulo que proíbe aos sacerdotes a posse de bens terrenos e partilhar de qualquer herança, porque o Senhor é a sua própria herança? (Deuteronômio, cap. XXVIII, vv. 1 e 2.)
5. - Há duas partes distintas na lei de Moisés: a lei de Deus propriamente dita, promulgada sobre o Sinal, e a lei civil ou disciplinar, apropriada aos costumes e caráter do povo. Uma dessas leis é invariável, ao passo que a outra se modifica com o tempo, e a ninguém ocorre que possamos ser governados pelos mesmos meios por que o eram os judeus no deserto e tampouco que os capitulares de Carlos Magno se moldem à França do século XIX. Quem pensaria hoje, por exemplo, em reviver este artigo da lei mosaica: "Se um boi escornar um homem ou mulher, que disso morram, seja o boi apedrejado e ninguém coma de sua carne; mas o dono do boi será julgado inocente"? ( Êxodo, cap. XXI, vv. 28 e seguintes.)
Este artigo, que nos parece tão absurdo, não tinha, no entanto, outro objetivo que o de punir o boi e inocentar o dono, equivalendo simplesmente à confiscação do animal, causa do acidente, para obrigar o proprietário a maior vigilância. A perda do boi era a punição que devia ser bem sensível para um povo de pastores, a ponto de dispensar outra qualquer; entretanto, essa perda a ninguém aproveitava, por ser proibido comer a carne. Outros artigos prescrevem o caso em que o proprietário é responsável.
Tudo tinha sua razão de ser na legislação de Moisés, uma vez que tudo ela prevê em seus mínimos detalhes, mas a forma, bem como o fundo, adaptavam-se às circunstâncias ocasionais Se Moisés voltasse em nossos dias para legislar sobre uma nação civilizada, decerto não lhe daria um código igual ao dos hebreus.
6. - A esta objeção opõem a afirmativa de que todas as leis de Moisés foram ditadas em nome de Deus, assim como as do Sinal. Mas julgando-as todas de fonte divina, por que ao decálogo limitam os mandamentos? Qual a razão de ser da diferença? Pois não é certo que se todas essas leis emanam de Deus devem todas ser igualmente obrigatórias? E por que não conservaram a circuncisão, à qual Jesus se submeteu e não aboliu? Ah! esquecem que, para dar autoridade às suas leis, todos os legisladores antigos lhes atribuíam uma origem divina. Pois bem: Moisés, mais que nenhum outro, tinha necessidade desse recurso, atento o caráter do seu povo; e se, a despeito disso, ele teve dificuldade em se fazer obedecer, que não sucederia se as leis fossem promulgadas em seu próprio nome!
Não veio Jesus modificar a lei mosaica, fazendo da sua lei o código dos cristãos?
Não disse ele: - "Vós sabeis o que foi dito aos antigos, tal e tal coisa, e eu vos digo tal outra coisa?" Entretanto Jesus não proscreveu, antes sancionou a lei do Sinai, da qual toda a sua doutrina moral é um desdobramento. Ora, Jesus nunca aludiu em parte alguma à proibição de evocar os mortos, quando este era um assunto bastante grave para ser omitido nas suas prédicas, mormente tendo ele tratado de outros assuntos secundários.
7. - Finalmente convém saber se a Igreja coloca a lei mosaica acima da evangélica, ou por outra, se é mais judia que cristã. Convém também notar que, de todas as religiões, precisamente a judia é que faz menos oposição ao Espiritismo, porquanto não invoca a lei de Moisés contrária às relações com os mortos, como fazem as seitas cristãs.
8. - Mas temos ainda outra contradição: - Se Moisés proibiu evocar os mortos, é que estes podiam vir, pois do contrário inútil fora a proibição. Ora, se os mortos podiam vir naqueles tempos, também o podem hoje; e se são Espíritos de mortos os que vêm, não são exclusivamente demônios. Demais, Moisés de modo algum fala nesses últimos.
É duplo, portanto, o motivo pelo qual não se pode aceitar logicamente a autoridade de Moisés na espécie, a saber: - primeiro, porque a sua lei não rege o Cristianismo; e, segundo, porque é imprópria aos costumes da nossa época. Mas, suponhamos que essa lei tem a plenitude da autoridade por alguns outorgada, e ainda assim ela não poderá, como vimos, aplicar-se ao Espiritismo. É verdade que a proibição de Moisés abrange a interrogação dos mortos, porém de modo secundário, como acessória às práticas da feitiçaria..
O próprio vocábulo interrogação, junto aos de adivinho e agoureiro, prova que entre os hebreus as evocações eram um meio de adivinhar; entretanto, os espíritas só evocam mortos para receber sábios conselhos e obter alivio em favor dos que sofrem, nunca para conseguir revelações ilícitas. Certo, se os hebreus usassem das comunicações como fazem os espíritas, longe de as proibir, Moisés acoroçoá-las-ia, porque o seu povo só teria que lucrar.
9. - É certo que alguns críticos jucundos ou mal-intencionados têm descrito as reuniões espíritas como assembléias de negromantes ou feiticeiros, e os médiuns como astrólogos e ciganos, isto porque talvez quaisquer charlatães tenham afeiçoado tais nomes às suas práticas, que o Espiritismo não pode, aliás, aprovar.
Em compensação, há também muita gente que faz justiça e testemunha o caráter essencialmente moral e grave das reuniões sérias. Além disso, a Doutrina, em livros ao alcance de todo o mundo, protesta bem alto contra os abusos, para que a calúnia recaia sobre quem merece.
10. - A evocação, dizem, é uma falta de consideração para com os mortos, cujas cinzas devem ser respeitadas. Mas quem é que diz tal? São os antagonistas de dois campos opostos, isto é, os incrédulos que nas almas não crêem, e os crédulos que pretendem que só os demônios, e não as almas, podem vir.
Quando a evocação é feita com recolhimento e religiosamente; quando os Espíritos são chamados, não por curiosidade, mas por um sentimento de afeição e simpatia, com desejo sincero de instrução e progresso, não vemos nada de irreverente em apelar-se para as pessoas mortas, como se fizera com os vivos. Há, contudo, uma outra resposta peremptória a essa objeção, e é que os Espíritos se apresentam espontaneamente, sem constrangimento, muitas vezes mesmo sem que sejam chamados. Eles também dão testemunho da satisfação que experimentam por comunicar-se com os homens, e queixam-se às vezes do esquecimento em que os deixam. Se os Espíritos se perturbassem ou se agastassem com os nossos chamados, certo o diriam e não retornariam; porém, nessas evocações, livres como são, se se manifestam, é porque lhes convém.
11. - Ainda uma outra razão é alegada: - As almas permanecem na morada que a justiça divina lhes designa - o que equivale dizer no céu ou no inferno. Assim, as que estão no inferno, de lá não podem sair, posto que para tanto a mais ampla liberdade seja outorgada aos demônios. As do céu, inteiramente entregues à sua beatitude, estão muito superiores aos mortais para deles se ocuparem, e são bastantemente felizes para não voltarem a esta terra de misérias, no interesse de parentes e amigos que aqui deixassem. Então essas almas podem ser comparadas aos nababos que dos pobres desviam a vista com receio de perturbar a digestão? Mas se assim fora essas almas se mostrariam pouco dignas da suprema bem-aventurança, transformando-se em padrão de egoísmo!
Restam ainda as almas do purgatório, porém, estas, sofredoras como devem ser, antes que doutra coisa, devem cuidar da sua salvação. Deste modo, não podendo nem umas nem outras almas corresponder ao nosso apelo, somente o demônio se apresenta em seu lugar.
Então é o caso de dizer: se as almas não podem vir, não há de que recear pela perturbação do seu repouso.
12. - Mas aqui reponta uma outra dificuldade. Se as almas bem-aventuradas não podem deixar a mansão gloriosa para socorrer os mortais, por que invoca a Igreja a assistência dos santos que devem fruir ainda maior soma de beatitude? Por que aconselha invocá-los em casos de moléstia, de aflição, de flagelos? Por que razão e segundo essa mesma Igreja os santos e a própria Virgem aparecem aos homens e fazem milagres? Estes deixam o céu para baixar à Terra; entretanto os que estão menos elevados não o podem fazer!
13. - Que os cépticos neguem a manifestação das almas, vá, visto que nelas não acreditam; mas o que se torna estranhável é ver encarniçar-se contra os meios de provar a sua existência, esforçando-se por demonstrar a impossibilidade desses meios, aqueles mesmos cujas crenças repousam na existência e no futuro das almas! Parece que seria mais natural acolherem como benefício da Providência os meios de confundir os cépticos com provas irrecusáveis, pois que são os negadores da própria religião. Os que têm interesse na existência da alma deploram constantemente a avalancha da incredulidade que invade, dizimando-o, o rebanho de fiéis: entretanto, quando se lhes apresenta o meio mais poderoso de combatê-la, recusam-no com tanta ou mais obstinação que os próprios incrédulos. Depois, quando as provas avultam de modo a não deixar dúvidas, eis que procuram como recurso de supremo argumento a interdição do assunto, buscando, para justificá-la, um artigo da lei mosaica do qual ninguém cogitara, emprestando-lhe, à força, um sentido e aplicação inexistentes. E tão felizes se julgam com a descoberta, que não percebem que esse artigo é ainda uma justificativa da Doutrina Espírita.
14. - Todas as razões alegadas para condenar as relações com os Espíritos não resistem a um exame sério. Pelo ardor com que se combate nesse sentido é fácil deduzir o grande interesse ligado ao assunto. Daí a insistência. Em vendo esta cruzada de todos os cultos contra as manifestações, dir-se-ia que delas se atemorizam.
O verdadeiro motivo poderia bem ser o receio de que os Espíritos muito esclarecidos viessem instruir os homens sobre pontos que se pretende obscurecer, dando-lhes conhecimento, ao mesmo tempo, da certeza de um outro mundo, a par das verdadeiras condições para nele serem felizes ou desgraçados. A razão deve ser a mesma por que se diz à criança: - "Não vá lá, que há lobisomens." Ao homem dizem: -" Não chameis os Espíritos: - São o diabo." - Não importa, porém: - impedem os homens de os evocar, mas não poderão impedi-los de vir aos homens para levantar a lâmpada de sob o alqueire.
O culto que estiver com a verdade absoluta nada terá que temer da luz, pois a luz faz brilhar a verdade e o demônio nada pode contra esta.
15. - Repelir as comunicações de além-túmulo é repudiar o meio mais poderoso de instruir-se, já pela iniciação nos conhecimentos da vida futura, já pelos exemplos que tais comunicações nos fornecem. A experiência nos ensina, além disso, o bem que podemos fazer, desviando do mal os Espíritos imperfeitos, ajudando os que sofrem a desprenderem-se da matéria e a se aperfeiçoarem. Interdizer as comunicações é, portanto, privar as almas sofredoras da assistência que lhes podemos e devemos dispensar.
As seguintes palavras de um Espírito resumem admiravelmente as conseqüências da evocação, quando praticada com fim caritativo:
"Todo Espírito sofredor e desolado vos contará a causa da sua queda, os desvarios que o perderam. Esperanças, combates e terrores; remorsos, desesperos e dores, tudo vos dirá, mostrando Deus justamente irritado a punir o culpado com toda a severidade. Ao ouvi-lo, dois sentimentos vos acometerão: o da compaixão e o do temor! compaixão por ele, temor por vós mesmos. E se o seguirdes nos seus queixumes, vereis então que Deus jamais o perde de vista, esperando o pecador arrependido e estendendo-lhe os braços logo que procure regenerar-se. Do culpado vereis, enfim, os progressos benéficos para os quais tereis a felicidade e a glória de contribuir, com a solicitude e o carinho do cirurgião acompanhando a cicatrização

Livro : O Céu e o Inferno