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sábado, 4 de maio de 2013

EADE-feb-Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita -Livro 1 Cristianismo e Espiritismo-Módulo2 Roteiro 11 Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo.

CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
Estêvão foi o nome adotado por Jeziel quando se converteu ao Cristianismo.
Judeu helenista de Corinto, era filho de Jochedeb e irmão de Abigail, futura
noiva de Saulo de Tarso. Emmanuel:
Paulo e Estêvão. Primeira parte. Cap. 2.
No ano de 34, os judeus que viviam em Corinto – cidade incorporada ao Império
Romano – sofreram atormentada perseguição conduzida pelo Precônsul
Licínio Minúcio, preposto de César, na província de Acaia, que culminou
com o assassinato de Jochebed, prisão e encaminhamento de Jeziel a trabalho
forçado nas galeras (galés) romanas. Abigail fugiu para Jerusalém, mantida
sob a proteção do casal Zacarias e Ruth, que a adotou como filha. Emmanuel:
Paulo e Estêvão
. Primeira parte. Cap. 2.
Libertado do serviço forçado pelo generoso romano Sérgio Paulo, Jeziel chega
extremamente enfermo a Jerusalém onde é acolhido por Simão Pedro na «Casa
do Caminho», instituição de auxílio aos necessitados, fundada pelo apóstolo.
Emmanuel:
Paulo e Estêvão. Primeira parte. Cap. 3.
Estêvão foi um dos mais destacados cristãos nos primeiros tempos da edificação
da igreja cristã. Um «Espírito cheio de graça e de poder que operava prodígios
e grandes sinais entre o povo». Atos dos apóstolos, 6:8.
ESTÊVÃO, O PRIMEIRO MÁRTIR
DO CRISTIANISMO
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Dados biográficos de Estêvão
Estêvão era um judeu helenista, nascido na cidade de Corinto, província
de Acaia, dominada pelos romanos.
A cidade, reedificada por Júlio César, era a mais bela jóia da velha Acaia, servindo
de capital à formosa província. Não se podia encontrar, na sua intimidade, o espírito
helênico em sua pureza antiga, mesmo porque, depois de um século de lamentável
abandono [...], restaurando-a, o grande imperador transformara Corinto em colônia
importante de romanos, para onde ocorrera grande número de libertos ansiosos de
trabalho remunerador, ou proprietários de promissoras fortunas. A estes, associara-se
vasta corrente de israelitas e considerável percentagem de filhos de outras raças que
ali se aglomeravam, transformando a cidade em núcleo de convergência de todos os
aventureiros do Oriente e do Ocidente.
2
Descendente da tribo de Issacar,
10 Estêvão se revelou, desde jovem,
destacado estudioso das escrituras, apreciando, em especial, os ensinamentos
de Isaías que anunciavam a promessa da vinda do Messias.
10 A sua vida foi
marcada por grandes sacrifícios e renúncias, sobretudo quando se converteu
ao Cristianismo. A partir deste momento, Jeziel rompe definitivamente com
as tradições do Judaísmo, adotando o pseudônimo de Estêvão, o primeiro
mártir do movimento cristão.
Possuidor de personalidade envolvente, Estêvão «cheio de graça e de força,
operava grandes prodígios e sinais entre o povo.» (Atos dos Apóstolos, 6:8)
No ano de 34 d. C., os habitantes de Corinto sofreram dolorosa perseguição
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 11
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
do Procônsul romano, Licínio Minúcio, que, «[...] cercado de grande número
de agentes políticos e militares e estabelecendo o terror entre todas as classes,
com seus processos infamantes. [...] Numerosas famílias de origem judaíca
foram escolhidas como vítimas preferenciais da nefanda extorsão.»
3
A família de Estêvão se resumia ao pai Jochedeb e a irmã Abigail – que futuramente
seria noiva de Paulo de Tarso –, uma vez que a sua mãe era falecida. Essa
família foi diretamente atingida pela perseguição do preposto de César, sendo
que o idoso Jochedeb foi covardemente assassinado, Estêvão foi feito prisioneiro
e atirado ao trabalho forçado nas galeras (galés) romanas.
4, 5, 7 Abigail fugiu para
Jerusalém sob a proteção de uma família judia, Zacarias e Ruth, também vítima
de perseguição, que teve os filhos mortos. Esse casal adotou a jovem irmã de
Jeziel como uma filha querida.
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Estêvão, ou Jeziel, enfrentou com coragem e grande fortaleza moral as
provações que a vida lhe reservara. Nas galés romanas o valoroso seguidor
do Cristo foi submetido às mais ásperas privações, mas, estoicamente, tudo
suportou, jamais perdendo a fé em Deus.
Voltando de Cefalônia, a galera recebeu um passageiro ilustre. Era o jovem romano
Sérgio Paulo, que se dirigia para a cidade de Citium, em comissão de natureza política.
[...] Dada a importância do seu nome e o caráter oficial da missão a ele cometida, o co
mandante
Sérvio Carbo lhe reservou as melhores acomodações. Sérgio Paulo, entretanto,
[...] adoeceu com febre alta, abrindo-se-lhe o corpo em chagas purulentas. [...] O médico
a bordo não conseguiu explicar a enfermidade e os amigos do enfermo começaram a
retrair-se com indisfarçável escrúpulo. Ao fim de três dias, o jovem romano achava-se
quase abondonado. O comandante, preocupado por sua vez, com a própria situação e
receoso por si mesmo, chamou Lisipo [feitor da galera], pedindo-lhe que indicasse um
escravo dos mais educados e maneirosos, capaz de incumbir-se de toda assistência ao
passeiro ilustre. O feitor designou Jeziel, incontinenti, e, na mesma tarde, o moço hebreu
penetrou o camarote do enfermo, com o mesmo espírito de serenidade que costumava
testemunhar nas situações díspares e arriscadas.
8
Estêvão cuidou do romano com extremada dedicação, conquistando-lhe
a simpatia. Entre ambos estabeleceu-se laços de amizade sincera, de sorte que
usando do prestígio político que possuia, Sérgio Paulo obteve a libertação do
seu dedicado enfermeiro, fazendo-o aportar em Jerusalém.
9
Estêvão chegou em Jerusalém extremamente enfermo, pois contraira a
estranha doença que atingira o seu libertador. Um desconhecido, denominado
Inineu de Cretona, encaminhou a Efraim, um cristão, conhecido como segui
dor
do «Caminho» (designação primitiva do Cristianismo) que, por sua vez,
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
o conduziu à «Casa do Caminho», moradia do apóstolo Pedro, transformada
em local de atendimento a todos os necessitados.
10
Na Casa do Caminho, Estêvão recebeu o amparo que necessitava, encon
trando
no apóstolo Pedro um verdadeiro amigo, que lhe prestou esclarecimentos
a respeito de Jesus e da sua iluminada mensagem de amor.
12
O valoroso Simão Pedro, após tomar conhecimento do drama vivido
por Jeziel, desde a perseguição ocorrida em Corinto até a liberdade alcançada
por intercessão de Sérgio Paulo, recomenda-lhe manter-se em anonimato,
afirmando:
[...] Jerusalém regurgita de romanos e não seria justo comprometer o generoso amigo
que te restituiu à liberdade. [...] – Serás meu filho, doravante – exclamou Simão num
transporte de júbilo. [...] – Para que não te esqueças da Acaia, onde o Senhor se dignou
de buscar-te para o seu ministério divino, eu te batizarei no credo novo com o nome
grego de Estêvão.
13
A partir desse momento, Estêvão absorveu-se no estudo dos ensinos do
Cristo, participando da difusão da mensagem da Boa Nova na modesta mo
radia
da Casa do Caminho, cujos serviços de alimentação, enfermagem e de
semeadura da palavra divina cresciam celeremente.
Com a ampliação dos serviços prestados à comunidade, surgiu, então, a
necessidade de dividir as tarefas, evitando que um servidor ficasse mais sobrecarregado
que outro.
Na primeira reunião da igreja humilde, Simão Pedro pediu, então, nomeassem sete
auxiliares para o serviço de enfermarias e refeitórios, resolução que foi aprovada com
geral aprazimento. Entre os sete irmãos escolhidos, Estêvão foi designado com a sim
patia
de todos.
Começou para o jovem de Corinto uma vida nova. Aquelas mesmas virtudes espirituais
que iluminavam a sua personalidade e que tanto haviam contribuído para a cura do
patrício, que o restituíra à liberdade, difundiam entre os doentes e indigentes de Jeru
salém
os mais santos consolos. [...] Simão Pedro não cabia em si de contente, em face
das vitórias do filho espiritual. Os necessitados tinham a impressão de haver recebido
um novo arauto de Deus para o alívio de suas dores.
Em pouco tempo, Estêvão tornou-se famoso em Jerusalém, pelos seus feitos quase mira
culosos.
Considerado o escolhido do Cristo, sua ação resoluta e sincera arregimentara,
em poucos meses, as mais vastas conquistas para o Evangelho do amor e do perdão.
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
2. Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
Após a crucificação de Jesus numerosos judeus se converteram ao Cris
tianismo.
Os sacerdotes e membros do Sinédrio, entretanto, temiam que a
propagação dos preceitos cristãos provocasse desestabilização no Judaísmo.
Sendo assim, iniciou-se um movimento de perseguição aos cristãos, a
princípio realizado portas a dentro das sinagogas, posteriormente em público,
nas ruas e no interior das residências, durante as festividades corriqueiramente,
ou nas atividades diárias.
Vieram então alguns da sinagoga chamada dos Libertos, dos Cirineus e Alexandrinos,
dos da Cilícia e da Ásia, e puseram-se a discutir com Estêvão. Mas não podiam resis
tir
à sabedoria e ao Espírito que o levavam a falar. Pelo que subornaram homens que
atestassem: “ouvimo-lo pronunciar palavras blasfematórias contra Moisés e contra
Deus.” Amotinaram assim o povo, os anciãos e os escribas e, chegando de improviso,
arrebataram-no e levaram-no à presença do Sinédrio. Lá apresentaram falsas testemunhas
que depuseram: “Esse homem não cessa de falar contra o Lugar Santo e contra a Lei.
Ouvimo-lo dizer que Jesus Nazareno destruiria este Lugar e modificaria as tradições que
Moisés nos legou”. Ora, todos os membros do Sinédrio estavam com os olhos fixos nele,
e viram-lhe o rosto semelhante ao de um anjo.
1
Essa farsa montada contra Estêvão, foi apoiada por Saulo de Tarso. O
apóstolo dos gentios aparece no cenário da história cristã como o principal
elemento do julgamento, condenação e morte, por apedrejamento, de Estêvão,
considerado o primeiro mártir do Cristianismo.
Esses fatos aconteceram no ano 35 de nossa era.
O jovem Saulo apresentava toda a vivacidade de um homem solteiro, bordejando os
seus trinta anos. Na fisionomia cheia de virilidade e máscula beleza, os traços israelitas
fixavam-se particularmente nos olhos profundos e percucientes, próprios dos tempera
mentos
apaixonados e indomáveis, ricos de agudeza e resolução. Trajando a túnica do
patriciato, falava de preferência o grego, a que se afeiçoara na cidade natal, ao convívio
dos mestres bem-amados, trabalhados pelas escolas de Atenas e Alexandria.
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Chegando a Jerusalém, vindo de Damasco, Saulo se encontra com o amigo
Sadoc que lhe fornece informações a respeito de Estêvão e o efeito que este
provocava nas pessoas. Cheio de zelo religioso, interpreta equivocadamente as
preleções de Estêvão, considerando-o blasfemador. Influenciando o Espírito
de Saulo, acrescenta:
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
– Não me conformo em ver os nossos princípios aviltados e proponho-me a cooperar
contigo [...], para estabelecermos a imprescindível repressão a tais atividades. Com as
tuas prerrogativas de futuro rabino, em destaque no Templo, poderás encabeçar uma
ação decisiva contra esses mistificadores e falsos taumaturgos.
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Tempos depois, num sábado, Saulo e Sadoc se dirigem até a humilde
igreja de Jerusalém para ouvirem a pregação de Estêvão. Os apóstolos Tiago
Maior, Pedro e João surpreenderam-se com a presença «[...] do jovem doutor
da Lei, que se popularizara na cidade pela sua oratória veemente e pelo acurado
conhecimento das Escrituras».
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A despeito de ter ficado impressionado com a pregação de Estêvão, Saulo
interpela o expositor, por meio de ríspida conversa, na tentativa de desacreditá
lo
perante a assembléia. Estêvão, porém, manteve-se sereno, respondendo com
gentileza e firmeza os apartes do doutor da Lei.
Desse momento em diante destacam-se, nas sinagogas, os debates re
ligiosos
entre Saulo, o orgulhoso fariseu, e Estêvão, o humilde e iluminado
cristão.
Gamaliel, o generoso e brilhante rabino, orientador de Saulo, sempre
presente aos debates, contribuía com palavras ponderadas, buscando acalmar
os ânimos.
Incorformado com as serenas proposições de Estêvão, Saulo perturbouse,
e, deixando levar-se pelo orgulho, denunciou Estêvão ao Sinédrio, onde
montou um ardiloso esquema de condenação com apoio de amigos.
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Durante o julgamento, a defesa de Estêvão no Sinédrio foi brilhante, revelando
a grandeza do seu Espírito. Teve oportunidade também de demonstrar
o domínio que possuía das Escrituras, discursando com serenidade e segurança.
(Atos dos Apóstolos, 7:11-54)
Foi, entretanto, implacavelmente julgado e condenado à morte por apedrejamento,
homicído aprovado por Saulo. (Atos dos Apóstolos, 7:55-60) Mesmo
sendo acusado de blasfemador, caluniador e feiticeiro
19 Estêvão manteve-se
firme até o final, quando entregou sua alma a Deus.
Nessa hora suprema, recordava os mínimos laços de fé que o prendiam a uma vida mais
alta. Lembrou de todas as orações prediletas da infância. Fazia o possível por fixar na
retina o quadro da morte do pai supliciado e incompreendido. Intimamente, repetia o
Salmo 23 de David, qual fazia junto da irmã, nas situações que pareciam insuperáveis.
“O Senhor é meu pastor. Nada me faltará...” As expressões dos Escritos Sagrados, como
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
as promessas do Cristo no Evangelho, estavam-lhe no âmago do coração. O corpo
quebrantava-se no tormento, mas o Espírito estava tranqüilo e esperançoso.
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Antes de emitir o último suspiro, Estêvão perdoa Saulo e os demais per
seguidores,
adentrando vitorioso no mundo espiritual. Para o futuro apóstolo
dos Gentios, entretanto, iniciava-se a sua “via crucis”, marcada por uma dor
extrema: acabara de perseguir, condenar e aprovar a matança do irmão de Abigail,
o seu amor adorado.
21 Compreendeu, assim, que os seus sonhos conjugais
e familiares estavam definitivamente comprometidos.
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Atos dos Apóstolos, 6:8-15.
2. XAVIER, Francisco Cândido.
Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 43.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte. Cap. 1 (Corações flagelados),
p. 11.
3. ______. p. 13.
4. ______. p. 13-38.
5. ______. Cap. 2 (Lágrimas e sacrifícios), p. 39-52.
6. ______. p. 55-57.
7. ______. Cap. 3 (Em Jerusalém), p. 58-59.
8. ______. p. 61-62.
9. ______. p. 63-66.
10. ______. p. 68-72.
11. ______. p. 75.
12. ______. p. 74-79.
13. ______. p. 80-81.
14. ______. p. 82-83.
15. XAVIER, Francisco Cândido.
Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel.
43. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte. Cap. 4 (Nas estradas de
Jope), p. 84.
16. ______. p. 90.
17. ______. Cap. 5 (A preparação de Estêvão), p. 102.
18. ______. 120-121.
19. ______. Cap. 6 (Ante o Sinédrio), p. 129-131.
20. ______. Cap. 8 (A morte de Estêvão), p. 190.
21. ______. p. 191-196.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
203
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Debater em grupo, e em plenária, caracterís
ticas
da personalidade de Estêvão, reveladoras da
grandeza do seu Espírito.
ORIENTAÇÕES AO MONITOR
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo

Conhecendo o Livro O Céu e o Inferno "Da proibição de evocar os mortos"

CAPÍTULO XI

Da proibição de evocar os mortos


1. - A Igreja de modo algum nega a realidade das manifestações. Ao contrário, como vimos nas citações precedentes, admite-as totalmente, atribuindo-as à exclusiva intervenção dos demônios. É debalde invocar os Evangelhos como fazem alguns para justificar a sua interdição, visto que os Evangelhos nada dizem a esse respeito. O supremo argumento que prevalece é a proibição de Moisés. A seguir damos os termos nos quais se refere ao assunto a mesma pastoral que citamos nos capítulos precedentes:
"Não é permitido entreter relações com eles (os Espíritos), seja imediatamente, seja por intermédio dos que os evocam e interrogam. A lei mosaica punia os gentios. Não procureis os mágicos, diz o Levítico, nem procureis saber coisa alguma dos adivinhos, de maneira a vos contaminardes por meio deles. (Cap. XIX, v. 31.) Morra de morte o homem ou a mulher em quem houver Espírito pitônico; sejam apedrejados e sobre eles recaia seu sangue. (Cap. XX, v. 27.) O Deuteronômio diz: Nunca exista entre vós quem consulte adivinhos, quem observe sonhos e agouros, quem use de malefícios, sortilégios, encantamentos, ou consultem os que têm o Espírito pitônico e se dão a práticas de adivinhação interrogando os mortos. O Senhor abomina todas essas coisas e destruirá, à vossa entrada, as nações que cometem tais crimes." (Cap. XVIII, vv. 10, 11 e 12.)
2. - É útil, para melhor compreensão do verdadeiro sentido das palavras de Moisés, reproduzir por completo o texto um tanto abreviado na citação antecedente. Ei-lo:
"Não vos desvieis do vosso Deus para procurar mágicos; não consulteis os adivinhos, e receai que vos contamineis dirigindo-vos a eles. Eu sou o Senhor vosso Deus." (Levítico, cap. XIX, v. 31.) O homem ou a mulher que tiver Espírito pitônico, ou de adivinho, morra de morte. Serão apedrejados, e o seu sangue recairá sobre eles." (Idem, cap. XX, v. 27.) Quando houverdes entrado na terra que o Senhor vosso Deus vos há de dar, guardai-vos; tomai cuidado em não imitar as abominações de tais povos; - e entre vós ninguém haja que pretenda purificar filho ou filha passando-os pelo fogo; que use de malefícios, sortilégios e encantamentos: que consulte os que têm o Espírito de Píton e se propõem adivinhar, interrogando os mortos para saber a verdade. O Senhor abomina todas essas coisas e exterminará todos esses povos, à vossa entrada, por causa dos crimes que têm cometido. ( Deuteronômio, cap. XVIII, vv. 9, 10, 11 e 12.)
3. - Se a lei de Moisés deve ser tão rigorosamente observada neste ponto, força é que o seja igualmente em todos os outros. Por que seria ela boa no tocante às evocações e má em outras de suas partes? É preciso ser conseqüente. Desde que se reconhece que a lei mosaica não está mais de acordo com a nossa época e costumes em dados casos, a mesma razão procede para a proibição de que tratamos.
Demais, é preciso expender os motivos que justificavam essa proibição e que hoje se anularam completamente. O legislador hebreu queria que 'o seu povo abandonasse todos os costumes adquiridos no Egito, onde as evocações estavam em uso e facilitavam abusos, como se infere destas palavras de Isaías: "O Espírito do Egito se aniquilará de si mesmo e eu precipitarei seu conselho; eles consultarão seus ídolos, seus adivinhos, seus pítons e seus mágicos." (Cap. XIX, v. 3.)
Os israelitas não deviam contratar alianças com as nações estrangeiras, e sabido era que naquelas nações que iam combater encontrariam as mesmas práticas. Moisés devia pois, por política, inspirar aos hebreus aversão a todos os costumes que pudessem ter semelhanças e pontos de contacto com o inimigo. Para justificar essa aversão, preciso era que apresentasse tais práticas como reprovadas pelo próprio Deus, e dai estas palavras: - "O Senhor abomina todas essas coisas e destruirá, à vossa chegada, as nações que cometem tais crimes."
4. - A proibição de Moisés era assaz justa, porque a evocação dos mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos augúrios e presságios explorados pelo charlatanismo e pela superstição. Essas práticas, ao que parece, também eram objeto de negócio, e Moisés, por mais que fizesse, não conseguiu desentranhá-las dos costumes populares.
As seguintes palavras do profeta justificam o asserto: - "Quando vos disserem: Consultai os mágicos e adivinhos que balbuciam encantamentos, respondei: - Não consulta cada povo ao seu Deus? E aos mortos se fala do que compete aos vivos?" (Isaías, cap. VIII, v. 19.) "Sou eu quem aponta a falsidade dos prodígios mágicos; quem enlouquece os que se propõem adivinhar, quem transtorna o espírito dos sábios e confunde a sua ciência vã." (Cap. XLIV, v. 25.)
"Que esses adivinhos, que estudam o céu, contemplam os astros e contam os meses para fazer predições, dizendo revelar-vos o futuro, venham agora salvar-vos. -Eles tornaram-se como a palha, e o fogo os devorou; não poderão livrar suas almas do fogo ardente; não restarão das chamas que despedirem, nem carvões que possam aquecer, nem fogo ao qual se possam sentar. - Eis ao que ficarão reduzidas todas essas coisas das quais vos tendes ocupado com tanto afinco: os traficantes que convosco traficam desde a infância foram-se, cada qual para seu lado, sem que um só deles se encontre que vos tire os vossos males." (Cap. XLVII, vv. 13, 14 e 15.)
Neste capítulo Isaías dirige-se aos babilônios sob a figura alegórica "da virgem filha de Babilônia, filha de caldeus". (v. 1.) Diz ele que os adivinhos não impedirão a ruína da monarquia. No seguinte capítulo dirige-se diretamente aos israelitas.
"Vinde aqui vós outros, filhos de uma agoureira, raça dum homem adúltero e de uma mulher prostituída. - De quem vos rides vós? Contra quem abristes a boca e mostrastes ferinas línguas? Não sois vós filhos perversos de bastarda raça - vós que procurais conforto em vossos deuses debaixo de todas as frontes, sacrificando-lhes os tenros filhinhos nas torrentes, sob os rochedos sobranceiros? Depositastes a vossa confiança nas pedras da torrente, espalhastes e bebestes licores em sua honra, oferecestes sacrifícios. Depois disso como não se acender a minha indignação?" (Cap. LVII, vv. 3, 4, 5 e 6.)
Estas palavras são inequívocas e provam claramente que nesse tempo as evocações tinham por fim a adivinhação, ao mesmo tempo que constituíam comércio, associadas às práticas da magia e do sortilégio, acompanhadas até de sacrifícios humanos. Moisés tinha razão, portanto, proibindo tais coisas e afirmando que Deus as abominava.
Essas práticas supersticiosas perpetuaram-se até à Idade Média, mas hoje a razão predomina, ao mesmo tempo que o Espiritismo veio mostrar o fim exclusivamente moral, consolador e religioso das relações de além-túmulo.
Uma vez, porém, que os espíritas não sacrificam criancinhas nem fazem libações para honrar deuses; uma vez que não interrogam astros, mortos e augures para adivinhar a verdade sabiamente velada aos homens; uma vez que repudiam traficar com a faculdade de comunicar com os Espíritos; uma vez que os não move a curiosidade nem a cupidez, mas um sentimento de piedade, um desejo de instruir-se e melhorar-se, aliviando as almas sofredoras; uma vez que assim é, porque o é - a proibição de Moisés não lhes pode ser extensiva.
Se os que clamam injustamente contra os espíritas se aprofundassem mais no sentido das palavras bíblicas, reconheceriam que nada existe de análogo, nos princípios do Espiritismo, com o que se passava entre os hebreus. A verdade é que o Espiritismo condena tudo que motivou a interdição de Moisés; mas os seus adversários, no afã de encontrar argumentos com que rebatam as novas idéias, nem se apercebem que tais argumentos são negativos, por serem completamente falsos.
A lei civil contemporânea pune todos os abusos que Moisés tinha em vista reprimir.
Contudo, se ele pronunciou a pena última contra os delinqüentes, é porque lhe faleciam meios brandos para governar um povo tão indisciplinado. Esta pena, ao demais, era muito prodigalizada na legislação mosaica, pois não havia muito onde escolher nos meios de repressão. Sem prisões nem casas de correção no deserto, Moisés não podia graduar a penalidade como se faz em nossos dias, além de que o seu povo não era de natureza a atemorizar-se com penas puramente disciplinares. Carecem portanto de razão os que se apóiam na severidade do castigo para provar o grau de culpabilidade da evocação dos mortos. Conviria, por consideração à lei de Moisés, manter a pena capital em todos os casos nos quais ele a prescrevia? Por que, então, reviver com tanta insistência este artigo, silenciando ao mesmo tempo o principio do capítulo que proíbe aos sacerdotes a posse de bens terrenos e partilhar de qualquer herança, porque o Senhor é a sua própria herança? (Deuteronômio, cap. XXVIII, vv. 1 e 2.)
5. - Há duas partes distintas na lei de Moisés: a lei de Deus propriamente dita, promulgada sobre o Sinal, e a lei civil ou disciplinar, apropriada aos costumes e caráter do povo. Uma dessas leis é invariável, ao passo que a outra se modifica com o tempo, e a ninguém ocorre que possamos ser governados pelos mesmos meios por que o eram os judeus no deserto e tampouco que os capitulares de Carlos Magno se moldem à França do século XIX. Quem pensaria hoje, por exemplo, em reviver este artigo da lei mosaica: "Se um boi escornar um homem ou mulher, que disso morram, seja o boi apedrejado e ninguém coma de sua carne; mas o dono do boi será julgado inocente"? ( Êxodo, cap. XXI, vv. 28 e seguintes.)
Este artigo, que nos parece tão absurdo, não tinha, no entanto, outro objetivo que o de punir o boi e inocentar o dono, equivalendo simplesmente à confiscação do animal, causa do acidente, para obrigar o proprietário a maior vigilância. A perda do boi era a punição que devia ser bem sensível para um povo de pastores, a ponto de dispensar outra qualquer; entretanto, essa perda a ninguém aproveitava, por ser proibido comer a carne. Outros artigos prescrevem o caso em que o proprietário é responsável.
Tudo tinha sua razão de ser na legislação de Moisés, uma vez que tudo ela prevê em seus mínimos detalhes, mas a forma, bem como o fundo, adaptavam-se às circunstâncias ocasionais Se Moisés voltasse em nossos dias para legislar sobre uma nação civilizada, decerto não lhe daria um código igual ao dos hebreus.
6. - A esta objeção opõem a afirmativa de que todas as leis de Moisés foram ditadas em nome de Deus, assim como as do Sinal. Mas julgando-as todas de fonte divina, por que ao decálogo limitam os mandamentos? Qual a razão de ser da diferença? Pois não é certo que se todas essas leis emanam de Deus devem todas ser igualmente obrigatórias? E por que não conservaram a circuncisão, à qual Jesus se submeteu e não aboliu? Ah! esquecem que, para dar autoridade às suas leis, todos os legisladores antigos lhes atribuíam uma origem divina. Pois bem: Moisés, mais que nenhum outro, tinha necessidade desse recurso, atento o caráter do seu povo; e se, a despeito disso, ele teve dificuldade em se fazer obedecer, que não sucederia se as leis fossem promulgadas em seu próprio nome!
Não veio Jesus modificar a lei mosaica, fazendo da sua lei o código dos cristãos?
Não disse ele: - "Vós sabeis o que foi dito aos antigos, tal e tal coisa, e eu vos digo tal outra coisa?" Entretanto Jesus não proscreveu, antes sancionou a lei do Sinai, da qual toda a sua doutrina moral é um desdobramento. Ora, Jesus nunca aludiu em parte alguma à proibição de evocar os mortos, quando este era um assunto bastante grave para ser omitido nas suas prédicas, mormente tendo ele tratado de outros assuntos secundários.
7. - Finalmente convém saber se a Igreja coloca a lei mosaica acima da evangélica, ou por outra, se é mais judia que cristã. Convém também notar que, de todas as religiões, precisamente a judia é que faz menos oposição ao Espiritismo, porquanto não invoca a lei de Moisés contrária às relações com os mortos, como fazem as seitas cristãs.
8. - Mas temos ainda outra contradição: - Se Moisés proibiu evocar os mortos, é que estes podiam vir, pois do contrário inútil fora a proibição. Ora, se os mortos podiam vir naqueles tempos, também o podem hoje; e se são Espíritos de mortos os que vêm, não são exclusivamente demônios. Demais, Moisés de modo algum fala nesses últimos.
É duplo, portanto, o motivo pelo qual não se pode aceitar logicamente a autoridade de Moisés na espécie, a saber: - primeiro, porque a sua lei não rege o Cristianismo; e, segundo, porque é imprópria aos costumes da nossa época. Mas, suponhamos que essa lei tem a plenitude da autoridade por alguns outorgada, e ainda assim ela não poderá, como vimos, aplicar-se ao Espiritismo. É verdade que a proibição de Moisés abrange a interrogação dos mortos, porém de modo secundário, como acessória às práticas da feitiçaria..
O próprio vocábulo interrogação, junto aos de adivinho e agoureiro, prova que entre os hebreus as evocações eram um meio de adivinhar; entretanto, os espíritas só evocam mortos para receber sábios conselhos e obter alivio em favor dos que sofrem, nunca para conseguir revelações ilícitas. Certo, se os hebreus usassem das comunicações como fazem os espíritas, longe de as proibir, Moisés acoroçoá-las-ia, porque o seu povo só teria que lucrar.
9. - É certo que alguns críticos jucundos ou mal-intencionados têm descrito as reuniões espíritas como assembléias de negromantes ou feiticeiros, e os médiuns como astrólogos e ciganos, isto porque talvez quaisquer charlatães tenham afeiçoado tais nomes às suas práticas, que o Espiritismo não pode, aliás, aprovar.
Em compensação, há também muita gente que faz justiça e testemunha o caráter essencialmente moral e grave das reuniões sérias. Além disso, a Doutrina, em livros ao alcance de todo o mundo, protesta bem alto contra os abusos, para que a calúnia recaia sobre quem merece.
10. - A evocação, dizem, é uma falta de consideração para com os mortos, cujas cinzas devem ser respeitadas. Mas quem é que diz tal? São os antagonistas de dois campos opostos, isto é, os incrédulos que nas almas não crêem, e os crédulos que pretendem que só os demônios, e não as almas, podem vir.
Quando a evocação é feita com recolhimento e religiosamente; quando os Espíritos são chamados, não por curiosidade, mas por um sentimento de afeição e simpatia, com desejo sincero de instrução e progresso, não vemos nada de irreverente em apelar-se para as pessoas mortas, como se fizera com os vivos. Há, contudo, uma outra resposta peremptória a essa objeção, e é que os Espíritos se apresentam espontaneamente, sem constrangimento, muitas vezes mesmo sem que sejam chamados. Eles também dão testemunho da satisfação que experimentam por comunicar-se com os homens, e queixam-se às vezes do esquecimento em que os deixam. Se os Espíritos se perturbassem ou se agastassem com os nossos chamados, certo o diriam e não retornariam; porém, nessas evocações, livres como são, se se manifestam, é porque lhes convém.
11. - Ainda uma outra razão é alegada: - As almas permanecem na morada que a justiça divina lhes designa - o que equivale dizer no céu ou no inferno. Assim, as que estão no inferno, de lá não podem sair, posto que para tanto a mais ampla liberdade seja outorgada aos demônios. As do céu, inteiramente entregues à sua beatitude, estão muito superiores aos mortais para deles se ocuparem, e são bastantemente felizes para não voltarem a esta terra de misérias, no interesse de parentes e amigos que aqui deixassem. Então essas almas podem ser comparadas aos nababos que dos pobres desviam a vista com receio de perturbar a digestão? Mas se assim fora essas almas se mostrariam pouco dignas da suprema bem-aventurança, transformando-se em padrão de egoísmo!
Restam ainda as almas do purgatório, porém, estas, sofredoras como devem ser, antes que doutra coisa, devem cuidar da sua salvação. Deste modo, não podendo nem umas nem outras almas corresponder ao nosso apelo, somente o demônio se apresenta em seu lugar.
Então é o caso de dizer: se as almas não podem vir, não há de que recear pela perturbação do seu repouso.
12. - Mas aqui reponta uma outra dificuldade. Se as almas bem-aventuradas não podem deixar a mansão gloriosa para socorrer os mortais, por que invoca a Igreja a assistência dos santos que devem fruir ainda maior soma de beatitude? Por que aconselha invocá-los em casos de moléstia, de aflição, de flagelos? Por que razão e segundo essa mesma Igreja os santos e a própria Virgem aparecem aos homens e fazem milagres? Estes deixam o céu para baixar à Terra; entretanto os que estão menos elevados não o podem fazer!
13. - Que os cépticos neguem a manifestação das almas, vá, visto que nelas não acreditam; mas o que se torna estranhável é ver encarniçar-se contra os meios de provar a sua existência, esforçando-se por demonstrar a impossibilidade desses meios, aqueles mesmos cujas crenças repousam na existência e no futuro das almas! Parece que seria mais natural acolherem como benefício da Providência os meios de confundir os cépticos com provas irrecusáveis, pois que são os negadores da própria religião. Os que têm interesse na existência da alma deploram constantemente a avalancha da incredulidade que invade, dizimando-o, o rebanho de fiéis: entretanto, quando se lhes apresenta o meio mais poderoso de combatê-la, recusam-no com tanta ou mais obstinação que os próprios incrédulos. Depois, quando as provas avultam de modo a não deixar dúvidas, eis que procuram como recurso de supremo argumento a interdição do assunto, buscando, para justificá-la, um artigo da lei mosaica do qual ninguém cogitara, emprestando-lhe, à força, um sentido e aplicação inexistentes. E tão felizes se julgam com a descoberta, que não percebem que esse artigo é ainda uma justificativa da Doutrina Espírita.
14. - Todas as razões alegadas para condenar as relações com os Espíritos não resistem a um exame sério. Pelo ardor com que se combate nesse sentido é fácil deduzir o grande interesse ligado ao assunto. Daí a insistência. Em vendo esta cruzada de todos os cultos contra as manifestações, dir-se-ia que delas se atemorizam.
O verdadeiro motivo poderia bem ser o receio de que os Espíritos muito esclarecidos viessem instruir os homens sobre pontos que se pretende obscurecer, dando-lhes conhecimento, ao mesmo tempo, da certeza de um outro mundo, a par das verdadeiras condições para nele serem felizes ou desgraçados. A razão deve ser a mesma por que se diz à criança: - "Não vá lá, que há lobisomens." Ao homem dizem: -" Não chameis os Espíritos: - São o diabo." - Não importa, porém: - impedem os homens de os evocar, mas não poderão impedi-los de vir aos homens para levantar a lâmpada de sob o alqueire.
O culto que estiver com a verdade absoluta nada terá que temer da luz, pois a luz faz brilhar a verdade e o demônio nada pode contra esta.
15. - Repelir as comunicações de além-túmulo é repudiar o meio mais poderoso de instruir-se, já pela iniciação nos conhecimentos da vida futura, já pelos exemplos que tais comunicações nos fornecem. A experiência nos ensina, além disso, o bem que podemos fazer, desviando do mal os Espíritos imperfeitos, ajudando os que sofrem a desprenderem-se da matéria e a se aperfeiçoarem. Interdizer as comunicações é, portanto, privar as almas sofredoras da assistência que lhes podemos e devemos dispensar.
As seguintes palavras de um Espírito resumem admiravelmente as conseqüências da evocação, quando praticada com fim caritativo:
"Todo Espírito sofredor e desolado vos contará a causa da sua queda, os desvarios que o perderam. Esperanças, combates e terrores; remorsos, desesperos e dores, tudo vos dirá, mostrando Deus justamente irritado a punir o culpado com toda a severidade. Ao ouvi-lo, dois sentimentos vos acometerão: o da compaixão e o do temor! compaixão por ele, temor por vós mesmos. E se o seguirdes nos seus queixumes, vereis então que Deus jamais o perde de vista, esperando o pecador arrependido e estendendo-lhe os braços logo que procure regenerar-se. Do culpado vereis, enfim, os progressos benéficos para os quais tereis a felicidade e a glória de contribuir, com a solicitude e o carinho do cirurgião acompanhando a cicatrização

Livro : O Céu e o Inferno

QUEM TOMAR DO ARADO"...Quem tomar do arado não deve mais olhar para trás. O que significa dizer que a pessoa que tomou uma incumbência nobilitante, que abraçou um ideal, deve deixar para trás todos os seus preconceitos, suas idéias obsoletas, seus interesses terra-a-terra, todos os vícios e toda a maldade que ainda estiver em seu coração...."

QUEM TOMAR DO ARADO

"PORÉM, RESPONDENDO, PEDRO E OS APÓSTOLOS DISSERAM:
MAIS IMPORTA OBEDECER A DEUS QUE AOS HOMENS". (ATOS, 4:19)
Não fora a dedicação de um Paulo de Tarso, de um Barnabé, de um Lucas, e o Evangelho de Jesus não teria tido a penetração que alcançou em tão curto prazo. Quando há necessidade de proceder a uma revelação, Deus faz com que encarnem na Terra os Espíritos mais capazes de fazer com que ela colime os seus objetivos. Se muitos desses pioneiros vêm a falhar na missão, outros a levam avante, tais como arautos da fé e da coragem.

Paulo de Tarso, no desenvolvimento da sua fulgurante missão, sofreu duros golpes. Em sua II Epístola aos Coríntios, ele afirmou enfaticamente que, no desempenho da sua missão, havia recebido dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fora açoitado com varas, uma vez fora apedrejado, três vezes havia sofrido naufrágio; uma noite e um dia passara no abismo, acrescentando ainda: em viagens muitas vezes, em perigo de rios, em perigo de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigo dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos do mar, em perigo entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum, em frio e nudez, tudo isso pelo amor incomensurável que dedicava à causa do Cristianismo nascente.

Se Paulo de Tarso, os apóstolos de Jesus e outros
missionários que aqui vieram se tivessem intimidado diante das ameaças dos poderosos da época, silenciando suas vozes e deixando perecer os movimentos de divulgação da Boa Nova, é indubitável que a tarefa de legar ao mundo os ensinamentos do Cristo teria sido retardada consideravelmente.

No entanto, para vencer os óbices naturais do caminho, para poder enfrentar os interesses inconfessáveis dos grandes da Terra, é necessário que o missionário se arme de muita perseverança e mesmo de grande espírito de renúncia, sem o que a tarefa fica no meio e as idéias ficam adiadas em sua implantação.

Jesus Cristo realizou a sua missão sem tergiversar com o erro, sem temer as forças visíveis e invisíveis que ofereciam embaraço à divulgação das suas palavras, e sobretudo sem fazer qualquer sorte de conluio com os poderes transitórios da Terra. Por isso enfrentou a trama planejada pelos escribas, pelos fariseus, pelos saduceus e pelo próprio sumo sacerdote, os quais fizeram causa comum a fim de repelir as idéias renovadoras que ele viera trazer.

Aqueles, pois, que se proponham a difundir um ideal, devem-se munir de fé e da firme decisão de não voltar atrás em seus cometimentos, Levando avante a tarefa a qualquer custo.

Por isso disse Jesus Cristo de forma bastante judiciosa: Quem tomar do arado não deve mais olhar para trás. O que significa dizer que a pessoa que tomou uma incumbência nobilitante, que abraçou um ideal, deve deixar para trás todos os seus preconceitos, suas idéias obsoletas, seus interesses terra-a-terra, todos os vícios e toda a maldade que ainda estiver em seu coração.
- Jesus Cristo não pactuou com os escribas e fariseus, preferindo enfrentá-los, chamando-os hipócritas, túmulos caiados, devoradores das casas das viúvas e dando-lhes ainda outros qualificativos.
- O Mestre não procurou aproximar-se de Herodes; pelo contrário, enviou-lhe um recado, chamando-o de raposa;
- De maneira idêntica, o Senhor recusou-se a produzir sinais dos céus diante de pessoas de renome social, mas endurecida de coração, chamando-as de componentes de uma geração adúltera e infiel.
Paulo A. Godoy
Cronicas do Evangelho

sábado, 27 de abril de 2013

EADE- Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita Livro I- Módulo II - Roteiro 10 " O Calvário, a crucifixação e a ressureição de Jesus

MÓDULO II -
Roteiro 10
O CRISTIANISMO
O CALVÁRIO, A CRUCIFICAÇÃO
E A RESSUREIÇÃO DE JESUS

• E os que prenderam Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os
escribas e os anciãos estavam reunidos. Mateus, 26:57
• E foi Jesus apresentado ao governador, e o governador o interrogou, dizendo: És tu
o Rei dos judeus? E disse-lhe Jesus: Tu o dizes. E, sendo acusado pelos príncipes dos
sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. Mateus, 27:11-12
• Disse-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos:
Seja crucificado! O governador, porém, disse: Mas que mal fez ele? E eles mais
clamavam, dizendo: Seja crucificado! Então, Pilatos, vendo que nada aproveitava,
antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo:
Estou inocente do sangue deste justo; considerai isso. E, respondendo todo o povo,
disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos. Mateus, 27:22-25
• E, despindo-o, o cobriram com uma capa escarlate. E, tecendo uma coroa de espinhos,
puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele,
o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana
e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a
capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado. E, quando saíam,
encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar
a sua cruz. E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que significa Lugar da Caveira,
deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
Mateus, 27:28-34
• E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. E eis que o véu do
templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.
Mateus, 27:50-51
• Após a crucificação e sepultamento do corpo de Jesus (Marcos, 15:27-37, 42-47),
o Senhor ressuscita, aparecendo a Maria de Madalena, aos apóstolos e a alguns
discípulos. (João, 20:11-31; 21:1-20)1. O calvário de Jesus
O calvário de Jesus começa quando ele é aprisionado, no Getsêmani (Horto
das Oliveiras), no momento em que orava na companhia de Pedro, João, e seu
irmão Tiago. (Lucas, 22:39; Mateus, 26:36-41; João, 18:1-11)
Nesse momento, os soldados e oficiais romanos chegam acompanhados
de sacerdotes, assim como do apóstolo Judas Iscariotes. Este se aproxima
do Mestre, beija-o na face para ser identificado pelas autoridades presentes.
(Lucas, 22:47-48)
Em seguida à prisão de Jesus, os apóstolos se revelam apreensivos, temendo
que alguma coisa ruim poderia lhes acontecer. Pedro, inclusive, nega conhecer
Jesus quando, por três vezes, é inquirido, conforme Jesus tinha previsto.
(Lucas, 22:54-62; João, 13:38)
A negação de Pedro serve para significar a fragilidade das almas humanas, perdidas na
invigilância e na despreocupação da realidade espiritual, deixando-se conduzir, indiferentemente,
aos torvelinhos mais tenebrosos do sofrimento, sem cogitarem de um
esforço legítimo e sincero, na definitiva edificação de si mesmas. 14
A excelsitude do Espírito de Jesus é especialmente notada durante o seu
calvário e crucificação. O amor e a renúncia são expressivamente demonstrados,
sobretudo após a traição, a humilhação e o abandono a que foi submetido.
Poucos [...] sabem partir, por algum tempo, do lar tranqüilo, ou dos braços adorados
de uma afeição, por amor ao reino que é o tabernáculo da vida eterna! Quão poucos
saberão suportar a calúnia, o apodo, a indiferença, por desejarem permanecer dentro
de suas criações individuais, cerrando ouvidos à advertência do céu para que se afastem
tranqüilamente!... [...] Os discípulos necessitam aprender a partir e a esperar onde as
determinações de Deus os conduzam, porque a edificação do Reino do Céu no coração
dos homens deve constituir a preocupação primeira, a aspiração mais nobre da alma, as
esperanças centrais do espírito!... 9
Aprisionado, Jesus foi conduzido pelos mensageiros dos sacerdotes,
manietando-lhe as mãos, como se ele fosse um criminoso vulgar. 10
Depois das cenas descritas com fidelidade nos Evangelhos, observamos as disposições
psicológicas dos discípulos, no momento doloroso. Pedro e João foram os últimos a se
separarem do Mestre bem-amado, depois de tentarem fracos esforços pela sua libertação.
No dia seguinte, os movimentos criminosos da turba arrefeceram o entusiasmo e o devotamento
dos companheiros mais enérgicos e decididos na fé. As penas impostas a Jesus
eram excessivamente severas para que fossem tentados a segui-lo. Da Corte Provincial
ao palácio de Ântipas, viu-se o condenado exposto ao insulto e à zombaria. Com exceção
do filho de Zebedeu, que se conservou ao lado de Maria até ao instante derradeiro, todos
os que integravam o reduzido colégio do Senhor debandaram. Receosos da perseguição,
alguns se ocultaram nos sítios próximos, enquanto outros, trocando as túnicas habituais,
seguiam, de longe, o inesquecível cortejo, vacilando entre a dedicação e o temor.
O Messias, no entanto, coroando a sua obra com o sacrifício máximo, tomou a cruz sem
uma queixa, deixando-se imolar, sem qualquer reprovação aos que o haviam abandonado
na hora última. Conhecendo que cada criatura tem o seu instante de testemunho,
no caminho de redenção da existência, observou às piedosas mulheres que o cercavam,
banhadas em lágrimas: – “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai por vós
mesmas e por vossos filhos!...”
Exemplificando a sua fidelidade a Deus, aceitou serenamente os desígnios do céu, sem
que uma expressão menos branda contradissesse a sua tarefa purificadora.
Apesar da demonstração de heroísmo e de inexcedível amor, que ofereceu do cimo do
madeiro, os discípulos continuaram subjugados pela dúvida e pelo temor, até que a
ressurreição lhes trouxesse incomparáveis hinos de alegria. 11
Na manhã seguinte, Jesus é levado à presença de Pilatos, o governador
romano da Galiléia, para ser interrogado.
E Pilatos lhe perguntou: Tu és o Rei dos judeus? E ele, respondendo, disse-lhe: Tu o dizes.
E os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas, porém ele nada respondia.
E Pilatos o interrogou outra vez, dizendo: Nada respondes? Vê quantas coisas testificam
contra ti. Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se maravilhava. Ora,
no dia da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem. E havia um
chamado Barrabás, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido
uma morte. E a multidão, dando gritos, começou a pedir que fizesse como sempre lhes
tinha feito. E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis que vos solte o Rei dos judeus?
Porque ele bem sabia que, por inveja, os principais dos sacerdotes o tinham entregado.
Mas os principais dos sacerdotes incitaram a multidão para que fosse solto antes Barrabás.
E Pilatos, respondendo, lhes disse outra vez: Que quereis, pois, que faça daquele a quem
chamais Rei dos judeus? E eles tornaram a clamar: Crucifica-o. Mas Pilatos lhes disse:
Mas que mal fez? E eles cada vez clamavam mais: Crucifica-o. Então, Pilatos, querendo
satisfazer a multidão, soltou-lhes Barrabás, e, açoitado Jesus, o entregou para que fosse
crucificado. (Marcos, 15: 2-15)
Antes da crucificação, os soldados conduziram Jesus ao Pretório, no
interior do palácio governamental, e convocaram toda a coorte. Em seguida,
vestiram-no de púrpura e tecendo uma coroa de espinhos, lha impuseram. E
começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus! E batiam-lhe na cabeça com um
caniço. Cuspiam nele e, de joelhos, o adoravam. Depois de caçoarem dele,
despiram-lhe a púrpura e tornaram a vesti-lo com as suas próprias vestes.
(Marcos, 15: 16-20)
Os transeuntes injuriavam-no, meneando a cabeça dizendo: Ah! tu, que
destróis o Templo e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo, descendo da
cruz! Do mesmo modo, também os chefes dos sacerdotes, caçoando dele entre
si e com os escribas diziam: A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! O
Messias, o Rei de Israel... que desça agora da cruz, para que vejamos e creiamos!
E até os que haviam sido crucificados com ele o ultrajavam. (Marcos,
15: 29-32)
Um dos malfeitores que suspensos à cruz insultava, dizendo: Não és tu
o Cristo? Salva-te a ti mesmo, e a nós. Mas o outro, tomando a palavra, o repreendia:
Nem sequer temes a Deus, estando na mesma condenação? Quanto
a nós, é de justiça, pagarmos por nossos atos; mas ele não fez nenhum mal.
E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando vieres com teu reino. Ele
respondeu: Em verdade, te digo, que hoje estarás comigo no Paraíso. (Lucas,
23: 39-43)
2. A crucificação de Jesus
Prosseguindo com os relatos do Evangelho, vimos que Pilatos entregou
Jesus para ser crucificado. Ele saiu, carregando sua cruz e chegou ao chamado
Lugar da Caveira — em hebraico, chamado Gólgota —, onde o crucificaram; e,
com ele, dois outros: um de cada lado e Jesus no meio. Pilatos redigiu também
um letreiro e o fez colocar sobre a cruz; nele estava escrito: « Jesus, Nazareno, rei
dos judeus. [...] E estava escrito em hebraico, latim e grego.» (João, 19:17-20)
Depois da crucificação os soldados repartiram entre eles, as vestes e a túnica
de Jesus. Ora a túnica era inconsútil [peça inteira, sem costura]. Disseram
entre si: não a rasguemos, mas, lancemos sorte sobre elas, para ver de quem
será.” (João, 19:23-24)
Perto da cruz permaneciam Maria, a mãe de Jesus, sua irmã, mulher de
Clopas e Maria Madalena. Vendo Jesus a sua mãe e, próximo a ela, o apóstolo
João, disse: “Mulher, eis aí o teu filho. Depois, disse ao discípulo: Eis aí tua mãe.
E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.” (João, 19:25-27)
Após a crucificação, alguns judeus não querendo permanecer mais tempo
ali porque era o dia da Preparação da Páscoa, pediram a Pilatos para autorizar
quebrassem as pernas dos crucificados, (Jesus e os dois ladrões). Os soldados,
porém, transpassaram uma lança no corpo de Jesus, de onde jorrou sangue e
água.(João, 19:31-34)
A ingratidão recebida por Jesus, após os inúmeros benefícios que proporcionou,
nos conduzem a profundas reflexões. Percebemos, de imediato o
sublime amor por todos nós.
O [...] amor verdadeiro e sincero nunca espera recompensas. A renúncia é o seu ponto de
apoio, como o ato de dar é a essência de vida. [...] Todavia, quando a luz do entendimento
tardar no Espírito daqueles a quem amamos, deveremos lembrar-nos de que temos a
sagrada compreensão de Deus, que nos conhece os propósitos mais puros. 8
Um pouco antes da sua morte, conforme foi mencionado, Jesus entrega
Maria aos cuidados de João, filho de Zebedeu. Trata-se de outra valiosa lição,
como todas as que o Mestre nos legou.
Ensinava [...] que o amor universal era o sublime coroamento de sua obra. Entendeu que,
no futuro, a claridade do Reino de Deus revelaria aos homens a necessidade da cessação
de todo egoísmo e que, no santuário de cada coração, deveria existir a mais abundante
cota de amor, não só para o círculo familiar, senão também para todos os necessitados do
mundo, e que no templo de cada habitação permaneceria a fraternidade real, para que a
assistência recíproca se praticasse na Terra, sem serem precisos os edifícios exteriores,
consagrados a uma solidariedade claudicante. 12
No momento da morte de Jesus, relata o Evangelho que, à hora sexta,
surgiram trevas sobre a Terra, até a hora nona. Jesus, então, dando um grande
grito, expirou. E o véu do Santuário (do Templo) se rasgou em duas partes, de
cima a baixo. O centurião, que se achava bem defronte dele, vendo que havia
expirado deste modo, disse: “Verdadeiramente, este homem era filho de Deus.”
(Marcos, 15:33,37-39)
Quanto ao fenômeno das trevas, Kardec nos elucida:
É singular que tais prodígios, operando-se no momento mesmo em que a atenção da
cidade se fixava no suplício de Jesus, que era o acontecimento do dia, não tenham sido
notados, pois que nenhum historiador os menciona. Parece impossível que um tremor
de terra e o ficar toda a Terra envolta em trevas durante três horas, num país onde o
céu é sempre de perfeita limpidez, hajam podido passar despercebidos. A duração de
tal obscuridade teria sido quase a de um eclipse do Sol, mas os eclipses dessa espécie
só se produzem na lua nova, e a morte de Jesus ocorreu em fase de lua cheia, a 14 de
Nissan, dia da Páscoa dos judeus. O obscurecimento do Sol também pode ser produzido
pelas manchas que se lhe notam na superfície. Em tal caso, o brilho da luz se enfraquece
sensivelmente, porém, nunca ao ponto de determinar obscuridade e trevas. Admitido
que um fenômeno desse gênero se houvesse dado, ele decorreria de uma causa perfeitamente
natural. [...] Compungidos com a morte de seu Mestre, os discípulos de Jesus
sem dúvida ligaram a essa morte alguns fatos particulares, aos quais noutra ocasião
nenhuma atenção houveram prestado. Bastou, talvez, que um fragmento de rochedo se
haja destacado naquele momento, para que pessoas inclinadas ao maravilhoso tenham
visto nesse fato um prodígio e, ampliando-o, tenham dito que as pedras se fenderam.
Jesus é grande pelas suas obras e não pelos quadros fantásticos de que um entusiasmo
pouco ponderado entendeu de cercá-lo. 1
Em relação aos sofrimentos de Jesus, Emmanuel acrescenta:
A dor material é um fenômeno como o dos fogos de artifício, em face dos legítimos
valores espirituais. Homens do mundo, que morreram por uma idéia, muitas vezes não
chegaram a experimentar a dor física, sentindo apenas a amargura da incompreensão do
seu ideal. Imaginai, pois, o Cristo, que se sacrificou pela Humanidade inteira, e chegareis
a contemplá-Lo na imensidão da sua dor espiritual, augusta e indefinível para a nossa
apreciação restrita e singela. 13
Ainda na tormenta dos seus últimos instantes, seu ânimo era de paciência, de benignidade,
de compaixão. Já pregado na cruz, tendo o corpo e a alma lanceados, com os pregos
a lhe dilacerarem as carnes, e os acúleos da ingratidão a lhe ferirem o espírito, vendo
a seus pés, indiferentes ou raivosos, aqueles a quem abençoara, protegera, ensinara e
curara, pedia ao Pai que lhes perdoasse, porque eles não sabiam o que estavam fazendo.
E assim partiu o Salvador da Humanidade. Este homem, este herói, este mártir, este
santo, este Espírito excelso foi que regou com suas lágrimas e seu sangue a árvore hoje
bendita do Cristianismo. 6
3. A ressurreição de Jesus
Os exemplos de Jesus são roteiros que nos ensinam agir perante as provas.
No sábado, Maria de Magdala e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram
aromas param irem ungir o corpo. De madrugada, no primeiro dia da semana,
elas foram ao túmulo ao nascer do Sol. E diziam entre si: “Quem rolará a pedra
da entrada do túmulo para nós?” E erguendo os olhos, viram que a pedra fora
removida. Ora, a pedra era muito grande. Tendo entrado no túmulo, elas viram
um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram cheias
de espanto. Ele, porém, lhes disse: “Não vos espanteis! Procurais Jesus de Nazaré,
o Crucificado. Ressuscitou, não está aqui. Vede o lugar onde o puseram.
Mas ide dizer aos seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá
o vereis, como vos tinha dito. (Marcos, 16:1-7)
Estava, então, Maria junto ao sepulcro, de fora, chorando. Enquanto
chorava, inclinou-se para o interior do sepulcro e viu dois anjos, vestidos de
branco, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira
e outro aos pés. Disseram-lhe então: “Mulher, por que choras?” Ela lhes diz:
“Porque levaram meu Senhor e não sei onde o puseram!” Dizendo isso, voltouse
e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus. Jesus lhe diz: Mulher, por
que choras? A quem procuras? Pensando ser o jardineiro, ela lhe diz: Senhor,
se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar!” Diz-lhe
Jesus: Maria! Voltando-se, ela lhe diz em hebraico: Rabboni!, que quer dizer
Mestre. Jesus lhe diz: Não me toques, pois ainda não subi ao Pai. Vai, porém,
a meus irmãos e dize-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai; a meu Deus e vosso
Deus. Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: Vi o Senhor, e as coisas que
ele lhe disse. (João, 20: 11-18)
Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com circunstanciados
pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se explicam
perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito e nada de anômalo
apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea,
oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos
as circunstâncias em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos, em
tais ocasiões, todos os caracteres de um ser fluídico. 2
A ressurreição do Cristo nos oferece oportunas lições.
Jesus, [...] essa alma poderosa, que em nenhum túmulo poderia ser aprisionada, aparece
aos que na Terra havia deixado tristes, desanimados e abatidos. Vem dizer-lhes que a
morte nada é. Com a sua presença lhes restitui a energia, a força moral necessária para
cumprirem a missão que lhes fora confiada. As aparições do Cristo são conhecidas e
tiveram numerosos testemunhos. Apresentam flagrantes analogias com as que em nossos
dias são observadas em diversos graus, desde a forma etérea, sem consistência, com
que aparece à Maria Madalena e que não suportaria o mínimo contacto, até a completa
materialização, tal como a pôde verificar Tomé, que tocou com a própria mão as chagas
do Cristo. 3
Após a aparição a Maria Madalena, Jesus reencontra os discípulos: fechadas
as portas onde se achavam os discípulos, por medo dos judeus, Jesus veio
e, pondo-se no meio deles, lhes disse: “A paz esteja convosco!” Tendo dito isso,
mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, ficaram cheios de alegria
por verem o Senhor. Ele lhes disse de novo: “A paz esteja convosco! Como o
Pai me enviou também eu vos envio”. Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes
disse: “Recebei o Espírito Santo”. Aqueles a quem perdoardes os pecados serlhes-
ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos. Um dos
Doze, Tomé, chamado Dídimo, não estava com eles, quando veio Jesus. Os
outros discípulos, então, lhe disseram: Vimos o Senhor! Mas ele lhes disse: Se
eu não vir em suas mãos o lugar dos cravos e se não puser meu dedo no lugar
dos cravos e minha mão no seu lado, não crerei. Oito dias depois, achavam-se
os discípulos, de novo, dentro da casa, e Tomé com eles. Jesus veio, estando
as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco! Disse
depois a Tomé: Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põena
no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê! Respondeu-lhe Tomé: Meu
Senhor e meu Deus! Jesus lhe disse: Porque viste, creste. Felizes os que não
viram e creram! (João, 20: 19-29)
Jesus aparece e desaparece instantaneamente. Penetra numa casa a porta fechadas. Em
Emaús conversa com dois discípulos que o não reconhecem, e desaparece repentinamente.
Acha-se de posse desse corpo fluídico, etéreo, que há em todos nós, corpo sutil que
é o invólucro inseparável de toda alma e que um alto Espírito como o seu sabe dirigir,
modificar, condensar, rarefazer à vontade. E a tal ponto o condensa, que se torna visível
e tangível aos assistentes. 4
As provas da ressurreição de Jesus são incontestáveis. Não há como ter
dúvidas.
As aparições diárias de Jesus àquela gente que deveria secundá-lo no ministério da Divina
Lei, haviam abrasado seus corações; e seus suaves e edificantes ensinamentos, cheios de
mansidão e humildade, tinham exaltado aquelas almas, elevando-as às culminâncias da
espiritualidade, saneando-lhes o cérebro e preparando-os, vasos sagrados, para receber
os Espíritos santificados pela Palavra, como antes lhes havia ele prometido, conforme
narra o Evangelista João. [...] Avizinhava-se o momento da partida. Ele iria, mas com
ampla liberdade de ação. Sempre que lhe aprouvesse viria observar o movimento que se
teria de operar entre as “ovelhas desgarradas de Israel”, as quais ele queria reconduzir
ao “sagrado redil”. [...] Deveriam os discípulos identificar-se com o Espírito e conhecer
o Espírito de Verdade, para, com justos motivos, anunciar às gentes, a Nova da Salvação
que libertá-las-ia do mal. 7
Todos esses acontecimentos, rela- tados pelos evangelistas depois da crucificação
de Jesus, servem de base para o conhecimento histórico do Cristianismo,
daí ter Paulo afirmado: «Se o Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé.»
O Cristianismo não é uma esperança, é um fato natural, um fato apoiado no testemunho
dos sentidos. Os apóstolos não acreditavam somente na ressurreição; estavam dela
convencidos. [...] O Cristo, porém, lhes apareceu e a sua fé se tornou tão profunda que,
para a confessar, arrostaram todos os suplícios. As aparições do Cristo depois da morte
asseguraram a persistência da idéia cristã, oferecendo-lhe como base todo um conjunto
de fatos. 5

Referências:
1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15, item 55, p. 392-393.
2. ______. Cap. 15, item 61, p. 349.
3. DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Tradução de Leopoldo Cirne.
12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 5 (Relações com os espíritos dos
mortos), p. 53-54.
4. ______. p, 54.
5. ______. p. 54-55.
6. IMBASSAHY, Carlos. Religião. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2002. Capítulo:
O Espiritismo entre as religiões, item: (O Cristo), p. 204.
7. SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. 20. ed. Matão, SP: O Clarim.
2004. Capítulo: A ressurreição - o espírito e a fé, p. 340.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos
33. ed. Rio de Janeiro: FEB. 2005. Cap.12 (Amor e renúncia), p. 82.
9. ______. p. 84.
10. ______. p. 181.
11. ______. Cap. 27 (A oração do horto), p.181-182.
12. ______. Cap. 30 (Maria), p. 198-199.
13. ______. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro:
FEB. 2006. Questão 287, p.169-170.
14. ______. Questão 320, p.183

sábado, 20 de abril de 2013

Aprendendo com o livro dos espíritos questão 99

 
Questão 99 comentada
CAPÍTULO 48
0099/LE
ESPÍRITOS INFERIORES
 
Essa é uma categoria de Espíritos que nunca podemos determinar dentro de uma só espécie. Existe nela variedade de sentimentos, como de posição na escala de elevação espiritual, contudo, são almas ainda inferiores que desconhecem o valor do bem, e não sentem tendência alguma para a caridade, antes, procuram menosprezar o bem e mesmo atrapalhar quem começa a melhorar as suas condições de benevolência. São Espíritos zombeteiros, brincalhões e muitas vezes, maus, mentirosos, egoístas e orgulhosos. Adoram discussões, por saberem que as irritações que fervem nas ideias incompatíveis desarmonizam o ambiente. Por esses sentimentos inferiores, os sensitivos passam a conhecer quem está se aproximando das suas faculdades e devem corrigir e desconfiar dos seus próprios procedimentos.
Os Espíritos inferiores dominam grande parte dos homens na Terra, em todas as suas atividades; na política, na ciência e na religião são onde eles mais atuam, encontrando médiuns que com eles se afinam completamente, sem desconfiarem da existência dessas companhias indesejadas. São falanges espraiadas em todo o globo, e infelizmente encontramos muitos deles nos lares onde se vê muita discórdia e mesmo separações. É nesse sentido, de desativar essas falanges de Espíritos inferiores e educá-los, que aconselhamos o Culto do Evangelho no Lar, força poderosa, capaz de devolver a paz entre os irmãos, que aceitaram viver juntos. As organizações de caridade são também muito atuadas por eles, que não têm outro serviço, a não ser perturbar os ambientes que desejam e trabalham para a paz. O melhor remédio para a defesa dessas entidades é a educação individual. Cada Espírito, encarnado e desencarnado, deve praticar a auto-educação, não entrando em sintoma com essas entidades malfeitoras; é o Evangelho vivido, e não somente pregado, como se vê em todo o mundo.
Os nossos pensamentos podem ser um ninho de Espíritos inferiores, como a boca depende do uso que fazemos das nossas faculdades. Os que querem ser enganados estão alimentando sentimentos inferiores, e os poucos que gostam da verdade, da honestidade, do perdão, da caridade e do amor na verdadeira acepção da palavra, trabalham para a sua própria paz íntima.
O quadro da Terra é algo triste, no que tange ao ambiente inferior, não obstante, os recursos estão e vão ser usados para o devido saneamento espiritual. Cabe a nós outros, já despertados para o bem comum, fazer parte daqueles que saíram a semear com Jesus, sem reclamar, sem exigir e sem blasfemar, para que não percam as sementes de luz deitadas nas leiras dos corações. A última categoria dos Espíritos não se compõe de almas totalmente más, no sentido da palavra expressa, mas que carregam consigo toda espécie de deturpação da verdade. O seu ambiente constitui um ninho de serpentes, de todas as más qualidades que se possa imaginar... Entretanto, são irmãos que precisam da nossa assistência, mas, ao dá-la, é sempre bom nos lembrar da advertência de nosso Jesus Cristo, quando nos fala: Vigiai e oral Muitos deles confundem-se com os encarnados, pelas aparências de sentimentos, mas a Doutrina Espírita, na feição do Evangelho Redivivo, está no mundo para limpar a eira das nações e colocá-las à frente de todas as decisões que possam tomar a palavra e a vivência daquilo que conheces pelo nome de Amor.

Comntários de Miramez

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 98

 
Questão 98 comentada
CAPÍTULO 47
0098/LE
ESPÍRITOS BONS
 
Os Espíritos a que chamamos de bons pertencem a uma variedade de categorias, mas na escala geral, está na média, em se falando das três de que nos fala O Livro dos Espíritos. Os que habitam a média ocupam uma extensão imensurável, entretanto, todos eles têm tendências para o bem e esforçam-se para melhorar, e é dentro deste esforço contínuo que eles melhoram e vão alcançando, passo a passo, a sua libertação, posição onde se encontram os Espíritos puros.
Considerando a vida infinita na imortalidade da alma, devemos dizer que o Espírito leva um tempo incontável, na cronologia dos homens, para chegar à perfeição. Os Espíritos bons, mesmo cheios de boa vontade, ainda têm de sofrer determinadas provas; é o passado ainda ligado ao presente, por fardos que não foram descarregados, mas que o serão. Não é com isso que se deve esmorecer. Ainda mais quem já se encontra na escala dos bons, pois se encontram no meio do caminho, e isso já constitui grande vantagem. O tempo maior é gasto na inferioridade. Quando começamos a despertar, os meios a que a natureza recorre fazem acelerar as nossas condições para alcançar e compreender as leis de Deus e respeitá-las, para o nosso próprio bem.
A alma, para conquistar a perfeição, haverá de conhecer todas as coisas referentes ao amor e à sabedoria, dominar todas as emoções onde elas surgirem e, como prêmio, receberá a tranqüilidade de consciência em todos os aspectos. O Espírito, na pureza em que falamos, não tem mais nada que aprender na Terra; em sua estrutura espiritual, atrofia-se a razão, para florescer, em seu lugar, a intuição. Não precisa raciocinar para conhecer, porque já conhece.
A Terra está cheia de Espíritos da terceira ordem, e bastante da segunda, porém, os de primeira ordem vêm, por misericórdia,a ela, como bênção de Deus, para abençoai-os de boa vontade e fortalecê-los cada vez mais no bem que pretendem fazer. Pode-se observar como cresceu a fraternidade na Terra, como houve um grande impulso de caridade entre os homens, e foi por esse crescimento que as trevas se arvoraram no orgulho e no egoísmo, onde se vê o aumento das guerras fratricidas, os assaltos e o crime, que são realizações normais da inferioridade, quando nota a preponderância da luz. Nada está piorando nas civilizações que ocupam a Terra; isso é normal em todo fechamento de ciclo, para abrir outro, despertando a potencialidade dos corações que vão viver e dirigir materialmente os destinos dos povos, sob a influência dos Espíritos Superiores, em nome de Cristo, que dirige os destinos dos Espíritos até a consumação dos séculos.
Os Espíritos bons passarão a ser Espíritos puros na forja do tempo e nas bênção da dor. Verifiquemos o quanto Deus é bom! A ajuda visível de Nosso Jesus Cristo, por todos os meios, na sustentação da vida, tem adiado muitas catástrofes por causa de alguns que estão aprendendo a amar e se exercitando na caridade. Pedimos que continuem, porque enquanto houver alguma luz acesa, ela dominará as trevas e afastará o monstro de todas as discórdias.
Que os Espíritos bons, encarnados e desencarnados, possam se tornar melhores, de forma que os melhores possam orientar-se no equilíbrio, favorecendo a todos na conquista do amor verdadeiro e santo.
Comentários de Miramez

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 97

QUESTÃO 97 - O LIVRO DOS ESPÍRITOS
 
Parte Segunda
Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos
 
CAPÍTULO I
DOS ESPÍRITOS
 
Diferentes ordens de Espíritos
 
97. As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado?
 
“São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais dos Espíritos, elas podem reduzir-se a três principais.
“Na primeira, colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os puros Espíritos. Formam a segunda os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza.”
FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME II
 
Questão 97 comentada
CAPÍTULO 46
0097/LE
A ESCALA EVOLUTIVA
 
Dificilmente podemos traçar uma escala evolutiva para os Espíritos, encarnados e desencarnados. As linhas divisórias escapam à nossa análise; entretanto, podemos fazer, como fazem na Terra sobre as classes, dividindo-as entre alta, média e baixa, sendo, para todas elas, a escala infinita. Assim como o Espiritismo preocupou-se em se lembrar das escalas dos Espíritos, outras escolas espiritualistas também fizeram as suas divisões, da maneira que acharam mais conveniente. No fundo, nada muda sobre as leis naturais da vida
Para melhor compreendermos o que é um Espírito, ou o que somos, é bom que nos conscientizemos disso: cada alma se encontra em uma escala diferente. Nunca dois Espíritos são totalmente iguais, no que concerne à evolução: sempre existe algum traço de diferença, mesmo entre os que têm perfeita sintoma espiritual. Os que consideramos Espíritos perfeitos, o são em relação aos homens e não diante de Deus.
A perfeição universal, a pureza total, somente o a possui, em todas as suas atribuições, portanto, não temos meios para elaborar uma escala perfeita dos Espíritos, o que, nos parece, nem Deus a fez. Ele criou as leis e desde quando passamos a conhecê-las, vamos entendendo o porquê de todas as coisas do universo.
O que Jesus fala no Evangelho, que mesmo os escolhidos serão enganados, dá para percebermos o quanto ainda somos inferiores. Somos escolhidos, por vezes, para determinada tarefa, porém, temos muita ligação nas trevas, pelo passado ainda próximo ao nosso presente, e é nessa influência que poderemos ser enganados: não pelos Espíritos inferiores, mas, por nossas inferioridades, que vibram em nossos caminhos.
A superioridade é demorada e constitui a nossa conquista espiritual. É, pois, o resultado do esforço individual, de passo a passo, e foi Nosso Jesus Cristo quem nos ofertou todos os caminhos, nos mostrando a verdade e a vida, facilitando as nossas escolhas; mas, o trabalho é nosso. Enquanto necessitarmos de vestir o burel de carne, ainda estaremos longe da perfeição espiritual. Devemos nos preocupar pouco com a escala a que pertencemos como Espíritos, mas, dar uma demão à nossa auto-educação em todos os sentidos, no que tange à moral; todavia, necessário se faz que entendamos o que seja moral em primeiro lugar, para não cairmos em piores condições. Se não tivermos estrutura para viver os altos preceitos do Evangelho, será bem difícil apresentarmo-nos como mestres dos que procuram aprender.
No mundo físico as divisões das classes são determinadas pelo poder aquisitivo, e, mesmo assim, dificilmente podes determinar a qual classe pertencem certas pessoas. No mundo moral, as dificuldades são maiores, porque sempre escondemos O que de mal fazemos aos nossos irmãos, e anunciamos com todo vigor algum dever, que não passa mesmo de dever de cada alma. Deixemos quem quiser julgar a qual classe pertencemos, o que não nos interessa muito. O que o Cristo nos ensina é escolher a melhor parte, é trabalhar dentro do nosso mundo íntimo, por saber que o céu está em nós, bastando encontrá-lo, e se o encontrarmos, certamente vamos encontrar Deus e Cristo. Cada criatura, se desejar, pode analisar a si mesma, observando a que faixa pertence na escala espiritual.

Comentários de Miramez

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 96


 
Questão 96 comentada
CAPÍTULO 45
0096/LE
IGUALDADE DOS ESPÍRITOS
 
Os Espíritos são iguais na sua genealogia, mas, diferentes no que se refere a o despertamento espiritual. Cada um se situa no grau de evolução conquistado; cada alma é, pois, um mundo diferente em todos os aspectos que se possa conceber, nos seus vários níveis de saber. A igualdade no aprimoramento se perde na infinita pauta da sabedoria universal. E Deus, onisciente, criou leis justas e sábias, no sentido de dar a cada um o que esse realmente merece, de acordo com o que oferta.
A grandeza da criação está na variedade, e a natureza nos dá uma amostra dessa beleza na fauna e na flora. A diversidade em todos os reinos do mundo mostra-nos a mão de Deus na construção do belo, nas mudanças de formas de tudo que existe. Em cada uma nota-se uma força inteligente no comando, com toda a certeza do que está fazendo.
Os Espíritos são de diferentes ordens, pelo grau alcançado por cada um, e certamente isso é uma hierarquia espiritual, não por imposição ou dádiva, mas, por conquista. É o próprio tempo que trabalha na maturidade do Espírito. A superioridade alcançada pelo despertamento espiritual se faz onde quer que seja, sem afrontas, sem agressão e sem comércio; é uma luz que se irradia em todas as direções, abençoando e amando com um único impulso no coração, o da verdadeira fraternidade. No mundo físico pode-se observar como espelho, o corpo de carne de um simples camponês e o de um estadista, de uma doméstica e o de uma rainha. Os corpos são semelhantes sem que haja grandes diferenças, todavia, pelas conquistas alcançadas de uma faixa para outra, nota-se que cada qual se situa em um plano de vida diferente. Ao se verificar mais adiante, e observará que o corpo de um santo e o de um pecador são iguais nas suas estruturas. A formação biológica é a mesma, porém, a vida de um é diferente da do outro, mas Deus dá a ambos a mesma assistência. O que ocorre, é que o santo assimila mais as bênçãos do , compreende Suas leis e as respeita e o pecador ainda se encontra cego e surdo ao chamado de Deus. No mundo espiritual existem igualmente essas divisões, não por favorecimento, mas por justiça. Colhemos justamente o que plantamos na lavoura da consciência, e ela nos responde fielmente pelo que somos. Eis ai o amor d`Aquele que fez todas as leis, e assiste todas as criaturas, filhas do Seu magnânimo coração.
Nunca faltam escolas para todos, e cada um recebe o de que precisa na escala a que pertence, porém, o modo de ensinar de Deus é bem diferente do dos homens; Ele, o , ministra ensinamentos a cada um separadamente, atendendo suas necessidades com todo empenho de servir e todo o amor de Pai que nunca esquece Seus filhos. Nós outros é que somos, às vezes, rebeldes e custamos a aprender as lições, e em muitos casos aparece em nós a dor, para nos mostrar com mais energia os caminhos do aprendizado.