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quinta-feira, 11 de abril de 2013

A LIÇÃO DE EZEQUIEL


Seria esta, porém, uma interpretação sofística(retóricas), artificiosa, forçada, arranjada a posteriori por aqueles que chegaram à certeza das vidas sucessivas? Negativo. Se alguém tem ainda alguma dúvida, há em Ezequiel todo um capítulo - o de número 18 - para definir e exemplificar com a maior nitidez e detalhamento o conceito da responsabilidade pessoal de cada um, destruindo o mito de que os filhos pagam pela iniqüidade dos pais.
Vamos transcrevê-lo na íntegra, para que não haja dúvidas, nem seja necessário buscá-lo alhures. 

Mais uma vez, recorro ao texto da American Bible Society.
- De novo veio a mim a palavra de Jeová, dizendo:
Que quereis vós dizer, usando na terra de Israel deste provérbio: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos estão embotados? Pela minha vida, diz o Senhor Jeová, não tereis mais ocasião de usardes deste provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá. Porém, se um homem for justo, e fizer o que é equidade e justiça, e se não comer sobre os montes, nem levantar os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminar a mulher do seu próximo, nem se chegar à mulher na sua separação; se não oprimir a ninguém, porém tornar ao devedor o seu penhor, se não tirar nada do alheio por violência, se der do seu pão ao que tem fome e ao nu cobrir com vestido; se não der o seu dinheiro à usura, nem receber mais do que o que emprestou, se desviar a sua mão da iniqüidade, e fizer verdadeiro juízo entre homem e homem; se andar nos meus estatutos, e guardar os meus juízos, para proceder segundo a verdade; este tal é justo, certamente viverá, diz o Senhor Jeová. Se ele gerar um filho que se torne salteador, que derrame sangue e que faça a seu irmão qualquer destas coisas, e que não cumpra com nenhum destes deveres, porém, coma sobre os montes, e contamine a mulher do seu próximo, oprima o pobre e necessitado, tire de outro com violência, não devolva o penhor, e levante os seus olhos aos ídolos, cometa abominações, dê o seu dinheiro à usura, e receba mais do que emprestou: acaso viverá ele? Não viverá. Comete todas estas abominações; certamente morrerá, o seu sangue será sobre ele. Eis que se este por sua vez gerar um filho que, vendo todos os pecados cometidos por seu pai, tema e não faça coisas semelhantes, que não coma sobre os montes, nem levante os seus olhos aos ídolos da casa de Israel, que não contamine a mulher do seu próximo, nem oprima a pessoa alguma, que não empreste sobre penhores nem tire de outrem com violência, porém, dê o seu pão ao faminto, e ao nu cubra com vestido, que aparte do pobre a sua mão, que não receba usura nem mais do que emprestou, que execute os meus juízos, e ande nos meus estatutos; este não morrerá por causa da iniqüidade de seu pai, certamente viverá.
Quanto a seu pai, porque oprimiu cruelmente, tirou de seu irmão com violência, e fez o que não é bom entre o seu povo, eis que ele morrerá na sua iniqüidade. Contudo dizeis: Por que não leva o filho a iniqüidade do pai? Quando o filho fizer o que é de eqüidade e justiça, guardar todos os meus estatutos, e os cumprir, certamente viverá. A alma que peca, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai nem o pai levará a iniqüidade do filho. A justiça do justo será sobre ele, e a impiedade do impio será sobre ele. Mas se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer o que é de eqüidade e justiça, certamente viverá, não morrerá. Nenhuma das suas transgressões que cometeu, será lembrada contra ele; na sua justiça que praticou viverá. Acaso tenho eu prazer com a morte do ímpio? diz o Senhor Jeová; não quero eu antes que se converta do seu caminho, e viva? Mas quando o justo se desviar da sua justiça, e cometer iniqüidade, e fizer conforme todas as abominações que faz o ímpio, acaso viverá ele? Não será lembrado nenhum dos seus atos de justiça que praticou; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá. Contudo dizeis: O caminho do Senhor não é igual. Ouvi, pois, ó casa de Israel: Acaso não é igual o meu caminho? não são desiguais os vossos caminhos? Quando o justo se desviar da sua justiça, e cometer a iniqüidade, e nela morrer; na sua iniqüidade que cometeu morrerá. Outrossim, quando o ímpio se desviar da sua impiedade que cometeu, e fizer o que é de eqüidade e justiça, conservará este a sua alma em vida.
Porquanto considera e se desvia de todas as suas transgressões que cometeu, certamente viverá, não morrerá. Contudo diz a casa de Israel: O caminho do Senhor não é igual. Acaso não são iguais os meus caminhos, ó casa de Israel? Portanto vos julgarei, Ó casa de Israel, cada um conforme os seus caminhos, diz o Senhor Jeová. Convertei-vos, e desviai-vos de todas as vossas transgressões; assim a iniqüidade não vos será pedra de tropeço. Lançai de vós todas as vossas transgressões, com que transgredistes; e fazei-vos um coração novo e um espírito novo. Pois, por que morrereis, ó casa de Israel? Porquanto não tenho prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová; portanto convertei-vos e vivei.

Continuação próxima publicação
Hermínio C. Miranda
Livro: Reencarnação na Bíblia

domingo, 7 de abril de 2013

EVOLUÇÃO E EDUCAÇÃO ..."A diferença entre o sábio e o ignorante, o justo e o ímpio, o bom e o mau, procede de serem uns educados, outros, não...", "...A verdade não surge de fora como em geral se imagina: procede de nós mesmos. O reino de Deus (que é o da verdade) não se manifestará com expressões externas, por isso que o reino de Deus está dentro de vós. Educar é extrair do interior e não assimilar do exterior. É a verdade parcial, que está em nós, que se vai fundindo, gradativamente, com a verdade total que tudo abrange...."

EVOLUÇÃO E EDUCAÇÃO
Educar é tirar do interior.
Nada se pode tirar donde nada existe.
É possível desenvolver nossas potências anímicas, porque realmente elas existem no estado latente. A evolução resulta da involução. O que sobe da terra é o que desceu do céu.

A diferença entre o sábio e o ignorante, o justo e o ímpio, o bom e o mau, procede de serem uns educados, outros, não.
O sábio se tornou tal, exercitando com perseverança os seus poderes intelectuais. O justo alcançou santidade, cultivando com desvelo e carinho sua capacidade de sentir.
Foi de si próprios que eles desentranharam e desdobraram, pondo em evidência aquelas propriedades, de acordo com a sentença que o Divino Artífice insculpiu em suas obras: Crescei e, multiplicai.

A verdade não surge de fora como em geral se imagina: procede de nós mesmos.
O reino de Deus (que é o da verdade) não se manifestará com expressões externas, por isso que o reino de Deus está dentro de vós. Educar é extrair do interior e não assimilar do exterior.
É a verdade parcial, que está em nós, que se vai fundindo, gradativamente, com a verdade total que tudo abrange.
É a luz própria que bruxoleia em cada ser, que vai aumentando de intensidade, à medida que se aproxima do Foco Supremo, donde proveio.
É a vida de cada indivíduo que se aprofunda e se desdobra em possibilidades, quanto mais se identifica com a Fonte Perene da vida universal.
Eu vim a este mundo para terdes vida e vida em abundância.

O juízo que fazemos de tudo quanto os nossos sentidos apreendem no exterior está invariavelmente de acordo com as nossas condições interiores.
Vemos fora o reflexo do que temos dentro. Somos como a semente que traz seus poderes germinativos ocultos no âmago de si própria.
As influências externas servem apenas para despertá-los.
EDUCAR é envolver de dentro para fora, revelando, na forma perecível, a verdade, a luz e a vida imperecíveis e eternas, por isso que são as características de Deus, a cuja imagem e semelhança fomos criados.
Vinícius
Na Escola do Mestre

DEVER PATERNO ..."Educar é salvar. O Espiritismo é a religião da educação. Não há lugar para superstições, na trama urdida pelos postulados cristãos que o Espiritismo veio restaurar em toda a sua verdade...."


Duas verdades muito simples devem estar presentes na imaginação dos pais: de um saco vazio nada podemos tirar; de um terreno inculto, abandonado, nenhum bom grão podemos colher.

Estas duas asserções, banais em aparência, naturalmente servirão para lhes trazer à mente um fato de suma importância: a educação dos filhos.

Sim, se eles descurarem o cumprimento deste dever, chegará o dia em que debalde procurarão obter alguma coisa dos filhos. Estes lhe darão o que se pode tirar de um saco vazio ou aquilo que se pode colher de um terreno abandonado.

A autoridade paterna, elemento indispensável na orientação e direção da mocidade, não surge do vácuo nas ocasiões prementes das grandes necessidades, dos lances aflitivos em que ela é reclamada.
Se essa autoridade existe, apresenta-se, impõe-se, age, luta e consegue. Se não existe, é escusado apelar-se para ela, no paroxismo de qualquer aflição.
A autoridade paterna se desenvolve paulatinamente, como fruto da educação que os pais dão aos filhos, quando essa educação se funda na base sólida de exemplos dignos e elevados. Ela se desenvolve e frutifica como as plantas de valor.

Pretendê-las num dado momento, como façanha de prestidigitador, é ilusão que nenhum pai sensato deve alimentar.

Há exemplos, não contestados, de filhos bons e dignos, à revelia da influência doméstica, e outros que são maus, a despeito dos desvelos paternos; porém tais casos são exceções que não anulam a regra e, menos ainda, os deveres dos pais, no que concerne à formação do caráter de seus filhos.

Sabemos que nossos filhos são espíritos reencarnados, os quais semelhantemente ao vento, segundo disse Jesus ninguém sabe donde vêm.
É possível que sejam espíritos de sentimento e moral elevados; assim sendo, não nos darão maior trabalho: é a exceção. Caso contrário, como é de regra, trarão consigo defeitos, vícios e paixões, para cujo extermínio cumpre providenciarmos, empenhando todos os meios ao nosso alcance.
E isto se obtém, ministrando a educação cristã, firmada sobre os alicerces de exemplificações acordes com aquela doutrina.

Educar é salvar. O Espiritismo é a religião da educação. Não há lugar para superstições, na trama urdida pelos postulados cristãos que o Espiritismo veio restaurar em toda a sua verdade.

Eduquemo-nos, pois, e eduquemos nossos filhos. Um mau chefe de família nunca pode ser um bom espírita.

Vinícius

PELO AMOR E PELA DOR. ..."Não basta que uma nação haja acumulado milhões nas arcas do seu tesouro, dando ao seu povo conforto, bem estar e luxo. É necessário que se tenha em vista o padrão de vida geral, porque o mundo é uma unidade indivisível. Nunca se viu, no mesmo lar, filhos nababos ao lado de irmãos maltrapilhos e famintos. A Humanidade é a grande família de Deus, o Pai celestial que não distingue raças, nações, povos, credos, nem partidos"..

PELO AMOR E PELA DOR
"Não rogo somente por estes, mas por todos aqueles que crerem em mim por meio da tua palavra; a fim de que todos sejam um, e que, como tu, Pai, és em mim e eu em ti, também seja eles em nós...Eu lhes tenho dado a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um; eu neles e tu em mim, para que sejamos aperfeiçoados na unidade; e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que tu os amaste, como também amaste a mim". (Evangelho)
As palavras do insigne Condutor da Humanidade, acima transcritas, pronunciadas em forma de rogativa ao pai celestial, nas vésperas do seu sacrifício, são de palpitante atualidade, como, aliás, têm sido através de toda a era cristã. O característico inconfundível da verdade decorre do testemunho dos fatos que a corroboram em todas as emergências e conjunturas da vida.

Nesta época tumultuosa que ora o mundo atravessa, assinalada pelas mais cruenta, brutal e destruidora das guerras, envolvendo povos, nações, raças e continentes, que se entredevoram no paroxismo de uma luta de mútuo extermínio, — uma luz vai, pouco a pouco, surgindo da confusão e do caos reinantes. Essa luz, que emerge das trevas densas de um egoísmo feroz, destacando-se, qual longínqua estrela tremeluzente num céu carregado, de noite caliginosa, é a convicção a que os combatentes vão chegando de que o seus problemas jamais se resolverão pela força; de que é necessário enveredar por outro caminho, além daqueles até aqui palmilhados caminho esse nunca escolhido, por isso que julgado incapaz de conduzir ao porto e salvamento: a confraternização humana nos moldes do Cristianismo redivivo em espírito e verdade.
Os líderes das grandes nações aqueles cujos ombros pesam maiores responsabilidades, começam já a compreender que o mundo precisa ser renovado em seus fundamentos. O isolacionismo, como das ideologias que dimanam das três formas funestas de imperialismos - o político, religioso e o econômico — deve desaparecer do cenário terreno. A humanidade é uma só. Seus problemas, outrossim, são os mesmos; portanto, devem ser tratados e discutidos à luz meridiana, com o concurso de todos.

Nada de conchavos regionalistas, pactos e conluios secretos de um grupo de Estados contra outros grupos! A palavra internacional seja — sim, sim; não, não; pois tudo que vai além disto é de maligna procedência. Provado está, à saciedade, que o fermento da guerra se desenvolve no seio dos referidos imperalismos que, conjugados, constituem o fator daquela e de todas as demais calamidades que infelicitam a humanidade, tais como: o pauperismo, a desocupação, a enfermidade, a corrupção de costumes, o vício e o crime.

Não basta que uma nação haja acumulado milhões nas arcas do seu tesouro, dando ao seu povo conforto, bem estar e luxo. É necessário que se tenha em vista o padrão de vida geral, porque o mundo é uma unidade indivisível. Nunca se viu, no mesmo lar, filhos nababos ao lado de irmãos maltrapilhos e famintos. A Humanidade é a grande família de Deus, o Pai celestial que não distingue raças, nações, povos, credos, nem partidos.
Daí o apelo de Jesus: Não rogo somente por estes, isto é, por uma facção, mas também por todos os que crerem em mim, a fim de que todos sejam um, e que, como tu, Pai, és em mim e eu em ti, também sejam todos eles (os homens) em nós; para que assim o mundo creia que tu me enviaste.

O testemunho do Cristo, portanto, é a unidade. A confraternização dos povos será a prova provada do reino de Deus entre os homens. Até aqui, temos tido o inverso: o reino do demônio expresso no egoísmo desaçaimado, fomentando rivalidades, ciúmes, felonias, dolos e cobiças.

A Casa Grande, destacando-se na montanha, rodeada de míseros casebres de barro, perdeu o seu prestígio, disse, com muita propriedade, o eminente estadista americano Wendell Willkie. A interdependência em que se acham as nações é um fato, hoje, incontestável. Nenhuma delas, mesmo as que dispõem dos maiores recursos, pode viver isolada. O bastar-se a si mesmo é uma utopia que ninguém de bom senso leva a sério.
O mundo se tornou pequeno diante dos progressos de locomoção. Os mares não passam de simples lagos sobrevoados por aviões, pondo em contacto nações e continentes. O que se passa num quadrante do globo terráqueo é logo sabido e comentado em toda parte. Soou, pois, a hora da solidariedade.

Cumpre que se ponha, por acordo comum, as possibilidades e as oportunidades ao alcance de todos, indistintamente. Privilégios raciais, econômicos e religiosos; açambarcamentos, armamentismo, barreiras comerciais e diplomacias de raposa devem ser erradicados sem contemplação, como ervas daninhas e tóxicas, envenenadoras da humanidade.

Todos os homens são iguais, com idênticos direitos à liberdade de pensar e de agir, dentro das normas do respeito mútuo da fraternidade e da cooperação. Cumpre que se conduzam doravante como irmãos desejosos de se ajudar reciprocamente, e não mais como rivais que procuram combater-se e eliminar-se.

Só assim o mundo terá paz e os homens desfrutarão liberdade, vivendo a verdadeira vida humana em marcha para a vida eterna, que paira sobre as contingências do nascimento e da morte. Essa é a glória que tu me deste; para que todos os homens sejam um, como nós somos um. E o mundo, então, verá que tu me enviaste para isso, comprovando o teu amor à humanidade e a mim.
Os homens não quiseram atender ao Verbo Divino que se fez carne e habitou entre eles. Rejeitaram suas advertências prudentes e amoráveis, difundidas com carinho e afeto. Eis que hoje, esses mesmos homens - diante do ribombo dos canhões, do esfuziar das metralhadoras e do ronco sinistro dos aviões, a despejarem, das alturas bombas que dizimam cidades, espalhando a morte e ateando rubros incêndios- começam a entender o sentido profundo das velhas sentenças evangélicas:
"Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei. Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça; e tudo o mais vos será dado de graça e por acréscimo. Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra!"
Pelo amor e pela dor ! Esta acaba de lançar as bases sobre as quais, em breve, o amor construirá um mundo novo onde habite a justiça !
Vinícius
Na Escola do Mestre

O SERMÃO PROFÉTICO; O PRINCÍPIO DE DORES

CAPÍTULO XXIV
O SERMÃO PROFÉTICO
O SERMÃO PROFÉTICO; O PRINCÍPIO DE DORES
1 - E tendo saído Jesus do templo, se ia retirando. E chegaram a ele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
2 - Mas ele, respondendo, lhes disse: Vedes tudo isto? Na verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
As grandezas do mundo, por mais sólidas que aparentem ser, o tempo as destruirá. Civilizações milenárias desapareceram, cidades populosas se transformaram em pó, e monumentos gigantescos se desfizeram em casos. Tudo o que é matéria, ou que repousa em bases materiais, mais cedo ou mais tarde, terá de sofrer as transformações próprias da matéria. Tal não acontece com os bens espirituais. Os bens espirituais são indestrutíveis; constituem patrimônio da alma, a qual acompanham pela eternidade. Os bens materiais são instrumentos com os quais cada um de nós trabalhará para conseguir os bens espirituais. É por isso que Jesus não ensinou aos homens outra coisa, a não ser como conquistar os bens espirituais.
3 - E estando ele assentado no monte das Oliveiras, se chegaram a ele seus discípulos à puridade, perguntando-lhe:
Dize-nos, quando sucederão estas coisas? e que sinal haverá de tua vinda, e da consumação do século?
Com o afirmar-lhes que do templo não ficaria pedra sobre pedra, compreenderam os discípulos que Jesus lhes predizia uma grande transformação, que nosso planeta sofreria. E ávidos de saber, perguntam-lhe quando teriam lugar os acontecimentos. É a essa transformação que Jesus se refere neste capítulo, e cujos sinais precursores enumera à seus discípulos.
Sabemos que os mundos, de um modo geral, se dividem em cinco classes: primitivos, de expiação e de provas, de regeneração, felizes e divinos. Os mundos, como os indivíduos, também progridem, e de uma classe inferior passam para uma superior. A Terra já foi um mundo primitivo; pertence agora à classe dos mundos de provas e de expiações, e está prestes a passar para a classe dos mundos de regeneração. Todavia, a passagem de uma classe para outra não se opera sem profundos abalos, por vezes penosos, porque é necessário que se destrua tudo o que não for compatível com o grau de progresso que a Terra alcançou. As instituições retardatárias deverão desaparecer, e os indivíduos que não se enquadrarem na nova ordem das coisas, deverão desencarnar e deixar definitivamente o planeta. Eles irão encarnar-se em outros mundos, cujos ambientes estejam de acordo com o grau de desenvolvimento espiritual que já possuem, e onde recomeçarão o trabalho de aperfeiçoamento.
Agora, por alto, Jesus descreve os principais pontos pelos quais reconheceremos, que são chegados os tempos da prestação de contas. Por certo, não será de uma hora para outra que tudo acontecerá; porém, a transformação se processará, gradual e lentamente.
4 - E respondendo, Jesus lhes disse: Vede, não vos engane alguém.
Jesus recomenda vigilância e análise de tudo, a fim de que os que querem acompanhar a evolução da Terra, e prepararem-se para um mundo melhor, não se iludam pelas aparências, nem interpretem de um modo errôneo os ensinamentos recebidos.
5 - Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
Em sua marcha evolutiva, a humanidade se defrontará com numerosos problemas espirituais. Aparecem então os pretensos salvadores, que com teorias absurdas, posto que engenhosas, desviam o povo do reto caminho traçado por Jesus em seu Evangelho. Esses falsos Cristãos aparecem não só no terreno religioso, como também no terreno científico. Assim é que temos visto as religiões organizadas, encerradas em suas pompas e práticas exteriores ou no rigorismo da letra, não oferecerem a seus adeptos a compreensão exata das leis divinas entravando temporariamente o progresso espiritual deles. E a ciência, por meio de suas orgulhosas negações, contribuir para que o sombrio materialismo fechasse a porta do mundo espiritual a grande número de almas.
6 - Haveis pois de ouvir guerras e rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis; porque importa que assim aconteça, mas não é este ainda o fim.
Para que a humanidade progrida não são necessárias as guerras. A evolução se processa gradativamente, sem provocar abalos, e sem produzir ruínas. Entretanto, como os homens não querem obedecer à lei do progresso, e se apegam em demasia às instituições e às idéias do passado, produzem-se os atritos, os quais incentivados pelo egoísmo humano, degeneram em conflitos, donde advém o caráter penoso das transições.
7 - Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá pestilências, e fomes, e terremotos em diversos lugares.
A instituição da fraternidade universal é um dos mais belos aspectos da lei da evolução. As guerras, com seu sinistro cortejo de pestes e de fome, originam-se do fato de os homens não obedecerem à lei da fraternidade. E os terremotos parecem advertir aos homens da fragilidade das coisas terrenas.
8 - E todas estas coisas são princípios das dores.
9 - Então vos entregarão à tribulação, e vos matarão; e sereis aborrecidos de todas as gentes por causa do meu nome.
Realmente, depois da partida de Jesus acelera-se a decadência do Império Romano. Começa o longo período das guerras, que culminou na espantosa catástrofe a que acabamos de assistir. Os discípulos também sofrem cruéis perseguições; a princípio, por parte dos pagãos; depois, pelas religiões oficiais. E ainda hoje, os que procuram seguir os ensinamentos do Mestre, e pregar o Evangelho a seus irmãos, se não sofrem a perseguição física, não escapam à perseguição moral.
10 - E muitos serão escandalizados, e se entregarão de parte à parte, e se aborrecerão uns aos outros.
Os que ainda não desenvolveram dentro de si próprios a fé viva, e a vontade sincera de viverem de acordo com o Evangelho, ao primeiro embate das perseguições e das tentações do mundo, não resistirão, e abandonarão o caminho. Não nos esqueçamos de que a vida do verdadeiro cristão é uma luta incessante contra suas próprias imperfeições. Os pais cristão:, devem ensinar a seus filhos, desde muito cedo, a travarem essa luta. Quanto mais tarde essa luta contra as imperfeições for iniciada, tanto mais difícil será a vitória, por causa dos hábitos errôneos que se contraem. Por esse motivo, o Espiritismo proclama que não bastam afirmações doutrinárias, e exige de seus adeptos uma luta tenaz contra as inclinações inferiores, e prega a renúncia às comodidades, em benefício do próximo. Assim o Espiritismo é freqüentemente abandonado, o que não sucede com as religiões dogmátícas, as quais contam com maior número de adeptos, porque elas nada exigem, a não ser o preenchimento de fórmulas, em que nem o coração nem a inteligência tomam parte.
11 - E levantar-se-ão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
Os falsos profetas pululam por toda a parte, e em todos os setores das atividades humanas, procurando sempre desviar as criaturas de Deus, e interpretando os mandamentos divinos segundo suas conveniências. Com a autoridade que adquiriram no campo científico, os falsos profetas da ciência pretendem negar as coisas espirituais. E os falsos profetas religiosos, sacerdotes de religiões formalísticas e materializadas, adaptando as leis divinas aos seus interesses, enganam os seus adeptos. No campo do Espiritismo também temos os falsos profetas, constituídos pelos médiuns interesseiros e ambiciosos, desviados de reto caminho, seduzidos pelo brilho das coisas terrenas e corrompidos pela moeda; vendem sua mediunidade, preferindo auferir com ela proveitos materiais e não espirituais.
12 - E porquanto multiplicar-se-á a iniqüidade, se resfríará a caridade de muitos.
13 - Mas o que perseverar até o fim, esse será salvo.
A fim de que cada um possa ser julgado por suas próprias obras, haverá plena liberdade e grandes facilidades, não só para a prática do bem, como para a prática do mal. E como a maioria se inclinará para a prática do mal, a iniqüidade se ostentará como que triunfante. E muitos, percebendo que o mal aumenta na face da terra, perderão a fé e renegarão o Evangelho do Mestre. Aqueles, todavia, que persistirem na fé e na fiel observância dos ensinamentos de Jesus, certos de que na ocasião oportuna o Senhor manifestará sua justiça serão salvos, isto é, terão o direito de viverem na terra regenerada, tranqüila e feliz.
14 - E será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes; e então chegará o fim.
E quando o Evangelho tiver sido pregado a todos os povos, de maneira que ninguém possa alegar ignorância, então Deus fará sua justiça. Parece-nos que já estamos vivendo esse tempo: qual é a parte do mundo em que ainda não penetrou o Evangelho? E o Espiritismo começou acelerar ainda mais a pregação do Evangelho pelo mundo todo. E as calamidades às quais estamos assistindo, provocando o desencarne violento de milhares de espíritos, como que estão separando os que devem ficar e os que devem partir.
O SERMÃO CONTINUA, A GRANDE TRIBULAÇÃO
15 - Quando vós pois virdes que a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel, está no lugar santo; o que lê entenda.
O lugar santo é aqui o símbolo das religiões organizadas do planeta, as quais se transformaram em instrumento de opressão dos povos.
A abominação da desolação significa os atos reprováveis cometidos pelos ministros dessas religiões, que se tornaram verdadeiros lobos, de pastores que deveriam ser.
As religiões que se entregam à abominação persistirão durante todo o tempo da transição. Surgindo o Espiritismo, preparador dos tempos novos, esta nova doutrina esclarecerá definitivamente a humanidade. E, uma vez esclarecida, a humanidade abandonará paulatinamente as religiões erradas, as quais desaparecerão da face da terra, cessando assim as abominações que se cometem à sombra dos altares.
16 - Então; os que se acham na Judéia, fujam para os montes.
17 - E o que se acha no telhado, não desça a levar coisa alguma de sua casa.
18 - E o que se acha no campo, não volte a tomar a sua túnica.
Nestes três versículos, Jesus fala simbolicamente. Sair da Judéia e fugir para os montes significa que se desejarmos ingressar no mundo novo, que será inaugurado, devemos abandonar a excessiva preocupação da vida material, e voltarmos a um viver mais simples e mais espiritualizado. Não descer do telhado para levar coisa alguma de sua casa, significa que não devemos levar para o novo mundo as idéias do passado, porqu~ ~:sse mundo que se inaugurará, novos problemas e no~as. ldel~s r:~s aguardam. Não voltar do campo para buscar a tumca, slgmhca devemos ser vigilantes, que quando
Nestes três versÍculos, Jesus fala simbolicamente. Sair da Judéia e fugir para os montes significa que se desejarmos inngressar no mundo novo, que será inaugurado, devemos abandonar a excessiva preocupação da vida material, e voltarmos, a um viver mais simples e mais espiritualizado. Não descer do telhado para levar coisa alguma de sua casa, significa que não devemos levar para o novo mundo as idéias do passado porque nesse mundo que se inaugurará, novos problemas e novas idéias nos aguardam. Não voltar do campo para buscar a túnica, significa que devemos ser vigilantes, para que quando os tempos novos chegarem, estejamos preparados; pois se não o estivermos, não haverá mais oportunidade para que nós nos preparemos.
19 - Mas ai das que estiverem pejadas, e das que criarem naqueles dias.
Tomando a infância como o símbolo da inocência, Jesus nos adverte de que, nos últimos tempos o desvairamento dos homens nos caminhos tenebrosos do mal, não pouparia sequer as criancinhas inocentes nem o sagrado estado das mães. Realmente, foi isso a que assistimos em nossos dias, quando as terríveis forças das trevas bombardeavam cidades, destruindo lares e maternidades.
20 - Rogai pois que não seja a vossa fuga em tempo inverno ou em dia de sábado.
Isto é, devemos orar e vigiar para que, quando tivermos de passar pelas duras provas, estejamos preparados para suportá-las cristãmente, tirando delas o máximo proveito para o burilamento de nossos espíritos. As provas, leves ou penosas são para todos, e não será pelo fato de estarmos estudando e começando a compreender o Evangelho, que ficaremos isento delas.
Em nossa fuga em dia de sábado ou em tempo de inverno, Jesus simboliza o chamado do Altíssimo, que pode dar-se quando menos os esperamos, ou em dias de adversidades.
Nos tempos antigos, principalmente na época de Jesus, em que não havia comodidades para as viagens, o inverno era a estação imprópria para empreendê-las. E o sábado, dado que toda nação hebraica o guardava, era um dia em que dificilmente alguém podia aparelhar-se para viajar. Por conseguinte, o viajor que não se aparelhasse de antemão, depararia com grandes dificuldades.
Assim, o indivíduo que descura do seu preparo espiritual, deixando-o para depois, poderá ser surpreendido na ocasião menos adequada para seu espírito e, além de perder a oportunidade, seu sofrimento será muito grande.
Aqui Jesus adverte também os médiuns de que não se descuidem de estarem sempre alertas para o bom desempenho de seu medianato. Jamais saberemos quando se apresentará a oportunidade de darmos o supremo testemunho de fé, de renúncia e de amor a Deus e ao próximo. Roguemos pois que sejam quais forem as circunstâncias com que nos defrontarmos, nunca recuemos no cumprimento de nossas tarefas mediúnicas, e do preparo de nossas almas.
21 - Porque será então a aflição tão grande, que, desde que há mundo até agora, não houve, nem haverá outra semelhante.
Dado que nos últimos tempos a humanidade passará pelas mais ásperas provas, para que o Altíssimo proceda à seleção dos espíritos, é muito natural que a aflição reinará em toda a face do planeta, provocada pelos próprios homens. Para que cada um tivesse mérito se fosse escolhido e não se queixasse se fosse repelido, os homens teriam plena liberdade de usar o seu livre-arbítrio como melhor entendessem.
22 - E se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma; porém, abreviar-se-ão aqueles dias em atenção aos escolhidos.
As calamidades provocadas pela maldade dos homens serão tantas, que se não houver a intervenção da Providência Divina, nada será respeitado na terra. Mas, a Providência Divina estará vigilante, e no momento oportuno porá um paradeiro à loucura dos homens, para que não sejam tragados na voragem os espíritos a caminho da regeneração.
23 - Então, se alguém vos disser: Olhai, aqui está o Cristo, ou, ei-lo acolá; não lhe deis crédito.
24 - Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão grandes prodígios e maravilhas tais, que (se fora possível) até os escolhidos se enganariam.
2.5 - Vede que eu vo-lo adverti antes.
26 - Se pois vos disserem: Ei-lo lá está no deserto, não saiais; ei-lo cá no mais retirado da casa, não lhe deis crédito.
No meio da desordem geral, todos buscarão um recurso para se salvarem. E então aparecerão salvadores, cujo único intuito é tirarem proveito da situação. Os mais absurdos sistemas serão inventados para tirarem a humanidade do caos em que se precipitou. Todavia, os escolhidos, isto é, os espíritos evangelizados, não se enganarão, por uma razão muito simples: porque sabem que a salvação está no Evangelho, cujos preceitos deverão servir de base a toda reforma útil que se fizer nas instituições humanas. É evidente que os que se enganarem deverão queixar-se de si próprios, uma vez que o Evangelho aí está para adverti-los sobre o verdadeiro modo de viverem segundo a vontade divina.
Quanto à salvação, não virá personificada num homem. Mas sim, será o produto do esforço de todos os espíritos do bem, encarnados e desencarnados, para o completo triunfo do Evangelho.
27 - Porque do modo que um relâmpago sai do oriente, e se mostra até ao ocidente, assim há de ser também a vinda do Filho do homem.
28 - Em qualquer lugar onde estiver o corpo, aí se hão de ajuntar também as águias.
Aqui Jesus nos adverte de que sua vinda não se dará em determinado lugar. Com isto nos quer dizer que seus ensinamentos, depois de tanto tempo esquecidos, seriam novamente pregados à humanidade, em espírito e verdade.
E Jesus atualmente está entre os homens, por meio do Espiritismo, o qual prega o Evangelho e concita a todos a lutarem pela implantação do reino de Deus. Com a rapidez de um relâmpago, o Espiritismo se espalhou pelo mundo, despertando a atenção dos homens para o Cristianismo puro, tal qual o fundou Cristo e seus apóstolos.
O corpo é a doutrina de Jesus que, pregada pelo Espiritismo de um modo racional, conclama em torno de si as águias, isto é, os espíritos já esclarecidos e regenerados
O SERMÃO CONTINUA. A VINDA DO FILHO DO HOMEM
29 - E logo depois da aflição daqueles dias, escurecer-se-á, o sol, e a lua não dará a sua claridade, e as estrelas cairão do céu, e as virtudes do céu se comoverão.
30 - E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e então todos os povos da terra chorarão, e verão ao Filho do homem, que virá sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade.
31 - E enviará os seus anjos com trombetas e com grande voz, e ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, do mais remontado dos céus até às extremidades deles.
32 - Aprendei pois o que vos digo, por uma comparação tirada da figueira; quando os seus ramos estão já tenros, e as folhas têm brotado, sabeis que está perto o estio.
33 - Assim também, quando vós virdes tudo isto, sabeis que está perto às portas.
Estando os homens preocupados unicamente em salvaguardar seus interesses materiais, e completamente esquecidos do estudo e da observância das leis divinas, as trevas espirituais se tornarão espessas na face do planeta. Quando estas trevas espirituais se tornarem mais densas, de novo os homens verão brilhar nos céus o sinal salvador. Esse sinal já refulge nas sombras da terra, iluminando o caminho para os que choram na escuridão espiritual é o Espiritismo, o qual reafirma na terra o poder e a majestade de Jesus.
Estamos em plena fase evangelizadora; passada ela, proceder-se-á à seleção dos espíritos; os endurecidos no mal e rebeldes à lei divina, serão enviados a mundos inferiores, compatíveis com seus estados, onde reiniciarão o trabalho de aperfeiçoamento de suas almas; os em vias de regeneração poderão continuar no plano terrestre; e a Terra passará a ser um planeta de paz, ordem e espiritualidade.
Quando começarmos a perceber os sinais que Jesus aqui enumera, é porque estamos às portas das grandes transformações morais e materiais, que farão nosso planeta se colocar num plano superior na categoria dos mundos. Não aleguemos ignorância. Se bem analisarmos as condições em que se encontra a Terra atualmente, facilmente perceberemos que estamos vivendo os dias decisivos.
34 - "Na verdade vos digo, que não passará esta geração sem que se cumpram todas estas coisas.
Isto é, a geração que hoje escuta minhas palavras, estará encarnada na terra, quando tiverem lugar os acontecimentos que predigo.

35 - Passará o céu e a terra, mas não passarão as minhas palavras.
Sendo os ensinamentos de Jesus uma lei moral universal emanada de Deus, as coisas materiais poderão desaparecer, sem que suas palavras deixem de prevalecer para os espíritos.
Encerrando estes sombrios presságios, é oportuno transcrever aqui uma página de Emmanuel em seu livro "Há dois mil anos", em que este instrutor reproduz as palavras de Jesus, ditadas num ambiente espiritual, logo depois de sua partida da terra:
"Entre a Manjedoura e o Calvário, tracei para minhas ovelhas o eterno e luminoso caminho. .. O Evangelho floresce agora, como a seara imortal e inesgotável das bênçãos divinas. Não descansemos, contudo, meus amados, porque tempo virá na terra, em que todas as suas lições serão espezinhadas e esquecidas. .. Depois de longa era de sacrifícios para consolidar-se nas almas, a doutrina da redenção será chamada a esclarecer o governo transitório dos povos; mas o orgulho e a ambição, o despotismo e a crueldade, hão de reviver os abusos nefandos de sua liberdade. O culto antigo, com suas ruínas pomposas, buscará restaurar os templos abomináveis do bezerro de ouro. Os preconceitos religiosos, as castas clericais, os falsos sacerdotes, restabelecerão novamente o mercado das coisas sagradas, ofendendo o amor e a sabedoria de Nosso Pai, que acalma a onda minúscula no deserto do mar, como enxuga a mais recôndita lágrima da criatura, vertida no silêncio de suas orações, ou na dolorosa serenidade de sua amargura indizível! ... Soterrando o Evangelho na abominação dos lugares santos, os abusos religiosos não poderão, todavia, sepultar o clarão de minhas verdades, roubando-as ao coração dos homens de boa vontade. .. Quando se verificar o eclipse da evolução de meus ensinamentos, nem por isso deixarei de amar intensamente o rebanho de minhas ovelhas tresmalhadas. Das esferas de luz que dominam todos os círculos das atividades terrestres, caminharei com meus rebeldes tutelados, como outrora, entre os corações impiedosos e empedernidos de Israel, que escolhi um dia, para mensageiro das verdades divinas, entre as tribos desgarradas da imensa família humana ! Quando a escuridão se fizer mais profunda nos corações da terra, determinando todos os progressos humanos para o extermínio, para a miséria e Fé a morte, derramarei a minha luz sobre toda a carne, e todos os que vibrarem com o meu reino, e confiarem nas minhas promessas, ouvirão as nossas vozes e apelos santificadores ! Dentro das suaves revelações do Consolador, pela Sabedoria e pela Verdade, meu verbo se manifestará novamente no mundo, para as criaturas desnorteadas no caminho escabroso. Sim, amados meus, porque o dia chegará, no qual todas as mentiras humanas hão de ser confundidas pela claridade das revelações do céu. Um sopro poderoso de Verdade e Vida varrerá toda a terra, que pagará, então, à evolução de seus institutos, os mais pesados tributos de sofrimento e de sangue... Exausto de receber os fluidos venenosos da ignomínia e da iniqüidade de seus habitantes, o próprio planeta protestará contra a impenitência dos homens, rasgando as entranhas em dolorosos cataclismas. .. As impiedades terrestres formarão pesadas nuvens de dor, que rebentarão no instante oportuno, em tempestade de lágrimas na face escura da Terra. E, então, das claridades de minha misericórdia, contemplarei meu rebanho desditoso, e direi como os meus emissários: Oh, Jerusalém, Jerusalém! ... Mas, Nosso Pai, que é a sagrada expressão de todo o amor e sabedoria, não quer que se perca uma só de suas criaturas transviadas nas tenebrosas sendas da impiedade!. .. Trabalharemos com amor na oficina dos séculos porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos, examinaremos detidamente todas as ruínas, buscando o material passível de novo aproveitamento e, quando as instituições terrestres reajustarem sua vida na fraternidade e no bem, na paz e na justiça, depois da seleção natural dos espíritos, e dentro das convulsões renovadoras da vida, organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual."
O SERMÃO CONTINUA. EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA
36 - Mas daquele dia, nem daquela hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, senão só o Pai.
37 - E assim como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38 - Porque assim como nos dias antes do dilúvio estavam comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca.
39 - E não o entenderam enquanto não veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também na vinda do Filho do Homem.
40 - Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado, e outro será deixado.
41 - De duas mulheres que estiverem moendo em um moinho, uma será tomada e outra será deixada.
42 - Velai pois, porque não sabeis a que hora há de vir vosso Senhor.
43 - Mas sabeis que, se o pai de família soubesse a que hora hada de vir o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria minar a sua casa.
44 - Por isso estais vós também apercebidos; porque não sabeis em que hora tem de vir o Filho do homem.
Neste trecho Jesus nos recomenda a máxima vigilância.
Não deixemos para amanhã nossa reconciliação com as leis divinas. Amanhã, poderá ser muito tarde. Só Deus, Nosso Pai, sabe quando se dará a depuração do planeta, e quando cada um de seus filhos será chamado ao mundo espiritual. Por isso, é necessário que estejamos sempre preparados, para que possamos ser contados no número dos escolhidos. Sejamos trabalhadores previdentes, e não sigamos o exemplo dos que se entregam exclusivamente aos gozos e aos vícios e às mil e uma distrações que a matéria proporciona, esquecidos de cuidarem de suas almas, corrigindo suas imperfeições. Estes serão apanhados desprevenidos, de surpresa, e o despertar deles para s realidade que não quiseram ver, lhes será doloroso. Preparemo-nos, por conseguinte, o melhor que pudermos, sem perda de tempo, porque ao se aferirem os valores espirituais dos aprendizes do Evangelho, será aproveitado quem demonstrar boa aplicação das lições recebidas. A vigilância e o preparo devem ser contínuos, em virtude de ninguém saber quando soará sua hora.
A PARÁBOLA DOS DOIS SERVOS
45 - Quem crês que é o servo fiel e prudente, a quem seu senhor pôs sobre a sua família, para que lhes dê comer a tempo?
46 - Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor achar nisto ocupado quando vier.
47 - Na verdade vos digo que ele o constituirá administrador de todos os seus bens.
Há servos fiéis e servos infiéis. Jesus distingue as espécies, enumerando as boas qualidades de uma e as qualidades da outra.
O servo fiel a Deus é o que trata carinhosamente de seu progresso espiritual, sem se esquecer de ajudar a todos os seus irmãos, na medida de suas posses e de seu adiantamento espiritual. Se é bafejado pelos bens terrenos, transforma esses bens em fonte de benefícios. Se é possuidor de grande inteligência, coloca-a ao serviço de iluminação e de instrução de seus irmãos menos evoluídos. Sabendo que seu corpo e sua alma são patrimônios divinos, cuida carinhosamente do corpo, não deixando que ele se arruine pelos vícios, nem pelos desregramentos; cuida de sua alma, llvrando-a das imperfeições, das más paixões, do mal, e da ignorância, dedicando-se ao estudo e à prática das leis divinas. Como médium, faz da sua mediunidade um sacerdócio, usando-a amorosamente a favor de todos os que lhe batem às portas, sem jamais esperar um agradecimento, sequer.
Em quaisquer circunstâncias em que estejamos, lembremo-nos sempre de que somos servos do Senhor a cuidar do seu patrimônio. Temos uma alma e um corpo para zelar. Temos familiares, pais, mães, irmãs, esposa e filhos, pelos quais somos responsáveis. Enxameiam por toda a parte os sofredores aos quais devemos alívio, consolo e amparo; e também encontraremos, por toda a parte, ignorantes necessitados de luz.
No leito do sofrimento, à míngua de humano socorro, curtindo pacientemente nossas dores, ou no esplendor da saúde e dos bens materiais, sejamos servos fiéis de Deus, esforçando-nos por servi-lo. As oportunidades de servir a Deus não faltam a ninguém; mesmo os que estão atravessando dolorosos períodos de sofrimento, podem fazer de suas dores um meio de servir a Deus, dando a seus irmãos o exemplo da fé, da resignação, da paciência e da esperança.
48 - Mas se aquele servo, sendo mau, disser no seu coração: Meu senhor tarda em vir.
49 - E começar a maltratar os seus companheiros, e a comer e beber com os que se embriagam.
50 - Virá o senhor daquele servo no dia em que ele o não espera, e na hora em que ele não sabe.
51 - E removê-lo-á e porá a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.
Vejamos agora as características do servo infiel. Há muitas maneiras de sermos servos infiéis; por isso, é preciso muito cuidado e atenção. Os que se entregam aos vícios, a hipocrisias, a maldades; os que se comprazem na ignorância, os que semeiam a descrença, os que murmuram e se revoltam contra a situação em que se encontram; os que pensam unicamente em si, esquecidos dos que os rodeiam; os que colocam a inteligência ao serviço do mal, os que usam da fortuna para estimularem seus apetites e paixões inferiores; os que pelo mau comportamento dão péssimo exemplo a seu próximo; os pregadores que somente pregam o Evangelho com os lábios, e vivem em desarmonia com o que pregam; os médiuns que usam de sua mediunidade para fins puramente materiais; todos esses são servos infiéis. A todos são concedidas oportunidades valiosas de serem servos fiéis; mas o excessivo apego às coisas da terra, despertando e alimentando o egoísmo no coração da maioria, transforma-os em servos infiéis, e maus.
Há outra espécie de servos infiéis, e são aqueles que fazem questão de-acumularem fortuna primeiro, e saciarem-se dos gozos que a matéria pode proporcionar, para depois cuidarem da alma. Esses agem levianamente, pois, como poderão saber se lhes será facultado o tempo de se tornarem servos fiéis?
Outros servos infiéis são aqueles que se riem e motejam, quando se lhes chama a atenção para as coisas espirituais, movidos por falsa superioridade.
Os servos infiéis também serão chamados ao mundo espiritual quando menos o esperarem, e o sofrimento lhes fará chorar e ranger os dentes, até que aprendam a cuidar fielmente dos patrimônios que a Providência Divina lhes confiou.

O Evangelho dos Humildes.
Eliseu Rigonatti

sábado, 6 de abril de 2013

III-O que pode transforma intimamente " Os Malefícios do Álcool "

03 - OS MALEFÍCIOS DO ÁLCOOL

"O meio em que certos homens se encontram não é para eles o motivo principal de muitos vícios e crimes?
- Sim, mas ainda nisso há uma prova escolhida pelo Espírito, no estado de liberdade; ele quis se expor à tentação, para ter o mérito da resistência. " (Allan Kardec.O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo I - A. Lei Divina ou Natural. Pergunta 644.)

"A alteração das faculdades intelectuais pela embriaguez desculpa os atos repreensíveis?
- Não, pois o ébrio voluntariamente se priva da razão para satisfazer paixões brutais: em lugar de uma falta, comete duas."
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo X. Lei da Liberdade. Pergunta 848.)

O álcool (palavra de origem árabe: ai = a, cohol = coisa sutil) não é alimento nem remédio. É tóxico. Chegando ao seio da substância nervosa, excita-a e diminui sua energia e resistência, e deprime os centros nervosos fazendo surgir lesões mais graves: paralisias, delírios (delirium tremens). Como tóxico, atinge de preferência o aparelho digestivo: o indivíduo perde o apetite, o estômago se inflama e a ulceração da sua mucosa logo se manifesta. A isto se juntam as afecções dos órgãos vizinhos, quase sempre incuráveis. Uma delas (terrível) é a cirrose hepática, que se alastra progressivamente no fígado, onde as células vão morrendo por inatividade, até atingir completamente esse órgão, de funções tão importantes e delicadas no aparelho digestivo.
O que se vê nos hospitais durante a autópsia do cadáver de um alcoólatra crônico é algo horripilante. O panorama interno do cadáver pode ser comparado ao de uma cidade completamente destruída por um bombardeio atômico. Além das catástrofes provocadas no organismo físico, quantos males e acidentes desastrosos são ocasionados pela embriaguez! Os jornais, todos os dias, enchem as suas páginas com tristes casos de crimes e desatinos ocorridos com indivíduos e mesmo famílias inteiras, provocados por criaturas alcoolizadas.

A embriaguez é hábito que se observa difundido em todas as camadas sociais. Mudam-se os tipos de bebidas: das mais populares, ao alcance do trabalhor braçal, às mais sofisticadas, para os homens de "status". No entanto, o costume é o mesmo, os prejuízos, iguais. Em geral, a tendência para beber vem de uma perturbação da afetividade que pode ser originada na infância. Os problemas infantis gerados nos desequilíbrios familiares, pela falta de carinho dos pais ou por outros conflitos — são comumente as raízes desse estado íntimo propício ao alcoolismo.

O alcoolismo deve ser encarado, nos casos profundos, como uma doença orgânica, como o é, por exemplo, o diabetes. Deve ser evitado radicalmente, sob pena de se sofrer amargamente as suas consequências nos processos de recuperação em clínicas especializadas. Há indivíduos que buscam na bebida um estado de liberação das suas tensões recônditas, ou então o esquecimento momentâneo de suas mágoas ou aflições, o que denota uma necessidade de refletir corajosamente sobre essas causas, buscando novos rumos para o seu próprio esclarecimento.
A bebida só leva à autodestruição, e nada de construtivo oferece às suas vítimas. As alterações das faculdades intelectuais causadas pela embriaguez, principalmente da autocensura, que priva a criatura da razão, tem levado homens probos a cometer desatinos, crimes passionais e tragédias. Na embriaguez, o domínio sobre a nossa vontade é facilmente realizado pelas entidades tenebrosas, conduzindo-nos aos atos de brutalidade.

O viciado em álcool quase sempre tem a seu lado entidades inferiores que o induzem à bebida, nele exercendo grande domínio e dele usufruindo as mesmas sensações etílicas. Cria-se, desse modo, dupla dependência: uma por parte da bebida propriamente dita, com toda a carga psicológica que a motivou; outra por parte das entidades invisíveis que hipnoticamente exercem sua influência, conduzindo, por sugestão, o indivíduo à ingestão de álcool. O processo que se recomenda para a libertação da bebida é ter em mente, sempre que o desejo se apresentar, a idéia dolorosa das consequências funestas do álcool.
Nessas horas, devem ser reprimidos os impulsos com a lembrança de tudo aquilo de repugnante e desagradável que o álcool provoca. Em particular, os espíritas conhecem - e são fortalecidos com as idéias relativas às consequências espirituais, principalmente no sofrimento dos suicidas após o desencarne. O álcool reduz a resistência física, diminui o tempo de vida e, por isso, o seu praticante é considerado um suicida.

Nesses momentos de tentação à bebida, quando estamos imbuídos do desejo de libertação, o auxílio do Plano Espiritual vem a nosso favor, mas necessário se faz o apoio na nossa própria vontade para surtirem os efeitos esperados. É frequente a alegação, por parte dos viciados, de que a bebida para eles é necessária, e que a sua vontade nada pode conter. Quando alguém assim afirma, demonstra que não tem nenhuma vontade de deixar de beber, e nesses casos pouco se pode fazer. O importante, mesmo, é que primeiro seja despertada a vontade de largar o álcool e, a partir disso, seja assumido voluntariamente o propósito de não mais se deixar levar pela imaginação, pelas idéias induzidas às vezes obsessivamente, ou mesmo pelos convites de "amigos" que façam companhia nas bebericagens.

A sede, o sabor, a oportunidade social, as comemorações, a obrigatoriedade em aceitar um drinque oferecido por alguém visitado são as muitas desculpas que temos para ingerir as doses de álcool. Precisamos, porém, estar atentos para não cometer exageros, abusos, e não resvalar por esse hábito social, que pode terminar por nos condicionar a ele.

FAÇA SUA AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

1. Acha que a eventual ingestão de bebidas alcoólicas pode levá-lo ao vício?

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2. Sabe conter-se nas ocasiões sociais em que lhe são oferecidas bebidas alcoólicas?
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3. Sente necessidade incontrolável de tomar bebidas alcoólicas nas refeições ou quando tem sede?
_____________________________________________________________________________________________
4. Sente-se mais extrovertido ou mais à vontade, em grupos de pessoas, quando toma alguma bebida alcoólica?
_____________________________________________________________________________________________
5. No caso de todos à sua volta estarem bebendo, sente-se igualmente obrigado a fazê-lo? Por quê?
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6. Já se sentiu completamente embriagado?
_____________________________________________________________________________________________
7. Já experimentou as consequências digestivas ou neurológicas que a bebida provoca?
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8. Sendo um inveterado na bebida, já sentiu vontade de libertar-se dela? Conseguiu algo?
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9. Tem dificuldades em não se deixar levar pelo desejo de tomar um drinque?
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10. As bebidas alcoólicas fazem algum bem à saúde?

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Ney P. Peres

EADE-LIVRO I - CRISTIANISMO E ESPIRITISMO - MÓDULO II " O CRISTIANISMO" ROTEIRO 7 FENÔMENOS PSÍQUICOS NO EVANGELHO

EADE - LIVRO I
ROTEIRO 7
Objetivos
• Conceituar milagre segundo a Doutrina Espírita.
• Analisar alguns fenômenos psíquicos provocados por Jesus.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Um dos caracteres do milagre propriamente dito é o ser inexplicável, por isso
mesmo que se realiza com exclusão das leis naturais. É tanto essa a idéia que
se lhe associa, que, se um fato milagroso vem encontrar explicação, se diz que
já não constitui milagre, por muito espantoso que seja. Allan Kardec: A gênese.
Cap. 13, item 1.
• O Espiritismo, pois, vem, a seu turno, fazer o que cada ciência fez no seu advento:
revelar novas leis e explicar, conseguintemente, os fenômenos compreendidos
na alçada dessas leis. Esses fenômenos, é certo, se prendem à existência dos
Espíritos e à intervenção deles no mundo material e isso é, dizem, o em que
consiste o sobrenatural. Mas, então, fora mister se provasse que os Espíritos e
suas manifestações são contrárias às leis da Natureza; que aí não há, nem pode
haver, a ação de uma dessas leis. Allan Kardec: A gênese. Cap. 13, item 4.
• A possibilidade da maioria dos fatos que o Evangelho cita como operados por Jesus
se acha hoje completamente demonstrada pelo Magnetismo e pelo Espiritismo,
como fenômenos naturais. Allan Kardec: Obras póstumas. Primeira parte, p.140.

FENÔMENOS PSÍQUICOS NO EVANGELHO
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita

1. Milagres
Os Fenômenos psíquicos realizados por Jesus, por seus apóstolos e demais
discípulos eram tidos como milagres ou de ordem sobrenatural. A Doutrina
Espírita veio esclarecer quanto à origem e à forma de manifestação desses
fenômenos, provando a possibilidade deles. 13
Na acepção etimológica, a palavra milagre (de mirari, admirar) significa: admirável, coisa
extraordinária, surpreendente. [...] Na acepção usual, essa palavra perdeu, como tantas
outras, a significação primitiva. De geral, que era, se tornou de aplicação restrita a uma
ordem particular de fatos. No entender das massas, um milagre implica a idéia de um
fato extra natural; no sentido teológico, é uma derrogação das leis da Natureza, por meio
da qual Deus manifesta o seu poder. Tal, com efeito, a acepção vulgar, que se tornou o
sentido próprio, de modo que só por comparação e por metáfora a palavra se aplica às
circunstâncias ordinárias da vida. Um dos caracteres do milagre propriamente dito é o
ser inexplicável, por isso mesmo que se realiza com exclusão das leis naturais. É tanto
essa a idéia que se lhe associa, que, se um fato milagroso vem a encontrar explicação,
se diz que já não constitui milagre, por muito espantoso que seja. O que, para a Igreja,
dá valor aos milagres é, precisamente, a origem sobrenatural deles e a impossibilidade
de serem explicados. [...] Outro caráter do milagre é o ser insólito, isolado, excepcional.
Logo que um fenômeno se reproduz, quer espontânea, quer voluntariamente, é que
está submetido a uma lei e, desde então, seja ou não seja conhecida a lei, já não pode
haver milagres. 1
É por este motivo que certos fatos científicos são, igualmente, considerados
milagrosos, uma vez que o vulgo desconhece as leis que regem a sua
manifestação. Da mesma forma, o desconhecimento dos mecanismos que
originam os fenômenos psíquicos, mediúnicos ou anímicos, induz as pessoas
a considerá-los como misteriosos ou sobrenaturais.
Entretanto [...] o conhecimento do princípio espiritual, da ação dos fluidos sobre a
economia geral, do mundo invisível dentro do qual vivemos, das faculdades da alma,
da existência e das propriedades do perispírito, facultou a explicação dos fenômenos de
ordem psíquica, provando que esses fenômenos não constituem, mais do que os outros,
derrogações das leis da Natureza, que, ao contrário, decorrem quase sempre de aplicações
destas leis. Todos os efeitos do magnetismo, do sonambulismo, do êxtase, da dupla vista,
do hipnotismo, da catalepsia, da anestesia, da transmissão do pensamento, a presciência,
as curas instantâneas, as possessões [subjugações], as obsessões, as aparições e transfigurações,
etc., que formam a quase totalidade dos milagres do Evangelho, pertencem àquela
categoria de fenômenos. Sabe-se agora que tais efeitos resultam de especiais aptidões e
disposições psicológicas; que se hão produzido em todos os tempos e no seio de todos
os povos e que foram considerados sobrenaturais pela mesma razão que todos aqueles
cuja causa não se percebia. 15
Sendo assim, o Espiritismo não produz milagres nem prodígios de qualquer
natureza. Há uma explicação lógica e racional para a manifestação dos
fenômenos psíquicos.
Do [...] mesmo modo que a Física, a Química, a Astronomia e a Geologia revelaram as
leis do mundo material, ele revela outras leis desconhecidas, as que regem as relações do
mundo corpóreo com o mundo espiritual, leis que, tanto quanto aquelas outras da Ciência,
são leis da Natureza. Facultando a explicação de certa ordem de fenômenos incompreendidos
até o presente, ele destrói o que ainda restava do domínio do maravilhoso. [...]
Esse é um dos resultados do desenvolvimento da ciência espírita; pesquisando a causa
de certos fenômenos, de sobre muitos mistérios levanta ela o véu. 17
A Doutrina Espírita esclarece «[...] o que cada ciência fez no seu advento:
revelar novas leis e explicar, conseguintemente, os fenômenos compreendidos
na alçada dessas leis. Esses fenômenos, é certo, se prendem à existência dos
Espíritos e à intervenção deles no mundo material e isso é, dizem, em que
consiste o sobrenatural.» 2
O Espiritismo desmistifica o caráter sobrenatural dos fenômenos psíquicos,
explicando-os de forma simples e consistente.
A intervenção de inteligências ocultas nos fenômenos espíritas não os torna mais milagrosos
do que todos os outros fenômenos devidos a agentes invisíveis, porque esses
seres ocultos que povoam os espaços são uma das forças da Natureza, força cuja ação é
incessante sobre o mundo material, tanto quanto sobre o mundo moral. Esclarecendo150
nos acerca dessa força, o Espiritismo faculta a elucidação de uma imensidade de coisas
inexplicadas e inexplicáveis por qualquer outro meio e que, por isso, passaram por prodígios
nos tempos idos. Do mesmo modo que o magnetismo, ele revela uma lei, senão
desconhecida, pelo menos mal compreendida; ou, melhor dizendo, conheciam-se os
efeitos, porque eles em todos os tempos se produziram, porém não se conhecia a lei e
foi o desconhecimento desta que gerou a superstição. Conhecida essa lei, desaparece o
maravilhoso e os fenômenos entram na ordem das coisas naturais. 3

2. Jesus e os fenômenos psíquicos
Os fenômenos psíquicos intermediados por Jesus, em razão da excelsitude
do seu Espírito, são por demais complexos para supô-los como de natureza
mediúnica. É difícil imaginar que Jesus tenha agido como médium de outro
Espírito.
Antes de tudo, precisamos compreender que Jesus não foi um filósofo e nem poderá
ser classificado entre os valores propriamente humanos, tendo-se em conta os valores
divinos de sua hierarquia espiritual, na direção das coletividades terrícolas. Enviado
de Deus, Ele foi a representação do Pai junto do rebanho de filhos transviados do seu
amor e da sua sabedoria, cuja tutela lhe foi confiada nas ordenações sagradas da vida
no Infinito. Diretor angélico do orbe, seu coração não desdenhou a permanência direta
entre os tutelados míseros e ignorantes, [...]. 18
Os fatos relatados no Evangelho nada tiveram de milagroso, no sentido
teológico do termo. Estavam fundamentados nas faculdades e nos atributos
excepcionais do seu Espírito.
Jesus como [...] homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito
puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual, do que da vida
corporal, de cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens
não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito,
que dominava de modo absoluto a matéria e da do seu perispírito, tirado da parte mais
quintessenciada dos fluidos terrestres. Sua alma, provavelmente, não se achava presa
ao corpo, senão pelos laços estritamente indispensáveis. Constantemente desprendida,
ela decerto lhe dava dupla vista, não só permanente, como de excepcional penetração
e superior de muito à que de ordinário possuem os homens comuns. O mesmo havia
de dar-se, nele, com relação a todos os fenômenos que dependem dos fluidos perispirituais
ou psíquicos. A qualidade desses fluidos lhe conferia imensa força magnética,
secundada pelo incessante desejo de fazer o bem. Agiria como médium nas curas que
operava? Poder-se-á considerá-lo poderoso médium curador? Não, porquanto o médium
é um intermediário, um instrumento de que se servem os Espíritos desencarnados
e o Cristo não precisava de assistência, pois que era ele quem assistia os outros. Agia
por si mesmo, em virtude do seu poder pessoal, como o podem fazer, em certos casos,
os encarnados, na medida de suas forças. Que Espírito, ao demais, ousaria insuflar-lhe
seus próprios pensamentos e encarregá-lo de os transmitir? Se algum influxo estranho
recebia, esse só de Deus lhe poderia vir. Segundo definição dada por um Espírito, ele era
médium de Deus. 4
Contudo, independentemente de o Espiritismo explicar com clareza como
se realiza um fenômeno mediúnico, não podemos esquecer que o próprio Jesus
qualificou alguns dos seus feitos como milagrosos.
É [...] que nisto, como em muitas outras coisas, lhe cumpria apropriar sua linguagem aos
conhecimentos dos seus contemporâneos. Como poderiam estes apreender os matizes
de uma palavra que ainda hoje nem todos compreendem? Para o vulgo, eram milagres
as coisas extraordinárias que ele fazia e que pareciam sobrenaturais, naquele tempo e
mesmo muito tempo depois. Ele não podia dar-lhes outro nome. Fato digno de nota é
que se serviu dessa denominação para atestar a missão que recebera de Deus, segundo
suas próprias expressões, porém nunca se prevaleceu dos milagres para se apresentar
como possuidor de poder divino. 16

3. Alguns fenômenos psíquicos provocados por Jesus

3.1 - Fenômeno de dupla vista
Este fenômeno pode ser atestado, a título de exemplo, nas seguintes citações
evangélicas:
• “Ide à aldeia que está defronte de vós e logo encontrareis uma jumenta
presa e um jumentinho com ela; desprendei-a e trazei-mos.” (Mateus, 21:2)
• “E, chegada a tarde, assentou-se à mesa com os doze. E, enquanto eles
comiam, disse: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair.” (Mateus,
26, 20:21)
• “E, quando acabou de falar, disse a Simão: faze-te ao mar alto, e lançai
as vossas redes para pescar.E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo
trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, porque mandas, lançarei a rede.
E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes
a rede.” (Lucas, 5:4-6)
Nada apresentam de surpreendentes estes fatos, desde que se conheça o poder da dupla
vista e a causa, muito natural, dessa faculdade. Jesus a possuía em grau elevado e pode
dizer-se que ela constituía o seu estado normal, conforme o atesta grande número de atos
de sua vida, os quais, hoje, têm a explicá-los os fenômenos magnéticos e o Espiritismo.
A pesca qualificada de miraculosa igualmente se explica pela dupla vista. Jesus não pro152
duziu espontaneamente peixes onde não os havia; ele viu, com a vista da alma, como teria
podido fazê-lo um lúcido vígil, o lugar onde se achavam os peixes e disse com segurança
aos pescadores que lançassem aí suas redes. 5

3.2 - Fenômenos de cura
De todos os fatos que dão testemunho do poder de Jesus, os mais numerosos são, não
há contestar, as curas. Queria ele provar dessa dessa forma que o verdadeiro poder é o
daquele que faz o bem; que o seu objetivo era ser útil e não satisfazer à curiosidade dos
indiferentes, por meio de coisas extraordinárias. Aliviando os sofrimentos, prendia a si
as criaturas pelo coração e fazia prosélitos mais numerosos e sinceros, do que se apenas
os maravilhasse com espetáculos para os olhos. 9
• “E certa mulher, que havia doze anos tinha um fluxo de sangue, e
que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto
tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior, ouvindo falar de Jesus,
veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua vestimenta. Porque dizia: Se
tão-somente tocar nas suas vestes, sararei. E logo se lhe secou a fonte do seu
sangue, e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal. E logo Jesus, conhecendo
que a virtude de si mesmo saíra, voltou-se para a multidão e disse:
Quem tocou nas minhas vestes? E disseram-lhe os seus discípulos: Vês que
a multidão te aperta, e dizes: Quem me tocou? E ele olhava em redor, para
ver a que isso fizera. Então, a mulher, que sabia o que lhe tinha acontecido,
temendo e tremendo, aproximou-se, e prostrou-se diante dele, e disse-lhe toda
a verdade.E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada deste
teu mal.” (Marcos, 5: 25-34)
Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que dele saíra, são significativas. Exprimem
o movimento fluídico que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram
a ação que acabara de produzir-se. É de notar-se que o efeito não foi provocado por
nenhum ato da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos.
Bastou a irradiação fluídica normal para realizar a cura. 6
• “E chegou a Betsaida; e trouxeram-lhe um cego e rogaram-lhe que lhe
tocasse. E, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia; e, cuspindolhe
nos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe se via alguma coisa. E,
levantando ele os olhos, disse: Vejo os homens, pois os vejo como árvores que
andam. Depois, tornou a pôr-lhe as mãos nos olhos, e ele, olhando firmemente,
ficou restabelecido e já via ao longe e distintamente a todos.” (Marcos, 8:22-25)
Aqui, é evidente o efeito magnético; a cura não foi instantânea, porém gradual e conseqüente
a uma ação prolongada e reiterada, se bem que mais rápida do que na magnetização
ordinária. A primeira sensação que o homem teve foi exatamente a que experimentam
os cegos ao recobrarem a vista. Por um efeito de óptica, os objetos lhes parecem de
tamanho exagerado. 7
• “E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passou pelo meio de Samaria e
da Galiléia; e, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens
leprosos, os quais pararam de longe. E levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre,
tem misericórdia de nós! E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide e mostrai-vos aos
sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos.E um deles, vendo que
estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz.” (Lucas, 17:11-15)
Os samaritanos eram cismáticos, mais ou menos como os protestantes com relação aos
católicos, e os judeus tinham em desprezo, como heréticos. Curando indistintamente
os judeus e os samaritanos, dava Jesus, ao mesmo tempo, uma lição e um exemplo de
tolerância; e fazendo ressaltar que só o samaritano voltara a glorificar a Deus, mostrava
que havia nele maior soma de fé e de reconhecimento, do que nos que se diziam ortodoxos.
8
3.3 - Ressurreições
• “E eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo, e,
vendo-o, prostrou-se aos seus pés, e rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está
moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.
E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava. [...] E, tendo
chegado à casa do principal da sinagoga, viu o alvoroço e os que choravam
muito e pranteavam. E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais?
A menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele; porém ele, tendo-os
feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina e os que com ele estavam e
entrou onde a menina estava deitada. E, tomando a mão da menina, disse-lhe:
Talitá cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo: levanta-te. E logo a menina
se levantou e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com grande
espanto.” (Marcos, 5: 21-24; 38-42)
• “E aconteceu, pouco depois, ir ele à cidade chamada Naim, e com ele iam
muitos dos seus discípulos e uma grande multidão. E, quando chegou perto da
porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era
viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveuse
de íntima compaixão por ela e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou
o esquife (e os que o levavam pararam) e disse: Jovem, eu te digo: Levanta-te.
E o defunto assentou-se e começou a falar. E entregou-o à sua mãe.E de todos
se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se
levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo. E correu dele esta fama por toda
a Judéia e por toda a terra circunvizinha.” (Lucas, 7:11-17)
Contrário seria às leis da Natureza e, portanto, milagroso, o fato de voltar à vida corpórea
um indivíduo que se achasse realmente morto. Ora, não há mister se recorra a essa
ordem de fatos, para ter-se a explicação das ressurreições que Jesus operou. Se, mesmo
na atualidade, as aparências enganam por vezes os profissionais, quão mais freqüentes
não haviam de ser os acidentes daquela natureza, num país onde nenhuma precaução se
tomava contra eles e onde o sepultamento era imediato. É, pois, de todo ponto provável
que, nos dois casos acima, apenas síncope ou letargia houvesse. O próprio Jesus declara
positivamente, com relação à filha de Jairo: Esta menina, disse ele, não está morta, está
apenas adormecida. Dado o poder fluídico que ele possuía, nada de espantoso há em
que esse fluido vivificante, acionado por uma vontade forte, haja reanimado os sentidos
em torpor; que haja mesmo feito voltar ao corpo o Espírito, prestes a abandoná-lo, uma
vez que o laço perispirítico ainda se não rompera definitivamente. Para os homens daquela
época, que consideravam morto o indivíduo desde que deixara de respirar, havia
ressurreição em casos tais; mas, o que na realidade havia era cura e não ressurreição, na
acepção legítima do termo. 10
3.4 - Transfiguração
• “E, seis dias depois, Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e
os levou sós, em particular, a um alto monte, e transfigurou-se diante deles.E
as suas vestes tornaram-se resplandecentes, em extremo brancas como a neve,
tais como nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia branquear. E apareceramlhes
Elias e Moisés e falavam com Jesus. E Pedro, tomando a palavra, disse a
Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três cabanas, uma para
ti, outra para Moisés e outra para Elias. Pois não sabia o que dizia, porque
estavam assombrados. E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra,
e saiu da nuvem uma voz, que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi. E,
tendo olhado ao redor, ninguém mais viram, senão Jesus com eles.” (Marcos,
9:2-8).
É ainda nas propriedades do fluido perispirítico que se encontra a explicação deste
fenômeno. A transfiguração, [...] é um fato muito comum que, em virtude da irradiação
fluídica, pode modificar a aparência de um indivíduo; mas, a pureza do perispírito de
Jesus permitiu que seu Espírito lhe desse excepcional fulgor. Quanto à aparição de Moisés
e Elias cabe inteiramente no rol de todos os fenômenos do mesmo gênero. [...] De todas
faculdades que Jesus revelou, nenhuma se pode apontar estranhas às condições da humanidade
e que se não encontre comumente nos homens, porque estão todas na ordem da
Natureza. Pela superioridade, porém, da sua essência moral e de suas qualidades fluídicas,
aquelas faculdades atingiam nele proporções muito acima das que são vulgares. Posto de
lado o seu envoltório carnal, ele nos patenteava o estado dos puros Espíritos. 11
3.5 - Aparição de Jesus, após a sua crucificação
• “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas
as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou
Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco! E, dizendo isso,
mostrou-lhes as mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo
o Senhor. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o
Pai me enviou, também eu vos envio a vós.E, havendo dito isso, assoprou sobre
eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. [...] E, oito dias depois, estavam
outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando
as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco! Depois,
disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e
põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Tomé respondeu e disselhe:
Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste;
bem-aventurados os que não viram e creram! (João, 20:19-22; 26-30)
Antes da aparição aos discípulos, Jesus se manifesta perante Maria Madalena
e outras mulheres (Marcos,16:1-7), confirmando, assim, a sua ressurreição.
Aparece, mais tarde, aos dois discípulos, no caminho de Emaús (Lucas,
24:13-35).
Todos os evangelistas narram as aparições de Jesus, após sua morte, com circunstanciados
pormenores que não permitem se duvide da realidade do fato. Elas, aliás, se explicam
perfeitamente pelas leis fluídicas e pelas propriedades do perispírito e nada de anômalo
apresentam em face dos fenômenos do mesmo gênero, cuja história, antiga e contemporânea,
oferece numerosos exemplos, sem lhes faltar sequer a tangibilidade. Se notarmos as
circunstâncias em que se deram as suas diversas aparições, nele reconheceremos, em tais
ocasiões, todos os caracteres de um ser fluídico. Aparece inopinadamente e do mesmo
modo desaparece; uns o vêem, outros não [...]. Jesus, portanto, se mostrou com seu corpo
perispirítico, o que explica que só tenha sido visto pelos que ele quis que o vissem. Se
estivesse com seu corpo carnal, todos o veriam, como quando estava vivo. Ignorando a
causa originária do fenômeno das aparições, seus discípulos não se apercebiam dessas
particularidades, a que, provavelmente, não davam atenção. Desde que viam o Senhor e
o tocavam, haviam de achar que aquele era o seu corpo ressuscitado. 12
Como reflexão final, refletimos que os fatos extraordinários da vida de
Jesus marcaram a sua passagem entre nós, no plano físico. Entretanto, esses
não foram os seus maiores feitos.
O maior milagre que Jesus operou, o que verdadeiramente atesta a sua superioridade, foi
a revolução que seus ensinos produziram no mundo, mau grado à exigüidade dos seus
meios de ação. Com efeito, Jesus, obscuro, pobre, nascido na mais humilde condição, no
seio de um povo pequenino, quase ignorado e sem preponderância política, artística ou
literária, apenas durante três anos prega a sua doutrina, [...] Tinha contra si tudo o que
causa o malogro das obras dos homens, razão por que dizemos que o triunfo alcançado
pela sua doutrina foi o maior dos seus milagres, ao mesmo tempo que prova ser divina
a sua missão. Se, em vez de princípios sociais e regeneradores, fundados sobre o futuro
espiritual do homem, ele apenas houvesse legado à posteridade alguns fatos maravilhosos,
talvez hoje mal o conhecessem de nome. 14

1. KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 13, item 1, p. 297-298.
2. ______. item 4, p. 299.
3. ______. item 13, p. 305.
4. ______. Cap. 15, item 2, p. 354-355.
5. ______. item 9, p. 359.
6. ______. item 11, p. 361.
7. ______. item 13, p. 362.
8. ______. item 17, p. 364.
9. ______. item 27, p. 372.
10. ______. item 39, p. 379-380.
11. ______. item 44, p. 383-384.
12. ______. item 61, p.398.
13. ______. item 62, p. 399.
14. ______. item 63, p. 399-400.
15. ______. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 39. ed. Rio de Janeiro:
FEB,2006. Primeira parte. (Estudo sobre a natureza do Cristo). Cap.
2, p. 140.
16. ______. p. 141.
17. ______. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 21, item 7, p. 362-363.
18. XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26.
ed. Rio de Janeiro: FEB. 2006, q. 283, p. 168.

REFERÊNCIAS
ORIENTAÇÕES AO MONITOR
EADE - Roteiro 7 - Fenômenos psíquicos no Evangelho
Debater, inicialmente, o conceito milagre,
destacando o significado espírita. Dividir a turma
em pequenos grupos, orientando-os na realização
de leitura e análise dos fenômenos psíquicos produzidos
por Jesus, incluídos neste roteiro. Após o
trabalho em grupo, os participantes devem apresentar
a conclusão do trabalho, em plenária.