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sábado, 23 de março de 2013

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita Livro I - Roteiro 5-Módulo 2 "Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos

CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• E, Chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os Espíritos imundos,
para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal. Ora, os
nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André,
seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé
e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o zelote, e Judas
Iscariotes, aquele que o traiu. Mateus, 10:1-4
• Jesus enviou esses doze com estas recomendações: Não ireis pelo caminho
das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas
perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus.
Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios;
de graça recebestes, de graça dai. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em
vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias,
nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade
ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos
aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e, se a casa
for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a
vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo
daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no
Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para
aquela cidade. Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede
prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. Mateus, 10:5-16
OS APÓSTOLOS DE JESUS. A MISSÃO
DOS DOZE APÓSTOLOSEstudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. O colégio apostolar
No cumprimento de sua missão, Jesus contou com a colaboração dos
apóstolos e de outros discípulos. Apóstolo é uma palavra derivada do grego
que significa enviado. Discípulo é um vocábulo de origem latina que significa
aluno. Jesus escolheu doze apóstolos e os enviou a diversos lugares para pregarem
a Boa Nova (Evangelho). Contou também com o apoio direto de cerca
de setenta discípulos.
Jesus chamou a equipe dos apóstolos que lhe asseguraram cobertura à obra redentora,
não para incensar-se e nem para encerrá-los em torre de marfim, mas para erguê-los à
condição de amigos fiéis, capazes de abençoar, confortar, instruir e servir ao povo que,
em todas as latitudes da Terra, lhe constitui a amorosa família do coração. 32
A missão de Jesus, propriamente dita, começa com a organização do seu
colégio apostolar. O evangelho de Mateus relata: “E Jesus, andando junto ao
mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais
lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após
mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles, deixando logo as redes,
seguiram-no. E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de
Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando
as redes; e chamou-os.
Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.” (Mateus,
4:18-22)
Lucas nos esclarece que Levi ofereceu-lhe, após o convite, então uma
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 5
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
grande festa em sua casa, e com eles estava à mesa numerosa multidão de publicanos
e outras pessoas. (Lucas, 5:29)
O evangelista Marcos informa que, terminada a refeição, Jesus faz um
debate sobre o jejum; alerta sobre a inconveniência de colocar remendo novo
em roupa velha, ou vinho novo em odres velhos; explica que o sábado foi feito
para o homem, e não o homem para o sábado, e cura um homem de mão atrofiada.
Diante desses fatos, uma grande multidão passa a segui-lo, chamando-o
filho de Deus. Marcos nos fala também que, depois, Jesus “subiu à montanha, e
chamou a si os que ele queria, e eles foram até ele. E constituiu Doze para que
ficassem com ele, para enviá-los a pregar, e terem autoridade para expulsar os
demônios [Espíritos maléficos]. Ele constitui, pois, os Doze, e impôs a Simão o
nome de Pedro; a Tiago, o filho de Zebedeu, e a João, o irmão de Tiago, impôs o
nome de Boanerges, isto é, filhos do trovão; depois André, Filipe, Bartolomeu,
Tiago, o filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o zelota, e Judas Iscariotes, aquele que
o traiu.” (Marcos, 2:18-27; e 3, 1-19)
2. A missão dos apóstolos
De conformidade com a narrativa de Mateus, as recomendações iniciais
do Messias definem a ação que os discípulos deveriam executar.
— Amados – entrou Jesus a dizer-lhes, com mansidão extrema –, não tomareis o caminho
largo por onde anda tanta gente, levada pelos interesses fáceis e inferiores; buscareis
a estrada escabrosa e estreita dos sacrifícios pelo bem de todos. Também não penetrareis
nos centros das discussões estéreis, à moda dos samaritanos, nos das contendas que nada
aproveitam às edificações do verdadeiro reino nos corações com sincero esforço. Ide antes
em busca das ovelhas perdidas da casa de nosso Pai que se encontram em aflição e voluntariamente
desterradas de seu divino amor. Reuni convosco todos os que se encontram de
coração angustiado e dizei-lhes, de minha parte, que é chegado o reino de Deus.
Trabalhai em curar os enfermos. Limpai os leprosos, ressuscitai os que estão mortos nas
sombras do crime ou das desilusões ingratas do mundo, esclarecei todos os espíritos que
se encontram em trevas, dando de graça o que de graça vos é concedido.
Não exibais ouro ou prata em vossas vestimentas porque o reino dos céus reserva os
mais belos tesouros aos simples. Não ajunteis o supérfluo em alforjes [...] porque digno
é o operário do seu sustento. Em qualquer cidade ou aldeia onde entrardes, buscai saber
quem deseja aí os bens do céu [...]. Quando penetrardes em uma casa, saudai-a com amor.
[...] Se ninguém vos receber, nem desejar ouvir as vossas instruções, retirai-vos [...], sem
conservardes nenhum rancor e sem vos contaminardes da alheia iniquidade [...].
Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos, recomendando-vos a simplicidade das
pombas e a prudência do coração. Acautelai-vos, pois, dos homens, nossos irmãos, por118
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
que sereis entregues aos seus tribunais e sereis açoitados nos seus templos suntuosos,
de onde está exilada a idéia de Deus.[...] Mas, nos dias dolorosos da humilhação, não
vos dê cuidado como haveis de falar, porque minha palavra estará convosco e sereis
inspirados, quanto ao que houverdes de dizer. Porque não somos nós que falamos; o
espírito amoroso de Nosso Pai é que fala em todos nós. 27
3. Dados biográficos dos apóstolos
André - Mencionado em Mateus, 4:18; 10:2; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14;
João, 1:40; Atos dos Apóstolos, 1:13. Irmão de Pedro.
Como Pedro ou Simão Barjona era filho de Jona, também seria André, a menos que
ocorra uma das hipóteses: parente ou irmão por parte de mãe. Investigações de filiação
materna carecem de apoio, pois nem sempre textos bíblicos retiram a mulher da penumbra,
conservando anônimas a sogra de Pedro, a mãe dos filhos de Zebedeu, a mãe
dos Macabeus etc. Pescador; integrante do grupo inicialmente convocado, isto é, um
dos primeiros, entre os doze. 9
Em geral, aceita-se que André era irmão de Pedro. Não existem dúvidas
a respeito.
A sua atitude, durante toda a vida de Jesus, foi de ouvir o Mestre, observar os seus atos,
estudar os seus preceitos, seguindo-O sempre por toda parte. A não ser certa vez que
saiu com outro companheiro para pregar a Boa Nova ao mundo, segundo ordem que o
Mestre deu aos doze, nenhuma outra ação aparece de André, enquanto Jesus se achava
na Terra. 21
Poucas são as referências sobre André nas escrituras. Ele se destaca, porém,
por ser um dos primeiros a fazer parte do colégio apostolar.
Embora menos proeminente que seu irmão (Pedro), André está presente ao milagre
da multiplicação dos pães de Jesus e à fala apocalíptica do Monte das Oliveiras. [...] De
acordo com a tradição medieval tardia, André foi martirizado pela crucificação numa
cruz em forma de xis, que mais tarde aparece na bandeira da Grã-Bretanha representando
a Escócia, de que André é o padroeiro. 6
Celebrado pela tradição ortodoxa grega como Protocletos (o primeiro a
ser chamado) dentre os doze [João,1:40], André cujo nome significa varonil,
nasceu em Betsaida Julias, às margens do Mar da Galiléia.2 Antes de seguir
o Mestre, era discípulo de João Batista. «Aparentemente André ocupava-se
mais dos assuntos da alma do que propriamente de suas pescarias, tanto que
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolosEstudo Aprofundado da Doutrina Espírita
abandonou suas redes para seguir os passos de João Batista.» 3 Segundo o historiador
Eusébio (História Eclesiástica III), André teria desenvolvido extenso
apostolado na Palestina, Ásia Menor, Macedônia, Grécia e regiões próximas
do Cáucaso. As antigas narrativas indicam que, supostamente, se encontram
em Patras, cidade grega, os restos mortais do apóstolo, guardados numa igreja
ortodoxa grega. 3
Bartolomeu - Mencionado em Mateus, 10:3; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14;
Atos dos Apóstolos, 1:13. É possível que Bartolomeu tenha nascido na cidade
de Caná da Galiléia. 21, 27
«Se Bartolomeu quer dizer filho de Ptolomeu (Bar-Ptolomeu), temos pelo
menos presumível filiação [...]. Não se comprova nitidamente que o apóstolo
se chamasse Natanael Bartolomeu. O nome de Natanael aparece em João sem
indicações (1:45 a 51) e como “discípulo”, originário de “Caná da Galiléia”
(21:2)10.» A origem familiar de Bartolomeu permanece, entretanto, obscura.
Alguns escritores cristãos primitivos informam que o apóstolo seria descendente
da família Naftali, embora outros autores, como São Jerônimo, acreditem que
ele seja descendente dos Talmai, rei de Gesur. (2, Salomão, 3:3)
Como a maior parte dos discípulos, Bartolomeu parece ter sido um homem profundamente
sintonizado com as expectativas messiânicas de sua época. O notável testemunho
de Jesus a seu respeito (João, 1:47) deixa transparecer o perfil de alguém que serviu a Lei
e aos profetas não apenas para orientar suas esperanças na gloria de Israel, mas também
para desenvolver em seu íntimo uma espiritualidade frutífera, determinada pelas diretrizes
da sabedoria divina, sobre o qual comenta o apóstolo Tiago. 1 (Tiago, 3:7)
O seguinte relato de João, que Filipe teria falado sobre Jesus a Bartolomeu
(ou Natanael), apresentando-o, posteriormente, ao Mestre: Temos achado
aquele, de quem escreveu Moisés na Lei, e de quem falaram os Profetas, Jesus
de Nazaré, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair coisa
que seja boa? Respondeu Filipe: Vem e vê. Jesus vendo aproximar-se Natanael,
disse: Antes de Filipe chamar-te, eu vi, quando estavas debaixo da figueira.
Replicou-lhe Natanael: Mestre, tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel.
Disse-lhe Jesus: Por eu te ver debaixo da figueira, crês? Maiores coisas do que
esta verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o Céu
aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem. Natanael,
após esse encontro com o Mestre, O seguia, tornando-se um dos seus
discípulos. 22
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Há indicações de que o apóstolo teria «pregado o Evangelho na Arábia,
na Pérsia (atual Iraque), na Etiópia e depois na Índia, donde regressou para
Liacônia, passando depois a outros países.» 21 Conta-se que, ao desenvolver o
trabalho apostolar na Armênia, junto do Mar Negro, teria sido esfolado vivo,
antes de morrer.
Filipe - Aparece rapidamente nos Evangelhos, não nos deixando muitas
informações sobre ele. As referências evangélicas sobre o apóstolo são as seguintes:
Mateus, 10:3; Marcos, 3:18; Lucas, 6:14; João, 1:40; Atos dos Apóstolos,
1:13. É citado também nos Atos dos Apóstolos, 21:1-9, quando Paulo e Lucas o
encontram na cidade de Cesaréia, juntamente com as suas quatro filhas, todas
possuidoras da mediunidade de profecia.
Nasceu em Betsaida, Galiléia. Era pescador. «Depois do desencarne do
Mestre ficou em Jerusalém até a dispersão dos Apóstolos, indo, segundo a tradição,
pregar o Evangelho na Frígia, recanto da Ásia Menor, ao sul de Bitinia.
Foi Filipe que apresentou a Jesus Natanael (Bartolomeu), um homem ilustre
e de caráter lapidado que residia na Galiléia.» 22 Parece que evangelizou na
Ituréia, reunindo-se a André, no mar Negro, sendo morto, já muito idoso, na
Frigia, em Hierápolis.
Há uma lenda que vincula o apóstolo Filipe à França. Alguns escritores
cristãos do passado falam da presença de Filipe na Gália (antigo nome da
França). Um deles é Isidoro, Bispo de Sevilha, que, entre os anos 600 e 636
d.C., escreveu, em seu livro De Ortu et Orbitu Patrum, cap. 73:
Filipe, de Betsaida, de onde também provinha Pedro, apregoou Cristo nas Gálias e nas
nações vizinhas, trazendo seus bárbaros, que estavam em trevas, à luz do entendimento
e ao porto da fé. Mais tarde, foi apedrejado, crucificado e morto em Hierápolis, uma
cidade da Frígia, onde foi sepultado de cabeça para baixo, ao lado de suas filhas. 5
Filipe era muito ligado aos apóstolos Bartolomeu, João, Pedro e Tiago
Maior (os três últimos apóstolos formavam uma espécie de estado-maior do
colégio apostolar).
É importante não confundir Filipe, um dos doze apóstolos, com Filipe, o
evangelista, companheiro de Paulo de Tarso.
Este [...] não compunha o rol dos doze discípulos, entra em cena num momento em
que a Igreja de Jerusalém se debate com a delicada questão da discriminação sofrida
por judeus-cristãos, de língua grega e provenientes da Diáspora, também conhecidos
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
como helenistas. [...] Diante da possibilidade de uma divisão sem precedentes, os doze
[apóstolos] sugeriram à congregação local a escolha de sete varões cheios de Espírito
Santo e de sabedoria, que pudessem solucionar aquela questão de cunho administrativo,
enquanto eles próprios se dedicariam ao ensino e a pregação da Palavra. 4
Dessa forma, Filipe, assim como Estevão e mais cinco judeus da Dispersão
(Diáspora) ficaram responsáveis pelas tarefas administrativas da congregação
(Atos dos Apóstolos, 6:5; 8:5-40 e 21:8-9).
Os [...] necessitados que procuravam valer-se da obra assistencial dos discípulos [...]. O
serviço de cada dia consistia não só nas pregações evangélicas mas também na distribuição
de sopa e alimentos aos pobres, dentre os quais dedicavam especial atenção às
viúvas desamparadas. 19
O apóstolo Filipe deve também ser distinguido de Filipe, o Tetrarca.
(Lucas, 3:1)
João ou João Evangelista - São referências evangélicas sobre o apóstolo:
Mateus, 4:21, 10:3; Marcos, 3:17; Lucas, 6:14; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era filho
de Zebedeu e irmão de Tiago, o maior. Sua mãe, Salomé, é citada duas vezes,
uma em Marcos(15:40 e 16:1), outra em Mateus (20:20 e 27:56).
Alguns estudiosos suspeitam que Salomé tenha sido irmã de Maria Santíssima
(João,19:25). Dessa forma, Jesus seria primo dos filhos de Zebedeu,
explicando, em parte, a fraterna intimidade fraterna existente entre eles. Nasceu
em Betsaida, na Galiléia. É autor do quarto Evangelho, de três cartas destinadas
aos cristãos e do livro Apocalipse. O seu Evangelho difere dos outros três,
chamados sinópticos ou semelhantes, porque a narrativa de João enfoca mais o
aspecto espiritual da mensagem de Jesus. João considera-se o discípulo amado
(João, 13:23; 20:2 e 26; 21:7 e 20), afirmação admissível, se generalizada.
Era muito jovem à época do Mestre, e, na crucificação, foi designado por
Jesus para tomar conta de Maria. João viveu o final de sua existência em Éfeso,
onde teria escrito o seu evangelho e as suas epístolas. Durante o governo do
imperador romano Domiciano, foi exilado na ilha de Patmos, escrevendo aí o
Apocalipse. Morreu idoso, tomando conta da igreja que ali existia, possivelmente
no ano 100 da Era Cristã. João e seu irmão Tiago Maior foram chamados por
Jesus de Boanerges (filhos do trovão). Integrava o núcleo inicialmente convocado
por Jesus, participando destacadamente, junto a Tiago maior e a Pedro,
do principal grupo do colégio apostolar. 11, 26
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Judas Iscariote ou Iscariotes - Referências evangélicas sobre o apóstolo:
Mateus, 10:4; Marcos, 3:19; Lucas, 6:16; João, 12:4; Atos dos Apóstolos, 1:16.
Originário de Kerioth (ou Carioth), localidade da Judéia, era filho de Simão
Iscariote (João, 13:2). Era comerciante de pequeno negócio, em Cafarnaum.
Segundo as tradições, este apóstolo foi designado para cuidar do dinheiro comum
(espécie de tesoureiro) do colégio apostolar, «[...] cujos escassos recursos
se destinavam a esmolas. Transportava o saco alongado (bolsa), que habitualmente
israelitas atavam à cinta, para recolher pecúnia.» 12 (João, 12:6; 13:29)
Judas deixou-se conduzir pela [...] embriaguês de seus sonhos ilusórios. Entregaria o
Mestre aos homens do poder, em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade
dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria às suas ambições,
aparentemente justas, com o fim de organizar a vitória cristã no seio de seu povo. Depois
de atingir o alto cargo com que contava, libertaria Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais,
de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos.
O Mestre, a seu ver, era demasiadamente humilde e generoso para vencer sozinho, por
entre a maldade e a violência. 28
Judas representa o tipo de pessoa preocupada com a vida material.
Não obstante amoroso, Judas era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se
pelos ideais do Messias, e, embora esposasse os novos princípios, em muitas ocasiões
surpreendia-se em choque contra ele. Sentia-se dono da Boa Nova e, pelo desvairado
apego a Jesus, quase sempre lhe tomava a dianteira nas deliberações importantes. Foi
assim que organizou a primeira bolsa de fundos da comunhão apostólica e, obediente
aos mesmos impulsos, julgou servir à grande causa que abraçara, aceitando perigosa
cilada que redundou na prisão do Mestre. 31
Ao presenciar o sofrimento de Jesus, durante a prisão e posterior crucificação,
o apóstolo entendeu, tardiamente, o seu lamentável equívoco. «De longe,
Judas contemplou todas as cenas angustiosas e humilhantes do Calvário. Atroz
remorso lhe pungia a consciência dilacerada. Lágrimas ardentes lhe rolavam
dos olhos tristes e amortecidos. Malgrados à vaidade que o perdera, ele amava
imensamente o Messias.» 29
Desse momento em diante é que Judas começou a entender o caráter essencialmente
espiritual da missão de Jesus. E sinceramente arrependido, confessa publicamente o
seu crime. Mas era tarde. O Mestre já estava nas mãos de seus algozes, os quais eram
inflexíveis. O suicídio de Judas (acontecido em seguida à condenação de Jesus) lhe custou
séculos de sofrimentos nas zonas inferiores no mundo espiritual, porque tentou corrigir
um erro com outro erro. Todavia, ajudado espiritualmente por Jesus e seus companhei-
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
ros de apostolado, depois de inúmeras reencarnações na Terra, dedicadas ao trabalho
de fazer triunfar o Evangelho, Judas conseguiu reabilitar-se; e hoje está irmanado com
Jesus em sua tarefa esplendorosa. 18 (Mateus, 27:1-10)
Entregue a profundo remorso, Judas Iscariotes suicida quando percebe
que a crucificação de Jesus seria irreversível. «Matias foi o substituto de Judas
Iscariote no apostolado. Nada sabemos nos primeiros tempos sobre Matias,
senão que ele foi um dos setenta e dois discípulos que o Senhor enviou, dois a
dois, adiante de si a todas as cidades e lugares que pretendia visitar.» 25
Judas Tadeu ou Tadeu - Referências evangélicas sobre o apóstolo:
Mateus,10:3; Marcos, 3:18; João, 14:22; Lucas, 6:16; Atos dos Apóstolos, 1:13.
É um dos doze citados nominalmente por Mateus e Marcos. Há indicações
de que ele seria «[...] também filho de Alfeu e de Cleofas (parenta de Maria
Santíssima), sendo, portanto, irmão de Levi (Mateus) e de Tiago Menor. A
família Alfeu eram nazarenos e amavam Jesus desde a infância, sendo muitas
vezes chamados de os irmãos do Senhor.» 26
Judas é identificado pela tradição antiga como o autor da epístola de Judas, que foi escrita
a uma igreja ou grupo de igrejas desconhecido para combater o perigo representado por
certos mestres carismáticos que estavam pregando e praticando libertinagem moral. O
autor procura denunciar esses mestres como pessoas ímpias cuja condenação foi profetizada,
e insta seus leitores a preservar o evangelho apostólico vivendo segundo as suas
exigências morais. 7
Contam as tradições que trabalhou na Mesopotâmia e na Pérsia.
Mateus ou Levi - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 10:3;
Marcos, 2:14; Lucas, 5:27 e 6:15; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era filho de Alfeu e
de Cleofas, tendo como irmãos Tiago menor. Nasceu na Galiléia e era publicano
(cobrador de impostos). «Os publicanos, conquanto gente de representação
oficial, eram malvistos pelo povo, pois julgavam que extorquiam dinheiro dos
contribuintes. Por isso se enriqueciam.» 20
A escolha de Mateus, por Jesus, para compor o colégio apostolar provocou
murmurações. Denominavam-se publicanos, no império dos Césares, os empresários
de rendas públicas, membros da poderosa ordem dos cavaleiros (ordo
equester); dominada pelos romanos a Palestina, também nesta se intitularam
publicanos os cobradores de impostos, destinados ao patrimônio do invasor.
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Era um símbolo de vassalagem, inconciliável com a noção de povo eleito. Em
linguagem atual, colaboracionismo com o vencedor. 13, 26
Escreveu o primeiro evangelho, no qual dá ênfase aos aspectos humano e
genealógico de Jesus. Pregou no norte da África, depois da morte do Mestre,
prosseguindo até a Etiópia, onde foi morto.
Pedro, Simão, Simão Pedro ou Cefas - Referências evangélicas sobre
o apóstolo: Mateus, 4:18 e 10:2; Marcos, 1:16 e 3:16; Lucas, 6:14 e 9:20; João,
1:40; Atos dos Apóstolos, 1:13.
Pescador em Cafarnaum, na Galiléia, era irmão do apóstolo André. (Mateus,
4:18; Lucas, 6:14; João, 1:40). Pedro, nome dado por Jesus, (Mateus, 4:18;
10:2) ou Cefas, são cognomes do apóstolo, palavras que significam pedra, em
grego e hebraico, respectivamente. João (1:40-42) chama-o de Simão Pedro.
É também conhecido como Simão Bar-Jonas, que significa Simão, filho de
Jonas (Mateus, 16:18). Em suas epístolas apenas se auto-intitula apóstolo ou
servo. Pedro, Tiago e João Evangelista faziam parte do círculo íntimo de Jesus,
participando dos mais importantes atos do Mestre. 14, 27
Pedro é muito lembrado pelo episódio, anunciado por Jesus, de que ele
o negaria por três vezes.
A negação de Pedro sempre constitui assunto de palpitante interesse nas comunidades do
Cristianismo. Enquadrar-se a queda moral do generoso amigo do Mestre num plano de
fatalidade? Por que se negaria Simão a cooperar com o Senhor em minutos tão difíceis?
Útil, nesse particular, é o exame de sua invigilância. O fracasso do amoroso pescador reside
aí dentro, na desatenção para com as advertências recebidas. Grande número de discípulos
modernos participam das mesmas negações, em razão de continuarem desatendendo.
Informa o Evangelho que, naquela hora de trabalhos supremos, Simão Pedro seguia o
Mestre “de longe”, ficou no “pátio do sumo-sacerdote”, e “assentou-se entre os criados”
deste, para “ver o fim”.
Leitura cuidadosa do texto esclarece-nos o entendimento e reconhecemos que, ainda
hoje, muitos amigos do Evangelho prosseguem caindo em suas aspirações e esperanças,
por acompanharem o Cristo a distância, receosos de perderem gratificações imediatistas;
quando chamados a testemunho importante, demoram-se nas vizinhanças da arena de
lutas redentoras, entre os servos das convenções utilitaristas, assentando binóculos de
exame, a fim de observarem como será o fim dos serviços alheios. 30
A dolorosa experiência de Pedro não se resume às perseguições que sofreu,
ou nas lutas que enfrentou na divulgação do Evangelho. Está, antes, relacionada
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
ao fato de ter negado Jesus. A tradição evangélica nos informa que, replicando
ao Mestre, Pedro lhe diz que seria capaz de dar a própria vida por ele. Ouvindo
essa afirmativa, observa o Cristo: — «Pedro, a tua inquietação se faz credora de
novos ensinamentos. A experiência te ensinará melhores conclusões, porque,
em verdade, te afirmo que esta noite o galo não cantará sem que me tenhas
negado por três vezes.» 26 (Mateus, 26: 69-75)
A teologia católica afirma ser Pedro o fundador da Igreja Cristã de Roma,
considerando-o o primeiro Papa. Simbolicamente pode-se admitir tal fato, porque,
em termos históricos, Pedro não a poderia ter fundado. Depois da morte
de Jesus, despontou como líder dos doze Apóstolos, aparecendo, praticamente,
em todas as narrativas evangélicas. Exerceu autoridade na recém-nascida
comunidade cristã, tendo apoiado a iniciativa de Paulo de Tarso de incluir os
não-judeus na fé cristã.
Foi morto em Roma, crucificado de cabeça para baixo, no ano de 64 d.C.,
durante a perseguição feita por Nero aos cristãos. A forma de crucificação do
apóstolo foi, segundo a tradição, escolhida por ele mesmo, que não se julgava
digno de morrer como Jesus morreu. Supõe-se que o seu túmulo se encontra
sob a catedral de São Pedro, no Vaticano.
Tiago Maior - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 4:21 e
10:3; Marcos, 3:17; Lucas, 6:17; Atos dos Apóstolos, 1:13. Pescador, nascido
em Betsaida (Galiléia), irmão de João, o Evangelista, filho de Zebedeu, fazia
parte do círculo mais íntimo de Jesus. 27 Existem suposições, fundamentadas
nos textos de Lucas, 6:16 e dos Atos dos Apóstolos, 1:13, de que Tiago Maior
seja, também irmão de Judas Tadeu, por parte de mãe. 16
Quatro pessoas no Novo testamento têm o nome Tiago (grego Iakobos), que é uma de
duas formas gregas do nome hebraico Jacó (a outra sendo a simples transliteração Iakob).
Como Jacó era um ancestral referenciado em Israel, Tiago foi um nome comum entre
os judeus no período romano.Tiago, filho de Zebedeu, era um pescador galileu na área
de Cafarnaum no mar da Galiléia, um sócio (juntamente com seu irmão João) de Simão
Pedro. Estava trabalhando no negócio encabeçado por seu pai quando foi chamado por
Jesus para ser seu discípulo. Tiago e João formaram, ao lado de Pedro, o núcleo mais
estreito de três entre os Doze apóstolos: eles testemunharam a ressureição da filha de
Jairo, estiveram presentes à transfiguração e observaram (e em parte dormiram enquanto
ela ocorria) a agonia de Jesus em Getsemâni.
Ao que parece, Tiago e João expressavam-se explosivamente, ou esperavam que Deus
lançasse um súbito julgamento sobre os inimigos de Jesus, porque foram apelidados
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
Boanerges (sons de trovões) [...]. Fora dos Evangelhos sinóticos, Tiago, filho de Zebedeu,
aparece somente em Atos. Estava presente na sala superior com o grupo que esperava
Pentecostes. A única outra referência a ele no Novo Testamento é a notícia enigmática
de que Herodes (Agripa I) o havia matado. Ele foi, assim, o segundo mártir registrado
da igreja (depois de Estevão) e o primeiro do grupo apostólico a morrer (com exceção
de Judas Iscariotes, que havia sido substituído como apóstolo). 8
Os demais tiagos citados no Novo Testamento são: Tiago, filho de Alfeu ou
Tiago Menor, apóstolo de Jesus; Tiago, pai do apóstolo Judas Tadeu, e um outro
Tiago, chamado irmão de Jesus,8 citado por Mateus, 13:55 e Marcos, 6:3.
Tiago Menor - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 10:3;
Lucas, 6:15; Marcos, 3:18; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era filho de Alfeu e de
Cleofas (parenta de Maria Santíssima), sendo, portanto, irmão de Levi (Mateus).
Quase nada se sabe sobre Tiago Menor, do ponto de vista das Escrituras,
além do simples registro do seu nome no rol dos apóstolos e do fato de ser
filho de Alfeu e Maria e ser irmão de um certo José. (Mateus, 10:3 e Marcos,
15:40)
Simão, o zelote - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 10:9;
Marcos, 3:18; Lucas, 6:15 e Atos dos Apóstolos, 1:13. Era chamado assim porque
pertencia à seita dos zelotes, zelosos, ou zeladores, seita ultranacionalista
e não-religiosa, a qual lutava para a libertação de Israel do jugo romano. Vivia
da profissão de pescador. 27
O apóstolo «[...] era Galileu, parece que nascido em Caná [daí ser chamado
também de Simão, o Cananeu], onde Jesus, nas bodas transformou a água em
vinho. [...] O historiador grego Nicéforo diz que ele percorreu o Egito, a Cirenaica
e a África; que anunciou a Boa Nova na Mauritânia e em toda a Líbia, e
depois nas ilhas Britânicas fez muitos milagres.» 24
Tomé ou Dídimo - Referências evangélicas sobre o apóstolo: Mateus, 10:3;
Marcos, 3:18; Lucas, 6:15; Atos dos Apóstolos, 1:13. Era chamado Dídimo, o
Gêmeo, embora não haja qualquer registro de que tenha tido um irmão gêmeo.
Descendente de antigo pescador de Dalmanuta, não seguiu, no entanto, essa
profissão. 26
«Ficou famoso por duvidar da ressuscitação de Jesus, afirmando que só
vendo, acreditaria. Jesus, então, apareceu-lhe, oito dias depois, mostrando-lhe
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
as cicatrizes dos pés e das mãos, e a chaga do lado. Julga-se que Tomé foi pregar,
após a dispersão, o Evangelho aos persas, hindus e árabes [...]». 23 Acompanhou
Jesus durante os três anos de sua prédica, mostrando-se-lhe muito afeiçoado. 17

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. DE BARROS, Aramis C. Doze homens e uma missão. 1.ed. Curitiba: Editora
Luz e Vida, 1999. (Bartolomeu), p. 43
2. ______. (Tomé), p. 119.
3. ______. (André), p. 120.
4. ______. (Filipe), p. 136.
5. ______. p. 150.
6. DICIONÁRIO DA BÍBLIA.VOL. 1. As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzger e Michael Coogan. Tradução de Maria Luiza X. de A.
Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002, p. 14.
7. ______. p. 173.
8. ______. p. 319.
9. MACEDO, Roberto. Vocabulário histórico geográfico dos romances de Emmanuel.
3.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, (André), p. 42.
10. ______. (Bartolomeu), p. 43.
11. ______. (João), p. 44-46.
12. ______. (Judas Iscariote), p. 46.
13. ______. (Mateus), p. 47.
14. ______. (Pedro), p. 48-49.
15. ______. (Tadeu), p. 52.
16. ______. (Tiago Menor), p. 53-54.
17. ______. (Tomé), p. 54-55.
18. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Editora
Pensamento, 2003. Cap. 27 (O suicídio de Judas), p. 249.
19. ______. O evangelho da mediunidade. 7. ed. São Paulo Editora Pensamento,
2000. Cap. 6, (A instituição dos diáconos), p. 47.
20. SCHUTEL, Cairbar. Vida e atos dos apóstolos. 6. ed. Matão [SP]: O Clarim,
1976, Item: Mateus, p. 233.
21. ______. Item: André e Bartolomeu, p. 234.
22. ______. Item: Filipe e Tomé, p. 236.
23. ______. p. 237.
24. ______. Item: Simão-Judas e Matias, p. 238.
25. ______. p. 240-241.
26. XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Cam-
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
129
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 5 - Os apóstolos de Jesus. A missão dos doze apóstolos
pos. 33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 5 (Os Discípulos), p. 38-39.
27. ______. p. 39-41.
28. ______. Cap. 24 (A ilusão do discípulo), p.162.
29. ______. p. 163.
30. ______. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 89 (O fracasso de Pedro), p. 193-194.
31. ______. Luz acima. Pelo Espírito Irmão X. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
Cap. 44 (Do aprendizado de Judas), p. 187.
32. XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíritos
André Luiz e Emmanuel. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 39
(Espíritas, meditemos - mensagem de Emmanuel), p.223-2

sexta-feira, 22 de março de 2013

ANTE A LIÇÃO DO SENHOR." ... Recebamos o dom das horas, como quem sabe que o tempo é o mais valioso empréstimo do Senhor à nossa estrada e, convertendo os minutos em ação construtiva e salutar, faremos a descoberta de nosso próprio mundo íntimo, em cuja maravilhosa extensão, a paz e o trabalho são os favores mais altos da vida..."


 
    Emmanuel
         Louvando os “pobres de espírito”, Jesus não exaltava a ignorância, a insuficiência, a boçalidade e a incultura.
         Encarecia a benção da simplicidade, que nos permite encontrar os mais preciosos tesouros da vida.
         Abençoava a humildade, que nos conduz à fonte da paz.
         Salientava a sobriedade que nos garante o equilíbrio.
         Destacava a paciência que nos dilata a oportunidade de aprender e servir.
         Se procuras o Mestre do Evangelho, não admitas que a tua fé se transforme em combustível ao fogo da ambição menos eficiente.
         Vale-te da lição de Jesus, à maneira do lavrador vigilante que sabe selecionar as melhores sementes a fim de enriquecer a colheita próxima ou à maneira do viajor que guarda consigo a lâmpada acesa para a vitória sobre as trevas.
Muita gente se alinha nos santuários da Boa Nova, procurando em Cristo um escravo suscetível de ser engajado a serviço de seus escusos desejos, buscando na proteção do céu, favorável clima à infeliz materialização de seus próprios caprichos, enquanto milhões de aprendizes da Divina Revelação se aglomeram nos templos do Mestre em torneios verbalísticos nos quais entronizam a vaidade que lhes é própria, tentando posições de evidência nos conflitos e tricas da palavra, em que apenas efetuam a mal versão das riquezas do espírito.
         Se a Doutrina Redentora do Bem Eterno é o caminho que te reclama a sublime aquisição da Vida Superior, simplifica a própria existência.
         Evitemos complicações e exigências que nada realizam em torno de nós senão amargura, desencanto e inutilidade.
         Recebamos o dom das horas, como quem sabe que o tempo é o mais valioso empréstimo do Senhor à nossa estrada e, convertendo os minutos em ação construtiva e salutar, faremos a descoberta de nosso próprio mundo íntimo, em cuja maravilhosa extensão, a paz e o trabalho são os favores mais altos da vida.
         Contentemo-nos em estruturar com bondade e beleza o instante que passa, cedendo-lhe o melhor de nós mesmos, a favor dos que nos cercam, e descerraremos o novo horizonte, em que a plenitude da simplicidade com Jesus nos fará contemplar, infinitamente, a eterna e divina alegria.  
  
Livro: Construção Do Amor   Autor: Francisco C. Xavier  -  Emmanuel
 

A Transformação do Instinto

Há diferença entre instinto e inteligência, e estas duas condições humanas entrecruzam-
se tão sutilmente que se tornam imperceptíveis. Elas interagem, inviabilizando ao homem distinguir,
em muitas ocasiões, quando uma termina e dá lugar à outra.
Segundo O Livro dos Espíritos, questão 73, “(...) o instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência
sem raciocínio. Por ele é que os seres provêem às suas necessidades”.
Através do instinto os seres orgânicos realizam atos espontâneos e voluntários, visando à sua conservação,
não havendo nesses atos instintivos reflexão, combinação nem premeditação.
Obedecendo cegamente a este impulso, as plantas procuram o ar, voltam-se para a luz em busca
de energia que as vitalizem, direcionam suas raízes para a água e para a terra que as nutrem. Também a flor abre e fecha, conforme lhe for necessário.
As plantas trepadeiras se enroscam em torno do que lhes pode oferecer segurança e apoio. E, no reino animal, os animais têm o aviso do perigo que os ronda; procuram o melhor clima de acordo com a estação que estão vivendo; eles constroem, sem ter a mínima orientação, abrigos, moradias, com mais ou menos arte, de acordo com suas espécies; cuidam com zelo (sem ter noção do que seja isto) de seus filhotes, dando demonstração, para muitas pessoas, de que eles amam suas crias, enquanto há animais, os ferozes, por exemplo, que comem seus próprios filhos, bastando a fome lhes surgir. Os animais manejam com destreza as suas garras, que lhes propiciam defesa contra os outros animais; aproxima-se o macho da fêmea e unem-se sexualmente sem que tivessem tido a menor diretriz sobre como se processaria o cruzamento.
Os filhotes se instalam para mamar, sem que a mãe os oriente.
Vejamos o homem. Sua vida inicial é toda instintiva, passando o instinto a dominá-lo. A criança toma o
alimento do seio materno; faz os primeiros movimentos sem aprendizagem específica; grita avisando
que deseja algo ou que não está se sentindo bem; tenta falar e andar. Já crescido, o homem também continua a realizar movimentos instintivos, principalmente quando alguma coisa externa ameaça a sua integridade física, o mesmo acontecendo na hora de equilibrar o corpo. A oxigenação a que se submete pela
respiração, o abrir da boca quando sente sono são atos, movimentos instintivos.
Quando age inteligentemente, o homem revela atos voluntários, frutos de reflexão, premeditação e sujeitos
a combinações, tudo de conformidade com os momentos circunstanciais.
Este patrimônio é exclusivamente da alma.
Todo ato instintivo é maquinal; já o que denota reflexão, combinação, deliberação é inteligente, pois o
ato inteligente é livre, enquanto o instintivo, automático.
O instinto é sempre guia seguro, dificilmente falha ou se engana.
Já a inteligência, por ser livre, muitas vezes se equivoca, levando o homem ao arrependimento, ao
remorso, à dor.
Agindo por instinto, o homem está sempre revelando que é um ser inteligente, pois que se encontra apto
a prever o que lhe pode acontecer.
O instinto não poderia promanar da matéria, porque se assim fosse teríamos que admitir inteligência
na matéria, o que não existe.
Ainda mais teríamos de admitir que a matéria seria mais inteligente e previdente do que a alma, pelo
fato de o instinto não se enganar, enquanto a inteligência vez por outra se equivoca.
Não é raro a manifestação ao mesmo tempo do instinto e da inteligência.
Quando nós caminhamos, por exemplo, o mover as pernas é ato instintivo; colocamos um
pé à frente do outro, sem cogitarmos nisso. Agora, quando queremos acelerar o passo, levantar o pé
para nos livrarmos de um obstáculo, agimos inteligentemente, ou seja, aí empregamos cálculo e combinação.
Analisando o animal na hora de se alimentar, de forma predatória, vemos que ele sabe como segurar a
sua presa, por instinto, e levá-la à boca para devorá-la. Contudo, prevenindo- se contra eventuais ameaças
à conservação do alimento sob o seu domínio, temos que admitir
que ele atua com inteligência.
Sabendo-se que os Guias Espirituais atuam em nossas vidas nos livrando de certos perigos e certos
males, após nos envolverem em seus eflúvios, vemos aí uma ação inconsciente do homem que se
pode atribuir a um ato instintivo, quando ele é elaborado com inteligência, no mínimo a do Espírito
Protetor. Há, no nosso entendimento, uma ação conjugada do instinto e da inteligência.
A Providência Divina, que protege crianças, loucos e ébrios, manifesta- se através do ato protetor dos
Guias Espirituais, que conduzem quem ainda não sabe caminhar na vida sem uma ajuda eficaz.
Figurando todos nós mergulhados no halo divino, ou seja, sob a sua proteção sábia e previdente, vamos
compreender a unidade de vistas que preside a todos os nossos movimentos instintivos efetuados
para o nosso bem-estar.
Sob esta óptica o instinto há de ser um excelente guia,muito seguro em sua ação. Incluamos aí o instinto
materno, o maior de todos; malgrado opinião contrária dos apologistas de que tudo se resume na matéria,
ele fica realçado e enobrecido. É por intermédio das mães que Deus vela pelas suas criaturas. Resulta daí estarmos sempre realçando, quando oportuno, que por ser Deus o verdadeiro Pai de nossos filhos, nós,
pais terrenos, somente fazemos uma parte mínima de esforço para deles cuidar.A outra parte, a maior e mais
expressiva, fica sob a competência de Deus, pertence a Ele.
Não deduzamos, daí, a nulificação da proteção dos Espíritos Guias, porque eles agem, atuam como medianeiros de Deus, já que o Criador, como está em O Livro dos Espíritos (questões 112-113), não atua sozinho, mas em comunhão com o movimento de seus intermediários nos mundos físico e extrafísico.
Devemos convir, como judiciosamente Allan Kardec destaca, que estas maneiras de considerar o instinto
e a inteligência são todas hipotéticas, e nenhuma poderá ser considerada como genuinamente
autêntica. Contudo, nada possuem de absurdidade, segundo os conhecimentos
atuais do ser humano. Pode ser isso mesmo o que acontece, como mostra a prudência científica
do Codificador ao aconselhar cuidado e muita observação antes de darmos a última palavra. Ou não a
digamos nunca, o que sempre é mais aconselhável. Na incerteza, silenciemos, dizem os que sabem mais.
O instinto vai se enfraquecendo por sua absorção pela inteligência, sem, contudo, desaparecer totalmente,
pelo fato de ele ser guia seguro, nunca prejudicial, sempre bom.
Agindo só instintivamente, o homem poderia ser bom, mas a sua inteligência permaneceria paralisada,
sem desenvolvimento, e não é isso que Deus deseja às suas criaturas.
Apoio: Livro A Gênese, de Allan Kardec,
edição da Federação Espírita Brasileira,
capítulo III, tradução de Guillon
Ribeiro.

Educar-se Para Educar. "(...)Como poderemos orientar, dirigir, indicar o caminho a quem quer que seja, se ainda não o trilhamos? Daí a necessidade imperiosa do nosso trabalho de auto-educação. Só quem ama é capaz de emitir vibrações de amor e, portanto, de educar na Escola Edificante da Vida..." , (...)Nenhum de nós poderá pretender ser Educador, se não se educar a si mesmo. Mas também é inegável que todo aquele que fala, que escreve, que exerce faculdades mediúnicas, que pretende doutrinar e convencer Espíritos obsessores, que colabora nas Escolas de Evangelização Espírita, nas Juventudes e Mocidades ou em outras agremiações religiosas, desempenha função educativa intencional, e tem, portanto, maior responsabilidade, bem como corre mais risco de se transformar em cego, condutor de cegos..."

Educar-se Para Educar
PASSOS LÍRIO
“Jesus é o nosso Divino Mestre. Eduquemo-nos com Ele, a fim de podermos realmente educar.”
Emmanuel
.
Todos nós, ainda que inconscientemente, exercemos ação educativa ou, ao
contrário,deseducativa sobre outrem.
Nossas atitudes, nossas ações, os conceitos que emitimos (pela palavra falada ou escrita), nossas realizações em todo e qualquer campo de atividade constituem influências que estamos
exercendo sobre os indivíduos e a sociedade e, por vezes, até mesmo sobre a posteridade.
Podemos, então, exercer influência positiva ou negativa, o que firmará uma
das espécies de responsabilidade com que teremos de arcar.
Tudo isto, considerando a influência educativa ocasional, não intencional nem
sistemática. Teremos, a considerar, ainda, a ação educativa intencional exercida
por aqueles que têm o propósito de educar.
Procurar educar é pretender dar direção e sentido aos fatores inerentes ao
educando. A própria representação gráfica da palavra, na linguagem primitiva, tem
este significado ( conduzir , em latim, e dirigir , em grego). Quem se propõe a educar,
propõe-se, portanto, a orientar, a dirigir outrem ou alguém.
Como poderemos orientar, dirigir, indicar o caminho a quem quer que seja, se
ainda não o trilhamos?
Daí a necessidade imperiosa do nosso trabalho de auto-educação. Só quem
ama é capaz de emitir vibrações de amor e, portanto, de educar na Escola Edificante
da Vida. Só quem possui equilíbrio interior é capaz de educar na Escola doDomínio
de Si Mesmo, de ajudar alguém nessa prática. Só quem detém capacid ade de renúncia e
sacrifício dispõe de força bastante para educar em tal Escola.
Acresce, ainda, a circunstância de que, quanto maior for a rebeldia do educando,
quanto mais ele for vazio dos sentimentos que pretendemos edificar, tanto maior
intensidade de tais sentimentos será necessária ao educador, para que logre êxito.
É por isso que os alunos ou os filhos rebeldes constituem um desafio perm anente a quem
pretende se consagrar a semelhante mister.
Nem foi por outro motivo que Deus, Pai de Misericórdia, nos enviou Jesus,
todo pureza, para educar Espíritos como nós outros, tão endurecidos no mal. Precisamente
por isso é que para nós, espiritistas cristãos, o Mestre terá de ser só, prioritariamente e sempre,
Jesus.
Vem a pêlo relembrarmos a passagem evangélica referente à cura de um lunático, para cuja obtenção os discípulos não lograram êxito. Consultado o Mestre
sobre o porquê do fracasso, Ele disse: “por causa da vossa pouca fé”; mas enfatizou: “esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum ”. (Lucas, 17:14-23.)
Depreendemos, da palavra de Jesus, não disporem ainda os discípulos de
suficiente preparo espiritual imprescindível ao sucesso de tal cometimento, ou seja,
carência de virtudes na formação da estrutura de suas personalidades, que então
lhes possibilitassem serbem-sucedidos.
No fundo, faltava a eles eficiente lastro de auto-educação.1
Nenhum de nós poderá pretender ser Educador, se não se educar a si mesmo.
Mas também é inegável que todo aquele que fala, que escreve, que exerce faculdades
mediúnicas, que pretende doutrinar e convencer Espíritos obsessores,
que colabora nas Escolas de Evangelização Espírita, nas Juventudes e Mocidades
ou em outras agremiações religiosas, desempenha função educativa intencional, e
tem, portanto, maior responsabilidade, bem como corre mais risco de se transformar em
cego, condutor de cegos. Donde a imperiosa e prioritária opção de colocar
a Educação acima de qualquer dessas e de outras atividades, ou melhor, de bem
aproveitá-las todas, como valiosos estímulos e imperdíveis oportunidades educativas para nós mesmos.
Oportunidades educativas... como? dentro de que padrões? em que Escola?
com que Mestre?
É a tais inquirições que
Emmanuel vem de nos responder: “Jesus é o nosso
Divino Mestre. Eduquemo-nos com Ele, a fim de podermos realmente educar.”

Revista O Reformador  julho de 2000

terça-feira, 19 de março de 2013

Abril, mês de O Livro dos Espíritos "...Herculano ainda nos diz: “Sobre este livro se ergue todo um edifício: o da doutrina espírita. Ele é a pedra fundamental do espiritismo, o seu marco inicial. O espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou, com ele se impôs e consolidou no mundo”..."...É muito comum vermos companheiros de ideal de boa vontade se dedicar à leitura e ao estudo, com entusiasmo e assiduidade, por exemplo, dos livros de André Luiz, os quais, ressaltamos, trazem muitos esclarecimentos compatíveis com os princípios espiritistas – mas é preciso conhecer-se o corpo doutrinário para poder distinguir essa qualidade..."...Os encarnados, ainda que reconhecidamente esclarecidos doutrinariamente e esforçados no que se refere à sua postura fraterna e edificante, ficam esquecidos nas prateleiras de livrarias e bibliotecas – quantas são as casas espíritas onde se encontram com facilidade livros de Deolindo Amorim, do citado Herculano Pires, de Herminio Miranda, de Carlos Imbassahy, de Hernani Guimarães e outros?... Alguns desses mencionados hoje já estão desencarnados, mas deixaram obras valiosíssimas enquanto aqui caminhavam conosco"...

Abril, mês de O Livro dos Espíritos PDF Imprimir E-mail
Escrito por Doris Madeira Gandres   
Qua, 18 de Abril de 2012 17:13
o livro dos espritos 2a. edicao“Com este livro, a 18 de abril de 1857, raiou para o mundo a era espírita (...) O livro dos espíritos é o código de uma nova fase da evolução humana. É exatamente essa a sua posição na história do pensamento. Este não é um livro comum, que se pode ler de um dia para o outro e depois esquecer num canto da estante. Nosso dever é estudá-lo e meditá-lo, lendo-o e relendo-o constantemente.”– Herculano Pires
Herculano Pires, como é conhecido, escritor e filósofo espírita de renome no meio e no movimento espírita, com dezenas de livros publicados e vasta atuação no cenário espiritista e laico, não poderia ter definido melhor a importância desse livro basilar que, para todo adepto sério e sinceramente interessado na doutrina, não pode jamais ser relegado ao segundo plano.
Herculano ainda nos diz: “Sobre este livro se ergue todo um edifício: o da doutrina espírita. Ele é a pedra fundamental do espiritismo, o seu marco inicial. O espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou, com ele se impôs e consolidou no mundo”.
E é verdade – nele, toda a doutrina de forma condensada e concisa, sem que, no entanto, se perca a clareza e haja qualquer prejuízo para o bom entendimento dos temas e princípios doutrinários; todos os demais livros que compõem a codificação ali estão contidos: O livro dos médiuns, O evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese. Basta uma análise um pouco mais criteriosa e facilmente os detectamos no contexto de determinadas partes e questões.allan_kardecherculano

O que se vê, ainda, em muitas ocasiões, é uma atração quase irresistível por títulos novos, por romances e livros até algo sensacionalistas, alguns trazendo implicitamente promessas de transformação interior fácil mediante posturas externas...
O que se percebe lamentavelmente é um interesse muito mais evidente com relação aos livros ‘bonitos e emotivos’ em detrimento dos livros kardequianos, que são os que sustentam efetivamente nosso aprendizado quanto às leis da vida. Certamente que, uma vez conhecedores dos livros-chave da codificação, podemos e até devemos estender a nossa cultura espírita, buscando esclarecimentos em outros tantos livros sérios, notadamente entre os clássicos da nossa literatura doutrinária.
O que não podemos, e até não devemos, é sair atrás de todo e qualquer livro que surja no mercado, com belo título, bela capa, a maioria repetitivos, sem nada acrescentar ao nosso entendimento da vida, principalmente quando se trata de autor desencarnado, seja quem for, o é quase uma febre coletiva... Os encarnados, ainda que reconhecidamente esclarecidos doutrinariamente e esforçados no que se refere à sua postura fraterna e edificante, ficam esquecidos nas prateleiras de livrarias e bibliotecas – quantas são as casas espíritas onde se encontram com facilidade livros de Deolindo Amorim, do citado Herculano Pires, de Herminio Miranda, de Carlos Imbassahy, de Hernani Guimarães e outros?... Alguns desses mencionados hoje já estão desencarnados, mas deixaram obras valiosíssimas enquanto aqui caminhavam conosco...
Mas, tudo isso só pode ser devidamente avaliado a partir de UM livro, quando estudado, refletido e compreendido em profundidade e com respeito, para não dizer veneração, pois é a viga mestra, a pedra angular da cultura espírita – esse um é O LIVRO DOS ESPÍRITOS!

Doris Madeira Gandres é carioca, atua no movimento espírita como articulista em diversos jornais e revistas espíritas. Autora do livro A felicidade ao nosso alcance (DPL).

Uma tomada de consciência.(...)"Ninguém ou quase ninguém compreende que sem uma estruturação cultural elevada, sem estudos aprofundados no plano cultural, que revelem as novas dimensões do mundo e do homem na perspectiva espírita, o espiritismo não passará de uma seita religiosa de fundo egoísta, buscando a salvação pessoal de seus adeptos, precisamente aquilo que Kardec lutou para evitar. A finalidade do espiritismo, como Kardec acentuou, não é a salvação individual, mas a transformação total do mundo, num vasto processo de redenção coletiva.(...)",(...)"Temos de dar às novas gerações a possibilidade de afirmarem, diante do desenvolvimento das ciências e do avanço geral da cultura, como disse Denis Bradley: “Eu não creio, eu sei!” Porque é pelo saber, e não pela crença, pela fé racional e não pela fé cega, pelo conhecimento e não pelas teorias indemonstráveis, que o espiritismo, como revelação espiritual, terá de modelar a nova realidade terrena, apoiado na confirmação científica, pela pesquisa, dos seus postulados fundamentais. A revelação humana confirma e comprova a revelação divina."..., (...)"Chega de pieguice religiosa, de palestras sem fim sobre a fraternidade impossível no meio de lobos vestidos de ovelhas. Chega de caridade interesseira, de imprensa condicionada à crença simplória, de falações emotivas que não passam de formas de chantagem emocional. Precisamos da Religião viril que remodela o homem e o mundo na base da verdade comprovada. Da caridade real que não se traduz em esmolas, mas na efetivação da fraternidade humana oriunda do conhecimento de nossa constituição orgânica e espiritual comuns, ou seja, da inelutável igualdade humana....",(...)Estudemos a doutrina aprofundando-lhe os princípios. Remontemos o nosso pensamento às lições viris do Cristo, restabelecendo na Terra as dimensões perdidas do seu Evangelho. Essa é a nossa tarefa...."

Uma tomada de consciência PDF Imprimir E-mail
Escrito por J. Herculano Pires   
sociedadeO apego ao contingente, ao imediato, apaga na consciência dos nossos dias o senso da responsabilidade espiritual. Nem mesmo a ronda constante da morte consegue arrancar o homem atual da embriaguez do presente. O problema do espírito e da imortalidade só se aviva quando ligado diretamente a questões de interesse pessoal. O católico, o protestante, o espírita se equivalem nesse sentido. Todos buscam os caminhos do espírito para a solução de questões imediatistas ou para garantirem a si mesmos uma situação melhor depois da morte.

A maioria absoluta dos espiritualistas está sempre disposta a investir (este é o termo exato) em obras assistenciais, mas revela o maior desinteresse pelas obras culturais. Apegam-se os religiosos de todos os matizes à tábua de salvação da caridade material, aplicando grandes doações em hospitais, orfanatos e creches, mas esquecendo-se dos interesses básicos da cultura. Garantem os juros da caridade no após-morte, mas contraem pesadas dívidas no tocante à divulgação, sustentação e defesa de princípios fundamentais da renovação da cultura planetária.
A imprensa, a literatura, o ensaio, o estudo, a fixação das linhas mestras da nova cultura terrena ficam ao deus-dará. Falta uma tomada de consciência, particularmente no meio espírita, da responsabilidade de todos na construção e na elaboração da Nova Era, que é trabalho dos homens na Terra. Ninguém ou quase ninguém compreende que sem uma estruturação cultural elevada, sem estudos aprofundados no plano cultural, que revelem as novas dimensões do mundo e do homem na perspectiva espírita, o espiritismo não passará de uma seita religiosa de fundo egoísta, buscando a salvação pessoal de seus adeptos, precisamente aquilo que Kardec lutou para evitar.
A finalidade do espiritismo, como Kardec acentuou, não é a salvação individual, mas a transformação total do mundo, num vasto processo de redenção coletiva. Proporcionar aos jovens uma formação cultural apoiada na mais positiva e completa base espiritual, que mostre a insensatez das concepções materialistas e pragmatistas, dando-lhes a firmeza necessária na sustentação e defesa dos princípios doutrinários, não é só caridade, mas também realização efetiva dos objetivos superiores do espiritismo nesta fase de transição. Sem esse trabalho não poderemos avançar com segurança e eficácia na direção da Era do Espírito. Temos de dar às novas gerações a possibilidade de afirmarem, diante do desenvolvimento das ciências e do avanço geral da cultura, como disse Denis Bradley: “Eu não creio, eu sei!” Porque é pelo saber, e não pela crença, pela fé racional e não pela fé cega, pelo conhecimento e não pelas teorias indemonstráveis, que o espiritismo, como revelação espiritual, terá de modelar a nova realidade terrena, apoiado na confirmação científica, pela pesquisa, dos seus postulados fundamentais. A revelação humana confirma e comprova a revelação divina.
Esse é o problema que ninguém parece compreender. Todos sonham com o momento em que a ciência deverá proclamar a realidade do espírito. Mas essa proclamação jamais será feita, se a ciência espírita não atingir a maioridade, não se confirmar por si mesma, podendo enfrentar virilmente, no plano da inteligência e da cultura, a visão materialista do mundo e a concepção materialista do homem. Por isso precisamos de universidades espíritas, de institutos de cultura espírita dotados de recursos para uma produção cultural digna de respeito, de laboratórios de pesquisa psíquica estruturados com aparelhagem eficiente e orientados por metodologia segura, planejada e testada por especialistas de verdade, capazes de dominar o seu campo de trabalho e de enfrentar com provas irrefutáveis os sofismas dos negadores sistemáticos. É uma batalha que se trava, o bom combate de que falava o apóstolo Paulo, agora desenvolvido com todos os recursos da tecnologia.
Chega de pieguice religiosa, de palestras sem fim sobre a fraternidade impossível no meio de lobos vestidos de ovelhas. Chega de caridade interesseira, de imprensa condicionada à crença simplória, de falações emotivas que não passam de formas de chantagem emocional. Precisamos da Religião viril que remodela o homem e o mundo na base da verdade comprovada. Da caridade real que não se traduz em esmolas, mas na efetivação da fraternidade humana oriunda do conhecimento de nossa constituição orgânica e espiritual comuns, ou seja, da inelutável igualdade humana. De exposições sábias e profundas dos problemas do espírito, nascidas da reflexão madura e do estudo metódico e profundo. Temos de acordar os dorminhocos da preguiça mental e convocar a todos para as trincheiras da guerra incruenta da sabedoria contra a ignorância, da realidade contra a ilusão, da verdade contra a mentira. Sem essa revolução em nossos processos não chegaremos ao mundo melhor que já está batendo, impaciente, às nossas portas.
Não façamos do espiritismo uma ciência de gigantes em mãos de pigmeus. Ele nos oferece uma concepção realista do mundo e uma visão viril do homem. Arquivemos para sempre as pregações de sacristão, os cursinhos de miniaturas de anjos, à semelhança das miniaturas japonesas de árvores. Enfrentemos os problemas doutrinários na perspectiva exata da liberdade e da responsabilidade de seres imortais. Reconheçamos a fragilidade humana, mas não nos esqueçamos da força e do poder do espírito encerrado no corpo. Não encaremos a vida cobertos de cinzas medievais. Não façamos da existência um muro de lamentações. Somos artesãos, artistas, operários, construtores do mundo e temos de construí-lo segundo o modelo dos mundos superiores que explendem nas constelações.
Estudemos a doutrina aprofundando-lhe os princípios. Remontemos o nosso pensamento às lições viris do Cristo, restabelecendo na Terra as dimensões perdidas do seu Evangelho. Essa é a nossa tarefa.

Fonte: Jornal Mensagem, órgão do Grupo Espírita Cairbar Schutel, sob a direção de J. Herculano Pires - Ano 1 - Set/75

O jornalista Herculano Pires

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Acervo
Escrito por Heloisa Pires   
herculano pires  1Ri muito outro dia ao ler em um jornal um artigo que dizia que Herculano Pires era um filósofo e portanto não possuía a visão prática de Kardec. Quem escreveu isso não conheceu a vida e obra de Herculano e nem sabe o que é o verdadeiro filósofo, o amigo da sabedoria. Descartes, o grande filósofo francês, foi também matemático e um homem de ação; aliás, foram os filósofos que contribuíram para as grandes mudanças, sociais...
Mas, como muitos não compreendem a importância do indivíduo que sabe pensar, como indutor social ao progresso e às modificações sociais, vou me lembrar do Herculano jornalista. Poderia apenas lembrar a importância de Sartre como contribuidor para uma modificação de uma sociedade, apesar de sua visão materialista.
Herculano era filósofo, mestre em filosofia, professor e jornalista. Orgulhava-se muito de seu trabalho, por mais de trinta (30) anos nos Diários Associados, de seu trabalho como presidente do Sindicato dos jornalistas de São Paulo; os não espiritas também reconheciam o valor de Herculano, que venceu no campo da horizontal.
No jornalismo Herculano iniciou exatamente como repórter, em um trabalho dinâmico que revelava o homem capaz de olhar us estrelas, mas com os pés profundamente firmes no chão.
Desde moço Herculano contribuiu para ai modificação da sociedade, lutando pura que o epiritismo não  formasse "espíri-tas rezadoresd", mas homens de ação; fundou várias entidades filantrópicas, orgunizava distribuição de alimentos, mas também documentos e possibilidade  de desenvolvimento profissional para os irmãos mais necessitados. Isso é ser homem de ação e esse espírito se reflete em toda a sua obra. Madalena, seu livro sobre a mulher que se modificou, quando compreendeu, graças ao Mestre de Nazaré, a finalidade da existência, mostra uma pessoa perfeitamente integrada na sociedade de sua época, mas transcendendo-a, lutando, através de suas ideias, para transformá-la para melhor. Madalena não é uma mulher que diz apenas: - "Senhor!", mas que pensa, analisa, critica.
Os filósofos, como Sócrates, Platão, Popper e outros, são os amigos do saber que trazem ao mundo a arte de bem viver; e viver é ação.
Além de repórter Herculano foi durante muitos anos secretário dos Diários Associados, o homem que coordenava a manufatura do jornal.
Foi durante muitos anos crítico literário dos Diários Associados, lendo e analisando os últimos lançamentos no campo da literatura.
Como cronista da Câmara Municipal de São Paulo escrevia analisando a atuação política dos vereadores. Era respeitado por sua honestidade e capacidade de análise. Um homem que brilhava na horizontal e na vertical.
Foi um dos organizadores da Faculdade de Filosofia de Araraquara, onde trabalhou por mais de quatro anos também como professor.
Quem pensa que o grande espírito foi um sonhador, sempre com os olhos nas estrelas, está equivocado. Um homem de ação que no campo não espírita, deixou sua marca de amor, trabalho, honestidade e ação.
Realmente impressiona saber que Herculano deixou oitenta obras de valor reconhecido, inclusive prémios literários por obras não doutrinárias; os homens comuns não conseguem a quarta parte disso. Mas Herculano era acima da média e foi não só o espírita de destaque mas o homem do mundo respeitado, que viveu como o homem do mundo, na compreensão da Verdade Eterna.
Para os menos avisados que não compreenderam Herculano, vou lembrar apenas mais duas atitudes que definem o homem de ação, o filósofo, o jornalista, o escritor, o professor, o expositor espírita, o pai amoroso, o marido carinhoso, o filho responsável. Herculano fundou a Paidéia, editora sem fins lucrativos, visando a divulgação da doutrina espírita. Defendeu e deixou isso em um artigo distribuído no Congresso dos jornalistas realizado na Bahia, do qual foi patrono, de que a maior caridade é formar homens úteis, educando-os, preparando-os para a vida. Nesse artigo ele diz que não basta matar a fome, mas é preciso ensinar o indivíduo a viver, a se integrar à sociedade trancendendo-a. Lembra que os espíritas copiando atitudes comuns em outras doutrinas espiritualistas, pensam apenas em organizar instituições que atendem às necessidades primeiras do homem, matando a fome; e se esquecem que a finalidade é transformar, como diz Kardec, no Livro dos espíritos, em "Leis Morais", pela educação.
Como espírita a postura básica de Herculano foi a necessidade de fazermos do centro espírita um local onde o indivíduo se prepararia para se tornar útil à sociedade e a si mesmo. Em seu livro O centro espírita, ele é claro. Cabe ao centro agir como indutor à formação de indivíduos capazes de se tornarem transformadores sociais, agindo sobre a comunidade. Foi o homem de ação que impediu a mutilação do O evangelho segundo o espiritismo, do qual reconhecia a importância, publicando artigos esclarecedores sobre a impossibilidade de mexer em alguma obra literária; reconhece o respeito que se deve aos autores vivos ou desencarnados. Não fosse um homem de ação e não teria conseguido sustar a publicação do Evangelho adulterado.
Em várias outras ocasiões mostrou, também no meio espírita, a sua capacidade de agir rapidamente e com energia na defesa da verdade eterna, da doutrina espírita.
Com Vandik de Freitas formou um grupo de pesquisa que ia analisar, nos vários centros espíritas, os fenómenos de efeitos físicos, verificando os verdadeiros e os produtos de mistificação, e publicando isso no jornal.
Como Herculano encontrou tempo para tudo? É de admirar, quando a maioria não consegue fazer a décima parte. Mas meu pai, Herculano Pires, conseguiu ser o chefe amoroso e eficiente de uma família onde havia "dez filhos": seis cunhados que haviam perdido a mãe e quatro filhos que teve com dona Virgínia, dentre os quais eu sou orgulhosamente a segunda. Amado profundamente por todos, trabalhando durante muito tempo, ele e vovô  Ferraz, pai de minha mãe, conseguiram fazer com que  todos os que desejaram estudassem. Uma  família feliz, onde quinze eram os netos, cinco dos quais meus filhos.
É com muita tranquilidade que analiso as críticas imaturas que dirigem a Herculano Pires, desejando que esses indivíduos consigam fazer a quarta parte do que esse homem extraordinário fez em sua última encarnação. Não analisei o pai, mas o homem Herculano Pires. E concluo que ele foi um génio na arte do bem viver e na capacidade de agir sobre a sociedade tentando transformá-la para melhor.
Hoje Herculano não é mais meu pai; é um homem universal, um irmão mais velho a quem muito admiro e respeito. Realizou uma tarefa importante, como espírita e consequentemente como cidadão, desde que o espiritismo tem por função integrar o homem ao mundo.
Como homem de ação a tarefa maior de Herculano foi libertar os centros espíritas do igrejeirismo, dos rituais, da "caridade estéril", da incompreensão da finalidade da existência.
A obra de Herculano Pires aí está e quem quiser conhecer o homem, deve lê-la; não concordar com alguma ideia de Herculano é um direito; tentar apresentá-lo de forma errada é incompreensão da vida e da obra de um dos maiores vultos do espiritismo no Brasil. Podemos "crescer", sem tentar derrubar os vultos maiores, com o martelo de nossa imaturidade. Há lugar para todos nesse universo infinito; cada um pode conseguir o seu lugar, sem, como um adolescente, atacar os vultos que na realidade  ama, admira...

Publicado na edição 196 do jornal Correio Fraterno - abril 1987

Curiosidade e renovação .(..)" Há outra forma de curiosidade, bem intencionada e às vezes piedosa, não há dúvida, mas improdutiva, porque não sai da rotina, não opera qualquer mudança de ideias ou de hábitos. É o caso, por exemplo, das pessoas que vão ao centro espírita somente por causa dos guias espirituais e, por isso mesmo, toda a atenção se dirige ao médium, a ninguém mais. De certo tempo em diante, a curiosidade rotineira termina criando a "idolatria do médium" e a "devoção dos guias". E o aprendizado? E a renovação da criatura? E a mudança de hábitos? Nada. Há pessoas que frequentam centros espíritas há cinco ou dez anos, ouvindo a palavra dos guias, pedindo mensagens e comparecendo religiosamente às sessões mediúnicas, mas continuam pensando como pensavam antes: ainda têm medo de "azar", ainda acreditam no inferno, ainda fazem penitência...", (...)"certas pessoas são capazes de caminhar muitos quilômetros à procura de um médium, com chuva ou com sol quente, seja lá onde for, mas não têm a paciência nem o interesse de ficar meia hora pelo menos no recinto de um centro para ouvir uma palestra, uma elucidação doutrinária". ...

Curiosidade e renovação PDF Imprimir E-mail
Escrito por Deolindo Amorim   
Seg, 23 de Janeiro de 2012 14:07
obras bsicasDisse Allan Kardec, em relação ao espiritismo, que "o período da curiosidade já passou". Estávamos na segunda metade do século 19.
A observação de Kardec está na parte final de O livro dos espíritos – Conclusão 5. Teria passado mesmo? É a pergunta que muita gente ainda faz. Como não existe conceito absoluto na linguagem humana, devemos considerar que o período da pura curiosidade realmente já passou para aqueles que não se prendem mais à mesa mediúnica nem aos médiuns como o único ponto de interesse pelo espiritismo; mas ainda não passou para quantos ainda estão na fase inicial, durante anos a fio, consultando os mentores espirituais, sem um passo sequer no conhecimento aprofundado.
Tudo é relativo, todos sabem disto. Claro que o codificador se referia ao desenvolvimento natural do conhecimento através de etapas: primeiramente a curiosidade, o desejo de ver com os próprios olhos, a vontade incontida de falar com espíritos; depois naturalmente o raciocínio analítico, a reflexão; por fim, e pela ordem lógica, vem a convicção, a integração na doutrina. E daí por diante, não se pára mais de estudar e observar, pois a "sede de saber" não admite limitações.
Houve, de fato, um período de curiosidade, aliás necessário, e foi o período em que todas as preocupações se concentraram na parte mediúnica do espiritismo. O elemento mediúnico nunca deixou nem deixaria de ser necessário e sempre importante, mas a fixação exclusiva no fenômeno, como se não houvesse mais motivação, com o tempo cedeu lugar a outra ordem de cogitações, que se polarizaram exatamente na Doutrina e suas consequências. Um campo novo, que se abriu para muita gente no ciclo histórico das primeiras obras espíritas. E, por isso mesmo, Allan Kardec frisou muito bem: a curiosidade passou.
Claro que há curiosidade no sentido comum de apenas querer ver, sem qualquer objetivo sério, e curiosidade no sentido especial de procurar a verdade ou adquirir conhecimento. Esta última expressão de curiosidade revela bom senso e honestidade de propósitos. É, enfim, uma curiosidade que a própria doutrina espírita suscita a cada passo. Mas o que ainda se nota, em grande parte, é a curiosidade vulgar, sem a mínima preocupação de estudo ou de enriquecimento espiritual, isto é, a curiosidade dos que procuram apenas espetáculo, e nada mais. Há outra forma de curiosidade, bem intencionada e às vezes piedosa, não há dúvida, mas improdutiva, porque não sai da rotina, não opera qualquer mudança de ideias ou de hábitos. É o caso, por exemplo, das pessoas que vão ao centro espírita somente por causa dos guias espirituais e, por isso mesmo, toda a atenção se dirige ao médium, a ninguém mais. De certo tempo em diante, a curiosidade rotineira termina criando a "idolatria do médium" e a "devoção dos guias". E o aprendizado? E a renovação da criatura? E a mudança de hábitos? Nada. Há pessoas que frequentam centros espíritas há cinco ou dez anos, ouvindo a palavra dos guias, pedindo mensagens e comparecendo religiosamente às sessões mediúnicas, mas continuam pensando como pensavam antes: ainda têm medo de "azar", ainda acreditam no inferno, ainda fazem penitência. Os hábitos religiosos continuam sendo os mesmos. Isto quer dizer que não aprenderam espiritismo, não receberam ou não absorveram esclarecimentos da doutrina. Ainda permanecem na fase inicial da curiosidade comum, não deram um passo adiante, pois não apresentam qualquer mudança. É o caminho para o fanatismo. Mas o espiritismo é uma doutrina renovadora. À medida que se estuda a doutrina e que se absorve o ensino espírita, naturalmente alguma coisa começa a mudar, aos poucos: a visão da vida e das coisas, a concepção de Deus e sua suprema justiça; a noção de responsabilidade e assim por diante.
Já se disse, e não faz mal repetir, que certas pessoas são capazes de caminhar muitos quilômetros à procura de um médium, com chuva ou com sol quente, seja lá onde for, mas não têm a paciência nem o interesse de ficar meia hora pelo menos no recinto de um centro para ouvir uma palestra, uma elucidação doutrinária. No entanto, como ainda ensina Allan Kardec, que o espiritismo progrediu sobretudo desde que foi compreendido em sua "essência íntima". É realmente a essência da Doutrina, o conhecimento da doutrina que se aprende a valorizar a comunicação dos espíritos e sua significação no progresso moral. Enquanto a mesa mediúnica for apenas objeto de curiosidade ou simples motivo de devoção, não há renovação, não há progresso no conhecimento do espiritismo. Mas temos de reconhecer, finalmente, que a orientação de origem tem muita influência, sob este ponto de vista. Há centros que fazem questão de dar preferência aos trabalhos mediúnicos, como se fossem a razão de ser de sua existência, enquanto a doutrina fica em segundo plano e às vezes nem é comentada nas reuniões... Então, os frequentadores assíduos, se habituam à rotina e não entendem o espiritismo a não ser pela via mediúnica. Se é assim que entendem o espiritismo, evidentemente não se interessam pelas explanações doutrinárias. Lembro-me bem de um centro espírita, que frequentei no bairro de São Cristóvão, há muitos anos, nos primeiros contatos que tive com o espiritismo. O presidente era o médium da casa e fazia tudo: doutrinava mediunizado, dirigia o serviço de passes, cuidava das desobsessões etc. Nenhum livro da doutrina. Toda a assistência via o centro exclusivamente pela pessoa do médium. Tudo se fazia em função do médium. Tempos depois, apareceu alguém, que começou a colaborar no centro e conseguiu introduzir o estudo doutrinário, semanal. Então, ficou reservado um dia especialmente para a explanação da Doutrina. Pois bem, a maior parte da assistência, que já estava mal acostumada, reagiu desagradavelmente. Lembro-me bem, como se fosse hoje, de que certa vez um dos frequentadores, daqueles que nunca faltavam às sessões mediúnicas, ao chegar à sala, assim que viu no quadro de aviso que aquela noite seria de estudo doutrinário, voltou imediatamente e ainda falou assim, quase afrontado: "Isto não interessa!" e se foi mesmo... Em parte, alguns centros são responsáveis por essa discrepância, justamente porque não criam desde cedo o hábito do estudo, sem desprezar a parte fenomênica. O equilíbrio antes de tudo.

Texto publicado no jornal Correio Fraterno, edição 108,  dezembro de 1979

PELA REVIVESCÊNCIA DO CRISTIANISMO."Irmãos e amigos. Ainda é para o estudo e a prática do Evangelho, em sua primitiva pureza, que tereis de voltar o vosso entendimento, se quiserdes salvar da destruição o patrimônio de conquistas grandiosas da vossa civilização."

PELA  REVIVESCÊNCIA  DO  CRISTIANISMO
Emmanuel

Irmãos e amigos. Ainda é para o estudo e a prática do Evangelho, em sua primitiva pureza, que tereis de voltar o vosso entendimento, se quiserdes salvar da destruição o patrimônio de conquistas grandiosas da vossa civilização.
 
ÉPOCA DE DESOLAÇÃO
 
Tocastes a época da desolação, em que os homens não mais se compreendem uns aos outros. A morte de todos os vossos ideais de concórdia, a falência dos vossos institutos pró-paz requerem a atenção acurada da Sociologia e esta somente poderá solucionar os problemas que vos assoberbam, cheios de complexidades e transcendência, com o estudo do Evangelho do Cristo, porém, não segundo os ditames da convenção social, que há muitos séculos vem transformando o ideal de perfeição do Crucificado num acervo de exterioridades, que os homens adotaram por questões de esnobismo ou de acordo com os interesses da facção ou da personalidade.
Novos sistemas políticos, sobre as bases dos nacionalismos que vêm criando no seio dos povos a terrível autarquia, ou sobre os alicerces frágeis desse comunismo que objetiva a extinção do sagrado instituto da família, apenas correrão o orbe com a sua feição de ideologias ocas, envenenando os espíritos e intoxicando as consciências.
 
A NORMA DE AÇÃO EDUCATIVA
 
O psicólogo, o pedagogista, o formados das novas gerações, para entrarem na arena da luta a prol do aperfeiçoamento de cada individualidade sobre a Terra, terão de buscar a sua norma de ação dentro do próprio Cristianismo, em sua simplicidade inicial, se não quiserem que a Humanidade atinja a culminância dos arrasamentos e das destruições.
As religiões literalistas passaram, desdobrando com as suas filosofias, sobre a fronte da Humanidade, um manto rico de fantasias e de concepções variadas, mas baldas de essência e de espírito que lhes vivificassem os ensinamentos.
 
A FALHA DA IGREJA ROMANA
 
A Igreja Católica, amigos, que tomou a si o papel de zeladora das idéias e das realizações cristãs, pouco após o regresso do Divino Mestre às regiões da Luz, falhou lamentavelmente aos seus compromissos sagrados. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, o Cristianismo vem sendo deturpado pela influenciação dos sacerdotes dessa Igreja, deslumbrados com a visão dos poderes temporais sobre o mundo. Não valeu a missão sacrossanta do iluminado da úmbria, tentando restabelecer a verdade e a doutrina de piedade e de amor do Crucificado para que se solucionasse o problema milenar da felicidade humana.
As castas, as seitas, as classes religiosas, a intolerância do clericalismo constituíram enormes barreiras a abafarem a voz das realidades cristãs. A moral católica falhou aos seus deveres e às suas finalidades.
A Espanha atual, alimentada de catecismo romano desde a sua formação, é bem, com os seus incêndios e depredações de tudo o que fora feito, um atestado da falência dos ensinamentos ou da orientação de Roma para alcançar o desiderato do progresso coletivo e da ética social.
Não nos elícito influenciar os homens e as suas instituições. Todavia, podemos apreciar a influência das idéias sobre as massas, apreciando-lhes os resultados. É o que desejamos evidenciar, solicitando vossa atenção para o complexo de fenômenos dolorosos, de ordem social e política, que vindes observando há alguns anos. Fazendo-o, temos o objetivo de vos demonstrar a que resultado conduziu os povos a deturpação da palavra do Cristo, e a necessidade de voltar-se o raciocínio individual e coletivo para a compreensão dos deveres que dela decorrem.
 
O PROPÓSITO DOS ESPÍRITOS
 
O nosso propósito, na atualidade, é cooperar convosco pela obtenção da paz e da concórdia no seio da coletividade humana.
Agora, filhos, já não são mais os homens os donos do trabalho, os senhores absolutos da tarefa. Tomando por seus companheiros os de boa-vontade que se acham aí no planeta, buscando o aprimoramento anímico e psíquico onde aí se encontrem, são os gênios do Espaço que, sob a égide do Divino Mestre, vêm proclamar, por entre as sociedades terrenas, as consoladoras verdades, as grandiosas verdades.
Já agora, não mais se poderá abafar o ensinamento no silêncio escuro dos calabouços, porquanto uma nova concepção do direito e da liberdade felicita as criaturas.
É em razão disso que os túmulos falam, que os mortos voltam da sombra e do amontoado das cinzas, para dizer-vos que a vida é o eterno presente e que a imortalidade, dentro dos institutos da justiça incorruptível, que nos observa e julga, é um fato incontestável.
Conclamando os homens, nossos irmãos, trazemos a todos o fruto abençoado de nossas penosas existências, asseverando a cada um que o problema da paz e da felicidade está solucionado no estatuto divino. Todas as nossas atividades objetivam a revivescência do Cristianismo na Terra, de modo que um templo se levante em cada lar e um hostiário em cada coração.
Auxiliai-nos, trazendo-nos o concurso da vossa boa-vontade, de vosso querer; ajudai-nos em nossos propósitos benditos de reedificação do Templo de Jesus, de cujos altares os maus sacerdotes se descuidaram, levados pelos cantos de sereia da vaidade e dos interesses do mundo.
Que o Mestre abençoe a cada um de vós, fortalecendo-vos a fé, para que possamos com Ele, com a sua proteção e a sua misericórdia, vencer na luta em que nos achamos emprenhados.

Fonte: Livro “EMMANUEL” – Psicografia Chico Xavier – Espírito Emmanuel

AS PRETENSÕES CATÓLICAS ."a igreja não esconde o seu propósito de escravizar ainda as consciências humanas e, com os seus continuados pruridos de hegemonia sobre todos os outros cultos, revela suas fundas saudades do Santo Ofício, para algemar o pensamento dos homens às enxovias dos seus interesses."..."(...)Nenhum culto, que se prenda a Deus pela devoção e por determinados deveres religiosos, tem o direito de interferir nos movimentos transitórios do Estado, como este último não tem o direito de interferir na vida privada da personalidade, em matéria de gosto, de sentimento e de consciência, segundo as velhas fórmulas do liberalismo"..., ... Os tempos apostólicos, que ainda iluminam o coração da Humanidade sofredora, até os tempos modernos, pela sua união com o Evangelho, foram muito curtos. Não tardou que a organização dos bispos romanos preponderasse sobre todos os núcleos do verdadeiro Cristianismo, sufocando-os com as suas forças temporais. Inventaram-se todas as novidades para o ideal de simplicidade e pureza de Jesus e, desde épocas remotas, o Catolicismo é bem retrato do farisaísmo dos tempos judaicos, que conduziu o Divino Mestre á crucificação....

AS   PRETENSÕES  CATÓLICAS
 
Emmanuel
 
 
 
Achai possível e, sobretudo, conveniente que a Igreja volte a sagrar o chefe do Estado no Brasil?
Em caso afirmativo, qual a Igreja caberia essa função?
Deverá o poder da República receber a sagração de todos os cultos?
 
 
 
As perguntas acima revelam o assunto palpitante dos interesses inferiores da Igreja de Roma na América do Sul, mormente no Brasil, segundo as nossas considerações em anterior comunicado.
Motivam-nas algumas declarações feitas ultimamente por um padre católico, considerando a “origem divina do poder sobre a Terra”, tentando reconduzir o Estado às antigas bases absolutistas e teocráticas.
Decididamente, a igreja não esconde o seu propósito de escravizar ainda as consciências humanas e, com os seus continuados pruridos de hege.monia sobre todos os outros cultos, revela suas fundas saudades do Santo Ofício, para algemar o pensamento dos homens às enxovias dos seus interesses.
Em pleno século XX, fala-se na necessidade de se delatarem os crimes dos pais, dos esposos, dos irmãos; preconiza-se a devassa das instituições, dos lares e das consciências. Não será surpresa para ninguém, se os padres católicos exumarem amanhã, das cinzas da Idade Média para os dias que correm, o célebre Livro das Taxas, do tempo de Leão X, em que todos os preços do perdão para os crimes humanos estão estipulados.
 
 
 
O  CULTO  RELIGIOSO  E  O  ESTADO
 
A evolução dos códigos políticos da América do Sul deveria merecer mais respeito por parte dos elementos que se acham sob as ordens do Vaticano.
Falar-se em sagração do chefe do Estado pela Igreja Romana, aliando o direito divino às obrigações políticas, depois de tantas conquistas sociais da República, seria quase infantilidade, se isso não representasse algo de perigoso para os próprios códigos de natureza política do país.
Nenhum culto, que se prenda a Deus pela devoção e por determinados deveres religiosos, tem o direito de interferir nos movimentos transitórios do Estado, como este último não tem o direito de interferir na vida privada da personalidade, em matéria de gosto, de sentimento e de consciência, segundo as velhas fórmulas do liberalismo. Há muito tempo, os fenômenos do progresso político dos povos proscrevem essas nefastas influências religiosas sobre a política administrativa das coletividades.
 
 
 
SEMPRE  COM CÉSAR
 
Já o próprio Cristo asseverava nas suas divinas lições; - “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”
Mas, a Igreja Católica Romana jamais ocultou sua preferência pela amizade de César.
Os tempos apostólicos, que ainda iluminam o coração da Humanidade sofredora, até os tempos modernos, pela sua união com o Evangelho, foram muito curtos. Não tardou que a organização dos bispos romanos preponderasse sobre todos os núcleos do verdadeiro Cristianismo, sufocando-os com as suas forças temporais.
Inventaram-se todas as novidades para o ideal de simplicidade e pureza de Jesus e, desde épocas remotas, o Catolicismo é bem retrato do farisaísmo dos tempos judaicos, que conduziu o Divino Mestre á crucificação. Amiga dos poderosos, em todos os tempos, bastilha do pensamento livre da Humanidade que tentou a civilização cristã, é talvez, por esse motivo, que a Igreja, pela voz dos seus teólogos mais eminentes, procurou sempre revestir o poder transitório dos felizes da Terra com um caráter de divindade. Batida pela demagogia céptica de todos os filósofos e cientistas que seguiram no luminoso caminho das concepções liberais, retirada da sua posição de opressora para se transformar em instrumento humilde de outros opressores das criaturas humanas, a Igreja, na sua assombrosa capacidade de adaptação, esperou pacientemente outras oportunidades para reaquisição dos seus poderes e de suas tiranias e as encontrou dentro da mística do Estado totalitário.
 
 
Retirado do livro "Emmanuel - Dissertações Mediúnicas Sobre Importantes Questões 
Que Preocupam a Humanidade", " -  Chico Xavier/Emmanuel..