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sábado, 16 de março de 2013

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita-Livro I - Roteiro 4 - Módulo 2 A Missão de Jesus: guia e modelo da Humanidade

CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua
doutrina (a do Cristo), em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Allan
Kardec: A gênese. Cap. 17, it. 26.
• Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o
teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante
a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos
dependem toda a Lei e os profetas. (Mateus, 22:37-40) Esse ensinamento de Jesus
[...] é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres
do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal
respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que
para nós desejamos. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. 11,
item 4.
• Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para servir de guia
e modelo?
“Jesus”. Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a
Humanidade pode aspirar na Terra. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão
625.
A MISSÃO DE JESUS - GUIA E
MODELO DA HUMANIDADE
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Jesus, guia e modelo da Humanidade
Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso
sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do
Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades
planetárias.
Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos,
ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a
solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas
vezes no curso dos milênios conhecidos.
A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim
de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e
os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia
a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu
Evangelho de amor e redenção. 17
Vemos, dessa forma, a excelsitude de Jesus, o construtor da nossa moradia,
planeta destinado à nossa melhoria espiritual .
Jesus [...], com as suas legiões de trabalhadores divinos, lançou o escopo da sua misericórdia
sobre o bloco de matéria informe, que a Sabedoria do Pai deslocara do Sol para
as suas mãos augustas e compassivas. Operou a escultura geológica do orbe terreno,
talhando a escola abençoada e grandiosa, na qual o seu coração haveria de expandir-se
em amor, claridade e justiça. Com os seus exércitos de trabalhadores devotados, estatuiu
os regulamentos dos fenômenos físicos da Terra, organizando-lhes o equilíbrio futuro
na base dos corpos simples de matéria, cuja unidade substancial os espectroscópios terrenos
puderam identificar por toda a parte no universo galáxico. Organizou o cenário
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 4
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - A Missão de Jesus: guia e modelo da Humanidade
da vida, criando, sob as vistas de Deus, o indispensável à existência dos seres do porvir.
Fez a pressão atmosférica adequada ao homem, antecipando-se ao seu nascimento no
mundo [...]. Definiu todas as linhas de progresso da humanidade futura, engendrando a
harmonia de todas as forças físicas que presidem ao ciclo das atividades planetárias. 18
Por ignorar o amor de Jesus e o trabalho que vem realizando ao longo
dos milênios, em nosso benefício, permanecemos imersos em sofrimentos
atrozes.
A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na intimidade das energias que
vitalizam o organismo do Globo. Substituíram-lhe a providência com a palavra “natureza”,
em todos os seus estudos e análises da existência, mas o seu amor foi o Verbo da criação
do princípio, como é e será a coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem-fim.
[...] Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos,
podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda a Terra. Estavam
dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com essa massa gelatinosa,
nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe
sagrado dos primeiros homens. 19
Precisamos conhecer e sentir mais Jesus, estudar com dedicação os seus
ensinos, aceitar o seu jugo, divulgando a sua mensagem de amor.
Jesus, cuja perfeição se perde na noite imperscrutável das eras, personificando a sabedoria
e o amor, tem orientado todo o desenvolvimento da Humanidade terrena, enviando os
seus iluminados mensageiros, em todos os tempos, aos agrupamentos humanos e, [...]
desde que o homem conquistou a racionalidade, vem-lhe fornecendo a idéia da sua divina
origem, o tesouro das concepções de Deus e da imortalidade do Espírito, revelando-lhe,
em cada época, aquilo que a sua compreensão pode abranger. 22
Entendemos, dessa forma, por que os Espíritos Superiores afirmam ser
Jesus guia e modelo da humanidade.
Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar
na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é
a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm
aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava. 11
2. A mensagem cristã
Jesus tem por missão encaminhar a Humanidade terrestre ao bem, disponibilizando
condições para que o ser humano evolua em conhecimento e em
moralidade. «Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus,
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
somente a sua doutrina, em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento.
Por isso foi que ele disse: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será
arrancada.» 6
A vinda de Jesus foi assinalada por uma época especial. Os historiadores
do Império Romano sempre observaram com espanto os profundos contrastes
da gloriosa época de Augusto (Caio Júlio César Otávio), o primeiro imperador
romano, com os períodos anteriores e posteriores.
É que os historiadores ainda não perceberam, na chamada época de Augusto, o século do
Evangelho ou da Boa Nova. Esqueceram-se de que o nobre Otávio era também homem
e não conseguiram saber que, no seu reinado, a esfera do Cristo se aproximava da Terra,
numa vibração profunda de amor e de beleza. 13
Jesus chegou ao Planeta no reinado do sobrinho de Júlio César, Otávio,
também conhecido como Augusto César.
Acercavam-se de Roma e do mundo não mais Espíritos belicosos [...], porém outros
que se vestiriam dos andrajos dos pescadores, para servirem de base indestrutível aos
eternos ensinos do Cordeiro. Imergiam nos fluidos do planeta os que preparariam a
vinda do Senhor e os que se transformariam em seguidores humildes e imortais dos seus
passos divinos. É por essa razão que o ascendente místico da era de Augusto se traduzia
na paz e no júbilo do povo que, instintivamente, se sentia no limiar de uma transformação
celestial. Ia chegar à Terra o Sublime Emissário. Sua lição de verdade e de luz ia
espalhar-se pelo mundo inteiro, como chuva de bênçãos magníficas e confortadoras. A
Humanidade vivia, então, o século da Boa Nova. 14
A vinda do Cristo mostra que a Humanidade estava em condições de receber
ensinamentos superiores. «Começava a era definitiva da maioridade espiritual
da Humanidade terrestre, de vez que Jesus, com a sua exemplificação divina,
entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações.» 20
Jesus nasceu num momento em que o mundo estava mergulhado numa
miscelânea de idéias religiosas, predominantemente politeístas. O «[...] mundo
era um imenso rebanho desgarrado. Cada povo fazia da religião uma nova fonte
de vaidades, salientando-se que muitos cultos religiosos do Oriente caminhavam
para o terreno franco da dissolução e da imoralidade [...].» 21
O [...] Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da verdade e do amor.
Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados e todos os pecadores. Escolheu
os ambientes mais pobres e mais desataviados para viver a intensidade de suas
lições sublimes, mostrando aos homens que a verdade dispensava o cenário suntuoso
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
dos areópagos, dos fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza.
Suas pregações, na praça pública, verificam-se a propósito dos seres mais desprotegidos
e desclassificados, como a demonstrar que a sua palavra vinha reunir todas as criaturas
na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada luminosa do amor. Combateu
pacificamente todas as violências oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga com a
doutrina do esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as mais claras visões
da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe algo superior às pátrias, às
bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua palavra profunda, enérgica e misericordiosa,
refundiu todas as filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria irmanado todas as
religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o peso da iniqüidade na
balança da redenção. 21
A mensagem cristã causa impacto por ser límpida e cristalina, livre de
fórmulas iniciáticas ou de manifestações de culto externo.
Não se reveste o ensinamento de Jesus de quaisquer fórmulas complicadas. Guardando
embora o devido respeito a todas as escolas de revelação da fé com os seus colégios iniciáticos,
notamos que o Senhor desce da Altura, a fim de libertar o templo do coração
humano para a sublimidade do amor e da luz, através da fraternidade, do amor e do
conhecimento. Para isso, o Mestre não exige que os homens se façam heróis ou santos
de um dia para outro. Não pede que os seguidores pratiquem milagres, nem lhes reclama
o impossível. Dirige-se a palavra dEle à vida comum, aos campos mais simples do
sentimento, à luta vulgar e às experiências de cada dia. 32
A despeito do caráter reformador que Jesus imprimiu à Lei de Deus,
recebida mediunicamente por Moisés e conhecida como os Dez Mandamentos,
na verdade o Cristo ensinou como compreendê-la e demonstrou como
praticá-la.
Jesus não veio destruir a lei, isto é, a lei de Deus; veio cumpri-la, isto é, desenvolvê-la,
dar-lhe o verdadeiro sentido e adaptá-la ao grau de adiantamento dos homens. Por isso
é que se nos depara, nessa lei, os princípios dos deveres para com Deus e para com o
próximo, base da sua doutrina. [...] combatendo constantemente o abuso das práticas
exteriores e as falsas interpretações, por mais radical reforma não podia fazê-las passar,
do que as reduzindo a esta única prescrição: “Amar a Deus acima de todas as coisas e o
próximo como a si mesmo”, e acrescentando: aí estão a lei toda e os profetas. 1
3. Ensinamentos da mensagem cristã
A mensagem cristã nos esclarece que o «[...] Velho Testamento é o alicerce
da Revelação Divina. O Evangelho é o edifício da redenção das almas. Como tal,
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
devia ser procurada a lição de Jesus, não mais para qualquer exposição teórica,
mas visando cada discípulo o aperfeiçoamento de si mesmo, desdobrando as
edificações do Divino Mestre no terreno definitivo do Espírito.» 23
Neste sentido, é importante compreender que o Cristianismo é «[...] a
síntese, em simplicidade e luz, de todos os sistemas religiosos mais antigos,
expressões fragmentárias das verdades sublimes trazidas ao mundo na palavra
imorredoura de Jesus.» 24
Sendo assim, o cristão verdadeiro «[...] deve buscar, antes de tudo, o modelo
nos exemplos do Mestre, porque o Cristo ensinou com amor e humildade
o segredo da felicidade espiritual, sendo imprescindível que todos os discípulos
edifiquem no íntimo essas virtudes, com as quais saberão remontar ao calvário
de suas dores, no momento oportuno.» 24
Assinalamos, em seguida, alguns ensinamentos que caracterizam a
mensagem cristã, sem guardarmos a menor pretensão de termos esgotado o
assunto.
• A humildade
«A manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo,
como a dizer que a humildade representa a chave de todas as virtudes.» 19 Por
essa razão, afirmou Jesus: Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles
é o Reino dos céus. (Mateus, 5: 3)
Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é
concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito;
que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em
si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das
virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura,
e isso por uma razão muito natural: a de ser a humildade um ato de submissão a Deus,
ao passo que o orgulho é a revolta contra ele. 2
• A lei de amor
O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência,
e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. [...] E o
ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas
esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações todas
as revelações sobre-humanas. A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos
seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade,
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EADE - Roteiro 4 - A Missão de Jesus: guia e modelo da Humanidade
ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! Ditoso aquele que ama, pois não
conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiro os pés e vive como que transportado,
fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra – amor, os povos
sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo. 5
A mensagem cristã é um poema sublime de amor que Jesus trouxe à
Humanidade.
Descendo à esfera dos homens por amor, humilhando-se por amor, ajudando e sofrendo
por amor, passa no mundo, de sentimento erguido no Pai Excelso, refletindo-Lhe a vontade
sábia e misericordiosa. E, para que a vida e o pensamento de todos nós lhe retratem
as pegadas de luz, legou-nos, em nome de Deus, a sua fórmula inesquecível: - “amai-vos
uns aos outros como eu vos amei”. 31
• Amor e justiça de Deus
O amor puro é o reflexo do Criador em todas as criaturas. Brilha em tudo e em tudo
palpita na mesma vibração de sabedoria e beleza. É fundamento da vida e justiça de toda
a Lei. Surge, sublime, no equilíbrio dos mundos erguidos à gloria da imensidade, quanto
nas flores anônimas esquecidas no campo. Nele fulgura, generosa, a alma de todas as
grandes religiões que aparecem, no curso das civilizações, por sistemas de fé à procura
da comunhão com a Bondade Celeste, e nele se enraíza todo impulso de solidariedade
entre os homens. 29
A mensagem cristã reflete o amor e a justiça de Deus, daí ser importante
compreender as suas lições.
O amor, repetimos, é o reflexo de Deus, Nosso Pai, que se compadece de todos e que a ninguém
violenta, embora, em razão do mesmo amor infinito com que nos ama, determine
estejamos sempre sob a lei da responsabilidade que se manifesta para cada consciência,
de acordo com as suas próprias obras. E, amando-nos, permite o Senhor perlustrarmos
sem prazo o caminho de ascensão para Ele, concedendo-nos, quando impensadamente
nos consagramos ao mal, a própria eternidade para reconciliar-nos com o Bem, que é
a Sua Regra Imutável. [...] Eis por que Jesus, o Modelo Divino, enviado por Ele à Terra
para clarear-nos a senda, em cada passo do seu Ministério tomou o amor ao Pai por
inspiração de toda a vida, amando sem a preocupação de ser amado e auxiliando sem
qualquer idéia de recompensa. 30
• Fidelidade a Deus
Ensina-nos Jesus que a primeira qualidade a ser cultivada no coração,
acima de todas as coisas, é a fidelidade a Deus. 15
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 4 - A Missão de Jesus: guia e modelo da Humanidade
Na causa de Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. Onde o filho e o pai
que não desejam estabelecer, como ideal de união, a confiança integral e recíproca? Nós não
podemos duvidar da fidelidade de Nosso Pai para conosco. Sua dedicação nos cerca os espíritos,
desde o primeiro dia. Ainda não o conhecíamos e já ele nos amava. E, acaso, poderemos
desdenhar a possibilidade da retribuição? Não seria repudiarmos o título de filhos amorosos,
o fato de nos deixarmos absorver no afastamento, favorecendo a negação? 15
Registra o livro Boa Nova, em relação ao assunto, que Jesus aconselhou
o apóstolo André nestes termos:
André, se algum dia teus olhos se fecharem para a luz da Terra, serve a Deus com a tua
palavra e com os ouvidos; se ficares mudo, toma, assim mesmo, a charrua, valendo-te
das tuas mãos. Ainda que ficasses privado dos olhos e da palavra, das mãos e dos pés,
poderias servir a Deus com a paciência e a coragem, porque a virtude é o verbo dessa
fidelidade que nos conduzirá ao amor dos amores! 16
A fidelidade a Deus é também sinônimo de amor, prédica resumida por
Jesus, segundo atesta o registro de Mateus. (Mateus, 22:37-39)
• Amor ao próximo
O amor aos semelhantes é um dos princípios basilares do Cristianismo,
incessantemente exemplificado por Jesus. Neste sentido, nos recorda o apóstolo
João, citando Jesus, respectivamente, em sua primeira epístola e no seu
evangelho: “Amados, amemo-nos uns aos outros” (1 João, 4:7). “Nisto todos
conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João,
13:35)
Nem um só monumento do passado revela o espírito de fraternidade nas grandes civilizações
que precederam o Cristianismo. Os restos do Templo de Carnaque, em Tebas,
se referem à vaidade transitória. Os resíduos do Circo Máximo, em Roma, falam de
mentirosa dominação. As ruínas da Acrópole, em Atenas, se reportam ao elogio da inteligência
sem amor. [...] Antes do Cristo, não vemos sinais de instituições humanitárias de
qualquer natureza, porque, antes d´Ele, o órfão era pasto à escravidão, as mulheres sem
títulos, eram objeto de escárnio, os doentes eram atirados aos despenhadeiros da imundície
e os fracos e os velhos eram condenados à morte sem comiseração. Aparece Jesus,
porém, e a paisagem social se modifica. O povo começa a envergonhar-se de encaminhar
os enfermos ao lixo, de decepar as mãos dos prisioneiros, de vender mães escravas, de
cegar os cativos utilizados nos trabalhos de rotina doméstica, de martirizar os anciãos e
zombar dos humildes e dos tristes. [...] Sem palácio e sem trono, sem coroa e sem títulos,
o gênio da Fraternidade penetrou o mundo pelas mãos do Cristo, e, sublime e humilde,
continua, entre nós, em silêncio, na divina construção do Reino do Senhor. 32
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EADE - Roteiro 4 - A Missão de Jesus: guia e modelo da Humanidade
É por essa razão que Jesus indica quais são os mandamentos mais importantes
da sua Doutrina: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração,
e de toda tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como
a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
(Mateus, 22:37-40)
Entendemos, assim, que esse ensino de Jesus representa «[...] é a expressão
mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem
para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito,
que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós
desejamos.» 4
• O reino de Deus
Afirma Jesus: “O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem
dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós”.
(Lucas, 17:20-21)
Exegetas e teólogos, historiadores e pensadores, estudiosos e simples leitores, em significativa
maioria, parecem concordarem em que a pregação de Jesus gira em torno da
noção básica do Reino de Deus, que ele estabelece como meta a atingir, objetivo pelo
qual devem convergir todos os esforços, sacrifícios, renúncias e anseios. O caminho para
o Reino de Deus não é largo, amplo e fácil, contudo: é estreito e difícil. O instrumento
para sua realização é o amor a Deus e ao próximo, tanto quanto a si mesmo, um amor
total, universal, paradoxalmente uma extensão modificada do egoísmo, uma transcendência,
uma sublimação do egoísmo, pois amando aos outros tanto quanto amamos a
nós mesmos, estaremos doando o máximo, em termos humanos, tão poderosa é a força
da auto-estima em nós. Acima disso – “de todas as coisas” – disse ele – só o amor de
Deus. Esse programa, o roteiro, a metodologia que nos levam à conquista do Reino, que
– outro paradoxo – está em nós mesmos. Podemos, portanto, dizer que há duas tônicas,
duas dominantes, como objetivo da vida e a prática do amor como programa para essa
busca, como seu instrumento e veículo. 12
• A necessidade do perdão
Aproximando Pedro de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, até quantas vezes
pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse:
Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete.” (Mateus, 18: 21-22)
O [...] ódio e o rancor denotam alma sem elevação, nem grandeza. O esquecimento das
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ofensas é próprio da alma elevada, que paira acima dos golpes que lhe possam desferir.
Uma é sempre ansiosa, de sombria suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda
mansidão e caridade. [...] Há, porém, duas maneiras bem diferentes de perdoar: uma,
grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem pensamento oculto, que evita, com
delicadeza, ferir o amor-próprio e a suscetibilidade do adversário, ainda quando este
último nenhuma justificativa possa ter; a segunda é a em que o ofendido, ou aquele que
tal se julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de um perdão
que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor, não o faz com benevolência,
mas com ostentação, a fim de poder dizer a toda gente: vede como sou generoso! Nessas
circunstâncias, é impossível uma reconciliação sincera de parte a parte. Não, não há aí
generosidade; há apenas uma forma de satisfazer ao orgulho. 3
Vemos, assim que o perdão é, uma necessidade humana, caminho seguro
da felicidade.
Para a convenção do mundo, o perdão significa renunciar à vingança, sem que o ofendido
precise olvidar plenamente a falta do seu irmão; entretanto, para o espírito evangelizado,
perdão e esquecimento devem caminhar juntos, embora prevaleça para todos os instantes
da existência a necessidade de oração e vigilância. 26
• O valor da oração
Lembra-nos Jesus: “Por isso, vos digo que tudo o que pedirdes, orando,
crede que o recebereis e tê-lo-eis. E, quando estiverdes orando, perdoai, se
tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos
perdoe as vossas ofensas.” (Marcos, 11: 24-25)
Orienta também Jesus: “E quando orardes, não sejas como os hipócritas,
pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para
serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta,
ora a teu Pai, que vê o que esta oculto; e teu Pai que vê o que está oculto, te
recompensará. E orando, não useis vãs repetições, como os gentios, que pensam
que, por muito falarem, serão ouvidos.” (Mateus, 6: 5-7)
Jesus nos ensina como orar, dizendo: “Pai Nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Seja feita a tua vontade, tanto
na terra, como no céu. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as
nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E não nos
induzas à tentação, mas livra-nos do mal.” (Mateus, 6: 9-13.)
«A oração é divino movimento do espelho de nossa alma no rumo da
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Esfera Superior, para refletir-lhe a grandeza.» 26
Orar é identificar-se com a maior fonte de poder de todo o Universo, absorvendo-lhe as
reservas e retratando as leis da renovação permanente que governam os fundamentos da
vida. A prece impulsiona as recônditas energias do coração, libertando-as com as imagens
de nosso desejo, por intermédio da força viva e plasticizante do pensamento, imagens essas
que, ascendendo às Esferas Superiores, tocam as inteligências visíveis ou invisíveis que
nos rodeiam, pelas quais comumente recebemos as respostas do Plano Divino, porquanto
o Pai Todo-Bondoso se manifesta igualmente pelos filhos que se fazem bons. A vontade
que ora, tange o coração que sente, produzindo reflexos iluminativos através dos quais
o espírito recolhe em silêncio, sob a forma de inspiração e socorro íntimo, o influxo dos
Mensageiros Divinos que lhe presidem o território evolutivo, a lhe renovarem a emoção
e a idéia, com que se lhe aperfeiçoa a existência. 28
Os Ensinamentos de Jesus representam, pois, «[...] a pedra angular, isto
é, a pedra de consolidação do novo edifício da fé, erguido sobre as ruínas do
antigo.» 7
Sendo assim, chegará o dia em que estas palavras do Cristo se cumprirão:
“Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém
agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.” 8
(João, 10:16)
Por essas palavras, Jesus claramente anuncia que os homens um dia se unirão por uma
crença única; mas, como poderá efetuar-se essa união? Difícil parecerá isso, tendo-se
em vista as diferenças que existem entre as religiões, o antagonismo que elas alimentam
entre seus adeptos, a obstinação que manifestam em se acreditarem na posse exclusiva
da verdade. [...] Entretanto, a unidade se fará em religião, como já tende a fazer-se socialmente,
politicamente, comercialmente, pela queda das barreiras que separam os povos,
pela assimilação dos costumes, dos usos, da linguagem. Os povos do mundo inteiro
já confraternizam, como os das províncias de um mesmo império. Pressente-se essa
unidade e todos a desejam. Ela se fará pela força das coisas, porque há de tornar-se uma
necessidade, para que se estreitem os laços de fraternidade entre as nações; far-se-á pelo
desenvolvimento da razão humana, que se tornará apta a compreender a puerilidade de
todas as dissidências; pelo progresso das ciências, a demonstrar cada dia mais os erros
materiais sobre que tais dissidências assentam e a destacar pouco a pouco das suas fiadas
as pedras estragadas. Demolindo nas religiões o que é obra dos homens e fruto de sua
ignorância das leis de Natureza, a Ciência não poderá destruir, mau grado à opinião de
alguns, o que é obra de Deus e eterna verdade. Afastando os acessórios, ela prepara as
vias para a unidade. A fim de chegarem a esta, as religiões terão que encontrar-se num
terreno neutro, se bem que comum a todas; para isso, todas terão que fazer concessões e
sacrifícios mais ou menos importantes, conformemente à multiplicidade dos seus dogmas
particulares. 9 No estado atual da opinião e dos conhecimentos, a religião, que terá de
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EADE - Roteiro 4 - A Missão de Jesus: guia e modelo da Humanidade
congregar um dia todos os homens sob o mesmo estandarte, será a que melhor satisfaça
à razão e às legítimas aspirações do coração e do espírito; que não seja em nenhum ponto
desmentida pela ciência positiva; que, em vez de se imobilizar, acompanhe a Humanidade
em sua marcha progressiva, sem nunca deixar que a ultrapassem; que não for nem
exclusivista, nem intolerante; que for a emancipadora da inteligência, com o não admitir
senão a fé racional; aquela cujo código de moral seja o mais puro, o mais lógico, o mais
de harmonia com as necessidades sociais, o mais apropriado, enfim, a fundar na Terra
o reinado do Bem, pela prática da caridade e da fraternidade universais. 10
111
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 1, item 3, p. 58.
2. ______. Cap. 7, item 2, p.146-147.
3. ______. Cap. 10, item 4, p. 186-187.
4. ______. Cap. 11, item 4, p. 203.
5. ______. Item 8, p. 205.
6. ______. A gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 50. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 17, item 26, p. 432.
7. ______. Item 28, p. 433.
8. ______. Item 31, p. 436.
9. ______. Item 32, p. 436-437.
10. ______. p. 437-438.
11. ______. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 88. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006, questão 625, comentário, p. 346
12. MIRANDA, Hermínio C. Cristianismo: a mensagem esquecida. 1. ed. Matão
[SP]: O Clarim, 1988. cap. 12 (Cristianismo e a doutrina de Jesus), p. 294.
13. XAVIER, Francisco Cândido. Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos.
33. ed. Rio de Janeiro, 2005. Cap. 1 (Boa nova), p. 17-18.
14. ______. p. 18.
15. ______. Cap. 6 (Fidelidade a Deus), p. 44.
16. ______. p. 48.
17. ______. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 33. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 1 (A gênese planetária), item: A comunidade dos espíritos
puros, p. 17-18.
18. ______. Item: O divino escultor, p. 21-22.
19. ______. Item: O verbo na criação terrestre, p. 22-23.
20. ______. Cap. 12 (A vinda de Jesus), item: A manjedoura, p. 105.
21. ______. Item: A grande lição, p. 107-108.
22. ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2005. Cap. 2 (A ascendência do evangelho), p. 25.
23. ______. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2005, questão 282, p.168.
24. ______. Questão 286, p. 169.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 4 - A Missão de Jesus: guia e modelo da Humanidade
112
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
25. ______. Questão 293, p. 172.
26. ______. Questão 340, p. 193.
27. ______. Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 15. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2005. Cap. 26 (Oração), p. 119.
28. ______. p. 121-122.
29. ______. Cap. 30 (Amor), p. 136-137.
30. ______. p. 138-139.
31. ______. p. 139.
32. ______. Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
Cap. 13 (A mensagem cristã), p. 59.
33. ______. Segue-me. Pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. 1. ed. Matão [SP]: O
Clarim, 1992. Item: Fraternidade, p. 135-136.
EADE - Roteiro 4 - A Missão de Jesus: guia e modelo25. ______. Questão 293, p. 172.

sexta-feira, 15 de março de 2013

A IGREJA UNIVERSAL

A IGREJA UNIVERSAL
"Quem diz o povo ser o Filho do homem?" Responderam os discípulos: Uns dizem João Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou algum dos profetas que ressuscitou. E vós, quem dizeis que eu sou? Retruca Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és, Simão Bar-Jonas, pois que não foi a carne nem o sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro (rocha) e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; e o que ligares sobre a terra será ligado nos céus; e o que desligares sobre a terra será desligado nos céus... Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que lhe era necessário ir a Jerusalém e padecer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia. Pedro, então, chamando-o aparte, começou a repreendê-lo, dizendo: Deus tal não permita, Senhor; isso de modo nenhum acontecerá. Mas Ele, voltando, disse a Pedro: Arreda de diante de mim, Satanás; tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens". — S. Mateus, cap. XVI, vs. 13 a 23.

Os homens, em geral, não tinham a respeito de Jesus e de sua missão uma idéia clara e verdadeira. Supunham-no um profeta dotado de poderes maravilhosos, para libertar Israel do domínio Romano. Os próprios discípulos alimentavam,
mais ou menos, esse mesmo conceito. Entretanto, era necessário que eles soubessem a verdade acerca do seu Mestre. Daí a interpelação de Jesus: "vós quem dizeis que eu sou?".

Pedro, médium, como aliás eram os demais apóstolos, cada qual, porém, com seu temperamento particular, retruca, impelido pelos agentes espirituais: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Em tal importava o que Jesus visara, isto é, que os discípulos tivessem conhecimento positivo de sua origem e de sua missão. Satisfeito, pois, com o resultado daquela revelação, da qual Pedro fora o instrumento, disse-lhe: "Bem-aventurado és, Simão Bar-Jonas, pois não foi a carne nem o sangue quem to revelou, mas meu pai que está nos céus. Eu também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela, etc.".

Perguntamos, agora, nós: sobre que base ou fundamento Jesus prometeu edificar a sua igreja? É claro que foi sobre a revelação obtida através de Pedro, e não sobre este, com todas as suas fraquezas. Aquela atitude enérgica, assumida logo após pelo Mestre, quando Pedro, sempre como médium, procura dissuadi-lo do desempenho de sua missão, comprova nossa assertiva: — Sai de diante de mim. Satanás... — O Satanás não era Pedro, mas os elementos do espaço que o haviam tomado no momento. Ora, é óbvio que sobre os frágeis ombros humanos Jesus jamais pensou em apoiar as colunas da sua igreja. Prometeu, sim, solenemente, fundá-la sobre a revelação, isto é, sobre as verdades que as revelações anunciam através do mediunismo, ou profetismo, como então se dizia.
A Verdade é a rocha inabalável, contra a qual não prevalecem as forças do mal. As várias formas de mediunidade representam as chaves do reino dos céus, porque é mediante o seu concurso que se torna possível ao homem, chumbado à terra, penetrar os arcanos celestiais. É ainda a Verdade alcançada através das revelações, que liga ou desliga na terra como nos céus, visto que a Verdade é sempre a mesma, manifeste-se neste ou em qualquer outro plano da vida. Pedra ou rocha é símbolo da verdade revelada. Pedro foi, apenas, o intermediário humano da revelação do céu, no que respeita à pessoa inconfundível de Jesus, o Cristo de Deus.

É natural que os credos terrenos não vejam, ou não queiram ver, a realidade do que expomos. A revelação não pode constituir objeto de propriedade particular, como não se circunscreve a este ou àquele grupo de indivíduos, a esta ou àquela escola. A revelação é soberana, é livre, vem de cima, cai como o orvalho da manhã sobre os corações visados pelas Virtudes do Céu. A revelação é um fenômeno que se opera à revelia do homem, que não se acha adstrita às veleidades e aos interesses de classes e partidos religiosos.

Ela impera e reina acima dos homens, pairando sobre suas paixões. Daí por que, como o próprio Jesus, é a pedra rejeitada. Nada obstante, é sobre essa rocha que o Filho de Deus afirmou, de modo insofismável, erguer a sua igreja. É o que os fatos testemunham, conforme vamos provar cabalmente.

A palavra de Jesus não ficou em promessa: cumpriu-se já inteiramente. Edificarei a minha igreja. O verbo foi empregado no futuro. Se Ele se referisse a Pedro, a sua igreja teria sido fundada naquele momento mesmo. Mas só o foi posteriormente. Quando? Abra-se o livro dos Atos, cap. II, e veja-se o que contém:

"Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam os apóstolos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um ruído, como de impetuoso vento, que encheu toda a sala onde estavam sentados. E apareceram umas como línguas de fogo, as quais se distribuíram, para repousar sobre cada um deles; e todos ficaram cheios do Espírito e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.
Achavam-se em Jerusalém judeus, homens religiosos de todas as nações debaixo do céu: e quando, então, se ouviu o ruído, ajuntou-se ali a multidão e ficou pasmada, pois que cada um os ouviu falar na sua própria língua. E assim maravilhados e atônitos, perguntavam: Não são galileus estes homens? Como os ouvimos falar cada um na língua de nosso nascimento? partos, medos, elamitas e os naturais de mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Frigia, Pamfília, Egito, Líbia e Cirene; forasteiros, romanos, cretenses e arábes como estamos ouvindo falar em nossas línguas as coisas de Deus? Que quer isto dizer? Alguns, porém, zombando, diziam: Estão cheios de mosto (bêbados).

Mas Pedro, estando em pé, ao lado dos onze, tomou a palavra e disse: Homens da Judéia, todos os que vois achais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e prestai ouvidos às minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como supondes, visto que é a hora terceira (9 horas) do dia. Cumpre-nos o que dissera o profeta Joel: E acontecerá nos últimos, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre a carne; e vossos filhos e filhas profetizarão; vossos mancebos terão visões, e sonharão vossos anciãos.. . Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão a junto a vós com poderes, prodígios e sinais, que Deus fez por meio d'Ele entre vós, conforme vós mesmos sabeis, sendo Ele entregue pelo determinado concelho e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos iníquas; ao qual Deus ressuscitou, desatando os laços da morte, pois não era possível que fosse por ela retido... Exaltado, pois, pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito, derramou o que vedes e ouvis.Fique, pois, certa toda a casa de Israel de que a este Jesus, Deus o fez Senhor e Cristo.

Ouvindo eles estas palavras, compumgiram-se em seus corações e perguntaram a Pedro e aos apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: arrependeis-vos e cada um de vós seja batizado em nome remissão de vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós é a promessa, e para todos os que estão longe, a quantos chamar o Senhor, nosso Deus. E com muitas outras palavras dava testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.

E os que, então, receberam a sua palavra foram batizados, e admitidas naquele dia quase três mil pessoas; e perseveravam na doutrina dos apóstolos partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor e muitos milagres eram feitos pelos apóstolos. E todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam as suas propriedades e bens e os repartiam por todos, conforme a necessidade de cada um. E diariamente, perseverando unânimes no templo e partindo pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E todos os dias acrescentava-lhes o Senhor os que se iam salvando".

Eis aí como se cumpriu a promessa que Jesus fizera a Pedro, de fundar a sua igreja sobre a revelação.
Esse mesmo apóstolo, sob ação mediúnica, tomou a palavra no meio dos seus companheiros de ministério, falando e exortando o povo. Este, influenciado pelas milícias celestes, sentiu-se profundamente tocado em seu coração, indagando: Que faremos, irmãos? Arrependei-vos, prosseguiu Pedro, e batizai-vos em nome de Jesus Cristo, pois, assim participareis também do dom do Espírito. Aqueles que sinceramente se achavam compungidos se apresentaram ao batismo, sendo, de início, admitidas na igreja cristã, recém-criada, quase três mil pessoas.
É de notar-se que a mediunidade poliglota aparece entre os apóstolos pela primeira vez. E porque essa e não outra modalidade qualquer? Para que a igreja cristã tivesse o caráter de universalidade que lhe é próprio e dela inseparável.

E não teria sido essa mesma falange de Espíritos de luz que, quase XX séculos depois, transmitiu a Kardec a 3ª. Revelação, condensada nas monumentais obras espíritas? Quem é o Espírito da Verdade, autor da vibrante e sensibilizadora mensagem dirigida ao compilador da Doutrina, reportando-se à ação das Virtudes do Céu que caem sobre a terra como estrelas refulgentes? Não será o Espiritismo o desdobramento natural do Cristianismo, tendo como apóstolos os Espíritos componentes daquela mesma milícia celestial que agiu no dia de Pentecostes, na fundação da igreja viva de Jesus Cristo, cuja sede está em toda parte onde se acharem congregados dois ou três corações em seu nome?

Quem tiver olhos de ver, veja.
Vinícius

INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DO ADOLESCENTE

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INFLUÊNCIA DA MÍDIA NO PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO DO ADOLESCENTE
Em um mundo que, a cada instante, apresenta mudanças significativas, o processo de identificação do adolescente faz-se mais desafiador, em razão das diferenças de padrões éticos e comportamentais.
Os modelos convencionais, vigentes, para ele, são passíveis de críticas, em razão do conformismo que predomina, e aqueles que são apresentados trazem muitos conflitos embutidos, que perturbam a visão da realidade, não sendo aceitos de imediato.
Tudo, em torno do jovem, caracteriza-se por meio de formas de inquietação e insegurança.
No lar, as imposições dos pais, nem sempre equilibrados, direcionados por caprichos e interesses, muitas vezes, mesquinhos, empurram o jovem, desestruturado ainda, para o convívio de colegas
igualmente imaturos. Em outras circunstâncias, genitores irresponsáveis transferem os deveres da
educação a funcionários remunerados, ignorando as necessidades reais dos
filhos, e apresentando-se mais como fornecedores de equipamentos e recursos para a existência, do que pessoas afetuosas e interessadas na sua felicidade, dão margem a sentimentos de rancor ou de imediatismo contra a sociedade que eles representam. Ademais, nas famílias conflituosas, por dificuldades financeiras, sociais e morais ou todas simultaneamente, o adolescente é
obrigado a um amadurecimento precipitado, direcionando o seu interesse exclusivamente para a sobrevivência de qualquer forma, em considerando a situação de miséria na qual moureja.
Eis aí um caldo de cultura fértil para a proliferação de desequilíbrios, expressando-se nos mais variados conflitos, que podem levar à timidez, ao medo, às fugas terríveis ou à agressividade, ao des respeito dos padrões éticos que o jovem não compreende, porque não os vivenciou
e deles somente conhece as expressões grosseiras, decorrentes das interpretações doentias
que lhes são apresentadas.
A soma de aflições que o assalta é grande, aturde-o, trabalhando a sua mente para os estereótipos convencionais de desgarrados, indiferentes, rebeldes, dependentes, que encontra em toda parte,
e cujo comportamento de alguma forma lhe parece atraente, porque despreocupado e vingativo contra a sociedade que aprende a desconsiderar.
Nesse contubérnio de observações atormentadas, a mídia, desde os primeiros dias da sua infância, vem exercendo sobre ele uma influência marcante e crescente.
De um lado, no período lúdico, ofereceu-lhe numeros os mitos eletrônicos, agressivos e cruéis em nome do mal que investe contra o bem, representados por outros seres de diferentes planetas que pretendem salvar o universo, utilizando-se, também, da violência e da astúcia, em guerras de extermínio total. Embora a prevalência do ídolo representativo do bem, as imagens
alucinantes do ódio, da perversidade e das batalhas intérminas plasmam no inconsciente da criança mensagens de destruição e de rancor, de medo e de insegurança, de fascínio e interesse por essas personagens míticas que, na sua imaginação, adquirem existência real.
Outros modelos da formação da personalidade infantil, apresentados pela mídia, têm como característica a beleza física, que vem sendo utilizada como recurso de crescimento econômico e profissional, quase sempre sem escrúpulos morais ou dignidade pessoal. O pódio da
fama é normalmente por eles logrado a expensas da corrupção moral que vice ja em determinados
arraiais dos veículos da comunicação de massa. É inevitável que o conceito de dignidade humana e pessoal, de harmonia íntima e de consciência seja totalmente desfigurado, empurrando o jovem para o campeonato da sensualidade e da sexualidade promíscua, em cujo campo pode surgir
oportunidade de triunfo... triunfo da aparência, com tormentos íntimos sem conta.
A grande importância que é dada pela mídia ao crime , em detrimento dos pequenos espaços reservados à honradez, ao culto do dever, do equilíbrio, estimula a mente juvenil à aventura pervertida, erguendo heróis-bandidos, que se celebrizam com a rapidez de um raio, que ganham
somas vultosas e as atiram fora com a mesma facilidade, excitando a imaginação do adolescente.
Ainda, nesse capítulo, a super-valorização de determinados ídolos dos esportes, de algumas artes, embora todos sejam dignos de consideração e respeito, proscrevem o interesse pelos estudos e pe
la cultura, pelo trabalho honesto e sua continuidade, deixando a vã perspectiva de que vale a pena
investir toda a existência na busca desses mecanismos de promoção que, mesmo alcançados tardiamente, compensam toda uma vida terrena. Esse paradoxo de valores, naturalmente, afeta-lhe o comportamento e a identidade.
É evidente que a mídia também oferece valiosos instrumentos de formação da personalidade, da conquista de recursos saudáveis, de oportunidades iluminativas para a mente e engrandec
edoras para o coração.
Lamentável, somente, que os espaços reservados ao lado ético e dignificante do pensamento humano, próprio para a formação da identidade nobre dos adolescentes, sejam demasiado pequenos e nem sempre em forma de propostas atraentes, na televisão, por exemplo e
m horários nobres e compatíveis, como um eficiente contributo para a ap
rendizagem superior.
As emoções fortes sempre deixam marcas no ser humano, e a mídia é, essencialmente, um veículo de emoções, particularmente no seu aspecto televisivo, consoante se informa que uma imagem val
e mais que milhares de palavras, o que, de certo, é verdade. Por isso mesmo, a sua influência na
formação e na estruturação da personalidade, da identidade do jovem é relevante nestes dias de comunicação rápida.
As cenas de violência, associadas às de deboche, às de supervalorização de indivíduos exóticos e condutas reprocháveis, de palavreado chulo e de aparência vulgar ou agressiva, com aplauso para a idiotia em caricatura de ingenuidade, despertam, no adolescente, por originais e perversas, um grande interesse, transformando-se em modelos aplaudidos e aceitos, que logo se
tornam copiados.
É até mesmo desculpável que, na área dos divertimentos, apresentem-se esses biótipos estranhos e alienados, mas sem que sejam levados à humilhação, ao ridículo... O desconcertante é que e
nxameiam por todos os lados e alguns deles se tornam líderes de auditórios, vendendo incontável
número de cópias das suas gravações e cerrando os espaços que poderiam ser ocupados por outros valores morais e culturais, que ficam à margem, sem oportunidade.
Falta originalidade nos modelos de comunicação, que se vêm repetindo há décadas, assinalados pelos mesmos conteúdos de vulgaridade e insensatez, mantendo a cultura em baixo nível de de
senvolvimento.
Essa influência perniciosa, que a mídia vem exercen do nos adolescentes, qual ocorre com os adultos e crianças também, estimulando-os para o lado mais agitado e perturbador da existência humana, pode alterar-se para a edificação e o equilíbrio, na medida que a criatura
desperte para a construção da sociedade do porvir, cuidando da juventude de to
das as épocas, na qual repousam as esperanças em favor da humanidade mais
feliz e mais produtiva.

Livro: Adolescência e Vida
Joana de Angelis-Divaldo Franco

quarta-feira, 13 de março de 2013

Vida e Valores ( A missão da maternidade )

Vida e Valores (A missão da maternidade)

Que mistério é esse que envolve as mães?

Eis uma pergunta difícil de explicar. Não existe uma única criatura no mundo que não haja experimentado o envolvimento de sua mãe.

Seja um envolvimento positivo, amoroso, seja um envolvimento lamentável, doentio, patológico. Mas, ninguém escapa da presença da mãe.

Alguém pode nascer sem a presença do pai, mas é impossível alguém nascer no mundo sem a presença da mãe.

A mãe é essa criatura tão especial que, muitas vezes, atormenta a vida dos filhos, desejosa de impulsionar as suas vidas.

Muitas vezes abafa o filho, querendo protegê-lo.Quanto é importante essa figura no mundo!

 Em O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ele pergunta aos seres espirituais qual é a missão mais importante dentre aquelas que Deus concedeu aos homens na Terra. Os Imortais respondem a Allan Kardec que a missão mais importante é a da mulher. E complementam – porque é ela que educa o homem.

Quando pensamos nisso, verificamos a importância da mulher consciente, quando ela tem esse apercebimento do seu papel e essa certeza de sua influência, porque não há uma única mãe que não exerça influência sobre seus filhos.

Podemos mesmo ousar e dizer que, como base de todo o bruto, de todo o homem grotesco que houve na Humanidade, havia a figura de uma mulher, sua mãe.

Porque foi ela que fez com que ele não levasse desaforos para casa, foi ela que o ensinou a devolver agressão com agressão, ensinou-o a ser egoísta.

Mas, por baixo da história de todo santo, de todo missionário, de toda criatura do bem, existe a figura de uma mulher, de sua mãe.

Foi ela que disse: Meu filho, quando um não quer, dois não brigam. Meu filho, é melhor um covarde vivo do que um corajoso morto. Meu filho, venha lavar em casa os problemas da rua, porque em casa você encontrará amor. Roupa suja, meu filho, se lava em casa.

Assim, encontramos mães que criaram seus filhos para cima, e mães que empurraram seus filhos para baixo.

Encontramos aquelas que sabem que seus filhos não lhes pertencem, sabem que seus filhos são filhos de Deus essencialmente, são filhos da vida e que para a vida elas os deverão educar.

Há outras que supõem que eles sejam seus pertences, inoculam neles as suas fragilidades, os seus medos, os seus temores, seus pontos de vista.

Aí, começarmos a pensar na trajetória da mãe sobre o mundo, quando ela tiver essa consciência do seu papel junto aos filhos, quando ela admitir que serão seus filhos os professores de amanhã, os médicos, os advogados, os juízes, os políticos.

Quando ela admitir que serão seus filhos que administrarão as cidades, os Estados, os países, que responsabilidades terão em suas mãos, ela própria se tratará melhor, para que não tenha a cabeça infernizada por complexos de culpa, por conflitos e possa passar para os seus filhos esse respeito à vida, esse respeito aos outros.

Jamais essas mães ensinarão aos seus filhos que têm que respeitar os mais velhos, mas ensinarão aos seus filhos que eles têm que respeitar a todo o ser humano, a todo ser vivente. Ensinarão os filhos a amar os vegetais, a proteger as florestas, começando a cuidar dos jardins em casa. Ensinarão o respeito aos animais.

Quem começa das coisas simples, terá capacidade de realizar as coisas complexas.

Ah, mulher mãe! Que mistérios envolverão a sua figura?

*   *   *

A missão da mulher é uma missão misteriosa, porque ela consegue penetrar a alma do seu filho, consegue conhecer seu filho como ninguém.

Se pararmos para pensar, a mulher passa nove meses lunares carregando nas entranhas o seu rebento, nove meses em que ela faz um curso de especialização em percepção fluídica, em percepção psíquica.

Ela capta as emissões do seu feto, do seu filho ainda feto e as interpreta, como qualquer sensitivo interpretaria uma influenciação espiritual sobre seu psiquismo.

É dessa interpretação, das emissões do filho reencarnante que nascem os famosos desejos da mulher durante a gravidez. É a interpretação que ela faz do que está sentindo.

Nem sempre são verdadeiras as interpretações, como nem sempre as criaturas transmitem corretamente aquilo que recebem dos seres espirituais. O fenômeno é o mesmo.

Podemos afirmar que a gravidez corresponde ao período de maior transe mediúnico de que se tem notícia. São nove meses em que a mulher mãe filtra o psiquismo de seu filho. São nove meses em que ela projeta sobre ele seu próprio psiquismo.

Tanto ele conhece a sua mãe intimamente, tanto ela conhece seu filho como ninguém.

A mãe conhece os filhos pelo andar deles, pelo modo deles respirarem, pelo modo de olharem. Ela conhece seu filho.

Jamais um filho se esconderá de sua mãe porque ela conhece suas emissões, seus fluidos, seu psiquismo.

Do mesmo modo, jamais uma mãe se esconderá do seu filho. Ele consegue ler na sua mãe se ela está contente, se ela está triste, se ela está feliz, se ela está aborrecida. Ele consegue ler sem que ela diga nada, por causa dessa habitualidade em conviver um com o outro, com essa intimidade visceral.

As nossas mães são aquele instrumento de que Deus lançou mão para que Ele se manifestasse na Terra, enviando-nos à Terra através delas.

A mulher rica, a mulher inteligente, intelectual quanto a mulher pobre, a mulher simples e ignorante têm a mesma habilidade para ser mãe. Toda mulher, psiquicamente, nasce com essa estrutura para a maternidade.

Às vezes, elas não conseguem ser mães de filhos carnais, mas  são mães dos sobrinhos, são mães dos irmãos mais novos, são mães de todas as crianças que se lhes acerquem, porque é da mulher esse instinto da maternidade, ainda que não tenha seus próprios filhos carnais.

Verificamos que há um mistério notável na maternidade, e esse mistério se chama amor.

Esse amor que vem se desenvolvendo do instinto para a razão. É esse amor, nas devidas dimensões, que faz o ninho entre os irracionais, que faz com que a galinha guarde seus pintainhos sob as asas, que faz com que os felinos lambam suas crias, que faz com que os pássaros ponham na boca dos seus filhotes o alimento que trouxeram no seu próprio estômago.

É isso que se desenvolveu ao longo dos milênios e explodiu cá em cima na coroa humana e recebeu o nome de amor de mãe, profundamente irracional.

A mãe ama seu filho independentemente do que ele seja, de quem ele seja.

O maior santo recebe o amor de sua mãe, o maior vilão, o mais espúrio dos seres recebe o amor de sua mãe.

Em todas as cadeias públicas, nos dias de visita, pode faltar a esposa, o filho, o amigo, nunca a mãe. Ela estará sempre lá, amando seu filho, na felicidade ou na desdita, na alegria ou na tristeza. Porque ser mãe é de fato trazer uma proposta de Deus para aliviar as lutas do mundo.

Enquanto Deus mandar à Terra Seus filhos no seio das mulheres-mães é porque Ele ainda confia no progresso da Humanidade.

  Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 147,
apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da
 Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em
abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20,
Curitiba, no dia 10 de maio de 2009.
Em 06.08.2009.
   

Vida e Valores (Amai-vos e instruí-vos)

Vida e Valores (Amai-vos e instruí-vos)

Não é difícil prestar atenção no fato de que um dos grandes tormentos da atualidade, como de todos os tempos do mundo, chama-se ignorância. Todas as vezes que nos deixamos conduzir pela ignorância ou que alguém mergulha nesse pântano da ignorância, é natural que muitas coisas ficarão a dever, muitas coisas se perderão e outras tantas se confundirão.
A ignorância é uma das piores tragédias que pode acontecer à alma humana. Por isso, nessa gama de obstáculos, na nossa vivência social, o desconhecimento, o não saber tem provocado os mais tremendos e horrendos fenômenos sócio-morais. Quando pensamos na ignorância, nos damos conta de que os nobres Mensageiros da Humanidade, aqueles que têm a incumbência de nos inspirar espiritualmente e que, em todos os povos têm trazido as mensagens das regiões ignotas do amor e da paz, nos ensinaram que seria importante adotarmos dois mandamentos. Mandamentos, instruções, proposições, como quisermos.
O primeiro desses mandamentos: Amai-vos; o segundo, Instruí-vos. Quando pensamos nesta dualidade: Amai-vos e instruí-vos, certamente que passamos a imaginar a instrução acadêmica. Cada criatura deveria fazer cursos acadêmicos. É importante que a gente estude. Importantíssimos são os cursos acadêmicos quando bem feitos, quando com bons propósitos. Eles penetram nosso cérebro e nos ajudam a ser pessoas úteis na sociedade.
Mas, essa instrução que os nobres Espíritos nos levam não é somente a instrução acadêmica. É a instrução reflexão. Criarmos o hábito de pensar nas coisas, criarmos o hábito de questionar as coisas, de indagar para entender melhor.
Quantas vezes vivemos numa rua,  anos a fio e, à frente do nosso portão ou do nosso prédio existe uma árvore, que  nunca tivemos a preocupação de saber que árvore é aquela. Como é que se chama? A que família pertence? Ela é capaz de rachar a calçada ou não? É uma leguminosa ou não? É uma dicotiledônia? Parecem palavrões esses nomes, mas fazem parte das classificações dos vegetais.
É muito importante que pensemos nisso. Às vezes, moramos num lugar e  há uma grande praça ou  uma pequena praça, da qual nunca soubemos o nome. Não nos interessamos! A  ignorância se alimenta no desinteresse, a ignorância faz festa na desatenção. É por isso que se torna importantíssimo que  nos instruamos conhecendo coisas, estudando formalmente mas, também procurando nos assenhorear da vida que nos cerca, daquilo que está à nossa volta.
Conhecer as cores da roupa que se está usando. Perguntar na loja: Que cor é essa? Porque há tantas cores artificiais hoje e, muitas vezes, desconhecemos. Se conversarmos com um decorador, com um arquiteto, eles nos falarão de cores inimagináveis por nós.
Daí, como é bom saber, sair da ignorância. E, para que essa sabedoria se configure como algo de utilidade para nós, refletir, amadurecer. Por que tal coisa acontece sempre nessa data? Por que determinado fenômeno ocorre nessas circunstâncias?
Gradativamente, tomamos do livro, perguntamos a alguém, conversamos com alguém que seja entendido e vamos diminuindo o nosso grau de ignorância. É tão importante para que possamos melhorar a condição de vida no planeta, identificando onde estamos, sabendo porque ali estamos e, por conseguinte, o que nos cabe fazer nesse lugar, em que ora estamos. Amai-vos e instruí-vos, portanto, é uma legenda para a nossa vida, que não deve ser deixada de lado.
*   *   *
Nesse território do conhecimento, é tão bonito chegarmos no museu e identificarmos um Van Gogh, um Modigliani, um Toulouse, um Rembrandt, um Picasso. Na medida em que vamos conhecendo essas coisas, a nossa cultura aumenta em torno das artes plásticas. Ao olharmos uma escultura, ao invés de dizermos o nome da escultura, é comum dizermos: É um Rodin, é um Michelângelo, é um Rafael. Começamos a identificar pelos estilos os artistas plásticos da História do mundo.
Mas não vivemos apenas de conhecimentos. Os conhecimentos são importantes para nós, mas o que será o conhecimento sem amor? O Apóstolo Paulo, ao escrever aos Coríntios e se referir à caridade disse: Ainda que eu fale a língua de todos os homens, compreenda a linguagem dos anjos, se eu não tiver caridade, de nada isso me adiantará porque eu serei como um sino que soa, que faz barulho, mas que não tem vida. Ainda que eu dê todos os meus haveres para os pobres e meu próprio corpo eu ofereça para ser queimado na fogueira, se eu não tiver caridade, isso de nada me servirá.
Quando pensamos nisso, nos lembramos de que Paulo chamou caridade ao amor dinâmico. Caridade então significando amor dinâmico, amor em ação. De que vale a cultura sem amor dinâmico? De que me vale a cultura se eu não consigo colocá-la a serviço da vida, a serviço do próximo, a serviço do bem? Por isso, ao lado da instrução, que nos é importantíssima, o amor nos é fundamental.
Não foi à toa que o Evangelista João estabeleceu que Deus é amor.Quando falamos em amor, estamos falando a essência da vida, que é o próprio Criador. E, na nossa relação humana, na nossa relação, aqui na Terra, como dependemos do amor! Amor que nos permite aconselhar e ouvir conselhos, abraçar e sermos abraçados. Amor que nos permite chamar atenção, admoestar, ao mesmo tempo em que nos permitimos ser chamados atenção, sermos admoestados, quando erramos.
É o amor que faz com que surjam as amizades, é o amor que nos aproxima, marido e mulher, que foram um dia enamorados. É o amor que permite que nos nasçam os filhos. É o amor que nos ensina a conduzir os filhos. É o amor que  nos apascenta  nas horas de crise. É o amor que nos fala que, aqui na Terra, não é a nossa casa definitiva, como lembrou Jesus: Meu reino não é deste mundo. Eu me vou para vos preparar o lugar. Se fosse de outro modo, eu já vos teria dito.
Então, amar e instruir, amar e instruir-se é vital para nós. Não é à toa que o Espírito de Verdade trouxe para a Humanidade essa proposta: Amai-vos. E o amor comporta entendimento, indulgência, perdão, participação, cooperação. O amor, que é Deus, essencialmente.
E o conhecimento nos tornará, ao invés de meros conhecedores, nos tornará sábios. O conhecedor é aquele que detém teorias. O sábio é aquele que vivencia as teorias que carrega em si. Amai-vos e instrui-vos, onde quer que estejamos, nas relações quaisquer que sejam. Nunca será demais sabermos as coisas! Termos essa curiosidade, já que o ser humano é um animal curioso.
Mas o amor, que pulsa na intimidade de Deus, é a virtude por excelência que nos retirará da vaidade que, muitas vezes, o conhecimento nos leva e nos fará caminhar descalços, pelas alamedas da simplicidade, enaltecendo em definitivo a nossa caminhada terrestre.
           
                 Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 188, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em janeiro de 2009.
 Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 28.03.2010.
Em 07.06.2010.

Vida e Valores (Educação religiosa dos filhos)

Vida e Valores (Educação religiosa dos filhos)

Nem sempre nós observamos que os nossos filhos são seres espirituais.
Nossos filhos são Espíritos. Não importa qual seja nossa crença, não importa se não tenhamos crença religiosa, o fato é que os nossos filhos são os filhos de Deus, emprestados aos nossos cuidados, durante um tempo mais ou menos longo na Terra.
Quando pensamos nisso, nos vem à mente a razão pela qual a Divindade situa esses filhos junto a nós. Situa Seus filhos junto a outros filhos que já estejam a mais tempo na encarnação.
Quando pensamos nisso, temos que levar em conta que há razões bastante ponderáveis, bastante plausíveis para que nós recebamos, por parte do Criador, um ou mais de Seus filhos sob os nossos cuidados.
A partir daí então, pensar o que é que Deus quer de nós com relação a esses filhos postos sob nossas mãos.
Sem qualquer dúvida, qualquer de nós que chega à Terra para uma nova existência, para uma nova experiência, ou se quisermos, para uma nova encarnação, vem com o propósito de evoluir. Como um aluno que vai cada dia à classe, cada dia volta à escola para ir complementando o aprendizado.
Ninguém consegue fazer o aprendizado de um curso inteiro numa única aula, num único mês, num único semestre, nem num único ano.
Por isso, quando nós olhamos para os nossos filhos, é bom que tenhamos essa percepção de que eles são nossos filhos biológicos, porque lhes demos um corpo físico. Mas, em realidade, eles são filhos de Deus como nós. Vieram do grande Rei, do grande Pai, do grande Senhor do Universo.
E, como nem sempre nós chegamos à Terra zerados, com relação aos valores atormentados que acumulamos, muitos chegamos cumulados de tormentos, de angústias, de problemas trazidos de outras existências, de fobias, de crimes, que precisamos acertar com a consciência.
Nossos filhos são assim. Muitas vezes são crianças inteligentíssimas, espertas, cheias de brilho, de viço, capazes de captar rapidamente tudo quanto nós lhes ensinamos e, às vezes, coisas que não lhes ensinamos.
O lado intelectual está maravilhoso, mas o que aprendemos dos bons anjos, dos Espíritos guias, é que a maior parte dos nossos filhos vêm à Terra para ajustar exatamente o que lhes faltou no passado, o lado moral, o lado espiritual, o lado ético.
Muitos deles têm muita facilidade de aprender coisas que mexam com o intelecto. Rapidamente aprendem música, aprendem a tocar instrumentos de ouvido, aprendem a cantar, são dançantes, bailarinos. Jogar, praticar esportes dos mais variados, tudo eles aprendem com muita facilidade.
Mas há um lado que relutam sempre. É o lado que se relaciona com as coisas de Deus.
É muito comum que as crianças não queiram ir à sua Igreja, ao Centro Espírita, à Sinagoga. É muito comum que as crianças reajam. E caberá aos pais não forçá-las de modo violento, mas persuadi-las, a partir de vários recursos, para que elas passem a gostar de participar dessa vida social religiosa da família.
Não sabemos, em realidade, de onde vêm nossos filhos. Jesus Cristo estabeleceu, ao conversar com Nicodemos, que o Espírito sopra onde quer. Nós não sabemos de que realidades eles vêm, nem para que realidades eles vão.
Por causa disso, vale a pena levar nossos filhos para a experiência da fé religiosa. Para a vivenciação da fé religiosa.
Como é que vamos fazer isto?
Aquela religião que nos alimenta, que nos nutre, que nos faz pessoas felizes... Essa mesma, vamos procurar oferecer aos nossos filhos.
Não importa se, mais tarde, quando se tornem independentes, eles mudem de crença, eles mudem de religião, eles adotem outro sistema filosófico de crer em Deus.
Mas, enquanto estiverem sob nossos cuidados, enquanto forem nossos dependentes, nós os levaremos para aquele ambiente, aquele espaço de crença, de cultivo das idéias Divinas que nos faz feliz, que nos alimenta, que nos nutre a alma.
Será importantíssimo que nós verifiquemos nesses Espíritos, nesses filhos nossos, aqueles seres que precisam urgentemente dessa luz religiosa.
Vale a pena pensar que, se os nossos filhos não são nossos filhos essencialmente, são os filhos e filhas da vida por si mesma, como disse o poeta Kalil Gibran.
Em linguagem religiosa, eles são os filhos de Deus emprestados aos nossos cuidados, para que saibamos reencaminhá-los.
* * *
Quando se fala em levar os filhos para a vida religiosa, é porque cabe aos pais redimensionar a vida desses filhos, reencaminhando esses Espíritos para Deus.
É natural pensar que nós encaminhamos nossos filhos para Deus por diversas estradas. Eles deverão aprender a estudar, aprender a aprender. Deverão ser boas pessoas, honestas, dignas criaturas mas, fundamentalmente, aprender elas próprias, nossas crianças, a manter contato com o Pai Criador.Aprender a se elevar através do pensamento. A desenvolver dentro de si a sua oração, a ter mais confiança nos poderes sublimes da vida.
Isso tudo é uma riqueza incomensurável que os pais podemos colocar na alma dos nossos filhos.
Mas, quando falamos em dar uma religião aos nossos filhos, é importante que não os transformemos em pessoas religiosistas, acostumadas a irem ao templo, como quem vai ao clube social.
Será importantíssimo que criemos nos nossos filhos a alma de religiosidade. Aquela reverência profunda e honesta ao Criador da vida.
Não importa qual seja essa crença, mas deverá ser uma crença que não possa ser desmentida pelos fatos, desmentida pelo progresso da Ciência. Porque, todas as vezes que ensinarmos aos nossos filhos coisas que logo mais a Ciência demonstrará em contrário, que os fatos do cotidiano os levem a entender diferente e a constatar diferente, eles deixarão de crer naquilo que nós lhes estamos apresentando. Também deixarão de crer em tudo quanto diga respeito à religião.
Vale a pena levar nossos filhos para uma religião amadurecida, cujos princípios estejam assentados nas Leis da Natureza, para o que as descobertas da Ciência, as vozes da Ciência sirvam de reforço, de embasamento, de instrumentalização.
Por isso, saber que nossos filhos são Espíritos nos ajuda muito, nessa proposta de orientá-los para o bem. Jamais apresentar a eles os maus exemplos de nossa conduta ou apresentar-lhes como bons exemplos os maus exemplos dos outros.
Levar nossos filhos a entender que o mau exemplo de alguém jamais deverá ser seguido por nós, por mais que esse alguém nos seja próximo, nos seja familiar, nos seja uma pessoa amiga.
Mas, o erro não pode servir de padrão para as nossas vidas. E é a partir disto, que nós verificaremos que o sentimento religioso é vida e, como Jesus Cristo nos veio dizer que nos trouxera vida abundante, será sempre importante vivenciar junto aos nossos filhos, esses princípios que queremos que eles aprendam, vivenciar junto a eles aquilo que queremos que eles vivenciem na sociedade, vivenciem junto aos outros.
Será um valor, um tesouro, uma herança que os nossos filhos jamais perderão.Vale a pena, dessa maneira, pensar na instrução religiosa. Levar nossos filhos ao templo. Ensinar aos nossos filhos a prática da oração. Mas, fundamentalmente, levá-los a vivenciar a prática do amor, a resistência ao mal, às tentações do mal, resistir a todas as intempéries morais que se abatem sobre a Terra.
Para isto, não basta freqüentar uma casa religiosa. É preciso ter aprendido a verdade ensinada por Jesus Cristo, seja qual for a interpretação, desde que esta interpretação nos eleve, nos amadureça, nos transforme em homens e mulheres de bem e os nossos filhos aos quais amamos tanto, serão convertidos igualmente em homens e mulheres de bem.
A religião não deve ser uma arma, uma esgrima com a qual digladiamos com os outros. E Jesus Cristo não pode ser transformado por nós, numa muralha divisória entre as criaturas. Jesus terá que ser um toldo de unidade, de fraternidade.
Se estivermos elegendo para nossos filhos uma educação não cristã, se estivermos nas práticas Muçulmanas, nas práticas do Judaísmo, do Taoísmo, do Budismo, não importa. Todas essas práticas levam à proposta do bem, induzem os indivíduos à prática do bem.
Por isso, será fundamental que trabalhemos com eles a importância da vivência do bem, não importa qual seja a religião.
Se formos cristãos, deveremos ter em Jesus Cristo o nosso Modelo, o nosso Padrão, o Guia da Humanidade. E, somente a partir dos Seus ensinamentos é que conseguiremos entender que o sentimento religioso é um sentimento de vida, e Ele, que veio para que tivéssemos vida em abundância, certamente veio nos ensinar a viver uma religiosidade abundante, uma religiosidade que, de fato, nos colocasse nos caminhos que nos endereçassem ao nosso Criador.
Educar os nossos filhos sob todos os aspectos, mas principalmente, ensinar-lhes a buscar no íntimo de si mesmos, a figura do nosso Pai Celeste.
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 114, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em outubro de 2007. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 15 de junho de 2008.
Em 26.05.2008.

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno " Os Suicidas" parte 4

MÃE E FILHO

Em março de 1865, o Sr. M. C..., negociante em pequena cidade dos arredores de Paris, tinha em sua casa, gravemente enfermo, o mais velho dos seus filhos, que contava 21 anos de idade. Este moço, prevendo o desenlace, chamou sua mãe e teve forças ainda para abraçá-la. Esta, vertendo copiosas lágrimas, disse-lhe: "Vai, meu filho, precede-me, que não tardarei a seguir-te." Dito isto, retirou-se, escondendo o rosto entre as mãos.
As pessoas presentes a essa cena desoladora consideravam simples explosão de dor as palavras da Sra. C ..., dor que o tempo acalmaria. Morto o doente, procuraram-na por toda a casa e foram encontrá-la enforcada num celeiro. O enterro da suicida foi juntamente feito com o do filho.
Evocação deste, muitos dias depois do fato. - P. Sabeis do suicídio de vossa mãe, em conseqüência do desespero que lhe causou a vossa perda? - R. Sim, e, sem o pesar causado por essa fatal resolução da parte dela, julgar-me-ia completamente feliz. Pobre, excelente mãe! Não pôde suportar a prova dessa separação momentânea, e tomou, para se unir ao filho, o caminho que dele mais deveria afastá-la. E por quanto tempo! Assim, retardou indefinidamente uma reunião que tão pronta teria sido se sua alma se conformasse submissa às vontades do Senhor; se fosse resignada, humilde, arrependida diante da provação que se lhe impunha, da expiação que deveria purificá-la! Orai, oh! orai por ela!. .. e sobretudo não a imiteis, vós outras, mães que vos comoveis com a narrativa da sua morte. - Não acrediteis que ela amasse mais que as outras mães, a esse filho que era o seu orgulho, não; é que lhe faltaram a coragem e a resignação. Mães, que me ouvis, quando a agonia empanar o olhar dos vossos filhos, lembrai-vos de que, como o Cristo, eles sobem ao cimo do Calvário, donde deverão alçar-se à glória eterna. Benjamin C...
Evocação da mãe. - R. Quero ver meu filho. Tendes o poder de dar-mo? Cruéis!... Tomaram-mo para levá-lo à luz, e a mim me deixaram em trevas. Quero-o... quero-o porque me pertence!... Nada vale então o amor materno? Pois quê! tê-lo carregado no ventre por nove meses; tê-lo amamentado; nutrido a carne da sua carne, sangue do seu sangue; guiado os seus primeiros passos; ensinado a balbuciar o sagrado nome de Deus e o doce nome de mãe; ter feito dele um homem cheio de atividade, de inteligência, de probidade, de amor filial, para perdê-lo quando realizava as esperanças concebidas a seu respeito, quando brilhante futuro se lhe antolhava! Não, Deus não é justo; não é o Deus das mães, não lhes compreende as dores e desesperos ... E quando me dava a morte para me não separar de meu filho, eis que novamente mo roubam!... Meu filho! meu filho, onde estás?
Evocador. - Pobre mãe, compartilhamos da vossa dor. Buscastes, no entanto, um triste recurso para vos reunirdes ao vosso filho: - O suicídio é um crime aos olhos de Deus, e deveis saber que Deus pune toda infração das suas leis. A ausência do vosso filho é a vossa punição.
Ela. - Não; eu julgava Deus melhor que os homens; não acreditava no seu inferno, porém cria na reunião das almas que se amaram como nós nos amávamos... Enganei-me... Deus não é justo nem bom, por isso que não compreende a grandeza da minha dor como do meu amor!... Oh! quem me dará meu filho? Tê-lo-ei perdido para sempre? Piedade! piedade, meu Deus!
Evocador. - Vamos, acalmai o vosso desespero; considerai que, se há um meio de rever vosso filho, não é blasfemando de Deus, como ora o fazeis. Com isso, em vez de atrairdes a sua misericórdia, fazeis jus a maior severidade.
Ela. - Disseram-me que não mais o tornaria a ver, e compreendi que o haviam levado ao paraíso. E eu estarei, acaso, no inferno? no inferno das mães? Ele existe, demais o vejo...
Evocador. - Vosso filho não está perdido para sempre; certo tomareis a vê-lo, mas é preciso merecê-lo pela submissão à vontade de Deus, ao passo que a revolta poderá retardar indefinidamente esse momento. Ouvi-me: Deus é infinitamente bom, mas é também infinitamente justo. Assim, ninguém é punido sem causa, e se sobre a Terra Ele vos infligiu grandes dores, é porque as merecestes. A morte de vosso filho era uma prova à vossa resignação; infelizmente, a ela sucumbistes quando em vida, e eis que após a morte de novo sucumbis; como pretendeis que Deus recompense os filhos rebeldes? A sentença não é, porém, inexorável, e o arrependimento do culpado é sempre acolhido. Se tivésseis aceito a provação com humildade; se houvésseis esperado com paciência o momento da vossa desencarnação, ao entrardes no mundo espiritual, em que vos achais, teríeis imediatamente avistado vosso filho, o qual vos receberia de braços abertos. Depois da ausência, vê-lo-íeis radiante. Mas. o que fizestes e ainda agora fazeis, coloca entre vós e ele uma barreira. Não o julgueis perdido nas profundezas do Espaço, antes mais perto do que supondes - é que véu impenetrável o subtrai à vossa vista.
Ele vos vê e ama sempre, deplorando a triste condição em que caístes pela falta de confiança em Deus e aguardando ansioso o momento feliz de se vos apresentar. De vós, somente, depende abreviar ou retardar esse momento. Orai a Deus e dizei comigo: "Meu Deus, perdoai-me o ter duvidado da vossa justiça e bondade; se me punistes, reconheço tê-lo merecido. Dignai-vos aceitar meu arrependimento e submissão à vossa santa vontade."
Ela. - Que luz de esperança acabais de fazer despontar em minha alma! É um como relâmpago em a noite que me cerca. Obrigada, vou orar... Adeus.
    Nota - A morte, mesmo pelo suicídio, não produziu neste Espírito a ilusão de se julgar ainda vivo. Ele apresenta-se consciente do seu estado: - é que para outros o castigo consiste naquela ilusão, pelos laços que os prendem ao corpo. Esta mulher quis deixar a Terra para seguir o filho na outra vida: era, pois, necessário que soubesse aí estar realmente, na certeza da desencarnação, no conhecimento exato da sua situação. Assim é que cada falta é punida de acordo com as circunstâncias que a determinam, e que não há punições uniformes para as faltas do mesmo gênero.

domingo, 10 de março de 2013

Filhos com Deficiência

Filhos com Deficiência

A expectativa que toma conta do período de gestação da mulher é tão especial e admissível que se justifica a frustração ou a amargura que envolve tantos corações, quando constatam que seus rebentos, ansiosamente aguardados, são portadores de deficiência física ou mental ou a conjugação de ambas.

Compreensíveis a dor e a surpresa que se alojam nas consciências e nas almas paternas, ao começarem a pensar nas limitações e conflitos, agonias e enfermidades que acompanharão os seus filhos, marcados, irremediavelmente, para toda uma existência de dependências e limitações.

Quantos são os pais que, colhidos no amor próprio, fogem da responsabilidade de cooperar com os filhos debilitados?

Quantas são as mães que, transformadas em estátuas de dor ou de revolta, abandonam os filhos à própria sorte, relegando-os aos ventos do destino?

Entretanto, levanta-se um enorme contingente de pais e de mães que, ao identificarem os dramas em que se acham seus filhos inseridos, enchem-se de ternura, de dedicação, vendo nos rebentos, achacados no corpo ou na mente, oportunidades de crescimento e enobrecida luta em prol do futuro feliz para todos.

Seu filho com deficiência, não o descreia, é alguém que retorna aos caminhos humanos, após infelizes rotas de desrespeito à ordem geral da vida.

Seus filhos lesados por carências corporais ou psíquicas estão em processo de ressarcimento, havendo deixado para trás, nas avenidas largas do livre-arbítrio, as marcas do uso da exorbitância, da insubmissão ou da crueldade.

Costumeiramente, os indivíduos que se valeram do brilho intelectual ou da sagacidade mental para induzir ao erro, para destruir vidas no mundo, para infelicitar, intrigando e maldizendo, reencarnam com os centros cerebrais lesados, em virtude de se haverem atormentado com suas práticas inferiores, provocando processos de desarranjo nas energias da alma, localizadas na zona da estrutura cerebral.

Não só intelectuais degenerados renascem com limitações psico-cerebrais, tangidos pela Síndrome de Down, mas, também, os que resolveram mergulhar nas valas suicidas, destroçando o cérebro e os seus núcleos importantes, mantendo-se com os fulcros de energias perispirituais sob graves distúrbios que deverão ser recompostos por meio da reencarnação.

Indivíduos que, no passado, se atiraram à insana destruição corporal, arremessando-se de altitudes, ou sob pesados veículos, ou deixando-se afogar no bojo de massa líquida, podem retornar agora na posição de filhos da sua carne, marcados por hemi, para ou tetraplegias, por cegueira, mudez, surdez ou outras dramáticas situações que estão situadas no território das teratologias.

O despotismo implacável pode gerar neuroses ou epilepsias; o domínio cruel de massas indefesas e desprotegidas pode produzir os mesmos efeitos.

Os homicídios cruéis podem acarretar infortunados quadros epilépticos, produzindo sobre a rede psico-nervosa adulterações nas energias circulantes, provocando panes de freqüência variada, de caráter simples ou crônico.

Seus filhos com deficiências podem estar em alguma dessas condições, necessitados da sua compreensão e assistência, para que sejam capazes de superar as próprias deficiências, colocando-se aparelhados de resignação e esforço íntimo para que suplantem-se a si mesmos, rumando para Deus, após atendidos os projetos redentores da Divindade.

Ame seus rebentos problematizados do corpo ou da mente, ou de ambos, cooperando com eles, com muita paciência e com o preito da ternura, para que possam sair vitoriosos da expiação terrena, avançando para mais altos vôos no rumo do nosso Criador.

Forre-se de carinho, de paciência, de tranqüilidade interior, vendo nesses filhos doentes as jóias abençoadas que o Pai confia às suas mãos para que as burile.

Por outro lado, vale considerar que se você os tem nos braços ou sob a sua assistência e seus cuidados, paternais ou maternais, é em razão dos seus envolvimentos e compromissos com eles.

Você poderá tê-los recebido por renúncia e elevado amor de sua parte, mas, pode ser que você esteja diretamente ligado às causas que determinaram os dramas dos seus filhos, cabendo-lhe não alimentar remorsos descabidos, mas, sim, auxiliá-los e impulsioná-los para a própria recomposição, enquanto você, igualmente, avança para o Criador, sofrendo por seu turno o ter que vê-los resgatar, sem outra opção que não seja abraçá-los e se colocarem, você e eles, sob a luz do amor de Deus, resignadamente.

Teresa de Brito.
Raul Teixeira

Os Ricos e o Reino."...A maior esmola é a que se faz em forma de auxílio e estímulo ao trabalho. As propriedades inúteis do jovem rico podiam ser transformadas em recursos de produção, beneficiando os pobres....","...A acumulação da fortuna implica no dever do seu bom emprego em favor da coletividade. Quem não a usa nesse sentido, mas apenas em benefício do seu orgulho e da sua vaidade pessoal, está colocando-se na situação do camelo que não pode passar pelo fundo da agulha....","...A porta do Reino de Deus é estreita, porque só as almas puras, aliviadas da carga da ambição e do orgulho, devem passar por ela. O rico egoísta, apegado aos seus haveres, não consegue entrar, pois não se dispõe a largar os seus fardos do lado de fora. ..."

Os Ricos e o Reino

A condenação de Jesus aos ricos, tão clara no Evangelho de Lucas, não se refere à fortuna em si, mas ao apego à fortuna. Se Jesus considerasse o dinheiro como maldição não diria ao moço rico que o distribuísse aos pobres. A riqueza individual e familiar é uma forma de acumulação com vistas ao futuro da coletividade. Kardec examinou suficientemente esse problema e deixou evidente o papel social da riqueza. Mas justamente por isso ela se torna, como dizem constantemente os espíritos, uma das provas mais perigosas para o espírito encarnado.

Podemos compará-la à saúde. O homem são e forte em geral se embriaga com a sua condição e se afasta dos problemas do espírito. Esquece o que é e que terão de voltar ao plano espiritual. A prova da saúde é tão perigosa como a da fortuna. Mas ambas têm por finalidade adestrar o espírito na luta com as ilusões, com as fascinações da vida. É nessa luta que o espírito desenvolve os seus poderes internos, a sua capacidade de superar a matéria, de dominá-la como o nadador domina a água.

A parábola do jovem rico põe a nu a situação do espírito diante da prova. O jovem queria a salvação e procurava seguir os preceitos da lei para atingi-la. Sua consciência o advertia de que ele não estava fazendo o necessário. Mas quando Jesus lhe disse que se libertasse dos seus bens e os revertesse em favor dos pobres, ele não teve coragem de fazê-lo. Vender as suas propriedades e distribuir o dinheiro aos necessitados não é apenas dar esmolas. A maior esmola é a que se faz em forma de auxílio e estímulo ao trabalho. As propriedades inúteis do jovem rico podiam ser transformadas em recursos de produção, beneficiando os pobres.

A acumulação da fortuna implica no dever do seu bom emprego em favor da coletividade. Quem não a usa nesse sentido, mas apenas em benefício do seu orgulho e da sua vaidade pessoal, está colocando-se na situação do camelo que não pode passar pelo fundo da agulha. A vida terrena passa breve e o rico egoísta logo se verá diante da porta estreita do Reino sem poder franqueá-la. Quando os homens forem capazes de enfrentar a prova da riqueza para vencer o egoísmo, a miséria desaparecerá do mundo.

A porta do Reino de Deus é estreita, porque só as almas puras, aliviadas da carga da ambição e do orgulho, devem passar por ela. O rico egoísta, apegado aos seus haveres, não consegue entrar, pois não se dispõe a largar os seus fardos do lado de fora. Terá de voltar muitas vezes à Terra, aos reinos dos homens, para aprender que a riqueza material só o ajudará quando ele souber trocar as suas moedas de metal por atos de amor.

Irmão Saulo
Pseudômino de Herculano Pires
Livro: O Reino