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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

6 - TODA A BÍBLIA ESTÁ CHEIA DOS FENÔMENOS MEDIÚNICOS


O Espiritismo é apresentado por Kardec, sob a orientação do Espírito da Verdade,
como uma seqüência natural do Cristianismo. É o cumprimento da promessa evangélica de
Jesus, de enviar à Terra o Consolador, que completaria o seu ensino, esclarecendo os
homens a respeito daquilo que ele só pudera ensinar através de alegorias, no seu tempo. Os
homens de então não estavam em condições de compreender o fenômeno natural da
comunicação espírita, que misturavam com sistemas de magia e interpretações
supersticiosas. Em A Gênese, Kardec esclarece, no primeiro capítulo, que era necessária a
evolução das ciências, o progresso dos conhecimentos, o desenvolvimento intelectual, para
que o Espiritismo fizesse seu aparecimento, como doutrina, em nosso mundo.
Assim sendo, o Espiritismo tem como base as Escrituras, tem seus fundamentos na
Bíblia. Mas é claro que o conceito espírita da Bíblia não pode ser igual ao das religiões que
ficaram no passado, apegadas às formas sacramentais de magia, aos ritos materiais e aos
cultos exteriores do próprio paganismo. A Bíblia não pode ser, para o espírita esclarecido, a
"palavra de Deus", pois é um livro escrito pelos homens, como todos os outros livros, e é,
principalmente, um conjunto de livros em que encontramos de tudo, desde as regras
simplórias de higiene dos judeus primitivos até as lendas e tradições do povo hebreu,
misturadas às heranças dos egípcios e babilônios. O Espiritismo ensina a encarar a Bíblia
como um marco da evolução religiosa na Terra, mas não faz dela um novo bezerro de ouro.
É difícil falarmos da Bíblia a pessoas apegadas ao processo de fanatismo religioso
de algumas seitas obscurantistas, que chegam, em pleno século vinte, ao cúmulo de
renegarem a cultura, para só aceitarem os escritos judeus da época das civilizações agrárias.
São pessoas simples e crentes, que merecem o nosso respeito, mas inteiramente incapazes
de compreender o problema bíblico. Isso, entretanto, não deve impedir-nos de esclarecer
esse problema à luz dos princípios espíritas. A Bíblia não condena o Espiritismo. Pelo
contrário, a Bíblia confirma o Espiritismo, como demonstraremos. Basta lembrar o caso de
Samuel, atormentado pelo espírito mau, aliviado pela mediunidade de Davi, que usava a
música para afastá-lo. Caso típico de mediunidade curadora, constante de Samuel 16: 14-
23. E o colégio de médiuns que acompanhava Moisés no deserto? E assim por diante, da
primeira à última página da Bíblia. Mas o pior cego é aquele que não quer enxergar.

COMO A PALAVRA DE DEUS FICOU SUJEITA AO HOMEM


Os estudos bíblicos se processam no mundo em duas direções diversas: há o estudo normativo dos institutos religiosos, ligados às várias igrejas, que seguem as regras de hermenêutica e a orientação de pesquisas destas igrejas; e há o estudo livre dos institutos universitários independentes, que seguem os princípios da pesquisa científica e da interpretação histórica. O Espiritismo não se prende a nenhum dos dois sistemas, pois sua posição é intermediária. 
Reconhecendo o conteúdo espiritual da Bíblia, o Espiritismo estuda à luz dos seus princípios, em harmonia com os métodos da antropologia cultural e dos estudos históricos.
Somente às religiões dogmáticas, que se apresentam como vias exclusivas de
salvação, interessa o velho conceito da Bíblia como palavra de Deus. Primeiro, porque esse conceito impede a investigação livre. Considerada como palavra de Deus, a Bíblia é indiscutível, deve ser aceita literalmente ou de acordo com a "interpretação autorizada da igreja". Por isso, as igrejas sempre se apresentam como "autoridade única na interpretação da Bíblia". Segundo, porque essa posição corresponde aos tempos mitológicos, ao pensamento mágico, e não à era de razão em que vivemos.
Vimos rapidamente as contradições insanáveis em que se afundam os hermeneutas religiosos. Vêem-se eles obrigados a perigosas ginásticas do raciocínio, apoiadas em fórmulas pré-fabricadas, para se safarem das contradições do texto. 
Mas não escapam jamais à contradição fundamental, que é esta: consideram a Bíblia como a palavra de Deus,mas estabelecem, para sua interpretação, regras humanas. Dessa maneira, é o homem que faz Deus dizer o que lhe interessa.
Há no meio espírita alguns críticos agressivos da Bíblia. São confrades ilustres e estudiosos, que tomam essa posição em face das agressões religiosas à Doutrina, com base nos textos bíblicos. A posição da Doutrina, porém, não é essa, como já vimos em Kardec.
As supostas condenações do Espiritismo pela Bíblia decorrem das interpretações
sacerdotais. A Bíblia é um dos maiores repositórios de fatos espíritas de toda bibliografia religiosa. E os textos bíblicos estão eivados de passagens tipicamente espíritas, como veremos.

Visão Espírita da Bíblia J. Herculano Pires

4-COISAS TERRÍVEIS E INGÉNUAS FIGURAM NOS LIVROS BÍBLICOS

A palavra de Deus não está na Bíblia, mas na natureza, traduzida em suas leis. A
Bíblia é simplesmente uma coletânea de livros hebraicos, que nos dão um panorama
histórico do judaísmo primitivo. Os cinco livros iniciais da Bíblia, que constituem o
Pentateuco mosaico, referem-se à formação e organização do povo judeu, após a libertação
do Egito e a conquista de Canaã. Atribuídos a Moisés, esses livros não foram escritos por
ele, pois relatam, inclusive, a sua própria morte.
As pesquisas históricas revelam que os livros da Bíblia têm origem na literatura oral
do povo judeu. Só depois do exílio na Babilônia foi que Esdras conseguiu reunir e compilar
os livros orais (guardados na memória) e proclamá-los em praça pública como a lei do
judaísmo, ditada por Deus.
Os relatos históricos da Bíblia são ao mesmo tempo ingênuos e terríveis. Leia o
estudante, por exemplo, o Deuteronômio, especialmente os capítulos 23 e 28 desse livro, e
veja se Deus podia ditar aquelas regras de higiene simplória, aquelas impiedosas leis de
guerra total, aquelas maldições horríveis contra os que não crêem na "sua palavra". Essas
maldições, até hoje, apavoram as criaturas simples que têm medo de duvidar da Bíblia.
Muitos espertalhões se servem disso e do prestígio da Bíblia como "palavra de Deus", para
arregimentar e tosquiar gostosamente vastos rebanhos.
As leis morais da Bíblia podem ser resumidas nos Dez Mandamentos. Mas esses
mandamentos nada têm de transcendentes. São regras normais de vida para um povo de
pastores e agricultores, com pormenores que fazem rir o homem de hoje. Por isso, os
mandamentos são hoje apresentados em resumo. O Espírito que ditou essas leis a Moisés,
no Sinai, era o guia espiritual da família de Abrão, Isaac e Jacob, mais tarde transformado
no Deus de Israel.
Desempenhando uma elevada missão, esse Espírito preparava o povo
judeu para o monoteísmo, a crença num só Deus, pois os deuses da antiguidade eram
muitos.
O Espiritismo reconhece a ação de Deus na Bíblia, mas não pode admiti-la como a
"palavra de Deus"
. Na verdade, como ensinou o apóstolo Paulo, foram os mensageiros de
Deus, os Espíritos, que guiaram o povo de Israel, através dos médiuns, então chamados
profetas.
O próprio Moisés era um médium, em constante ligação com lave ou Jeová, o
deus bíblico, violento e irascível, tão diferente do deus-pai do Evangelho. Devemos
respeitar a Bíblia no seu exato valor, mas nunca fazer dela um mito, um novo bezerro de
ouro. Deus não ditou nem dita livros aos homens.


Visão Espírita da Bíblia J. Herculano Pires

3 - SENTIDO HISTÓRICO DA BÍBLIA E A SUA NATUREZA PROFÉTICA


Qual a posição do Espiritismo diante do problema bíblico?
Os recentes debates na televisão entre espíritas, pastores protestantes e sacerdotes católicos,
deram motivo a algumas incompreensões, de que se aproveitaram adversários pouco escrupulosos
da Doutrina Espírita, para lhe desfecharem novos e injustos ataques.
Vamos procurar esclarecer, por estas colunas, a posição espírita, como já havíamos prometido.
Kardec define essa posição, desde O Livro dos Espíritos, como a de estudo e
esclarecimento do texto, à luz da História e na perspectiva da evolução espiritual da
Humanidade.
No cap. III deste livro, final do item 59, depois de analisar as contradições
entre a Bíblia e as Ciências, no tocante à criação do mundo, ele declara: "Devemos concluir
que a Bíblia é um erro? Não; mas que os homens se enganaram na sua interpretação".
Essas palavras de Kardec, sustentadas através de toda a Codificação, esclarecem a
posição espírita. Devemos reconhecer na Bíblia a sua natureza profética (ou seja:
mediúnica), encerrando a l Revelação, no ciclo histórico das revelações cristãs. Esse ciclo
começa com Moisés (l Revelação), define-se com Jesus (II Revelação) e encerra-se com o
Espiritismo (III Revelação). Os leitores encontrarão explicações detalhadas a respeito em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que é um manual de moral evangélica.
O conceito espírita de Revelação, porém, não é o mesmo das religiões em geral. Revelar é
ensinar, e isso tanto pode ser feito pêlos Espíritos (revelação divina) quanto pêlos homens
(revelação humana), mas não por Deus "em pessoa", porque Deus age através de suas leis e
dos Espíritos. A revelação bíblica, portanto, não pode ser chamada de "palavra de Deus".
Ela é, apenas, a palavra dos Espíritos-Reveladores, e essa palavra é sempre adequada ao
tempo em que foi proferida. Isto é confirmado pela própria Bíblia, como veremos no
decorrer deste estudo.
A expressão "a palavra de Deus" é de origem judaica. Foi naturalmente herdada
pelo Cristianismo, que a empregou para o mesmo fim dos judeus: dar autoridade à Igreja. A
Bíblia, considerada "a palavra de Deus", reveste-se de um poder mágico: a sua simples
leitura, ou simplesmente a audiência dessa leitura, pode espantar o Demônio de uma pessoa
e convertê-la a Deus. Claro que o Espiritismo não aceita nem prega essa velha crendice,
mas não a condena. A cada um, segundo suas convicções, desde que haja boa intenção.

Livro: Visão Espírita
Herculano Pires

BÍBLIA E EVANGELHO

VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA
l - NOTA DA EDITORA
O presente livro é a reunião de crônicas escritas por J. Herculano Pires e publicadas,
em sua maioria, no extinto jornal "Diário de São Paulo". Como os leitores poderão ver, a
atualidade destas páginas é indiscutível. Herculano Pires foi um dos mais felizes intérpretes
do pensamento espírita dentre os que reencarnaram e já retornaram ávida espiritual. Por
isso, seus escritos constituem páginas de grande importância para os estudiosos do
Espiritismo. Ao reuni-las em livro e apresentá-las ao público, Edições Correio Fraterno
presta homenagem a José Herculano Pires, no décimo ano de seu desencarne.
S. Bernardo do Campo. Março de 1989.

2 - BÍBLIA E EVANGELHO
A Bíblia (que o nome quer dizer simplesmente: O Livro) é na verdade uma
biblioteca, reunindo os livros diversos da religião hebraica. Representa a codificação da
primeira revelação do ciclo do Cristianismo. Livros escritos por vários autores estão nela
colecionados, em número de 42. Foram todos escritos em hebraico e aramaico e traduzidos
mais tarde para o latim, por São Jerônimo, na conhecida Vulgata Latina, no século quinto
da nossa era. As igrejas católicas e protestantes reuniram a esse livro os Evangelhos de
Jesus, dando a estes o nome geral de Novo Testamento.
O Evangelho, como se costuma designar o Novo Testamento, não pertence de fato à
Bíblia. É outro livro, escrito muito mais tarde, com a reunião dos vários escritos sobre Jesus
e seus ensinos. O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã. Traz uma nova
mensagem, substituindo o deus-guerreiro da Bíblia pelo deus-amor do Sermão da
Montanha. No Espiritismo não devemos confundir esses dois livros, mas devemos
reconhecer a linha histórica e profética, a linhagem espiritual que os liga. São, portanto,
dois livros distintos.
O Espiritismo
A antiga religião hebraica é geralmente conhecida como Mosaísmo, porque surgiu e
se desenvolveu com Moisés. A nova religião dos Evangelhos é designada como
Cristianismo, porque vem do ensino do Cristo. Mas, assim como nas páginas da Bíblia lado
o advento do Cristo, também nas páginas do está anunciado o advento do Espírito de
Verdade. Este advento se deu no século passado, com a terceira e última revelação cristã,
chamada revelação espírita. Cinco novos livros aparecem, então, escritos por Kardec, mas
ditados, inspirados e Orientados pelo Espírito de Verdade e outros Espíritos Superiores. Os
cinco livros fundamentais do Espiritismo, que têm como base O Livro dos Espíritos,
representam a codificação da terceira revelação. Essa revelação se chama Espiritismo
porque foi dada pelos Espíritos. Sua finalidade é esclarecer os ensinos anteriores, de acordo
com a mentalidade moderna, já suficientemente arejada e evoluída para entender as
alegorias e símbolos contidos na Bíblia e no Evangelho. Mas enganam-se os que pensam
que a Codificação do Espiritismo contraria ou reforma o Evangelho.

Livro: Visão Espírita da Bíblia por Herculano Pires

"Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao sopro frio do desalento..."

NA PREPARAÇÃO DO REINO DA LUZ
Emmanuel
Chamados a substancializar o Evangelho de Jesus no campo da vida
humana, decerto, nós outros, os espíritos encarnados e desencarnados, somos
constrangidos a levantar em nós mesmos os alicerces do Reino de Deus, adstritos à
verdade de que o Céu começa em nós mesmos.
Em razão disso, os antigos processos de construção palavrosa, através dos
quais o verbo, muita vez, pretende superar o nível do exemplo, não podem constituir
padrão às nossas atividades.
Também nós possuímos o tesouro do tempo, muito mais expressivo do que
a riqueza amoedada, e, por isso, ao invés de criticar o companheiro que padece a
obsessão da autoridade e do ouro, será mais justo operar com o nosso próprio trabalho a
lição da bondade incessante sem nos perder no vinagre da censura ou do nevoeiro da
frase vazia.
Nós, igualmente, guardamos conosco os talentos da fé raciocinada, muito
mais sólidos que os da crença vazada em cegueira da alma, competindo-nos, desse
modo, não a guerra de revide ou condenação aos que nos esposam os pontos de vista,
mas, sim, a prática da tolerância fraterna e da caridade genuína, pelas quais os nossos
companheiros de evolução e de experiência consigam ler a mensagem da Vida Maior,
abandonando naturalmente as grilhetas da ignorância.
Não nos bastará, dessa forma, a confissão labial da fé como entusiasmo de
quem se vê na iminência dos princípios superiores.
É necessário saibamos comungar a esperança e o sofrimento, a provação e
a dificuldade dos outros, abençoando os irmãos que nos partilham a marcha e
ensinando-lhes, pela cartilha de nossas próprias ações, o caminho renovador, suscetível
de oferecer-lhes a bênção da paz.
Sem dúvida, milhões de inteligências se agregam à ilusão e à crueldade,
descerrando aos homens resvaladouros calamitosos, preparando o domínio da morte e
fortalecendo o poder das trevas, todavia, a nós outros se roga o cérebro e o coração para
que o Cristo se manifeste em plenitude de sabedoria e de amor, nas vitórias do espírito,
por intermédio das quais a Humanidade ainda na sombra será, finalmente, investida na
posse da Eterna Luz.
Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da
coragem e resiste ao sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a
vida te confiou.


Livro: Alvorada do Reino
Chico Xavier e Emmanuel

"Indolência e desânimo, são ervas parasitárias, aniquilando-te a produção."


SERVIDOR DA ÚLTIMA HORA
Emmanuel

No estudo da posição daquele trabalhador de última hora, credor de precioso salário, a que se reporta o Evangelho, mentalizemos uma oficina com determinada tarefa a realizar. Revelando as diretrizes, que lhe governam a experiência,
convocou diversos operários para o serviço em expectação.

Os primeiros chegados, quando a manhã surgia promissora, começaram a examinar indefinidamente a obra, discutindo particularidades e nugas, com menosprezo do tempo.

Os segundos, trazidos a realização, sentiram-se repentinamente cansados, acreditando muito mais na própria indisposição orgânica que no poder de agir que lhes era peculiar.

Os terceiros, transportados ao recinto quando o Sol avançava, preferiram invariável repouso, à espera de orientação e esclarecimento, como se a oficina lhes não houvesse ofertado, previamente, o programa de ação.

Os demais, conduzidos à casa nas derradeiras horas do dia, estacionaram na queixa e no desânimo, no medo e na distração...
Acotovelavam-se todos, inutilmente, esquecidos de que o serviço lhes rogava devotamento e consagração.

Eis, porém, que nos últimos instantes do dia, o servidor diligente é trazido ao trabalho e atende-o sem discussão.

Naturalmente que a esse o vencimento é mais justo, pelo esforço construtivo que lhe assinalou a presença e lhe marcou a decisão.

Conserva contigo o ensinamento do Divino Mestre e não desfaleças.

Ao longo de teus passos, aparece no mundo a sementeira do bem, que te pede renúncia e boa vontade, sacrifício e compreensão.

Desperta e efetua a obra de amor a que foste chamado, porque o valor de tua existência na carne não será conferido pelos dias longos que desfrutes na Terra ou pelos tesouros do corpo e da alma que retenhas contigo, mas, sim, pela tarefa executada no bem incessante que te será coroa de luz, na luz da Vida Real.

Onde fores defrontado pela calúnia, sê a palavra amiga do esclarecimento benéfico.

Indolência e desânimo, são ervas parasitárias, aniquilando-te a
produção.

Livro : Alvorada do Reino
Chico Xavier e Emmanuel.

ELIAS - JOÃO BATISTA: UM CASO DE REENCARNAÇÃO




As escrituras deixam claro que o conceito de reencarnação era ensinado ao povo, apesar das diversas traduções terem deturpado os tentos.

Por Laylla Toledo
Elias foi um dos profetas referidos no Velho Testamento que viveu no século IX a.C. Não há livro na Bíblia escrito por ele, mas existem referências a seu respeito em diversos autores como Terceiro Livro dos Reis (Cap. 17) e Quarto Livro dos Reis (Cap. 1), Juizes e Malaquias.

Ele viveu ao tempo do Rei Acab e da rainha Jezabel, com quem esteve em constante oposição, por causa do culto que era promovido ao deus pagão Baal.

É considerado servo intrépide do Javismo (termo que vem de Javé ou Jeová, Deus segundo os hebreus), apesar do excessivo rigor e das atrocidades que ele praticou. Dentre essas, destaca-se aquela que fez descer fogo do céu e queimar um capitão juntamente com seus cinqüenta comandados, quando este foi buscá-lo por ordem do rei Acab.

O mesmo fato se repetiu com uma segunda brigada (um capitão e mais os seus cinqüenta soldados), assim como a mortandade dos 450 sacerdotes de Baal, que os fez passar pelo fio da espada, junto ao ribeiro de Quison (3° Reis, 18:40). Tem-se no total um saldo de 552 mortos.

A volta do Profeta Elias foi prevista por Malaquias: “Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor” (4:5).



A VIDA DE JOÃO BATISTA

João Batista era primo de Jesus, filho de Isabel e Zacarias. Levou uma vida muito austera. Abstendo-se de bens e prazeres, vivendo unicamente para o ministério do bem, convocando o povo ao arrependimento dos pecados e a se prepararem para receber o Redentor.

Chamado de “O Precursor”, vestia-se de peles e alimentava-se de mel e animais silvestres e verberava intimoratamente os atos de degradação humana, fosse em que nível fosse. Por esta razão, caiu na antipatia de Herodíades, acusada por ele pela sua união ilícita com o cunhado, o rei Herodes, irmão de Filipe (Marcos 6:17).



A REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA

A identificação dos dois personagens como sendo o mesmo espírito está bem claro nas escrituras. O retorno de Elias foi anunciado pelo anjo Gabriel: “[...] o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração; e tua mulher Isabel te dará a luz um filho, e por-lhe-ás o nome de João. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus; e irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).

Outra passagem que assinala a identificação do profeta como sendo o próprio João Batista é quando os apóstolos Pedro, Tiago e João perguntaram a Jesus, após a Transfiguração, sobre a volta de Elias: “Por que, pois, os escribas dizem que é preciso que Elias venha antes? Mas Jesus lhes respondeu: é verdade que Elias deve vir e restabelecer todas as coisas; mas eu vos declaro que Elias já veio, e não o conheceram, mas trataram como lhes aprouve. É assim que eles farão sofrer o Filho do Homem. Então seus discípulos compreenderam que era de João Batista que lhes havia falado”. (Mateus 17:10)

Aqui se trata da reencarnação de Elias na figura de João, explicação esta vista pelos apóstolos com muita naturalidade, justamente por estarem familiarizados com a realidade da reencarnação e esta fazer parte de sua crença religiosa, o judaísmo.

As palavras de Jesus confirmam tal fato em Mateus, referindo-se a João como o próprio Elias (espírito): “E, desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus adquire-se à força, e os violentos arrebatam-no. Porque todos os profetas e a lei, até João, profetizaram. E, se vós o quereis compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir. O que tem ouvidos para ouvir, ouça” (11:12).

A violência da lei mosaica ordenava o extermínio dos infiéis para ganhar a terra prometida – Paraíso dos Hebreus, por isso a citação “o reino dos céus adquire-se à força”. No período de Jesus, a nova lei estabelecia que, para se ganhar o reino dos céus o trajeto deveria ser outro – o da caridade e da doçura.



ELIAS VOLTA COMO JOÃO BATISTA

Quando Jesus disse que Elias já teria vindo e que ninguém o reconheceu, muitos interpretam que João era inspirado por Elias e não que era o próprio profeta. Mas essa identificação dos dois personagens sendo a mesma pessoa mostra também um outro aspecto, a Lei de Causa e Efeito. Na figura de Elias, mesmo falando em nome de Deus, ele cometeu alguns excessos e violências em sua época. Posteriormente, o seu espírito veio na figura de João Batista para preparar o povo para receber as palavras do Messias. Entretanto, pelo fato de ter cometido os excessos em sua vida anterior, veio resgatar parte de seus débitos sofrendo a decapitação por ordem de Herodes, a pedido de Salomé, que o agradou numa apresentação de dança, manobrada ardilosamente pela sua mãe, Herodíades.

Note-se a analogia das circunstâncias: na ocasião em que era conhecido como Elias, enfrentou a rainha Jezabel, tendo-a vencido pelos poderes, matando os sacerdotes e suprimindo o culto ao deus Baal. Na segunda ocasião, já como João Batista, ele é morto por maquinação também de uma rainha.

O conceito de reencarnação fazia parte das crenças judaicas. Esse conhecimento dos judeus só foi ampliado no momento em que Jesus trouxe-lhes mais informações sobre o processo reencarnatório. No diálogo entre Nicodemos e o Mestre podemos observar a atenção dada ao assunto: “Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor; porque ninguém poderia fazer os milagres que fazeis, se Deus não estivesse com ele. Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Nicodemos lhe disse: Como pode nascer um homem que já está velho? Pode ele entrar no ventre de sua mãe, para nascer uma segunda vez? Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo: Se um homem não renascer de água e de Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não vos espanteis do que eu vos disse, que é preciso que nasçais de novo. O Espírito sopra onde quer, e ouvis sua voz, mas não sabeis de onde ele vem e para onde ele vai. Ocorre o mesmo com todo o homem que é nascido do Espírito. Nicodemos lhe respondeu: Como isso pode se dar? Jesus lhe disse: Que! Sois mestre em Israel e ignorais essas coisas? Em verdade, em verdade vos digo que não dizemos senão o que sabemos, e que não testemunhamos senão, o que vimos; e, entretanto, vós não recebeis nosso testemunho. Mas se não me credes quando vos fato das coisas da Terra, como me crereis quando vos falar das coisas do céu?” (João 3:2-12).

Como nota de esclarecimento, é preciso identificar o significado da palavra água no texto. O renascimento “de água” e “de espírito” é nada mais do que a retomada da experiência física, cuja constituição é eminentemente líquida. Portanto, o renascer de água é reencarnar e o renascer de espírito é evoluir, progredir moralmente.



ERROS DE TRADUÇÃO: NEGLIGENCIA

O prof.. Carlos Juliano Torres Pastorino (19101980), Docente do Colégio Pedro II e catedrático da Universidade Federal de Brasília, diplomado em Teologia e Filosofia pelo Colégio Internacional Santo Antônio Maria Zaccaria, em Roma, era um exímio latinista, helenista e poliglota. De acordo com os conhecimentos do Prof. Pastorino, freqüentemente são traduzidos por “ressuscitar” os verbos gregos egeírô (estar acordado, despertar) e anístêmi (tornar a ficar de pé, regressar), e que este último, encerra um sentido em geral negligenciado pelos tradutores: o de reencarnar. As Escrituras não falam em “ressurreição dos corpos” ou “da carne”, mas em anástasis ek ton nekrõn, ou seja, “ressurreição dos mortos”. De posse destes esclarecimentos oferecidos por uma autoridade lingüística, torna-se relativamente fácil identificarmos os sentidos negligenciados propositadamente pelos tradutores modernos. A ressurreição ocorre com os mortos e não com os corpos.

Na Epístola aos Hebreus (11:35), onde se lê: “Mulheres receberam os seus mortos pela ressurreição”, vemos que são as “mulheres” e não os homens, pois elas é que podem gerar em seus ventres os corpos destinados à reencarnação, ao ressurgimento dos espíritos “mortos” no mundo físico.

Os gregos acreditavam na existência do Hades (lugar dos mortos), de onde as almas retornavam para a vida, denominando este fenômeno como “palingênese” (palinggenesia: novo nascimento). Assim como os gregos, os hebreus também acreditavam que as almas dos mortos voltavam à vida, que do Sheot elas retornavam ao mundo da matéria, conhecido como “anástasis” (do verbo anístêmi, composto de ana: ´para cima´, ´de novo´ ou ´para trás´; e ístêmr. ´estar de pé´. Ou seja: tornar a ficar de pé, regressar), expressão traduzida por “ressurreição”. Está escrito: “O Senhor é o que tira a vida e a dá: faz descer ao sheol e faz tornar a subir dele.” (1 Sm 2:6). Apesar de tentarem alterar o significado do texto, traduzindo inúmeras vezes “Sheol” por “sepultura”, para os mais atentos, se buscarmos a origem das palavras, veremos que a mensagem é clara quanto a afirmação: regressar do Sheol, regressar do mundo dos mortos.

A palavra Sheol é hebraica, e designa o lugar para onde iam todos após a morte: tanto os justos como os injustos, havendo, no entanto, nessa região dos mortos, uma divisão para os justos, e outra para os injustos, separados por um “abismo intransponível” (Lc 16.26). O lugar dos justos era de felicidade, prazer e segurança. Já o lugar dos ímpios era medonho, ignífero (onde há fogo), cheio de dores, sofrimentos, estando todos perfeitamente conscientes.

Em muitas das passagens bíblicas, as inúmeras referências ao Sheol possuem imperfeições na sua tradução. Certas versões em português traduzem a designação hebraica por sepultura e outros termos afins, como inferno (Dt 32.22; 2 Sm 22.6; Jó 11.8; 26.6; 5116.10), o que traz confusão. (Gn 37.35; Nm 16.30,33; Já 17.16;11.8; SI 30.3; 86.13;139.8; Pv 9.18; 15.24; Is 14.9; 38.18-32; Ez 31.15,17; Am 9.12).

A expressão grega “palinggenesia” (palingênese), segundo o Prof. Pastorino, era o termo técnico da reencarnação entre os gregos. No entanto, São Jerônimo, geralmente, o traduzia por regeneração.

Já a palavra “ressurreição” é a tradução da expressão grega “anastasis” originária do verbo “anistemi”, que significa tornar a ficar de pé, mas também “regressar”.

A palavra “reencarnação” não se encontra nas escrituras, mas na cultura judaico-cristã. Entre eles havia o conceito de ressurreição, que é justamente o que chamamos hoje de “reencarnação”.

O conceito reencarnacionista foi dissimulado nos textos bíblicos ao longo dos séculos, alterando-se com isso, o seu conteúdo. Referências do século II d.C., onde Orígenes, um dos pais da Igreja, comenta que: “Presentemente, é manifesto que grandes foram os desvios sofridos petas cópias, quer pelo descuido de certos escribas, quer pela audácia perversa de diversos corretores, quer pelas adições ou supressões arbitrárias.” Portanto, a intenção de distorcer o conteúdo bíblico já vem de longa data.

Se nos dedicarmos ao estudo profundo dos fatos, veremos que tudo é uma questão de resgate do verdadeiro sentido das palavras, que assumiram significados diversos no decorrer do tempo. Através da pesquisa etmológica, sem dúvida, chegaremos à verdade original dos textos.



O RETORNO DO CRISTIANISMO PURO

O início do Cristianismo, conhecido como Cristianismo primitivo, trazia em si uma pureza doutrinária, sendo recente a passagem do Cristo peta região. Mas o Cristianismo sofreu uma transformação no momento em que se tornou a religião oficial do Império Romano. A mistura de costumes politeístas (crença de vários deuses) com o Cristianismo puro inaugurou o Catolicismo. Este evento modificou os costumes cristãos e introduziu hábitos de cultura politeísta, surgindo rituais que não existiam até então.

O conceito de reencarnação, como meio pela qual a alma se redimi por si só, significava a falência do poder político e religioso da Igreja. Por este motivo, começou a considerar-se todos os seguidores da idéia da reencarnação como criminosos passíveis de pena de morte a partir do ano de 553 d. C., no Concílio de Constantinopla.

Assim, a tradução dos textos evangélicos primitivos e a confecção do Novo Testamento (Vulgata Latina) buscaram eliminar qualquer informação que se reportasse ao conceito de sobrevivência de alma e o seu retorno a um novo corpo, para uma nova existência.

Por se tratar de um obstáculo aos interesses de alguns, este importante ensinamento deixou de fazer parte das celebrações cristãs e dos cultos da Igreja. Mas o assunto em foco reapareceu muito tempo depois, com toda a sua força e transparência através dos fenômenos das Irmãs Fox em 1848, e com a publicação da obra O Livro dos Espíritos, em 1857.

Portanto, a idéia da reencarnação sempre esteve presente no cristianismo primitivo dos tempos apostólicos, e algum tempo depois, na pureza dos ensinos cristãos contidos nas comunicações reveladas pelo espiritismo. Os elementos básicos como a caridade, o amor ao próximo e a reencarnação são semelhanças facilmente observáveis entre os dois. Sendo este o principal motivo que identifica o espiritismo como sendo o Cristianismo Redivivo.

A reencarnação é fato, e negá-la não é suficiente para justificar e manter o atual sistema religioso. Até a Ciência, recentemente, dá provas de que a vida não termina com a morte do corpo, mas que continua em outra dimensão. A divulgação da verdade depende de nós – os caminheiros redivivos.

(Extraído da Revista Cristã de Espiritismo, nº 24, páginas 48-52)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno."Criminosos Arrependidos"


O Espírito de Castelnaudary
Rumores e outras estranhas e várias manifestações ocorridas numa casinha perto de Castelnaudary, faziam-na crer habitada por fantasmas, mal-assombrada, etc. Assim foi dita casa exorcizada em 1848, aliás sem resultado. O proprietário Sr. D., pretendendo habitá- la, faleceu repentinamente alguns anos depois; e seu filho, animado do mesmo desejo, ao penetrar-lhe um dos compartimentos, recebeu de mão desconhecida vigorosa bofetada e, como estivesse só, não teve a menor dúvida de uma origem oculta, razão esta que o levou a abandonar a casa definitivamente. No lugar corria uma versão segundo a qual um grande crime fora cometido ali.
O Espírito que dera a bofetada foi evocado na Sociedade de Paris, em 1859, e manifestou-se por sinais de tamanha violência, que foram improfícuos todos os esforços para acalmá-lo. Interrogado S. Luís a respeito do assunto, respondeu: "É um Espírito da pior espécie, verdadeiro monstro; fizemo-lo comparecer, mas não obstante tudo quanto lhe dissemos não foi possível obrigá-lo a escrever. Ele possui o seu livre-arbítrio, do qual o infeliz tem feito triste uso".
P. Este Espírito é passível de melhora?
R. Por que não? Pois não o são todos, este como os outros?
É possível entretanto que haja nisso dificuldades, porém a permuta do bem pelo mal acabará por sensibilizá-lo. Orai em primeiro lugar e, se o evocardes daqui a um mês, vereis a transformação operada.
Novamente evocado mais tarde, o Espírito mostrou-se mais brando e, pouco a pouco, submisso e arrependido. Explicações posteriores, ministradas não só por ele como por outros Espíritos, deram em resultado ficarmos sabendo que, em 1608, habitando aquela casa, assassinara um irmão por motivos de terrível ciúme, degolando-o durante o sono. Alguns anos decorridos, também assassinara a esposa.

Criminosos Arrependidos (continuação)
O seu falecimento ocorreu em 1659, na idade de 80 anos, sem que houvesse respondido por estes crimes, que pouca atenção despertaram naquela época de balbúrdias. Depois da morte, jamais cessara de praticar o mal, provocando vários acidentes, ocorridos naquela casa.
Um médium vidente que assistiu à primeira evocação o viu no momento em que pretendiam forçá-lo a escrever, quando sacudiu violentamente o braço do médium. De medonha catadura, trajava uma camisa ensangüentada, tendo na mão um punhal.
1. P. (A S. Luís) — Tende a bondade de nos descrever o gênero de suplício deste Espírito.
R. É atroz, porque está condenado a habitar a casa em que cometeu o crime, sem poder fixar o pensamento noutra coisa a não ser no crime, tendo-o sempre ante os olhos e acreditando na eternidade dessa tortura. Está como no momento do próprio crime, porque qualquer outra recordação lhe foi retirada e interdita toda comunicação com qualquer outro Espírito. Sobre a Terra, só pode permanecer naquela casa, e no Espaço só lhe restam solidão e trevas.
2. Haveria um meio de o desalojar dessa casa? Qual seria esse meio?
R. Quando alguém quer ficar livre de obsessões de semelhantes Espíritos, o meio é fácil — orar por eles. Contudo é precisamente isso que se deixa de fazer muitas vezes: prefere-se intimidá-los com exorcismos que, aliás, muito os divertem.
3. Insinuando às pessoas interessadas essa idéia de orar por ele, fazendo-o também nós, conseguiríamos desalojá-lo?
R. Sim, mas reparai que eu disse para orar e não para mandar orar.
4. Estando em tal situação há dois séculos, apreciará ele todo esse tempo como se fora encarnado, isto é, o tempo parecer-lhe-á tanto ou menos longo do que quando na Terra?
R. Mais longo; o sono não existe para ele.
5. Disseram-nos que o tempo não existe para os Espíritos e que um século, para eles, não passa de um instante na eternidade. Dar-se-á efetivamente esse fato para com todos os Espíritos?
R. Não, por certo, porquanto isso só se dá com os Espíritos que têm atingido elevadíssimo grau de adiantamento; para os inferiores, porém, o tempo é freqüentemente moroso, sobretudo quando sofrem.
6. Donde vinha esse Espírito antes da sua encarnação?
R. Tivera uma existência entre tribos das mais ferozes e selvagens e, precedentemente, em planeta inferior à Terra.
7. Severamente punido agora por esse crime, se-lo-ia igualmente pelos que porventura tivesse cometido, como é de supor, quando vivendo entre selvagens?
R. Sim, porém não tanto, uma vez que, por ser mais ignorante, menos alcançava a extensão do delito.
8. O estado em que se vê esse Espírito é o dos seres vulgarmente designados por danados?
R. Não, em absoluto, pois há condições ainda mais horrorosas. Os sofrimentos estão longe de ser os mesmos para todos, variando conforme seja o culpado mais ou menos acessível ao arrependimento. Para este, aquela casa é o seu inferno, outros trazem esse infer no em si mesmos, pelas paixões que os atormentam sem que possam saciá-las.
9. Não obstante a sua inferioridade, este Espírito é sensível aos efeitos da prece, o que também temos verificado com Espíritos da mesma forma perversos e da mais ínfima natureza; entretanto, Espíritos há que, esclarecidos, de inteligência mais desenvolvida, demonstram completa ausência de bons sentimentos e zombam de tudo o que há de mais sagrado; a nada se comovendo e até não dando tréguas ao seu cinismo...
R. A prece só aproveita ao Espírito que se arrepende; para aqueles que, cheios de orgulho, se revoltam contra Deus e que persistem no erro, exagerando-o mesmo, tal como procedem os infelizes; para eles a prece nada adianta nem adiantará senão quando tênue vislumbre de arrependimento começar a germinar-lhes na consciência. A ineficácia da prece também é para eles um castigo. Enfim, ela só alivia os não totalmente endurecidos.
10. Vendo-se um Espírito insensível à ação da prece, será motivo para que se deixe de orar por ele?
R. Não, porquanto, cedo ou tarde, a prece poderá triunfar do seu endurecimento e sugerir-lhe benéficos pensamentos. O mesmo acontece com determinados doentes nos quais a ação medicamentosa só se torna sensível depois de muito tempo, e vice-versa. Compenetrando-nos bem de que todos os Espíritos são capazes de progresso, e que nenhum é fatal e eternamente condenado, fácil nos será compreender a eficácia da prece em quaisquer circunstâncias. Por mais ineficaz que ela possa parecer-nos à primeira vista, a verdade é que contém germes em si mesma, bastante benéficos, para bem predisporem o Espírito, quando o não afetem imediatamente. Erro seria, pois, desanimarmos por não colher dela imediato resultado.
11. Quando esse Espírito for reencarnar, qual será a sua categoria?
R. Depende dele e do arrependimento que então tiver. Muitos colóquios com esse Espírito deram em resultado notável transformação do seu moral.
Eis aqui algumas das respostas dele.
12. (Ao Espírito). Por que não pudestes escrever da primeira vez que vos evocamos?
R. Porque não queria.
P. Mas por que?
R. Ignorância e embrutecimento.

13. Agora podeis deixar, quando vos apraz, a casa de Castelnaudary?
R. Permitem-me isso, porque aproveito os vossos conselhos.
P. Sentis algum alívio?
R. Começo a ter esperança.
14. Se nos fosse possível ver-vos, qual a vossa aparência?
R. Ver-me-íeis com a camisa, mas sem o punhal.
P. Por que não mais com o punhal? Que sumiço lhe destes?
R. Amaldiçoando-o, Deus arrebatou-me das vistas.
15. Se o filho do Sr. D. (o da bofetada) tornasse àquela casa, que lhe faríeis?
R. Nada, porque estou arrependido.
P. E se ele pretendesse ainda desafiar-vos?
R. Não me façais essa pergunta! Eu não me dominaria, isso está acima das minhas forças, pois sou um miserável.
16. Vislumbrais um termo aos vossos padecimentos?
R. Oh! Ainda não. É já muito o saber, graças à vossa intercessão, que esses padecimentos não serão eternos.
17. Tende a bondade de nos descrever a vossa situação antes de vos havermos evocado pela primeira vez. Não é preciso acrescentarmos que este pedido tem por fim sabermos como ser-vos úteis e não a simples e fútil curiosidade.
R. Disse-vos já que nada mais compreendia além do meu crime e que não podia abandonar a casa em que o cometi, a não ser para vagar no Espaço, solitário e desconhecido; disso não poderia eu dar-vos uma idéia, porque nunca pude compreender o que se passava. Desde que me alçava ao Espaço, era tudo negrume e vácuo ou, antes, não sei mesmo o que era...
Hoje o meu remorso é muito maior e no entanto não sou constrangido a permanecer naquela casa fatal, sendo-me permitido vagar na Terra e orientar-me pela observação de quanto aí vejo; compreendo melhor, assim, a enormidade dos meus crimes e, se menos sofro por um lado, por outro aumentam as torturas do remorso... Mas... ainda bem que tenho esperança.
18. Se tivésseis de reencarnar, que existência preferiríeis?
R. Não tenho meditado suficientemente acerca disso.
19. Durante o vosso longo insulamento — quase podemos dizer cativeiro — experimentastes algum remorso?
R. Nenhum e por isso sofri tão longamente. Somente quando o senti, foi que ele provocou, sem que disso me apercebesse, as circunstâncias determinantes da vossa evocação ao meu Espírito, para início da libertação. Obrigado, pois, a vós que de mim vos apiedastes e me esclarecestes.
Realmente temos visto avaros sofrerem à vista do ouro, que para eles não passava de verdadeira quimera; orgulhosos, atormentados pelo ciúme das honrarias prestadas a outros e não a eles; homens que dominavam na Terra, humilhados pela potência invisível, constrangidos à obediência, em presença de subordinados, que não mais lhes faziam curvaturas; ateus atônitos pela dúvida em face da imensidade, no mais absoluto insulamento, sem um ser que os esclarecesse.
No mundo dos Espíritos há recompensas para todas as virtudes, mas há também penalidades para todas as faltas; destas, aquelas que escaparam às leis dos homens são infalivelmente alcançadas pelas leis de Deus. Devemos ainda notar que as mesmas faltas, conquanto cometidas em circunstâncias idênticas, são diversamente punidas, conforme o grau de adiantamento do Espírito delinqüente.
Aos Espíritos mais atrasados, de natureza mais grosseira, como aquele de que acabamos de nos ocupar, são infligidos castigos de algum modo mais materiais que morais, ao passo que o contrário se dá para com aqueles cuja inteligência e sensibilidade estejam mais desenvolvidas. Aos primeiros impõe-se o castigo adequado à rudeza do seu discernimento, para compreenderem o erro e dele se libertarem. Assim é que a vergonha, por exemplo, causando pouca ou nenhuma impressão para estes, torna-se para aqueles intolerável.
No divino código penal, a sabedoria, a bondade, a providência de Deus para com as suas criaturas revelam-se até nas mínimas particularidades, sendo tudo proporcionado e disposto com admirável solicitude para facilitar ao culpado os meios de reabilitação. As mínimas aspirações são consideradas e recolhidas.
Pelos dogmas das penas eternas, ao contrário, são no inferno confundidos os grandes e pequenos criminosos, os culpados de momento e os reincidentes contumazes, os endurecidos e os arrependidos. Além disso, nenhuma tábua de salvação lhes é oferecida; a falta momentânea pode acarretar uma condenação eterna e, o que mais é, qualquer benefício que porventura hajam feito de nada lhes valerá. De que lado, pois, estará a verdadeira justiça, a verdadeira bondade?

Esta evocação nada tem de fortuita e como deveria aproveitar a esse infeliz, visto que ele já começava a compreender a enormidade do seu crime, os Espíritos guias julgaram oportuno esse socorro eficaz e facilitaram-lhe as circunstâncias propícias. É este um fato que temos visto reproduzir-se freqüentemente. Perguntar-se-á o que seria desse Espírito se não fosse evocado, o que será de todos os sofredores que o não podem ser, bem como daqueles em quem ninguém pensa... Poderíamos redarguir que os meios de que Deus dispõe para salvar as criaturas são inumeráveis, sendo a evocação um dentre esses meios, porém, não único certamente. Deus não deixa ninguém esquecido, além de que nos Espíritos suscetíveis de arrependimento, as preces coletivas devem exercer alguma influência.
O destino dos Espíritos sofredores não poderia ser por Deus subordinado à boa vontade e aos conhecimentos humanos.
Desde que os homens puderam estabelecer relações regulares com o mundo invisível, uma das primeiras conseqüências do Espiritismo foi o ensino dos serviços que por meio dessas relações podem prestar aos seus irmãos desencarnados.
Deus patenteia por esse modo a solidariedade existente entre todos os seres do Universo, ao mesmo tempo que dá a lei da natureza por base ao princípio da fraternidade. Deus demonstra-nos a feição verdadeira, útil e séria das evocações, até então desviadas da sua finalidade providencial pela ignorância e pela superstição.
Nunca faltaram socorros aos sofredores em qualquer época e, se evocações lhes proporcionam uma nova via de salvação, aproveitam ainda mais, talvez, aos encarnados, por lhes proporcionar novos meios de fazer o benefício e instruir-se ao mesmo tempo acerca das condições da vida futura.



Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 39

 
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