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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

ELIAS - JOÃO BATISTA: UM CASO DE REENCARNAÇÃO




As escrituras deixam claro que o conceito de reencarnação era ensinado ao povo, apesar das diversas traduções terem deturpado os tentos.

Por Laylla Toledo
Elias foi um dos profetas referidos no Velho Testamento que viveu no século IX a.C. Não há livro na Bíblia escrito por ele, mas existem referências a seu respeito em diversos autores como Terceiro Livro dos Reis (Cap. 17) e Quarto Livro dos Reis (Cap. 1), Juizes e Malaquias.

Ele viveu ao tempo do Rei Acab e da rainha Jezabel, com quem esteve em constante oposição, por causa do culto que era promovido ao deus pagão Baal.

É considerado servo intrépide do Javismo (termo que vem de Javé ou Jeová, Deus segundo os hebreus), apesar do excessivo rigor e das atrocidades que ele praticou. Dentre essas, destaca-se aquela que fez descer fogo do céu e queimar um capitão juntamente com seus cinqüenta comandados, quando este foi buscá-lo por ordem do rei Acab.

O mesmo fato se repetiu com uma segunda brigada (um capitão e mais os seus cinqüenta soldados), assim como a mortandade dos 450 sacerdotes de Baal, que os fez passar pelo fio da espada, junto ao ribeiro de Quison (3° Reis, 18:40). Tem-se no total um saldo de 552 mortos.

A volta do Profeta Elias foi prevista por Malaquias: “Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor” (4:5).



A VIDA DE JOÃO BATISTA

João Batista era primo de Jesus, filho de Isabel e Zacarias. Levou uma vida muito austera. Abstendo-se de bens e prazeres, vivendo unicamente para o ministério do bem, convocando o povo ao arrependimento dos pecados e a se prepararem para receber o Redentor.

Chamado de “O Precursor”, vestia-se de peles e alimentava-se de mel e animais silvestres e verberava intimoratamente os atos de degradação humana, fosse em que nível fosse. Por esta razão, caiu na antipatia de Herodíades, acusada por ele pela sua união ilícita com o cunhado, o rei Herodes, irmão de Filipe (Marcos 6:17).



A REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA

A identificação dos dois personagens como sendo o mesmo espírito está bem claro nas escrituras. O retorno de Elias foi anunciado pelo anjo Gabriel: “[...] o anjo disse-lhe: Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração; e tua mulher Isabel te dará a luz um filho, e por-lhe-ás o nome de João. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus; e irá adiante dele com o espírito e a virtude de Elias, a fim de reconduzir os corações dos pais para os filhos” (Lucas 1:13).

Outra passagem que assinala a identificação do profeta como sendo o próprio João Batista é quando os apóstolos Pedro, Tiago e João perguntaram a Jesus, após a Transfiguração, sobre a volta de Elias: “Por que, pois, os escribas dizem que é preciso que Elias venha antes? Mas Jesus lhes respondeu: é verdade que Elias deve vir e restabelecer todas as coisas; mas eu vos declaro que Elias já veio, e não o conheceram, mas trataram como lhes aprouve. É assim que eles farão sofrer o Filho do Homem. Então seus discípulos compreenderam que era de João Batista que lhes havia falado”. (Mateus 17:10)

Aqui se trata da reencarnação de Elias na figura de João, explicação esta vista pelos apóstolos com muita naturalidade, justamente por estarem familiarizados com a realidade da reencarnação e esta fazer parte de sua crença religiosa, o judaísmo.

As palavras de Jesus confirmam tal fato em Mateus, referindo-se a João como o próprio Elias (espírito): “E, desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus adquire-se à força, e os violentos arrebatam-no. Porque todos os profetas e a lei, até João, profetizaram. E, se vós o quereis compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir. O que tem ouvidos para ouvir, ouça” (11:12).

A violência da lei mosaica ordenava o extermínio dos infiéis para ganhar a terra prometida – Paraíso dos Hebreus, por isso a citação “o reino dos céus adquire-se à força”. No período de Jesus, a nova lei estabelecia que, para se ganhar o reino dos céus o trajeto deveria ser outro – o da caridade e da doçura.



ELIAS VOLTA COMO JOÃO BATISTA

Quando Jesus disse que Elias já teria vindo e que ninguém o reconheceu, muitos interpretam que João era inspirado por Elias e não que era o próprio profeta. Mas essa identificação dos dois personagens sendo a mesma pessoa mostra também um outro aspecto, a Lei de Causa e Efeito. Na figura de Elias, mesmo falando em nome de Deus, ele cometeu alguns excessos e violências em sua época. Posteriormente, o seu espírito veio na figura de João Batista para preparar o povo para receber as palavras do Messias. Entretanto, pelo fato de ter cometido os excessos em sua vida anterior, veio resgatar parte de seus débitos sofrendo a decapitação por ordem de Herodes, a pedido de Salomé, que o agradou numa apresentação de dança, manobrada ardilosamente pela sua mãe, Herodíades.

Note-se a analogia das circunstâncias: na ocasião em que era conhecido como Elias, enfrentou a rainha Jezabel, tendo-a vencido pelos poderes, matando os sacerdotes e suprimindo o culto ao deus Baal. Na segunda ocasião, já como João Batista, ele é morto por maquinação também de uma rainha.

O conceito de reencarnação fazia parte das crenças judaicas. Esse conhecimento dos judeus só foi ampliado no momento em que Jesus trouxe-lhes mais informações sobre o processo reencarnatório. No diálogo entre Nicodemos e o Mestre podemos observar a atenção dada ao assunto: “Mestre, sabemos que vieste da parte de Deus para nos instruir como um doutor; porque ninguém poderia fazer os milagres que fazeis, se Deus não estivesse com ele. Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Nicodemos lhe disse: Como pode nascer um homem que já está velho? Pode ele entrar no ventre de sua mãe, para nascer uma segunda vez? Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo: Se um homem não renascer de água e de Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não vos espanteis do que eu vos disse, que é preciso que nasçais de novo. O Espírito sopra onde quer, e ouvis sua voz, mas não sabeis de onde ele vem e para onde ele vai. Ocorre o mesmo com todo o homem que é nascido do Espírito. Nicodemos lhe respondeu: Como isso pode se dar? Jesus lhe disse: Que! Sois mestre em Israel e ignorais essas coisas? Em verdade, em verdade vos digo que não dizemos senão o que sabemos, e que não testemunhamos senão, o que vimos; e, entretanto, vós não recebeis nosso testemunho. Mas se não me credes quando vos fato das coisas da Terra, como me crereis quando vos falar das coisas do céu?” (João 3:2-12).

Como nota de esclarecimento, é preciso identificar o significado da palavra água no texto. O renascimento “de água” e “de espírito” é nada mais do que a retomada da experiência física, cuja constituição é eminentemente líquida. Portanto, o renascer de água é reencarnar e o renascer de espírito é evoluir, progredir moralmente.



ERROS DE TRADUÇÃO: NEGLIGENCIA

O prof.. Carlos Juliano Torres Pastorino (19101980), Docente do Colégio Pedro II e catedrático da Universidade Federal de Brasília, diplomado em Teologia e Filosofia pelo Colégio Internacional Santo Antônio Maria Zaccaria, em Roma, era um exímio latinista, helenista e poliglota. De acordo com os conhecimentos do Prof. Pastorino, freqüentemente são traduzidos por “ressuscitar” os verbos gregos egeírô (estar acordado, despertar) e anístêmi (tornar a ficar de pé, regressar), e que este último, encerra um sentido em geral negligenciado pelos tradutores: o de reencarnar. As Escrituras não falam em “ressurreição dos corpos” ou “da carne”, mas em anástasis ek ton nekrõn, ou seja, “ressurreição dos mortos”. De posse destes esclarecimentos oferecidos por uma autoridade lingüística, torna-se relativamente fácil identificarmos os sentidos negligenciados propositadamente pelos tradutores modernos. A ressurreição ocorre com os mortos e não com os corpos.

Na Epístola aos Hebreus (11:35), onde se lê: “Mulheres receberam os seus mortos pela ressurreição”, vemos que são as “mulheres” e não os homens, pois elas é que podem gerar em seus ventres os corpos destinados à reencarnação, ao ressurgimento dos espíritos “mortos” no mundo físico.

Os gregos acreditavam na existência do Hades (lugar dos mortos), de onde as almas retornavam para a vida, denominando este fenômeno como “palingênese” (palinggenesia: novo nascimento). Assim como os gregos, os hebreus também acreditavam que as almas dos mortos voltavam à vida, que do Sheot elas retornavam ao mundo da matéria, conhecido como “anástasis” (do verbo anístêmi, composto de ana: ´para cima´, ´de novo´ ou ´para trás´; e ístêmr. ´estar de pé´. Ou seja: tornar a ficar de pé, regressar), expressão traduzida por “ressurreição”. Está escrito: “O Senhor é o que tira a vida e a dá: faz descer ao sheol e faz tornar a subir dele.” (1 Sm 2:6). Apesar de tentarem alterar o significado do texto, traduzindo inúmeras vezes “Sheol” por “sepultura”, para os mais atentos, se buscarmos a origem das palavras, veremos que a mensagem é clara quanto a afirmação: regressar do Sheol, regressar do mundo dos mortos.

A palavra Sheol é hebraica, e designa o lugar para onde iam todos após a morte: tanto os justos como os injustos, havendo, no entanto, nessa região dos mortos, uma divisão para os justos, e outra para os injustos, separados por um “abismo intransponível” (Lc 16.26). O lugar dos justos era de felicidade, prazer e segurança. Já o lugar dos ímpios era medonho, ignífero (onde há fogo), cheio de dores, sofrimentos, estando todos perfeitamente conscientes.

Em muitas das passagens bíblicas, as inúmeras referências ao Sheol possuem imperfeições na sua tradução. Certas versões em português traduzem a designação hebraica por sepultura e outros termos afins, como inferno (Dt 32.22; 2 Sm 22.6; Jó 11.8; 26.6; 5116.10), o que traz confusão. (Gn 37.35; Nm 16.30,33; Já 17.16;11.8; SI 30.3; 86.13;139.8; Pv 9.18; 15.24; Is 14.9; 38.18-32; Ez 31.15,17; Am 9.12).

A expressão grega “palinggenesia” (palingênese), segundo o Prof. Pastorino, era o termo técnico da reencarnação entre os gregos. No entanto, São Jerônimo, geralmente, o traduzia por regeneração.

Já a palavra “ressurreição” é a tradução da expressão grega “anastasis” originária do verbo “anistemi”, que significa tornar a ficar de pé, mas também “regressar”.

A palavra “reencarnação” não se encontra nas escrituras, mas na cultura judaico-cristã. Entre eles havia o conceito de ressurreição, que é justamente o que chamamos hoje de “reencarnação”.

O conceito reencarnacionista foi dissimulado nos textos bíblicos ao longo dos séculos, alterando-se com isso, o seu conteúdo. Referências do século II d.C., onde Orígenes, um dos pais da Igreja, comenta que: “Presentemente, é manifesto que grandes foram os desvios sofridos petas cópias, quer pelo descuido de certos escribas, quer pela audácia perversa de diversos corretores, quer pelas adições ou supressões arbitrárias.” Portanto, a intenção de distorcer o conteúdo bíblico já vem de longa data.

Se nos dedicarmos ao estudo profundo dos fatos, veremos que tudo é uma questão de resgate do verdadeiro sentido das palavras, que assumiram significados diversos no decorrer do tempo. Através da pesquisa etmológica, sem dúvida, chegaremos à verdade original dos textos.



O RETORNO DO CRISTIANISMO PURO

O início do Cristianismo, conhecido como Cristianismo primitivo, trazia em si uma pureza doutrinária, sendo recente a passagem do Cristo peta região. Mas o Cristianismo sofreu uma transformação no momento em que se tornou a religião oficial do Império Romano. A mistura de costumes politeístas (crença de vários deuses) com o Cristianismo puro inaugurou o Catolicismo. Este evento modificou os costumes cristãos e introduziu hábitos de cultura politeísta, surgindo rituais que não existiam até então.

O conceito de reencarnação, como meio pela qual a alma se redimi por si só, significava a falência do poder político e religioso da Igreja. Por este motivo, começou a considerar-se todos os seguidores da idéia da reencarnação como criminosos passíveis de pena de morte a partir do ano de 553 d. C., no Concílio de Constantinopla.

Assim, a tradução dos textos evangélicos primitivos e a confecção do Novo Testamento (Vulgata Latina) buscaram eliminar qualquer informação que se reportasse ao conceito de sobrevivência de alma e o seu retorno a um novo corpo, para uma nova existência.

Por se tratar de um obstáculo aos interesses de alguns, este importante ensinamento deixou de fazer parte das celebrações cristãs e dos cultos da Igreja. Mas o assunto em foco reapareceu muito tempo depois, com toda a sua força e transparência através dos fenômenos das Irmãs Fox em 1848, e com a publicação da obra O Livro dos Espíritos, em 1857.

Portanto, a idéia da reencarnação sempre esteve presente no cristianismo primitivo dos tempos apostólicos, e algum tempo depois, na pureza dos ensinos cristãos contidos nas comunicações reveladas pelo espiritismo. Os elementos básicos como a caridade, o amor ao próximo e a reencarnação são semelhanças facilmente observáveis entre os dois. Sendo este o principal motivo que identifica o espiritismo como sendo o Cristianismo Redivivo.

A reencarnação é fato, e negá-la não é suficiente para justificar e manter o atual sistema religioso. Até a Ciência, recentemente, dá provas de que a vida não termina com a morte do corpo, mas que continua em outra dimensão. A divulgação da verdade depende de nós – os caminheiros redivivos.

(Extraído da Revista Cristã de Espiritismo, nº 24, páginas 48-52)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno."Criminosos Arrependidos"


O Espírito de Castelnaudary
Rumores e outras estranhas e várias manifestações ocorridas numa casinha perto de Castelnaudary, faziam-na crer habitada por fantasmas, mal-assombrada, etc. Assim foi dita casa exorcizada em 1848, aliás sem resultado. O proprietário Sr. D., pretendendo habitá- la, faleceu repentinamente alguns anos depois; e seu filho, animado do mesmo desejo, ao penetrar-lhe um dos compartimentos, recebeu de mão desconhecida vigorosa bofetada e, como estivesse só, não teve a menor dúvida de uma origem oculta, razão esta que o levou a abandonar a casa definitivamente. No lugar corria uma versão segundo a qual um grande crime fora cometido ali.
O Espírito que dera a bofetada foi evocado na Sociedade de Paris, em 1859, e manifestou-se por sinais de tamanha violência, que foram improfícuos todos os esforços para acalmá-lo. Interrogado S. Luís a respeito do assunto, respondeu: "É um Espírito da pior espécie, verdadeiro monstro; fizemo-lo comparecer, mas não obstante tudo quanto lhe dissemos não foi possível obrigá-lo a escrever. Ele possui o seu livre-arbítrio, do qual o infeliz tem feito triste uso".
P. Este Espírito é passível de melhora?
R. Por que não? Pois não o são todos, este como os outros?
É possível entretanto que haja nisso dificuldades, porém a permuta do bem pelo mal acabará por sensibilizá-lo. Orai em primeiro lugar e, se o evocardes daqui a um mês, vereis a transformação operada.
Novamente evocado mais tarde, o Espírito mostrou-se mais brando e, pouco a pouco, submisso e arrependido. Explicações posteriores, ministradas não só por ele como por outros Espíritos, deram em resultado ficarmos sabendo que, em 1608, habitando aquela casa, assassinara um irmão por motivos de terrível ciúme, degolando-o durante o sono. Alguns anos decorridos, também assassinara a esposa.

Criminosos Arrependidos (continuação)
O seu falecimento ocorreu em 1659, na idade de 80 anos, sem que houvesse respondido por estes crimes, que pouca atenção despertaram naquela época de balbúrdias. Depois da morte, jamais cessara de praticar o mal, provocando vários acidentes, ocorridos naquela casa.
Um médium vidente que assistiu à primeira evocação o viu no momento em que pretendiam forçá-lo a escrever, quando sacudiu violentamente o braço do médium. De medonha catadura, trajava uma camisa ensangüentada, tendo na mão um punhal.
1. P. (A S. Luís) — Tende a bondade de nos descrever o gênero de suplício deste Espírito.
R. É atroz, porque está condenado a habitar a casa em que cometeu o crime, sem poder fixar o pensamento noutra coisa a não ser no crime, tendo-o sempre ante os olhos e acreditando na eternidade dessa tortura. Está como no momento do próprio crime, porque qualquer outra recordação lhe foi retirada e interdita toda comunicação com qualquer outro Espírito. Sobre a Terra, só pode permanecer naquela casa, e no Espaço só lhe restam solidão e trevas.
2. Haveria um meio de o desalojar dessa casa? Qual seria esse meio?
R. Quando alguém quer ficar livre de obsessões de semelhantes Espíritos, o meio é fácil — orar por eles. Contudo é precisamente isso que se deixa de fazer muitas vezes: prefere-se intimidá-los com exorcismos que, aliás, muito os divertem.
3. Insinuando às pessoas interessadas essa idéia de orar por ele, fazendo-o também nós, conseguiríamos desalojá-lo?
R. Sim, mas reparai que eu disse para orar e não para mandar orar.
4. Estando em tal situação há dois séculos, apreciará ele todo esse tempo como se fora encarnado, isto é, o tempo parecer-lhe-á tanto ou menos longo do que quando na Terra?
R. Mais longo; o sono não existe para ele.
5. Disseram-nos que o tempo não existe para os Espíritos e que um século, para eles, não passa de um instante na eternidade. Dar-se-á efetivamente esse fato para com todos os Espíritos?
R. Não, por certo, porquanto isso só se dá com os Espíritos que têm atingido elevadíssimo grau de adiantamento; para os inferiores, porém, o tempo é freqüentemente moroso, sobretudo quando sofrem.
6. Donde vinha esse Espírito antes da sua encarnação?
R. Tivera uma existência entre tribos das mais ferozes e selvagens e, precedentemente, em planeta inferior à Terra.
7. Severamente punido agora por esse crime, se-lo-ia igualmente pelos que porventura tivesse cometido, como é de supor, quando vivendo entre selvagens?
R. Sim, porém não tanto, uma vez que, por ser mais ignorante, menos alcançava a extensão do delito.
8. O estado em que se vê esse Espírito é o dos seres vulgarmente designados por danados?
R. Não, em absoluto, pois há condições ainda mais horrorosas. Os sofrimentos estão longe de ser os mesmos para todos, variando conforme seja o culpado mais ou menos acessível ao arrependimento. Para este, aquela casa é o seu inferno, outros trazem esse infer no em si mesmos, pelas paixões que os atormentam sem que possam saciá-las.
9. Não obstante a sua inferioridade, este Espírito é sensível aos efeitos da prece, o que também temos verificado com Espíritos da mesma forma perversos e da mais ínfima natureza; entretanto, Espíritos há que, esclarecidos, de inteligência mais desenvolvida, demonstram completa ausência de bons sentimentos e zombam de tudo o que há de mais sagrado; a nada se comovendo e até não dando tréguas ao seu cinismo...
R. A prece só aproveita ao Espírito que se arrepende; para aqueles que, cheios de orgulho, se revoltam contra Deus e que persistem no erro, exagerando-o mesmo, tal como procedem os infelizes; para eles a prece nada adianta nem adiantará senão quando tênue vislumbre de arrependimento começar a germinar-lhes na consciência. A ineficácia da prece também é para eles um castigo. Enfim, ela só alivia os não totalmente endurecidos.
10. Vendo-se um Espírito insensível à ação da prece, será motivo para que se deixe de orar por ele?
R. Não, porquanto, cedo ou tarde, a prece poderá triunfar do seu endurecimento e sugerir-lhe benéficos pensamentos. O mesmo acontece com determinados doentes nos quais a ação medicamentosa só se torna sensível depois de muito tempo, e vice-versa. Compenetrando-nos bem de que todos os Espíritos são capazes de progresso, e que nenhum é fatal e eternamente condenado, fácil nos será compreender a eficácia da prece em quaisquer circunstâncias. Por mais ineficaz que ela possa parecer-nos à primeira vista, a verdade é que contém germes em si mesma, bastante benéficos, para bem predisporem o Espírito, quando o não afetem imediatamente. Erro seria, pois, desanimarmos por não colher dela imediato resultado.
11. Quando esse Espírito for reencarnar, qual será a sua categoria?
R. Depende dele e do arrependimento que então tiver. Muitos colóquios com esse Espírito deram em resultado notável transformação do seu moral.
Eis aqui algumas das respostas dele.
12. (Ao Espírito). Por que não pudestes escrever da primeira vez que vos evocamos?
R. Porque não queria.
P. Mas por que?
R. Ignorância e embrutecimento.

13. Agora podeis deixar, quando vos apraz, a casa de Castelnaudary?
R. Permitem-me isso, porque aproveito os vossos conselhos.
P. Sentis algum alívio?
R. Começo a ter esperança.
14. Se nos fosse possível ver-vos, qual a vossa aparência?
R. Ver-me-íeis com a camisa, mas sem o punhal.
P. Por que não mais com o punhal? Que sumiço lhe destes?
R. Amaldiçoando-o, Deus arrebatou-me das vistas.
15. Se o filho do Sr. D. (o da bofetada) tornasse àquela casa, que lhe faríeis?
R. Nada, porque estou arrependido.
P. E se ele pretendesse ainda desafiar-vos?
R. Não me façais essa pergunta! Eu não me dominaria, isso está acima das minhas forças, pois sou um miserável.
16. Vislumbrais um termo aos vossos padecimentos?
R. Oh! Ainda não. É já muito o saber, graças à vossa intercessão, que esses padecimentos não serão eternos.
17. Tende a bondade de nos descrever a vossa situação antes de vos havermos evocado pela primeira vez. Não é preciso acrescentarmos que este pedido tem por fim sabermos como ser-vos úteis e não a simples e fútil curiosidade.
R. Disse-vos já que nada mais compreendia além do meu crime e que não podia abandonar a casa em que o cometi, a não ser para vagar no Espaço, solitário e desconhecido; disso não poderia eu dar-vos uma idéia, porque nunca pude compreender o que se passava. Desde que me alçava ao Espaço, era tudo negrume e vácuo ou, antes, não sei mesmo o que era...
Hoje o meu remorso é muito maior e no entanto não sou constrangido a permanecer naquela casa fatal, sendo-me permitido vagar na Terra e orientar-me pela observação de quanto aí vejo; compreendo melhor, assim, a enormidade dos meus crimes e, se menos sofro por um lado, por outro aumentam as torturas do remorso... Mas... ainda bem que tenho esperança.
18. Se tivésseis de reencarnar, que existência preferiríeis?
R. Não tenho meditado suficientemente acerca disso.
19. Durante o vosso longo insulamento — quase podemos dizer cativeiro — experimentastes algum remorso?
R. Nenhum e por isso sofri tão longamente. Somente quando o senti, foi que ele provocou, sem que disso me apercebesse, as circunstâncias determinantes da vossa evocação ao meu Espírito, para início da libertação. Obrigado, pois, a vós que de mim vos apiedastes e me esclarecestes.
Realmente temos visto avaros sofrerem à vista do ouro, que para eles não passava de verdadeira quimera; orgulhosos, atormentados pelo ciúme das honrarias prestadas a outros e não a eles; homens que dominavam na Terra, humilhados pela potência invisível, constrangidos à obediência, em presença de subordinados, que não mais lhes faziam curvaturas; ateus atônitos pela dúvida em face da imensidade, no mais absoluto insulamento, sem um ser que os esclarecesse.
No mundo dos Espíritos há recompensas para todas as virtudes, mas há também penalidades para todas as faltas; destas, aquelas que escaparam às leis dos homens são infalivelmente alcançadas pelas leis de Deus. Devemos ainda notar que as mesmas faltas, conquanto cometidas em circunstâncias idênticas, são diversamente punidas, conforme o grau de adiantamento do Espírito delinqüente.
Aos Espíritos mais atrasados, de natureza mais grosseira, como aquele de que acabamos de nos ocupar, são infligidos castigos de algum modo mais materiais que morais, ao passo que o contrário se dá para com aqueles cuja inteligência e sensibilidade estejam mais desenvolvidas. Aos primeiros impõe-se o castigo adequado à rudeza do seu discernimento, para compreenderem o erro e dele se libertarem. Assim é que a vergonha, por exemplo, causando pouca ou nenhuma impressão para estes, torna-se para aqueles intolerável.
No divino código penal, a sabedoria, a bondade, a providência de Deus para com as suas criaturas revelam-se até nas mínimas particularidades, sendo tudo proporcionado e disposto com admirável solicitude para facilitar ao culpado os meios de reabilitação. As mínimas aspirações são consideradas e recolhidas.
Pelos dogmas das penas eternas, ao contrário, são no inferno confundidos os grandes e pequenos criminosos, os culpados de momento e os reincidentes contumazes, os endurecidos e os arrependidos. Além disso, nenhuma tábua de salvação lhes é oferecida; a falta momentânea pode acarretar uma condenação eterna e, o que mais é, qualquer benefício que porventura hajam feito de nada lhes valerá. De que lado, pois, estará a verdadeira justiça, a verdadeira bondade?

Esta evocação nada tem de fortuita e como deveria aproveitar a esse infeliz, visto que ele já começava a compreender a enormidade do seu crime, os Espíritos guias julgaram oportuno esse socorro eficaz e facilitaram-lhe as circunstâncias propícias. É este um fato que temos visto reproduzir-se freqüentemente. Perguntar-se-á o que seria desse Espírito se não fosse evocado, o que será de todos os sofredores que o não podem ser, bem como daqueles em quem ninguém pensa... Poderíamos redarguir que os meios de que Deus dispõe para salvar as criaturas são inumeráveis, sendo a evocação um dentre esses meios, porém, não único certamente. Deus não deixa ninguém esquecido, além de que nos Espíritos suscetíveis de arrependimento, as preces coletivas devem exercer alguma influência.
O destino dos Espíritos sofredores não poderia ser por Deus subordinado à boa vontade e aos conhecimentos humanos.
Desde que os homens puderam estabelecer relações regulares com o mundo invisível, uma das primeiras conseqüências do Espiritismo foi o ensino dos serviços que por meio dessas relações podem prestar aos seus irmãos desencarnados.
Deus patenteia por esse modo a solidariedade existente entre todos os seres do Universo, ao mesmo tempo que dá a lei da natureza por base ao princípio da fraternidade. Deus demonstra-nos a feição verdadeira, útil e séria das evocações, até então desviadas da sua finalidade providencial pela ignorância e pela superstição.
Nunca faltaram socorros aos sofredores em qualquer época e, se evocações lhes proporcionam uma nova via de salvação, aproveitam ainda mais, talvez, aos encarnados, por lhes proporcionar novos meios de fazer o benefício e instruir-se ao mesmo tempo acerca das condições da vida futura.



Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 39

 
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Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 38

 
“Para me servir de uma expressão corrente, direi: pela sua Vontade. Nada caracteriza melhor essa vontade onipotente do que estas belas palavras da Gênese - “Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita.”
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Comentários de Miramez
 
As coisas, desde os átomos até os acúmulos de galáxias, fazem-se e desfazem-se pela vontade divina, em uma ação contínua, sem que haja princípio nem fim nas deliberações humanas. Os números dominados pela inteligência humana são fracos para essa contagem de ordem transcendental, que somente opera nas linhas dos segredos de Deus. Se queres saber como Deus criou o Universo, terás de estudar a existência da própria criação e, enquanto isso não ocorre, deves contentar-te com a inspiração de Moisés, na Gênese, que ainda vigora até o presente momento: Faça-se a luz! E a luz foi feita. Gênese 1:13. É muita pretensão dos homens, mesmo dos que transitam na ciência, quererem compreender os detalhes do modo que usou a Divindade, para que tudo surgisse na extensão infinita da vida.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 37

A.K.: Diz-nos a razão não ser possível que o Universo se tenha feito a si mesmo e que, não podendo também ser obra do acaso, há de ser obra de Deus.

Comentário de Miramez

 
É tão amplo o campo de conhecimento na Terra, que está para nascer nela um homem que conheça todas as coisas em um só conjunto de sistema doutrinário. As divisões existentes em tudo o que se sabe, são para facilitar a compreensão de tudo que se quer aprender. E neste sentido que a medicina, o direito, a mecânica, a religião e a própria cultura se dividem em variadas especialidades. Tudo se divide para ser melhor compreendido e disseminado e para entendermos melhor. Se enchêssemos um saco de letras do alfabeto, nunca entenderíamos o seu grande objetivo, ao passo que se as ordenarmos com inteligência, divididas na harmonia que a mente determina, compreenderemos a sua incomparável missão de instruir as criaturas. Deus dividiu o seu saber pelas leis que determinou, e fez nascer o universo.
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 36

 
 
Essa impetuosidade do ser humano, de querer saber o que lhe escapa aos sentidos, é comum, na faixa evolutiva em que se encontra a humanidade. As necessidades de conhecimento exato daquilo de que se precisa são esquecidas, talvez por conveniência, levando a conhecer a si mesmo, estudar suas próprias reações diante dos acontecimentos, livrar-se da persistência em coisas em que não se deverá insistir e do condicionamento de ideias inferiores. Como conhecer as coisas mais profundas, se ainda há guerra em quase todo o mundo, por simples pedaços de terra, por se sentirem feridos no orgulho, ou por outros povos aceitarem ideologias diferentes? Por que procurar a liberdade, sentindo obrigação política de tolher a dos outros, usando a força e a opressão? A política do futuro será o Socialismo Cristão, e não o carrancismo engendrado no orgulho, mancomunado com o egoísmo. O Cristo nos trouxe a melhor reforma, com uma constituição universal em um punhado de palavras simples, na profundidade do amor: o Evangelho, elo que poderá unir todos os povos, para que surja um só pastor e um só rebanho.
Sabemos somente de um lugar onde existe o vácuo: é onde não existe amor, é onde faltam a caridade, a justiça e o perdão. A humanidade permanece em desgaste em todo o mundo, por faltar-lhe o desprendimento. O egoísmo empana nos corações todos os sentimentos de fraternidade, e a alma fica sufocada sem poder respirar a esperança e sentir a luz do futuro promissor. O que parece vazio para os homens de ciência, ao extraírem o ar, está ocupado por fluidos altamente sensíveis, capazes de registrar até os pensamentos com nitidez absoluta, e ainda gravar todos os sons e imagens emitidos, e o mais interessante é que o poder do Espírito é tão grande, que igualmente consegue fazer na consciência, a operação que se processa nesse Éter. Na consciência profunda estão registrados todos os atos da alma, de todas as suas vidas e, ainda mais, de todas as leis espirituais que garantem a criação divina, existindo ali, em perfeita harmonia, a presença do Criador. Este é, sobretudo um segredo sobre o qual devemos pensar, estudar e orar, para que possamos perceber alguma coisa nesse sentido maior e dar início a nossa própria educação espiritual, aquela parte que Deus nos outorgou fazer.
 

Aprendendo com o livro dos Espíritos questão 35

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A humanidade vive em uma pequena terra que, em comparação com a vastidão infinita, nem existe, pelo tamanho que pode apresentar diante da criação de Deus. Em torno dela circula uma matéria mais ou menos rarefeita, denominada ar, que caminha com o planeta por onde quer que ele vá, ajudando na sustentação da vida no ambiente em que permanece. Esse ar é mais grosseiro, é mais físico, na medida que se aproxima mais da Terra, em grandes alturas ele é mais sutil, mais apurado na sua estrutura. Ele, como é matéria, está preso pela lei da gravidade, como que entrelaçado entre energia solar e raios de luz que as estrelas despejam em todas as direções. E o espaço entre os mundos, onde não existe ar, está vazio? Não, não existe vazio na criação. O Éter Cósmico interpenetra tudo como agente da vida, levando a mensagem de Deus em todos os rumos. Por ele é que se cumprem todas as leis, onde se expressa a vontade do Soberano.
Dá para deduzir que, se nós podemos constatar a matéria invisível na sua dinâmica de purificação, qual é a inteligência que tudo isso organizou? Se os maiores cientistas do mundo percebem uma mecânica universal perfeita em todos os rumos, foi alguém que a estruturou, pela feição inteligente da criação da natureza!... Como negar a intervenção de uma sabedoria maior atrás de tudo que existe? E se existe Deus, nós também existimos, e é isso que tentamos explicar e levar os homens a compreender: a necessidade do intercâmbio entre os Espíritos desencarnados e os encarnados, para que os segredos, ou alguns deles, sejam desvendados, e, neste rasgar do véu de Isis, quanto conforto não aparecerá na filosofia para o bem-estar das criaturas? Eis a missão da Doutrina dos Espíritos que, cada vez mais, cresce no mundo das formas, induzindo os homens à modificação interior, à vivência dos preceitos ensinados e vividos por Jesus.
 

NÃO ESTÁS LONGE DO REINO DE DEUS


"E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus." (Marcos, 12:34)
Após ter tido uma disputa com alguns saduceus sobre a ressurreição, aproximou-se de Jesus um escriba e lhe fez a seguinte pergunta: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?'

O Mestre, então, lhe respondeu: o primeiro de todos os mandamentos é: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor."
"Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento.

E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes."

O escriba, tomando a palavra, lhe disse: "Muito bem, Mestre, e como verdade disseste que há um só Deus, que não há outros, além dele. E amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo com a si mesmo é mais do que todos os holocaustos, todos os sacrifícios."

E Jesus, vendo que ele havia respondido sabiamente, disse-lhe: "Não estás longe do Reino de Deus."

O evangelista Mateus, discorrendo sobre o mesmo ensinamento (22:34-40), afirma que o Mestre corroborou, ainda mais, enfaticamente, o ensino supra, quando asseverou: "Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas." O que implica em afirmar que todas as leis estabelecidas anteriormente e todas as prescrições emanadas dos antigos profetas giravam em torno destes dois mandamentos principais: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo."

A Humanidade já foi presenteada com três Revelações básicas: a primeira personificada em Moisés, que se constituiu no princípio sobre o qual se assentaria, mais tarde, a segunda. A segunda, trazida por Jesus Cristo, consagrou toda a parte divina e moral da primeira, derrogando tudo o que tinha caráter transitório, que á havia sido superado no tempo e no espaço, evidenciando, em síntese, que nenhuma instituição religiosa poderia prevalecer, se não estivesse alicerçada sobre as leis do amor.
A terceira, cumprida com o advento da Doutrina Espírita, consubstancia todos os ensinamentos de Jesus, em cuja base granítica se assentou, com o objetivo de conduzir a Humanidade a seus nobilitantes objetivos, através do aprimoramento moral, da reforma intima e da assimilação e vivência dos postulados evangélicos, que gravitam em torno da aplicação das leis do amor, sem nenhuma limitação.

"Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo", eis a súmula de tudo o que constitui a preocupação máxima dos antigos profetas, que Jesus Cristo deixou bem caracterizada nas páginas dos Evangelhos, sendo, atualmente, uma das normas fundamentais incorporadas à Doutrina Espírita.

O escriba em apreço, conflitando com o modo de pensar da maioria dos doutores da lei de sua época, foi bastante categórico: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo vale mais que todos os holocaustos, todos os sacrifícios."

Aqui é conveniente analisar estas últimas palavras: "vale mais que todos os holocaustos, todos os sacrifícios". E evidente que o escriba não se referia ao sacrifício praticado, com desprendimento, em favor do próximo, o qual é altamente meritório aos olhos de Deus. Ele se referia aos sanguinolentos sacrifícios de animais e mesmo de criaturas humanas, como eram comumente praticados naquela época, e em tempos ainda mais remotos.

Jesus, vendo nele um homem de mente arejada, livre dos entraves, dos preconceitos e da observância de vãs tradições, sentenciou-lhe: "Não estás longe do Reino de Deus."

A Doutrina Espírita consagra o princípio de que os atos exteriores, nos quais os corações não tomam parte, são nulos em si mesmos, que somente o ato bom e generoso, praticado com desprendimento e fundamentado na caridade em sua mais sublime expressão, pode aureolar uma religião e fazer com que ela realmente oriente os seus prosélitos, na senda verdadeira da auto-reforma, assimilando as normas sadias da prática do amor e, desta forma, se encaminhando para Deus.

Qual o método mais eficiente para se aquilatar, quando se está perto ou longe do Reino de Deus? Tudo indica que o simples fato de portar um rótulo religioso não é o bastante. Crer em Deus, ou depositar fé em seu poder, também não é indicação segura de se estar aproximando dele.

Se uma pessoa praticar a caridade com desprendimento e desinteresse, amando o seu próximo como a si mesma, perdoando aos seus inimigos, fazendo tudo isso espontaneamente, como um impulso íntimo partido do fundo de seu coração, poderá ter a certeza de que se está aproximando cada vez mais do Criador.

Ao tempo de Moisés, o povo acreditava que determinada observância de formalidades religiosas mantinha aplacada a "fúria" de Jeová. Quando Jesus esteve entre nós, ainda se defrontou com resquícios dessas crenças, e os homens ainda mantinham apego a numerosas tradições inócuas, muito pouco fazendo em favor do seu aprimoramento moral e espiritual.

O Espiritismo recomenda que não se deve dar nenhum apreço aos meros formalismos exteriores, que sempre se constituíram no apanágio daqueles que preferem uma religião fácil, capaz de conduzi-los ao Céu com o dispêndio de pouco esforço e sem os pesados encargos oriundos de uma vida bem vivida, duma vivência nos moldes balizados nos Evangelhos de Jesus Cristo, cumprindo assim, com fidelidade a vontade de Deus.
Paulo A. Godoy
Casos Controvertidos do Evangelho