Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

CAPÍTULO III JOÃO BATISTA


JOÃO BATISTA
1 - Naqueles dias pois veio João Batista pregando no deserto da Judéia.
2 - E dizendo: Fazei penitência; porque está próximo o reino dos céus.
3 - Porque este é de quem falou o Profeta Isaías, dizendo:
Voz do que clama no deserto; aparelhai o caminho do Senhor; endireítai as suas veredas.
4 - Ora o mesmo João tinha um vestido de peles de camelo e uma cinta de couro em roda de seus rins; e a sua comida era gafanhotos e mel silvestre.
5 - Então vinha a ele Jerusalém e toda a Judéia e toda a terra da comarca do Jordão.
6 - E confessando os seus pecados, eram por ele batizados no Jordão.
7 - Mas vendo que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu batismo, lhes disse: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?
8 - Fazei pois dignos frutos de penitência.
9 - E não queirais dizer dentro de vós mesmos: Nós temos por pai a Abrahão; porque eu vos digo que poderoso é Deus para fazer que nasçam destas pedras filhos a Abrahão.
10 - Porque já o machado está posto à raiz das árvores. Toda a árvore pois que não dá bom fruto será cortada e lançada no fogo.
11 - Eu na verdade vos batizo em água para vos trazer à penitência; porém o que há de vir depois de mim é mais poderoso do que eu; e eu não sou digno de lhe ministrar o calçado; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo .
12 - A sua pá na sua mão se acha; e ele a limpará muito bem a sua eira; e recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará as palhas num fogo que jamais se apagará.
A figura máscula de João Batista inicia a idade evangélica, na qual estamos. Pregador rude, homem de um viver austeríssimo, desprezou as comodidades da vida, a ponto de se alimentar com o que achava no deserto e de se vestir com a pele de animais. Assim impressionou fortemente o povo, que acorria a ouvi-la e a pedir-lhe conselhos. Poderoso médium inspirado, foi o transmissor das mensagens do Alto, pelas quais se anunciava a chegada do Mestre e o começo dos trabalhos de regeneração da humanidade.
A todos os que queriam tornar-se dignos do reino dos céus, João aconselhava que fizessem penitência.
Qual seria essa penitência, primeiro passo a ser dado em direção ao reino de Deus?
Não eram as longas orações, nem os donativos e esmolas; nem as peregrinações aos lugares santos nem as construções de capelas; nem os jejuns nem os votos nem as promessas; não era a adoração de imagens nem a entronização delas.
A penitência não consistia em formalidades exteriores, mas sim na reforma do caráter e na retificação dos atos errados que cada um tinha praticado.
De que valem formalidades exteriores se o íntimo de cada qual permanece o mesmo? As práticas exteriores podem enganar os homens, mas não enganam a Deus, nosso Pai.
Qual o valor da confissão de erros a um homem, que, geralmente, erra tanto quanto seus irmãos?
Permanecendo o erro de pé, pode haver justificativa diante de Deus, nosso Pai?
A verdadeira confissão se faz quando se procura a pessoa a quem se ofendeu e com ela se conserta o erro.
Roubaste teu irmão? Restitui-lhe o que lhe roubaste.
Defraudaste alguém? Entrega-lhe o que lhe pertence.
Cometeste adultério? Purifica-te por um viver honesto.
Tens vícios? Abandona-os.
És mau, vingativo, rancoroso? Torna-te bom, perdoa, sê indulgente.
És rico? Ajuda o pobre.
És pobre? Não murmures contra tua situação.
És sábio? Instrui o ignorante.
És forte? Ampara o fraco.
És empregado? Obedece diligentemente.
És patrão? Sê humano para com teus subalternos.
Sois pais? Encaminhai vossos filhos pelas veredas do bem.
Sois esposos? Tratai·vos com carinho, amor e amizade, fazendo do lar um santuário de virtudes, de abnegação e de devotamento.
Sois filhos? Respeitai vossos pais.
Estes são alguns dos dignos frutos de penitência que João ordenava que se fizessem.
Já o machado está posto à raiz das árvores é uma das mais belas, sugestivas e vigorosas das figuras usadas por João, para demonstrar-nos o que sucederá depois de a Terra ter recebido o Evangelho.
O Evangelho é a lei eterna de Deus, reguladora dos atos de cada um de nós, não só no plano terreno, como em qualquer outro plano do Universo. O Pai promulgou uma só lei para seus filhos, não importa em que plano habitem.
O Evangelho é o Regulamento Moral que cumpre observar. Ora, acontecerá que serão banidos da Terra os espíritos que não se conformarem com a lei evangélica. Os endurecidos no mal e nos vícios e sem vontade de se reformarem, desencarnarão. Depois de desencarnados não se reencarnarão mais na terra; emigrarão da terra para planos do Universo que estiverem de acordo com seus caracteres.
E Jesus terá limpa sua eira, isto é, a terra será habitada somente pelos espíritos evangelizados. E a palha, isto é os espíritos que não aceitarem o Evangelho, em novos ambientes sofrerão as transformações que os levarão, futuramente, a caminho do Bem. 

O BATISMO DE JESUS
13 - Então veio Jesus da Galiléia ao Jordão ter com João, para ser batizado por ele.
14 - Porém João impedia, dizendo: Eu sou o que devo ser batizado por ti e tu vens a mim?
15 - E respondendo, Jesus lhe disse: Deixa por ora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. E ele então o deixou.
16 - E depois que Jesus foi batizado, saiu logo para fora da água; e eis que se lhe abriram os céus; e viu o Espírito de Deus, que descia como pomba e que vinha sobre ele.
17 - E eis uma voz dos céus que dizia: - Este é meu filho amado, no qual tenho posto toda minha complacência.
Este ponto, em que os Evangelistas tratam do batismo do Mestre, deu origem a intermináveis discussões, que sempre se reacendem ao depararem com circunstâncias favoráveis.
Todas as seitas que se constituíram ao influxo das palavras evangélicas, adotaram o batismo. Algumas de um modo racional, pois só permitem que seus adeptos se batizem na idade em que possam julgar o ato que praticam. Outras obrigam seus seguidores a se batizarem na primeira infância, idade em que lhes é impossível avaliarem a cerimônia na qual tomam parte inconscientemente.
O batismo em nossos dias é uma formalidade exterior, sem significado moral e serve apenas para a satisfação de vaidades e preconceitos arraigados nos corações dos pais.
O Espiritismo não adota o batismo. O batismo, diante das revelações do Espiritismo, é uma cerimônia do passado, inútil no presente.
E por que Jesus se batizou?
Porque lhe convinha cumprir toda a justiça, segundo ele próprio o declara a João.
O Precursor encerra o período das fórmulas exteriores, com as quais até então se adorava o Pai. Jesus inaugura o período em que se presta veneração a Deus em espírito e verdade, no santuário da consciência de cada um de seus filhos.
O batismo de João era bem diferente do que conhecemos em nossos dias. Pregando no deserto as alvoradas do reino dos céus, dirigia enérgico convite a todos para que se preparassem para o luminoso dia da redenção. Seduzidos pela sua palavra vibrante de fé, muitos dos ouvintes se arrependiam da vida delituosa que tinham levado e confessavam-lhe as faltas, como penhor de que não tornariam a cometê-las.. E João batizava-os, isto é, lavava-os, dando a entender que o arrependimento sincero, seguido do firme propósito de não mais reincidir no erro, limpa o espírito, como a água limpa o corpo.
E João prega que Jesus batizaria no Espírito Santo e no fogo. Entrando Jesus na água para ser batizado, é como se dissesse: Até agora foi assim; daqui por diante, será conforme lhes vou ensinar.
E seu batismo é do Espírito Santo e de fogo.
O avaro que deixa de ser avarento.
O hipócrita, que se torna sincero.
O orgulhoso que se torna humilde.
O mau que se torna bom.
Os viciados que abandonam os vícios.
Os inimigos que esquecem os ódios que os separavam e se abraçam à luz do Evangelho.
O forte que se lembra de proteger o fraco.
O rico que procura concorrer para o bem-estar dos pobres. O pobre que não murmura.
Os que, apesar de seus padecimentos, bendizem a vontade de de Deu.
Todos esses não sofrem um verdadeiro batismo de fogo? O batismo de fogo, pois, com o qual Jesus nos batiza, é o esforço que ele nos convida a fazer para que nos livremos das paixões inferiores, que nos dominam; livres delas, estaremos batizados, isto é, puros diante de Deus, nosso Pai.
O Espírito Santo é a denominação dada à coletividade dos espíritos desencarnados, que lutam pela implantação do reino de Deus na face da terra. .
Batizar-se no Espírito Santo significa receber-se a mediunidade. Todos os que recebem a mediunidade se colocam à disposição dos espíritos do Senhor para os trabalhos de evangelização que se desenvolvem no plano terrestre. É um batismo de renúncia, devotamento, abnegação e humildade. Todos são chamados para o sagrado batismo do Espírito Santo, porque todos podem trabalhar para o advento do reino dos céus.
Quando Jesus saiu da água, João viu a legião dos fulgurantes espíritos que seguiam Jesus e ouviu o cântico que entoavam ao Senhor nas alturas. E para ser compreendido pelo povo, traduziu a visão celeste por um símbolo material.
Eliseu Rigonatti

Livro : O Evangelho dos Humildes.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Kardec e Napoleão. Irmão X nos reporta os bastidores no mundo Espiritual para a preparação da chegada do consolador prometido.

KARDEC  E  NAPOLEÃO

Irmão X
 
Logo após o Brumário (9 de Novembro de 1799), quando Napoleão se fizera o primeiro Cônsul da República Francesa, reuniu-se, na noite de 31 de Dezembro de 1799, no coração da latinidade, nas esferas Superiores, grande assembléia, de espíritos sábios e benevolentes, para marcarem a entrada significativa do novo século.
Antigas personalidades de Roma Imperial, pontífices e guerreiros das Gálias, figuras notáveis da Espanha, ali se congregavam à espera do expressivo acontecimento.
Legiões dos Césares, com os seus estandartes, falanges de batalhadores do mundo gaulês e grupos de pioneiros da evolução hispânica, associados a múltiplos representantes das Américas, guardavam linhas simbólicas de posição de destaque.
Mas não somente os latinos se faziam representados no grande conclave. Gregos ilustres, lembrando as confabulações da Acrópole gloriosa, israelitas famosos, recordando o Templo de Jerusalém, deputações eslavas e germânicas, grandes vultos da Inglaterra, sábios chineses, filósofos hindus, teólogos budistas, sacrificadores das divindades olímpicas, renomados sacerdotes da Igreja Romana e continuadores de Maomet ali se mostravam, como em vasta convocação de forças da ciência e da cultura da Humanidade.
No concerto das brilhantes delegações que aí formavam, com toda a sua fulguração representativa, surgiam Espíritos de velhos batalhadores do progresso que voltariam à liça carnal ou que a seguiriam, de perto, para o combate à ignorância e a miséria, na laboriosa preparação da nova era da fraternidade e da luz.
No deslumbrante espetáculo da Espiritualidade Superior, com a refulgência de suas almas, achavam-se Sócrates, Platão Aristóteles, Apolônio de Tiana, Orígenes, Hipócrates, Agostinho, Fénelon, Giordano Bruno, Tomás de Aquino, S.Luis de França, Vicente de Paulo, Joana D’Arc, Tereza d’Avila, Catarina de Siena, Bossuet, Spinoza, Erasmo, Mílton, Cristóvão Colombo, Gutenberg, Galileu, Pascal, Swedenborg e Dante Alighieri para mencionar apenas alguns heróis e paladinos da renovação terrestre; e, em planos menos brilhantes, encontravam-se, no recinto maravilhoso, trabalhadores de ordem inferior, incluindo muitos dos ilustres guilhotinados da Revolução, quais Luís XVI, Maria Antonieta, Robespierre, Danton, Madame Roland, André Chenier, Bailly, Camile Desmoulins, e grandes vultos como Voltaire e Rousseau.
Depois da palavra rápida de alguns orientadores eminentes, invisíveis clarins soaram na direção do plano carnal e, em breves instantes, do seio da noite, que velava o corpo ciclópico do mundo europeu, emergiu, sob a custodia de esclarecidos mensageiros, reduzido cortejo de sombras, que pareciam estranhas e vacilantes, confrontadas com as feéricas irradiações do palácio festivo.
Era um grupo de almas, ainda encarnadas, que, constrangidas pela Organização Celeste, remontavam à vida espiritual, para a reafirmação de compromissos.
À frente, vinha Napoleão, que centralizou o interesse de todos os circunstantes. Era bem o grande corso, com os seus trajes habituais e com o seu chapéu característico.
Recebido por diversas figuras da Roma antiga, que se apressavam em ofercer-lhe apoio e auxilio, o vencedor de Rivoli ocupou radiosa poltrona que, de antemão, lhe fora preparada.
Entre aqueles que o seguiram, na singular excursão, encontravam-se respeitáveis autoridades reencarnadas no Planeta, como Beethoven, Ampère, Fúlton, Faraday, Goethe, João Dálton, Pestalozzi, Pio VII, além de muitos outros campeões da prosperidade e da independência do mundo.
Acanhados no veículo espiritual que os prendia à carne terrestre, quase todos os recém-vindos banhavam-se em lágrimas de alegria e emoção.
O Primeiro-Cônsul da França, porém, trazia os olhos enxutos, não obstante a extrema palidez que lhe cobria a face. Recebendo o louvor de várias legiões, limitava-se a responder com acenos discretos, quando os clarins ressoaram, de modo diverso, como se pusessem a voar para os cimos, no rumo do imenso infinito...
Imediatamente uma estrada de luz, à maneira de ponte levadiça, projetou-se do Céu, ligando-se ao castelo prodigioso, dando passagem a inúmeras estrelas resplendentes.
Em alcançando o solo delicado, contudo, esses astros se transformavam sem seres humanos, nimbados de claridade celestial.
Dentre todos, no entanto, um deles avultava em superioridade e beleza. Tiara rutilante brilhava-lhe na cabeça, como que a aureolar-lhe de bênçãos o olhar magnânimo, cheio de atração e doçura. Na destra, guardava um cetro dourado, a recamar-se de sublimes cintilações...
Musicistas invisíveis, através dos zéfiros que passavam apressados, prorromperam num cântico de hosanas, sem palavras articuladas.
A multidão mostrou profunda reverência, ajoelhando-se muitos dos sábios e guerreiros, artistas e pensadores, enquanto todos os pendões dos vexilários arriavam, silenciosos, em sinal de respeito.
Foi então que o corso se pôs em lágrimas e, levantando-se, avançou com dificuldade, na direção do mensageiro que trazia o báculo de ouro, postando-se genuflexo, diante dele.
O celeste emissário, sorrindo com naturalidade, ergueu-o, de pronto, e procurava abraçá-lo, quando o Céu pareceu abrir-se diante de todos, e uma voz enérgica e doce, forte como a ventania e veludosa como a ignorada melodia da fonte, exclamou para o Napoleão, que parecia eletrizado de pavor e júbilo, ao mesmo tempo:
- Irmão e amigo ouve a verdade, que te fala em meu espirito! Eis-te à frente do apóstolo da fé, que, sob a égide do Cristo, descerrará para a Terra atormentada um novo ciclo de conhecimento...
César ontem, e hoje orientador, rende o culto de tua veneração, ante o pontífice da luz! Renova, perante o Evangelho, o compromisso de auxiliar-lhe a obra renascente!...
Aqui se congregam conosco lidadores de todas as épocas. Patriotas de Roma e das Gálias, generais e soldados que te acompanham nos conflitos da Farsália, de Tapso e de Munda, remanescentes das batalhas de Gergóvia e de Alésia aqui te surpreendem com simpatia e expectação... Antigamente, no trono absoluto, pretendias-te descendente dos deuses para dominar a Terra e aniquilar os inimigos... Agora, porém, o Supremo Senhor concedeu-te por berço uma ilha perdida no mar, para que te não esqueças da pequenez humana e determinou voltasses ao coração do povo que outrora humilhaste e escarneceste, a fim de que lhe garantas a missão gigantesca, junto da Humanidade, no século que vamos iniciar.
Colocado pela Sabedoria Celeste na condição de timoneiro da ordem, no mar de sangue da Revolução, não olvides o mandato para o qual fostes escolhido.
Não acredites que as vitórias das quais fostes investido para o Consulado devam ser atribuídas exclusivamente ao teu gênio militar e político. A Vontade do Senhor expressa-se nas circunstâncias da vida. Unge-te de coragem para governar sem ambição e reger sem ódio. Recorre à oração e à humildade para que te não arrojes aos precipícios da tirania e da violência!...
Indicado para consolidar a paz e a segurança, necessárias ao êxito do abnegado apóstolo que descortinará a era nova, serás visitado pelas monstruosas tentações do poder.
Não te fascines pela vaidade que buscará coroar-te a fronte... Lembra-te de que o sofrimento do povo francês, perseguido pelos flagelos da guerra civil, é o preço da liberdade humana que deves defender, até o sacrifício. Não te macules com a escravidão dos povos fracos e oprimidos e nem enlameies os teus compromissos com o exclusivismo e com a vingança!...
Recorda que, obedecendo a injunções do pretérito, renasceste para garantir o ministério espiritual do discípulo de Jesus que regressa à experiência terrestre, e vale-te da oportunidade para santificar os excelsos princípios da bondade e do perdão, do serviço e da fraternidade do Cordeiro de Deus, que nos ouve em seu glorificado sólio de sabedoria e de amor!
Se honrares as tuas promessas, terminará a missão com o reconhecimento da posteridade e escalarás horizontes mais altos da vida, mas, se as tuas responsabilidades forem menosprezadas, sombrias aflições amontoar-se-ão sobre as tuas horas, que passarão a ser gemidos escuros em extenso deserto...
Dentro do novo século, começaremos a preparação do terceiro milênio do Cristianismo na Terra.
Novas concepções de liberdade surgirão para os homens, a Ciência erguer-se-á a indefiníveis culminâncias, as nações cultas abandonarão para sempre o cativeiro e o tráfico de criaturas livres e a religião desatará os grilhões do pensamento que, até hoje, encarceram as melhores aspirações da alma no inferno sem perdão!...
Confiamos, pois, ao teu espírito valoroso a governança política dos novos eventos e que o Senhor te abençoe!...
Cânticos de alegria e esperança anunciaram nos céus a chegada do século XIX e, enquanto o Espírito da Verdade, seguido por várias cortes resplandecentes, voltava para o Alto, a inolvidável assembléia se dissolvia...
O apóstolo que seria Allan Kardec, sustentando Napoleão nos braços, conchegou-o de encontro ao peito e acompanhou-o, bondosamente, até religá-lo ao corpo de carne, no próprio leito.
....................................................................................................................................
Em 3 de outubro de 1804, o mensageiro da renovação renascia num abençoado lar de Lião, mas o Primeiro-Cônsul da República Francesa, assim que se viu desembaraçado da influência benéfica e protetora do Espírito de Allan Kardec e de seus cooperadores, que retomavam, pouco a pouco, a integração com a carne, confiantes e otimistas, engalanou-se com a púrpura do mando e, embriagado de poder, proclamou-se Imperador, em 18 de maio de 1804, ordenando a Pio VII viesse coroá-lo em Paris.
Napoleão, contudo, convertendo celestes concessões em aventuras sanguinolentas, foi apressadamente situado, por determinação do Alto, na solidão curativa de Santa Helena, onde esperou a morte, enquanto Allan Kardec, apagando a própria grandeza, na humildade de um mestre-escola, muita vez atormentado e desiludido, como simples homem do povo, deu integral cumprimento à divina missão que trazia à Terra, inaugurando a era espírita-cristã, que, gradativamente, será considerada em todos os quadrantes do orbe como a sublime renascença da luz para o mundo inteiro.
 
Livro Cartas e Crônicas - Espírito Irmão X - Psicografia Francisco C. Xavier. 
 
 r
 

sábado, 6 de outubro de 2012

Alegria de Viver esse é o tema de um grande trabalhador ,Jerônimo Mendonça,na seara Espírita, que mesmo paraplégico e cego encontrava forças na fé , na resignação e na necessidade de divulgar a doutrina consoladora nos quatro cantos do Brasil um tarefeiro de Deus que no seu exemplo nos faz refletir o que será necessário para sermos felizes. Assitam e divulguem .


Aprendendo com o Livro dos Espíritos Questão 1.

CAPÍTULO I
 
Conhecer e Amar são duas metas que não poderemos esquecer em todos os nossos caminhos. Esses dois estados d'alma abrir-nos-ão as portas da felicidade, pelas quais poderemos viver em pleno céu, mesmo estando andando e morando na Terra. A Suprema Inteligência está andando conosco e falando constantemente aos nossos ouvidos, em todas as dimensões do entendimento, porém, nós ainda estamos surdos aos Seus apelos e passamos a sofrer as conseqüências da nossa ignorância. Todavia, o intercâmbio entre os dois mundos acelera uma dinâmica sobremodo elevada a respeito das coisas divinas, para melhor compreensão daqueles que dormem, e o Cristo, como guia visível através das mensagens, toca os clarins da eternidade anunciando novo dia de libertação das criaturas, mostrando onde está Deus e que é Deus, que nos espera, filhos do seu Coração, de braços abertos, como Pai de Amor.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

IRRESPONSABILIDADE : Não existem "vítimas da fatalidade"; nós é que somos os promotores do nosso destino. Somos a causa dos efeitos que ocorrem em nossa existência.



"Somos nós mesmos que fazemos os nossos caminhos e depois os denominamos de fatalidade."

Não é coerente que cada um de nós trabalhe para alcançar a própria felicidade? Não é lógico que devemos nos responsabilizar apenas por nossos atos? Não nos afirma a sabedoria do Evangelho que seríamos conhecidos, exclusivamente, pelas nossas obras?
Fazer os outros seguros e felizes é missão impossível de realizar, se acreditarmos que depende unicamente de nós a plenitude de sua concretização. Se assim admitimos, passamos, a partir de então, a esperar e a cobrar retribuição; em outras palavras, a reciprocidade. Não seria mais fácil que cada um de nós conquistasse sua felicidade para que depois pudesse desfrutá-la, convivendo com alguém que também a conquistou por si mesmo? Qual a razão de a ofertarmos aos outros e, por sua vez, os outros a concederem a nós? Por certo, só podemos ensinar ou partilhar o que aprendemos.

Assim disse Pedro, o apóstolo:"Não tenho ouro nem prata; mas o que tenho, isso te dou."!
Dessa maneira, vivemos constantemente colocando nossas necessidades em segundo plano e, ao mesmo tempo, nos esquecendo de que a maior de todas as responsabilidades é aquela que temos para com nós mesmos.

Os acontecimentos exteriores de nossa vida são o resultado direto de nossas atitudes internas. A princípio, podemos relutar para assimilar e entender esse conceito, porque é melhor continuarmos a acreditar que somos vítimas indefesas de forças que não estão sob o nosso controle. Efetivamente, somos nós mesmos que fazemos os nossos caminhos e depois os denominamos de fatalidade.
"Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? (..) são pré-determinados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?", pergunta Kardec aos Semeadores da Nova Revelação. E eles respondem: "A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar (..) Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino ... "
É inevitável para todos nós o fato de que vivemos, invariavelmente, escolhendo. 

A condição primordial do livre-arbítrio é a escolha e, para que possamos viver, torna-se indispensável escolher sempre. Nossa existência se faz através de um processo interminável de escolhas sucessivas.

Eis aqui um fato incontestável da vida: o amadurecimento do ser humano inicia-se quando cessam suas acusações ao mundo.

Entretanto, há indivíduos que se julgam perseguidos por um destino cruel e censuram tudo e todos, menos eles mesmos. 

Recusam, sistematicamente, a responsabilidade por suas desventuras, atribuindo a culpa às circunstâncias e às pessoas, bem como não reconhecem a conexão existente entre os fatos exteriores e seu comportamento mental.

 No íntimo, essas pessoas não definiram limites em seu mundo interior e vivem num verdadeiro emaranhado de energias desconexas. Os limites nascem das nossas decisões profundas sobre o que acreditamos ser nossos direitos pessoais.

Nossas demarcações estabelecem nosso próprio território, cercam nossas forças vitais e determinam as linhas divisórias de nosso ser individual. Há um espaço delimitado onde nós terminamos e os outros começam.

Algumas criaturas aprenderam, desde a infância, o senso dos limites com pais amadurecidos. Isso os mantém firmes e saudáveis dentro de si mesmas. Outras, porém, não. Quando atingiram a fase adulta, não sabiam como distinguir quais são e quais não são suas responsabilidades. Muitas construíram muros de isolamento que as separaram do crescimento e da realização interior, ou ainda paredes com enormes cavidades que as tornaram suscetíveis a uma confusão de suas emoções com as de outras pessoas.
Limites são o portal dos bons relacionamentos. Têm como objetivo nos tornar firmes e conscientes de nós mesmos, a fim de sermos capazes de nos aproximar dos outros sem sufocá-los ou desrespeitá-los. Visam também evitar que sejamos constrangidos a não confiar em nós mesmos.

Ser responsável implica ter a determinação para responder pelas conseqüências das atitudes adotadas.
Ser responsável é assumir as experiências pessoais, para atingir uma real compreensão dos acertos e dos desenganos.
Ser responsável é decidir por si mesmo para onde ir e descobrir a razão do próprio querer.

Não existem "vítimas da fatalidade"; nós é que somos os promotores do nosso destino. Somos a causa dos efeitos que ocorrem em nossa existência.
Aceitar o princípio da responsabilidade individual e estabelecer limites descomplica nossa vida, tornando-nos cada vez mais conscientes de tudo o que acontece ao nosso derredor.
Escolhendo com responsabilidade e sabedoria, poderemos transmutar, sem exceção, as amarguras em que vivemos na atualidade. A auto-responsabilidade nos proporcionará a dádiva de reconhecer que qualquer mudança de rota no itinerário de nossa "viagem cósmica" dependerá, invariavelmente, de nós.

Hammed

OS MALEFÍCIOS DA GULA


"A natureza não traçou o limite do necessário em nossa própria organização?
— Sim, mas o homem é insaciável.A natureza traçou o limite de suas necessidades na sua organização, mas os vícios alteraram a sua constituição e criaram para ele necessidades artificiais." (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo V. Lei de Conservação. Pergunta 716.)


"A alimentação animal, para o homem, é contrária à lei natural?
- Na vossa constituição física, a carne nutre a carne, pois do contrário o homem perece. A lei de conservação impõe ao homem o dever de conservar as suas energias e a sua saúde, para poder cumprir a lei do trabalho. Ele deve alimentar-se, portanto, segundo o exige a sua organização." (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro terceiro. Capítulo V. Lei de Conservação. Pergunta 723.)


O excesso na alimentação é vício igualmente nocivo ao nosso organismo. Imaginemos a sobrecarga de trabalho que os nossos órgãos são obrigados a desenvolver desnecessariamente, apenas para satisfazer o exagerado prazer da gustação. Todo excesso de trabalho leva ao desgaste prematuro, quer de uma máquina, quer dos órgãos físicos, ou do corpo somático na sua generalidade. O desenvolvimento avantajado e antiestético dos órgãos responsáveis pela digestão caracteriza o glutão.

A gula também é uma manifestação de egoísmo. A porção alimentar que poderia sustentar mais uma ou duas pessoas é totalmente digerida por apenas uma, com visível prejuízo para a coletividade. A quantidade necessária de proteínas, gorduras, sais minerais, etc., para manter o corpo físico, é mais ou menos a metade ou a terça parte daquilo que nós normalmente ingerimos. A nossa alimentação diária já é excessiva. Todos nós normalmente ingerimos mais do que o necessário; somos, em alguma proporção, glutões. As pessoas gordas vivem, de um modo geral, muito menos que as magras e, além disso, estão sujeitas a enfermidades com mais frequência. Grandes quantidades de alimentos deglutidos não significa ter boa saúde.

Teoricamente, a energia alimentar contida numa amêndoa seria suficiente para nos nutrir o dia inteiro, caso soubéssemos e estivéssemos em condições próprias para absorvê-las por completo. Para aproveitar as energias e os valores alimentícios durante as refeições, é necessário que tenhamos a mente tranquilizada e as emoções acalmadas, além de estarmos concentrados na absorção dos mesmos. Quando nas refeições ocorrem discussões e contrariedades, ingerimos mal, provocando perturbações estomacais e impregnamos os alimentos mastigados de vibrações negativas altamente perniciosas ao nosso espírito.

Embora consideremos as proteínas de origem animal importantes à nossa subsistência, a preferência pelos produtos naturais, como cereais, verduras, frutas, ovos, mel, leite e seus derivados, é no nosso entender mais condizente com a natureza da criatura que busca ascender espiritualmente.
Porém, sejamos realistas e não nos fanatizemos seguindo a alimentação frugal como objetivo de ascensão espiritual, pois não é o que entra pela boca que nos faz melhores, mas o esforço que empreendemos em fazer com que através dela saiam apenas palavras confortadoras, dóceis, construtivas.

As gorduras que se acumulam no nosso organismo em forma de triglicérides e colesterol, prejudiciais ao nosso sistema circulatório, devem ser minoradas, até como recomendação médica geral. O comer exagerado é um vício, quando não, um costume que criamos para satisfazer nosso próprio orgulho e o prazer de saborear incontidamente os deliciosos quitutes. É realmente atraente o prazer de comer bem. Quem faz os alimentos se esmera para ser elogiado, agrada-o bem servir socialmente.
Quem aproveita os alimentos não se contém; o sabor não estabelece limites, mais e mais vai sendo engolido. O processo sugestivo é também um meio para se libertar, porém a orientação alimentar para as pessoas excessivamente gordas ou descontroladas nesse sentido deve ser dada por médico especialista, pois o controle alimentar por conta própria pode provocar um desbalanceamento, com graves consequências.

O processo sugestivo entra como meio de reação ao vício. Quando o desejo e os estímulos exagerados do apetite, diante de suculentos pratos e bonitas travessas, nos impulsionam a comer desmedidamente, podemos reagir pensando nos futuros prejuízos ao nosso corpo e nas consequências nocivas ao nosso espírito. Procuremos sempre reagir aos excessos alimentares, contendo os impulsos da gula, principalmente aos domingos, quando procuramos descansar o corpo físico das sobrecargas semanais. Há um preceito que ensina: "devemos terminar as refeições com fome".

Assim fazendo, naturalmente aprenderemos a comer menos, absorvendo melhor as energias alimentícias através de uma atitude tranquila e de uma mentalização positiva nas qualidades substanciosas dos mesmos. Comendo pouco nos alimentamos muito: essa é a chave para adquirir o equilíbrio alimentar e vencer a gula.

16 - AS VIRTUDES


"Qual a mais meritória de todas as virtudes? — Todas as virtudes têm o seu mérito, porque todas são indícios de progresso no caminho do bem. Há virtudes sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências; mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção. A mais meritória é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada. " (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo XII. Perfeição Moral. Pergunta 893.)

Até parece que, em nossos dias, não se usa mais a palavra "virtude". Pouco se comenta, de um modo geral, sobre as virtudes dos homens, antes admiradas e respeitadas, hoje de exemplos tão raros. A impressão que guardamos dos comentários feitos a respeito das virtudes vem possivelmente das educadoras religiosas, na nossa infância, quando pareciam ser qualidades apenas das criaturas santas e angelicais, distantes das nossas próprias possibilidades. Querer ser virtuoso, quando criança, era a imagem do garoto obediente, bem comportado, que não falava nome feio, que não brincava espontaneamente; era a figurinha aureolada, introspectiva, coisa ridícula para as crianças de hoje.

Quem atualmente valoriza as qualidades virtuosas e as procura incentivar? Bem poucos, podemos dizer; é coisa de antigamente, das cidades pequenas, das famílias tradicionais, já não compatível com os padrões sociais das cidades que muito cresceram, onde poucos se conhecem e todos levam as suas vidas despreocupados com a retidão de caráter, a seriedade profissional, a honestidade, a fidelidade conjugal, a boa educação de princípios. Virtude, no entanto, não é algo tão distante assim do nosso modo de ser. Os dicionários assim a definem: "Disposição firme e constante para a prática do bem".

"Há virtude toda vez que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências",
nos afirmam os instrutores espirituais. Então, não é assim tão afastada das nossas possibilidades, mesmo que estejamos desacostumados a falar desses valores, ou mais ainda, de cultivá-los em nós mesmos e no nosso meio.

Temos, nas virtudes, aqueles padrões de comportamento que um dia chegaremos a vivenciar espontaneamente, sem que para isso nos custe algum esforço. Reagiremos de modo natural, por hábito, com bons sentimentos, sem dificuldades. É preciso compreender que a atitude virtuosa deve estar despida do interesse pessoal, ou das intenções ocultas; praticar o bem pelo próprio bem. Dizem-nos os amigos da Espiritualidade: "O sublime da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem intenção oculta". (O Livro dos Espíritos. Pergunta 893.) E a maior qualidade que a virtude pode ter é a de ser praticada com a mais desinteressada caridade, o que lhe confere grandioso mérito.

Características Básicas das Virtudes

Propondo-nos à realização progressiva do nosso auto-aprimoramento, vamos juntos estudar as características básicas das virtudes, isto é, procuremos conhecer seus principais aspectos, o que muito facilitará a sua prática no nosso relacionamento com as pessoas de todas as áreas sociais a que pertençamos.

O Espírito da Verdade, no Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec (Capítulo VI. Item 8. O Cristo Consolador), fala-nos do "devotamento" e da "abnegação", afirmando que a sabedoria humana reside nessas duas palavras.

Diz-nos: "Adotai por divisa estas duas virtudes: devotamento e abnegação, e sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres impostos pela caridade e humildade".

"Devotamento" é dedicação, afeição com religiosidade, com sentimento de amor profundo, a uma causa ou a criaturas.

"Abnegação" é desinteresse, desprendimento, renúncia, sacrifício voluntário do que há de egoístico nos desejos e tendências naturais do homem em proveito de uma pessoa, causa ou idéia. (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua Portuguesa.) No Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (Capítulo XII. Perfeição Moral. Das Paixões), a pergunta 912 indaga: "Qual o meio mais eficaz de se combater a predominância da natureza corpórea?" O que entendemos ser a predominância da própria natureza animal do homem, a manifestacão dos seus desejos, dos interesses pessoais, das paixões desenfreadas, do egoísmo humano.

A essa pergunta, os instrutores da equipe espiritual da Codificação responderam apenas: "Praticar a abnegação".

Resumindo

Desse apanhado, podemos enumerar de modo simples, como meio para a nossa aferição individual, as características fundamentais das virtudes, como consistindo no seguinte:

a) Disposição firme e constante para a prática do bem;

b) Prática da resistência voluntária ao arrastamento das más tendências;

c) Sacrifício voluntário do interesse pessoal, renunciando pelo bem do próximo — abnegação;

d) Prática da caridade desinteressada, empregada com discernimento para o proveito real dos que dela necessitam;

e) Dedicação com sentimento de amor profundo e desprendimento — devotamento;

"O Fazer o bem por impulso espontâneo, natural, por hábito, sem esforço ou dificuldade".

Ney P. Peres

O REINO DOS CÉUS


E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: o Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou ei-lo ali, porque eis que o Reino de Deus está entre vós. (Lucas, 17:20-21) E dizia: a que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei? E semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou em sua horta, e cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu. (Lucas, 13:18-19)

E disse outra vez: a que compararei o Reino de Deus? E semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou. (Lucas, 13.20-21) O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu, e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo. (Mateus, 13:44) O Reino dos Céus é também semelhante a um homem negociante, que busca boas pérolas.
E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a . (Mateus, 13:45-46,) O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha toda a qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia, e, assentando-se, apanham para os cestos os bons, os ruins, porém, lançam fora. (Mateus, 13:47-48,)
Nos trechos evangélicos citados, o Mestre deixou bem evidenciado que o Reino dos Céus não existe como lugar confinado, como mansão de repouso eterno nem plano de estagnação, de inércia, ou de contemplação beatífica. Asseverando que o Reino dos Céus virá sem nenhuma demonstração exterior, e, ainda mais, que o tão almejado Reino está perenemente entre nós, Jesus definiu, de modo inequívoco, como deveremos concebê-lo.

E evidente que, se um indivíduo vive em paz com sua consciência e é perseverante na observação dos ensinamentos evangélicos, estará obviamente, vivendo num estado de paz, de serenidade. Por outro lado, se o indivíduo apenas pratica iniqüidades e reluta em seguir as veredas do Bem, estará implicitamente, vivendo num verdadeiro inferno.

O Espiritismo proclama a existência de Planos Superiores da Espiritualidade, onde os Espíritos que bem desempenharam o aprendizado nas "muitas moradas da Casa do Pai" desfrutam das bem-aventuranças peculiares àqueles que souberam assimilar os preceitos da Lei do Amor. Porém essas regiões elevadas não são destinadas à inação, ao descanso eterno ou à contemplação beatífica, tampouco para servirem de reduto aos violentos e aos conspurcadores das Leis de Deus.

No nobre intuito de revelar aos seus pósteros a premente necessidade da preparação das almas para a dignificante tarefa de alcançar o Reino dos Céus, o qual, no dizer de Jesus, só se conquista com as boas obras e não com a violência, o Mestre fez várias comparações concludentes em torno do verdadeiro sentido daquele tão decantado Reino. Nessas maravilhosas demonstrações, o Reino dos Céus foi apresentado sob vários prismas, girando em torno do mesmo significado.
Comparou-o, Jesus, ao grão de mostarda, que, apesar de ser uma das menores sementes, produz enorme vegetação; ao fermento que, mesmo em pequena quantidade, é capaz de levedar grande quantidade de massa; ao tesouro escondido que, quando é achado por um indivíduo, este vende tudo o que tem para poder adquiri-lo; a uma pérola de grande valor, que, quando achada, serve de incentivo para quem a descobriu vender tudo quanto tem, a fim de adquiri-la, e, finalmente, a uma rede lançada ao mar, que, apanhando grande quantidade de peixes, uns são lançados fora, como ruins, e outros guardados como bons.

A máxima "Buscai antes o Reino de Deus e sua justiça e tudo vos será acrescentado", por si só é suficiente para demonstrar que, abrindo o coração para que nele se aninhe o sentimento do Bem, a criatura humana, de uma forma simbólica, estará recebendo a pequena semente que se transformará em sentimentos empolgantes e de grande amplitude, a ponto de essa criatura sentir-se em íntimo contato com as entidades generosas e puras da Espiritualidade Superior, ou seja, do Mundo Maior, as quais, em perfeita similitude com as aves dos céus, dela aproximar-se-ao, atraídas pelos vários ramos da virtude que se irradia da sua alma.

Aquele que sentir em seu interior o despertar para as coisas de Deus, deverá desvencilhar-se de todas as imperfeições, abandonando, de vez, todos os impulsos menos edificantes. Nesse caso, deverá agir como aquele indivíduo que, encontrando um tesouro escondido, uma pérola de grande valor, decidiu despojar-se de tudo quanto tinha, para adquirir aquilo que considerava de maior valor. O Ser que pressentir, em sua alma, que as primícias do Reino dos Céus o estão bafejando com seus influxos, dada a circunstância de desejar palmilhar o caminho do Bem, deverá relegar para plano secundário os vícios, os maus pendores e as preocupações menos puras, a fim de possuir aquele Bem maior.

Fazendo analogia entre o Reino dos Céus e uma rede cheia de peixes, da qual o pescador separará os bons, dos ruins, os bons, guardando na cesta, e atirando de volta ao mar aqueles que foram considerados ruins, Jesus nos legou um ensinamento velado, do qual devemos subtrair o Espírito que vivifica.

O Reino dos Céus é para todos os filhos de Deus. A rede generosa, da qual o Cristo fala em seu ensinamento, é lançada para toda a Humanidade, indistintamente, assim como Deus faz a chuva beneficiar bons e maus e o Sol brilhar sobre justos e injustos. Muitos, porém, não dão guarida ao excesso de misericórdia do Pai Celestial e, quando ultrapassarem o limiar do túmulo, ocorrerá a separação descrita no Evangelho, simbolizada no levantamento da rede e a consequente separação dos peixes; aqueles que se compenetraram dos seus deveres e apenas praticaram o Bem, sem mistura de mal, entrarão no gozo da essência dignificante do Espírito, e aqueles que perverteram suas obrigações, que apenas deram guarida ao mal, serão relegados aos planos umbralinos — os planos terra-a-terra — onde os Espíritos ociosos e maldosos curtirão as dores oriundas de um dever não-cumprido, de uma tarefa fracassada. No dizer do Cristo tais criaturas serão relegadas ao local onde "haverá choros e ranger de dentes".

Quando alguém nos disser que o Reino dos Céus está ali ou acolá, não devemos dar crédito. O tão aspirado Reino está dentro de nós, e sua penetração em nosso coração se fará sem nenhuma manifestação exterior, ou seja, será pela simples prática das boas obras, conforme nos ensinou Jesus.

Paulo A. Godoy

Casos controvertidos do Evangelho

O BATISMO


"Todavia, não era o próprio Jesus que batizava, mas os seus discípulos." - (João, 4:2)
A cerimônia do Batismo, no verdadeiro sentido de Banho Expiatório, não foi criada por João Batista. Essa prática já existia na Índia, milhares de anos antes de existir na Europa, tendo dali passado para o Egito. Na índia, eram as águas do rio Ganges consideradas sagradas, tendo propriedade purificadora. Do Ganges passou-se para o rio Indus, igualmente considerado sagrado, de onde se propagou para o rio Nilo, também tido na conta de sagrado, para, por fim, terminar no rio Jordão, onde João usava as águas para o mesmo fim e como um simples ritualismo.

Coube, pois, a S. Cipriano, a tarefa de criar o dogma do Batismo de Água, embora S. Tertuliano dissesse que "as crianças não precisam dessa formalidade por serem jovens e não saberem o que fazem. Até os adultos, disse ele, podem ser dispensados desse rito, desde que possuam fé.

Os primitivos cristãos não batizavam seus filhos ao nascer. Esperavam anos e anos, para que, quando o fizessem, pudesse esse rito apagar todos os pecados cometidos, sendo esse ato, às vezes, adiado até a hora da morte. Entre os judeus, a Circuncisão era a prática ritualística aplicada às crianças, e não o Batismo de Água. O Evangelho de Lucas (2:21) diz, textualmente: E quando os oito dias foram cumpridos para circuncidar o menino, foi lhe dado o nome de Jesus.

Segundo os teólogos, o Batismo é um sacramento que tem a propriedade de extirpar o pecado original de Adão e Eva, dois personagens lendários que nunca existiram na face da Terra.
Demais, Deus seria extremamente injusto se fizesse as Humanidades de todos os tempos contraírem o mesmo pecado de duas criaturas ingênuas.

O Evangelista Marcos (1:9) afirma: E aconteceu naqueles dias que Jesus, indo de Nazaré, da Galiléia, foi balizado por João, no Jordão. Aqui cabem várias indagações: Foi Jesus também purificado pelas águas do Jordão. Também foi Ele contaminado pelo decantado pecado original? Porventura não foi Jesus o mais elevado Espírito encarnado na Terra? Não é Ele o Ungido de Deus?

O Cristo submeteu-se ao Batismo de Água, praticado por João, para não menosprezar o cerimonial que o seu Precursor havia escolhido para atrair as multidões e prepará-las para o próximo advento do Messias. E fato notório que João, sentindo que o Mestre era muito superior a ele, lhe pedisse que o batizasse, tendo Jesus se negado a fazê-lo, dizendo: "Deixa por agora", demonstrando, assim, o pouco apreço que dava a esse ritual externo, uma vez que Ele havia descido à Terra para combater a superstição, o fanatismo e o obscurantismo.

Antes de ter visto o Cristo, disse João Batista: Aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de desatar; ele vos batizará com o Espírito e com fogo. (Mateus, 3:11). Após conhecer o Mestre e capacitar-se de sua superioridade, João Batista afirmou: É necessário que eu diminua, para que ele cresça (João, 3:30), reconhecendo, assim, que a sua tarefa de Precursor estava no fim, e o Batismo de Água deveria ser suplantado pelo Batismo do Fogo.

Alguns dos apóstolos de Jesus também foram discípulos de João Batista, por isso, continuaram a dar apreço ao Batismo de Água, mas, conforme disse João em seu Evangelho (4:2), Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos.

Paulo de Tarso, o intrépido apóstolo que combatia a idolatria e os ritualismos de qualquer natureza, escreveu em sua I Epístola aos Coríntios (1:14-17): Dou graças a Deus, porque a nenhum de vós batizei, senão Crispo e a Caio, para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome. E batizei também a família de Estéfanes; além deles, não sei se batizei algum outro. Porque Cristo me enviou, não para batizar, mas para evangelizar. Paulo dava graças a Deus por ter parado de batizar, como o faziam alguns dos discípulos de Jesus.

Muitas pessoas acham que o fato de ter o Cristo sido batizado dá autenticidade a esse ritual; entretanto, convém lembrar que o Mestre também foi circuncidado, e nenhum cristão adota essa prática, que é apenas cumprida pelos judeus. Mateus, em (3:16), nada fala sobre o Espírito Santo, diz apenas: O Espírito de Deus desceu sobre ele como uma pomba.

O Batismo de Fogo é uma difícil fase da vida do ser humano. O arrependimento sincero de seus erros e as transgressões de vidas passadas são a fase preparatória para o Batismo de Fogo, o qual acontece quando ele inicia uma luta pela sua renovação, reparando os males cometidos em outras vidas. É quando, também, dá demonstração de seu propósito de reformar-se interiormente. Simbolicamente, significa esterilizar-se das contaminações contraídas no decurso de suas várias reencarnações.

O Batismo pelo Espírito é a constância na prática do Bem, com a consequente evolução moral, obtendo, por mérito, o reconhecimento do Plano Espiritual Superior. É quando o indivíduo consegue sintonia com o Mundo Maior, como sucedeu com os apóstolos de Jesus, no Dia de Pentecostes. Isso é colimado, através de um árduo Batismo de Fogo, quando ele luta, sem esmorecimento, num longo aprendizado, vencendo as provações e se aprimorando espiritualmente.
Jesus Cristo desceu à Terra, a fim de submeter todos os seus irmãos, filhos de Deus, ao Batismo de Fogo e do Espírito, pois somente, assim, todos os homens e mulheres atingirão a reforma interior, o que, aliás, o objetivo básico do advento do Cristo, na Terra.
Paulo A. Godoy
Casos controvertidos do Evangelho,

PENAS ETERNAS


"Haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende,
mais do que por noventa e nove justos que não necessitam
de arrependimento." (Lucas, 15:7)
Para melhor poder elucidar este tema, torna-se imperiosa a transcrição de alguns trechos do Velho e do Novo Testamentos:
Eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. (João, 12:47)
Eu sou o bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. (João, 10:11)
Vinde a mim todos os que estão sobrecarregados e oprimidos, e eu vos aliviareis.(Mateus, 11:28)
Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores. (Marcos, 2:17)
Porque qualquer que pede recebe; e quem busca, acha; e a quem bate, abrir-se-lhe-á. (Lucas, 11:10)
Por mim mesmo juro, disse o Senhor Deus, que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva. (Ezequiel, 33:11)
Conforme se depara das citações acima, os quatro evangelistas são unânimes na demonstração da amplitude do amor de Deus para com suas criaturas.
Os livros dos profetas, de forma idêntica, atestam o desvelo que Deus tem para com o gênero humano e a transcrição que fizemos acima, de um tópico do livro de Ezequiel, não deixa pairar qualquer dúvida sobre essa assertiva.
Se as religiões afirmam que o Cristo veio para salvar o mundo e chamar os pecadores, como conceber a validade de dogmas que conflitam com essas afirmações?
Como poderia se conceber um Pai que demonstra o mais efusivo amor para com suas criaturas, ao ponto de enviar Jesus Cristo para nos trazer uma mensagem de vida eterna, pagando no cimo do Calvário essa sua ousadia, tolerar em sua justiça a existência de penas eternas e irremissíveis?
A proclamação de Jesus de que há mais alegria no Céu por um pecador que se regenera do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento, representa o mais insofismável repúdio às suposições inconsistentes sobre a existência de seres devotados eternamente à prática do mal e de lugares circunscritos para a aplicação de penalidades sem remissão.
Como admitir a idéia de um Pai que situa seus filhos em vários planos de aprendizagem para, face ao menor deslize, condená-los, de forma inapelável, a um inferno tenebroso, chefiado por um arguto e despótico deus do mal, que faz perenemente afrontas ao Criador de todas as coisas? A justiça de Deus, em tais circunstâncias, seria defectível e facilmente sobrepujada pela justiça dos homens, a qual, em muitos casos, concede o sursis e dá aos réus a oportunidade de novos recomeços.
Se os pais terrenos, apesar de suas imperfeições, dão sempre a seus filhos o que há de melhor e, se estes transgridem suas ordenações não lhes negam a oportunidade de novas experiências, como negar a Deus, que é a expressão máxima de perfeição, a concessão de regalias equivalentes?
O Espiritismo, que surgiu na Terra com o objetivo primário de restaurar o autêntico Cristianismo, não pode jamais pactuar com doutrinas que apresentam um Deus unilateral, vingativo, rancoroso e despótico, em flagrante contraste com tudo aquilo que o Mestre Nazareno veio nos ensinar. O progresso humano não comporta mais postulados retrógrados que objetivem manter os homens acorrentados às férreas cadeias de dogmas esdrúxulos, verdadeiros resíduos de crenças antigas, que já não têm razão de existir.
Quando o apóstolo afirma que o amor cobre a multidão de pecados, é incisivo na demonstração de que qualquer falha pode ser remida pela prática das leis do amor. Isso anula os conceitos de penas eternas, de inferno habitado por legiões de seres que viveriam eternamente na prática do mal e que, persistentemente, atormentariam as almas que estivessem expiando nas chamas infernais o crime de terem sido fracas e sujeitas a quedas.
Jamais poderia Deus ter criado pigmeus para exigir deles obra de gigantes.
O Espírito do homem foi criado simples e ignorante, sendo situado nos vários planos de aprendizagem a fim de se despojar das imperfeições e, através dos séculos, ser guindado à situação de Espírito angelical. Se a sua natural fraqueza e imperfeição origina quedas repetidas, no desenrolar das reencarnações, não seria lógico o Criador não lhe conceder oportunidade de soerguimento e consentir a consumação de tão odienta condenação eterna.
O Espiritismo nos apresenta Deus em toda a sua magnitude, revestido dos seus verdadeiros atributos de Pai de amor e misericórdia, de justiça e de perdão. A Doutrina dos Espíritos não nega a penalidade futura, pelo contrário, confirma-a; o que, entretanto, não aceita é essa penalidade revestida de caráter eterno e a existência de inferno localizado.
Seja qual for a duração dessa penalidade transitória, ela terá um epilogo, próximo ou remoto. A alma humana tem sempre a oportuunidade de reencetar a marcha rumo à sublimação.
Por isso disse Jesus: Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.
Paulo A. Godoy
Livro: O Evangelho Pedi Licença