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sábado, 15 de setembro de 2012

Chico , Emmanuel e Herculano Pires falam do Capítulo 5 Bem Aventurados os Aflitos, do tema Eutanásia baseada no estudo do item 28.



MATAR  POR  BENEVOLÊNCIA

Francisco Cândido Xavier

Antes da nossa reunião pública, amigos da Guanabara mostraram-nos duas reportagens recentemente lançadas sobre a eutanásia. Éramos um grupo de irmãos debatendo assuntos da atualidade e o problema ¿ii oposto despertou-nos a atenção. Depois de opiniões v;criadas na conversação em curso, o horário nos chamou para as tarefas da noite.
Aberta a nossa reunião de estudos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, com surpresa para nós todos, ofereceu-nos o item 28 do capítulo V, sobre a questão da morte aplicada em nome da benevolência humana.
Diversos companheiros comentaram a lição, após ri que Emmanuel, o nosso caro benfeitor espiritual, compareceu com a página Eutanásia e Vida.


EUTANÁSIA  E  VIDA

Emmanuel

 Amigos da Terra perguntam freqüentemente pela opinião dos companheiros desencarnados, com respeito à eutanásia. E acrescentam que filósofos e cientistas diversos aderem hoje à idéia de se apoiar longamente a morte administrada, seja por imposição de recursos medicamentosos ou por abandono de tratamento. Declaram-se muitos deles confrangidos diante dos problemas das crianças que surgem desfiguradas no berço, ou à frente dos portadores de enfermidades supostas irreversíveis, muitas vezes em estado comatoso nos recintos de assistência intensiva. Alguns chegam a indagar se os pequeninos excepcionais devem ser considerados seres humanos e se existe piedade em delongar os constrangimentos dos enfermos interpretados por criaturas semimortas, insensíveis a qualquer reação.
Entretanto, imaginam isso pela escassez dos recursos de espiritualidade de que dispõem para dilatar a visão espiritual para lá do estágio físico.
É preciso lembrar que, em matéria de deformação, os complexos de culpa determinam inimagináveis alterações no corpo espiritual.
O homem vê unicamente o carro orgânico em que o espírito viaja no espaço e no tempo, buscando a evolução própria, mas habitualmente não enxerga os retoques de aprimoramento ou as dilapidações que o passageiro vai imprimindo em si mesmo, para efeito de avaliação de mérito e demérito, quando se lhe promova o desembarque na estação de destino.
A vista disso, o homem comum não conhece a face psicológica dos nossos irmãos suicidas e homicidas conscientes, ou daqueles outros que conscientemente se fazem pesadelos ou flagelos de coletividades inteiras. Devidamente reencarnados, em tarefas de reajuste, não mostram senão o quadro aflitivo que criaram para si próprios, de vez que todo espírito descende das próprias obras e revela consigo aquilo que fez de si mesmo.
Diante das crianças em prova ou dos irmãos enfermos, imaginados irrecuperáveis, medita e auxilia-os!
Ninguém, por agora, nas áreas do mundo físico, pode calcular a importância de alguns momentos ou de alguns dias para o espírito temporariamente internado num corpo doente ou disforme.
***
Perante todos aqueles que se abeiram da desencarnação, compadece-te e ajuda-o quanto puderes.
Recorda que a ciência humana é sempre um fato admirável, em transformação constante, embora respeitável pelos benefícios que presta. No entanto, não te esqueças de que a vida é sempre formação divina, e, por isto mesmo, em qualquer parte será sempre um ato permanente de amor.

PIEDADE  ASSASSINA

Irmão Saulo

A eutanásia é uma questão ele lógica. Se partirmos da premissa de que a morte é o fim, chegamos natural-mente à conclusão de que matar um doente incurável ou uma criança é um ato de piedade. Mas se partirmos da premissa de que a morte é apenas o fim de uma existência, nossa piedade será assassina. Uma premissa falsa nos leva a um raciocínio criminoso. Para raciocinar de maneira certa precisamos dispor de dados certos sobre o problema que enfrentamos. O materialismo só conhece o corpo e não leva em conta a existência da alma. Ignora por completo o sentido da vida. Seu raciocínio sobre a eutanásia se funda na ignorância.
O espiritualista sabe que a alma sobrevive ao corpo, mas nem todo espiritualista conhece o processo da vida. Seu raciocínio sobre a eutanásia pode levá-lo a um sofisma. Mas o espírita sabe que a vida é um processo de evolução e que cada existência corpórea é o resultado das fases anteriores desse processo. O espírita dispõe de dados seguros e precisos sobre o fenômeno biológico da morte. Esses dados, obtidos nas experiências científicas do Espiritismo, estão hoje sendo confirmados pelas pesquisas parapsicológicas e físicas sobre o transe da morte. Basta a descoberta do corpo bioplasmático pelos físicos e biólogos para advertir os espíritos sistemáticos de que podem estar enganados.
Os inquisidores medievais queimavam os supostos hereges em nome da caridade, para livrá-los do fogo eterno do inferno. Os materialistas atuais pretendem abreviar a morte em nome da piedade racional. Elas por elas, temos o dogmatismo da ignorância tripudiando sobre os direitos da vida. A mensagem de Emmanuel é uma advertência da razão esclarecida e deve ser meditada em todos os seus termos. Não basta lê-la, é preciso estudá-la.

Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J. Herculano Pires.

Comentários de Emmanuel, Chico, Herculano Pires baseado no item 27 do Evangelho do Capítulo 5 Bem Aventurados os Aflitos..



autógrafos  bienal  do  livro


Chico Xavier

Francisco Cândido Xavier esteve no encerramento da II Bienal Internacional do Livro autografando livros por ele psicografados. Entre essas obras figura um volume de poemas intitulado “Flores de 0utono”, de autoria de Jesus Gonçalves, poeta hanseniano que desencarnou no Sanatório de Pirapitingui, neste Estado. O livro se divide em três partes: 1ª) poemas da fase em que o poeta era materialista; 2ª) poemas ela fase espírita do poeta; 3ª) poemas do após morte, psicografados por Chico Xavier.
A essa ultima parte pode agora ser acrescentado o soneto “Mensagem de Companheiro” que Chico nos conta como recebeu:
“Essa página foi produzida numa de nossas reuniões públicas recentes. Tínhamos conosco vários visitantes ligados a entes queridos, atualmente na condição de hansenianos. A nossa conversação, antecedendo as tarefas espirituais da noite, versava sobre companheiros transitoriamente separados do lar e da família. Iniciada a reunião, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos ofereceu para estudo o item 27 do capítulo V, intitulado “Dever-se-á pôr termo às provas do próximo?”, que nos deu oportunidade a muitas reflexões.
Ao fim das tarefas nosso amigo Jesus Gonçalves escreveu a poesia que passo às suas mãos amigas, na idéia de que ela tenha utilidade para os seus sempre valiosos comentários.”
Realizada de 17 a 25 de junho de 1972 no Pavilhão Armando Arruda Pereira, Ibirapuera, São Paulo – Capital.

MENSAGEM DE COMPANHEIRO

Jesus Gonçalves

A ti, meu irmão, que assumiste comigo pesados encargos da existência num sanatório de hansenianos, sem possibilidades de cura física; a ti, para quem a ciência da Terra não conseguiu trazer, tanto quanto a mim, o medicamento salvador; a ti, que não tiveste, qual me ocorreu, a consolação dos egressos; a ti, que sofres entre a fé viva e a dúvida inquietante, entre a tentação à revolta e a aceitação da prova, acreditando-te freqüentemente esquecido pelas forças do Céu, ofereço a lembrança fraternal destes versos.

Não te admitas réu de afrontosa sentença,
Largado de hora em hora à sombra em que te esmagas,
Varando tanta vez humilhações e pragas
À feição de calhaus da humana indiferença.

Crueldade, paixão, injúria, crime, ofensa
Criaram-nos, um dia, a estampinha de chagas!...
No pretérito abriste o espinheiro em que vagas
E, embora a provação, trabalha, serve e pensa.

Ânsia, tribulação, abandono, amargura,
São recursos da lei com que a lei nos depura
O coração trancado em nódoas escondidas...

Bendize, amado irmão, as feridas que levas,
A dor extingue o mal e o pranto lava as trevas
Que trazemos em nós dos erros de outras vidas.

A ESTAMENHA DE CHAGAS

Irmão Saulo

Jesus Gonçalves utiliza em seus versos expressões como essas: túnica de chagas e estamenha de chagas para figurar a condição em que viveu no final da sua última existência terrena. A túnica de estamenha, grosseiro tecido de lã, era vestimenta comum na Judéia do tempo de Jesus. Evidente o simbolismo poético dessas expressões. Os judeus pobres vestiam-se de estamenha, enquanto os ricos usavam túnicas refulgentes dos mais finos tecidos. Mas na vida espiritual essa situação se invertia, como vemos na parábola evangélica de Lázaro e o rico.
No soneto de Jesus Gonçalves vemos o mesmo processo. A estamenha de chagas é tecida no passado da própria criatura pela sua crueldade e a sua arrogância. No tear do destino os fios da loucura humana são tecidos pelas nossas ações. E aquilo que tecemos é precisamente o que iremos vestir em próxima existência. Ninguém, portanto, está sujeito na Terra a uma “afrontosa sentença”, mas apenas submetido às conseqüências de seu próprio comportamento em vida anterior. A cada um segundo as suas obras, porque somente assim aprenderemos a vencer o mal, a superar nossas tendências inferiores, nosso egoísmo criminoso.
Os “recursos da lei” não representam condenação implacável, mas corrigenda necessária. Por isso escrevia Léon Denis: “A dor é uma lei de equilíbrio e educação”. Mas nem por isso devemos pensar que os sofredores não devem ser socorridos. A lei maior da caridade nos obriga a ajudar os que sofrem. É o que ensina o item 27 do capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo. É verdade que “a dor extingue o mal e o pranto lava as trevas”, mas a indiferença ante a dor e o pranto do próximo é também um mal que pode e deve ser extinto pela caridade. Socorrendo os que sofrem estaremos tecendo, no tear do nosso destino, os fios da sensatez e da bondade que nos preparam uma túnica de luz para o futuro.
 
Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos

Evangelho Segundo o Espiritismo:Provas Voluntárias e Verdadeiro Cilício



• Um Anjo da Guarda •
Paris, 1863
26. Perguntais se é permitido abrandar as vossas provas. Essa pergunta lembra estas outras: é permitido ao que se afoga procurar salvar-se? E a quem espetou-se num espinho, retirá-lo? Ao que está doente, chamar um médico? As provas têm por fim exercitar a inteligência, assim como a paciência e a resignação. Um homem pode nascer numa posição penosa e difícil, precisamente para obrigá-lo a procurar os meios de vencer as dificuldades. Mérito consiste em suportar sem murmurações as conseqüências dos males que não se podem evitar, em perseverar na luta, em não se desesperar quando não se sai bem, e nunca em deixar as coisas correrem, que seria antes preguiça que virtude.
Essa questão nos conduz naturalmente a outra. Desde que Jesus disse: "Bem-aventurados os aflitos", há méritos em procurar as aflições, agravando as provas por meio de sofrimentos voluntários? A isso responderei muito claramente: sim, e um grande mérito, quando os sofrimentos e as privações têm por fim o bem do próximo, porque se trata da caridade pelo sacrifício; não, quando eles só têm por fim o bem próprio, porque se trata de egoísmo pelo fanatismo.
Há uma grande distinção a fazer. Quanto a vós, pessoalmente, contentai-vos com as provas que Deus vos manda, não aumenteis a carga já por vezes bem pesada; aceitai-as sem queixas e com fé, eis tudo o que Ele vos pede. Não enfraqueçais o vosso corpo com privações inúteis e macerações sem propósito, porque tendes necessidade de todas as vossas forças, para cumprir vossa missão de trabalho na Terra. Torturar voluntariamente, martirizar o vosso corpo, é infringir a lei de Deus, que vos dá os meios de sustentá-lo e de fortalecê-lo. Debilitá-lo sem necessidade é um verdadeiro suicídio. Usai, mas não abuseis: tal é a lei. O abuso das melhores coisas traz as suas punições, pelas conseqüências inevitáveis.
Bem outra é a questão dos sofrimentos que uma pessoa se impõe para aliviar o próximo. Se suportardes o frio e a fome para agasalhar e alimentar aquele que necessita, e vosso corpo sofrer com isso, eis um sacrifício que é abençoado por Deus. Vós, que deixais vossos toucadores perfumados para levar consolação aos aposentos infectos; que sujais vossas mãos delicadas curando chagas; que vos privais do sono para velar à cabeceira de um doente que é vosso irmão em Deus; vós enfim, que aplicais a vossa saúde na prática das boas obras, tendes nisso o vosso cilício, verdadeiro cilício de bênçãos, porque as alegrias do mundo não ressecaram o vosso coração. Vós não adormecestes no seio das voluptuosidades enlanguescedoras da fortuna, mas vos transformastes nos anjos consoladores dos pobres deserdados.
Mas vós que vos retirais do mundo para evitar suas seduções e viver no isolamento, qual a vossa utilidade na Terra? Onde está a vossa coragem nas provas, pois que fugis da luta e desertais do combate? Se quiserdes um cilício, aplicai-o à vossa alma e não ao vosso corpo; mortificai o vosso Espírito e não a vossa carne; fustigai o vosso orgulho; recebei as humilhações sem vos queixardes; machucai vosso amor-próprio; insensibilizai-vos para a dor da injúria e da calúnia, mais pungente que a dor física. Eis aí o verdadeiro cilício, cujas feridas vos serão contadas, porque atestarão a vossa coragem e a vossa submissão à vontade de Deus.
27. Deve-se por termo às provas do próximo, quando se pode, ou devemos, por respeito aos desígnios de Deus, deixá-las seguir o seu curso?
• Bernardim •
Espírito protetor, Bordeaux, 1863
_ Já vos dissemos e repetimos, muitas vezes, que estais na terra de expiação para completar as vossas provas, e que tudo o que vos acontece é conseqüência de vossas existências anteriores, as parcelas da dívida que tendes a pagar. Mas este pensamento provoca em certas pessoas reflexões que devem ser afastadas, porque podem ter funestas conseqüências.
Pensam alguns que, uma vez que se está na Terra para expiar, é necessário que as provas sigam o seu curso. Há outros que chegam a pensar que não somente devemos evitar de atenuá-las, mas também devemos contribuir para torná-las mais proveitosas, agravando-as. É um grande erro. Sim, vossas provas devem seguir o curso que Deus lhes traçou, mas acaso conheceis esse curso? Sabeis até que ponto elas devem ir, e se vosso Pai Misericordioso não disse ao sofrimento deste ou daquele vosso irmão: "Não irás além disto?" Sabeis se a Providência não vos escolheu, não como instrumento de suplício, para agravar o sofrimento do culpado, mas como bálsamo consolador, que deve cicatrizar as chagas abertas pela sua justiça?
Não digais, portanto, ao verdes um irmão ferido: "É a justiça de Deus, e é necessário que siga o seu curso", mas dizei, ao contrário: "Vejamos que meios nosso Pai Misericordioso me concedeu, para aliviar o sofrimento de meu irmão. Vejamos se o meu conforto moral, meu amparo material, meus conselhos, poderão ajudá-lo a transpor esta prova com mais força, paciência e resignação. Vejamos mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer cessar este sofrimento; se não me deu, como prova também, ou talvez como expiação, o poder de cortar o mal e substituí-lo pela bênção da paz".
Auxiliai-vos sempre, pois, em vossas provas mútuas, e jamais vos encareis como instrumentos de tortura. Esse pensamento deve revoltar todo homem de bom coração, sobretudo os espíritas. Porque o espírita, mais que qualquer outro, deve compreender a extensão infinita da bondade de Deus. O espírita deve pensar que sua vida inteira tem de ser um ato de amor e de abnegação, e que por mais que faça para contrariar as decisões do Senhor, sua justiça seguirá o seu curso. Ele pode, pois, sem medo, fazer todos os esforços para aliviar o amargor da expiação, porque somente Deus pode cortá-la ou prolongá-la, segundo o que julgar a respeito.
Não seria excessivo orgulho, da parte do homem, julgar-se com o direito de revolver, por assim dizer, a arma na ferida? De aumentar a dose de veneno para aquele que sofre, sob o pretexto de que essa é a sua expiação? Oh! Considerai-vos sempre como o instrumento escolhido para fazê-la cessar. Resumamos assim: estais todos na Terra para expiar; mas todos, sem exceção, deveis fazer todos os esforços para aliviar a expiação de vossos irmãos, segundo a lei de amor e caridade.
28. Um homem agoniza, presa de cruéis sofrimentos. Sabe-se que o seu estado é sem esperanças. É permitido poupar-lhe alguns instantes de agonia, abreviando-lhe o fim?
• São Luís •
Paris, 1860
_ Mas quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir um homem até a beira da sepultura, para em seguida retirá-lo, com o fim de fazê-lo examinar-se a si mesmo e modificar-lhe os pensamentos? A que extremos tenha chegado um moribundo, ninguém pode dizer com certeza que soou a sua hora final. A Ciência, por acaso, nunca se enganou nas suas previsões?
Bem sei que há casos que se podem considerar, com razão, como desesperados. Mas se não há nenhuma esperança possível de um retorno definitivo à vida e à saúde, não há também inúmeros exemplos de que, no momento do último suspiro, o doente se reanima e recobra suas faculdades por alguns instantes? Pois bem: essa hora de graça que lhe é concedida, pode ser para ele da maior importância, pois ignorais as reflexões que o seu Espírito poderia ter feito nas convulsões da agonia, e quantos tormentos podem ser poupados por um súbito clarão de arrependimento.
O materialista, que só vê o corpo, não levando em conta a existência da alma, não pode compreender essas coisas. Mas o espírita, que sabe o que se passa além-túmulo, conhece o valor do último pensamento. Aliviai os últimos sofrimentos o mais que puderdes, mas guardai-vos de abreviar a vida, mesmo que seja em apenas um minuto, porque esse minuto pode poupar muitas lágrimas no futuro.
29. Aquele que está desgostoso da vida, mas não querendo abreviá-la, será culpado, indo procurar a morte num campo de batalha, com o pensamento de torná-la útil?
• São Luís •
Paris, 1860
_Quer o homem se mate ou se faça matar, o objetivo é sempre o de abreviar a vida, e por conseguinte, há o suicídio de intenção, embora não haja de fato. O pensamento de que a sua morte servirá para alguma coisa é ilusório, simples pretexto, para disfarçar a ação criminosa e desculpá-lo aos seus próprios olhos. Se ele tivesse seriamente o desejo de servir à pátria, procuraria antes viver para dedicar-se à sua defesa, e não morrer, porque uma vez morto já não serve para nada. A verdadeira abnegação consiste em não temer a morte quando se trata de ser útil, em enfrentar o perigo e oferecer o sacrifício da vida, antecipadamente e sem pesar, se isso for necessário. Mas a intenção premeditada de procurar a morte, expondo-se para tanto ao perigo, mesmo a serviço, anula o mérito da ação.
30. Um homem se expôs a um perigo iminente para salvar a vida de um semelhante, sabendo que ele mesmo sucumbirá: isso pode ser considerado como suicídio?
• São Luís •
Paris, 1860
_ Não havendo a intenção de procurar a morte, não há suicídio, mas devotamento e abnegação, mesmo com a certeza de perecer. Mas quem pode ter essa certeza? Quem diz que a Providência não reservará um meio inesperado de salvação, no momento mais crítico? Não pode ela salvar até mesmo aquele que estiver na boca de um canhão? Pode ela, muitas vezes, querer levar a prova da resignação até o último limite, e então uma circunstância inesperada desvia o golpe fatal.
31. Os que aceitam com resignação os seus sofrimentos, por submissão à vontade de Deus e com vistas à sua felicidade futura, não trabalham apenas para eles mesmos, e podem tornar os seus sofrimentos proveitosos para outros?
• São Luís •
Paris, 1860
_ Esses sofrimentos podem ser proveitosos para outros, material e moralmente. Materialmente, se, pelo trabalho, as privações e os sacrifícios que se impõem contribuem para o bem-estar material do próximo. Moralmente, pelo exemplo que dão, com sua submissão à vontade de Deus. Esse exemplo do poder da fé espírita pode incitar os infelizes à resignação, salvando-os do desespero e de suas funestas conseqüências para o futuro.
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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

CONSÓRCIO MATRIMONIAL


Eurípedes Barsanulfo, o abençoado Missionário sacramentando, nas
inesquecíveis aulas que ministrava no Colégio “Allan Kardec”, tinha por hábito conclamar os jovens discípulos a que levassem em alta consideração o compromisso matrimonial e se fizessem pais de
muitos filhos.
Sempre que se fazia propício o ensejo, o iluminado Apóstolo tornava à valiosa conclamação.
Certo dia, um aluno mais arrojado, após escutar o conselho formoso, solicitando desculpas, inquiriu o mestre:
- “Seu” Eurípedes, o senhor que tanto nos aconselha ao matrimônio, por que não se casou?
Ouve um grande silêncio na classe.
Eurípedes fitou o adolescente, demoradamente. Com os olhos nublados e a voz embargada, respondeu de maneira inesquecível:
- Eu já sou casado, meu filho. Renunciei às satisfações pessoais, a fim de associar-me com a Humanidade sofredora de todo lugar...
Se amas, encontrarás em toda parte “os filhos do Calvário” esperando por ti. Tomá-los-ás, então, como irmãos, amigos, nubentes e filhos carentes do teu carinho e do teu auxílio.
Não titubeies, na decisão, ante eles e doa-te sem qualquer receio.

O Guia da senhora Mally

Revista Espírita, agosto de 1859
(Sociedade, 8 de julho de 1859).
1. Evocação do guia da senhora Mally. - R. Eu venho, isso me é fácil.
2. Sob qual nome quereis que vos designemos? - R. Como quiserdes; por aquele sob o qual vós já me conhecíeis.
3. Que motivo vos ligou à senhora Mally e às suas filhas? - R. Primeiro, um antigo relacionamento, e uma amizade, uma simpatia que Deus sempre protege.
4. Diz-se que foi a sonâmbula, senhora de Dupuy, que vos deu à senhora Mally; isso é verdade? - R. Foi ela quem lhe disse que eu estava perto dela.
5. É que dependeis dessa sonâmbula? - R. Não.
6. Ela poderia vos retirar de perto dessa senhora? - R. Não.
7. Se essa sonâmbula viesse a morrer, isso teria sobre vós uma influência qualquer? - R. Nenhuma.
8. Faz muito tempo que vosso corpo morreu? - R. Sim, vários anos.
9. Que éreis em vossa vida? - R. Criança morta aos oito anos.
10. Sois feliz ou infeliz como Espírito? - R. Feliz; não tenho nenhuma inquietação pessoal, não sofro senão pelos outros; em verdade, que sofro muito por eles.
11. Fostes vós quem apareceu, na escada, à senhora Mally sob a forma de um jovem que ela tomou por um ladrão? - R. Não; era um companheiro.
12. E uma outra vez, sob a forma de um cadáver? Isso poderia impressioná-la lastimosamente; foi uma má peça que não anuncia a benevolência. - R. Longe disso em muitos casos; mas aqui era para dar, à senhora Mally, pensamentos mais corajosos; o que tem um cadáver de apavorante?
13. Tendes, pois, o poder de tornar-vos visível à vontade? - R. Sim, mas disse-vos que esse não era eu.
14. Éreis igualmente estranho às manifestações materiais que se produziram em sua casa? - R. Perdão! Isso sim; foi isso que me impus para ela, como trabalho material; mas realizei-lhe um trabalho bem mais útil e bem mais sério.
15. Podeis tomar-vos visível a todo mundo? - R. Sim.
16. Poderíeis tornar-vos visível aqui, para um de nós? - R. Sim; pedi a Deus para que assim possa só eu o posso, mas não ouso fazê-lo.
17. Se não quereis tornar-vos visível, poderíeis ao menos fazer-nos uma manifestação, para trazer, por exemplo, alguma coisa sobre a mesa? - R. Certamente, mas para o que de bom? Junto dela testemunho a minha presença por esse meio, mas junto a vós é inútil, uma vez que conversamos juntos.
18. O obstáculo não seria faltar-vos aqui o médium necessário para produzir essas manifestações? - R. Não, esse é um obstáculo fraco. Não vedes, freqüentemente, manifestações súbitas a pessoas que não são de modo algum médiuns?
19. Todo o mundo, pois, está apto a ter manifestações espontâneas? - R. Uma vez que em sendo homem, se é médium.
20. O Espírito não encontra, entretanto, na organização de certas pessoas, uma facilidade maior para se comunicar? - R. Sim, mas eu vos digo, e deveríeis sabê-lo, os Espíritos são poderosos por si mesmos, o médium não é nada. Não tendes a escrita direta, e para isso é necessário um médium? Não; da fé somente e um ardente desejo, e, freqüentemente ainda, isso se produz com o desconhecimento dos homens, quer dizer, sem fé e sem desejo.
21. Pensais que as manifestações, tais como a escrita direta, por exemplo, se tomarão mais comuns do que o são hoje? - R. Certamente; como entendeis, pois, a divulgação do Espiritismo?
22. Podeis nos explicar o que a jovem da senhora Mally recebia em sua mão e comia durante a sua doença? - R. Maná; uma substância formada por nós, que encerra o princípio contido no maná comum e a doçura de um doce.
23. Essa substância é formada com a mesma matéria das vestimentas e outros objetos que os Espíritos produzem por sua vontade e pela ação que têm sobre a matéria? - R. Sim, mas os elementos são muito diferentes; as partes que formam meu maná não são as mesmas das que tomo para formar a madeiras ou uma vestimenta.
24. (A São Luís). O elemento tomado pelo Espírito, para formar o seu maná, é diferente daquele que tomou para formar outra coisa? Sempre nos foi dito que não há senão um elemento primitivo universal, do qual os diferentes corpos não são senão modificações. - R. Sim; quer dizer que esse mesmo elemento primitivo esparso no espaço, aqui sob uma forma, e ali sob uma outra; isso é o que ele quer dizer; ele toma seu maná de uma parte desse elemento, que crê diferente, mas que é bem sempre o mesmo.
25. A ação magnética pela qual se dá a uma substância, a água, por exemplo, propriedades especiais, tem relação com a do Espírito que cria uma substância? - R. O magnetizador não desdobra absolutamente senão a vontade; é um Espírito que o ajuda, que se encarrega de preparar e de concentrar o remédio.
26. (Ao Guia). Reportamos no tempo fatos curiosos de manifestações da parte de um Espírito que designamos sob o nome de Follet de Bayonne; conheceis esse Espírito? - R. Não particularmente; mas segui o que fizestes com ele, e foi somente assim que o conheci de início.
27. É um Espírito de uma ordem inferior? - R. Inferior quer dizer mau? Não. Quer dizer simplesmente: não inteiramente bom, pouco avançado? Sim.
28. Agradecemos-vos por consentir vir e pelas explicações que nos destes. - R. Ao vosso serviço.
Nota. Esta comunicação nos oferece um complemento ao que dissemos nos dois artigos precedentes, sobre a formação de certos corpos pelos Espíritos. A substância dada à criança, durante sua enfermidade, evidentemente, era uma substância preparada por eles e que teve por efeito dar-lhe a saúde. Onde hauriram eles os princípios? No elemento universal transformado para o uso proposto. O fenômeno tão estranho de propriedades transmitidas pela ação magnética, problema até o momento inexplicado, e sobre o qual se alegraram tanto os incrédulos, encontra-se agora resolvido. Sabemos, com efeito, que não são apenas os Espíritos dos mortos que agem, mas que os dos vivos também têm sua parte de ação no mundo invisível: o homem com a tabaqueira disso nos forneceu a prova. O que há de espantoso, pois, em que a vontade de uma pessoa agindo pelo bem possa operar uma transformação na matéria primitiva, e dar-lhe propriedades determinadas? Está aí, em nosso entender, a chave de muitos dos efeitos pretendidos sobrenaturais, e dos quais teremos ocasião de falar. Foi assim que, pela observação, chegamos a nos dar conta das coisas, deixando-lhes a parte da realidade do maravilhoso. Mas quem diz que essa teoria seja verdadeira? Seja; ela tem pelo menos o mérito de ser racional e perfeitamente de acordo com os fatos observados; se algum cérebro humano dela encontre uma que julgue mais lógica do que a dada pelos Espíritos, serão comparadas; talvez, um dia, ficaremos contentes por termos aberto o caminho do estudo raciocinado do Espiritismo.
"Gostaria muito, disse-nos um dia uma pessoa, ter assim um Espírito servidor às minhas ordens, sob a condição de suportar algumas pequenas travessuras de sua parte." É uma satisfação da qual a gente goza, freqüentemente, sem dela suspeitar, porque todos os Espíritos que nos assistem não se manifestam de um modo ostensivo; mas não estão menos ao nosso lado, e sua influência, por ser oculta, não é menos real.