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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Falar com amor


Aylton Paiva
Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios?
Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar,
porque será faltar com a caridade. Se o fizer, para tirar daí proveito,
para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade.
Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os defeitos
de outrem é uma das virtudes contidas na caridade.”
(Questão 903 de O Livro dos Espíritos.)
“Ninguém sendo perfeito, seguir-se-á que ninguém tem o direito
de repreender o seu próximo?
Certamente que não é essa a conclusão a tirar-se, porquanto
cada um de vós deve trabalhar pelo progresso de todos e, sobretudo,
daqueles cuja tutela vos foi confiada. Mas, por isso mesmo, deveis
fazê-lo com moderação, para um fim útil, e não, como as mais
das vezes, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a repreensão
é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda seja
cumprido com todo o cuidado possível.” (O Evangelho segundo
o Espiritismo, cap. X – Bem-aventurados os que são misericordiosos,
item 19.)

Em nossa vida social, que envolve os ambientes familiar e profissional, grupo religioso,
momentos de lazer, temos que conviver necessariamente com o próximo.
Jesus nos mandou amar o próximo como a nós mesmos, porém como amaremos o próximo quando ele fala ou tem comportamento que achamos não estar correto, quando analisados pelo princípio do direito e dever a que todos estamos submetidos? Simplesmente silenciar,
omitir-se, ainda que as suas palavras ou conduta possam prejudicar o outro?
Observamos, então, que amar o próximo estabelece ações concretas para que possamos ajudá-lo, tanto quanto a nós mesmos.
É necessário saber analisar e exercitar a crítica, e não a maledicência, para amorosamente falar com a pessoa, de forma construtiva.
Nesses momentos em que devemos exercitar a crítica, a Doutrina Espírita e a Psicologia trazem- -nos orientações oportunas a fim de que a nossa ação verdadeiramente
construa algo de bom e útil para o outro e também para nós.
Com base em onze itens extraídos de um estudo de Psicologia sobre habilidades sociais cristãs (referência ao final), podemos associar princípios espíritas a todas as situações em que a crítica for pertinente ou necessária.
Então, tendo em vista o conhecimento do Espiritismo e o conhecimento da Psicologia com
relação à crítica, deve-se, ao FAZER:
1. Dirigir-se diretamente à pessoa.
A análise e as observações que precisamos fazer a respeito de alguém devem ser feitas diretamente a ela, pelo respeito e consideração para com essa pessoa.
Fazer comentários sobre uma pessoa com outra é, na maioria das vezes, dar ensejo à maledicência e cair na famosa “fofoca”, ou seja, comentário que não deseja oferecer algo
positivo ao outro, mas denegri- -lo, rebaixá-lo numa tentativa de, falsamente, elevar a própria personalidade.
2. Referir-se ao comportamento e não à pessoa.
Quando se analisa e se faz uma crítica sobre o erro de uma pessoa, deveremos apontar o erro no seu comportamento e não fazer um julgamento negativo sobre ela.
3. Escolher a ocasião adequada.
Para que uma crítica seja bem recebida é necessário que a pessoa a quem iremos fazê-la seja respeitada.
Precisamos analisar se a ocasião é a melhor. Se não há alguém por perto, a quem não interessa o que vamos dizer. Se a pessoa já não está com o estado emocional alterado por outros problemas ou questões íntimas.
4. Controlar a emoção.
Crítica não é desabafo.
Por mais que a conduta da pessoa ou o erro que ela cometeu tenha produzido em nós algo de ruim, desde a irritação até a raiva, ao nos diri-girmos a ela precisamos ter sob controle
as nossas emoções, porque ninguém constrói nada de produtivo agredindo, ao utilizar-se da crítica.
5. Evitar produzir desconforto excessivo no interlocutor.
Se efetivamente queremos usar a crítica como forma positiva de ajudar, melhorar, aperfeiçoar o outro, deveremos não só ter o controle das emoções, como, também, usar
as palavras de forma adequada para esclarecer e orientar.
6. Ao fazer a crítica, apresentar um aspecto positivo e, em seguida, falar do comportamento inadequado.
Ao final, referir-se a outro comportamento adequado da pessoa.
É muito difícil receber uma crítica com tranqüilidade, por isso, comecemos apresentando à pessoa algo que ela tenha de bom, falando de forma autêntica e verdadeira; em seguida apresentemos a crítica.
Quando necessário, para amenizar o impacto emocional produzido, comentemos algo positivo que a pessoa também tem. Ela se tornará mais receptiva à análise feita.
7. Ao falar, ser claro e sucinto.
Quando fizermos a crítica, deveremos falar com clareza, com tranqüilidade e prender-nos estritamente ao que necessariamente tenha que ser dito naquele instante.
Ficar com circunlóquios e repetições desnecessárias acaba por irritar o interlocutor, bloqueando a sua possível receptividade.
8. Evitar estilo professoral e moralista.
Ao fazer uma crítica nunca deveremos posicionar-nos como se falássemos de cátedra ou com pretensa superioridade moral ou espiritual.
Considerando-se o erro como elemento inerente às nossas experiências
de aprendizagem, ao fazer a crítica não deveremos assumir uma postura de quem não erra nunca e já se sente como um ser perfeito.
Esse comportamento gera uma postura por parte da outra pessoa de defensibilidade e de bloqueio; ainda que a crítica seja procedente ela, mentalmente, já terá assumido
um estado mental e emocional de impermeabilidade.
9. Dar oportunidade ao outro para se justificar.
O grande avanço nas normas do Direito que regem a elaboração das leis, principalmente na área da punibilidade, foi o estabelecimento do princípio do contraditório.
Ninguém pode ser condenado se não tiver o direito de responder às acusações que lhe são imputadas, ou seja, o inarredável direito de defesa.
Da mesma forma, no relacionamento comum, quando surge um fato em que alguém é criticado, ele tem o direito de se justificar e deve ser-lhe dada a oportunidade para tal.
Se a sua argumentação justifica ou não a ocorrência, dependerá de nova
análise, podendo ser acolhida ou não.
10. Não permitir atitudes subservientes.
Como há aquelas pessoas que ao serem criticadas, no sentido de apontar-lhes erros, se irritam ou se enraivecem partindo para o ataque a fim de se defender, outras assumem
um comportamento de subserviência, ou seja, de se rebaixar, desconsiderando-se.
Adotam uma postura de “coitadinho inferior”
É preciso mostrar à pessoa o erro cometido e que se deseja apenas a sua reparação, sem que isso fira a sua dignidade e a sua auto-estima.
Às vezes esse comportamento revela uma compreensão autêntica da sua falha, mas exagerado quanto à autocrítica, outras vezes, porém,pode manifestar uma manobra para
escusar-se de encarar os próprios erros.
11. Manter contato visual sem ser intimidatório.
Ao dialogarmos com a pessoa a qual fazemos a crítica, mantenhamos
contato visual com ela, sem que ele seja intimidatório ou que a
nossa postura revele uma pretensa superioridade.
Que esse contato visual expresse compreensão, clareza e firmeza respeitosa para com a pessoa a quem estamos expressando a nossa crítica.
Finalmente, ao adotarmos o comportamento de fazer a crítica de maneira construtiva e educativa, estaremos atendendo à orientação do Mestre Jesus: “Fazei aos homens
tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a
lei e os profetas.” (Mateus, 7:12.)
“Tratai todos os homens como quereríeis que eles vos tratassem.”
(Lucas, 6:31.)
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1. ed.
especial. Rio de Janeiro: FEB, Parte Terceira,
cap. XII, 2005.
_____. O Evangelho segundo o Espiritismo,
3. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, cap. X,
2005.
PRETTE, Almir e Zilda. Habilidades Sociais
Cristãs, 1. ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,
2003.

Revista o Reformador-Ano 2005-outubro

Reforma Moral

Editorial
Na questão 895 de O Livro dos Espíritos, no capítulo que trata da Perfeição Moral, Allan Kardec
indaga: “Postos de lado os defeitos e os vícios acerca dos quais ninguém se pode equivocar, qual o
sinal mais característico da imperfeição?” Ao que os Espíritos Superiores respondem: “O interesse
pessoal. (...) O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais se
aferrar aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu destino. Pelo desinteresse, ao
contrário, demonstra que encara de um ponto mais elevado o futuro.”
Dependendo do ponto de vista que tem a respeito da própria vida, o homem pode tomar atitudes
diversas: se tem dúvidas com relação à sua condição de Espírito imortal, que continuará a existir e a progredirdepois da morte do corpo físico, ele se apega aos valores materiais, que são temporários; se, ao contrário,está convicto da sua imortalidade, ele administrará os bens materiais como quem está com a responsabilidadede cuidar de algo por tempo determinado, findo o qual deixará na matéria o que é da
matéria, prestando contas da sua administração, e conquistando valores espirituais, estes sim permanentes,
que decorrem do respeito e do amor ao próximo que pratica.
O excessivo apego às coisas materiais leva o homem ao cultivo do orgulho e do egoísmo e, por conseqüência,a toda desagregação social que ambos provocam. E quando isto ocorre, esse homem busca, inquieto,soluções as mais diversas, apelando para reformas sociais, reformas econômicas ou reformas políticas,muito válidas, sem dúvida, mas que por si não são suficientes para eliminar suas angústias.
Uma única reforma, se faz necessária, que está na base de todas as demais: é a reforma moral do ser
humano, a qual consiste em substituir o orgulho pela humildade e o egoísmo pela fraternidade. Esta reforma
será sempre mais consistente quanto mais convicto estiver o ser humano de sua imortalidade.
Com esta transformação moral constrói-se uma paz duradoura para toda a Humanidade, evita-se a
guerra entre seres e nações, elimina-se a miséria e a ignorância no mundo e distribuem-se com equanimidade
os valores econômicos entre todos os seus habitantes. Isto porque não se pode pretender uma
sociedade justa constituída por seres injustos, nem, tampouco, uma sociedade fraterna e solidária constituída
por seres violentos.
Analisando as conseqüências decorrentes da convicção que a Doutrina Espírita nos traz – de que somos
Espíritos imortais em constante processo de evolução; já existíamos antes de nascer e vamos continuar
a existir depois da morte do corpo físico; temos um claro objetivo a alcançar que é o nosso aprimoramento
intelectual e moral, como Espírito encarnado ou desencarnado –, Allan Kardec não teve
dúvidas em afirmar: “O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade,
na sua maior pureza.” (O Livro dos Espíritos, q. 918; O Evangelho segundo o Espiritismo,
cap. XVII, item 3.)
E Jesus, depois de nos alertar para não andarmos muito cuidadosos com as coisas da matéria, já nos
ensinava no seu Evangelho: “Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça e todas essas coisas
vos serão dadas de acréscimo.” (Mateus, 6:33.)

Revista o Reformador Ano 2005 -Outubro

A Mesa e o Pão



Kardec explicou o problema da mesa nas sessões espíritas com a sua habitual naturalidade: é o móvel mais cômodo para sentarmos ao seu redor. Afastava assim qualquer resquício de misticismo e magia, de rito e sacramento no ato mediúnico. Não obstante, há quem considere esse ato puramente místico e mágico, lembrando a evocação e a prece. Não nos sentamos em torno da mesa apenas para conversar ou escrever, mas também para nos alimentarmos. A alimentação que tomamos na mesa espírita não é material, mas espiritual. A evocação não é um rito, mas um convite. Antes de sentar à mesa os convites já foram feitos, pois basta pensarmos num espírito para o evocarmos. Ele atende ou não ao nosso convite, pois é livre e não está submetido a nenhum poder humano. Mas o pão que pomos sobre a mesa é o pão espiritual da prece, que será partido e servido na hora da doutrinação.
Conta-nos o Evangelho de Lucas o episódio comovente dos discípulos na estrada de Emaús. Após a ressurreição de Jesus, Cleófas e um companheiro seguiam, ao entardecer, para essa aldeia, afastando-se do cenário angustiado de Jerusalém. Um estranho os alcançou e acompanhou, conversando sobre a morte e a ressurreição de Jesus. Pararam numa estalagem para alimentar-se. Sentaram-se à mesa com aquele estranho. Mas, no momento em que ele partiu o pão, os discípulos o conheceram: era o Mestre ressuscitado. Mas logo a seguir o Senhor desapareceu e a mesa só tinha os dois ao seu redor. É fácil imaginar-se o assombro dos discípulos. O vazio da mesa e o silêncio do anoitecer, que já começava, devem ter-lhes parecido muito mais cheio de rumores e alegrias que as mesas dos banquetes festivos do mundo.
É precisamente o que se passa na mesa simples, sem aparatos, de uma verdadeira sessão mediúnica. A cor da toalha pouco importa. A cor branca não interessa mais ao ato mediúnico do que a vermelha ou a preta. A pureza exigida é apenas a das intenções. Os convivas estão ao redor e não são conhecidos. Surgem da estrada, na penumbra do crepúsculo, como estranhos. Mas no momento de partir o pão eles se revelam. Feita a prece simples de abertura dos trabalhos podemos ver, pela maneira deles partirem o pão, quem são eles. Iniciamos então a conversação necessária e logo depois eles desaparecem como apareceram, retornando ao invisível, no seio da noite.
Como podem os cristãos de todas as denominações censurar esse repasto singelo e atribuí-lo a influências diabólicas? Como podem dizer que isso tudo não passa de ilusão, loucura ou mistificação? Nunca leram, nem mesmo por acaso, o tópico sobre os dons espirituais na I Epístola de Paulo aos Coríntios? Não viram que o apóstolo confirma a simbologia comovente da Estrada de Emaús, relatando as sessões mediúnicas da era apostólica? E como podem alguns espíritas quebrar a harmonia dessas reuniões espirituais com aparatos inúteis e desnecessários, com a introdução de sistemas pretensiosos nas sessões mediúnicas? Se quisermos deformar e ridicularizar a prática espírita, basta exigirmos a toalha branca na mesa, vestir os médiuns de vestes brancas e rituais, obrigá-los a formar a corrente de mãos dadas e outras muitas tolices dessa espécie. É o que fazem os espíritos mistificadores, através de dirigentes supersticiosos e simplórios.
Para comer o pão da verdade só necessitamos dos dentes do bom-senso. Por isso o comensal da estalagem de Emaús simplesmente desapareceu depois de partir o pão. Todos os acréscimos de técnicas inventadas por homens vaidosos, de disciplinas rígidas na hora da sessão, de palavras mágicas e gestos misteriosos não passam de joio na seara. A prática espírita deve ser racional e simples, pois toda encenação e aparato só servem para estimular mistificações.
Há pessoas que desejam fazer sessões à plena luz, por entender que a penumbra habitual dá motivo a desconfianças e representa uma modalidade de formalismo. Mas a penumbra é necessária à boa concentração dos médiuns e mesmo dos assistentes. A iluminação normal da sala provoca distrações, penetra nas pálpebras e quebra o ambiente de recolhimento. Claro que não se deve fazer o escuro excessivo e muito menos completo, mas a penumbra do ambiente não é um aparato formal, é uma exigência natural da concentração serena. Além dessas razões evidentes, convém lembrar que o excesso de luz exerce influência inibitória sobre os médiuns e a emanação fluídica do ectoplasma. Em todas as reuniões mediúnicas o ectoplasma se libera para ajudar as ligações perispirituais entre médiuns e espíritos. Temos de saber distinguir entre o necessário e o supérfluo, entre o conveniente e o inconveniente, sem fazer concessões à ignorância ou à desconfiança dos que não entendem do assunto.
O problema da concentração mental é também um dos menos compreendidos. A concentração dos pensamentos numa reunião mediúnica não corresponde ao tipo de concentração individual de uma pessoa num determinado problema a resolver ou num estudo a fazer. Trata-se de uma concentração coletiva de pensamentos voltados para um mesmo alvo. Quando todos pensam em Deus ou em Jesus, todos os pensamentos se concentram numa só idéia. A palavra concentração sugere um esforço mental contínuo para se manter o pensamento fixado numa imagem. Isso prejudicaria os trabalhos mediúnicos, criando um ambiente de tensão mental exaustiva. Não é de tensão, de esforço cansativo que se necessita, mas de afrouxamento e despreocupação. Todos devem voltar o seu pensamento para um alvo superior, geralmente para Jesus (pois pensar em Deus é mais difícil) e todos devem manter a idéia de Jesus na mente, sem esforço ou preocupação, como quem se lembra saudoso de um amigo distante. Esse estado mental de lembrança, não de uma imagem ou figura de Jesus, mas da sua pessoa, dos seus atos, dos seus ensinos e do que ele representa para nós, deve ser mantido no decorrer da sessão. Quando se nota que o pensamento se desvia para outros rumos, o que é natural, faz-se que ele retorne suavemente à idéia centralizadora. O ambiente de uma sessão é tanto mais favorável quanto menos tensões e preocupações existirem na reunião. As evocações mentais de assistentes e médiuns, solicitando a manifestação de entes queridos ou de espíritos amigos são prejudiciais, pois quebram e tumultuam o ambiente mental da sessão. Pensar num espírito é evocá-lo, como ensina Kardec. Quem comparece a uma sessão com a esperança de receber uma comunicação deste ou daquele espírito, já o evocou. Ele atenderá se for possível. Mas durante a sessão só se deve pensar em Jesus. Criando-se no ambiente um clima tranqüilo e confiante, pode-se esperar a possibilidade dos melhores resultados
Não há regras específicas e formais para a realização das sessões espíritas. Entre a prece de abertura e a de encerramento desenvolvem-se as manifestações mediúnicas, sob a orientação e muitas vezes a interferência de espíritos dirigentes. O sistema autoritário, em que o presidente determina aos médiuns receberem as comunicações, uma de cada vez, provém da recomendação do Apóstolo Paulo à comunidade de Corinto. Nas reuniões de Kardec, mesmo nas psicográficas, havia ampla liberdade, permitindo as conversações entre espíritos comunicantes, às vezes através de vários médiuns. Léon Denis usava também de liberdade em suas sessões. Cabe aos espíritos protetores determinar quais os espíritos que devem comunicar-se e quais os médiuns em condições de recebê-los. O presidente ou dirigente humano da sessão tem a função de mantê-la equilibrada, orientar o decorrer dos trabalhos e intervir, quando necessário, nas doutrinações e no reajustamento da concentração. Se há muitos médiuns à mesa, há naturalmente a possibilidade de se atender a número maior de espíritos comunicantes, através de vários doutrinadores. O que importa na doutrinação não é o muito falar, mas o falar com propriedade e com amor, procurando-se atingir a consciência e o sentimento do espírito. Quando vai se aproximando o fim do horário destinado à sessão, o presidente faz um aviso, para que os médiuns o ajudem no controle da reunião. As comunicações de espíritos violentos, desejosos de tumultuar os trabalhos, exigem atitude enérgica para que sejam contidos e afastados. Energia serena, sem agressividade, mas com firmeza. Não se deve esquecer de que se trata de entidade sofredora, necessitada de amparo e orientação. Não é a força que age contra o espírito, nem a elevação da voz, mas a intenção de ajudá-lo, o desejo sincero de fazê-lo melhorar e tornar-se nosso companheiro, porque essa disposição nos dá a autoridade moral sobre os espíritos inferiores. É importante que não falte em nossa mesa espírita o pão da prece e a luz do amor. Basta quase sempre uma só palavra de amor sincero para acalmar o espírito mais violento. O amor brota da compreensão humana, da nossa capacidade de nos colocarmos em pensamento no lugar e na situação da criatura que se encheu de ódio e violência em existências brutais em que o amor não floriu em seu coração.
Uma sessão espírita é um ato de amor. Não é uma cerimônia destinada à finalidade egoísta de nos livrar de espíritos-parasitas, por nós mesmos atraídos e alimentados, mas com o objetivo de levar ajuda espiritual aos que padecem. O Espiritismo nos ensina, como ensinou Jesus, que somos todos irmãos e companheiros, criados por Deus para o mesmo destino de transcendência, de elevação espiritual. Esse é o pensamento central da compreensão espírita e precisamos dar-lhe eficácia, traduzi-lo em ação.
Tratamos aqui da sessão mediúnica comum, não da sessão específica de desobsessão. A sessão rotineira dos Centros é a que se realiza todas as semanas, em dias e horas certos, dispondo de freqüência regular. Há quem discorde desses trabalhos públicos, alegando as exigências de Kardec na Sociedade Parisiense, quando não permitia a presença nas sessões de pessoas que não tivessem algum conhecimento doutrinário. A medida de Kardec era justa e necessária, numa fase em que o Espiritismo nascia, sob um alarido universal de protestos e ameaças. Hoje estamos a mais de um século dessa fase e o Espiritismo só é combatido por pessoas sistemáticas ou ignorantes. A maioria absoluta das pessoas que procuram as sessões é necessitada, tratando-se geralmente de médiuns em franco desenvolvimento de suas faculdades. Negar-lhes acesso às sessões seria como negar a um sedento acesso a uma fonte. A mediunidade não se desenvolve por acaso e muito menos sob o poder mágico da vara de Moisés, que tirou água da rocha. Em geral, o desenvolvimento mediúnico começa por diversas perturbações e não raro por processos obsessivos. Não se pode querer que uma pessoa em estado de alteração psíquica vá primeiro estudar uma doutrina através de cursos demorados para depois submeter-se aos métodos de cura. Por isso, nas instituições bem dirigidas as sessões mediúnicas normais não se restringem à prática mediúnica. Iniciam-se os trabalhos com leitura e preleção evangélicas, de O Evangelho Segundo o Espiritismo. A seguir, há uma exposição doutrinária que prepara os freqüentadores para os trabalhos práticos. Os médiuns em desenvolvimento recebem a mensagem evangélica e os ensinos doutrinários em dosagens apropriadas e, a seguir, participam do trabalho mediúnico. Isso concorre para uma compreensão simultânea da doutrina, de sua natureza cristã, de sua moral evangélica e das relações diretas e necessárias de teoria e prática em Espiritismo. As críticas a esse método referem-se à extensão das sessões. Mas é evidente que a preparação das matérias permite reduzir a parte oral aos limites necessários. O aproveitamento verificado nos Grupos e Centros que usam esse método provaram a sua validade. Nos centros que realizam várias sessões por semana, a divisão da matéria pode ser feita com mais amplitude, nas várias sessões. Isso não impede que, além desse processo sinérgico ou gestáltico, em que o iniciante adquire desde logo uma visão global da doutrina e da sua prática, o Centro mantenha, quando possível, um curso especial de doutrina em outro dia e horário.
Quando possível, é conveniente intercalar os passes entre a parte evangélica e a doutrinária. Se isso prolongar demais a sessão, pode-se estabelecer uma sessão especial para os passes, sempre iniciada com uma exposição sobre o assunto.
A vantagem de se fazer tudo em seqüência, numa única sessão, é a de se dar ao iniciante, em doses apropriadas e na seqüência natural do tempo, na prática, a compreensão da unidade do problema espírita. Essa compreensão, infelizmente, falta até mesmo a veteranos do trabalho espírita, em virtude da dispersão e até mesmo da restrição das práticas tradicionais apenas a um aspecto da doutrina. Claro que o problema de desobsessão em casos graves não pode ser tratado em sessões dessa natureza. Para isso, os Centros bem orientados dispõem de sessões especiais, privativas, com médiuns e doutrinadores capacitados, e, sempre que possível, com a participação de médicos espíritas conhecidos por seu desinteresse profissional em casos de ordem doutrinária. Colocamos estas questões com base em experiência própria e de conjunto, observadas atentamente no correr dos anos de trabalho e estudo incessantes. Quando o sistema é bem aplicado, contando com elementos humanos dedicados, os resultados são sempre surpreendentes. Não se trata de uma inovação, mas apenas de urna conjugação de práticas tradicionais que, reunidas e articuladas, produzem mais e melhor.
No tocante à mediunidade é necessário o mais rigoroso critério kardecista, baseado nos livros específicos de Kardec: Instruções Práticas sobre Manifestações Espíritas e O Livro dos Médiuns. Essa é a base necessária e insubstituível do estudo e do ensino da mediunidade. Livros como No Invisível, de Léon Denis, e os livros de orientação mediúnica de Emmanuel e André Luiz podem também ser usados como subsidiários, mas jamais colocados como obras básicas da doutrina. Sem esse critério, muitos Centros e Grupos, e até mesmo grandes instituições, caíram num plano de misticismo igrejeiro e de autoritarismo sacerdotal que desfiguram e ridicularizam o Espiritismo. Precisamos compreender que lidamos com uma doutrina revolucionária, que deve modificar a rotina espiritual da Terra, abrindo-lhe as perspectivas de uma nova concepção do Espírito. Sem isso, nossa mesa só terá pão murcho e envelhecido.

Livro : Mediunidade
Autor: Herculano Pires

Função e Significação( O Centro Espírita)



O Centro Espírita não é templo nem laboratório – é, para usarmos a expressão espírita de Victor Hugo: point d’opotique do movimento doutrinário, ou seja, o seu ponto visual de convergência. Podemos figurá-lo como um espelho côncavo em que todas as atividades doutrinárias se refletem se unem, projetando-se conjugadas no plano social geral, espírita e não espírita. Por isso mesmo a sua importância, como síntese natural da dialética espírita, é fundamental para o desenvolvimento seguro da Doutrina e suas práticas. Kardec avaliou a sua importância significativa no plano da divulgação e da orientação dos Grupos, explicando ser preferível a existência de vários Centros pequenos e modestos numa cidade ou num bairro, à existência de um único Centro grande e suntuoso.
Um Centro Espírita pequeno e modesto – como na maioria o são – atrai as pessoas realmente interessadas no conhecimento doutrinário, cria um ambiente de fraternidade ativa em que as discriminações sociais e culturais desaparecem no entrelaçamento de todos os seus componentes, considerados como colaboradores necessários de uma obra única e concreta. O ideal é o Centro funcionar em sede própria, para maior e mais livre desenvolvimento de seus trabalhos, mas enquanto isso não for possível, pode funcionar com eficiência numa sala cedida ou alugada, numa garagem vazia ou mesmo numa dependência de casa familiar. As objeções contra isso só podem valer quando se trate de casas em que existam motivos impeditivos materiais ou morais.
Muitos Centros Espíritas surgiram do desenvolvimento de grupos familiais, desligando-se mais tarde da residência em que formara. A alegação de que a casa fica infestada ou coisas semelhantes é contraditada pela experiência. Um trabalho de amor ao próximo, feito com sinceridade e intenções elevadas, conta com a proteção dos Espíritos benevolentes e a própria defesa de suas boas intenções. Os Centros oriundos de grupos familiares mostram-se mais coesos e mais abertos conservando a seiva fraterna de sua origem. É esse o clima de que necessitam os trabalhos doutrinários.
Organizado o Centro, com uma denominação simples e afetiva, com o nome de um Espírito amigo ou de uma figura espírita abnegada, de pessoa já desencarnada, preparados, aprovados em assembléia geral e registrados em estatutos, sua função e significação estão definidas como estudo e prática da Doutrina, divulgação e orientação dos interessados, serviço assistencial aos espíritos sofredores e às pessoas perturbadas, sempre segundo o Codificação de Allan Kardec. Sem Kardec não há Espiritismo, há apenas mediunismo desorientado, formas do sincretismo religioso afro-brasileiro, confusões determinadas por teorias pessoais de pretensos mestres.
Dirigentes, auxiliares e freqüentadores de um Centro Espírita bem organizado sabem que a obra de Kardec é um monumento científico, filosófico e religioso de estrutura dinâmica, não estática, mas cujo desenvolvimento exige estudos e pesquisas do maior rigor metodológico, realizadas com humanidade, bom-senso, respeito à Doutrina e condições culturais superiores. Opiniões pessoais, palpites de pessoas pretensiosas, livros mediúnicos ou não de conteúdo mistificador, cheios de absurdos ridículos – seja o autor quem for – não têm nenhum valor para um verdadeiro Centro Espírita.
Cada Centro Espírita tem os seus protetores e guias espirituais que comprovam a sua autenticidade pelos serviços prestados, pelas manifestações oportunas e cautelosas, pela dedicação aos princípios kardecianos. A autoridade moral e cultural dos dirigentes e dos espíritos protetores e guias de médiuns e trabalhos decorre da integração dos mesmos na orientação de Kardec. O Centro que se esquece disso cai fatalmente em situações negativas, adotando práticas anti-espíritas e enveredando pelo caminho da traição a Kardec e ao Espírito da verdade. As conseqüências dessa falência são altamente prejudiciais a todo movimento espírita. Não se trata de nenhum problema sobrenatural, mas simplesmente de falta de vigilância – principalmente contra o orgulho e a vaidade, que levam muitas pessoas a quererem evidenciar-se mais do que outras. Isso acontece também em todos os campos da atividade humana, nos quais encontramos cientistas pretensiosos e sistemáticos, negociantes fraudulentos, médicos apegados às suas idéias próprias. A pretensão humana não tem limites e cada indivíduo pretensioso está sempre assessorado por entidades mistificadoras.
A Ciência Espírita é um organismo vivo, de natureza conceptual, estruturada em leis psicológicas, ou seja, em princípios espirituais e racionais. Essa estrutura é íntegra, perfeita, harmoniosa, e não podemos violentar um só dos seus princípios sem pôr em perigo imediato todo o seu sistema. No Centro Espírita em que essa compreensão da doutrina não se desenvolve, na verdade não existe Espiritismo, mas apenas um vago desejo de atingi-lo. As raízes dessa estrutura conceptual estão no Cristianismo, não em seu aspecto formal-igrejeiro, mas em sua existência evangélica, definida da Codificação Kardeciana. Os evangelhos canônicos das Igrejas Cristãs estão carregados de elementos da Era Mitológica e superstições judaicas. São esses elementos do passado pagão-judeu que deformaram o ensino puro de Jesus, permitindo interpretações flagrantemente contrárias ao que Jesus ensinou e exemplificou. No livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e no livro “A Gênese” Kardec mostrou como podemos restabelecer a pureza das raízes evangélicas, usando a pesquisa histórica das origens cristãs, o método analítico-positivo de estudo histórico e o método lógico comparativo dos textos. Sem a pureza das raízes não teremos a pureza dos textos e cairemos facilmente nas trapaças ou nas ilusões dos mistificadores encarnados e desencarnados.
Nas primeiras comunidades cristãs, onde o culto pneumático[i] era praticado, manifestavam-se espíritos furiosos, defensores de suas crenças antigas, que injuriavam o Cristo e seus adeptos. O culto constituía a parte prática do ensino espírita de Jesus. Na I Epístola aos Coríntios o Apóstolo Paulo dá instruções à comunidade de Corinto sobre a realização desse culto, ensinando até mesmo como os médiuns (então chamados profetas) deviam se comportar na reunião. Os Espíritos se manifestavam pelos médiuns e eram doutrinados pelos participantes do culto. Esse trecho expressivo encontra-se no tópico da epístola que trata dos Dons Espirituais. Não obstante, as Igrejas Cristãs deram interpretações inadequada e absurda a esse trecho, como fizeram com todos os trechos do Evangelho em que Jesus se refere à reencarnação. Incapazes de doutrinar os espíritos mistificadores ou agressivos, que atacavam Jesus e sua missão, os que se ligaram ao Império Romano suprimiram o culto pneumático, alegando que as entidades que neles se manifestavam eram diabólicas. Essa a razão porque Igrejas Cristãs repelem até hoje o Espiritismo como prática diabólica, rejeitando as manifestações espíritas.
Num Centro Espírita bem organizado esses problemas são estudados e ensinados, para que as pessoas interessadas no ensino real do Cristo possam compreender o sentido do Espiritismo. Sem isso, o Centro Espírita deixa de cumprir a sua missão na grande obra de restauração do Cristianismo em espírito e verdade. O que o Espiritismo busca é a verdade cristã, cumprindo na Terra a promessa de Jesus, que através de Kardec e seu guia Espiritual, o Espírito Superior que deu a Kardec, quando este lhe perguntou quem era, esta resposta simples: “Para você, eu sou A Verdade”. O Centro Espírita significa, assim, uma fortaleza espiritual da grande batalha para o restabelecimento da verdade cristã na Terra. Mas tudo isso deve ser encarado de maneira racional e não mística, no Centro Espírita. Ninguém está ali investido de prerrogativas divinas, mas apenas de obrigações humanas.



[i] A expressão culto pneumático vem do grego, pois “pneuma” quer dizer espírito.


Livro : O Centro Espírita por Herculano Pires

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Origem dos Vícios

Por Carlos Campetti

A questão da origem dos vícios é muito complexa e exige acurada pesquisa, análise e meditação. Em função
dessa mesma complexidade e da pobreza de nossa capacidade atual de sondar nossas próprias origens,
não há possibilidade de se esgotar o assunto. Dessa forma, faremos apenas algumas considerações como
tentativa de entender um pouco mais tão intrincada problemática.
Para dirigir nossa análise, vamos examinar a questão do interesse pessoal e sua relação com os vícios
do indivíduo.
Curiosamente, ao apresentar o significado da palavra interesse em seu dicionário, Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira, em certo momento, liga o verbete à expressão “vantagem pessoal”.
Vejamos:
“Interesse [...] S.m. 1. Lucro material
ou pecuniário; ganho. 2. Parte
ou participação que alguém tem
nalguma coisa: Qual o seu interesse
na firma? 3.Vantagem, proveito; benefício:
Só age em seu próprio interesse.
4. Aquilo que convém, que importa, seja em que domínio for.
5. Sentimento de cobiça; avidez.
6. Procura de vantagem pessoal, de proveito.
7. Sentimento de zelo, simpatia, preocupação ou curiosidade por alguém ou alguma coisa: Demonstra interesse pela menina;
Tem interesse por assuntos científicos.
8. Empenho: Não tenho interesse na resolução do caso.
[...]” Como se evidencia, apesar da conotação tendente ao negativo, o problema não está propriamente
no interesse, que pode apresentar aspectos positivos. Afinal, para fazer o bem ao próximo é necessário
interessar-se positivamente por ele. Allan Kardec e os Espíritos Superiores dizem que o egoísmo fundamenta- se no sentimento do interesse pessoal na questão 914 de O Livro dos Espíritos; e, na 917, afirmam que “[...] o egoísmo assenta na importância da personalidade [...]”.O interesse pessoal se qualifica como sendo exclusivo, exclusivista. O indivíduo não estaria propriamente dedicado à sua evolução espiritual,
mas interessado em superar os demais, em ganhos, quaisquer que sejam, que não pretenderia, não desejaria, não teria interesse em compartilhar com outros. Ele se julgaria o mais importante, com direitos exclusivos e merecedor de privilégios em relação aos demais.Nessa situação, ainda que tivesse interesse em
compartilhar algo, teria a preocupação de reservar a melhor parte para si, de garantir primeiro o seu
lado, depois pensaria nos outros em um âmbito restrito.
Mas essa atitude não é a que caracteriza o mais forte, o mais apto a sobreviver pela lei da seleção natural?
Não faria parte do instinto de sobrevivência, pelo menos entre os seres mais inferiores da Natureza?
O ser humano não teria herdado parte desses instintos no processo de evolução?
O que diferencia a espécie animal da humana?
As duas possuem inteligência, mas só a última tem capacidade moral. O homem é dotado de instintos e estes são mais fortes quanto menos evoluído ele é. Precisa trabalhar para o seu desenvolvimento, de forma
que a razão sobrepuje os instintos e ele deixe de ser governado pelas leis mecânicas que regem a vida
dos seres menos evoluídos, destinadas a garantir sua sobrevivência e dar as condições necessárias ao
seu desenvolvimento nos primeiros estágios de evolução.
Cabe ao ser humano desenvolver a capacidade de governar o próprio destino, sendo responsável pelo
uso do livre-arbítrio, da razão, na busca cada vez mais ampla da compreensão do significado da vida,
que, para ser plena, implica a concretização de uma existência ética – no sentido de reguladora das relações
com os demais seres. Porém, mais do que isso, a concretização de uma conduta moral, inspiradora e
norteadora do desenvolvimento integral do ser para o cumprimento do objetivo de sua existência,
cuja meta é o uso pleno da razão a caminho da conquista da intuição.
Quanto mais evoluído, menos interesse em relação à personalidade, menos apego ao que é pessoal,
maior submissão à vontade de Deus, mais dedicação ao bem do próximo, maior luz interior. Quanto
mais interesse pessoal, mais restrito está o ser ao mundo do ego, mais preocupado em defender seus
pontos de vista, seu mundo, seus objetivos particulares. Quanto mais livre do interesse pessoal, mais o
indivíduo se dedica ao próximo, pois sabe que o seu interesse está resguardado pela Justiça Divina.
Quanto mais desinteressado de si mesmo, mais cresce, pois se liberta da jaula do ego para conhecer o
universo do eu profundo que se identifica com as potências superiores
da alma.
O Espiritismo não incentiva o interesse pessoal, ainda que a pretexto da busca de evolução, pois, ao
contrário, o interesse pessoal dificulta o processo evolutivo do ser.
Quem quer que racionalize dessa forma equivocada pode estar interpretando mal o pensamento da
Doutrina, ou não consegue entender o sentido profundo do ensinamento.
É possível, ainda, que, ao ouvir os expositores que abordam o tema, esteja restringindo o conceito
à sua própria capacidade de entendimento. O Espiritismo incentiva o interesse pelo bem, que
precisa ser construído dentro de cada um, fato que possibilitará a sintonia com o bem externo. Mas
se o indivíduo tem desejo pessoal na conquista do bem que está fora dele dificilmente o alcançará, pois
o bem não pode ser somente dele: é de todos. O que ele precisa conquistar é a si mesmo, submetendo o
interesse pessoal, o culto à personalidade, e permitindo o surgimento do amor.Assim, o bem passa a existir
nele, da mesma forma que está nos demais e em todo o Universo.
Desse modo, pode-se afirmar que a raiz do problema está no interesse pessoal, pois é nele que se fundamentam o egoísmo e todos os demais vícios, inclusive a insegurança, que é falta de confiança
na Providência Divina e em si mesmo. O egoísta é profundamente
inseguro. Não confia em ninguém, nem mesmo em Deus, porque desconfia de si, da própria capacidade de compartilhar com os demais. Como possui interesse pessoal, conclui que todos também o possuem e
age, doentiamente, para garantir sua primazia em relação a tudo. A raiz do problema está, desse modo, no interesse pessoal, porque ele é a antítese da caridade, da suprema capacidade de renúncia pessoal em favor de outrem.
Deus não nos deu o interesse pessoal. Deu-nos as condições de caminhar para Ele, para aprender
com Ele e com os que cresceram antes que nós, no compartilhar da vida. Quando, por interesse pessoal,
nos recusamos, querendo a vida só para nós, morremos (filosoficamente) no engano, para renascer posteriormente, quando entendermos o profundo significado da caridade, no exercício da qual
não há espaço para o interesse pessoal, por mínimo que seja.A partir daí, todo aperfeiçoamento individual
é buscado como forma de melhor servir à grande obra da vida,
gerida pelo Criador.
O tema é complexo, difícil, pois, de esgotá-lo.Vale aguardar o futuro. O estudo e a experiência levam naturalmente a mais profundas análises e melhores conclusões sob a inspiração de nossos Benfeitores espirituais.
Setembro 2006 • Reformador

A violência doméstica para com os filhos. UMA ABORDAGEM À LUZ DO ESPIRITISMO




CLARA LILA GONZALEZ DE ARAÚJO
Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra.
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.”
(Mateus, 5:5 e 9.)


De certa feita, ao finalizarmos uma palestra espírita sobre a afabilidade e a doçura, virtudes analisadas no capítulo IX, de O Evangelho segundo o Espiritismo,
(1 ) um companheiro aproximou-se de nós e observou:
“Este assunto é bastante conhecido dos espíritas e todos já devem ter consciência da necessidade de agir
com bondade, especialmente em seu meio familiar”.
Após a colocação do prezado irmão, ficamos a pensar, longamente, sobre as suas palavras. Estariam os espíritas realmente conscientes da necessidade de semelhante conduta moral? Compreenderiam,
na vivência de suas experiências cotidianas, a importância de observarem, inexoravelmente, a lei de amor e de caridade? Como se portariam no seio familiar, onde a benevolência e a fraternidade devem ser
alicerces para a consolidação da harmonia entre os corações?
A compreensão do que seja violência doméstica, à luz do Espiritismo, não se reveste da verdadeira clareza
sobre o problema e, ao buscarmos as orientações nos textos dos Espíritos Superiores, percebemos, perplexos, que esta situação pode ocorrer em alguns lares espíritas, ferindo, profundamente, a quantos a enfrentam como provas salvadoras.
Allan Kardec, ao avaliar a necessidade de sermos mais dóceis e afáveis, no citado capítulo de O Evangelho segundo o Espiritismo, item 4, afirma que simples palavras, emitidas de forma intempestivas  podem causar conseqüências graves para aqueles que as transmitem: “[...] É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade que deve presidir às relações entre os homens e manter
entre eles a concórdia e a união; é que constitui um golpe desferido na benevolência recíproca e na fraternidade; é que entretém o ódio e a animosidade; é, enfim, que, depois da humildade
para com Deus, a caridade para com o próximo é a lei primeira de todo cristão”.(2).
Assim, ser agressivo, violento, hostil, com a intenção de causar dano ou ansiedade nos outros, não
significa só bater, ferir fisicamente, lesar materialmente, mas utilizar expressões verbais com o intuito
de depreciar e atacar as pessoas é prejudicá-las, é magoá-las de maneira grave e humilhante.
No relacionamento familiar, o problema da agressão verbal ocorre, quase sempre, a partir das dificuldades
que os pais encontram na criação dos filhos. Para muitos, não elevar a voz de modo excessivamente
contundente e autoritário seria renunciar a qualquer tentativa educacional. Os adultos parecem
ignorar que a obediência não é coisa que surja espontaneamente.
É por meio de um trabalho interior que a criança poderá compreender e aceitar as solicitações
dos outros, sem estar a eles incondicionalmente dependente e com isso construir-se a si mesma,
tornar-se uma pessoa equilibrada e autônoma.
A infância e a adolescência passam por várias etapas em seu desenvolvimento e, sem os cuidados
de uma educação salutar e bem encaminhada, é natural que os filhos reajam com maior ou menor
insegurança, que pode levá-los a comportamentos aberrantes, expressão de sua angústia profunda,
conforme as circunstâncias em que essas experiências lhes são impostas e do meio em que vivem. Aos
pais cabe o dever de amá-los, educando- os, sem exigir que se transformem em cópias vivas deles mesmos,
desrespeitando suas características individuais. Certos pais só conseguem manifestar ternura de modo extremamente possessivo, como se não conseguissem atingir um grau de compreensão que lhes
seria necessário para atender às carências reais de seus filhos.
Os Benfeitores espirituais nos advertem: “[...] Com efeito, ponderai que nos vossos lares possivelmente
nascem crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram hábitos diferentes dos vossos
e dizei-me como poderiam estar no vosso meio esses seres, trazendo paixões diversas das que nutris,
inclinações, gostos, inteiramente opostos aos vossos; como poderiam enfileirar-se entre vós, senão
como Deus o determinou, isto é, passando pelo tamis da infância?
[...] A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos
que devam fazê-los progredir [grifo nosso]
. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. [...]”3
Na maioria das vezes, porém, não utilizamos as palavras para consolar e edificar. Não nos preparamos
para o diálogo e a vontade sincera de esclarecer e orientar os filhos, especialmente, quando se recusam em satisfazer às nossas exigências. No plano inconsciente, suas próprias recusas podem ser tidas como a resultante de vários desejos insatisfeitos, e suas respostas, contrárias aos nossos desejos, se transformam na única maneira que conhecem para se comunicar conosco.
O Espírito Emmanuel, em mais uma de suas expressões de sabedoria, ao refletir sobre a significância
da língua como centelha divina do verbo, observa que o homem costuma desviá-la de sua verdadeira função, originando-se aí as grandes tragédias sociais, quase sempre da conversação dos sentimentos inferiores e reconhecendo
“[...] que a sua disposição é sempre ativa para excitar, disputar, deprimir, enxovalhar, acusar e
ferir desapiedadamente”.(4)
Ao chegarmos à fase em que essas manifestações atinjam certo grau de exteriorização habitual,
certamente nos afastamos dos ensinamentos cristãos, como se fôssemos, no entender do Espírito Lázaro,
“[...] homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados
lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento
que, fora de casa, se impõem a si mesmos. [...] Envaidecem- se de poderem dizer: ‘Aqui mando e sou obedecido’, sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar:
‘E sou detestado’”(.5)
Sabemos que a banalização da violência nos meios de comunicação e sua inserção na vida cotidiana
influem no comportamento de nossos filhos, fazendo com que se tornem vítimas e algozes,
ao mesmo tempo.Mas a violência também encontra respaldo no ambiente onde a criança e o jovem
estão inseridos. Afirmam os psicólogos e educadores que “reforçar condutas agressivas conduz
a um aumento das expressões observáveis de agressão, bem como a uma generalização de respostas
agressivas a outras situações”.(6)
Ou seja, se a criança for agredida pelos adultos, no período da infância, poderá, quando jovem e adulta, deixar-se influenciar por modelos agressivos, não só para aliviar sua raiva e hostilidade como também para atingir os objetivos desejados.
Quando isso acontece, dificilmente achamos que os filhos retratam os nossos exemplos. Na
questão 582, de O Livro dos Espíritos, a resposta dada pelos Espíritos a Kardec, sobre a missão da
paternidade, orienta-nos quanto à possibilidade de virmos a falhar no grandíssimo dever de educar
os seres que geramos:
“[...] Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar
bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por
culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho
na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada
do bem”(.7)
As lições de Jesus – o incomparável Mestre, o consumado pedagogo, o excelso psicólogo –, são sempre
oportunas em todas as épocas da Humanidade! Ao anunciar, no Sermão do Monte, que deveríamos
ser brandos e pacíficos reporta- se aos humildes de espírito, cujos corações estejam alijados do
orgulho e do egoísmo e sem semear a cizânia em todos os campos de ação onde exerçam suas atividades. O orgulho, não procura, assim como o egoísmo, base para apoiar as suas reações.Manifesta-
se com ou sem motivos que o justifiquem. Há pais que ao se sentirem melindrados no seu
excessivo amor-próprio transformam- se em verdadeiras feras, insultando e agredindo, em defesa
do que denominam autoridade!
A humildade não se compatibiliza com a violência de ação, uma vez que a violência é sempre
o oposto da compreensão, da benevolência, da mansuetude e da paz. A luta na exclusão do mal deve
ser uma constante em nossas vidas, reagindo, com firmeza, sempre que sentirmos o perigo que nos ameaça, especialmente quando deixarmos de orientar os nossos filhos para que não venham a
sucumbir aos desenganos e ilusões do mundo material. Nossos corações, no entanto, devem ser
simples, pacientes e amorosos ao aconselhar, destituídos de soberba e prepotência, iluminados pelas
claridades do Evangelho, que despertam nas almas os verdadeiros sentimentos de caridade e fraternidade.
A melhor maneira de ajudarmos aqueles que nos são caros é evangelizando-os, pois os problemas
existenciais e espirituais do ser serão esclarecidos à luz da Doutrina dos Espíritos e do Evangelho
de Jesus, no cumprimento da assertiva divina que recomenda:
Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, que
todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo”. (Mateus, 6:33.)

Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. IX, itens 1 a 6, p. 171-174.
2______. item 4, p. 172.
3 ______.O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Questão 385.
4XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Espírito
Emmanuel. Ed. especial. Rio de Janeiro:
FEB, 2005. Cap. 170, p. 353-354.
5KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. IX, item 6, p. 173.
6MUSSEN, CONGER, KAGAN. Desenvolvimento
e personalidade da criança. 4.
ed. São Paulo: Editora Harbra, 1977.
p. 308-309.
7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Questão 582.
24 342

0 Reformador • Setembro 2006

Auto Educação Moral

O Espiritismo é uma doutrina que traz esclarecimento, consolação paz a
todos os que a conhecem. Com base em fatos e no uso da razão, ela nos
revela que: somos todos filhos de Deus, nosso Criador; somos Espíritos
imortais em constante aprimoramento intelectual e moral; os laços de afeição que
nos unem a amigos e familiares se mantêm mesmo depois da morte física; os valores
espirituais que conquistamos permanecem sempre conosco, enquanto os
valores materiais são de uso temporário e transitório; a reencarnação nos enseja
novas oportunidades de aprendizado e evolução; e as lições que Jesus nos legou em
seu Evangelho são expressões da Lei de Deus, que nos cabe colocar em prática para
atender à nossa necessidade de permanente evolução.
Esta convicção, que nos beneficia com uma grande serenidade e fortaleza de
ânimo para enfrentar os naturais desafios da existência, traz, também, uma grande
responsabilidade: a de estudar a Doutrina para melhor compreendê-la; a de divulgá-
la para que outros dela também se beneficiem; e a de praticá-la, já que é pela sua
prática, de exercício intransferível e inadiável, que construímos nosso crescimento
espiritual. Conscientizando-nos dessa realidade, Allan Kardec, quando fala sobre
“Os Bons Espíritas”, observa: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação
moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.(1)
O ato de trabalhar no próprio aperfeiçoamento, na conquista de novas virtudes,
na eliminação de nossos defeitos morais, na ampliação da nossa capacidade de
amar o próximo, no controle das nossas más inclinações, representa, na essência,
um esforço permanente de auto-educação moral à luz dos princípios espíritas.
Allan Kardec conceitua: A educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.(2)
Educar, portanto, é formar hábitos, e educar para o bem é formar hábitos bons.
Provendo à necessidade de um parâmetro seguro para esse trabalho de auto-
-educação, Jesus nos trouxe não apenas ensinamentos, mas, acima de tudo, o exemplo
que nos cabe seguir: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao
Pai senão por mim.(3) Sigamo-lo e reeduquemo-nos.

1 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XVII, item 4.
2 ______. O livro dos espíritos. Questão 685. Comentário de Kardec.
3João, 14:6.

Revista o Reformador-Editorial -Setembro de 2006

O Poder de Resistir ao Stresse


“Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?
– Sim, e, freqüentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah!
quão poucos, dentre vós fazem esforços!”
(O Livro dos Espíritos, questão no 909.)
“Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta
montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.”
– Jesus. (Mateus, 17:20.)
“A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto
de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado.”
(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 3, 2o parágrafo.)


Evangelista Mateus relata que um homem veio ao encontro de Jesus e, lançando- se a seus pés, pediu que Ele tivesse piedade de seu filho que era lunático e sofria muito. Ele adianta que já o apresentara a seus discípulos e que estes não haviam conseguido curá-lo. O Mestre Jesus comenta a falta de credulidade
e imediatamente cura o menino e adverte os discípulos de que eles não o haviam curado por falta de
fé e afirma-lhes: “Se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha:transporta-te daí para ali e ela se transportaria e nada vos seria impossível”.
(Mateus, 17:14 a 20.)
Allan Kardec tece o seguinte comentário em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, sobre
essa passagem evangélica no item 2: “No sentido próprio, é certo que a confiança nas suas próprias
forças torna o homem capaz de executar coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida de si”. E mais adiante, elucida no item 3: “(...)entende-se como fé a confiança que se tem na realização
de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se
veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. (...)
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu
ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado.
(...)”
Nos dias atuais, estamos precisando de fé para vencer o estresse que o modo de viver da civilização
nos impõe, pois para resistir ao estresse e administrar a pressão é  necessário manter um equilíbrio na vida.
As pessoas que acreditam ter o controle de seu destino lidam melhor com as pressões do que aquelas
que acham que tudo está ao sabor do acaso.
Para isso é importante ter alguns parâmetros:
1. Vivamos o presente:
Vivamos o “aqui e agora”, com responsabilidade e equilíbrio, concentrando- nos naquilo que está
acontecendo no presente, e aumentaremos nossa capacidade de resistir ao estresse, pois não estaremos
fixados em coisas do passado ou imaginando futuros problemas, ainda que inexistentes.
Procuremos sentir a realidade da situação ou do problema e a possível solução para ele.
Para ter o “clima mental” adequado, procuremos meditar.A meditação pode estabelecer um estado
mental de calma interior.
2. Tenhamos objetivos claros de vida:
Quando temos um roteiro claro para a direção de nossa vida, ficamos mais fortes ao sentir pequenas
pressões como foco de estresse.
Se estabelecemos prioridades e firmeza ou fé em nossas convicções, clareando um quadro geral
dos objetivos maiores de nossas vidas, não nos irritaremos com as pequenas coisas.
Pensemos no que é realmente importante para nós, levando em consideração a visão filosófica ou
espiritual da vida, no sentido da sua eternidade.
Assim, se desejamos a auto-realização, o equilíbrio e o bem-estar, uma boa vida familiar, o trabalho,
seja qual for, como forma de valorização pessoal, não nos estressaremos, por exemplo, com problemas
no trânsito, ocorrências de pequenos desentendimentos no lar, no trabalho ou até mesmo no lazer.
3. Sejamos solidários:
Ser solidário é ser participativo. É olhar não só para nós e para nossas necessidades (reais ou imaginárias),
mas, também, olhar para o outro.
Enxergarmos na estrada de nossa vida o próximo, como o samaritano, a que Jesus se referiu, caído com
as forças combalidas, assaltado por problemas, muitas vezes, maiores que os nossos. Ao nos aproximarmos
dele e o agasalharmos na hospedaria do nosso amor solidário e fraterno, nossas tensões e mágoas desaparecerão ou, pelo menos, diminuirão.
4.Tenhamos momentos de divertimento:
Ter fé na vida é também ter momentos de diversão, de descontração, de lazer.
Para aliviar o estresse, saibamos desfrutar os momentos com a família.
Nestes instantes procuremos tirar de nossas mentes todas as preocupações do lar ou do trabalho.
Procuremos sentir as pessoas que compõem a nossa família, o que cada uma nos oferece de bom,
saibamos sorrir com elas e que elas riam conosco.
Tenhamos alegria com nossos animais domésticos, com as nossas folhagens, com as nossas flores.
Tenhamos momentos de humor sadio e energizante.
Procuremos rir, rir faz bem para a alma e para o corpo físico.
A calma na luta contra o estresse é sempre um sinal de força e de confiança; o desespero ou a violência
denotam a fraqueza e a dúvida de si mesmo.
Ouçamos, pois, o Mestre Jesus:
“Se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transporta-te daí para
ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível”. E digamos para a “montanha do nosso estresse”:
transporta-te daí (do nosso mundo mental) para ali (planície de nossas emoções controladas e produtivas) e nada nos imporá o estresse.

Site: FEB
Revista o Reformador -Abril de 2006
Escrito Por Aylton Paiva