02
- Lei de Conservação
Pergunta
711 -O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens? - "Esse
direito é consequente da necessidade de viver. Deus não imporia
um dever sem dar ao homem o meio de cumprí-lo."
Pergunta
715 - Como pode o homem conhecer o limite do necessário? - "Aquele
que é ponderado o conhece por intuição. Muitos só
chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria
custa."
1
- O DINHEIRO
De
fato, o dinheiro constitui pesada responsabilidade para o seu possuidor.
Não
compra a felicidade e, muitas vezes, torna-se responsável por incontáveis
desditas.
Apesar
disso, a sua ausência quase sempre se transforma em fator de desequilíbrio
e miséria com que se atormentam multidões em desvario.
O
dinheiro, em si mesmo, não tem culpa: não é bom nem mau.
A
aplicação que se lhe dá, torna-o agente do progresso social,
do desenvolvimento técnico, do conforto físico e, às vezes,
moral, ou causa de inomináveis desgraças.
Sua
validade decorre do uso que lhe é destinado. Com ele se adquirem o pão,
o leite, o medicamento, dignificando o homem pelo trabalho.
Sua
correta aplicação impõe responsabilidade e discernimento,
tornando-se fator decisivo na edificação dos alicerces das nações
e estabilizando o intercâmbio salutar entre os povos.
Por
meio dele irrompem o vício e a corrupção, que arrojam criaturas
levianas em fundos despenhadeiros de loucura e criminalidade.
Para
consegui-lo, empenham-se os valores da inteligência, em esforços
exaustivos, por meio dos quais são fomentados a indústria, o comércio,
as realizações de alto porte, as ciências, as artes, os
conhecimentos.
No
submundo das paixões, simultaneamente, dele se utilizando, a astúcia
e a indignidade favorecem os disparates da emoção, aliciando as
ambições desregradas para o consórcio da anarquia com o
prazer.
Por
seu intermédio, uns são erguidos aos píncaros da paz, da
glória humana, enquanto outros são arrojados às fumas pestilentas
do pavor e da desagregação moral em que sucumbem.
Sua
presença ou ausência é relevante para a quase totalidade
dos homens terrenos.
Para
o intercâmbio, no movimento das trocas de produtos e valores, o dinheiro
desempenha papel preponderante.
Graças
a ele, estabelecem-se acordos de paz e por sua posse explodem guerras calamitosas.
Usa-o
sem escravizar-te.
Possui-o
sem deixar-te por ele possuir. Domina-o antes que te domine.
Dirigi-o
com elevação, a fim de que não sejas mal conduzido.
Mediante
sua posse, faze-te pródigo, sem te tornares perdulário.
Cuida
de não submeter tua vida, teus conceitos, tuas considerações
e amizades ao talante do seu condicionamento.
Previdente,
multiplica-o a benefício de todos, sem a avareza que alucina ou a ambição
que tresvaria.
De
como te servires do dinheiro, construirás o céu da alegria ou
o inferno de mil tormentos para ti mesmo.
Se
te escasseia nas mãos a moeda, não te suponhas vencido.
Ter
ou deixar de ter, importa pouco, na economia moral da tua existência.
O
importante será a posição que assumas em relação
à posse.
Não
te desesperes pela ausência do dinheiro. Como há aqueles que se
fizeram servos do que têm, há-os, também, escravizados aos
que gostariam de ter.
O
dinheiro é meio, não meta.
Imprescindível
colocar-te jubilosamente na situação que a vida te brindou, padronizando
as diretrizes e os desejos pessoais dentro dos limites transitórios da
experiência educativa por que passas, conseqüência natural
do mau uso que fizeste do dinheiro que um dia possuíste.
Por
outros recursos poderás ajudar o próximo e erigir a felicidade
pessoal, conforme as luminosas lições com que o Evangelho te pode
enriquecer a vida.
Essencial
é viver bem e em paz com ou sem o dinheiro.
2
- DESPERDÍCIOS
Há
muito desperdício no mundo, fomentando larga faixa de miséria
entre os homens.
O
que há abundante em tua mesa falta em muitos lares.
O
excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias.
O
que te sobra e atiras fora, produz ausência em outros lugares.
O
desperdício é fator expressivo de ruína na comunidade.
O
homem, desejando fugir das realidades transcendentes da vida, afoga-se na fantasia,
engendrando as "indústrias da inutilidade", abarrotando-se
com os acúmulos, padecendo sob o peso constritor da irresponsabilidade,
em que sucumbe por fim.
A
vida é simples nas suas exigências quase ascéticas. Muitos
cristãos distraídos, porém, ataviam-se, complicam os deveres,
sobrecarregam-se do dispensável, desperdiçam valores, tempo e
oportunidades edificantes para o próprio burilamento.
Desperdiçam
palavras, amontoando-as em verbalismo inútil a fim de esconderem as verdades;
desperdiçam tempo em repousos e férias demorados, que anestesiam
os centros combativos de ação da alma encarnada;
-desperdiçam
alimentos em banquetes, recepções, festas extravagantes com que
disputam vaidades;
-desperdiçam
medicamentos em prateleiras empoeiradas, aguardando, no lar, doenças
que não chegarão, ou, em se apresentando, encontram-nos ultrapassados;
-desperdiçam
trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão
a usar;
-desperdiçam
moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer
recato ou zelo; desperdiçam a saúde nas volúpias do desejo
e nas inquietações da posse com sofreguidão;
-desperdiçam
a inteligência, a beleza, a cultura, a arte nos espetáculos do
absurdo e da incoerência, a fim de fazerem a viagem da recuperação
do que estragaram, em alucinada correria para lugar nenhum ...
Não
se recupera a malbaratada oportunidade. Ninguém volta ao passado, na
busca de refazê-lo, encaminhá-lo noutro rumo.
O
desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe
faz vítima.
Há,
sim, muito e incompreensível desperdício na Terra.
Reparte
a tua fartura com a escassez do teu próximo.
Divide
os teus recursos, tuas conquistas e vê-los-ás multiplicados em
mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas,
generosas.
Passarás
pelo mundo queiras ou não. Os teus feitos ficarão aguardando o
teu retorno.
Como
semeares, assim colherás.
O
que desperdiçares hoje, faltar-te-á amanhã, não
o duvides.
Sê
pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser desperdiçador
e o que conseguirás será crédito ou débito na contabilidade
da tua vida perene.
3
- PRESENÇA DO EGOÍSMO
No
fundo das desgraças humanas o egoísmo sempre aparece como causa
essencial.
Urde
a agressividade e inspira a fuga ao dever sob disfarces inescrupulosos com que
passa ignorado.
Remanescente
das paixões que predominam em a natureza animal, vige com vigor, logrando
triunfos de mentira com que não consegue saciar a sede dos gozos nem
organizar o bastião de segurança em que busca apoio para a sistemática
autodefesa.
Examinemo-lo
em algumas nuanças:
O
mentiroso acredita que se exime à responsabilidade do cometimento que
oculta e, não raro, avança no rumo da infâmia ou calúnia
logo a oportunidade se lhe faça propícia.
O
egoísmo é-lhe o nefando inspirador.
O
perseguidor crê-se amparado pela necessidade do desforço justo
ou que procura justificar, transformando-se em implacável algoz.
O
egoísmo sustenta-o na empresa inditosa.
O
sensualista perverte o próximo, desrespeitando a honestidade das vítimas
que lhe caem nas armadilhas.
O
egoísmo absorvente emula-o ao desar contínuo. O avaro amealha
com sofreguidão, cobrando à sociedade um tributo absurdo, devorando
os bens alheios e permitindo-se devorar pela sandice.
O
egoísmo faz-se-lhe a força que o propele na infeliz tarefa.
O
assaltante de qualquer denominação apropria-se indebitamente,
utilizando-se, subrepticiamente, da astúcia, da temeridade, do cinismo,
da loucura.
O
egoísmo domina-o feroz.
O
misantropo arroga-se direitos na infelicidade que se impõe e exerce enérgico
domínio em torno dos próprios passos com que não amaina
a melancolia em que se compraz.
O
egoísmo concita-o à lamentável situação.
O
vício de qualquer tipo, exercendo dominação sobre o homem,
sem facultar a outrem qualquer ensancha de prazer.
Crê-se
merecedor de tudo e a si mesmo se concede somente direitos e permissividades.
Morbo
pestilencial, no entanto, consome aquele que o agasalha e vitaliza.
Destrói
em volta, sem embargo aniquila-se.
O
conhecimento da vida espiritual constitui o antídoto eficaz a tão
violento quão generalizado mal: o egoísmo.
Descarta-te
de excessos e, disposto a vencê-lo, distribui o que te seja também
necessário.
Não
é uma conclamação à imprevidência, tampouco
apoio à avareza.
Imprescindível
combater por todos os modos possíveis esse adversário que se assenhoreia
da alma e lhe estrangula as possibilidades de libertação.
Ama
e espraia-te.
Desculpa
e cresce na fraternidade. Serve e desdobra a esperança.
Ora
e dilata os valores da iluminação espiritual, clarificando mentes
e corações no propósito excelente de vencer em definitivo
esse verdugo que tem sido a matriz de todos os males que pesam
na economia moral, social e espiritual da Humanidade.
4
- AMOR-PRÓPRIO
É
dos mais perigosos inimigos do homem. Ardilosamente oculta as intenções
de que se nutre e exterioriza falsas argumentações com que se
impõe, malévolo.
Ataca
no momento azado, após realizar hábeis manobras, persistentes
e vigorosas.
Consegue
ocultar os objetivos reais que o açulam e enfileira-se com destaque entre
os mais graves destruidores da harmonia íntima da criatura.
Intoxica
quem o conduz e desfere dardos venenosos com segurança, produzindo vítimas
que tombam, inermes, sob seus certeiros aguilhões.
Impiedoso,
compraz-se quando esmaga e afivela à face a máscara de falsa compaixão
com que dissimula os sorrisos da vitória nefasta.
Desvela-se
sob artifícios e consegue desviar a atenção da sua tarefa
lúgubre.
A
queda do próximo alegra-o; a desdita de alguém emula-o; o descoroçoamento
do lutador fascina-o; a derrota do adversário diverte-o ...
Este
venal servidor da desdita chama-se amor-próprio.
Fere-se
com facilidade e melindra-se sob pretextos imaginosos e fúteis.
Arregimenta
o desculpismo para si mesmo e a fiscalização severa para os outros.
Por
artimanhas domina os sentimentos e perturba o discernimento de quem lhe dá
guarida.
Filho
dileto do orgulho, é irmão gêmeo do egoísmo e célula
cancerígena responsável por muitos reveses na vida das criaturas.
Combate-o
com todas as forças.
Não
lhe dês guarida nem convivas com as suas astúcias.
O
amor a si mesmo recomendado por Jesus não objetiva os triunfos imediatos
nem as situações acomodatícias.
Ajuda
o Espírito a emergir das torpezas e a libertar-se das contingências
transitórias, mediante a autodoação, a renúncia,
a abnegação e o amor ao próximo.
Vidas
que se podiam glorificar pelas oportunidades ditosas que fruem, malogram quando
o amor-próprio as dirige.
Construções
superiores do bem soçobram quando o amor-próprio as sitia.
Grupamentos
humanos de relevância se desagregam quando o amor-próprio semeia
o separatismo .
...
E as guerras - conseqüência dos pequeninos conflitos que se travam
nos grupos familiares - decorrem do amor-próprio doentio de governos
arbitrários e enlouquecidos que tripudiam sobre os direitos humanos,
e, transformados em abutres, logo sucumbem sobre os escombros dos vencidos em
que se refestam ...
Jesus
caluniado, agredido, desrespeitado, abandonado e crucificado, lecionando o amor
fraternal - antítese do amor-próprio - e atestando a suprema força
de que se encontrava investido, ofertou-nos, sábio, a mensagem-advertência
salvadora contra esse inimigo que habita em nós e deve ser combatido
sem tréguas: o amor-próprio.
5
- RENOVAÇÃO
A
poda propicia a renovação da planta.
A
drenagem faculta a modificação do campo. A decantação
aprimora a qualidade do líquido.
O
cautério enseja a laqueação de vasos e a destruição
dos tecidos contaminados.
A
modificação dos hábitos viciosos fomenta o entusiasmo que
liberta do comodismo pernicioso e da atividade perturbadora.
Imperioso
o esforço para a renovação que gera bênção
e é matriz de prodigiosas conquistas.
Renovar
idéias
- haurindo no manancial inesgotável do Evangelho a inspiração
superior.
Renovar
palestras
- mediante o exercício salutar do pensamento comedido e nobre.
Renovar
atividades
- colocando o "sal" da alegria e a gota de amor em cada tarefa a ser
realizada.
Renovar
objetivos
- pelo estudo contínuo das metas e meios para a libertação
espiritual, tendo em vista a decisão irrevogável de triunfar sobre
as imposições afligentes
que conspiram no mundo contra a paz verdadeira do Espírito.
Renovar
é processo fecundo de produzir. Não apenas renovar para variar,
antes reativar os valores que jazem vencidos pela rotina pertinaz, ou redescobrir
os ideais que, a pouco e pouco, são consumidos pelo marasmo, vencidos
pela modorra, desarticulados pelas contingências da mecânica realizadora.
A
renovação interior - poda moral - desse modo, exige disciplina
e sacrifício para lograr o êxito que se pretende colimar.
Diante
da questão desagradável, que já consegues resolver, renova
a paciência e tenta uma vez mais.
Ante
a pessoa irritante que já conseguiu fazer-se antipática, renova
conceitos e insiste na fraternidade um pouco mais.
Em
face do antagonista gratuito que logra desagradar-te, renova o esforço
de vencer-te e sê gentil ainda mais.
Perante
o sofrimento que parece destruir-te, renova-te pela oração e confia
mais.
O
discípulo do Evangelho, que desdenha o milagre da renovação,
pode ser comparado ao trabalhador que menospreza a esperança - tornando-se
vítima fácil para o fracasso.
Jesus,
o Sublime Exemplo, ensinando a perene urgência da renovação
dos propósitos superiores, cercou-se de pessoas difíceis de ser
amadas, compreendidas, ajudadas, não desperdiçando situações
nem circunstâncias negativas, armadilhas e astúcias em momentos
de aflitivas conjunturas, propiciando-nos, assim, a demonstração
do valor do ideal e da vivência do bem, conseguindo todos renovar e tudo
modificar, em razão dos objetivos elevados do Seu ministério entre
os homens.
Sem
reclamar contra o pecado, renovou os pecadores. Sem invectivar a astúcia,
renovou as vítimas da perturbação bem urdida.
Sem
reagir contra os que O perseguiam em caráter contumaz, renovou todos
os que se facultavam à Sua palavra.
Toda
a mensagem que nos legou, mediante palavras ou ações, constitui
um poema e um hino de bênçãos à renovação
do homem, do mundo e da Humanidade.
6
- HEROÍSMO DA RESIGNAÇÃO
O
imediatismo dos interesses apaixonados confunde-a com demência ou a tem
em conta de deficiência de forças para poder investir violentamente
contra as circunstâncias.
Não
falta quem se rebele contra os seus necessários impositivos.
Tacham-na
de cobardia moral.
Crêem-na
ultrapassada, nos dias voluptuosos do tecnicismo moderno.
Todavia,
a resignação é bênção lenificadora,
quando a vida responde em dor e sombra, infortúnio e dificuldade aos
apelos do homem.
Alternativa
redentora, que somente os bravos se conseguem impor, reforça os valores
espirituais para as lutas mais ingentes da inteligência e do sentimento.
Não
deflui de uma atitude de medo, porquanto isso seria injustificado ante as Leis
Superiores, mas resulta de morigerada e lúcida reflexão que favorece
o perfeito entendimento das imposições evolutivas.
O conhecimento dos fatores causais dos sofrimentos premia o homem com a tranqüila
responsabilidade que assume, em relação aos gravames que os motivaram.
Quiçá
a resignação exija mais dinâmica da coragem para submeter-se,
do que requereria a reação rebelada da violência.
Entrementes,
a atitude resignada não significa parasitismo nem desinteresse pela luta.
Ao contrário, enseja fecundo labor ativo de reconstrução
interior, fixação de propósitos salutares em programa eficaz
de enobrecimento.
Ceder,
agora, a fim de conseguir mais tarde. Aguardar o momento oportuno, de modo a
favorecer-se com melhores resultados
Reagir
pela paciência e mediante a confiança imbatível em Deus,
apesar do quanto conspire, aparentemente contra.
Crer
sem desfalecimento, embora as aparências aziagas.
Porfiar
no serviço edificante sem engendrar técnicas da astúcia
permissiva, quando tudo se apresenta em oposição.
Manter-se
na alegria, não obstante sofrendo ou incompreendido, abandonado ou vencido,
expressa os triunfos da resignação no homem consciente dos objetivos
reais da existência na Terra.
O
metal em altas temperaturas funde-se. O rio caudaloso na planície espalha-se.
A
semente no solo adubado transforma-se.
O
cristão ativo na construção do testemunho resigna-se.
A
própria reencarnação é um ato de submissão,
quanto a desencarnação, desde que ocorrem independentemente da
vontade do aprendiz que se deve resignar às exigências superiores
da evolução.
Resignação,
por conseguinte, é conquista da não violência do Espírito
que supera paixões e impulsos vis, a fim de edificar-se e triunfar sobre
si mesmo e, em conseqüência, sobre os fatores negativos que lhe obstaculam
o avanço libertador.
Joanna
de Ângelis