MATAR POR BENEVOLÊNCIA
Francisco Cândido Xavier
Antes da
nossa reunião pública, amigos da Guanabara mostraram-nos duas reportagens
recentemente lançadas sobre a eutanásia. Éramos um grupo de irmãos debatendo
assuntos da atualidade e o problema ¿ii oposto despertou-nos a atenção. Depois
de opiniões v;criadas na conversação em curso, o horário nos chamou para as
tarefas da noite.
Aberta a
nossa reunião de estudos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, com surpresa para
nós todos, ofereceu-nos o item 28 do capítulo V, sobre a questão da morte
aplicada em nome da benevolência humana.
Diversos
companheiros comentaram a lição, após ri que Emmanuel, o nosso caro benfeitor
espiritual, compareceu com a página Eutanásia e Vida.
EUTANÁSIA E VIDA
Emmanuel
Amigos
da Terra perguntam freqüentemente pela opinião dos companheiros desencarnados,
com respeito à eutanásia. E acrescentam que filósofos e cientistas diversos
aderem hoje à idéia de se apoiar longamente a morte administrada, seja por
imposição de recursos medicamentosos ou por abandono de tratamento. Declaram-se
muitos deles confrangidos diante dos problemas das crianças que surgem
desfiguradas no berço, ou à frente dos portadores de enfermidades supostas
irreversíveis, muitas vezes em estado comatoso nos recintos de assistência
intensiva. Alguns chegam a indagar se os pequeninos excepcionais devem ser
considerados seres humanos e se existe piedade em delongar os constrangimentos
dos enfermos interpretados por criaturas semimortas, insensíveis a qualquer
reação.
Entretanto,
imaginam isso pela escassez dos recursos de espiritualidade de que dispõem para
dilatar a visão espiritual para lá do estágio físico.
É preciso
lembrar que, em matéria de deformação, os complexos de culpa determinam
inimagináveis alterações no corpo espiritual.
O homem
vê unicamente o carro orgânico em que o espírito viaja no espaço e no tempo,
buscando a evolução própria, mas habitualmente não enxerga os retoques de
aprimoramento ou as dilapidações que o passageiro vai imprimindo em si mesmo,
para efeito de avaliação de mérito e demérito, quando se lhe promova o
desembarque na estação de destino.
A vista
disso, o homem comum não conhece a face psicológica dos nossos irmãos suicidas
e homicidas conscientes, ou daqueles outros que conscientemente se fazem
pesadelos ou flagelos de coletividades inteiras. Devidamente reencarnados, em
tarefas de reajuste, não mostram senão o quadro aflitivo que criaram para si
próprios, de vez que todo espírito descende das próprias obras e revela consigo
aquilo que fez de si mesmo.
Diante
das crianças em prova ou dos irmãos enfermos, imaginados irrecuperáveis, medita
e auxilia-os!
Ninguém,
por agora, nas áreas do mundo físico, pode calcular a importância de alguns
momentos ou de alguns dias para o espírito temporariamente internado num corpo
doente ou disforme.
***
Perante
todos aqueles que se abeiram da desencarnação, compadece-te e ajuda-o quanto
puderes.
Recorda
que a ciência humana é sempre um fato admirável, em transformação constante,
embora respeitável pelos benefícios que presta. No entanto, não te esqueças de
que a vida é sempre formação divina, e, por isto mesmo, em qualquer parte será
sempre um ato permanente de amor.
PIEDADE ASSASSINA
Irmão Saulo
A
eutanásia é uma questão ele lógica. Se partirmos da premissa de que a morte é o
fim, chegamos natural-mente à conclusão de que matar um doente incurável ou uma
criança é um ato de piedade. Mas se partirmos da premissa de que a morte é
apenas o fim de uma existência, nossa piedade será assassina. Uma premissa
falsa nos leva a um raciocínio criminoso. Para raciocinar de maneira certa
precisamos dispor de dados certos sobre o problema que enfrentamos. O
materialismo só conhece o corpo e não leva em conta a existência da alma.
Ignora por completo o sentido da vida. Seu raciocínio sobre a eutanásia se
funda na ignorância.
O
espiritualista sabe que a alma sobrevive ao corpo, mas nem todo espiritualista
conhece o processo da vida. Seu raciocínio sobre a eutanásia pode levá-lo a um
sofisma. Mas o espírita sabe que a vida é um processo de evolução e que cada
existência corpórea é o resultado das fases anteriores desse processo. O
espírita dispõe de dados seguros e precisos sobre o fenômeno biológico da
morte. Esses dados, obtidos nas experiências científicas do Espiritismo, estão
hoje sendo confirmados pelas pesquisas parapsicológicas e físicas sobre o
transe da morte. Basta a descoberta do corpo bioplasmático pelos físicos e
biólogos para advertir os espíritos sistemáticos de que podem estar enganados.
Os
inquisidores medievais queimavam os supostos hereges em nome da caridade, para
livrá-los do fogo eterno do inferno. Os materialistas atuais pretendem abreviar
a morte em nome da piedade racional. Elas por elas, temos o dogmatismo da
ignorância tripudiando sobre os direitos da vida. A mensagem de Emmanuel é uma
advertência da razão esclarecida e deve ser meditada em todos os seus termos.
Não basta lê-la, é preciso estudá-la.
Do livro Diálogo dos Vivos. Espíritos Diversos.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier e J.
Herculano Pires.