Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
sexta-feira, 8 de outubro de 2021
O PENSAMENTO SEGUNDO LÉON DENIS : "Remontemos, pois, às origens celestes e eternas; é o único remédio para nossa anemia moral. Dirijamos o pensamento para as coisas solenes e profundas. Ilumine-se e complete-se a Ciência com as intuições da consciência e as faculdades superiores do espírito."
terça-feira, 5 de outubro de 2021
INSTRUÇÃO MORAL POR LACORDAIRE "Marchai à frente dos vossos irmãos sofredores; dai ao pobre o óbolo do dia; enxugai as lágrimas da viúva e do órfão com palavras doces e consoladoras. Levantai o ânimo abatido desse velho curvado ao peso dos anos e sob o jugo de suas iniquidades, fazendo brilhar em sua alma as asas douradas da esperança numa vida futura melhor"
domingo, 3 de outubro de 2021
O JOIO PERVERSO E O TRIGO DE LUZ "O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los"
O Joio Perverso e o Trigo de Luz (*)
Cessada a algavaria(tagarelice) produzida pela turbamulta( multidão em desordem) sempre ansiosa e insatisfeita, depois de inesquecíveis lições de sabedoria, o doce-enérgico Rabi, acompanhado pelos amigos, foi para casa.
Sopravam os favônios do entardecer e o céu cobria-se com sucessivos tecidos evanescentes de variado colorido.
As trilhas luminosas do Astro-rei confraternizavam com as nuvens arredondadas que se adornavam de cores multifárias e uma harmonia mágica pairava no ambiente calmo.
As casas, esparramadas nas praias de seixos escuros e areia marrom, eram abrigos e remansos tranqüilos para os seus habitantes, que falavam sem palavras do intercâmbio de vibrações sutis entre o mundo físico e o transcendental.
A presença de Jesus irradiava harmonia e toda uma sinfonia quase inaudível de incomum beleza permanecia vibrando onde Ele se encontrava.
Aquele havia sido um dia afanoso. As multidões revezavam-se e os aflitos não cessavam de apregoar as suas mazelas, rogando amparo e saúde, que logo desperdiçavam no terrível banquete das alucinações destemidas.
Para que não voltassem aos tumultos nem às insensatezes comprometedoras, o Mestre, dando cumprimento ao que estabelecera a Profecia, abriu a sua boca em parábolas e proclamou coisas que estavam ocultas desde o princípio, e, por isso mesmo, ignoradas.
A partir daquele momento, ninguém se poderia considerar ignorante da verdade, deserdado do reino dos céus, esquecido da Divina Providência. João, o Batista, viera aparelhar, corrigir os caminhos por onde Ele prosseguia ampliando trilhas e anunciando a Era Nova.
A humanidade ali representada reaparecia no futuro dos tempos, renascendo em novos corpos e repetindo a música incomparável do Seu verbo libertador.
Assim aturdidos por tudo quanto haviam visto e ouvido, os companheiros, que não conseguiram entender o incomum significado das declarações, impressionados com alguns dos ensinamentos, aproveitando-se de um momento de repouso, acercaram-se-lhe e pediram-lhe que explicasse a complexa parábola do joio, há pouco narrada.
Invadido pela imensa ternura com que sempre elucidava os atônitos discípulos, Ele esclareceu:
- O mundo é um campo imenso e abençoado que aguarda a sementeira. Neutro, depende daquele que o vai utilizar, preparando-o convenientemente para que a ensementação se faça coroada de êxito.
" Sempre tem estado aguardando a bênção das sementes que o dignifiquem, para tornar-se área de vida.
" Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem, que veio distribuí-la em toda parte, a fim de que a terra gentil se converta em formoso jardim-pomar. Sem temer qualquer impedimento, entrega-se à tarefa com os olhos postos no futuro.
" A boa semente são os filhos do reino, como as palavras renovadoras e diretrizes de segurança, para que tudo se faça de acordo com os desígnios do Pai, que deseja a felicidade dos Seus filhos e providencia para que nada lhes falte no cometimento da evolução.
"O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los".
"O inimigo que semeou o joio é a inferioridade moral do ser que nele predomina, retendo-a na retaguarda do processo de iluminação pessoal, a que se entrega sem resistência, porque lhe atende os desejos primários a que se encontra acostumado.
" A ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. O mundo moral está em constante transformação, por causa da transitoriedade da existência física, das suas alternâncias e seus processos degenerativos. Por mais longa, sempre se interrompe pelo fenômeno da morte e se encerra o capítulo existencial, chegando o momento da ceifa, que se apresenta na consciência, que refaz o caminho percorrido sob a inspiração dos seres angélicos encarregados de orientar os seres humanos.
"Assim, pois, como é o joio colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo, quando cessar as experiências carnais de cada criatura, que enfrentará a semeadura do mal realizada no próprio coração. Os erros, na condição de erva perniciosa, reaparecerão com todo o vigor, exigindo prosseguimento de viciação agora sob outras condições inexeqüíveis, afligindo e atormentando com as chamas do desejo infrene, ardendo no sentimento e na razão do desgoverno.
"O Filho do homem enviará os Seus anjos que hão de tirar do Seu reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes, porque a consciência quando desperta e avalia o mal que a sim mesma se fez, sem oportunidade imediata de reparação, aflige-se, leva o indivíduo ao sofrimento que o faz estorcer-se e chorar se consolo, por haver-se iludido sem qualquer necessidade.
" O anjo da morte e dos renascimentos físicos, após acolher os aficionados dos escândalos, dos crimes, da perversão, selecionará aqueles que poderão prosseguir na Terra e aqueles outros que serão enviados ao exílio em mundo inferiores, mais primitivos e infelizes, onde recomeçarão a jornada interrompida em condições menos propiciatórias. Será realizada a seleção natural pelos valores espirituais de cada qual, que compreenderá a insânia que se permitiu, envidando esforços hercúleos para se recuperarem.
"Enquanto isso, os justos resplandecerão como o Sol, no reino do seu Pai, porque estarão em paz consigo mesmos, sintonizados com a imortalidade em triunfo, livres das paixões e vinculações com o crime, a hediondez, a sombra que antes neles predominavam."
Um silêncio, feito de unção de alegria e de paz, se abateu sobre a sala modesta onde Ele acabara de falar.
A sua voz permanecia fixada na memória deles para sempre, que se recordariam daquele momento de mágica poesia e grandiosa sinfonia para todos os dias do porvir.
As ansiedades da natureza no entardecer cediam lugar às primeiras manchas de sombras desenhando figuras estranhas no firmamento adornado de luz e calor.
A partir daquele momento as responsabilidades cresciam e delineavam com maior precisão os compromissos que firmariam com o suor do trabalho e sangue do sacrifício.
Já não eram menos, aqueles homens simples arrebanhados entre os pescadores, os de menos cultura, os cobradores de impostos, os exegetas, os indagadores. Eles eram uma síntese da humanidade, sem os vernizes sociais enganosos e alguns envolvidos pela ganga dura que ocultava o diamante precioso.
O Amigo se encarregava de trabalhá-los a todos para as tarefas que teriam que executar até o fim dos milênios.
... Eram homens tocos e modestos, sem dúvida, no corpo, mas antes de tudo, Espíritos convidados para o grande banquete da Boa Nova, para o qual vieram...
_________
(*) Mateus 13 - 36 a 43.
Nota da autora espiritual
Amélia Rodrigues por Divaldo P.Franco
quinta-feira, 30 de setembro de 2021
O MUNDO NÃO O VÊ NEM O CONHECE "O Mestre afirmou aos apóstolos que eles conheciam o Espírito de Verdade, mas o mesmo não acontecia com o mundo. Este não o conhecia e nem o podia receber, porque não estava suficientemente preparado para isso.
quarta-feira, 29 de setembro de 2021
MULTIDÃO E JESUS "Por muitos séculos soarão as vozes das multidões necessitadas e torpes, no festival demorado das lágrimas.Mesmo hoje, evocando os acontecimentos de Genesaré, defrontam-se as multidões buscando as soluções imediatas para o corpo, no pressuposto de que estão tentando atender o espírito exculpando-se das paixões, aparentando manter os compromissos com Jesus mediante um comércio infeliz para com as informações e conquistas imperecíveis."
A multidão! Sempre o Senhor esteve visitado pela multidão.
A multidão, porém, são as chagas sociais, as dores superlativas, as agonias e decepções, as lutas e angústias, as dificuldades.
Em toda parte o Mestre esteve sempre cercado pela multidão.
Através das Suas mãos perpassavam as misericórdias, as blandícias, manifestava-se o amor. . .
O seu dúlcido e suave olhar penetrava a massa amorfa sob a dor repleta de aflitos e ansiosos lenindo as desesperações e angústias que penetram as almas como punhais afiados e doridos.
A multidão são o imenso vale de mil nonadas(argueiros) e muitas necessidades humanas mesquinhas, onde fermentam os ódios, e os miasmas da morte semeiam luto e disseminam a peste em avalanche desesperadora num contágio de longo porte. . .
Ele viera para a multidão, que somos todos nós, os sedentos de paz, os esfaimados de justiça, os atormentados pelo pão do corpo e na alma. ..
Todos os grandes Missionários desceram das altas planuras para as multidões que são o nadir da Humanidade.
Por isto sempre encontraremos Jesus cercado pela multidão.
Ele é paz.
Sua presença acalma, diminuindo o fragor da batalha, amainando guerras de fora quanto conflitos de dentro.
Ele é amor.
O penetrar do seu magnetismo dulcifica, fazendo que os valores negativos se convertam em posições refletidas, em aquisições de bênçãos.
Quando Ele passa, asserenam-se as ansiedades. Rei Solar, onde esteja, haverá sempre a claridade de um perene amanhecer.
Ele tomara a barca com os Amigos do ministério e vencera o mar na serenidade do dia.
As águas tépidas, aos ósculos do Astro-rei, refletem o céu azul de nuvens brancas e garças. . .
Há salmodias que cantam no ar, expectativas que dormem e despertam nos espíritos. . .
Chegando às praias de Genesaré, a notícia voa nos pés alígeros da ansiedade e a multidão se adensa. ..
As informações se alargam pelas aldeias vizinhas, pelos povoados ribeirinhos. . .
Todos trazem os seus. . . Os seus pacientes, familiares e conhecidos, problemas e querelas. . .
Exibem chagas purulentas, paralisias, dificuldades morais, misérias e tormentos de toda espécie.
Obsessos ululam e leprosos choram, cegos clamam e surdos-mudos atordoam-se.
A atroada (estrondo) dos atropelos que o egoísmo desatrelado produz, a inquietação individual, o medo de perder-se a oportunidade tumultua todos, os semblantes se angustiam, os ruídos se fazem perturbadores, enquanto Ele, impávido, sereno, acerca-se e toca, deixando-se tocar. . .
Transfiguram-se as faces, sorriem os rostos antes deformados, inovimentam-se os membros hirtos e os sorrisos, em lírios brancos ngastados nas molduras dos lábios arroxeados, abrem-se, exaltam o Rabi, cantam aleluias.
A música da saúde substitui a patética da enfermidade, a paz adorna a fronte fatigada dos guerreiros inglórios.
Partem os que louvam, chegam os que rogam. . .
Há silêncios que se quebram em ribombar de solicitações contínuas. Há vozes que emudecem na asfixia das lágrimas.
Das fímbrias(franjas) das suas vestes, que brilham em claridade desconhecida, desprendem-se as virtudes e estas curam, libertam, asserenam, felicitam. . .
Genesaré encontra o seu apogeu, encanta-se com o Profeta. . . O Rabi, o Aguardado, reveste-se de misericórdia e todos exultam.
Narram os evangelistas que naquela visita à cidade formosa e humilde ocorreram todos os milagres que o amor produz.
No entanto, por cima de tais expectativas e conquistas transitórias, Jesus alonga o olhar para o futuro e descortina, além dos painéis porvindouros, a Nova Humanidade destituída das cangas atribulatórias, constringentes e justiçadoras com que o homem se libera, marchando na direção do Pai.
Até este momento, o Senhor sabe que os homens ainda são as suas necessidades imediatas e tormentosas em cantochões de agonia lenta. . .
Por muitos séculos soarão as vozes das multidões necessitadas e torpes, no festival demorado das lágrimas.
Mesmo hoje, evocando os acontecimentos de Genesaré, defrontam-se as multidões buscando as soluções imediatas para o corpo, no pressuposto de que estão tentando atender o espírito exculpando-se das paixões, aparentando manter os compromissos com Jesus mediante um comércio infeliz para com as informações e conquistas imperecíveis. . .
Cristianismo, todavia, é Jesus em nós, insculpido no santuário dos sentimentos, esflorando esperança e fé.
Atendamos à enfermidade, à viuvez, ao abandono, à solidão e à fome sem nos esquecermos de que, revivendo o Mestre Insuperável, os Imortais que ora retornam, buscam, essencialmente, libertar o homem de si mesmo, arrebentando os elos escravocratas que os fixam às mansardas soezes do primitivismo espiritual de cada um, a fim de alçá-lo à luz perene e conduzi-lo às praias da nova Genesaré do amor, onde Ele, até hoje, espera por todos nós, a aturdida multidão de todos os tempos.
(*) Mateus 14:34-36. Marcos 6:53-56. (Notas da Autora espiritual).
Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Franco
domingo, 26 de setembro de 2021
O Semeador saiu a semear... sob a ótica de Amélia Rodrigues
* * *
* * *
* * *
quarta-feira, 22 de setembro de 2021
QUE É A VERDADE? "Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz."
''Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade ?" (João, 18:38)
Afirma o Evangelho de João que, ao entrar Pilatos na audiência, após um ligeiro colóquio com Jesus Cristo, perguntou-lhe: "Logo tu és rei?", indagação que mereceu do Mestre a seguinte resposta: "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz".
Face a uma resposta de tamanha grandeza, Pilatos limitou-se a perguntar-lhe: "Que coisa é a Verdade?".
Entretanto, como o obscurantismo e os interesses mundanos sempre foram os maiores inimigos da verdade, houve naquela hora um início de tumulto no pátio do Pretório, provocado pelos fanáticos que ali estavam sob a égide dos escribas, dos fariseus e daqueles que tinham nas mãos os poderes religiosos, todos eles interessados na crucificação do tão esperado Messias.
A pergunta ficou, portanto, sem resposta, uma vez que as trevas se fazem sentir sempre, nos momentos psicológicos, em todos os lugares onde a luz do esclarecimento ameaça brilhar.
Talvez o Mestre não quisesse discorrer sobre a verdade com um homem que não a podia compreender, pois, minutos após, apesar de não ver em Jesus qualquer crime, não trepidou em entregá-lo nas mãos dos seus detratores para que o levassem ao sacrifício. Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz.
Evidentemente, Pilatos não tinha qualquer noção sobre o que fosse a verdade. A verdade apregoada pelos judeus não calava bem aos olhos do procônsul romano. O representante do Império não podia aceitar como expressão da verdade os seguintes ensinamentos ministrados pelos escribas:
- Teria o mundo sido criado em seis dias?
- Teriam Adão e Eva sido os primeiros habitantes da Terra?
- Teria realmente Josué conseguido parar o movimento do sol para poder completar um morticínio?
- Como poderia Moisés receber do Alto um mandamento que ordenava o "não matarás", e ele mesmo ordenava verdadeiras matanças de criaturas humanas?
- Se Caim matou Abel e saiu pelo mundo, não existindo qualquer outra mulher, como poderia ele constituir família e ter descendentes?
- Teria realmente Jonas vivido três dias e três noites no ventre de uma baleia?
- Poderia a mulher de Lot transformar-se numa estátua de sal?
Com que técnica poderia Noé ter construído uma arca tão descomunal que pudesse abrigar em seu interior um casal de cada espécie vivente na Terra? Como poderia ele conciliar dentro dela animais tradicionalmente inimigos bem como alimentá-los durante quarenta dias?
Desconhecendo Pilatos a interpretação dessas narrativas o bafejo do Espírito, é evidente que não podia também aceitar como verdadeiras .
De forma idêntica, não podia o Procônsul entender como poderia ser "eleita" de Deus uma casta sacerdotal eivada de sentimentos felinos e de interesses profundamente político mundanos.
Como conciliar os atos, maus e cheios de rapinagem desses homens, com os resplendores da verdade? Uma religião que se baseava nas tradições inócuas, nos atos exteriores do culto, no ódio e na vingança, jamais poderia ter qualquer parentesco com o que é apregoado como verdade. Se Jesus chamou os escribas e fariseus de hipócritas, como poderiam eles ser lídimas expressões dessa mesma verdade?
O Espiritismo representa o advento do Consolador prometido e, como tal, o seu papel é de restabelecer na Terra as primícias da verdade. Evidentemente, quando ele se consolidar definitivamente no seio dos povos, ruirão por terra todos os sistemas e métodos alicerçados sobre a mentira, Tudo aquilo que não for representativo da verdade, será removido dos seus pedestais.
Não tendo Jesus Cristo a oportunidade de esclarecer Pilatos sobre o que é a verdade, o Espiritismo vem agora, na hora propícia, quando os tempos são chegados, fazer com que a luz da verdade possa iluminar os horizontes do mundo, onde, até agora, somente tem prevalecido a mentira, o mistério, o orgulho, a vaidade, o fanatismo, a hipocrisia, a intolerância e o ódio.
O Cristo poderá, então, através das vozes que emanam dos Espíritos, responder não somente a Pilatos, mas a todos os homens o que é a verdade.
Paulo A. Godoy
domingo, 12 de setembro de 2021
DOZE LEGIÕES DE ANJOS
A despeito de ter afirmado que, para evitar a sua prisão e condenação, Ele poderia apelar para Deus e viriam mais de doze legiões de Anjos, a fim de evitar a consumação daquele ato, Jesus não esboçou nenhum gesto de repulsa à sua prisão.
A única reação que houve, segundo o evangelista Mateus (26:51), partiu de um dos apóstolos que, "fazendo uso de uma espada, cortou a orelha de um dos soldados".
É conveniente aqui assumir que a convocação de "doze legiões de Anjos" tem um sentido simbólico, significando que sendo o Ungido de Deus, Jesus era portador de "todo o poder na Terra e no Céu", consoante o que Ele próprio afirmou em Mateus (28:18), o que implica em dizer que poderia, simplesmente pela vontade, fazer com que os acontecimentos tomassem outro rumo, evitando, assim, a sua prisão, flagelação e crucificação, sem que necessitasse da assistência direta ou indireta de legiões de Anjos, o que representaria um acontecimento inusitado e de cunho verdadeiramente miraculoso.
A passagem evangélica em foco enseja-nos vários ensinamentos. O mais importante deles é a demonstração do ato de desprendimento de Jesus que, reconhecendo que havia chegado a sua hora, e a sua prisão e martírio eram importantes para a consagração do seu Messiado na Terra, se conformou com a vontade de Deus, submetendo-se à injusta prisão sem revolta e sem revide. Realmente, se não acontecesse o martírio do Calvário, a missão de Jesus não teria alcançado a penetração que teve, a ponto de, em apenas três séculos, ter causado a derrocada do Paganismo, religião prevalecente no meio do mais opulento e poderoso Império do mundo de então - o Império Romano.
Se todos os homens e mulheres tivessem consciência de que o destino da criatura humana é regido pela Lei de Causa e Efeito, não haveria na Terra tantos assassinatos, estupros, sequestros, roubos e outros desregramentos, pois que tudo o que se pratica, de bem ou de mal tem a sua ressonância nas vidas futuras, reclamando uma recompensa ou penoso resgate, o ser humano mediria melhor os seus atos e procuraria praticar somente o Bem, a fim de fazer jus às recompensas futuras prometidas por Sermão da Montanha.
"Quem com ferro fere, com ferro será ferido", não significa que, aquele que faz uso de uma arma para ferir ou matar o seu próximo, será ferido com o mesmo perecerá da mesma forma. O ladrão que espolia o seu semelhante, tornando-se o proprietário legitimo de determinados bens na vida futura estará sujeito a perder grande parte dos seus bens, restituindo, muitas vezes, ao seu legítimo dono ou a qualquer outro, tudo o que havia extorquido na vida precedente.
O assassino ou estuprador da vida atual, poderá, na vida subsequente, ser também assassinado ou estuprado, da mesma maneira como o fez na vida anterior, ou então ser vítima de um mal doloroso e incurável. Aquele que sequestra alguém, fazendo derramar lágrimas e semeando a dor e a desolação, infalivelmente se defrontará com problemas da mesma natureza no porvir, quando tiver nascido de novo. O suicida experimentará verdadeiras tormentas e poderá nascer em outras vidas, com profundas deficiências nos órgãos mutilados no processo de suicídio.
E a Lei inexorável da Ação e Reação, a qual se aplica ao indivíduo, e, para evitar que esta Lei se cumpra, não existem fórmulas mágicas, miraculosas, nem as absolvições ministradas pelas religiões da Terra. Somente há uma fórmula para eliminar ou suavizar as duras consequências dos resgates e expiações dolorosas: é a preceituada pelo apóstolo: "O amor cobre a multidão de pecados." A prática intensiva do amor apaga muitos débitos no quadro da Justiça Divina, minorando, sensivelmente, as dores que seriam reservadas ao Espírito transgressor.
Assim como não poderiam descer do Céu, "doze legiões de Anjos", para propugnar pela libertação de Jesus, também o ser humano não se livrará da Lei de Ação e Reação, pois esta guarda íntima relação com as leis de Deus, porquanto o Pai deseja, ardentemente, que seus filhos sejam bons e puros, e somente os ligeiros corretivos, aplicados aos transgressores de suas leis, farão com que eles se depurem das imperfeições e se aproximem cada vez mais Dele.
O drama tenebroso do Calvário era um imperativo, por isso, Jesus deixou bem evidenciado, nas páginas dos Evangelhos, que "era chegada a sua hora", que "para isso ele havia descido à Terra". No Horto das Oliveiras, chegou mesmo a fazer ardente prece a Deus, pedindo ao Pai que "se fosse possível passasse dele aquele cálice de amargura".
Em sua prece o Mestre disse: "Pai, seja feita a tua e não a minha vontade". Consequentemente, a vontade de Deus foi cumprida, numa viva demonstração do amor incomensurável do Criador pelas suas criaturas, pois estas necessitavam de um mártir para iluminar as suas veredas.
Logicamente, a vinda das "doze legiões de Anjos" era mero simbolismo, para demonstrar que tudo o que Jesus fazia tinha o beneplácito de Deus, e o Mestre tinha todo o poder "na Terra e no Céu", até mesmo para atrair em seu favor as potestades do Mundo Maior.
Das trevas terríficas do Calvário, brilhou uma luz que passou a iluminar os horizontes sombrios do mundo, encaminhando para um porvir glorioso a Humanidade daquela época e de todo o sempre.
Paulo A. Godoy