QUESTÃO 186 - O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Parte Segunda
Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos
CAPÍTULO IV
DA PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
Encarnação nos diferentes mundos
186. Haverá mundos onde o Espírito, deixando de revestir
corpos materiais, só tenha por envoltório o períspirito?
“Há e mesmo esse envoltório se torna tão etéreo que para vós
é como se não existisse. Esse o estado dos Espíritos puros. ”
a) - Parece resultar daí que, entre o estado correspondente
às últimas encarnações e o de Espírito puro, não há linha divisória perfeitamente
demarcada; não?
“Semelhante demarcação não existe. A diferença entre um e
outro estado se vai apagando pouco a pouco e acaba por ser imperceptível, tal
qual se dá com a noite às primeiras claridades do alvorecer. ”
Comentários de Miramez:
FILOSOFIA ESPÍRITA - VOLUME IV
Questão 186 comentada
CAPÍTULO 33
0186/LE
MUNDOS VENTUROSOS
Quem se encontra envolvido na carne dificilmente pode ter
uma idéia do que pode ser um mundo venturoso, onde somente aportam Espíritos
puros, aquelas almas que já se encontram em condições de falar como disse
Jesus: Eu e meu Pai somos um.
Esses mundos já passaram por todos os métodos de
crescimento, por todas as provas que a humanidade precisava e se purificaram na
forja da dor, dos infortúnios, dos problemas. Mas, somente o tempo pode nos
conferir o diploma da libertação. Não há outro meio, a não ser o tempo, para o
Espírito acordar na lucidez divina e conhecer a verdade.
Há mundos elevados em que os Espíritos ali estagiados se
encontram com corpos fluídicos, pelo aperfeiçoamento da matéria. Tudo neles
acompanhou o progresso do Espírito, e a beleza é o penhor da natureza,
oferecendo um visual encantador aos moradores; todavia, é bom que se compreenda
que o Espírito ignorante não se sentiria bem nessa estância de luz, devido ao
seu modo de vida ser outro, sem condições de mudanças apressadas. Todos têm seu
habitat: o animal, o homem, e qualquer troca sem preparo provocará desastres de
difícil reparo. Sabemos que o progresso não dá saltos, entretanto, ele não
pára; a sua marcha é permanente em todos os sentidos, porque é vontade do Soberano
Arquiteto do Universo.
Os mundos são incontáveis na imensidão do cosmo, e
incontáveis são as humanidades, bem como suas diferentes posições. Cada qual
tem sua posição na escala espiritual, e os Cristos são inúmeros em toda a
criação, responsáveis pela direção dessas humanidades e desses mundos. O
movimento é deslumbrante em toda a casa de Deus, onde o amor sustenta os Seus
filhos e a harmonia garante a ordem.
Se há mundos inferiores, como no caso da Terra, não fiquemos
tristes. Quem conosco trabalha nela se encontra em caminho dos mundos
venturosos. Esperemos e trabalhemos, compreendendo que Jesus é o nosso Caminho,
a nossa Verdade e a nossa Vida. Ele, por Sua bondade, nos legou os preceitos
pelos quais entendemos melhor e com mais acerto o que devemos fazer em nosso
próprio benefício: conhecermos a nós mesmos e nos tornarmos livres.
A pureza da alma surge na amplitude da nossa vida, no
silêncio que o nosso conhecimento nos ensinou a respeitar. Com o passar das
eras no bem, no amor e na caridade, o Espírito vai se iluminando, como a noite
sucede ao dia, e a idéia da imortalidade assegura a vida na fé que estabelece a
felicidade.
Estamos distantes dos mundos venturosos, mas não
impossibilitados de alcançá-los. Abençoemos o tempo, que ele nos indicará, sob
as bênçãos de Deus, sob o olhar do Mestre, quais os caminhos que deveremos
trilhar capacitando-nos a habitar essas casas que já conquistaram seus lugares
nas culminâncias dos céus. Para tanto, devemos trabalhar e lutar, mas, lutar
com nós mesmos, vencendo as nossas deficiências, para encontrarmos o Cristo em
nós, servindo-nos de motivo de glória, dentro da glória de Deus.