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sábado, 29 de setembro de 2012

29 - Vigilância, Abnegação


A - Vigilância

"Todo pensamento impuro pode se originar de duas fontes: a própria imperfeição da alma ou uma funesta influência que sobre ela se exerça. Neste último caso, há sempre indício de uma fraqueza, que nos torna aptos a receber essa influência, demonstrando que somos almas imperfeitas. Dessa forma, aquele que falir não poderá alegar como desculpa a influência de um Espirito estranho, desde que esse Espírito não o teria induzido ao mal se o tivesse encontrado inacessível à sedução."

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XXVIII. Coletânea de Preces Espíritas. Para Resistir a Uma Tentação, 20. Prefácio.)

A condição interior de atenção para com as próprias emoções, desejos, impulsos, pensamentos, gestos, olhares, atitudes e respostas verbalizadas consiste na preocupação em pautar nossas reações dentro de padrões condizentes com o conhecimento evangélico. A observação de nós mesmos deverá ser aplicada de modo permanente, e não apenas quando já ocorreu a transgressão. Entendemos claramente que a vigilância define um trabalho preventivo e não corretivo.
A vigilância tem, assim, sua atuação como meio de combate aos defeitos, de algum modo já conhecidos ou identificados, para que, com a devida antecedência e precaução, evitemos as ocorrências dos mesmos. O trabalho preventivo, a exemplo do que se desenvolve na especializada área da Segurança do Trabalho, procura relacionar numa atividade os riscos de acidentes e seus graus. As causas de acidentes são muito bem estudadas e todas as campanhas de prevenção visam à conscientização do homem que executa um trabalho produtivo, para que o desempenhe dentro de certas normas de segurança, específicas a cada tipo de atividade.

Há dispositivos de proteção nas máquinas, há cores e sinalização, há meios de prevenção contra incêndios e há também os equipamentos de proteção individual para uso do trabalhador. Estes são alguns dos meios para evitar acidentes. Muito análogos ao que queremos aqui relacionar com a nossa vigilância interior são, em Segurança do Trabalho, os chamados "atos inseguros". Sabe o operário que, ao executar um "ato inseguro", poderá lhe ocorrer um acidente, como por exemplo: trabalhar na construção de edifício sobre andaimes sem guarda-corpo; subir em postes sem o cinto de segurança; operar máquinas de desbaste sem óculos de proteção; remover peças com as mãos sem luvas em prensas de moldagem, etc.
Então, o que poderá também acontecer àquele que, conhecendo as suas fraquezas ou inseguranças, se arrisca a determinadas situações de perigo? Estará se expondo a sofrer um deslize moral, a lhe ocorrer um acidente de graves consequências. O que precisamos conhecer bem são as nossas próprias situações de risco, para não cometermos erros, caindo em tentações, e depois amargurar os arrependimentos das nossas falhas.

As tentações são os nossos riscos; estamos a elas sujeitos, e a nossa própria insegurança é resultado das imperfeições que ainda temos. Contamos sempre com os meios de proteção e de segurança individuais nos Espíritos Protetores, que, até certo ponto, afastam-nos das influências perigosas. Cabe-nos, no entanto, agir com firmeza, resistindo às tentações conhecidas.
Podemos muito bem evitar os "atos inseguros", escapando das situações de perigo, ou nos munindo dos meios de proteção para enfrentá-las.

Como formas de proteção, além do auxílio espiritual, contamos com a prece, a vontade, o esclarecimento, o esforço próprio. Ninguém melhor do que nós mesmos para precavermo-nos das situações que representam riscos às nossas próprias inseguranças morais.
Relacionemos algumas delas, talvez as mais comuns:

a) Diante dos convites de companhias que nos estimulam ao fumo, ao jogo, ao álcool, ao tóxico;

b) Nas discussões de assuntos polêmicos, que nos levam a intrigas, agressões, contendas;

c) Nas elaborações de pensamentos eróticos, que nos predispõem aos condicionamentos do sexo;

d) Na direção dos olhares maliciosos, que nos conduzem à cobiça;

e) Nas economias exageradas dos gastos, que se resumem em avareza;

f) Nas absorções de ressentimentos ou amarguras, que se cristalizam em intolerâncias, incompreensões;

g) Nos comentários desavisados, que nos conduzem à maledicência;

h) Nos afloramentos das emoções fortes, que nos fazem manifestar orgulho, presunção;

i) Nos ímpetos de defesa das nossas idéias, que refletem o personalismo;
j) Nas inquietações por algo desejado, que definem a impaciência;

l) Nos esquecimentos de obrigações assumidas, que caracterizam a negligência;

m) Nos descansos prolongados, que indicam ociosidade.

"Reconhece-se que um pensamento é mau quando ele se distancia da caridade — base de toda moral verdadeira; quando tem por princípio o orgulho, a vaidade e o egoísmo; quando sua concretização pode prejudicar alguém; quando, enfim, nos induza a coisas diferentes das que quereríamos que os outros nos fizessem."

B - Abnegação

"A piedade, quando bem sentida, é amor; o amor é devo lamento; devotamento é esquecimento, esquecimento de si mesmo, e este esquecimento é a abnegação em favor da criatura menos feliz, é a virtude por excelência, praticada pelo Divino Mestre e ensinada em sua doutrina tão santa e sublime; quando essa doutrina for restabelecida em sua pureza primitiva, quando for admitida por todos os povos, fará a Terra feliz, fazendo reinar em sua face a concórdia, a paz e o amor."

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XIII. Que a Mão esquerda Não Saiba o Que Faz a Direita. Item 17. A Piedade - Michel.)

A abnegação é indicativa daquilo que fazemos em favor de alguém, ou de alguma causa, sem interesse próprio, com esquecimento de nós mesmos, ou até com sacrifício do que possa nos pertencer.

Há alguns exemplos na História das Civilizações de criaturas abnegadas, que se dedicaram ao bem-estar do próximo, trabalhando de alguma forma para deixar aos homens uma contribuição marcante nas áreas do conhecimento, das descobertas científicas, das investigações, das religiões, dos direitos humanos, da moral, da caridade, etc. Por esse espírito de sacrifício próprio deixaram seus nomes aureolados de respeito e admiração.

Na própria História do Brasil rendemos homenagens aos personagens cívicos que colocaram o interesse da nação brasileira acima dos seus e dos das elites da época.

É o que muito nos falta hoje: pureza de intenções, abnegação, sacrifício de interesses, renúncia a proveitos pessoais, amor às causas nobres, dedicação às criaturas na miséria, desprendimento dos valores materiais. Devemos reconhecer, também, que há inúmeros corações vivendo em silêncio dando extraordinários exemplos de abnegação, sem fazer qualquer menção ao que realizam, ou sem serem identificados publicamente.

Todos temos, no entanto, possibilidades de praticar a abnegação, se não integralmente dedicados a uma obra mas, em nosso tempo disponível, procurando algo realizar sem remuneração, com desprendimento, dedicados a certas benemerências ao próximo, de qualquer natureza.

A prática da abnegação concretiza o exercício da caridade, dever humano que não podemos dispensar de nossas obrigações. O benefício desinteressado é o único agradável a Deus. Quem presta sua ajuda aos pequeninos que nada têm, sabe de antemão que não receberá deles agradecimentos ou retribuições. Por essa razão os serviços dedicados aos mais carentes devem caracterizar a caridade autêntica.

Admitimos que também podemos treinar a abnegação nas pequenas coisas, todas as vezes que voluntariamente renunciamos a algo nosso em favor do próximo.

A abnegação é o oposto do egoísmo. Praticando-a, o combatemos naturalmente.

Vejamos, em nossas atividades corriqueiras, algumas das muitas oportunidades que temos de praticar a abnegação:

a) Dedicando algumas horas do nosso lazer numa atividade assistência!;

b) Ministrando esclarecimentos evangélicos às criaturas em aprendizagem;

c) Oferecendo graciosamente os próprios serviços profissionais, onde possam ser mais úteis, aos que não os possam pagar;

d) Ensinando, sem interesse financeiro, os conhecimentos que detemos em quaisquer áreas;

e) Trabalhando no próprio lar, em algumas horas livres, na confecção de roupas e agasalhos para famílias carentes;

f) Contribuindo, com trabalho pessoal, no plantão vigilante a familiares ou amigos em convalescença;

g) Procurando conduzir o que realizarmos na esfera política ou social em benefício da maioria desprivilegiada, mesmo sacrificando
interesses próprios;

h) Indagando sempre, em nossas deliberações administrativas, se estamos atendendo aos princípios de justiça, tolerância e bondade para com o próximo;

i) Pautando tudo que fizermos nas produções diárias dentro do ideal de perfeição, aprimorando sempre para o melhor ao nosso alcance.

"A beneficência é bem compreendida, quando se limita ao círculo de pessoas da mesma opinião, da mesma crença ou do mesmo partido? — Não, é imperioso sobretudo abolir o espírito de seita e de partido, pois todos os homens são irmãos. O verdadeiro cristão vê irmãos em todos os seus semelhantes, e para socorrer o necessitado não busca saber a sua crença, a sua opinião, seja ela qual for." (Id., ibid. Item 20. Luís.)

Ney P. Peres

06 - OS MALEFÍCIOS DOS ABUSOS SEXUAIS

Ney Prieto Peres
"O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção? - Há sempre crime, no momento em que se transgride a lei de Deus. A mãe, ou qualquer outro, cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento. " Allan Kardec.O Livro dos Espíritos. Capítulo VII. Retorno à Vida Corporal. Pergunta 358.)

Também pelos abusos sexuais comprometemos o nosso corpo físico e o nosso equilíbrio emocional, dispersando as energias vitais procriadoras e enfraquecendo a nossa mente com imagens eróticas e perniciosas. Como todo ato natural, a união sexual representa uma manifestação divina quando as condições espirituais e os reais objetivos são seguidos. Da união sexual decorre a continuidade da espécie, possibilitando aos espíritos em processo de encarnação a oportunidade para seu desenvolvimento.

No ato sexual, além das atividades propriamente geradoras, importante permuta de hormônios e princípios magnéticos ativos processam-se entre o homem e a mulher. Além do aspecto biológico, há também, na união sexual, a permuta de vibrações sutis e de elementos espirituais vitalizantes de que ambos se abastecem no equilíbrio necessário das uniões afetivas dignas.

Desse modo, não nos cabe deturpar uma manifestação divina dos nossos espíritos como através dos tempos vem sendo feito. Dirigimo-nos em particular aos jovens que, na fase de sua formação física e moral, possam estar desperdiçando as suas energias procriadoras, tão importantes no fortalecimento do sistema cerebral e de todos os seus órgãos do corpo. Devemos canalizar o seu dinamismo energético na prática sadia de atividades produtivas, nos estudos, nos esportes nas artes, na música, além das oportunidades de ajuda ao próximo que oferece a Assistência Social e o trabalho junto às crianças faveladas nos serviços de Moral Cristã.

Nosso esforço em reformular os conceitos e as manifestações desavisadas do sexo é indispensável, improrrogável. Convém controlar os impulsos sexuais, moderá-los com justificativas cristãs, coerentes com a pureza em que se devem manter o corpo e o espírito. Mudar a nossa imaginação viciada no que se relaciona ao sexo e às suas manifestações. Orientar definitivamente os desejos de prazer procurados nas expressões animalizadoras, esforçando-se no trabalho de se espiritualizar em todos os sentidos, dentro de princípios renovadores.

A corrente tendenciosa, nos nossos dias, de dar livre expansão aos impulsos sexuais incorre numa completa distorção dos sentimentos de afeição e respeito. Sexo exige, antes de tudo, responsabilidade por parte de quem o pratica. E digam as consciências que propagam o "amor livre" até onde estão dispostas a assumir, em nome desse "amor", as consequências dos seus atos livres! União de corpos pressupõe união de almas, afeto, compromisso de um para com o outro num propósito sério.

As grandes provas de amor são dadas exatamente na medida da capacidade de renúncia e de sacrifício, em respeito e zelo pela criatura amada, e, como decorrência, em assumir a vida daqueles seres gerados por esse mesmo amor. O sexo exerce enorme influência em nossa vida, o seu potencial de realização pode ser comparado a uma grande represa que armazena e controla vultuosa massa de água, canalizando-a e transportando-a por condutos, fazendo-a movimentar potentes turbinas, geradoras de energia elétrica, distribuída em incontáveis benefícios. Conter, disciplinar, canalizar todo o nosso potencial de energias sexuais que está sediado na alma, utilizando-o nas realizações proveitosas em que colocamos o nosso entusiasmo, o nosso dinamismo, o nosso coração, é obra divina, digna e edificante.

Os abusos e as distorções do sexo levam, à semelhança de um dique rompido, às inundações desastrosas, ao desequilíbrio emocional, ao envolvimento nas teias grosseiras da nossa animalidade, ao embotamento dos nossos valores criadores e ao viciamento da nossa imaginação. "A união permanente de dois seres é um progresso na marcha da humanidade." (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Pergunta 695.) "A abolição do casamento é o retorno à vida dos animais." .)

Resumimos, com Emmanuel (Emmanuel. Vida e Sexo. Introdução.), todas as considerações úteis relativas ao sexo nas seguintes normas: "Não proibição, mas educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle. Não impulso livre, mas responsabilidade".

Aos Aprendizes do Evangelho é feito um convite à ponderação e ao posicionamento com relação a esse importante problema que a Humanidade enfrenta, e que, cada um, na tentativa de realizar a sublimação pessoal, tantas vezes já recomeçou nas oportunidades reencarnatórias, ou seja, o aprendizado na aplicação do sexo à luz do amor e da vida.

A - UM ROTEIRO PARA AUTO-ANÁLISE

No campo das afeições, ao analisarmos a gradação dos nossos impulsos de sentimentos em relação a outrem, parece ficar evidente a sequência que vai da simples simpatia à união propriamente dita, num processo crescente de aproximação e envolvimento de almas.
Com o intuito de facilitar a nossa reflexão quanto aos aspectos das manifestações afetivas, indicamos, a nosso ver, a sequência natural e crescente que estamos sujeitos a passar, nas ligações do coração.

Enumeramos nessa sequência três fases naturais: 1ª. aproximação; 2ª. contato; 3ª. ligação.

1ª. - Aproximação: Esta fase se inicia na "simpatia", prossegue na "admiração", estabelece-se na "amizade". Até esse ponto o nível de aproximação é o mais comum entre as criaturas, e não ultrapassou os limites de um relacionamento social. Das "amizades" podem surgir as expressões ou impulsos de "carinho", que são os primeiros sintomas de afeição mais profunda. A partir dessa etapa podemos ou não atingir a segunda fase.

2ª. - Contato: Esta fase tem seu começo na "atração" entre pessoas, quando já penetramos no terreno emocional. Da "atração" surge o "desejo" e logo após o contato na forma de "carícias". O nível de aprofundamento a que se pode chegar nesse estágio leva, conseqüentemente, à ligação.

3ª. - Ligação: Nesta etapa, o contato atinge certos níveis de "sensações" mútuas, chegando irresistivelmente ao seu clímax no relacionamento sexual. Ao chegar nesse ponto, subentende-se uma aceitação de parte a parte, que pressupõe ter sido completada a terceira fase, e que, para existir, implica na "responsabilidade" de ambos em assumir, um para o outro, uma vida em comum, numa "união" de propósitos. Laços mais estreitos foram tecidos e agora, num relacionamento conjugal, espera-se concretizar todo um conjunto de ideais.

Em resumo:
1ª. fase - Aproximação

• simpatia
• admiração
• amizade
• carinho
2ª. fase - Contato

• atração
• desejo
• carícia

3ª. fase - Ligação

- sensação
- relação sexual
- responsabilidade
- união

Onde encontramos os desequilíbrios?

Quando não nos é permitido transgredir de uma fase a outra. Senão, vejamos: ao nos aproximarmos de alguém e ao sentirmos "carinho", além de "simpatia", "admiração" e "amizade", estamos começando a entrar na fase de "contato". Portanto, caso não possamos ultrapassar uma simples "amizade", a atitude coerente é não passar dos sentimentos de "carinho".

Quando há um encaminhamento para o "contato" pela "atração" e "desejo", torna-se mais difícil impedir o aprofundamento, que poderá marchar para uma "ligação". É o que ninguém quer fazer, ou seja, parar na hora certa, impedir que os envolvimentos progridam. Quando não reagimos adequadamente e estabelecemos as "ligações" ilícitas, cometemos adultério, colhemos os dissabores, perturbamos os compromissos assumidos anteriormente, destruímos laços afetivos, comprometemos nossa consciência que fugiu às responsabilidades.

Nas transgressões, ao passarmos de uma das etapas à seguinte, encontramos os desequilíbrios afetivos e os enganos do coração, que devemos evitar. Vamos assim realizando a nossa auto-análise e nos posicionando prudentemente dentro desse esquema apresentado. Levemos em conta que as ligações afetivas ilícitas constituem o terreno das provas mais difíceis de serem superadas, e que por elas nos comprometemos a pesados encargos nesta e em vidas futuras.

Analisemos o que nos diz Mateus e o que esclarece Allan Kardec, relativamente ao adultério. Embora a nossa maioria social esteja embriagada nas manifestações desenfreadas do sexo, não acreditamos que essas verdades a seguir colocadas tenham sido superadas nos atuais dias controvertidos.

"Ouvistes o que foi dito aos Antigos: Não cometereis adultério. Porém, eu vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher com mau desejo para com ela, já em seu coração adulterou com ela." (Mateus, 5 :27-28.)

"É necessário fazer uma distinção importante. À medida que a alma que está no caminho errado adianta-se na vida espiritual, instrui-se e, pouco a pouco, despe-se das imperfeições conforme sua vontade seja mais ou menos forte, em virtude do livre-arbítrio. Todo pensamento menos puro é resultante da pouca evolução da alma, mas, de acordo com o desejo que alimenta de aprimorar-se, mesmo esse pensamento menos puro se lhe propicia uma oportunidade de adiantar-se, porque ela o repele com energia.
É indício do esforço despendido para apagar uma mancha e não ceder, se surgir uma nova oportunidade de satisfazer a um desejo menos digno, e, após ter resistido, sentir-se-á mais robustecido e alegre pela vitória conquistada. Ao contrário, a alma que não teve boas resoluções procura uma ocasião de praticar o erro e, se não o efetiva, não é por virtude de sua vontade, mas por falta de oportunidade.
É, pois, tão culpada quanto o seria se o tivesse cometido. Em resumo, o progresso está realizado na pessoa que nem ao menos concebe um pensamento menos puro, o progresso está em vias de realização na que tem um pensamento dessa natureza e o repele, e, naquela que ao surgir tal pensamento nele se compraz, o mal está em todo seu vigor. Numa o trabalho está feito, na outra, por fazer. E Deus, que é justo, leva em consideração todos esses fatores na responsabilidade dos atos e pensamentos dos homens."(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo VIII. Bem-aventurados os Puros de Coração. Pecado por Pensamentos. Adultério.)

B - ALGUMAS AUTO-AFIRMAÇÕES PARA DOMINAR DESEJOS SEXUAIS

Para superar as eventuais fraquezas e a pouca firmeza nos propósitos de dominar os impulsos eróticos e os pensamentos de prazer sexual, sugerimos repetir com frequência as afirmações que seguem, procurando sentir o mais profundamente possível o seu conteúdo:

"QUERO TRANQUILAMENTE SUPERAR OS ENVOLVIMENTOS ERÓTICOS E COMPREENDER AS ATRAÇÕES SEXUAIS COMO IMPULSOS DINÂMICOS DA ALMA E EXPRESSÕES DE AMOR EM VIAS DE SUBLIMAÇÃO".

"BUSCO ADQUIRIR EQUILÍBRIO, BEM-ESTAR, SAÚDE E APLICAR AS ENERGIAS SEXUAIS DA ALMA EM TRABALHO PRODUTIVO".

"DESPERDIÇAR ENERGIAS PROCRIADORAS É AUMENTAR TENSÕES, COMPROMETER O EQUILÍBRIO PSÍQUICO E DESGASTAR OS RECURSOS ORGÂNICOS".

"TENHO VONTADE E ENERGIA SUFICIENTES PARA REPELIR OS DESEJOS SEXUAIS QUE AINDA POSSAM ME ATORMENTAR".

"EVITAREI, CALMA E FIRMEMENTE, PENSAMENTOS OU IMAGENS QUE DESPERTEM SENSAÇÕES E DESEJOS SEXUAIS".

02 - FUMAR É SUICÍDIO


"Quando o homem está mergulhado, de qualquer maneira, na atmosfera do vicio, o mal não se torna para ele um arrastamento quase irresistível? — Arrastamento, sim; irresistível, não. Porque no meio dessa atmosfera de vícios encontra, às vezes, grandes virtudes. São Espíritos que tiveram a força de resistir, e que tiveram, ao mesmo tempo, a missão de exercer uma boa influência sobre os seus semelhantes."
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capítulo I. A Lei Divina ou Natural. Pergunta 645.)
Procuramos, aqui, tecer algumas considerações sobre o vício do fumo, hábito puramente imitativo e que não tem qualquer justificativa

A - O FUMAR, COMO COMEÇOU?

O costume herdado dos animais de farejar, cheirar e provar o gosto, certamente levou o homem, em épocas muito distantes a experimentar o gosto da fumaça. Provavelmente, alguns homens pré-históricos mais astutos resolveram enrolar algumas folhinhas secas e provar sua fumaça. Através dos tempos, devem ter experimentado muitas delas, não as aprovando pelo seu gosto amargo. No entanto, aquela folha larga e amarelada, depois balizada de Nicotiana Tabacum, deve ter provocado algo de estranho no experimentador pela ação ativa do alcalóide que ela contém (bastam apenas 40 a 60 miligramas dele para matar um homem).

Historicamente, consta que em 1560 o embaixador francês João Nicot enviou à rainha Catarina de Medicis as primeiras remessas daquele vegetal, cultivado em seus jardins em Lisboa, porque o julgava uma erva perfumada e dotada de propriedades terapêuticas. A rainha patrocinou a difusão do fumo como medicamento, utilizando-o em pílulas, pomadas, xaropes, infusões, banhos, etc. Porém, desses usos surgiram — o que a rainha encobriu — inúmeros envenenamentos, intoxicações e mortes. O idealista Nicot, que deu seu nome ao alcalóide nicotina, enquadrado entre os "venenos eufóricos", deve ter experimentado no Plano Espiritual os arrependimentos de sua triste iniciativa, acompanhando os casos mórbidos que suas perfumadas folhinhas provocaram.

B - O FALSO PRAZER - UMA ILUSÃO

O hábito de fumar começa, em geral, na infância ou na adolescência, incentivado pelos mais velhos e tendo exemplos até mesmo dentro de casa. São os garotos provocados pelos coleguinhas que fumam e que, na sua imaginação, já se sentem homens feitos (como se o fumar fosse uma condição de ser adulto). A tentativa é feita, provoca tosse e tonturas, mas dizem eles — são os sacrifícios do noviciado. O melhor vem depois: dá charme, auto-segurança, estímulo cerebral, é bacana, as menininhas gostam. Enfim, atende a tudo aquilo que o adolescente deseja: auto-afirmação, prestígio entre os amiguinhos, pose de artista, companhias a qualquer hora, namoradinhas, e, nesse contexto, a ilusão do prazer de ser querido e estar realizado. Faz parte do grupo. Quem não fuma, não entra na "patota".

Entretanto, ninguém conta nem fala das desvantagens e dos males do fumo. Ninguém vê e nem pode examinar os tóxicos que a fumacinha leva ao organismo. Hoje já se fala, até na televisão, sobre o alcatrão e a nicotina que o cigano contém, mas o que é mesmo isso? Ah, isso ninguém conhece. E ninguém conhece porque não é divulgado, porque não interessa divulgar. O que interessa é vender. E os nossos amiguinhos caem como patinhos, levados também pelas exuberantes propagandas dos fabricantes, sem saberem nada sobre os venenos que ingerem, sobre as doenças que provocam, as mortes que causam. E sem saberem que as estatísticas médicas provam que, dentre oito fumantes, um certamente sofrerá de câncer, e ainda que cada cigarro encurta a vida do homem em quatorze minutos. Falem dessas verdades aos garotos que queiram ensinar outros a fumar.

C - O QUE SOFRE O ORGANISMO HUMANO?

A quantidade de nicotina absorvida varia de 2,5 a 3,5 miligramas por cigarro. Ao ser tragada, a fumaça entra pelos pulmões carregando vários gases voláteis, que se condensam no alcatrão, passando à corrente sanguínea juntamente com a nicotina. Esta é tóxica, venenosa; o alcatrão é cancerígeno. Esses componentes agem na intimidade celular, principalmente nas células do sistema nervoso central, modificando o seu metabolismo, ou seja, as transformações físico-químicas que lhes permitem realizar os trabalhos de assimilação e desassimilação das substâncias necessárias à sua função. Essas alterações provocam no fumante a sensação momentânea de bem-estar, com supressão dos estados de ansiedade, medo, culpa. É o efeito de uma ação tóxica e mórbida levada ao sistema nervoso central. Aos instantes iniciais de estímulos segue-se um retardo da atividade cerebral e, em seguida, depressão, apatia, angústia.

Esses elementos químicos tóxicos, além desses efeitos, agravam as doenças cardíacas, como a angina, o enfarte, a hipertensão, a arterios­clerose. As vias respiratórias se irritam e, progressivamente, intoxicam-se, dando origem a traqueítes, bronquites crônicas, enfïsemas pulmonares, insuficiência respiratória, além dos casos de câncer bucal, da faringe, da laringe, do pulmão e do esôfago. A mulher é ainda mais sensível aos efeitos da nicotina, principalmente na gravidez, quando a nicotina atravessa a placenta, ocasionando danos ao feto, contamina o leite materno e pode também provocar abortos, natimortos e prematuros. Há também casos de esterilidade acarretada pelo fumo.

Em trabalhos recentes, ficou comprovada a diminuição da capacidade visual dos fumantes de 26% ou mais. A ação tóxica afeta também as glândulas, dificultando as funções orgânicas. Numa universidade norte-americana, uma pesquisa provou que os índices de reprovação são bem maiores entre os fumantes do que entre os não-fumantes. Porém, o que melhor retrata esse quadro é o fato de um fumante que absorve dois maços por dia, durante 30 anos, ter sua vida diminuída em 8 ou 10 anos. Portanto, esta é, indubitavelmente, uma forma de suicídio.

D - O PERISPÍRITO FICA IMPREGNADO

Os efeitos nocivos do fumo transpõem os níveis puramente físicos, atingindo o envoltório sutil e vibratório que modela, vivifica e abastece o organismo humano, denominado perispírito ou corpo espiritual. O perispírito, na região correspondente ao sistema respiratório, fica, graças ao fumo, impregnado e saturado de partículas semimateriais nocivas que absorvem vitalidade, prejudicando o fluxo normal das energias espirituais sustentadoras, as quais, através dele, se condensam para abastecer o corpo físico. O fumo não só introduz impurezas no perispírito - que são visíveis aos médiuns videntes, à semelhança de manchas, formadas de pigmentos escuros, envolvendo os órgãos mais atingidos, como os pulmões —, mas também amortece as vibrações mais delicadas, bloqueando-as, tornando o homem até certo ponto insensível aos envolvimentos espirituais de entidades amigas e protetoras.

Após o desencarne, os resultados do vício do fumo são desastrosos, pois provocam uma espécie de paralisia e insensibilidade aos trabalhos dos espíritos socorristas por longo período, como se permanecesse num estado de inconsciência e incomunicabilidade, ficando o desencarnado prejudicado no recebimento do auxílio espiritual. Numa entrevista dada ao jornalista Fernando Worm (publicada na Folha Espirita, agosto de 1978, ano V, n° 53), Emmanuel, através de Chico Xavier, responde às seguintes perguntas:

F.W. A ação negativa do cigarro sobre o perispírito do fumante prossegue após a morte do corpo físico? Até quando?
Emmanuel: O problema da dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos nos tecidos sutis do corpo espiritual ceda lugar à normalidade do envoltório perispiritual, o que, na maioria das vezes, tem a duração do tempo em que o hábito perdurou na existência física do fumante. Quando a vontade do interessado não está suficientemente desenvolvida para arredar de si o costume inconveniente, o tratamento dele, no Mundo Espiritual, ainda exige quotas diárias de sucedâneos dos cigarros comuns, com ingredientes análogos aos dos cigarros terrestres, cuja administração ao paciente diminui gradativamente, até que ele consiga viver sem qualquer dependência do fumo.

F.W. Como descreveria a ação dos componentes do cigarro no perispírito de quem fuma?
Emmanuel: As sensações do fumante inveterado, no Mais Além, são naturalmente as da angustiosa sede de recursos tóxicos a que se habituou no Plano Físico, de tal modo obcecante que as melhores lições e surpresas da Vida Maior lhe passam quase que inteiramente despercebidas, até que se lhe normalizem as percepções. O assunto, no entanto, com relação à saúde corpórea, deveria ser estudado na Terra mais atentamente, já que a resistência orgânica decresce consideravelmente com o hábito de fumar, favorecendo a instalação de moléstias que poderiam ser claramente evitáveis. A necropsia do corpo cadaverizado de um fumante em confronto com o de uma pessoa sem esse hábito estabelece clara diferença.

E - DEIXAR DE FUMAR: UM TRABALHO DE REFORMA INTIMA

O esclarecimento trazido pelo Espiritismo vem aduzir maior número de razões, e com maior profundidade, àqueles defendidos pela Medicina e Saúde Pública. Dentro de um propósito transformista, que a vivência doutrinária nos evidencia, é indispensável abandonar o fumo, principalmente os que se dedicam aos trabalhos de assistência espiritual, que veiculam energias vitalizantes, transmitidas nos serviços de passes.

O zelo e o respeito ao organismo, que nos é legado na presente existência, devem nos levar a compreender que não temos o direito de comprometê-lo com a carga de toxinas que o fumo acrescenta, alertando-nos com relação a esse problema. A necessidade de cada vez mais nos capacitarmos espiritualmente não pode dispensar a libertação de vícios, dentre eles o fumo. Encontramos inúmeras razões que justificam o deixar de fumar e não conseguimos enumerar uma apenas que, objetivamente, justifique o vício.

F - A VONTADE É A FERRAMENTA FUNDAMENTAL

Há vários métodos que ensinam como deixar de fumar, porém todos partem de um pressuposto: Vontade.
A vontade pode ser fraca ou forte, e ela diz muito do propósito e da capacidade de decisão que imprimimos à nossa vida. A vontade, como vimos, pode ser fortalecida por afirmações repetidas por nós mesmos, como forças desencadeadoras de nossas potencialidades psíquicas, pensando e até dizendo: "eu quero deixar de fumar", "eu não tenho necessidade do fumo", "eu vou deixar de fumar". Assim, vamos fortalecendo a vontade e, ao largarmos o cigarro, devemos fazê-lo de uma só vez, pois não é aconselhável deixar aos poucos. O acompanhamento médico, porém, é recomendado em qualquer caso.

Resistir de todos os modos aos impulsos que naturalmente vão surgir: dessa forma, no decorrer dos dias, a autoconfiança aumenta. Com isso desenvolvemos um treinamento de grande valor com relação ao domínio e ao controle da vontade, conduzindo-a em direção ao aperfeiçoamento interior, trabalho esse do qual sempre nos afastamos, levados por envolvimentos de toda sorte. Nada se conquista sem trabalho. E, vencendo o fumo, capacitamo-nos a superar outros condicionamentos que nos prejudicam igualmente na caminhada ev

COMPANHEIRISMO, RENÚNCIA:


"Quem quer que seja depositário da autoridade, seja qual for a sua extensão, desde o senhor sobre o seu servo até o soberano sobre o seu povo, não pode negar que tem o encargo de almas e responderá pela boa ou má direção que tenha dado aos seus subordinados, e as faltas que estes puderem cometer, os vícios a que forem arrastados em consequência dessa orientação ou dos maus exemplos recebidos recairão sobre ele. Da mesma maneira, colherá os frutos de sua solicitude, por conduzi-los ao bem. Todo homem tem, sobre a terra, uma pequena ou uma grande missão. Qualquer que ela seja, sempre lhe é dada para o bem. Desviá-la, pois, do seu sentido, é fracassar no seu cumprimento."

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. Sede Perfeitos, Superiores e Subalternos - François Nicolas Madeleine).

A - COMPANHEIRISMO

O espírito de competição reinante entre grupos e pessoas tem gerado desentendimentos, incompatibilidades, desuniões.

As divergências de opiniões no tocante à Doutrina Espírita, "a maioria das vezes, versam apenas sobre acessórios, não raro mesmo sobre simples palavras. Fora, portanto, pueril constituir bando à parte por não pensarem todos do mesmo modo". (Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Capítulo XXIX. Das Reuniões e das Sociedades Espíritas. Rivalidades entre as Sociedades.)

"Os que pretendem estar exclusivamente com a verdade, terão que o provar, tomando por divisa Amor e Caridade, que é a de todo verdadeiro espírita. Quererão prevalecer-se da superioridade dos Espíritos que os assistem? Provem-no, pela superioridade dos ensinos que recebam e pela aplicação que façam deles a si mesmos. Esse é o critério infalível para se distinguir os que estejam no melhor caminho."

Queremos nos referir em particular ao espírito de companheirismo a prevalecer entre os irmãos de ideal espírita, imbuídos todos no aperfeiçoamento próprio e coletivo.

"Se o Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, só poderá fazê-lo melhorando as massas, o que se verificará geralmente, pouco a pouco, em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos."

"Convidamos, pois, todas as sociedades espíritas a colaborar nessa grande obra. Que de um extremo a outro do mundo elas se estendam fraternalmente as mãos, e eis que terão colhido o mal em indeslindáveis malhas."

O que precisamos, estimados confrades, é desenvolver o companheirismo, combatendo o personalismo por todos os meios, para não desviarmos a nossa missão de produzir e propagar o bem que a Doutrina nos ensina.

Citemos, então, ao menos algumas oportunidades que, no nosso entender, possam nos fazer melhores companheiros:

a) Renunciando às nossas posições rígidas tomadas na direção ou na liderança de agrupamentos sociais ou religiosos, quando comprometam a união de esforços no trabalho evangélico;

b) Considerando em igualdade de condições os pontos de vista dos demais integrantes, mesmo que exerçamos o predomínio das idéias no grupo de serviços cristãos;

c) Criando atmosfera impessoal e unindo colaboradores nas tarefas comuns, desenvolvidas na seara do Cristo;

d) Aceitando as idéias ou pareceres dos outros, que mais convenham em resultados produtivos, mesmo que contrários aos nossos;

e) Emprestando a mesma parcela de trabalho em grupo, independentemente da posição de dirigido ou dirigente;

f) Superando os melindres próprios, quando esquecidos em alguma referência ou convite cerimonial;

g) Omitindo-nos sempre que possível nas ocasiões de destaque para fazer sobressair o trabalho de equipe;

h) Evitando a crítica desdenhosa, a colaboradores ou a grupos, por tarefas não cumpridas;

i) Prestigiando as boas iniciativas com nosso estímulo e apoio no âmbito das atividades beneméritas;

j) Esquecendo experiências desagradáveis já passadas, envolvendo irmãos de ideal;
l) Ouvindo críticas pessoais feitas a nós sem irritação, tirando delas o melhor proveito nas correções que sempre precisamos fazer;

m) Silenciando o verbo ou a escrita na abertura ao público de aspectos desabonáveis, a pessoas ou a instituições co-irmãs, mesmo em defesa da pureza dos postulados que abraçamos.


B - RENÚNCIA
"Vosso apego aos bens terrenos é um dos maiores entraves ao vosso aprimoramento moral e espiritual. Com o apego à matéria aniquilais as vossas faculdades efetivas, voltando-as inteiramente para as coisas do mundo. Sede sinceros: a fortuna proporciona uma felicidade sem máculas? Quando os vossos cofres estão abarrotados, não há sempre um vazio em vossos corações? No fundo dessa cesta de flores, não há sempre um réptil oculto?"
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVI. Não se pode Servir a Deus e a Mamom. Item 14. Desprendimento dos Bens Terrenos — Lacordaire.)

"O esquecimento completo e absoluto das ofensas é inerente às grandes almas, e o rancor é sempre um indício de sentimentos menos edificantes e de pouca evolução espiritual. Não deveis esquecer que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais nos atos do que nas palavras."
Capítulo X. Bem-aventurados os Misericordiosos. Item 15. Perdão das Ofensas —Paulo, Apóstolo.)

Como nos manter razoavelmente equilibrados, sobrevivendo hoje com as onerosas despesas sem nos atormentar?

Será possível conciliarmos a preocupação pelo ganho financeiro e o desprendimento dos bens terrenos?

Como vivermos nessa época de lutas pelos valores monetários, renunciando a eles?

Como esquecer os prejuízos que nos causam economicamente, sem contrair desgostos e rancores pelo infrator?

A perícia está em administrar adequadamente os bens e valores, como usufrutuários e depositários, sem deles fazermos exclusivo uso para o nosso prazer, poupando-nos os excessos, distribuindo-os em oportunidades de trabalho, empregando-os para matar a fome, diminuir o frio e proporcionar abrigo a quem esteja na miséria.

O maior engano é fazer das ambições e desejos de possuir móveis, imóveis, veículos, aparelhos domésticos, vestuário e utensílios os principais objetivos do nosso salário, a eles nos condicionando com avidez e desassossego.

Renunciar é principalmente não viver preso à posse de valores monetários. Mas é também estar liberto da importância dada aos valores profissionais, intelectuais, sociais ou políticos.

Em poucas palavras: ninguém precisa ser rico ou socialmente evidenciado para ser respeitado, admirado ou amado. Vejamos o exemplo de Chico Xavier, cuja admiração e respeito do público está no bem que ele realiza.

Vejamos como aplicar a renúncia em algumas das inúmeras ocasiões:

a) Avaliando os principais motivos que nos têm até hoje impulsionado ao trabalho desenfreado, aprimorando daí os nossos propósitos de ganho;

b) Pesando tranquilamente o que possuímos em bens e valores monetários para responder honestamente se os estamos empregando para gerar benefícios ao próximo;

c) Examinando acertadamente de quais necessidades supérfluas precisamos nos libertar;

d) Observando com profundidade se alimentamos quaisquer desejos de proeminência profissional, intelectual, social ou política;

e) Dedicando uma parcela do nosso tempo em algum serviço não-remunerado ao próximo;

f) Atenuando e relegando certas dívidas por empréstimos feitos a nós, que porventura estejam nos aborrecendo;

g) Oferecendo utensílios, objetos e roupas que possuímos em proveito de outros;

h) Inclinando nossos ideais de vida no próprio aprimoramento moral e espiritual de forma mais objetiva.

"Aprendei a contentar-vos com o pouco. Se sois pobres, não invejeis os ricos, porque a fortuna não é necessariamente a felicidade. Se sois ricos, não esqueçais de que esses bens vos foram confiados, e que deveis justificar o seu emprego, como numa prestação de contas de tutela. Não sejais depositários infiéis, fazendo-os servir à satisfação do vosso orgulho e da vossa sensualidade. Não vos julgueis no direito de dispor deles unicamente para vós, pois não os recebestes como doação, mas como empréstimo." (Capítulo XVI. Não se pode Servir a Deus e a Mamom. Item 14. Desprendimento dos Bens Terrenos — Lacordaire.)

Ney P. Peres

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

TÉDIO NO LAR




Uma vez que os Espíritos simpáticos são induzidos a unir se, como é que, entre os encarnados, frequentemente só de um lado há afeição e que o mais sincero amor se vê acolhido com indiferença e, até, com repulsão?
Como é, além disso, que a mais viva afeição de dois seres pode mudar se em antipatia e mesmo em ódio?
Não compreendes então que isso constitui uma punição, se bem que passageira?
Depois, quantos não são os que acreditam amar perdidamente, porque apenas julgam pelas aparências, e que, obrigados a viver com as pessoas amadas, não tardam a reconhecer que só experimentaram um encantamento material.
Não basta uma pessoa estar enamorada de outra que lhe agrada e em quem supõe belas qualidades. Vivendo realmente com ela é que poderá apreciála.
Tanto assim que, em muitas uniões, que a princípio parecem destinadas a nunca ser simpáticas,
acabam os que as constituíram, depois de se haverem estudado bem e de bem se
conhecerem, por votar se, reciprocamente, duradouro e terno amor, porque assente
na estima! Cumpre não se esqueça de que é o Espírito quem ama e não o corpo, de sorte que, dissipada a ilusão material, o Espírito vê a realidade. “Duas espécies há de
afeição: a do corpo e a da alma, acontecendo com frequência tomar se uma pela
outra. Quando pura e simpática, a afeição da alma é duradoura; efêmera a do corpo.
Daí vem que, muitas vezes, os que julgavam amar se com eterno amor passam a odiar se, desde que a ilusão se desfaça”.
Seja qual seja o motivo em que o tédio se fundamente, recorram os companheiros imanizados em mútua associação no lar ao apoio recíproco mais profundo e mais intensivo. Com isso, estarão em justa defesa da harmonia íntima, sem castigarem o próprio corpo. E reeducarseão, sem hostilizar os que, porventura,
lhes demonstrem afeto, mas acolhendo os, não mais na condição de cúmplices das aventuras deprimentes, a que se renderam outrora, e sim por irmãos queridos, com quem podemos fundir nos, em espírito, no mais alto amor espiritual.

Livro: Vida e Sexo
Chico Xavier/Emmanuel

A ESCOLA DAS ALMAS

Neio Lúcio

Congregados, em torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos.
Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou, inquieta: — Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar? Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou: — Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos.
No começo é a promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores...
Reparando que a senhora galiléia se sensibilizara até às lágrimas, deu-se pressa Jesus em responder: — O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da Humanidade.
E, sorrindo, perguntou: — Que fazes inicialmente às lentilha, antes de servi-las à refeição? A interpelada respondeu, titubeante: — Naturalmente, Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para que se façam suficientemente cozidas.
Depois, devo temperá-las, tornando-as agradáveis ao sabor.
— Pretenderias, também, porventura, servir pão cru à mesa? — De modo algum — tornou a velha humilde —; antes de entregá-lo ao consumo caseiro, compete-me guardá-lo ao calor do forno.
Sem essa medida...
O Divino Amigo então considerou: — Há também um banquete festivo, na vida celestial, onde nossos sentimentos devem servir à glória do Pai.
O lar, na maioria das vezes, é o cadinho santo ou o forno preparador.
O que nos parece aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual.
O coração acordado para a Vontade do Senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque, somente aí, de encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições.
Nunca notou a rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva.
Pela manhã emite perfume, à noite, desaparece...
O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna.
Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.
A sogra de Simão escutou, atenciosa, e ponderou: — Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem; no entanto, jamais aprendem.
O Cristo pousou na interlocultora os olhos muito lúcidos e tornou a indagar: — Que fazes das lentilhas endurecidas que não cedem à ação do fogo? — Ah! sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do comensal descuidado e confiante.
— Ocorre o mesmo — terminou o Mestre — com a alma rebelde às sugestões edificantes do lar.
A luta comum mantém a fervura benéfica; todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros de Nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da Natureza.
Do Livro Jesus no Lar  - Francisco C. Xavier

O tema Família e Educação deveria ser encarada pela humanidade como essencial, Emmanuel através de Chico toca nos o quanto os Pais têm que buscar na responsabilidade cabida o autoconhecimento para que assim possam colaborar na orientação dos filhos na faixa do Evangelho.



AMBIENTE DOMÉSTICO
Freqüentemente, o Espírito renasce no mesmo meio em que já viveu, estabelecendo de novo relações com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes haja feito. Se reconhecesse nelas os a quem odiara, quiçá o ódio lhe despertaria outra vez no íntimo. De todo modo, ele sentiria humilhado em presença daquelas a quem houvesse ofendido.
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. V, Item 11
Na comunhão de dois seres para a organização da família, prevalece o compromisso de assistência não só de um para com o outro, mas também para com os filhos que procedem do laço afetivo. Não possuímos ainda na Terra institutos destinados à preparação da paternidade e da maternidade responsáveis. A evolução e o aprimoramento das ciências psicológicas de hoje, porém, garantirnos ão no futuro
semelhante evento.
Identifiquemos no lar a escola viva da alma. O Espírito, quando retorna ao Plano Físico, vê nos pais as primeiras imagens de Deus e da Vida. Na tépida estrutura do ninho doméstico, germinam lhe no ser os primeiros pensamentos e as primeiras esperanças.
Não lhe será, contudo, tão fácil seguir adiante com os ideais da meninice, de vez que, habitualmente, a equipe familiar se aglutina segundo os desastres sentimentais das existências passadas, debitando se lhe aos
componentes os distúrbios da afeição possessiva, a se traduzirem por ternura descontrolada e ódio manifesto ou simpatia e aversão simultâneas.
Pais imaturos, do ponto de vista espiritual, comumente se infantilizam, no tempo exato do trabalho
mais grave que lhes compete, no setor educativo, e, ao invés de guiarem os pequeninos com segurança para o êxito em seu novo desenvolvimento no estágio da reencarnação, embaraçam lhes os problemas, ora tratando as crianças como se fossem adultos ou tratando os filhos adultos como se fossem crianças.
Estabelecido o desequilíbrio, irrompem os conflitos de ciúme e rebeldia, narcisismo e crueldade, que asfixiam as plantas da compreensão e da alegria na gleba caseira, transformando em espinheiral magnético de vibrações contraditórias, no qual os enigmas emocionais, trazidos do pretérito, adquirem feição quase insolúvel.
Decorre daí a importância dos conhecimentos alusivos à reencarnação, nas bases da família, com pleno exercício da lei do amor nos recessos
do lar, para que o lar não se converta, de bendita escola que é, em pouso neurótico, albergando moléstias mentais dificilmente reversíveis.

Retirado do Livro Vida e Sexo
Chico Xavier/Emmanuel