Aspectos anticristãos
do problema da pena de morte
– Uma lição do pastor Stanley Jones – Elisabeth de França
e sua comunicação sobre o problema dos criminosos.
– Uma lição do pastor Stanley Jones – Elisabeth de França
e sua comunicação sobre o problema dos criminosos.
As discussões sobre a pena de morte revelam a falta de
compreensão cristã dos problemas humanos em nosso tempo. E essa falta é tanto
mais alarmante quando vemos representantes de igrejas cristãs e de correntes
espiritualistas defenderem e postularem, de público, a instituição da pena
capital em nosso país. Por mais que se alegue a defesa da sociedade, da ordem,
da segurança das famílias, a verdade é que o Cristianismo, quer pelo ensino, ou
pelo exemplo do Cristo, não autoriza a adoção dessa medida brutal e violenta.
E, caso a autorizasse, estaria em contradição consigo mesmo.
O Espiritismo, na sua feição de restabelecimento da pureza
inicial dos princípios cristãos, não admite a pena de morte. Por essa atitude
clara, definida, além de se manter coerente com a essência dos ensinos de
Jesus, mantém-se, também, fiel a si mesmo no plano filosófico. Porque a verdade
é a seguinte: quer se encare o Espiritismo no seu aspecto religioso, ou no seu
aspecto filosófico ou, ainda, no científico, a doutrina se apresenta coerente,
una, homogênea, baseada sempre nos sólidos alicerces dos princípios cristãos.
Admitir a pena de morte é negar a capacidade de recuperação e
regeneração da criatura humana. Negar essa capacidade é admitir a falência da
ação de Deus no mundo, é admitir a contradição e o absurdo no processo da vida.
Para o espírita seria, ainda, negar a eficiência da lei de evolução.
Entretanto, a história do mundo nos mostra que os erros humanos são corrigíveis
e que os maiores criminosos são suscetíveis de regeneração. Aqui mesmo, em
nosso país, não temos o exemplo de grandes cangaceiros que se transformaram em
homens de bem?
Alguns espíritas, levados pelo horror de certos crimes, e sobretudo
influenciados pela falsa argumentação dos defensores da pena de morte, chegam
às vezes a admiti-lo. Se pensassem, porém, nos princípios fundamentais da
doutrina, jamais a admitiriam. Se aceitamos que os espíritos foram criados por
Deus para a perfeição, e que esta se realiza através das vicissitudes e experiências
da alma, como podemos aceitar a idéia de interromper a vida de uma criatura, em
nome dos interesses da sociedade? E o que é a sociedade, senão o meio formado
por essas próprias experiências, o meio em que essas experiências se
desenvolvem, propiciando a uns o esclarecimento e mantendo outros nas trevas da
ignorância e da crueldade?
Um grande pastor protestante, Stanley Jones, ensina que devemos
ver em cada criatura humana um ser pelo qual o Cristo deu a vida. Essa é uma
lição realmente cristã. Se meditarmos nela, veremos o absurdo dos que pretendem
tirar a vida a um criminoso, pelo qual o Cristo morreu. Mas, na pena de morte não
há somente o absurdo da violência social contra o criminoso, filho e produto da
própria sociedade. Há também o absurdo da oficialização do homicídio, que passa
a ser uma instituição, produzindo no país uma nova e horripilante classe
social: a dos funcionários do crime. Esses funcionários, como acentuou Victor
Hugo, seriam os assassinos oficiais, punindo friamente, com a morte
burocrática, os infelizes que, no desespero de suas paixões ou no desequilíbrio
profundo de sua crueldade mórbida, praticarem crimes.
Kardec incluiu, em O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, uma comunicação mediúnica de
Elizabeth de França, que termina com estas belas palavras, ao tratar do
criminoso: “O arrependimento pode comover seu coração, se pedirdes com fé. É
vosso próximo, como o melhor entre os homens. Sua alma, transviada e rebelde,
foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar. Ajudai-o, pois, a sair do
lodaçal, e rogai por ele”. Como vemos, a lei do amor transparece em cada uma
destas palavras, acordando-nos para o verdadeiro sentido das responsabilidades
sociais em face dos criminosos.
O Mistério do Bem e do Mal
Herculano Pires
O Mistério do Bem e do Mal
Herculano Pires