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terça-feira, 31 de julho de 2012

Considerando a Obsessão



Com etiologia muito complexa, a alienação por obsessão continua sendo um dos mais terríveis flagícios para a Humanidade.

Não significando a morte o fim da vida, antes o inicio de nova expressão de comportamento, em que o ser eterno retorna ao Mundo Espiritual donde veio, a desencarnação liberta a consciência que jazia agrilhoada aos liames carnais, ora desarticulando, ora ampliando as percepções que melhor se fixaram nos painéis da mente, fazendo que o ser, agora livre do corpo físico, se revincule ou não aos sítios, pessoas ou aspirações que sustentou durante a vilegiatura carnal.

O amor, por constituir alta aspiração do Espírito, mantém-no em comunhão com os objetivos superiores que lhe representam sustento e estímulo, na marcha do progresso. Assim, também, o ódio e todo o seu séqüito de paixões decorrentes do egoísmo e do orgulho, reatam os que romperam os grilhões da carne àqueles que foram motivo das suas aflições e angústias, especialmente se se permitiram guardar as idéias e reações negativas equivalentes.

Sutilmente a princípio, em delicado processo de hipnose, a idéia obsidente penetra a mente do futuro hóspede que, desguardado das reservas morais necessárias à manutenção de superior padrão vibratório, começa a dar guarida ao pensamento infeliz, incorporando-o às próprias concepções e traumas que vêm do passado, através de cujo comportamento cede lugar à manifestação ingrata e dominadora da alienação obsessiva.

Vezes outras, através do processo da agressividade violenta, com que a indução obsessiva desorganiza os registros mentais da alma encarnada, produz-se o doloroso e lamentável domínio que se trans­forma em subjugação de longo curso.

Noutras oportunidades, inspirando sentimentos nefastos, latentes ou não no paciente desavisado, os desencarnados em desdita nele instalam o seu baixo teor vibratório, logrando produzir variadas distonias psíquicas e emocionais, que o atormentam e desgovernam, graças à inditosa dependência em que passa a exaurir-se, a expensas da vontade escravizante do hóspede que o encarcera e aflige...

Pululam por toda parte os vinculados gravemente às Entidades perturbadoras do Mundo Espiritual inferior.

Obsidiados, desse modo, sim, somos quase todos nós, em demorado trânsito pelas faixas das fixações tormentosas do passado, donde vimos para as sintonias superiores que buscamos.

Muito maior, portanto, do que se supõe, é o número dos que padecem de obsessões, na Terra.

Lamentavelmente, esse grande flagelo espiritual que se abate sobre os homens, e não apenas sobre eles, já que existem problemas obsessivos de várias ex­pressões, como os de um encarnado sobre outro, de um desencarnado sobre outro, de um encarnado sobre um desencarnado e, genericamente, deste sobre aquele, não tem merecido dos cientistas nem dos religiosos o cuidado, o estudo, o tratamento que exige.

Antes, vinculados a preconceitos injustificáveis, os cientistas e religiosos se entregavam à indiferença, quando não à perseguição sistemática aos portadores de obsessões, acreditando que, ao destruírem as vítimas de tão grave enfermidade, aniquilavam a ignorada causa do problema...

Aliás, ainda hoje, a situação. é idêntica, variando, apenas, na forma de encarar a questão.

Mesmo as modernas Ciências, que se preocupam em conhecer profundamente a psique humana, colocam, a priori, os problemas obsessivos à margem, situando-os em posições muito simplistas, já que os seus pesquisadores se encontram atados a raciocínios e conclusões de fisiologistas e psicólogos do século passado, que se diziam livres de qualquer vinculação com a alma...

Repontam, é verdade, aqui e ali, esforços individuais, tentando formular respostas claras e objetivas às tormentosas interrogações da afligente quão severa problemática, logrando admitir a possibilidade da interferência da mente desencarnada sobre o deambulante do escafandro orgânico.

Terapêutica salutar, porém, para a magna questão, é a Doutrina Espírita. Não apenas como profilaxia, mas, ainda, como terapêutica eficiente, por assentar as suas lições e postulados nos sublimes ensinamentos de Jesus-Cristo, com toda a justiça cognominado “O Senhor dos Espíritos”, graças à sua ascendência, várias vezes demonstrada, ante as Entidades ignorantes, per­turbadoras e obsessoras.

A Allan Kardec, o ínclito Codificador do Espiritismo, coube a tarefa de aprofundar sondas e bisturis no organismo e na etiologia das alienações por obsessão, projetando luz, meridiana sobre a intricada enfermidade da alma. Kardec não somente estudou a problemática obsessiva, como também ofereceu medidas profiláticas e terapêutica salutar, firmado na informação dos Espíritos Superiores, na vivência com os obsidiados, como pela observação profunda e meticulosa com que elaborou verdadeiros tratados de Higiene Mental, que são as obras do Penteu'>ateuco Espírita, esse incomparável monólito de luz, que inaugurou era nova para a Ciência, para a Filosofia, tornando-se o Espiritismo a Religião do homem integral, da criatura ansiosa por religação com o seu Criador.

Diante de qualquer expressão em que se apresentem as alienações por obsessão ou em que se manifestem suas seqüelas, mergulhemos a mente e o coração no organismo da Doutrina Espírita, e, procurando auxiliar o paciente encarnado a desfazer-se do jugo constrangedor, não olvidemos o paciente desencarna­do, igualmente infeliz, momentaneamente transformado em perseguidor ignorante, embora se dizendo cons­ciente, mas sofrendo, de alguma forma, pungentes dores morais.

Concitemos o encarnado à reformulação de idéias e hábitos, à oração e ao serviço, porquanto, através do exercício da caridade, conseguirá, sensibilizar o temporário algoz, que o libertará, ou granjeará títulos de enobrecimento, armando-se de amor e equilíbrio para prosseguir em paz, jornada a fora.

... E em qualquer circunstância procuremos em Jesus, Mestre e Guia de todos nós, o amparo e a proteção, entregando-nos a Ele através da prece e da ação edificante, porque somente por meio do amor o homem será salvo, já que o amor é a alma da caridade.

Obsessões e obsidiados são as grandes chagas morais dos tumultuados dias da atualidade. Todavia, a Doutrina Espírita, trazendo de volta a mensagem do Senhor, em espírito e verdade, é o portal de luz por onde todos transitaremos no rumo da felicidade real que nos aguarda, quando desejemos alcançá-la.

Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco

Coisas Terríveis e Ingênuas Figuram nos Livros Bíblicos

Coisas Terríveis e Ingênuas Figuram nos Livros Bíblicos

A palavra de Deus não está na Bíblia, mas na natureza, traduzida em suas leis.

A Bíblia é simplesmente uma coletânea de livros hebraicos, que nos dão um panorama histórico do judaísmo primitivo.

Os cinco livros iniciais da Bíblia, que constituem o Pentateuco mosaico, referem-se à formação e organização do povo judeu, após a libertação do Egito e a conquista de Canaã.

Atribuídos a Moisés, esses livros não foram escritos por ele, pois relatam, inclusive, a sua própria morte.

As pesquisas históricas revelam que os livros da Bíblia têm origem na literatura oral do povo judeu.

Só depois do exílio na Babilônia foi que Esdras conseguiu reunir e compilar os livros orais (guardados na memória) e proclamá-los em praça pública como a lei do judaísmo, ditada por Deus.

Os relatos históricos da Bíblia são ao mesmo tempo ingênuos e terríveis.

Leia o estudante, por exemplo, o Deuteronômio, especialmente os capítulos 23 e 28 desse livro, e veja se Deus podia ditar aquelas regras de higiene simplória, aquelas impiedosas leis de guerra total, aquelas maldições horríveis contra os que não crêem na “sua palavra”.

Essas maldições, até hoje, apavoram as criaturas simples que têm medo de duvidar da Bíblia.

Muitos espertalhões se servem disso e do prestígio da Bíblia como “palavra de Deus”, para arregimentar e tosquiar gostosamente vastos rebanhos.

As leis morais da Bíblia podem ser resumidas nos Dez Mandamentos.

Mas esses mandamentos nada têm de transcendentes.

São regras normais de vida para um povo de pastores e agricultores, com pormenores que fazem rir o homem de hoje.

Por isso, os mandamentos são hoje apresentados em resumo.

O Espírito que ditou essas leis a Moisés, no Sinai, era o guia espiritual da família de Abrão, Isaac e Jacob, mais tarde transformado no Deus de Israel.

Desempenhando uma elevada missão, esse Espírito preparava o povo judeu para o monoteísmo, a crença num só Deus, pois os eus'>deuses da antiguidade eram muitos.

O Espiritismo reconhece a ação de Deus na Bíblia, mas não pode admiti-la como a “palavra de Deus”.

Na verdade, como ensinou o apóstolo Paulo, foram os mensageiros de Deus, os Espíritos, que guiaram o povo de Israel, através dos médiuns, então chamados profetas.

O próprio Moisés era um médium, em constante ligação com Iavé ou Jeová, o eus'>deus bíblico, violento e irascível, tão diferente do eus'>deus-pai do Evangelho.

Devemos respeitar a Bíblia no seu exato valor, mas nunca fazer dela um mito, um novo bezerro de ouro.

Deus não ditou nem dita livros aos homens.

Herculano Pires

Porque o Espiritismo é a Terceira Revelação?



“Por que o espiritismo se apresenta com Terceira Revelação, se sabemos que houve muito mais do que três revelações no mundo? Kardec não sabia disso?”

“Kardec sabia. Sabia perfeitamente. Mas acontece o seguinte. As numerosas revelações que houve no mundo, desde a época primitiva, revelações entre os povos primitivos, podemos classificar como as revelações entre os homens da caverna, porque sabemos que os mesmos, como crianças que se iniciavam na vida, tiveram os seus preceptores, aqueles Espíritos superiores que cuidaram deles e os orientaram.

Todas essas revelações têm um sentido preparatório, no tocante a uma revelação de importância fundamental para o desenvolvimento da civilização, que foi a revelação Mosaica, que, como sabemos, deu origem à Bíblia. A Bíblia dos judeus, que é também a Bíblia dos cristãos. Porque o Cristianismo é uma reforma do judaísmo, feita por Jesus, que era judeu. Essa revelação é de importância fundamental, porque estabelecia uma modificação muito profunda nos conceitos sobre Deus e o homem, sobre a vida na Terra e o destino do próprio homem.

Deus Faz a História
A respeito de Deus, podemos acentuar um ponto capital, que é o seguinte; enquanto as revelações, ocorridas nas diversas partes do mundo, nos davam uma idéia de Deus como distanciado do homem, alguém que houvesse, por assim dizer, criado o mundo e depois pouco se tivesse importado com ele, a revelação judaica nos mostra um Deus providencial. É aquilo que estudam os filósofos e se cama providencialismo.

O providencialismo judeu modificou por completo o conceito de Deus. Deus não está ausente do mundo; Deus está presente; Deus faz a História. Ora, Deus, em fazendo a História, a sua participação no mundo dos homens é permanente, é constante. Esta primeira modificação é de uma importância decisiva. É para o homem uma concepção de Deus mais consentânea com a realidade daquilo que nós chamamos, hoje, a estrutura unitária do Universo.

Além disso, a revelação Mosaica nos deu uma idéia de que Deus havia criado o mundo, não se servindo de material já existente, mas produzindo, Ele mesmo, os materiais necessários. É o dogma'>dogma bíblico da criação, a partir do nada. Deus não criou o mundo do nada. O nada parece não ter condições para dar elemento algum a Deus, para que Ele pudesse criar o mundo. O nada bíblico, como nós o entendemos, na sua significação mais profunda, é como o Nirvana, de Buda, que parece ser o nada, a negação de tudo o que existe. Um nada apenas simbólico; um nada relativo; um nada em relação ao tudo o que consideramos na Terra.

Herculano Pires.

O Mistério do Bem e do Mal


“Por que razão devemos pagar o mal com o bem e amar os nossos inimigos? O certo não é o contrário, pagar o mal com o mal e odiar os inimigos? O sujeito que me der uma bofetada leva um tiro que o manda para o inferno. Foi sempre assim que se fez. O mundo é isso. E é por isso que não entendo as religiões, não entendo o Espiritismo. Se eu ficar espírita tenho de deixar de ser homem. Vou ser maricas, bonzinho ou idiota!”

Depois disso, o leitor acrescenta: “Quer me dizer o que é o bem e o que é o mal? Que mistério é esse? Levar uma bofetada é um bem? Matar um bandido é um mal? Quero ver como vocês, espíritas, se saem dessa”.

Nosso espaço é pouco para responder a tudo. Mas, vamos fazer o possível. Mesmo porque não adianta escrever muito. O próprio leitor informa: “Não sou de muito ler e de muito pensar. Sou homem de atividade”.

Vamos por ordem:

1- Os bichos se mordem e se estraçalham. O fraco foge do forte. Mas, o homem não é bicho, é homem. Tem inteligência, consciência, linguagem, sabe falar. Os homens se entendem. Devemos pagar o mal com o bem porque precisamos do bem para viver. O mal aumenta o mal e transforma os homens em bichos. A lei do “olho por olho e dente por dente” pertence às épocas de barbárie. Só o amor produz a civilização, humanizando os costumes e desenvolvendo a solidariedade.

2- Se o leitor ficar espírita, deixará no passado o bicho que existe em cada um de nós, para se tornar uma criatura humana. Aliás, toda religião e toda doutrina espiritualista, sejam quais forem, têm por finalidade de afastar o homem da condição animal, para humanizá-lo. Ser bom, não é ser idiota. Pelo contrário, a idiotice está precisamente em ser mau. Os maus se condenam a si mesmos e acendem um braseiro na consciência.

3- Levar uma bofetada pode ser um bem, quando serve para ensinar o bem, como no caso de Jesus. Matar um bandido é sempre um mal, pois ninguém precisa mais de viver do que um bandido. A vida é a grande educadora das almas. Matar um bandido é retirar a sua possibilidade de regenerar-se, de aprender a ser bom. Em todos os países civilizados o direito penal moderno é contrário à penas de morte. O bandido é um homem em que o animal predomina. Mas, é um homem, um filho de Deus, uma alma pela qual o Cristo se entregou ao suplício da cruz. O bandido é um nosso irmão em erro, que deve ser corrigido e não aniquilado.

4- Um homem de atividade, ou de ação, precisa de ler e pensar. A atividade sem pensamento é impossível. Primeiro pensamos, depois agimos. Os que dizem que preferem agir estão errados, pois na verdade estão agindo sem o necessário critério, que vem da reflexão. Por outro lado, a reflexão se apoia no conhecimento e, que não lê, conhece muito pouco. A boa leitura e o bom pensamento conduzem à ação reta, à atividade certa. Leia mais e pense, sempre, antes de agir.

Herculano Pires

A Escolha de Dirigentes Espíritas

A Escolha de Dirigentes Espíritas

Após socorrer-se da imagem do corpo humano como modelo integrado e funcional de uma instituição, Paulo propõe aos discípulos de Corinto a seguinte distribuição de tarefas:

* apóstolos,
* médiuns psicofônicos (profetas),
* expositores (mestres),
* médiuns de cura para doenças orgânicas (milagres),
* médiuns de cura para distúrbios mentais e emocionais (dom de cura),
* trabalhos de assistência social, *
* trabalhos administrativos,
* médiuns xenoglóssicos (dom de línguas).
* Destaca-se que a função, digamos, gerencial da instituição ficou posta em sétimo lugar, numa hierarquia de oito atividades específicas, nas quais avulta o exercício de bem definidas faculdades mediúnicas.

É claro o recado: Paulo deseja as tarefas administrativas reduzidas a um mínimo indispensável e que não se sobreponham às demais, que considera prioritárias, embora ele insista na importância de cada uma para o conjunto, cabendo aos apóstolos, como trabalhadores diretos da palavra do Cristo, a indiscutível liderança do grupo, sempre que presentes.
Lamentavelmente, contudo, os administradores das comunidades – núcleo central da futura classe sacerdotal – não se conformavam com esse posicionamento que, praticamente, nenhum poder lhes conferia, e trataram de manobrar para subverter a escala de valores do Apóstolo dos Gentios. Para encurtar uma longa história: decorrido não mais que um século, eles estavam no topo da estrutura, uma vez que os ocupantes iniciais dessa posição – os apóstolos – já haviam partido, e os médiuns haviam sido, pouco a pouco, silenciados.
Por outro lado, a partir de certo momento, a Igreja Primitiva optou pelo critério quantitativo, que produzia massas maiores de manobrar. Acontece que os núcleos de poder atraem precisamente aqueles que buscam o exercício do poder e não os que desejam contribuir com a sua modesta parcela de trabalho, mas não se sentem fascinados pelo mando. O resultado foi o que se viu e ainda se vê: uma instituição rigidamente hierarquizada, volumosa pirâmide de poder civil, econômico, social e político, na qual pouco espaço resta – se é que resta – para implementação do ideário do Cristo, que teria de ser, necessariamente, a prioridade absoluta do sistema.
Essas reflexões ocorrem a propósito de situações semelhantes ou muito parecidas, que estamos testemunhando no movimento espírita contemporâneo, com disputas entre os que desejam entrar e os que não querem sair, mesmo após 20 ou 30 anos de comando. Em alguns desses casos, segundo sabemos, a regra é uma espécie de vitalidade que vai aos extremos da intenção dinástica.
Esboçam-se, em tais casos, verdadeiras campanhas, segundo modelos político-partidários, nos quais figura, com destaque, intensa atividade promocional desta ou daquela chapa. Confesso, contudo, certo desconforto, quando percebo um açodamento maior e uma paixão mais intensa nas campanhas que se travam, às claras e nos bastidores, em torno de certos postos de comando administrativo. E, principalmente, de um travo meio estranho de azedume e hostilidade entre as diversas facções.
Se eu tivesse de votar, gostaria de conhecer, com antecedência, a verdadeira motivação dessas pessoas, o que de fato pretendem fazer uma vez assumidas as funções para as quais forem eventualmente escolhidas, e que tipo de contribuição se comprometem a dar, não apenas no trato da Doutrina. Isto se pode aferir com a possível aproximação, ainda que não com a precisão desejável, pelo que as pessoas empenhadas na disputa tenham dito, escrito ou realizado, no passado, e as posturas que hajam assumido como espíritas, dentro e fora do movimento. É claro que, uma vez que os eleitores as escolhem e elas assumem os cargos, é o consenso resultante de cada um que vai determinar os rumos da ação administrativa, mas não apenas isso, e, principalmente, de que maneira será tratada a Doutrina dos Espíritos, da qual o movimento é apenas o corpo físico?
Se me concedem, pois, o modesto direito de sugerir ou opinar sobre algo, deixem-me pedir aos companheiros que escolhem dirigentes no movimento espírita um momento de silêncio interior, de serena meditação, de lúcida avaliação, uma cuidadosa preparação, a fim de que possam exercer com plena consciência de suas responsabilidades o direito de decidir a quem serão entregues as tarefas administrativas e representativas do movimento espírita.
O voto de cada um pode acarretar inesperadas conseqüências, a curto, médio ou a longíssimo tempo, tanto na sustentação do Espiritismo enquanto Doutrina, que traz em si as matrizes ideológicas do futuro, como tentativa frustrada (mais uma!) de implementar um modelo racional e inteligente a promover as reformas éticas de que tanto necessita a civilização moderna.

Hermínio C. Miranda

Primícias do Reino

Primícias do Reino

O Evangelho - a nova ou a boa nova - é a mais expressiva história de uma vida, através de outras vidas, iluminando a vida de todos os homens. É a história de um Homem que se levanta na História e faz-se maior do que a História, dividindo-a com o Seu Nascimento, de modo a constituir-se o marco rutilante dos fastos do pensamento universal.

Esta, a mais significativa história jamais narrada, encontra-se, todavia, sintetizada em "O Novo Testamento", modesta Obra de pouco mais de trezentas e cinqüenta páginas. Grafada por duas testemunhas pessoais de todos os acontecimentos, Mateus e João, e confirmada pelos depoimentos de outras que conviveram com Ele, tais como Pedro, - que pede a Marcos escrevê-la para os romanos recém-convertidos - e Lucas, que a recolhe de Paulo, o chamado da estrada de Damasco, de Maria, Sua Mãe, de Joana de Cusa, de Maria de Magdala e de outros, escrevendo, para a grande massa dos gentios conversos. Outros depoimentos de conhecedores e participantes diretos reaparecem nas Epístolas para culminarem na visão do Apocalipse.

Ao todo, vinte e sete pequenos livros constituídos por duzentos capítulos e sete mil novecentos e cinqüenta e sete versículos, em linguagem simples: quatro narrativas evangélicas, um Atos dos Apóstolos (atribuído a Lucas), catorze epístolas de Paulo (1), uma de Tiago Menor, duas de Pedro, três de João, uma de Judas (Tadeu) e o Apocalipse de João.

Discutidas e examinadas séculos a fio foram, no entanto, fixadas pelo Concílio de Trento (1545-1553), que lhes reconheceu a autenticidade, após compulsados os documentos históricos, constituídos pelos fragmentos das primeiras cópias manipuladas pelos cristãos decididos dos dias seguintes aos discípulos que fundaram as Igrejas então florescentes. . .

Embora as pequenas variantes de narrativas - o que lhes dá o testemunho inconteste da opinião pessoal dos escritores - através dos quatro evangelistas, a história do Filho do Homem é uma só.

Mateus (Levi) escreveu-a para os israelitas que se cristianizaram, comparando a Boa Nova com os Textos Antigos e utilizando-se das figuras comuns ao pensamento hebreu. (2)

Marcos (também chamado João), filho de Maria, de Jerusalém, em cujo lar os cristãos se reuniam o onde o Apóstolo Pedro, libertado do presídio se acolheu, que conheceu de perto as lides apostólicas junto a Paulo e Barnabé, dos quais se afastou em Perge, na Panfília, retornando a Jerusalém, tendo sido convocado mais tarde pelo próprio Pedro, à sementeira em Roma, em cuja ocasião grafou a sua narrativa. (3)

Lucas, recém-convertido por Paulo, residiu em Cesaréia, no lar do diácono Filipe de quem, emocionado, ouviu os mesmos fatos contados por Tiago Menor. Erudito, nascido em Antioquia, de cultura helênica, é o narrador deslumbrado e comovido dos feitos e palavras de Jesus. É o mais lindo dos quatro Evangelhos, impregnado da mansuetude do Cordeiro. Escrevendo. Escrevendo ao "excelente Teófilo", é dedicado à grande grei dos gentios, arrebatada pelo verbo candente de Paulo, seu mestre (4). Prosseguirá escrevendo, mais tarde, os Atos dos Apóstolos com o seu inconfundível estilo.
João, o discípulo amado, místico por excelência, escreveu para os cristãos que já conheciam a Mensagem com segurança. Aprofundou a sonda reveladora e se adentrou no colóquio do Mestre com Nicodemos, sobre o novo renascimento, de cujo colóquio, possivelmente, participara como ouvinte. Começa o seu estudo com a transcendente questão do Verbo e o encerra no Apocalipse com a fulgurante visão medianímica de Jerusalém Libertada. O seu, é o Evangelho espiritual.

Escritos inicialmente na língua falada por Jesus, o arameu, excetuando-se provavelmente Lucas, logo foram traduzidos para o grego, corporificando o pensamento do Mestre, que se dilataria por toda a Terra . . .

A mais comovente história que já se escreveu.
O maior amor que o mundo conheceu.
O Exemplo mais fecundo que jamais existiu.
A vida de Jesus é o permanente apelo à mansidão, à dignidade, ao amor, à verdade.
Amá-lO é começar a vivê-lO.
Conhecê-lO é plasmá-lO na mente e no coração.
A vida que comporta a história de nossa vida - eis a Vida de Jesus!
A perene alegria, a boa mensagem de júbilo - eis o Evangelho!


(Notas da Autora espiritual). (1) A Epístola aos Hebreus, no Concílio de Trento, foi atribuída ao Apóstolo Pedro, enquanto o de Cartago a supunha de autor ignorado. Preferimos a primeira assertiva. (2) Papias (75-150) informava que Meu'>ateus apresenta no seu Evangelho "os ditos do Senhor". (3) Marcos, que servia de intérprete a São Pedro, registrou com exatidão ainda que não pela ordem, palavras e obras de Jesus. (4) Dante afirmava que Lucas "é o escriba da mansidão de Jesus".

Amélia Rodrigues/ Divaldo Franco

Pai, Perdoa-lhes



Quando o sangue do Redentor, exigido pelo interesse das classes parasitárias, borrifou a face de algozes postados ao pé da cruz, a alma do Eterno vibrou flamejante de cólera no seio do Infinito.
Então o Deus que expulsou Adão e Eva do Paraíso, privando-os das delícias do Éden por motivo de uma desobediência; o Deus que amaldiçoou o fratricida Caim, condenando-o à erraticidade;
0 Deus que mergulhou o mundo nas águas do dilúvio, exterminando a geração corrompida dos primeiros tempos;
O Deus que mandou fogo abrasador sobre Sodoma e Gomorra, para punir a licenciosidade dos seus habitantes; o Deus que sepultou na voragem o exército do Faraó, quando perseguia Israel foragido;
O Deus que arrasou os campos do Egito, enviando sete terríveis pragas para dobrar a cerviz daquela orgulhosa nação; o Deus que aniquilou as hordas dos filisteus, quando em luta com os filhos do povo eleito; o Deus que imprimiu direção à funda de David, abatendo o gigante Golias;
O Deus que milagrosamente injetou novos vigores nos músculos flácidos de Sansão, para abater o templo gentio sobre os idólatras ali reunidos; o Deus forte e zeloso, cognominado Senhor dos Exércitos, que punia os pecadores até à quinta geração com desusada severidade;
O Deus cuja voz remedava o soturno ribombo do trovão, e cuja presença era precedida de relâmpagos e coriscos que incendiaram as sarças do Sinai; o Deus onipotente, terrível em suas vinditas, ao ver o sangue do seu Unigênito, alçou a destra, e ia ordenar ao anjo do extermínio que extinguisse para sempre a Humanidade perversa e má, assassina de seu filho, quando o olhar sereno de Jesus a Ele se alçou, partindo ao mesmo tempo dos seus augustos lábios já lívidos e trêmulos pela aproximação da morte, a seguinte súplica: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."
O Pai quedou-se. A destra, então alçada, pendeu inerte; e, desde esse momento, a onipotência de Deus, que até ali se ostentara pela força, começou a manifestar-se pelo amor.

Vinícius.

A Letra que Mata

A Letra que Mata

"Para que sirvamos em novidade de Espírito e não na velhice da letra". (Romanos, 7:6)


Em sua famosa Epístola aos Romanos, afirmou Paulo de Tarso: "Morremos para aquilo em que estamos retidos", acrescentando logo a seguir: "Para que sirvamos em novidade de Espírito, e não na velhice da letra".

Esta afirmação do apóstolo equivale a esta outra, também exarada no livro dos Atos dos Apóstolos: "A letra mata e o Espírito vivifica", com a significação de que, tanto nos livros dos profetas como nos Evangelhos, devemos deixar de lado a interpretação segundo a letra, para nos atermos tão-somente ao significado segundo o espírito.

Ao contrário do que sucedeu com os apóstolos diretos de Jesus, Paulo de Tarso, assim que travou conhecimento com os ensinos da Boa Nova, deixou para trás todos os preconceitos e o apego às vãs tradições, para abraçar incondicionalmente os imorredouros preceitos legados por Jesus Cristo.

Enquanto alguns dos apóstolos praticavam o batismo de água, Paulo proclamava que "não veio para batizar mas sim para evangelizar". Enquanto os apóstolos, ainda apegados às tradições da circuncisão, alimentavam sentimentos favoráveis à continuidade dessa prática, ele combatia frontalmente tudo aquilo que viesse a favorecê-la, não hesitando mesmo em enfrentar o Apóstolo Pedro, na cidade de Antióquia, refutando os ensinamentos do velho apóstolo e dizendo que "eles eram preceitos de homens e não de Deus".

Na realidade, não se pode apegar ao formalismo das letras, mas é necessário extrair delas o Espírito que vivifica. É imperioso que assim suceda, pois, do contrário, cairemos nos mesmos erros dos nossos antepassados.

Quando Jesus Cristo afirmou: "eu e o Pai somos um", ele não pretendeu dizer que isso implicava numa aberrante trindade, onde ele, como filho, era parte integrante do Pai. O sentido de suas palavras foi de dizer que entre ele e o Pai existe perfeita identidade, tendo por isso se convertido num seu autêntico mensageiro na Terra. Ele executou a vontade do Pai, mas deixou bem claro a sua dependência dele, e mesmo a sua submissão. Para ilustração mencionemos apenas a sua oração no Horto das Oliveiras, quando disse: "Meu Pai, seja feita a tua vontade e não a minha".

Aqui também cabe um esclarecimento sobre as palavras que abrem o Evangelho de João: "Deus nunca foi visto por alguém. O Filho Unigênito que está no seu seio, esse o fez conhecer". (João, 1:18).

Ora, não se pode conceber a idéia de ser Jesus o Unigênito de Deus, uma vez que isso implicaria na crença de ser ele o Filho único, o único gerado por Deus.

O próprio Cristo desmente esse conceito quando, em Espírito, disse a Madalena, segundo o que está explícito no próprio Evangelho de João: "Não me detenhas porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus". (João, 20:17).

Neste último trecho evangélico ficou bem evidenciado que Deus é Pai de todos, que todos são seus filhos, desde os mais bondosos, que são denominados santos, até os mais maldosos, que são chamados demônios.

"Morremos para aquilo em que estamos retidos" significa dizer que, devido ao excessivo apego ao formalismo da letra, fica retida a evolução do Espírito vivificante, por isso é necessário morrer para aquilo que retém o nosso progresso espiritual, a fim de viver para as coisas novas e retumbantes, que na realidade alçam os nossos Espíritos para Deus, enquadrando-os na célebre sentença de Jesus Cristo: "Conheça a verdade e ela vos fará livres".

Pagar o Mal com o Bem

Pagar o Mal com o Bem

"Tendes ouvido o que foi dito: Amarás ao teu próximo e aborrecerás ao teu inimigo.
Mas eu vos digo: Amai os vossos inimigos, fazei bem ao que vos odeia,e orai pelos que
vos perseguem e caluniam para serdes filhos de vosso Pai que está nos Céus, o qual faz
nascer o seu sol para os bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos".
(Mateus, 5:43-45)

Amar os inimigos, eis um preceito exarado por Jesus Cristo, algo difícil de ser observado, principalmente no estágio evolutivo da Humanidade. Somente Espíritos e altamente evoluídos podem exercer essa faculdade. O exemplo maior nos foi propiciado pelo próprio Jesus, que pediu a Deus que perdoasse os seus algozes, aqueles que o perseguiam, que o condenaram, que o flagelaram e que o crucificaram. O Cristo perdoou os seus desafetos, porque os amava como irmãos.

No entanto, a palavra amar, no sentido empregado por Jesus, deve ser entendida em seu sentido amplo, pois é óbvio que não podemos dispensar a um nosso desafeto, o mesmo carinho, ternura e dedicação que dispensamos a um amigo.

A aproximação de um inimigo acarreta sensações diferentes daquelas que acontecem quando um amigo se aproxima de nós. Isso resulta de uma lei natural, a da repulsão e assimilação dos fluidos, pois o pensamento malévolo, de um modo geral, acarreta uma corrente fluídica que origina uma impressão abominável, enquanto que, por outro lado, o pensamento benévolo envolve-nos num pensamento sumamente agradável.

Amar o nosso inimigo poderá representar um contra-senso e parecer um verdadeiro paradoxo para muitos; entretanto, devemos ter em mente as palavras de Jesus, contidas em Mateus 5:25, advertindo-nos para que envidemos esforços no sentido de nos "reconciliarmos com os nossos adversários, enquanto estivermos com eles no caminho, para não acontecer que sejamos entregues aos juizes e estes nos mandem colocar na prisão". É óbvio que o sentido real dessas palavras do Mestre é de concitar-nos à reconciliação com o nosso inimigo enquanto estivermos vivendo com ele aqui na Terra.

Paulo Alves de Godoy

A Negação de Pedro

A Negação de Pedro

"E Pedro o seguia de longe, até o pátio do sumo sacerdote e, entrando, assentou-se entre os criados para ver o fim." (Mateus, 26:58)


Afirma Emmanuel que o fracasso, como qualquer êxito, tem causas positivas.

Pedro foi admoestado reiteradas vezes por Jesus no sentido de "orar e vigiar"; e o fracasso do humilde pescador Galileu teve origem na sua desatenção. Ninguém poderá, entretanto, "atirar-lhe a primeira pedra", porque todos nós participamos igualmente das mesmas negações. Ainda não aprendemos a seguir as advertências do Mestre, contidas nas páginas dos Evangelhos.

Na descrição de Meu'>ateus, vimos Pedro "seguir o Mestre de longe", permanecer "no pátio do sumo sacerdote" e "assentar-se entre os criados para ver o fim".

O mesmo quadro se repete há vinte séculos, pois, ainda agora, continuamos a seguir o Cristo à distância, temerosos de perdermos as vantagens que a vida material nos oferece.

Quando convocados para o trabalho, geralmente demorava-nos "no pátio" do convencionalismo terreno, onde se desenvolvem as tarefas transitórias que constituem a preocupação primária do homem, entre "os criados" dos interesses imediatistas e dos conchavos que levam alguns a se locupletarem à custa dos direitos alheios, preferindo "ver de longe o fim" das tarefas desenvolvidas pelos seareiros mais animosos.

Esse modo de agir leva muitos ao fracasso, do mesmo modo como fracassou o velho apóstolo. Estes também chorarão amargamente quando o "cantar do galo" anunciar-lhes que está prestes a findar-se mais uma de suas tarefas terrenas, esvaindo-se assim mais uma oportunidade redentora de um ciclo reencarnatório.

O episódio da negação de Pedro tem por objetivo principal demonstrar a necessidade imperiosa da "oração e vigilância" para não se cair nas malhas das tentações oriundas das nossas próprias inferioridades, pois, mesmo aqueles que estão colocados em posições proeminentes no desempenho das missões terrenas, poderão tornar-se vítimas das investidas das entidades trevosas, que tudo fazem no sentido de protelar o processo grandioso e incessante da implantação do reinado da luz na face da Terra.

Muitos homens fracassam porque não se revestem da couraça da fé e da decisão inabalável de servir o Cristo no setor que lhe foi atribuído pelo Alto.

As negações ou vacilações de Pedro ocorreram em etapas distintas no decurso do Messiado de Jesus:

A primeira, segundo a narração do próprio Mateus (16:22-23), teve lugar quando Pedro "tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se disse a Pedro: "Para trás de mim, satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens".

A segunda ocorreu quando o Mestre, em companhia de Pedro, Tiago e João, desciam do Monte Tabor, após a transfiguração. Os três apóstolos estavam face a face com um dilema: o Cristo havia confabulado com o Espírito de Elias, e as escrituras preconizavam que Elias viria na frente do Cristo a fim de preparar-lhe o caminho. Ou as escrituras estavam erradas, ou aquele que ali estava não era o Cristo. Se Elias era Espírito desencarnado, como poderia ser o precursor de Jesus, que já estava entre os homens?

Daí a indagação: "Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas; mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do homem. Então entenderam os discípulos que lhe falara de João Batista." (Meu'>ateus, 17:10-13).

A terceira está contida em Lucas 22-31: "Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos".

A quarta ocorreu quando Pedro, no pátio do sumo sacerdote, nega Jesus por três vezes consecutivas (Lucas 22:54-62), passando a chorar amargamente quando o cantar do galo fez com que ele se lembrasse do vaticínio do Mestre em torno do seu fracasso.

O valoroso apóstolo de Jesus, apesar da sua idade avançada, foi com João e Tiago um dos que gozaram de maior confiança por parte do Mestre. Os três tomaram parte, invariavelmente, em todos os acontecimentos importantes no decurso da missão do Mestre, e algumas das vacilações ocorridas, como pode ser visto, se prenderam mais ao seu idealismo e ao desejo insopitável de servir a causa esposada pelo Meigo Rabi.

No decurso do Messiado de Jesus ocorreram muitas outras negações, de muito maior envergadura:

Os escribas e fariseus negaram o Mestre quando, apesar de todos os sinais por ele propiciados, evidentemente corroborado pelas próprias escrituras e por quase todos os profetas, vieram lhe pedir um sinal do céu.

Os setenta discípulos narrados por João, no versículo 60, capítulo 6, do seu Evangelho, negaram o Cristo quando, ouvindo o seu discurso, foram se debandando, um após outro, não se conformando com a forma de servir por ele esboçada.

Judas Escariotes negou o Senhor quando, após ter presenciado tantos fatos supranormais e ouvido tantos ensinamentos maravilhosos, entregou-o aos seus verdugos a troco de trinta moedas de prata.

Quando o Mestre formulou uma convocação mais ampla a um grupo de pessoas para que o seguisse, e um alegou que precisava primeira ir sepultar o seu pai, foi outro que necessitava primeiro atender os reclamos da sua casa (Lucas, 9:57-61). Ocorreu ali autêntica negação.

Os próprios irmãos de Jesus negaram-no, pois João afirma em seu Evangelho (7:5), que "nem mesmo seus irmãos criam nele".

O Mancebo de Qualidade (Lucas 18:23), de forma idêntica, negou o Mestre, quando se retirou, após ouvir o conselho para "vender e dar aos pobres tudo quando possuía".

Paulo Alves de Godoy