QUESTÃO 156 - O LIVRO DOS
ESPÍRITOS
Parte Segunda
Do mundo espírita ou mundo
dos Espíritos
CAPÍTULO III
DA VOLTA DO ESPÍRITO,
EXTINTA A VIDA CORPÓREA, À VIDA ESPIRITUAL
Separação da alma e do
corpo
156. A separação definitiva
da alma e do corpo pode ocorrer antes da cessação completa da vida orgânica?
“Na agonia, a alma, algumas
vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há que a vida orgânica. O homem já não
tem consciência de si mesmo; entretanto, ainda lhe resta um sopro de vida
orgânica. O corpo é a máquina que o coração põe em movimento. Existe, enquanto
o coração faz circular nas veias o sangue, para o que não necessita da alma.”
FILOSOFIA ESPÍRITA -
VOLUME IV
Questão
156 comentada
CAPÍTULO 03
0156/LE
DESLIGAMENTO DEFINITIVO
A separação entre a alma e o
corpo pode se dar antes que o corpo paralise suas funções orgânicas, porém,
isso é muito raro. Depende muito da situação psíquica do Espírito. O mais das
vezes, a chama espiritual permanece ligada ao fardo físico por horas, dias ou
meses e até anos, chumbada aos restos mortais por provas ou por incapacidade de
se libertar do próprio apego à vida física. Isto tem uma variação muito grande.
Pode-se dizer que é zero ao infinito.
Não existe uma desencarnação
igual a outra. Os processos de desligamento dos laços têm variadas modalidades.
Temos a dizer que, na arte de Deus, não existe violência. Os meios de ligar-se
à vida corporal e desligar-se dela são regidos por leis que correspondem às
necessidades da alma.
Sempre falamos da necessidade
dos homens se prepararem, no tocante à vida na Terra, porque a verdadeira
moradia é a espiritual. Quantos sofrem duras provas ligados aos restos do corpo
por muito tempo, por lhes faltar compreensão das leis divinas!? Sofrem por
ignorância. Não é por faltarem escolas; existem muitas que levam as almas a
despertar, educando a si mesmas. A vida é, pois, uma escola onde todos devemos
aprender como viver.
Os Espíritos elevados descem
de altas esferas, por misericórdia de Deus, no sentido de ensinarem aos homens
e Espíritos ainda humanizados nos seus instintos, a se libertarem da
inferioridade. Eles sabem esperar a maturidade de cada um, entrementes, a
melhor escola ainda é a dor. No estágio em que se encontra a humanidade, sofrer
é salutar remédio para desprender-se.
Assim, como pode a alma
desatar seus laços antes que cesse a vida orgânica, por evolução, pode a vida
orgânica cessar e o Espírito ficar ainda por muito tempo preso aos restos
carnais, de onde escapou toda a força vital dos órgãos. Assim como os pais têm
o dever de preparar seus filhos para a vida na Terra, dando-lhes receitas que
lhes possam assegurar uma existência melhor, o dever é o mesmo, ou maior, de
prepará-los ante a vida espiritual, diminuindo, portanto, seus sofrimentos para
o futuro, conscientizando-os da realidade da vida do Espírito.
O Espírito encarnado está
preso às grades da carne, sujeito a inúmeros problemas, que antes eram chamados
de castigo, e hoje, em certos meios, provações ou missões, porém, é um
aprendizado, onde gradativamente vão se despertando os valores da alma. Essa
poderá, com o tempo, ascender para regiões superiores, quando compreender as
leis de Deus e passar a vivê-las. A vida física é breve e cheia de obstáculos,
por ser o calvário de quem sustenta o corpo, e é nessa engrenagem que
aprendemos a escolher os nossos próprios caminhos e a corrigir as nossas deficiências.
É bom que saibamos que não há
somente os laços espirituais que prendem a alma ao corpo; há – e sim – os laços
psicológicos, que por vezes são mais difíceis de serem rompidos. A educação
neste sentido é de grande valor. É por isso que o Espírito renasce como membro
de muitas famílias, participando de diversas nações, para que surja o
desprendimento e se liberte.
Miramez
Miramez