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sábado, 4 de maio de 2013

EADE-feb-Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita -Livro 1 Cristianismo e Espiritismo-Módulo2 Roteiro 11 Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo.

CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
Estêvão foi o nome adotado por Jeziel quando se converteu ao Cristianismo.
Judeu helenista de Corinto, era filho de Jochedeb e irmão de Abigail, futura
noiva de Saulo de Tarso. Emmanuel:
Paulo e Estêvão. Primeira parte. Cap. 2.
No ano de 34, os judeus que viviam em Corinto – cidade incorporada ao Império
Romano – sofreram atormentada perseguição conduzida pelo Precônsul
Licínio Minúcio, preposto de César, na província de Acaia, que culminou
com o assassinato de Jochebed, prisão e encaminhamento de Jeziel a trabalho
forçado nas galeras (galés) romanas. Abigail fugiu para Jerusalém, mantida
sob a proteção do casal Zacarias e Ruth, que a adotou como filha. Emmanuel:
Paulo e Estêvão
. Primeira parte. Cap. 2.
Libertado do serviço forçado pelo generoso romano Sérgio Paulo, Jeziel chega
extremamente enfermo a Jerusalém onde é acolhido por Simão Pedro na «Casa
do Caminho», instituição de auxílio aos necessitados, fundada pelo apóstolo.
Emmanuel:
Paulo e Estêvão. Primeira parte. Cap. 3.
Estêvão foi um dos mais destacados cristãos nos primeiros tempos da edificação
da igreja cristã. Um «Espírito cheio de graça e de poder que operava prodígios
e grandes sinais entre o povo». Atos dos apóstolos, 6:8.
ESTÊVÃO, O PRIMEIRO MÁRTIR
DO CRISTIANISMO
196
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Dados biográficos de Estêvão
Estêvão era um judeu helenista, nascido na cidade de Corinto, província
de Acaia, dominada pelos romanos.
A cidade, reedificada por Júlio César, era a mais bela jóia da velha Acaia, servindo
de capital à formosa província. Não se podia encontrar, na sua intimidade, o espírito
helênico em sua pureza antiga, mesmo porque, depois de um século de lamentável
abandono [...], restaurando-a, o grande imperador transformara Corinto em colônia
importante de romanos, para onde ocorrera grande número de libertos ansiosos de
trabalho remunerador, ou proprietários de promissoras fortunas. A estes, associara-se
vasta corrente de israelitas e considerável percentagem de filhos de outras raças que
ali se aglomeravam, transformando a cidade em núcleo de convergência de todos os
aventureiros do Oriente e do Ocidente.
2
Descendente da tribo de Issacar,
10 Estêvão se revelou, desde jovem,
destacado estudioso das escrituras, apreciando, em especial, os ensinamentos
de Isaías que anunciavam a promessa da vinda do Messias.
10 A sua vida foi
marcada por grandes sacrifícios e renúncias, sobretudo quando se converteu
ao Cristianismo. A partir deste momento, Jeziel rompe definitivamente com
as tradições do Judaísmo, adotando o pseudônimo de Estêvão, o primeiro
mártir do movimento cristão.
Possuidor de personalidade envolvente, Estêvão «cheio de graça e de força,
operava grandes prodígios e sinais entre o povo.» (Atos dos Apóstolos, 6:8)
No ano de 34 d. C., os habitantes de Corinto sofreram dolorosa perseguição
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 11
197
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
do Procônsul romano, Licínio Minúcio, que, «[...] cercado de grande número
de agentes políticos e militares e estabelecendo o terror entre todas as classes,
com seus processos infamantes. [...] Numerosas famílias de origem judaíca
foram escolhidas como vítimas preferenciais da nefanda extorsão.»
3
A família de Estêvão se resumia ao pai Jochedeb e a irmã Abigail – que futuramente
seria noiva de Paulo de Tarso –, uma vez que a sua mãe era falecida. Essa
família foi diretamente atingida pela perseguição do preposto de César, sendo
que o idoso Jochedeb foi covardemente assassinado, Estêvão foi feito prisioneiro
e atirado ao trabalho forçado nas galeras (galés) romanas.
4, 5, 7 Abigail fugiu para
Jerusalém sob a proteção de uma família judia, Zacarias e Ruth, também vítima
de perseguição, que teve os filhos mortos. Esse casal adotou a jovem irmã de
Jeziel como uma filha querida.
6
Estêvão, ou Jeziel, enfrentou com coragem e grande fortaleza moral as
provações que a vida lhe reservara. Nas galés romanas o valoroso seguidor
do Cristo foi submetido às mais ásperas privações, mas, estoicamente, tudo
suportou, jamais perdendo a fé em Deus.
Voltando de Cefalônia, a galera recebeu um passageiro ilustre. Era o jovem romano
Sérgio Paulo, que se dirigia para a cidade de Citium, em comissão de natureza política.
[...] Dada a importância do seu nome e o caráter oficial da missão a ele cometida, o co
mandante
Sérvio Carbo lhe reservou as melhores acomodações. Sérgio Paulo, entretanto,
[...] adoeceu com febre alta, abrindo-se-lhe o corpo em chagas purulentas. [...] O médico
a bordo não conseguiu explicar a enfermidade e os amigos do enfermo começaram a
retrair-se com indisfarçável escrúpulo. Ao fim de três dias, o jovem romano achava-se
quase abondonado. O comandante, preocupado por sua vez, com a própria situação e
receoso por si mesmo, chamou Lisipo [feitor da galera], pedindo-lhe que indicasse um
escravo dos mais educados e maneirosos, capaz de incumbir-se de toda assistência ao
passeiro ilustre. O feitor designou Jeziel, incontinenti, e, na mesma tarde, o moço hebreu
penetrou o camarote do enfermo, com o mesmo espírito de serenidade que costumava
testemunhar nas situações díspares e arriscadas.
8
Estêvão cuidou do romano com extremada dedicação, conquistando-lhe
a simpatia. Entre ambos estabeleceu-se laços de amizade sincera, de sorte que
usando do prestígio político que possuia, Sérgio Paulo obteve a libertação do
seu dedicado enfermeiro, fazendo-o aportar em Jerusalém.
9
Estêvão chegou em Jerusalém extremamente enfermo, pois contraira a
estranha doença que atingira o seu libertador. Um desconhecido, denominado
Inineu de Cretona, encaminhou a Efraim, um cristão, conhecido como segui
dor
do «Caminho» (designação primitiva do Cristianismo) que, por sua vez,
198
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
o conduziu à «Casa do Caminho», moradia do apóstolo Pedro, transformada
em local de atendimento a todos os necessitados.
10
Na Casa do Caminho, Estêvão recebeu o amparo que necessitava, encon
trando
no apóstolo Pedro um verdadeiro amigo, que lhe prestou esclarecimentos
a respeito de Jesus e da sua iluminada mensagem de amor.
12
O valoroso Simão Pedro, após tomar conhecimento do drama vivido
por Jeziel, desde a perseguição ocorrida em Corinto até a liberdade alcançada
por intercessão de Sérgio Paulo, recomenda-lhe manter-se em anonimato,
afirmando:
[...] Jerusalém regurgita de romanos e não seria justo comprometer o generoso amigo
que te restituiu à liberdade. [...] – Serás meu filho, doravante – exclamou Simão num
transporte de júbilo. [...] – Para que não te esqueças da Acaia, onde o Senhor se dignou
de buscar-te para o seu ministério divino, eu te batizarei no credo novo com o nome
grego de Estêvão.
13
A partir desse momento, Estêvão absorveu-se no estudo dos ensinos do
Cristo, participando da difusão da mensagem da Boa Nova na modesta mo
radia
da Casa do Caminho, cujos serviços de alimentação, enfermagem e de
semeadura da palavra divina cresciam celeremente.
Com a ampliação dos serviços prestados à comunidade, surgiu, então, a
necessidade de dividir as tarefas, evitando que um servidor ficasse mais sobrecarregado
que outro.
Na primeira reunião da igreja humilde, Simão Pedro pediu, então, nomeassem sete
auxiliares para o serviço de enfermarias e refeitórios, resolução que foi aprovada com
geral aprazimento. Entre os sete irmãos escolhidos, Estêvão foi designado com a sim
patia
de todos.
Começou para o jovem de Corinto uma vida nova. Aquelas mesmas virtudes espirituais
que iluminavam a sua personalidade e que tanto haviam contribuído para a cura do
patrício, que o restituíra à liberdade, difundiam entre os doentes e indigentes de Jeru
salém
os mais santos consolos. [...] Simão Pedro não cabia em si de contente, em face
das vitórias do filho espiritual. Os necessitados tinham a impressão de haver recebido
um novo arauto de Deus para o alívio de suas dores.
Em pouco tempo, Estêvão tornou-se famoso em Jerusalém, pelos seus feitos quase mira
culosos.
Considerado o escolhido do Cristo, sua ação resoluta e sincera arregimentara,
em poucos meses, as mais vastas conquistas para o Evangelho do amor e do perdão.
14
199
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
2. Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
Após a crucificação de Jesus numerosos judeus se converteram ao Cris
tianismo.
Os sacerdotes e membros do Sinédrio, entretanto, temiam que a
propagação dos preceitos cristãos provocasse desestabilização no Judaísmo.
Sendo assim, iniciou-se um movimento de perseguição aos cristãos, a
princípio realizado portas a dentro das sinagogas, posteriormente em público,
nas ruas e no interior das residências, durante as festividades corriqueiramente,
ou nas atividades diárias.
Vieram então alguns da sinagoga chamada dos Libertos, dos Cirineus e Alexandrinos,
dos da Cilícia e da Ásia, e puseram-se a discutir com Estêvão. Mas não podiam resis
tir
à sabedoria e ao Espírito que o levavam a falar. Pelo que subornaram homens que
atestassem: “ouvimo-lo pronunciar palavras blasfematórias contra Moisés e contra
Deus.” Amotinaram assim o povo, os anciãos e os escribas e, chegando de improviso,
arrebataram-no e levaram-no à presença do Sinédrio. Lá apresentaram falsas testemunhas
que depuseram: “Esse homem não cessa de falar contra o Lugar Santo e contra a Lei.
Ouvimo-lo dizer que Jesus Nazareno destruiria este Lugar e modificaria as tradições que
Moisés nos legou”. Ora, todos os membros do Sinédrio estavam com os olhos fixos nele,
e viram-lhe o rosto semelhante ao de um anjo.
1
Essa farsa montada contra Estêvão, foi apoiada por Saulo de Tarso. O
apóstolo dos gentios aparece no cenário da história cristã como o principal
elemento do julgamento, condenação e morte, por apedrejamento, de Estêvão,
considerado o primeiro mártir do Cristianismo.
Esses fatos aconteceram no ano 35 de nossa era.
O jovem Saulo apresentava toda a vivacidade de um homem solteiro, bordejando os
seus trinta anos. Na fisionomia cheia de virilidade e máscula beleza, os traços israelitas
fixavam-se particularmente nos olhos profundos e percucientes, próprios dos tempera
mentos
apaixonados e indomáveis, ricos de agudeza e resolução. Trajando a túnica do
patriciato, falava de preferência o grego, a que se afeiçoara na cidade natal, ao convívio
dos mestres bem-amados, trabalhados pelas escolas de Atenas e Alexandria.
15
Chegando a Jerusalém, vindo de Damasco, Saulo se encontra com o amigo
Sadoc que lhe fornece informações a respeito de Estêvão e o efeito que este
provocava nas pessoas. Cheio de zelo religioso, interpreta equivocadamente as
preleções de Estêvão, considerando-o blasfemador. Influenciando o Espírito
de Saulo, acrescenta:
200
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
– Não me conformo em ver os nossos princípios aviltados e proponho-me a cooperar
contigo [...], para estabelecermos a imprescindível repressão a tais atividades. Com as
tuas prerrogativas de futuro rabino, em destaque no Templo, poderás encabeçar uma
ação decisiva contra esses mistificadores e falsos taumaturgos.
16
Tempos depois, num sábado, Saulo e Sadoc se dirigem até a humilde
igreja de Jerusalém para ouvirem a pregação de Estêvão. Os apóstolos Tiago
Maior, Pedro e João surpreenderam-se com a presença «[...] do jovem doutor
da Lei, que se popularizara na cidade pela sua oratória veemente e pelo acurado
conhecimento das Escrituras».
17
A despeito de ter ficado impressionado com a pregação de Estêvão, Saulo
interpela o expositor, por meio de ríspida conversa, na tentativa de desacreditá
lo
perante a assembléia. Estêvão, porém, manteve-se sereno, respondendo com
gentileza e firmeza os apartes do doutor da Lei.
Desse momento em diante destacam-se, nas sinagogas, os debates re
ligiosos
entre Saulo, o orgulhoso fariseu, e Estêvão, o humilde e iluminado
cristão.
Gamaliel, o generoso e brilhante rabino, orientador de Saulo, sempre
presente aos debates, contribuía com palavras ponderadas, buscando acalmar
os ânimos.
Incorformado com as serenas proposições de Estêvão, Saulo perturbouse,
e, deixando levar-se pelo orgulho, denunciou Estêvão ao Sinédrio, onde
montou um ardiloso esquema de condenação com apoio de amigos.
18
Durante o julgamento, a defesa de Estêvão no Sinédrio foi brilhante, revelando
a grandeza do seu Espírito. Teve oportunidade também de demonstrar
o domínio que possuía das Escrituras, discursando com serenidade e segurança.
(Atos dos Apóstolos, 7:11-54)
Foi, entretanto, implacavelmente julgado e condenado à morte por apedrejamento,
homicído aprovado por Saulo. (Atos dos Apóstolos, 7:55-60) Mesmo
sendo acusado de blasfemador, caluniador e feiticeiro
19 Estêvão manteve-se
firme até o final, quando entregou sua alma a Deus.
Nessa hora suprema, recordava os mínimos laços de fé que o prendiam a uma vida mais
alta. Lembrou de todas as orações prediletas da infância. Fazia o possível por fixar na
retina o quadro da morte do pai supliciado e incompreendido. Intimamente, repetia o
Salmo 23 de David, qual fazia junto da irmã, nas situações que pareciam insuperáveis.
“O Senhor é meu pastor. Nada me faltará...” As expressões dos Escritos Sagrados, como
201
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
as promessas do Cristo no Evangelho, estavam-lhe no âmago do coração. O corpo
quebrantava-se no tormento, mas o Espírito estava tranqüilo e esperançoso.
20
Antes de emitir o último suspiro, Estêvão perdoa Saulo e os demais per
seguidores,
adentrando vitorioso no mundo espiritual. Para o futuro apóstolo
dos Gentios, entretanto, iniciava-se a sua “via crucis”, marcada por uma dor
extrema: acabara de perseguir, condenar e aprovar a matança do irmão de Abigail,
o seu amor adorado.
21 Compreendeu, assim, que os seus sonhos conjugais
e familiares estavam definitivamente comprometidos.
202
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Atos dos Apóstolos, 6:8-15.
2. XAVIER, Francisco Cândido.
Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 43.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte. Cap. 1 (Corações flagelados),
p. 11.
3. ______. p. 13.
4. ______. p. 13-38.
5. ______. Cap. 2 (Lágrimas e sacrifícios), p. 39-52.
6. ______. p. 55-57.
7. ______. Cap. 3 (Em Jerusalém), p. 58-59.
8. ______. p. 61-62.
9. ______. p. 63-66.
10. ______. p. 68-72.
11. ______. p. 75.
12. ______. p. 74-79.
13. ______. p. 80-81.
14. ______. p. 82-83.
15. XAVIER, Francisco Cândido.
Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel.
43. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte. Cap. 4 (Nas estradas de
Jope), p. 84.
16. ______. p. 90.
17. ______. Cap. 5 (A preparação de Estêvão), p. 102.
18. ______. 120-121.
19. ______. Cap. 6 (Ante o Sinédrio), p. 129-131.
20. ______. Cap. 8 (A morte de Estêvão), p. 190.
21. ______. p. 191-196.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo
203
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Debater em grupo, e em plenária, caracterís
ticas
da personalidade de Estêvão, reveladoras da
grandeza do seu Espírito.
ORIENTAÇÕES AO MONITOR
EADE - Roteiro 11 - Estêvão, o primeiro mártir do Cristianismo

quarta-feira, 13 de março de 2013

Vida e Valores (Educação religiosa dos filhos)

Vida e Valores (Educação religiosa dos filhos)

Nem sempre nós observamos que os nossos filhos são seres espirituais.
Nossos filhos são Espíritos. Não importa qual seja nossa crença, não importa se não tenhamos crença religiosa, o fato é que os nossos filhos são os filhos de Deus, emprestados aos nossos cuidados, durante um tempo mais ou menos longo na Terra.
Quando pensamos nisso, nos vem à mente a razão pela qual a Divindade situa esses filhos junto a nós. Situa Seus filhos junto a outros filhos que já estejam a mais tempo na encarnação.
Quando pensamos nisso, temos que levar em conta que há razões bastante ponderáveis, bastante plausíveis para que nós recebamos, por parte do Criador, um ou mais de Seus filhos sob os nossos cuidados.
A partir daí então, pensar o que é que Deus quer de nós com relação a esses filhos postos sob nossas mãos.
Sem qualquer dúvida, qualquer de nós que chega à Terra para uma nova existência, para uma nova experiência, ou se quisermos, para uma nova encarnação, vem com o propósito de evoluir. Como um aluno que vai cada dia à classe, cada dia volta à escola para ir complementando o aprendizado.
Ninguém consegue fazer o aprendizado de um curso inteiro numa única aula, num único mês, num único semestre, nem num único ano.
Por isso, quando nós olhamos para os nossos filhos, é bom que tenhamos essa percepção de que eles são nossos filhos biológicos, porque lhes demos um corpo físico. Mas, em realidade, eles são filhos de Deus como nós. Vieram do grande Rei, do grande Pai, do grande Senhor do Universo.
E, como nem sempre nós chegamos à Terra zerados, com relação aos valores atormentados que acumulamos, muitos chegamos cumulados de tormentos, de angústias, de problemas trazidos de outras existências, de fobias, de crimes, que precisamos acertar com a consciência.
Nossos filhos são assim. Muitas vezes são crianças inteligentíssimas, espertas, cheias de brilho, de viço, capazes de captar rapidamente tudo quanto nós lhes ensinamos e, às vezes, coisas que não lhes ensinamos.
O lado intelectual está maravilhoso, mas o que aprendemos dos bons anjos, dos Espíritos guias, é que a maior parte dos nossos filhos vêm à Terra para ajustar exatamente o que lhes faltou no passado, o lado moral, o lado espiritual, o lado ético.
Muitos deles têm muita facilidade de aprender coisas que mexam com o intelecto. Rapidamente aprendem música, aprendem a tocar instrumentos de ouvido, aprendem a cantar, são dançantes, bailarinos. Jogar, praticar esportes dos mais variados, tudo eles aprendem com muita facilidade.
Mas há um lado que relutam sempre. É o lado que se relaciona com as coisas de Deus.
É muito comum que as crianças não queiram ir à sua Igreja, ao Centro Espírita, à Sinagoga. É muito comum que as crianças reajam. E caberá aos pais não forçá-las de modo violento, mas persuadi-las, a partir de vários recursos, para que elas passem a gostar de participar dessa vida social religiosa da família.
Não sabemos, em realidade, de onde vêm nossos filhos. Jesus Cristo estabeleceu, ao conversar com Nicodemos, que o Espírito sopra onde quer. Nós não sabemos de que realidades eles vêm, nem para que realidades eles vão.
Por causa disso, vale a pena levar nossos filhos para a experiência da fé religiosa. Para a vivenciação da fé religiosa.
Como é que vamos fazer isto?
Aquela religião que nos alimenta, que nos nutre, que nos faz pessoas felizes... Essa mesma, vamos procurar oferecer aos nossos filhos.
Não importa se, mais tarde, quando se tornem independentes, eles mudem de crença, eles mudem de religião, eles adotem outro sistema filosófico de crer em Deus.
Mas, enquanto estiverem sob nossos cuidados, enquanto forem nossos dependentes, nós os levaremos para aquele ambiente, aquele espaço de crença, de cultivo das idéias Divinas que nos faz feliz, que nos alimenta, que nos nutre a alma.
Será importantíssimo que nós verifiquemos nesses Espíritos, nesses filhos nossos, aqueles seres que precisam urgentemente dessa luz religiosa.
Vale a pena pensar que, se os nossos filhos não são nossos filhos essencialmente, são os filhos e filhas da vida por si mesma, como disse o poeta Kalil Gibran.
Em linguagem religiosa, eles são os filhos de Deus emprestados aos nossos cuidados, para que saibamos reencaminhá-los.
* * *
Quando se fala em levar os filhos para a vida religiosa, é porque cabe aos pais redimensionar a vida desses filhos, reencaminhando esses Espíritos para Deus.
É natural pensar que nós encaminhamos nossos filhos para Deus por diversas estradas. Eles deverão aprender a estudar, aprender a aprender. Deverão ser boas pessoas, honestas, dignas criaturas mas, fundamentalmente, aprender elas próprias, nossas crianças, a manter contato com o Pai Criador.Aprender a se elevar através do pensamento. A desenvolver dentro de si a sua oração, a ter mais confiança nos poderes sublimes da vida.
Isso tudo é uma riqueza incomensurável que os pais podemos colocar na alma dos nossos filhos.
Mas, quando falamos em dar uma religião aos nossos filhos, é importante que não os transformemos em pessoas religiosistas, acostumadas a irem ao templo, como quem vai ao clube social.
Será importantíssimo que criemos nos nossos filhos a alma de religiosidade. Aquela reverência profunda e honesta ao Criador da vida.
Não importa qual seja essa crença, mas deverá ser uma crença que não possa ser desmentida pelos fatos, desmentida pelo progresso da Ciência. Porque, todas as vezes que ensinarmos aos nossos filhos coisas que logo mais a Ciência demonstrará em contrário, que os fatos do cotidiano os levem a entender diferente e a constatar diferente, eles deixarão de crer naquilo que nós lhes estamos apresentando. Também deixarão de crer em tudo quanto diga respeito à religião.
Vale a pena levar nossos filhos para uma religião amadurecida, cujos princípios estejam assentados nas Leis da Natureza, para o que as descobertas da Ciência, as vozes da Ciência sirvam de reforço, de embasamento, de instrumentalização.
Por isso, saber que nossos filhos são Espíritos nos ajuda muito, nessa proposta de orientá-los para o bem. Jamais apresentar a eles os maus exemplos de nossa conduta ou apresentar-lhes como bons exemplos os maus exemplos dos outros.
Levar nossos filhos a entender que o mau exemplo de alguém jamais deverá ser seguido por nós, por mais que esse alguém nos seja próximo, nos seja familiar, nos seja uma pessoa amiga.
Mas, o erro não pode servir de padrão para as nossas vidas. E é a partir disto, que nós verificaremos que o sentimento religioso é vida e, como Jesus Cristo nos veio dizer que nos trouxera vida abundante, será sempre importante vivenciar junto aos nossos filhos, esses princípios que queremos que eles aprendam, vivenciar junto a eles aquilo que queremos que eles vivenciem na sociedade, vivenciem junto aos outros.
Será um valor, um tesouro, uma herança que os nossos filhos jamais perderão.Vale a pena, dessa maneira, pensar na instrução religiosa. Levar nossos filhos ao templo. Ensinar aos nossos filhos a prática da oração. Mas, fundamentalmente, levá-los a vivenciar a prática do amor, a resistência ao mal, às tentações do mal, resistir a todas as intempéries morais que se abatem sobre a Terra.
Para isto, não basta freqüentar uma casa religiosa. É preciso ter aprendido a verdade ensinada por Jesus Cristo, seja qual for a interpretação, desde que esta interpretação nos eleve, nos amadureça, nos transforme em homens e mulheres de bem e os nossos filhos aos quais amamos tanto, serão convertidos igualmente em homens e mulheres de bem.
A religião não deve ser uma arma, uma esgrima com a qual digladiamos com os outros. E Jesus Cristo não pode ser transformado por nós, numa muralha divisória entre as criaturas. Jesus terá que ser um toldo de unidade, de fraternidade.
Se estivermos elegendo para nossos filhos uma educação não cristã, se estivermos nas práticas Muçulmanas, nas práticas do Judaísmo, do Taoísmo, do Budismo, não importa. Todas essas práticas levam à proposta do bem, induzem os indivíduos à prática do bem.
Por isso, será fundamental que trabalhemos com eles a importância da vivência do bem, não importa qual seja a religião.
Se formos cristãos, deveremos ter em Jesus Cristo o nosso Modelo, o nosso Padrão, o Guia da Humanidade. E, somente a partir dos Seus ensinamentos é que conseguiremos entender que o sentimento religioso é um sentimento de vida, e Ele, que veio para que tivéssemos vida em abundância, certamente veio nos ensinar a viver uma religiosidade abundante, uma religiosidade que, de fato, nos colocasse nos caminhos que nos endereçassem ao nosso Criador.
Educar os nossos filhos sob todos os aspectos, mas principalmente, ensinar-lhes a buscar no íntimo de si mesmos, a figura do nosso Pai Celeste.
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 114, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em outubro de 2007. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 15 de junho de 2008.
Em 26.05.2008.

sábado, 2 de março de 2013

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita - Livro 1 - Roteiro 2- " Cristianismo e Espiritismo" - Módulo 2 - O Cristianismo

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
2
Objetivos
• Destacar a importância de Maria de Nazaré, segundo o pensamento
espírita.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Buscando [...] alguém no mundo para exercer a necessária tutela sobre a vida
preciosa do Embaixador Divino, o Supremo Poder do Universo não hesitou em
recorrer à abnegada mulher, escondida num lar apagado e simples... Emmanuel:
Religião dos espíritos, p. 132.
• Então disse Maria: Aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim conforme
a tua palavra. Lucas, 1:38
MARIA, MÃE DE JESUS
82
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Maria, segundo informações das fontes cristãs antigas, era filha de pais
judeus, Joaquim e Ana. Há dúvidas quanto ao local exato do seu nascimento
– ocorrido entre 18 ou 20 a.C. –, em Jerusalém ou em Séforis, na Galiléia.
Possivelmente, ela casou aos 14 anos de idade, como era comum à época. 4
Durante a sua infância viveu em Nazaré, onde ficou noiva do carpinteiro
José, da tribo de Davi. 4
Algumas fontes históricas indicam que Maria e José tiveram outros filhos,
depois de Jesus. Não há, porém, provas ou evidências concretas. O Evangelho
segundo Lucas é a principal fonte bíblica sobre Maria cuja referência é feita
em momentos específicos: na aparição do anjo para anunciar a vinda de Jesus;
na visita de Maria à sua prima Isabel; no nascimento de Jesus, em uma estrebaria
da cidade de Belém; na chegada dos magos, logo após o nascimento do
Cristo; na fuga para o Egito, em razão da perseguição de Herodes; no retorno
à Galiléia, após a morte de Herodes; na visita ao templo, durante o período
da purificação, quando encontra Simeão e Ana, a profetiza; no diálogo de
Jesus com os doutores; nas bodas de Caná; na crucificação de Jesus e no dia
de Pentecostes.
As tradições cristãs revelam que Maria ficou sob o amparo do apóstolo e
evangelista João, em Jerusalém e em Éfeso, atendendo a orientação de Jesus.
Acredita-se que ela tenha morrido em Jerusalém. 5
Há quem afirme, porém, que sua “ascenção aos céus” ocorreu em Éfeso.
Esta questão deve ser analisada com cuidado. A ascensão de Maria, em termos
espíritas, deve ser vista como num desdobramento seguido de materialização –
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 2
83
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 2 - Maria, mãe de Jesus
à semelhança do que acontecia com Antônio de Pádua –, ou materialização do
seu Espírito, após a desencarnação. Não se sabe ao certo quando ela morreu.
Maria (ou Miriam) é um nome de origem hebraica, significando: Senhora
da Luz. Sua figura no Novo Testamento é discreta, o que não diminui seu valor
e a sua importância.
Buscando [...] alguém no mundo para exercer a necessária tutela sobre a vida, preciosa do
Embaixador Divino, o Supremo Poder do Universo não hesitou em recorrer à abnegada
mulher, escondida num lar apagado e simples...
Humilde, ocultava a experiência dos sábios; frágil como o lírio, trazia consigo a resistência
do diamante; pobre entre os pobres, carreava na própria virtude os tesouros incorruptíveis
do coração, e, desvalida entre os homens, era grande e prestigiosa perante Deus. 15
Vemos, também, que a sua figura é reverenciada com carinho e profunda
gratidão, como a sublime mãe de Jesus ou, simplesmente, Maria de Nazaré.
No Espiritismo - doutrina que se assenta em bases científicas, filosóficas e religiosas, sendo
que, nesta última, como Cristianismo redivivo, caracteriza o Consolador prometido
por Jesus - também aprendemos a reconhecer em Maria uma Entidade evoluidíssima,
que já havia conquistado, há (mais de) 2000 anos, elevadas virtudes, tornando-a apta a
desempenhar na crosta terrestre tão elevada missão, recebendo em seus braços o Emissário
de Deus que se fez menino para se transformar “no modelo da perfeição moral que
a Humanidade pode pretender sobre a Terra”.
Além do que se conhece nas antigas tradições religiosas, especialmente no Novo Testamento,
encontramos na literatura espírita outros importantes dados biográficos de Maria,
que vieram até nós por via mediúnica, naturalmente extraídos de arquivos fidedignos do
Mundo Espiritual, revelando-nos que Ela continua até hoje zelando com muito carinho
pela Humanidade terrestre, encarnada e desencarnada. 1
Maria de Nazaré simboliza «[...] terras de virtudes fartas, o mesmo não
sucede aos apóstolos que, a cada passo, necessitam recorrer à fonte das lágrimas
que escorrem do monturo de remorsos e fraquezas, [...]». 14
Por ser um Espírito de grandes conquistas evolutivas e virtudes, consciente
de sua tarefa, curva-se, humilde, diante do anjo que, em nome do Pai,
lhe anuncia que será a mãe de Jesus, o Salvador, dizendo: «Eis aqui a serva do
Senhor, cumpra-se em mim segundo a tua palavra». (Lucas, 1:38)
Maria profere um dos mais belos cânticos de louvor e agradecimento a
Deus, após a visita do anjo que lhe informou sobre a vinda do Cristo.
A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,
84
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 2 - Maria, mãe de Jesus
porque atentou na humildade de sua serva; pois eis que, desde agora, todas as gerações
me chamarão bem-aventurada. Porque me fez grandes coisas o Poderoso; e Santo é o seu
nome. E a sua misericórdia é de geração em geração sobre os que o temem. Com o seu
braço, agiu valorosamente, dissipou os soberbos no pensamento de seu coração, depôs
dos tronos os poderosos e elevou os humildes; encheu de bens os famintos, despediu
vazios os ricos, e auxiliou a Israel, seu servo, recordando-se da sua misericórdia (como
falou a nossos pais) para com Abraão e sua posteridade, para sempre. Lucas, 1:46-55
Muitas obras espíritas enfocam a figura de Maria como de grande importância
para os cristãos.
No artigo “Notícias de Maria, a mãe de Jesus”, publicado no Anuário
Espírita de 1986, encontramos informações a respeito dessa figura ímpar da
história do Cristianismo. No livro Boa Nova, o Espírito Humberto de Campos
(Irmão X) destaca:
Maria foi cognominada de “Bendita” ou “Bem aventurada” porque foi
a escolhida para ser a mãe de Jesus. Esta informação está em Lucas, em dois
momentos diferentes:
• Quando o anjo anuncia a vinda de Jesus: “Salve, agraciada; o Senhor é
contido; bendita és tu entre as mulheres” (Lucas, 1:28).
• Quando da visita à prima Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres, e é
bendito o fruto do teu ventre” (Lucas, 1:42).
Além dos relatos evangélicos, Maria é também mencionada nos escritos
de alguns pais da Igreja Católica Romana, entre os quais, Justino Inácio,
Tertuliano e Atanásio. Em obras cristãs, não incluídas nos canônes da igreja
de Roma, isto é, nas escrituras apócrifas, encontramos referências, sempre
respeitosas a Maria. No evangelho de Tiago e na deliberação do Concílio de
Éfeso (431 E.C.), ela foi proclamada Theotokos, isto é, “Portadora de Deus”.
Importa considerar, como referência histórica, a existência de uma escritura
apócrifa denominada “O evangelho gnóstico de Maria”, e outra produzida na
Idade Média, intitulada “Evangelho do nascimento de Maria.” 6
Essas e outras obras serviram de base para o culto a Maria, existente, em
especial, nas igrejas católica romana e ortodoxa. 6
O autor de Boa Nova, nos revela momentos pungentes da vida de Maria,
como, por exemplo, durante a crucificação de Jesus.
Humberto de Campos descreve a dor profunda e silenciosa de Maria, que
comove e causa admiração, nos fazendo refletir a respeito da grandiosidade
85
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 2 - Maria, mãe de Jesus
desse Espírito.
Junto da cruz, o vulto agoniado de Maria produzia dolorosa e indelével impressão. Com
o pensamento ansioso e torturado, olhos fixos no madeiro das perfídias humanas, a
ternura materna regredia ao passado em amarguradas recordações. Ali estava, na hora
extrema, o filho bem-amado.
Maria deixava-se ir na corrente infinda das lembranças. Eram as circunstâncias maravilhosas
em que o nascimento de Jesus lhe fora anunciado, a amizade de Izabel, as profecias
do velho Simeão, reconhecendo que a assistência de Deus se tornara incontestável nos
menores detalhes de sua vida. Naquele instante supremo revia, a manjedoura, na sua
beleza agreste, sentindo que a Natureza parecia desejar redizer aos seus ouvidos o cântico
de glória daquela noite inolvidável. Através do véu espesso das lágrimas, repassou, uma
por uma, as cenas da infância do filho estremecido, observando o alarma interior das
mais doces reminiscências.
Nas menores coisas, reconhecia a intervenção da Providência celestial; entretanto,
naquela hora, seu pensamento vagava também pelo vasto mar das mais aflitivas interrogações.
[...]
Que profundos desígnios haviam conduzido seu filho adorado à cruz do suplício?
Uma voz amiga lhe falava ao espírito, dizendo das determinações insondáveis e justas de
Deus, que precisam ser aceitas para a redenção divina das criaturas. Seu coração rebentava
em tempestades de lágrimas irreprimíveis; contudo, no santuário da consciência, repetia
a sua afirmação de sincera humildade: - “Faça-se na escrava a vontade do Senhor!” 9
Resignada diante do maior testemunho da sua missão, Maria sente uma
mão amiga tocar o seu ombro. Era o apóstolo João a lhe estender os braços
amorosos e reconhecidos. Ambos, compungidos por tanta dor, buscam o olhar
de Jesus como a suplicar entendimento. Fala, então, Maria a Jesus:
– “Meu filho! Meu amado filho!...” [...]
O Cristo pareceu meditar no auge de suas dores, mas, como se quisesse demonstrar, no
instante derradeiro, a grandeza de sua coragem e a sua perfeita comunhão com Deus,
replicou com significativo movimento dos olhos vigilantes:
– “Mãe, eis aí teu filho!...” – E dirigindo-se, de modo especial, com um leve aceno, ao
apóstolo, disse: – “Filho, eis aí tua mãe! 10
Tempos depois, relata o Espírito amigo, que João, recordando-se das
observações feitas pelo Mestre, vai ao encontro de Maria e conta-lhe sobre
sua nova vida entre almas devotadas e sinceras no exercício dos ensinamentos
cristãos. Num misto de reconhecimento e ventura Maria se instala junto ao
dedicado apóstolo, em Éfeso.
A casa de João, [...] ao cabo de algumas semanas, se transformou num ponto de assem86
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 2 - Maria, mãe de Jesus
bléias adoráveis, onde as recordações do Messias eram cultuadas por espíritos humildes
e sinceros.
Maria externava as suas lembranças. Falava dele com maternal enternecimento, enquanto
o apóstolo comentava as verdades evangélicas, apreciando os ensinos recebidos.
[...] Decorridos alguns meses, grandes fileiras de necessitados acorriam ao sítio singelo
e generoso. A notícia que Maria descansava, agora, entre eles, espalhara um clarão de
esperança por todos os sofredores. Ao passo que João pregava na cidade as verdades de
Deus, ela atendia, no pobre santuário doméstico, aos que a procuravam exibindo-lhe
suas úlceras e necessidades.
Sua choupana era, então, conhecida pelo nome de “Casa da Santíssima”. 11
Os anos passaram sem que Maria deixasse, um dia, de amparar e transmitir
ao coração do povo as mensagens da Boa Nova. Ao chegar à velhice não
sente cansaço nem amarguras. E num dia, durante as suas orações, relata-nos,
ainda, Humberto de Campos:
Enlevada nas suas meditações, Maria viu aproximar-se o vulto de um pedinte. – Minha
mãe – exclamou o recém-chegado, como tantos outros que recorriam ao seu carinho –,
venho fazer-te companhia e receber tua benção.
Maternalmente, ela o convidou a entrar, impressionada com aquela voz que lhe inspirava
profunda simpatia. O peregrino lhe falou do céu, confortando-a delicadamente.
Comentou as bem-aventuranças divinas que aguardam a todos os devotados e sinceros
filhos de Deus, [...]. Maria sentiu-se empolgada por tocante surpresa. Que mendigo
seria aquele que lhe acalmava as dores secretas da alma saudosa, com bálsamos tão
dulçorosos? Nenhum lhe surgira até então para dar; era sempre para pedir alguma coisa.
[...] Seus olhos se umedeceram de ventura, sem que conseguisse explicar a razão de sua
terna emotividade.
Foi quando o hóspede anônimo lhe estendeu as mãos generosas e lhe falou com profundo
acento de amor:
– “Minha mãe, vem aos meus braços!”
Nesse instante, fitou as mãos nobres que se lhe ofereciam, num gesto da mais bela ternura.
Tomada de comoção profunda, viu nelas duas chagas, como as que seu filho revelava na
cruz, e instintivamente, dirigindo o olhar ansioso para os pés do peregrino amigo, divisou
também aí as úlceras causadas pelos cravos do suplício. Não pôde mais. Compreendendo
a visita amorosa que Deus lhe enviava ao coração, bradou com infinita alegria:
– “Meu filho! Meu filho! As úlceras que te fizeram!...” [...] Num ímpeto de amor, fez um
movimento para se ajoelhar. Queria abraçar-se aos pés do seu Jesus e osculá-los com
ternura. Ele, porém, levantando-a, cercado de um halo de luz celestial, se lhe ajoelhou
aos pés e beijando-lhe as mãos, disse em carinhoso transporte:
– “Sim, minha mãe, sou eu!... Venho buscar-te, pois meu Pai quer que sejas no meu
reino a Rainha dos Anjos...” 12
87
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 2 - Maria, mãe de Jesus
Maria sempre dedicou assistência aos sofredores, como registrou Yvonne
Pereira no livro Memórias de um suicida. A obra descreve a assistência aos
suicidas, em profundo sofrimento no Além pela Legião dos Servos, «chefiada
pelo grande Espírito Maria de Nazaré 3, ser angélico e sublime que na Terra
mereceu a missão honrosa de seguir, com solicitudes maternais, Aquele que
foi o redentor dos homens!» 3 e 7
Muitas são as histórias que envolvem a ação de Maria de Nazaré em benefício
dos que sofrem. No livro Ação e reação, André Luiz relata o caso de uma
senhora que orava fervorosamente, rogando a proteção de Maria de Nazaré
pelos filhos transviados. O instrutor Silas, citado na referida obra explica a André
Luiz: «[...] Petições semelhantes a esta elevam-se a planos superiores e ai são
acolhidas pelos emissários da Virgem de Nazaré, afim de serem examinadas e
atendidas, conforme o critério da verdadeira sabedoria.» 8
Em diversas obras os Espíritos superiores fazem referência à dedicação
de Maria aos sofredores. Lembramos, a propósito, a reverência que o Espírito
Bittencourt Sampaio faz à mãe de Jesus em tocante oração:
Anjo dos bons e Mãe dos pecadores,
Enquanto ruge o mal, Senhora, enquanto
Reina a sombra da angústia, abre o teu manto,
Que agasalha e consola as nossas dores.
Nos caminhos do mundo, há treva e pranto.
No infortúnio dos homens sofredores,
Volve à Terra ferida de amargores
O teu olhar imaculado e santo!
Ó Rainha dos anjos, meiga e pura,
Estende tuas mãos à desventura
E ajuda-nos, ainda, Mãe piedosa!
Conduze-nos às bênçãos do teu porto
E salva o mundo em guerra e desconforto,
Clareando-lhe a noite tormentosa... 13
88
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. ANUÁRIO ESPÍRITA. Diversos Autores. Ano XXIII, nº 23. Araras: IDE,
1986. Item: Fatos mediúnicos (Notícias de Maria, mãe de Jesus), p. 13.
2. ______. p. 14.
3. ______. p. 18.
4. DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Vol. 1: As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzger e Michael D. Coogan. Tradução de Maria Luiza X. de A.
Borges. Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 2002, p. 195.
5. ______. p. 195-196.
6. ______. p. 196.
7. PEREIRA, Yvone A. Memórias de um suicida. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2003. Cap. 3 (No hospital «Maria de Nazaré»), item: Departamento de
vigilância, p. 57.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Ação e reação. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2004. Cap. 11 (O templo e o parlatório), p. 200-201.
9. ______. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 35. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 30 (Maria), p. 196-197.
10. ______. p. 198.
11. ______. p. 201-202.
12. ______. p. 204-205.
13. ______. Mãe. Diversos Espíritos. 3. ed. Matão, SP. Casa Editora O Clarim.
1974. Item: Súplica à Mãe Santíssima, p. 43.
14. ______. Pão nosso. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 121 (Monturo), p. 257-258.
15. ______. Religião dos espíritos. 19. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Item: A
mulher ante o Cristo, p. 132.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 2 - Maria, mãe de Jesus
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Promover uma ampla troca de idéias com os
participantes, destacando a excelsitude do Espírito
de Maria, mãe de Jesus.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O Espiritismo é uma religião?(...)"No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza...." (...)Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem". ...

O Espiritismo é uma religião?
Allan Kardec
“[...] Todas as reuniões religiosas, seja qual for o culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; com efeito, é aí que podem e devem exercer a sua força, porque o objetivo deve ser a libertação do pensamento das amarras da matéria. Infelizmente, a maioria se afasta deste princípio à medida que a religião se torna uma questão de forma. Disto resulta que cada um, fazendo seu dever consistir na realização da forma, se julga quites com Deus e com os homens, desde que praticou uma fórmula. Resulta ainda que cada um vai aos lugares de reuniões religiosas com um pensamento pessoal, por sua própria conta e, na maioria das vezes, sem nenhum sentimento de confraternidade em relação aos outros assistentes; fica isolado em meio à multidão e só pensa no céu para si mesmo.

Por certo não era assim que o entendia Jesus, ao dizer: “Quando duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome, aí estarei entre elas.” Reunidos em meu nome, isto é, com um pensamento comum; mas não se pode estar reunido em nome de Jesus sem assimilar os seus princípios, sua doutrina. Ora, qual é o princípio fundamental da doutrina de Jesus? A caridade em pensamentos, palavras e ações. Mentem os egoístas e os orgulhosos, quando se dizem reunidos em nome de Jesus, porque Jesus não os conhece por seus discípulos.

[...} Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção larga e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunhão de sentimentos, de princípios e de crenças; consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e formulados em dogmas ou artigos de fé. É nesse sentido que se diz: a religião política; entretanto, mesmo nesta acepção, a palavra religião não é sinônima de opinião; implica uma idéia particular: a de fé conscienciosa; eis por que se diz também: a fé política. Ora, os homens podem filiar-se, por interesse, a um partido, sem ter fé nesse partido, e a prova é que o deixam sem escrúpulo, quando encontram seu interesse alhures, ao passo que aquele que o abraça por convicção é inabalável; persiste à custa dos maiores sacrifícios, e é a abnegação dos interesses pessoais a verdadeira pedra-de-toque da fé sincera. Todavia, se a renúncia a uma opinião, motivada pelo interesse, é um ato de desprezível covardia, é, não obstante, respeitável, quando fruto do reconhecimento do erro em que se estava; é, então, um ato de abnegação e de razão. Há mais coragem e grandeza em reconhecer abertamente que se enganou, do que persistir, por amor-próprio, no que se sabe ser falso, e para não se dar um desmentido a si próprio, o que acusa mais obstinação do que firmeza, mais orgulho do que razão, e mais fraqueza do que força. É mais ainda: é hipocrisia, porque se quer parecer o que não se é; além disso é uma ação má, porque é encorajar o erro por seu próprio exemplo.

O laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é, pois, essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos, as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao espírito. O efeito desse laço moral é o de estabelecer entre os que ele une, como conseqüência da comunhão de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência mútuas. É nesse sentido que também se diz: a religião da amizade, a religião da família.

Se é assim, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem dúvida, senhores! No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos vangloriamos por isto, porque é a doutrina que funda os vínculos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.

Por que, então, temos declarado que o Espiritismo não é uma religião? Em razão de não haver senão uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; porque desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí mais que uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes a opinião se levantou.

Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis por que simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.

As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa; pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que, por isto, sejam tomadas por assembléias religiosas. Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão não provém senão da falta de uma palavra para cada idéia.

Qual é, pois, o laço que deve existir entre os espíritas? Eles não estão unidos entre si por nenhum contrato material, por nenhuma prática obrigatória. Qual o sentimento no qual se deve confundir todos os pensamentos? É um sentimento todo moral, todo espiritual, todo humanitário: o da caridade para com todos ou, em outras palavras: o amor do próximo, que compreende os vivos e os mortos, pois sabemos que os mortos sempre fazem parte da Humanidade.

A caridade é a alma do Espiritismo; ela resume todos os deveres do homem para consigo mesmo e para com os seus semelhantes, razão por que se pode dizer que não há verdadeiro espírita sem caridade.

Mas a caridade é ainda uma dessas palavras de sentido múltiplo, cujo inteiro alcance deve ser bem compreendido; e se os Espíritos não cessam de pregá-la e defini-la, é que, provavelmente, reconhecem que isto ainda é necessário.

O campo da caridade é muito vasto; compreende duas grandes divisões que, em falta de termos especiais, podem designar-se pelas expressões Caridade beneficente e caridade benevolente. Compreende-se facilmente a primeira, que é naturalmente proporcional aos recursos materiais de que se dispõe; mas a segunda está ao alcance de todos, do mais pobre como do mais rico. Se a beneficência é forçosamente limitada, nada além da vontade poderia estabelecer limites à benevolência.

O que é preciso, então, para praticar a caridade benevolente? Amar ao próximo como a si mesmo. Ora, se se amar ao próximo tanto quanto a si, amar-se-o-á muito; agir-se-á para com outrem como se quereria que os outros agissem para conosco; não se quererá nem se fará mal a ninguém, porque não quereríamos que no-lo fizessem.
Amar ao próximo é, pois, abjurar todo sentimento de ódio, de animosidade, de rancor, de inveja, de ciúme, de vingança, numa palavra, todo desejo e todo pensamento de prejudicar; é perdoar aos inimigos e retribuir o mal com o bem; é ser indulgente para as imperfeições de seus semelhantes e não procurar o argueiro no olho do vizinho, quando não se vê a trave no seu; é esconder ou desculpar as faltas alheias, em vez de se comprazer em as pôr em relevo, por espírito de maledicência; é ainda não se fazer valer à custa dos outros; não procurar esmagar ninguém sob o peso de sua superioridade; não desprezar ninguém pelo orgulho. Eis a verdadeira caridade benevolente, a caridade prática, sem a qual a caridade é palavra vã; é a caridade do verdadeiro espírita, como do verdadeiro cristão; aquela sem a qual aquele que diz: Fora da caridade não há salvação, pronuncia sua própria condenação, tanto neste quanto no outro mundo.

[...] Crer num Deus Todo-Poderoso, soberanamente justo e bom; crer na alma e em sua imortalidade; na preexistência da alma como única justificação do presente; na pluralidade das existências como meio de expiação, de reparação e de adiantamento intelectual e moral; na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos; na felicidade crescente com a perfeição; na eqüitativa remuneração do bem e do mal, segundo o princípio: a cada um segundo as suas obras; na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores nem privilégios para nenhuma criatura; na duração da expiação limitada à da imperfeição; no livre-arbítrio do homem, que lhe deixa sempre a escolha entre o bem e o mal; crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível; na solidariedade que religa todos os seres passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados; considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterno; aceitar corajosamente as provações, em vista de um futuro mais invejável que o presente; praticar a caridade em pensamentos, em palavras e obras na mais larga acepção do termo; esforçar-se cada dia para ser melhor que na véspera, extirpando toda imperfeição de sua alma; submeter todas as crenças ao controle do livre-exame e da razão, e nada aceitar pela fé cega; respeitar todas as crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém; ver, enfim, nas descobertas da Ciência, a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus: eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que pode conciliar-se com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar a Deus. É o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos, esperando que ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal.

Com a fraternidade, filha da caridade, os homens viverão em paz e se pouparão males inumeráveis, que nascem da discórdia, por sua vez filha do orgulho, do egoísmo, da ambição, da inveja e de todas as imperfeições da Humanidade.

O Espiritismo dá aos homens tudo o que é preciso para a sua felicidade aqui na Terra, porque lhes ensina a se contentarem com o que têm. Que os espíritas sejam, pois, os primeiros a aproveitar os benefícios que ele traz, e que inaugurem entre si o reino da harmonia, que resplandecerá nas gerações futuras.
[...]

>    (Texto de Allan Kardec lido na Sessão Anual Comemorativa dos Mortos, no dia 1º. de novembro de 1868. Transcrição parcial, Revue Spirite, dezembro de 1868).

Site:arevistaespirita.com.br

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita(FEB)- Livro 1-Roteiro: Cristianismo e Espiritismo- Módulo 2 -O Cristianismo

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
1
Objetivos
• Elaborar uma síntese histórica a respeito das previsões da
vinda do Cristo, do seu nascimento e da sua infância.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Além das afirmações de Jesus e da opinião dos apóstolos, há um testemunho cujo
valor os crentes mais ortodoxos não poderiam contestar, pois que o apontam
constantemente como artigo de fé: é o próprio Deus, isto é, o dos profetas falando
por inspiração e anunciando a vinda do Messias. Allan Kardec, Obras póstumas.
Primeira parte. Item 7, Predição dos profetas com relação a Jesus.
• E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria,
que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador,
que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: achareis, o menino envolto em
panos e deitado numa manjedoura. E no mesmo instante, apareceu com o anjo
uma multidão de exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo: «Glória a Deus
nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!» Lucas, 2:10-14.
• E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de
Deus estava sobre ele. Lucas, 2:40.

NASCIMENTO E INFÂNCIA DE JESUS
70
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Previsões sobre a vinda de Jesus
O estudo dos fatos históricos, relacionados às previsões da vinda do Cristo,
tem como base as afirmações de Jesus e a opinião dos apóstolos. Há, porém,
«[...] um testemunho cujo valor os crentes mais ortodoxos não poderiam contestar,
pois que o apontam constantemente como artigo de fé: é o do próprio
Deus, isto é, o dos profetas falando por inspiração e anunciando a vinda do
Messias». 1
No Velho Testamento encontramos algumas profecias que anunciam o
advento do Cristo. Citaremos algumas:
• Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o
teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre e montado sobre um jumento, sobre um
asninho, filho de jumenta; [...] e ele anunciará paz às nações; e o seu domínio
se estenderá de um mar a outro mar e desde o rio até às extremidades da terra.
(Zacarias, 9:9-10)
• Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela
procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe
e destruirá todos os filhos de Sete. (Números, 24:17)
• Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá
e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. (Isaías, 7:14)
• Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está
sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte,
Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 1
71
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infância de Jesus
venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer
e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do
Senhor dos Exércitos fará isto. (Isaías, 9:6-7)
Dele asseveraram os profetas de Israel, muito tempo antes da manjedoura e do calvário:
— “levantar-se-á como arbusto verde, vivendo na ingratidão de um solo árido, onde não
haverá graça nem beleza. Carregado de opróbrios e desprezado dos homens, todos lhe
voltarão o rosto. Coberto de ignomínias, não merecerá consideração. É que Ele carregará
o fardo pesado de nossas culpas e de nossos sofrimentos, tomando sobre si todas as nossas
dores. Presumireis na sua figura um homem vergando ao peso da cólera de Deus, mas
serão os nossos pecados que o cobrirão de chagas sanguinolentas e as sua feridas hão de
ser a nossa redenção. Somos um imenso rebanho desgarrado, mas, para nos reunir no
caminho de Deus, Ele sofrerá o peso das nossas iniqüidades.” [...]. 10
Confirmando as profecias, Jesus nasceu na Terra, em um ambiente de lutas
e conspirações. Viveu na Palestina durante o reinado de Herodes Antipas (4
a.C. - 37 d.C.), – filho de Herodes, o Grande, e de Maltace –, era também irmão
de Arquelau, nomeado tetrarca da Galiléia e da Peréia, em 4 a.C. Depois que
Arquelau foi deposto, «[...] Antipas recebeu o título dinástico Herodes, que
tinha grande significação internamente e em Roma.» 2
O nascimento de Jesus está também previsto no Novo Testamento.
E, no sexto mês [de gravidez de Isabel, mãe de João Batista e prima de Maria Santíssima],
foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma
virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem
era Maria. E, entrando o anjo onde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo;
bendita és tu entre as mulheres. E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras e
considerava que saudação seria esta. Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque
achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás, e darás à luz um filho,
e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o
Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e
o seu Reino não terá fim. E disse Maria ao anjo: Como se fará isso, visto que não conheço
varão? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que também o Santo, que de ti há de nascer,
será chamado Filho de Deus. E eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em
sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril. Porque para Deus
nada é impossível. Disse, então, Maria: Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim
segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela. (Lucas, 1:26-38)
Os textos evangélicos informam que confirmada a gravidez de Maria,
ela resolve fazer uma visita à sua prima Isabel, que também estava grávida no
72
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infância de Jesus
segundo trimestre de gestação.
E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de
Judá, e entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel. E aconteceu que, ao ouvir Isabel a
saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo,
e exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto
do teu ventre! E de onde me provém isso a mim, que venha visitar-me a mãe do meu
Senhor? Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha
saltou de alegria no meu ventre. (Lucas, 1:39-44)
2. O nascimento de Jesus
A gestação de Maria aproximava-se do final quando o Imperador César
Augusto ordenou se realizasse o recenseamento do povo judeu.
E aconteceu, naqueles dias, que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo
o mundo se alistasse. (Este primeiro alistamento foi feito sendo Cirênio, governador da
Síria). E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade. E subiu da Galiléia também
José, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi chamada Belém (porque era da
casa e família de Davi), a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida.
E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E
deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura,
porque não havia lugar para eles na estalagem. (Lucas, 2:1-7)
O momento do nascimento de Jesus foi percebido por pastores que se
encontravam nas proximidades de Belém.
Ora, havia, naquela mesma comarca, pastores que estavam no campo e guardavam durante
as vigílias da noite o seu rebanho. E eis que um anjo do Senhor veio sobre eles, e
a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse:
Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo,
pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos
será por sinal: achareis o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. E, no
mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a
Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!
E aconteceu que, ausentando-se deles os anjos para o céu, disseram os pastores uns aos
outros: Vamos, pois, até Belém e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos fez saber.
E foram apressadamente e acharam Maria, e José, e o menino deitado na manjedoura. E,
vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita. (Lucas, 2:8-17)
Jesus nos fornece inestimável lição quando escolhe a manjedoura como
local do seu nascimento.
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infância de Jesus
A manjedoura assinalava o ponto inicial da lição salvadora do Cristo, como a dizer
que a humildade representa a chave de todas as virtudes. Começava a era definitiva da
maioridade da Humanidade terrestre, de vez que Jesus, com a sua exemplificação divina,
entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações. 8
Os textos sagrados nos relatam como ocorreu o nascimento de Jesus e as
primeiras implicações daí decorrentes.
E, tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos
vieram do Oriente a Jerusalém, e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos
judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo. E o rei Herodes,
ouvindo isso, perturbou-se, e toda a Jerusalém, com ele. E, congregados todos os príncipes
dos sacerdotes e os escribas do povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. E eles
lhe disseram: Em Belém da Judéia, porque assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém,
terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as capitais de Judá, porque de ti sairá
o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel. (Mateus, 2:1-6)
A presença dos magos em Jerusalém, à procura do Messias aguardado,
provocou temor ao rei Herodes, supondo que poderia ser despojado do cargo.
«Com isto, Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com
precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera. E, enviando-os a Belém,
disse-lhes: Ide informar-vos cuidadosamente a respeito do menino; e, quando o
tiverdes encontrado, avisai-me, para eu também ir adorá-lo.» (Mateus, 2:7-8)
Os magos seguiram, então, para Belém.
E, tendo eles ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto no Oriente ia
adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. E, vendo
eles a estrela, alegraram-se muito com grande júbilo. E, entrando na casa, acharam o
menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros,
lhe ofertaram dádivas: ouro, incenso e mirra. E, sendo por divina revelação avisados em
sonhos para que não voltassem para junto de Herodes, partiram para a sua terra por
outro caminho. (Mateus, 2:9-12)
Percebe-se claramente que os sábios do Oriente, ou magos, desconheciam
as profecias no Velho Testamento sobre a vinda e local de nascimento
de Jesus.
A tradição da existência dos três magos baseia-se em seus três presentes: ouro, olíbano
(espécie de incenso feito de resina aromática) e mirra (ungüento usado como balsâmico e
em perfumes). Como são guiados por uma estrela, os magos parecem ter sido astrólogos,
possivelmente da Pérsia. Magos, como são chamados, é o plural de magus, palavra grega
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infância de Jesus
para feiticeiro ou mágico. Só muito tempo depois, foram os sábios chamados de reis e
receberam os nomes de Gaspar, Melquior e Baltazar. 4
Após a partida dos magos, José recebe em sonho a visita do Anjo do
Senhor, que lhe adverte:
Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito, e demora-te lá até que eu
te diga, porque Herodes há de procurar o menino para o matar. E, levantando-se ele,
tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o Egito. E esteve lá até à morte de Herodes,
para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do
Egito chamei o meu Filho. Então, Herodes, vendo que tinha sido iludido pelos magos,
irritou-se muito e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todos os
seus contornos, de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira
dos magos. (Mateus, 2:13-16)
A matança das crianças foi uma entre muitas atitudes insanas de Herodes.
Ávido pelo poder e pelos benefícios materiais, não vacilou em praticar
ações criminosas, ignorando que, em conseqüência, enfrentaria nas futuras
reencarnações dolorosos processos reparadores, assinalados pela lei de causa
e efeito.
Em relação às origens familiares de Jesus, o evangelista Mateus elaborou
uma genealogia que, partindo de Abraão, soma-se 42 gerações até José.
Mateus começa afirmando que Jesus é o Messias, ou Cristo, um título que significa
«o ungido». Este refere-se à acalentada esperança dos judeus de que um dia enviaria
um rei ungido, descendente do rei Davi, para restaurar Israel como nação e cumprir a
promessa feita por Deus de que a dinastia de Davi «será firme para sempre» (2 Samuel,
7:16). A primeira afirmação do Evangelho de Mateus é que na verdade Jesus cumpre
essa promessa feita há longa data: ele é o Messias.
Mateus teve que sacrificar um pouco a exatidão de sua genealogia, omitindo várias gerações
e incluindo alguns nomes duas vezes. Mas para o autor a importância simbólica
do padrão, expressando a verdade de que Deus se envolveu nos acontecimentos que
levaram ao nascimento de Jesus, era mais significativa do que a lista exata de nomes,
que, em sua maioria, qualquer pessoa poderia consultar nas genealogias do Primeiro
Livro das Crônicas. 5
Fato curioso é que as genealogias da época eram elaboradas a partir de
ancestrais do sexo masculino. Mateus, entretanto, introduz uma inovação
quando inclui na sua lista nomes das mulheres Tamar, Raab, Rute e Betsabée,
esposa de Urias. Tal fato se revela especialmente singular porque essas
mulheres não eram israelitas. 5
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infância de Jesus
Lucas refere-se às particularidades que rodearam o seu nascimento [de Jesus] em Belém
de Judá, num estábulo abandonado, tendo por berço tosca e rude manjedoura. Marcos
apresenta o Mestre já em contato com o Batista, iniciando a sua missão exemplificadora.
João deixa de parte tudo o que se liga à parte material com que o Messias se apresenta
no cenário do mundo, para considerar o seu Espírito, isto é, o «ser» propriamente dito,
sede da inteligência, do sentimento e de todas as faculdades psíquicas, dizendo: «No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.» [João, 1:1) Verbo
é a palavra por excelência, visto que anuncia ação. Jesus é Verbo, paradigma por onde
todos os verbos serão conjugados. É o modelo, é o exemplo, é o caminho cujo percurso
encerra o destino de toda a infinita criação. 6
A história da Humanidade terrestre está dividida em dois grandes períodos:
antes e depois do Cristo, indicativos de que, com Jesus, o ser humano inicia,
efetivamente, a sua caminhada evolutiva em termos de aprendizado moral.
Com o nascimento de Jesus, há como que uma comunhão direta do Céu com a Terra.
Estranhas e admiráveis revelações perfumam as almas e o enviado oferece aos seres humanos
toda a grandeza do seu amor, da sua sabedoria e da sua misericórdia. 8
Ao término do reinado de Herodes Antipas, Maria, José e Jesus retornam
do Egito, onde se haviam refugiado.
Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José, no Egito,
dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel, porque já
estão mortos os que procuravam a morte do menino. Então, ele se levantou, e tomou
o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel. E, ouvindo que Arquelau reinava na
Judéia em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá; mas, avisado em sonhos por divina
revelação, foi para as regiões da Galiléia. E chegou e habitou numa cidade chamada
Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno.
(Mateus, 2:19-23)
3. A infância de Jesus
A infância de Jesus é marcada por percepções e revelações mediúnicas.
Anteriormente, antes do seu nascimento, foram assinalados os sonhos de
José e a aparição do anjo a Maria, anunciando-lhe a vinda do Senhor. Outros
acontecimentos merecem destaque, como os que se seguem:
• E, quando os oito dias foram cumpridos para circuncidar o menino, foilhe
dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.
(Lucas, 2:21)
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
• E, cumprindo-se os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, o
levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor. Havia em Jerusalém
um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus,
esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E fora-lhe
revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ter visto o Cristo do
Senhor. E, pelo Espírito, foi ao templo e, quando os pais trouxeram o menino
Jesus, para com ele procederem segundo o uso da lei, ele, então, o tomou em
seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, podes despedir em paz o
teu servo, segundo a tua palavra, pois já os meus olhos viram a tua salvação, a
qual tu preparaste perante a face de todos os povos, luz para alumiar as nações
e para glória de teu povo Israel. (Lucas, 2:22; 25-32).
• De modo semelhante, Ana, profetiza de idade avançada que vivia no
Templo, deu graças a Deus quando viu Jesus, afirmando ser ele o que todos
esperavam para a redenção de Jerusalém. (Lucas, 2:36-37)
A despeito da indiferença ou das críticas ferinas que o Cristo e os seus
auxiliares diretos têm recebido, ao longo dos séculos, sabemos que o amor do
Senhor por todos nós está acima dessas pequenas questões. Cedo ou tarde a
Humanidade reconhecerá a excelsitude do seu Espírito, o seu extremado amor
e a sua orientação maior. A propósito esclarece Emmanuel:
Debalde os escritores materialistas de todos os tempos vulgarizaram o grande acontecimento,
ironizando os altos fenômenos mediúnicos que o precederam. As figuras de
Simeão, Ana, Isabel, João Batista, José, bem como a personalidade sublimada de Maria,
têm sido muitas vezes objeto de observações injustas e maliciosas; mas a realidade
é que somente com o concurso daqueles mensageiros da Boa-Nova, portadores da
contribuição de fervor, crença e vida, poderia Jesus lançar na Terra os fundamentos da
verdade inabalável. 7
Aos doze anos Jesus surpreende a todos, inclusive aos seus pais, quando
dialoga com os doutores da Lei.
• Ora, todos os anos, iam seus pais a Jerusalém, à Festa da Páscoa. E, tendo
ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa. E,
regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalém,
e não o souberam seus pais. Pensando, porém, eles que viria de companhia
pelo caminho, andaram caminho de um dia e procuravam-no entre os parentes
e conhecidos. E, como o não encontrassem, voltaram a Jerusalém em busca
dele. E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no
meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infância de Jesus
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infância de Jesus
admiravam a sua inteligência e respostas. (Lucas, 2:41-47)
«E sua mãe guardava no coração todas essas coisas. E crescia Jesus em
sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.» (Lucas,
2:51-52)
Permanece a incógnita, para os historiadores e para todos nós, os acontecimentos
da vida de Jesus ocorridos entre os seus 13 e 30 anos de idade. Existem
muitas especulações, mas sem nenhuma comprovação efetiva.
Há [...] quem o veja entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo
de amor e de redenção. As próprias esferas mais próximas da Terra, que pela
força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens que do sincero
aprendizado dos espíritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditórias
da Humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas. O Mestre, porém,
não obstante a elevada cultura das escolas essênicas, não necessitou da sua contribuição.
Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que
o planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio. 9
Em todos os momentos da vida do Cristo, um fato se evidencia: ele sempre
dá «a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.» (Mateus, 22:21) Neste
sentido, submete-se ao batismo proposto por João Batista.
Então, veio Jesus da Galiléia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas
João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? Jesus, porém,
respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça.
Então, ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram
os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma
voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. [...] Jesus, porém,
ouvindo que João estava preso, voltou para a Galiléia. E, deixando Nazaré, foi habitar em
Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali, para que se cumprisse o
que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: A terra de Zebulom e a terra de Naftali, junto ao
caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia das nações, o povo que estava assentado em
trevas viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz
raiou. Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o
Reino dos céus. (Mateus, 3:13-17; 4:12-17).
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 38. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2006. Primeira parte, Item 7: Predição dos profetas com
relação a Jesus, p. 145.
2. DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Vol. 1. As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzer e Michael D. Coogan. Tradução de Maria Luiza X. de A.
Borges. Jorge Zahar: Rio de Janeiro, 2002, p. 112.
3. FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues.
4. ed. Salvador [BA]: LEAL, 1987. Item: Respingos históricos, p.
20-21.
4. SELEÇÕES DO Reader´s Digest. Guia completo da Bíblia: as sagradas escrituras
comentadas e ricamente ilustradas. Tradução de Alda Porto... [et
al.] Rio de Janeiro: Reader´s Digest, 2003, p. 312.
5. ______. p. 313.
6. VINICIUS. Na seara do mestre. 9. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000. Cap. No
princípio era o Verbo, p. 177.
7. XAVIER, Francisco Cândido. Antologia mediúnica de natal. Por diversos
Espíritos. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 69 (A Vinda de Jesus -
mensagem do Espírito Emmanuel), p. 190.
8. ______. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 33. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 12 (A vinda de Jesus), item: A manjedoura, p. 105.
9. ______. Item: O Cristo e os essênios, p. 106.
10. ______. Item: O cumprimento das profecias de Israel, p. 10.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 1 - Nascimento e infância de Jesus
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Realizar breve exposição introdutória do assunto,
seguida de trabalho em grupo, focalizando o
estudo dos seguintes itens: a) as previsões da vinda
do Cristo; b) o nascimento de Jesus; c) a infância
de Jesus; d) o início da missão de Jesus.