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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

JESUS EM CASA




Emmanuel

O lar é o santuário em que a bondade de Deus te situa. Dentro dele, nos fios da consangüinidade, recebes o teu primeiro mandato de serviço cristão.
É aí que te avistas com o adversário de ontem, convertido em parente próximo, e que retomas o contato de afeições queridas que o tempo não apagou...
O mundo é a grande ribalta dos teus ideais e convicções, mas o lar é o espelho para os testemunhos de tua fé.
Não olvides a necessidade de Cristo no cenáculo de amor em que te refugias.
Escolhes alguns minutos por semana e reúne-te com os laços domésticos que te possam acompanhar no cultivo da lição de Jesus.
Quanto seja possível, na mesma noite e no mesmo horário, faze teu círculo íntimo de meditação e de estudo.
Depois da prece com que nos cabe agradecer ao Senhor o pão da alma , abre as páginas do Evangelho e lê, em voz alta, algum dos seus trechos de verdade e consolo para o que receberás a inspiração dos Amigos Espirituais que te assistem.
Não é necessário a leitura por mais de dez minutos.
Em seguida, na intimidade da palavra livre e sincera, todos os companheiros devem expor suas dúvidas, seus temores e dificuldades sentimentais.
Através da conversação edificante, emissários da Esfera Superior distribuirão idéias e forças, em nome do Cristo, para que horizontes novos iluminem o espírito de cada um.
Aprenderás que semelhante prática vale por visita de nossos corações ao Eterno Benfeitor, que nos tomará o esforço por trilho de acesso à Sua Divina Luz, transformando-nos o culto da Boa Nova em fonte de bênçãos, dissolvendo em nosso campo de trabalho todas as sombras da discórdia e da ignorância, do desequilíbrio e da irritação.
Dizes-te amigo de Cristo, afirmas-te seguidor de Cristo e clamas, com razão, que Cristo é o caminho redentor da Terra, mas não te esqueças de erigir-lhe assento constante a mesa do próprio lar, para que a luz do Evangelho se te faça vida e alegria no coração.

Espírito: Emmanuel  Psicografia: Francisco Cândido Xavier Livro: Família

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A PRECE REFRATADA : “– A prece refratada é aquela cujo impulso luminoso teve a sua direção desviada, passando a outro objetivo(...) a súplica que não age pode ser uma flor sem perfume"


 Revista O Reformador



JOSÉ JORGE
 
Setembro de 2000 

"A prece é uma elevação da alma até Deus, ou um ato de amor e adoração
para com Aquele a quem se deve esta maravilha a que se chama vida.”1*

“A verdadeira oração representa um estado místico em que a consciência
se absorve em Deus.”2*

“Para orar, basta somente o esforço de nos elevarmos até Deus; tal esforço, porém, deve ser afetivo e não intelectual.”3*

“Segundo São Luiz Gonzaga, o cumprimento do dever é equivalente à oração.”4*

“A oração feita por outrem é sempre mais fecunda do que a feita pela própria
pessoa.”5*

Léon Denis assim se manifesta sobre a oração:
“Orar é voltar-se para o Ser eterno, é expor-lhe nossos pensamentos e nossas
ações, para os submeter à sua Lei e fazer da sua vontade a regra de nossa
vida; é achar, por esse meio, a paz do coração, a satisfação da consciência.”6*

É ainda Léon Denis quem diz:
“Seria um erro julgar que tudo podemos obter pela prece, que sua eficácia implique em desviar as provações inerentes à vida. A lei de imutável justiça não se curva aos nossos caprichos. Os males que desejaríamos afastar de nós são, muitas vezes, a condição necessária ao nosso progresso.”7*

Jesus valorizava a oração e, por muitas vezes, deu o exemplo, também orando. É só consultarmos:
Mateus: 14:23; 26:39; 26:42; 26:44. Marcos: 1:35; 6:46; 14:32; 14:35. Lucas:3:21; 5:16; 6:12; 9:18; 9:28; 9:29; 22:41 e 44. João: 12:27-28 e 17:1-26.

A oração pode ser para um pedido, um agradecimento ou uma glorificação.
As preces de glorificação são as de mais alto grau, pois reconhecem o Amor e a Justiça de Deus. São próprias dos Espíritos mais evoluídos.

Em “O Livro dos Espíritos”, questões 658 a 666, encontramos vários ensinamentos
sobre a prece:
“O essencial não é orar muito, mas orar bem.” (660.)
“A prece não esconde as faltas.” É preciso mudar de proceder. (661.) A prece torna mais suportáveis nossas provas, mas não as evita. (663.)

A prece pelos mortos e pelos sofredores não muda os desígnios de Deus, mas dá alívio. (664.)

Existe, ainda, um tipo de prece bem diferente das conhecidas:
a Prece Refratada.
A refração é uma lei física que consiste no desvio que os raios de luz, calor ou som sofrem em sua direção, quando passam de um meio para outro, isto é, mudam de direção quando encontram um meio diferente durante seu percurso.
André Luiz nos dá uma interessante explicação sobre a Prece Refratada.
Num diálogo entre Hilário e Clarêncio, este lhe fala da referida prece.
Curioso, Hilário lhe pede maiores esclarecimentos que Clarêncio prontamente transmite:
“– A prece refratada é aquela cujo impulso luminoso teve a sua direção
desviada, passando a outro objetivo.”8*
Mais adiante, Clarêncio ilustra sua explicação: “(...) Evelina recorre ao espírito materno que não se encontra em condições de escutá-la, mas a solicitação
não se perde... Desferida em elevada freqüência, a súplica de nossa irmãzinha
vara os círculos inferiores e procura o apoio que lhe não faltará.”9*

Noutro trecho, esclarece ainda o autor:
“(...) a súplica que não age pode ser uma flor sem perfume. Peçamos o socorro do Senhor, algo realizando para contribuir em seu apostolado divino...”10* 

Referências Bibliográficas:

1. CARREL, Alexis, A Oração, Livraria Tavares Martins, Porto, 1945.
2. Idem, p. 17.
3. Idem, p. 19.
4. Idem, p. 20.
5. Idem, p. 35.
6. DENIS Léon, O Grande Enigma. Rio de Janeiro: FEB. 11. ed. 1999, cap. VII, p. 98.
7. DENIS Leon. Depois da Morte. Rio de Janeiro: FEB. 20. ed. 1997, cap. LI, p. 297.
8. XAVIER Francisco Cândido. (André Luiz). Entre a Terra e o Céu. Rio de Janeiro: FEB, 17. ed.
FEB 1997, cap. II, p. 14.
9. Idem, p. 16.
10. Idem, cap. XXV, p. 157.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ADVENTO DO ESPÍRITO DE VERDADE

Evangelho Segundo o Espiritismo.
Cap. 6

8. Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha
pedem. Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte, junto
de cada lágrima colocou ele um bálsamo que consola. A
abnegação e o devotamento são uma prece contínua e encerram
um ensinamento profundo. A sabedoria humana
reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos
sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem
contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste
mundo vos cabem em partilha. Tomai, pois, por divisa estas
duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes,
porque elas resumem todos os deveres que a caridade e
a humildade vos impõem. O sentimento do dever cumprido
vos dará repouso ao espírito e resignação. O coração bate
então melhor, a alma se asserena e o corpo se forra aos
desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se
sente, quanto mais profundamente golpeado é o espírito. –
O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.)

O CÍRCULO DE ORAÇÃO


F.Labouriau
Noite de 11 de agosto de 1955.
Em finalizando as nossas tarefas no socorro aos sofredores desencarnados, comparece o irmão José Xavier que nos recomenda fraternalmente:
- Solicitamos dos companheiros alguns momentos de acurada meditação para articularmos
com mais segurança o “tono vibratório” de nossa reunião, porque, hoje, um novo amigo, o Professor Labouriau, ocupará o canal mediúnico, a fim de expressar-se quanto ao valor de um círculo de oração.   
Com efeito, daí a instantes transfigura-se o médium.
A entidade comunicante senhoreira-lhe todas as forças. Levanta-se. Fala-nos à maneira de um preceptor interessado na educação dos aprendizes. E transmite-nos o fulgurante estudo que oferecemos neste capítulo.
 
Comentemos a importância de um círculo de oração nos serviços de assistência medianímica, como um aparelho acelerador de metamorfose espiritual.
Imaginemo-lo assim como um cíclotron da ciência atomística dos tempos modernos.
Os companheiros do grupo funcionam como eletroímãs, carregados de força magnética positiva, e negativa, constituindo uma corrente alternada de alta freqüência, através da qual o socorro do Plano Superior, transmitido por intermédio do dirigente físico, exterioriza-se como sendo um projetil de luz sobre o desencarnado em sombra que, simbolizando o núcleo atômico a ser atingido, permanece justaposto ao alvo mediúnico.
No bombardeio nuclear, sabemos que um próton, arremessado sobre o objetivo, imprime-lhe transformação compulsória à estrutura essencial.
Um átomo elevar-se-á na escala do sistema periódico, na medida das cargas dos corpúsculos que lhe forem agregados.
Assim sendo, a projeção de um próton sobre certa unidade química determina a subida de um ponto em sua posição na série estequiogenética.
A carga do único próton do núcleo do átomo de Hidrogênio, de número atômico 1, arrojada sobre o Lítio, cujo número atômico é 3, modificá-lo-á para Berílio, que tem número atômico 4; ou, sobre o Alumínio, de número atômico 13, alterá-lo-á para Silício, cujo número atômico é 14.
Nesse mesmo critério, a injeção de um núcleo de átomo de Hélio com seus dois prótons, de número atômico 2, sobre Berílio, de número atômico 4, adicionar-lhe-á dois pontos acima, convertendo-o em Carbono, cujo número atômico é 6.
Recorremos a figurações elementares do mundo químico para dizer que no círculo de oração o impacto das energias emitidas de nosso plano, através do orientador encarnado, em base de radiações por enquanto inacessíveis à perquirição terrestre, provoca sensíveis alterações na mente perturbada, conduzida à assistência cristianizadora.
Consciências estagnadas nas trevas da ignorância ou da insânia perversa, são trazidas à retorta mediúnica para receberem o bombardeio controlado de forças e idéias transformadoras que lhes renovam o campo íntimo, e, daí, nasce a guerra franca e sem quartel, declarada a todos os grupos respeitáveis do Espiritismo pelas Inteligências que influenciam na sombra e que fazem do vampirismo a sua razão de ser.
Todos vós, que recolhestes do Senhor os mandatos do esclarecimento, os recursos da mediunidade  e os títulos da cooperação, no trato com os reinos do Espírito, sabei que para conservardes um círculo de oração, equilibrado e seguro, é imprescindível pagar os mais altos tributos de sacrifício, porque, em verdade, retendes convosco poderosa máquina de transmutação espiritual, restaurando almas enfermas e transviadas em núcleo de ação eficiente, que vale por reduto precioso de operações da Esfera divina, no amparo às necessidades e problemas da Terra.
Unamo-nos, assim, no trabalho do Cristo, como obreiros da Grande Fraternidade, mantendo-nos diligentes e alertas, na batalha incessante do bem contra o mal em que devemos servir para a vitória da Luz.
 
 
Do livro Vozes do Grande Além. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

MESTRE E APRENDIZ


    
Espírito: EMMANUEL.
 
     ... E respondendo ao discípulo que lhe pedira ensinasse a orar, disse o Mestre generoso:
     Quando rogares amor, não abandones o próximo ao frio da indiferença.
     Quando suplicares o dom da fé viva, não relegue teu irmão à descrença ou à tortura mental.
     Quando pedires luz, não condenes teu companheiro à perturbação nas trevas.
     Quando solicitares a bênção da esperança, não espalhes o fel da desilusão.
     Quando implorares socorro, não olvides a assistência que deves aos mais necessitados.
     Quando rogares consolação, não veicules o desespero à margem do caminho.
     Quando pedires perdão, desculpa os que te ofendem.
     Quando suplicares justiça, em favor da própria segurança, não te descuides da harmonia de todos que precisas assegurar ao preço de tua renunciação e de tua humildade, a benefício dos que te cercam.
     Se reclamares pela claridade da paz, não entendas a sombra da discórdia; se pedires compreensão, não critiques; se aguardares concurso do Céu, não menosprezes a colaboração que o mundo te pede à boa vontade.
     Assim como fizeres aos outros, assim será feito a ti mesmo.
     Segundo plantares, colherás.
     Não olvides, assim, que a Vontade do Senhor é também a Lei Eterna e que tudo te responderá na vida, conforme os teus próprios apelos.
     Vai, pois, e, orando, perdoa e ajuda sempre!...
     Foi então que o aprendiz, reconhecendo que não basta simplesmente pedir para receber a felicidade, passou a construí-la através do serviço à felicidade dos outros, compreendendo, por fim, que somente pelo trabalho incessante no bem poderia orar em perfeita comunhão com a Bondade de Deus.
 
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

COMUNHÃO COM DEUS




Irmão X - Humberto de Campos
As elucidações do Mestre, relativamente à oração, sempre encontravam nos discípulos certa perplexidade, quase que invariavelmente em virtude das idéias novas que continham, acerca da concepção de Deus como Pai carinhoso e amigo. Aquela necessidade de comunhão com o seu amor, que Jesus não se cansava de salientar, lhes aparecia como problema obscuro, que o homem do mundo não conseguiria realizar.
A esse tempo, os essênios constituíam um agrupamento de estudiosos das ciências da alma, caracterizando as suas atividades de modo diferente, porque sem públicas manifestações de seus princípios. Desejoso de satisfazer à curiosidade própria, João procurou conhecer-lhes, de perto, os pontos de vista, em matéria das relações da comunidade com Deus e, certo dia, procurou o Senhor, de modo a ouvi-lo mais amplamente sobre as dúvidas que lhe atormentavam o coração:
- Mestre - disse ele, solícito -, tenho desejado sinceramente compreender os meus deveres atinentes à oração, mas sinto que minh’alma está tomada de certas hesitações. Anseio por esta comunhão perene com o Pai; todavia, as idéias mais antagônicas se opõem aos meus desejos. Ainda agora, manifestando meu pensamento, acerca de minhas necessidades espirituais, a um amigo que se instrui com os essênios, asseverou-me ele que necessito compreender que toda edificação espiritual se deve processar num plano oculto. Mas, suas observações me confundiram ainda mais. Como poderei entender isso? Devo, então, ocultar o que haja de mais santo em meu coração?
O Messias, arrancado de suas meditações, respondeu com brandura:
- João, todas as dúvidas que te assaltam se verificam pelo motivo de não haveres compreendido, até agora, que cada criatura tem um santuário no próprio espírito, onde a sabedoria e o amor de Deus se manifestam, através das vozes da consciência. Os essênios levam muito longe a teoria do labor oculto, pois, antes de tudo, precisamos considerar que a verdade e o bem devem ser patrimônio de toda a Humanidade em comum. No entanto, o que é indispensável é saber dar a cada criatura, de acordo com as suas necessidades próprias. Nesse ponto, estão muito certos quanto ao zelo que os caracteriza, porque os ungüentos reservados a um ferido não se ofertam ao faminto que precisa de pão. Também eu tenho afirmado que não poderei ensinar tudo o que desejara aos meus discípulos, sendo compelido a reservar outras lições do Evangelho do Reino para o futuro, quando a magnanimidade divina permitir que a voz do Consolador se faça ouvir entre os homens sequiosos de conhecimento. Não tens observado o número de vezes em que necessito recorrer a parábolas para que a revelação não ofusque o entendimento geral? No que se refere à comunhão de nossas almas com Deus, não me esqueci de recomendar que cada espírito ore no segredo do seu íntimo, no silêncio de suas esperanças e aspirações mais sagradas. É que cada criatura deve estabelecer o seu próprio caminho para mais alto, erguendo em si mesma o santuário divino da fé e da confiança, onde interprete sempre a vontade de Deus, com respeito ao seu destino. A comunhão da criatura com o Criador é, portanto, um imperativo da existência e a prece é o luminoso caminho entre o coração humano e o Pai de infinita bondade.
O apóstolo escutou as observações do Mestre, parecendo meditar austeramente. Entretanto, obtemperou:
- Mas, a oração deve ser louvor ou súplica?
Ao que Jesus respondeu com bondade:
- Por prece devemos interpretar todo ato de relação entre o homem e Deus. Devido a isso mesmo, como expressão de agradecimento ou de rogativa, a oração é sempre um esforço da criatura em face da Providência Divina. Os que apenas suplicam podem ser ignorantes, os que louvam podem ser somente preguiçosos. Todo aquele, porém, que trabalha pelo bem, com as suas mãos e com o seu pensamento, esse é o filho que aprendeu a orar, na exaltação ou na rogativa, porque em todas as circunstâncias será fiel a Deus, consciente de que a vontade do Pai é mais justa e sábia do que a sua própria.
- E como ser leal a Deus, na oração? - interrogou o apóstolo, evidenciando as suas dificuldades intelectuais. - A prece já não representa em si mesma um sinal de confiança?
Jesus contemplou-o com a sua serenidade imperturbável e retrucou:
- Será que também tu não entendes? Não obstante a confiança expressa na oração e a fé tributada à providência superior, é preciso colocar acima delas a certeza de que os desígnios celestiais são mais sábios e misericordiosos do que o capricho próprio; é necessário que cada um se una ao Pai, comungando com a sua vontade generosa e justa, ainda que seja contrariado em determinadas ocasiões. Em suma, é imprescindível que sejamos de Deus. Quanto às lições dessa fidelidade, observemos a própria natureza, em suas manifestações mais simples. Dentro dela, agem as leis de Deus e devemos reconhecer que todas essas leis correspondem à sua amorosa sabedoria, constituindo-se suas servas fiéis, no trabalho universal. Já ouviste falar, alguma vez, que o Sol se afastou do céu, cansado da paisagem escura da Terra, alegando a necessidade de repousar? A pretexto de indispensável repouso, teriam as águas privado o globo de seus benefícios, em certos anos? Por desagradável que seja em suas características, a tempestade jamais deixou de limpar as atmosferas. Apesar das lamentações dos que não suportam a umidade, a chuva não deixa de fecundar a terra! João, é preciso aprender com as leis da natureza a fidelidade a Deus! Quem as acompanha, no mundo, planta e colhe com abundância. Observar a lealdade para com o Pai é semear e atingir as mais formosas searas da alma no infinito. Vê, pois, que todo o problema da oração está em edificarmos o reino do céu entre os sentimentos de nosso íntimo, compreendendo que os atributos divinos se encontram também em nós.
O apóstolo guardou aqueles esclarecimentos, cheio de boa vontade no sentido de alcançar a sua perfeita compreensão.
- Mestre - confessou, respeitoso -, vossas elucidações abrem uma estrada nova para minh’alma; contudo, eu vos peço, com a sinceridade da minha afeição, me ensineis, na primeira oportunidade, como deverei entender que Deus está igualmente em nós.
O Messias fixou nele o olhar translúcido e, deixando perceber que não poderia ser mais explícito com o recurso das palavras, disse apenas:
- Eu to prometo.
A conversação que vimos de narrar verificara-se nas cercanias de Jerusalém, numa das ausências eventuais do Mestre do círculo bem-amado de sua família espiritual em Cafarnaum.
No dia seguinte, Jesus e João demandaram Jericó, a fim de atender ao programa de viagem organizado pelo primeiro.
Na excursão a pé, ambos se entretinham em admirar as poucas belezas do caminho, escassamente favorecido pela Natureza. A paisagem era árida e as árvores existentes apresentavam as frondes recurvadas, entremostrando a pobreza da região, que não lhes incentivava o desenvolvimento.
Não longe de uma pequena herdade, o Mestre e o apóstolo encontraram um rude lavrador, cavando grande poço à beira do caminho. Bagas de suor lhe desciam da fronte; mas, seus braços fortes iam e vinham à terra, na ânsia de procurar o líquido precioso.
Ante aquele quadro, Jesus estacionou com o discípulo, a pretexto de breve descanso, e, revelando o interesse que aquele esforço lhe despertava, perguntou ao trabalhador:
- Amigo, que fazes?
- Busco a água que nos falta - redargüiu com um sorriso o interpelado.
- A chuva é assim tão escassa nestas paragens? - tornou Jesus, evidenciando afetuoso cuidado.
- Sim, nas proximidades de Jericó, ultimamente, a chuva se vem tornando uma verdadeira graça de Deus.
O homem do campo prosseguiu no seu trabalho exaustivo; mas, apontando para ele, o Messias disse a João, em tom amigo:
Este quadro da Natureza é bastante singelo; porém, é na simplicidade que encontramos os símbolos mais puros. Observa, João, que este homem compreende que sem a chuva não haveria mananciais na Terra; mas, não pára em seu esforço, procurando o reservatório que a Providência Divina armazenou no subsolo. A imagem é pálida; todavia, chega para compreenderes como Deus reside também em nós. Dentro do símbolo, temos de entender a chuva como o favor de sua misericórdia, sem o qual nada possuiríamos. Esta paisagem deserta de Jericó pode representar a alma humana, vazia de sentimentos santificadores. Este trabalhador simboliza o cristão ativo, cavando junto dos caminhos áridos, muitas vezes com sacrifício, suor e lágrimas, para encontrar a luz divina em seu coração. E a água é o símbolo mais perfeito da essência de Deus, que tanto está nos céus como na Terra.
O discípulo guardou aquelas palavras, sabendo que realizara uma aquisição de claridades imorredouras. Contemplou o grande poço, onde a água clara começava a surgir, depois de imenso esforço do humilde trabalhador que a procurava desde muitos dias, e teve nítida compreensão do que constituía a necessária comunhão com Deus. Experimentando indefinível júbilo no coração, tomou das mãos do Messias e as osculou, com a alegria do seu espírito alvoroçado. Confortado, como alguém que vencera grande combate íntimo, João sentiu que finalmente compreendera."

Do livro Boa Nova. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

  


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A RESPOSTA CELESTE

A  RESPOSTA  CELESTE
Neio Lúcio

Solicitando Bartolomeu esclarecimentos quanto às respostas do Alto às súplicas dos homens, respondeu Jesus para elucidação geral:
— Antigo instrutor dos Mandamentos Divinos ia em missão da Verdade Celeste, de uma aldeia para outra, profundamente distanciadas entre si, fazendo-se acompanhar de um cão amigo, quando anoiteceu, sem que lhe fosse possível prever o número de milhas que o separavam do destino.
Reparando que a solidão em plena Natureza era medonha, orou, implorando a proteção do Eterno Pai, e seguiu.
Noite fechada e sem luar, percebeu a existência de larga e confortadora cova, à margem da trilha em que avançava, e acariciando o animal que o seguia, vigilante, dispôs-se a deitar-se e dormir.
Começou a instalar-se, pacientemente, mas espessa nuvem de moscas vorazes o atacou, de chofre, obrigando-o a retomar o caminho.
O ancião continuou a jornada, quando se lhe deparou volumoso riacho, num trecho em que a estrada se bifurcava.
Ponte rústica oferecia passagem pela via principal, e, além dela, a terra parecia sedutora, porque, mesmo envolvida na sombra noturna, semelhava-se a extenso lençol branco.
O santo pregador pretendia ganhar a outra margem, arrastando o companheiro obediente, quando a ponte se desligou das bases, estalando e abatendo-se por inteiro.
Sem recursos, agora, para a travessia, o velhinho seguiu pelo outro rumo, e, encontrando robusta árvore, ramalhosa e acolhedora, pensou em abrigar-se, convenientemente, porque o firmamento anunciava a tempestade pelos trovões longínquos.
O vegetal respeitável oferecia asilo fascinante e seguro no próprio tronco aberto.
Dispunha-se ao refúgio, mas a ventania começou a soprar tão forte que o tronco vigoroso caiu, partido, sem remissão.
Exposto então à chuva, o peregrino movimentou-se para diante.
Depois de aproximadamente duas milhas, encontrou um casebre rural, mostrando doce luz por dentro, e suspirou aliviado.
Bateu à porta.
O homem ríspido que veio atender foi claro na negativa, alegando que o sítio não recebia visitas à noite e que não lhe era permitido acolher pessoas estranhas.
Por mais que chorasse e rogasse, o pregador foi constrangido a seguir além.
Acomodou-se, como pode, debaixo do temporal, nas cercanias da casinhola campestre; no entanto, a breve espaço, notou que o cão, aterrado pelos relâmpagos sucessivos, fugia a uivar, perdendo-se nas trevas.
O velho, agora sozinho, chorou angustiado, acreditando-se esquecido por Deus e passou a noite ao relento.
Alta madrugada, ouviu gritos e palavrões indistintos, sem poder precisar de onde partiam.
Intrigado, esperou o alvorecer e, quando o Sol ressurgiu resplandecente, ausentou-se do esconderijo, vindo a saber, por intermédio de camponeses aflitos, que uma quadrilha de ladrões pilhara a choupana onde lhe fora negado o asilo, assassinando os moradores.
Repentina luz espiritual aflorou-lhe na mente.
Compreendeu que a Bondade Divina o livrara dos malfeitores e que, afastando dele o cão que uivava, lhe garantira a tranqüilidade do pouso.
Informando-se de que seguia em trilho oposto à localidade do destino, empreendeu a marcha de regresso, para retificar a viagem, e, junto à ponte rompida, foi esclarecido por um lavrador de que a terra branca, do outro lado, não passava de pântano traiçoeiro, em que muitos viajores imprevidentes haviam sucumbido.
  O velho agradeceu o salvamento que o Pai lhe enviara e, quando alcançou a árvore tombada, um rapazinho observou-lhe que o tronco, dantes acolhedor, era conhecido covil de lobos.
Muito grato ao Senhor que tão milagrosamente o ajudara, procurou a cova onde tentara repouso e nela encontrou um ninho de perigosas serpentes.
Endereçando infinito reconhecimento ao Céu pelas expressões de variado socorro que não soubera entender, de pronto, prosseguiu adiante, são e salvo, para desempenho de sua tarefa.
Nesse ponto da curiosa narrativa, o Mestre fitou Bartolomeu demoradamente e terminou: — O Pai ouve sempre as nossas rogativas, mas é preciso discernimento para compreender as respostas d’Ele e aproveitá-las.
Do Livro Jesus no Lar  - Francisco C. Xavier

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Oração nossa

Oração nossa

Senhor,

ensina-nos a orar sem esquecer o trabalho,

a dar sem olhar a quem,

a servir sem perguntar até quando,

a sofrer sem magoar seja a quem for,

a progredir sem perder a simplicidade,

a semear o bem sem pensar nos resultados,

a desculpar sem condições ,

a marchar para a frente sem contar os obstáculos,

a ver sem malícia,

a escutar sem corromper os assuntos,

a falar sem ferir,

a compreender o próximo sem exigir entendimento,

a respeitar os semelhantes sem reclamar consideração,

a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever

sem cobrar taxas de reconhecimento.



Senhor,

fortalece em nós a paciência para com as dificuldades

dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros

para com as nossas próprias dificuldades.

Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo

que não desejamos para nós.

Auxilia-nos sobretudo a reconhecer que a nossa

felicidade mais alta será invariavelmente

aquela de cumprir os desígnios, onde e

como queiras, hoje, agora e sempre.





Autor: Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: A Luz da Oração

sábado, 28 de julho de 2012

Amor, Sexualidade e Casamento


Amor, Sexualidade e Casamento

No Espiritismo o problema do amor implica a relação direta do homem com Deus. Criador e criatura se religam no desenvolvimento humano da lei de adoração. Quanto mais o homem desenvolve as suas potencialidades existenciais, o seu potencial ôntico, mais ele se aproxima de Deus, mais o sente e mais o compreende. Nunca houve nem poderia haver um rompimento total e definitivo entre Criador e criatura. No próprio dogma da queda a expulsão do homem da face de Deus é apenas temporária. Por isso o Espiritismo é Religião, mas não é igreja. A diferença entre Igreja e Religião é a mesma que existe entre alma e corpo. O homem perde o corpo na morte, mas não perde a alma. A Religião anunciada por Jesus não possui corpo, é alma pura, que sobrevive por si mesma. No diálogo com a Mulher Samaritana Jesus desprezou o Templo de Jerusalém e o Templo do Monte Gerasin, referindo-se apenas à Religião Livre do Futuro. Porque a relação religiosa é puramente espiritual. A Religião não depende de formalismos, sacramentos, instituições e órgãos. É subjetiva e se define como o Amor a Deus. Essa relação direta exclui naturalmente todas as formas de discriminação, pois seu objetivo é a unidade. Quando uma criatura se liga a Deus, liga-se ao mesmo tempo a todas as criaturas e a todo o Universo, integra-se na realidade absoluta. Tudo o mais são coisas humanas, pertence à diáspora, ou seja, ao tempo do exílio, em que o homem se afastou de Deus. Esta simplificação da Religião só ocorre na máxima complexidade, que é o mergulho do homem em sua essência, proveniente de Deus e que é o próprio Deus em nós. Exemplifiquemos humanamente esta questão. Conta-se que um sábio indiano mandou três filhos estudar na Inglaterra. Quando voltaram diplomados perguntou ao primeiro: “O que é Deus”? O rapaz fez uma longa e confusa digressão a respeito. O segundo vacilou em sua explicação e disse que precisava estudar mais o assunto. O terceiro calou-se e seus olhos se encheram de estranha névoa luminosa. O pai disse aos três; por ordem das perguntas: “Você, meu filho, procurou Deus nas teologias e não conseguiu achá-lo; você, meu segundo filho, está tateando no escuro como um cego; e você, meu filho, que não me respondeu, encontrou Deus e nele mergulhou de tal maneira que não pode traduzi-lo em palavras. Você não perdeu tempo com as coisas exteriores e por isso foi o único que realmente aprendeu o que é Deus.
A contradição máxima complexidade e máxima simplicidade não é contradição, mas fusão. A complexidade infinita das coisas e dos seres no Universo aturde o homem que busca Deus, mas ao encontrá-lo o homem percebe de pronto que toda a complexidade se funde na Existência Única de Deus. É como o marinheiro que navegou por muitos mares, surpreso com as variedades e as diferenciações formais de todos eles, mas ao terminar a sua navegação constata que todos os mares não são mais do que o Grande Mar.
A religião em Espírito e Verdade é esse Mar Total em que todos mares e todas as águas se reúnem numa coisa só.
Todas as religiões nasceram da mediunidade, que é o fundamento de todas as religiões, que por sua vez se fundem na Religião em essência que é a Religião do Espírito ou o Espiritismo. Nela não se precisa de coisas específicas, pois todas as coisas se fundem numa só – o Amor a Deus.
Um jovem e uma jovem se amam e o amor que os atrai é o Amor de Deus nas criaturas. A bênção do amor já os ligou e eles não necessitam de palavras, ritos ou sacramentos para se unirem, pois unidos já estão. Se não houver amor entre eles, não estão unidos e de nada valerá a união formal por meios sacramentais. É por isso que no Espiritismo não há sacramentos nem formalismo algum, pois tudo depende, em todas as circunstâncias, da essência única – e única verdadeira – que é o Amor.
Mas o Espiritismo reconhece a necessidade humana de disciplinação social, e por isso recomenda apenas casamento civil. Ainda por isso o Espiritismo reconhece a necessidade do divórcio, pois no plano ilusório da matéria as criaturas se confundem e misturam sexualidade e desejo com o Amor. Jesus, respondendo aos judeus por que motivo Moisés permitia o divórcio, disse-lhes: “Por causa da dureza dos corações, mas no princípio não foi assim.” Kardec explica que no princípio da humanidade o amor era espontâneo, livre de injunções estranhas, e então não era necessário o divórcio. O Espiritismo não faz casamentos nem divórcios, nem as anulações de casamento que a Igreja faz, pois esses problemas pertencem às leis humanas. Da mesma maneira o Espiritismo não faz batizados – pois o batismo é do espírito – nem recomenda defuntos ou distribui bênçãos, pois todas essas coisas não são feitas pelos homens e sim por Deus. Todos os sacramentos e formalismos são substituídos no Espiritismo pela prece, que serve em todas as ocasiões da vida e da morte, pois é um momento de ligação do homem com Deus, o diálogo com o Outro, como queria Kierkegaard. Toda intervenção humana interesseira e venal é substituída pela serena confiança nas bênçãos gratuitas do Céu. Nesse ato humano de louvor ou de súplica, desprovido de aparatos exteriores, a presença da Divindade é o cumprimento da promessa de Jesus, sem nenhuma evocação formal. A solidariedade espiritual se revela no esforço de transcendência vertical das criaturas, conscientes da lei da sublimação. Não há fórmulas orais nem gestos, nem signos ou mitos na tranqüila vibração das consciências na intimidade de todos e de cada um.
A prece espontânea brota das profundezas do ser com a naturalidade de uma flor que desabrocha. Não é um ato da vontade, mas um aflorar do espírito. Não é uma ficha arrancada do arquivo da memória, mas um impulso do coração. As raízes latinas: prex, precis, determinaram no tempo, através de séculos e milênios, a forma leve e suave da palavra portuguesa prece, que soa nos lábios como um bater secreto de asas minúsculas. Prefere-se prece à oração, porque a primeira condiz e se harmoniza com o ato interior e invisível com que a alma se lança na transcendência. Há um mistério sutil nessa escolha intuitiva desse par de sílabas poéticas que repercutem nos corações como o perpassar de uma brisa entre pétalas. Não tentamos fazer poesia nem divagar, mas descobrir através de imagens e palavras, o imponderável do instante da prece.
Os que não se contentam com esse sopro do espírito, esse pneuma grego, esse frêmito inaudível, captado mais pela alma do que pelos ouvidos, preferindo orações extensas e grandíloquas, estão ainda imantados aos formalismos sacramentais. Nada revela mais claramente a natureza intimista da religião espiritual do que essa preferência espírita pela prece. Livrar a criatura do peso da matéria, para que ela possa elevar-se a Deus no silêncio de si mesmo é a finalidade da prece.
Do problema da prece temos de passar à questão sexual, o que não seria recomendável ainda há pouco tempo. O tabu sexual fechava todas as passagens a atrevimentos dessa espécie. As marcas da era fálica haviam aterrorizado o Cristianismo Primitivo, que teve de lutar tenazmente contra a depravação romana e do paganismo em geral. As epístolas de Paulo nos mostram o desespero do Apóstolo ante o comportamento animal dos conversos em certas igrejas, particularmente na de Corinto. Isso impediu o Apóstolo, já assustado com a corrupção grega e romana no próprio Judaísmo, a tomar uma atitude radical no tocante ao sexo. O falso conceito judeu da pureza (mais racial e religioso do que moral), provocava os seus brios de antigo Doutor da Lei contra o perigo da época. Das reações de Paulo e do puritanismo hipócrita dos fariseus teria de nascer uma era antifálica e anti-sensual, voltada para o extremo oposto da castidade forçada e do celibato sacrificial. Foi tão violenta essa reação que nem mesmo os exemplos de mentalidade aberta do Cristo puderam atenuá-la. Não somente o sexo, como instrumento de perdição, mas a própria sexualidade foram condenadas sumariamente. Por pouco a prática judaica da circuncisão, que alguns apóstolos mais afoitos, como Pedro, exigiam dos conversos pagãos, não se transformou na castração árabe dos haréns. É significativo o fato de Paulo, depois da circuncisão que praticou recusar-se a continuar circuncidado e até mesmo a batizar com água.
Houve também, como teria de haver, reações contrárias a essa posição extremada, com liberalidades também extremadas, que mais tarde resultariam no episódio dos Libertinos do Século XX, católicos e protestantes rejeitados pelas idéias renascentistas, precursores da fase atual de libertinagem que abalaram o mundo. A pornografia assustadora de hoje, que fomenta a indústria das perversões sexuais em revistas, jornais, cartazes, cinema e televisão, é por sua vez um novo eclodir da sensualidade sem freios, desvirtuando o sentido natural da sexualidade. São esses os balanços de um barco de loucos atirado à fúria de tempestades marítimas, à semelhança do Barco dos Mortos de Traven. A contra-reação da moral vitoriana inglesa nada mais fez do que preparar a sua própria explosão, na fase atual do homossexualismo europeu desenfreado, que parece vingar a prisão de Oscar Wild em Reading.
A sexualidade afrontada encontrou em Marcuse o seu defensor filosófico, mas em termos exagerados. Desde o século passado o Espiritismo colocou nos fundamentos de toda a realidade terrena a questão do princípio vital, elemento mantedor de toda a vida planetária. A sexualidade, que não é o sexo, mas a potência sexual geradora e mantenedora de vida, é a carga de energia vital do planeta, distribuída nos indivíduos de todas as espécies. Na era fálica essa força era cultuada mas não havia libertinagem nem pornografia nesse culto, pois não se considerava o sexo como pecado, mas como instrumento sagrado de reprodução da espécie. Na Suméria os casais se uniam nos altares dos templos, na presença de sacerdotes que os abençoavam para a fecundação. Esse senso da dignidade do sexo perdeu-se nas civilizações teocráticas, esmagado sob as condenações do gozo, que impediam a alma de alcançar a salvação. Marcuse tem razão ao defender a teoria das civilizações suicidas, que condenam o sexo e a ele se entregam na exclusiva busca do prazer, desenvolvendo a indústria aviltante do gozo sexual, que reduz o sexo a instrumento de loucura e perversão. A colocação espírita desse problema é clara e precisa como vemos no capítulo sobre a Lei de Reprodução, de O Livro dos Espíritos:
“As leis e costumes humanos que objetivam ou têm por efeito obstar a reprodução são contrários à lei natural?: Tudo o que entrava a marcha da Natureza é contrário à lei geral”.
Todas as espécies devem reproduzir-se, mesmo as que parecem daninhas. O equilíbrio mesológico se faz segundo as leis biomesológicas de cada área específica: o campo, o cerrado, a floresta, as águas, as cidades e assim por diante. Há espécies daninhas que são sobrevivências de formas em extinção ou mutação, para adaptações a condições novas que estão surgindo. Como Kardec adverte: o homem, que só vê um canto do quadro geral da Natureza, não pode julgar o todo e se confunde em suas apreciações da harmonia natural. No tocante à população humana do planeta, que hoje preocupa os homens e os governos, o Espiritismo sustenta a tese do equilíbrio natural, governado pelas leis naturais. Afirma que a Terra está longe de possuir a população a ela destinada e que o homem não tem capacidade para impedir a progressão populacional. O recente Congresso Demográfico Mundial da ONU, provou isso. Depois de vários dias de debates e defesa de teses absurdas, o Secretário Geral da ONU advertiu os congressistas de que, durante as discussões, milhões de crianças haviam nascido em todo o mundo. Era impossível deter o aumento populacional através das medidas propostas, algumas delas ridículas, como a de um cientista inglês que propunha medidas para reduzir o tamanho atual dos homens, reduzindo-os a homúnculos, para se conseguir mais espaço e diminuir as necessidades de alimentos. Por outro lado, vários cientistas colocaram o problema da chamada explosão demográfica e falta de alimentos em termos de crescimento local dos grandes centros urbanos e falta de controle da produção alimentícia, com esbanjamento de grandes produções por falta de transportes, ganância exagerada de lucros e transportes excessivamente caros de regiões produtoras distantes para as zonas consumidoras. Resta ainda considerar que todo crescimento populacional não é permanente, seguindo uma curva estatística de ascensão que depois decai, ajusta-se em linha regular ou entra em declínio. Tudo isso confirma a posição espírita. Escapa ao homem o controle biomesológico em todo o conjunto de áreas populacionais animais e humanas, de maneira que as intervenções humanas só servem para provocar desequilíbrios perigosos.
Passando desse problema para o de abstenção sexual e o de casamento e celibato, vamos novamente verificar o acerto do Espiritismo em sua posição firmada desde meados do século passado. O casamento representa uma conquista na evolução social, disciplinando as relações humanas com vistas à organização da família na estrutura mais ampla da sociedade. Se a maioria dos casamentos na Terra apresenta dificuldades e desajustes, isso decorre das condições inferiores do nosso mundo. O casal é uma unidade biológica que se forma por atração afetiva recíproca desenvolvida em vidas sucessivas ao longo da temporalidade, que é a larga e profunda esteira dos tempos sucessivos. A afetividade que o liga no presente é positiva, mas está geralmente carregada de cargas negativas, provenientes de situações não resolvidas, de compromissos e dívidas morais recíprocas. Formada a unidade, ela funciona como um dínamo-psiquismo que atrai as entidades comprometidas com o par nas existências anteriores. O par sozinho enleia-se nos sonhos de felicidade dos anseios de amor. Mas as interferências dos comparsas causa disritmias e atritos na harmonia do dínamo, muitas vezes desde o namoro e o noivado, prenunciando tempestades magnéticas. São os filhos que buscam a reencarnação e os parentes do par e outros compromissados que chegam, cobradores de dívidas afetivas e de compromissos rompidos. Não é Deus que determina essas situações embaraçosas, mas os próprios envolvidos em complôs remotos e o próprio par, motivo de ações negativas anteriores que, segundo a lei de ação e reação, formam o karma do grupo, ou seja, o conjunto de insolvências passadas, agora postas em resgate comum. (A palavra karma, de origem sânscrita, vem de arcaicas religiões indianas reencarnacionistas, mas é empregada no meio espírita por seu sentido prático e preciso). Se o casal se recusa a ter filhos os compromissados reagem com vibrações mentais e psíquicas negativas, quebrando a harmonia do dínamo e provocando distúrbios biopsíquicos no casal e até mesmo ocasionando a interferência de reencarnados compromissados com o par. São essas as causas da maioria das situações difíceis resultantes de casamentos felizes. Os casos de abortos provocados no passado constituem pesados compromissos a resgatar, e os casos de abortos recentes (sem necessidade clínica real), acumulam-se aos anteriores ou passam para débitos futuros. É por isso que os sentimentos de amor e respeito ao próximo constituem elementos defensivos da felicidade futura de todos nós. A partir deste quadro podemos compreender com mais clareza as situações dolorosas em que se precipitam muitos casamentos felizes, e que as religiões explicam assustadoramente como castigos divinos ou influências diabólicas. Todas essas ocorrências dependem exclusivamente de nossas relações humanas no passado e no presente. A consciência humana dispõe, em todos nós, dos recursos preventivos dessas situações. Nossa falta leviana de atenção às exigências e advertências da consciência respondem pelas situações negativas que criamos por nós mesmos, contra os nossos interesses evolutivos.

Autor: J. Herculano Pires
Livro: Curso Dinâmico do Espiritismo

A ORAÇÃO CURATIVA

A  ORAÇÃO  CURATIVA
Eustáquio
A reunião da noite de 11 de novembro de 1954 trouxe-nos a confortadora visita do Espírito de Padre Eustáquio.
Sacerdote extremamente consagrado ao bem, nosso amigo residiu, por alguns anos, em Belo Horizonte, onde, através de seu nobre coração e de sua mediunidade curadora, inúmeros sofredores encontraram alívio.
Sempre rodeado por verdadeira multidão de Infelizes, Padre Eustáquio foi o apóstolo das curas, das quais se ocuparam largamente os jornais de nosso País. E, continuando, além-túmulo, o seu ministério sublime, conforme a observação dos médiuns clarividentes de nosso grupo, compareceu às nossas preces acompanhado por uma pequena multidão de Espíritos conturbados e infelizes a lhe pedirem socorro.
O prezado visitante senhoreou as faculdades psicofônicas do médium com todas as características de sua personalidade, inclusive a mímica oratória e a voz que lhe eram peculiares quando encarnado.
Sua alocução, de grande beleza para nós, em vista da simplicidade em que foi vazada, é portadora de expressivos apontamentos com respeito à oração.
Meus amigos.
Que a paz do Cristo permaneça em nossos corações, conduzindo-nos para a luz.
Fui padre católico romano, naturalmente limitado às concepções do meu ambiente, mas não tanto que não pudesse compreender todos os homens como tutelados de Nosso Senhor.
A morte do corpo veio dilatar os horizontes de meu entendimento e agora vejo com mais clareza a necessidade do esforço conjunto de todas as nossas escolas de interpretação do Evangelho, para que nos confraternizemos com fervor e sinceridade, à frente do Eterno Amigo.
Com esse novo discernimento, visito-vos o núcleo de ação cristianizante, tomando por tema a oração como poder curativo e definindo a nossa fé como dom providencial.
O mundo permanece coberto de males de toda a sorte.
Há epidemias de ódio, desequilíbrio, perversidade e ignorância, como em outro tempo conhecíamos a infestação de peste bubônica e febre amarela.
Em toda parte, vemos enfermidades, aflições, descontentamentos, desarmonias...
Tudo é doença do corpo e da alma.
Tudo é ausência do Espírito do Senhor.
Não ignoramos, porém, que todos temos a prece à nossa disposição como força de recuperação e de cura.
É necessário orientar as nossas atividades, no sentido de adaptar-nos à Lei do Bem, acalmando nossos sentimentos e sossegando nossos impulsos, para, em seguida, elevar o pensamento ao manancial de todas as bênçãos, colocando a nossa vida em ligação com a Divina Vontade.
Sabemos hoje que outras vibrações escapam à ciência terrestre, além do ultravioleta e aquém do infravermelho.
À medida que se desenvolve nos domínios da inteligência, compreende o homem com mais força que toda matéria é condensação de energia.
Disse o Senhor: — «Brilhe vossa luz» — e, atualmente, a experimentação positiva revela que o próprio corpo humano é um gerador de forças dinâmicas, constituído assim como um feixe de energias radiantes, em que a consciência fragmentária da criatura evolui ao impacto dos mais diversos raios, a fim de entesourar a Luz Divina e crescer para a Consciência Cósmica.
Vibra a luz em todos os lugares e, por ela, estamos informados de que o Universo é percorrido pelo fluxo divino do Amor Infinito, em freqüência muitíssimo elevada, através de ondas ultracurtas que podem ser transmitidas de espírito a espírito, mais facilmente assimiláveis por intermédio da oração.
Cada aprendiz do Evangelho necessita, assim, afeiçoar-se ao culto da prece, no próprio mundo íntimo, valorizando a oportunidade que lhe é concedida para a comunhão com o Infinito Poder.
Para isso, contudo, é indispensável que a mente e o coração da criatura estejam em sintonia com o amor que domina todos os ângulos da vida, porque a lei do amor é tão matemática como a lei da gravitação.
Mentalizemos a eletricidade, por exemplo, na rede iluminativa. Caso apareça qualquer hiato na corrente, ninguém se lembrará de acusar a usina, como se o fluxo elétrico deixasse de existir. Certificar-nos-emos sem dificuldade de que há um defeito na lâmpada ou na tomada de força.
Derrama-se o amor de Nosso Senhor Jesus-Cristo para todos os corações, no entanto, é imprescindível que a lâmpada de nossa alma se mostre em condições de receber-lhe o Toque Sublime.
Os materiais que constituem a lâmpada são apetrechos de exteriorização da luz, mas a eletricidade é invisível.
Assim também, nós vemos o Amor de Deus em nossas vidas, por intermédio do Grande Mediador, Jesus-Cristo, em forma de alegria, paz, saúde, concórdia, progresso e felicidade; entretanto, acima de todas essas manifestações, abordáveis ao nosso exame, permanece o invisível manancial do Ilimitado Amor e da Ilimitada Sabedoria.
Usando imagens mais simples, recordemos o serviço da água no abrigo doméstico.
Logicamente, as fontes são alimentadas por vivas reservas da Natureza, mas, para que a água atinja os recessos do lar, não prescindiremos da instalação adequada.
A canalização deve estar bem disposta e bem limpa.
Em vista disso, é necessário que todas as atitudes em desacordo com a Lei do Amor sejam extirpadas de nossa existência, para que o Inesgotável Poder penetre através de nossos humildes recursos.
O canal de nossa mente e de nosso coração deve estar desimpedido de todos os raciocínios e sentimentos que não se harmonizem com os padrões de Nosso Senhor.
Alcançada essa fase preparatória, é possível utilizar a oração por medida de reajuste para nós e para os outros, incluindo quantos se encontram perto ou longe de nós.
Ninguém pode calcular no mundo o valor de uma prece nascida do coração humilde e sincero diante do Todo-Misericordioso.
Certamente as tinturas e os sais, as vitaminas e a radioatividade são elementos que a Providência Divina colocou a serviço dos homens na Terra.
É também compreensível que o médico seja indispensável, muitas vezes, à cabeceira dos doentes, porque, em muitas situações, assim como o professor precisa do discípulo e o discípulo do professor, o enfermo precisa do médico, tanto quanto o médico necessita do enfermo, na permuta de experiência.
Isso, porém, não nos impede usar os recursos de que dispomos em nós mesmos. E estejamos convictos de que, ligando o fio de nossa fé à usina do Infinito Bem, as fontes vivas do Amor Eterno derramar-se-ão através de nós, espalhando saúde e alegria.
Assim como há lâmpadas para voltagens diversas, cada criatura tem a sua capacidade própria nas tarefas do auxílio. Há quem receba mais, ou menos força.
Desse modo, conduzamos nossa boa-vontade aos companheiros que sofrem, suplicando a Infinita Bondade em favor de nós mesmos.
É indispensável compreender que a oração opera uma verdadeira transfusão de plasma espiritual, no levantamento de nossas energias.
Se nos sentimos fracos, peçamos o concurso de um companheiro, de dois companheiros ou mais irmãos, porque as forças reunidas multiplicam as forças e, dessa forma, teremos maiores possibilidades para a eclosão do Amparo Divino que está simplesmente esperando que a nossa capacidade de transmissão e de sintonia se amplie e se eleve, em nosso próprio favor.
Mentalizemos o órgão enfermo, a pessoa necessitada ou a situação difícil, à maneira de campos em que o Divino Amor se manifestará, oferecendo-lhes nosso coração e nossas mãos, por veículos de socorro, e veremos fluir, por nós, os mananciais da Vida Eterna, porque o Pai Todo-Compassivo e Jesus Nosso Senhor nunca se empobrecem de bondade.
A indigência é sempre nossa.
Muitos dizem «não posso ajudar porque não sou bom», mas, se já fôssemos senhores da virtude, estaríamos noutras condições e noutras esferas.
Consola-nos saber que somos discípulos do bem e, nessa posição, devemos exercitá-lo.
Movimentemos a boa-vontade.
Não temos ainda as árvores da generosidade e da compreensão, da fé irrepreensível e da perfeita caridade, mas possuímos as sementes que lhes correspondem. E toda semente bem plantada recolhe do Alto a graça do crescimento.
Assim, pois, para que tenhamos assegurado o êxito da nossa plantação de qualidades superiores, é preciso nos disponhamos a fazer da própria vida um canal de manifestação do Constante Auxílio.
Todos temos provas, dificuldades, moléstias, aflições e impedimentos, contudo, dia a dia, colocando nosso espírito à disposição do Divino Amor que flui do centro do Universo para todos os recantos da vida, desenvolver-nos-emos em entendimento, elevação e santificação.
Trabalhemos, portanto, estendendo a oração curativa.
A vossa assembléia de socorro aos irmãos conturbados na- sombra é uma exaltação da prece desse teor, porque trazeis ao vosso círculo de serviço aquilo que guardais de melhor e contais simplesmente com o Divino Poder, já que nós, de nós mesmos, nada detemos ainda de bom senão a migalha de nossa confiança e de nossa boa-vontade.
Em nome do Evangelho, sirvamos e ajudemos.
E que Nosso Senhor Jesus-Cristo nos assista e abençoe.
Do livro “Instruções Psicofônicas”. Espíritos Diversos. Psicografia de Francisco C. Xavier.