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terça-feira, 2 de abril de 2013

O Livro dos Espíritos - Farol a indicar caminhos

O Livro dos Espíritos - Farol a indicar caminhos

A. Merci Spada Borges
A história das civilizações se perpetua através dos livros, proporcionando o enriquecimento histórico e cultural dos povos. O livro, cada vez mais lido, torna-se instrumento atuante sobre a mente humana. Os livros tanto podem enriquecer, ampliar, libertar, quanto deturpar ou escravizar consciências. Portanto, é necessário valorizar aqueles que dignificam o homem.
Sob a luz abençoada do Consolador, O livro dos espíritos comemora 156 anos a iluminar consciências. Segundo publicação do próprio Codificador:
    Contém a doutrina completa, como a ditaram os próprios Espíritos, com toda a sua filosofia e todas as suas consequências morais. É a revelação do destino do homem, a iniciação no conhecimento da natureza dos Espíritos e nos mistérios da vida de além-túmulo. Quem o lê compreende que o Espiritismo objetiva um fim sério, que não constitui frívolo passatempo.

    Seu conteúdo se distribui em quatro partes; os temas, adredemente escolhidos, são desenvolvidos de forma muito original: perguntas e respostas. É uma disposição que facilita agradavelmente a leitura e o seu entendimento.

    A primeira edição dessa obra monumental foi revelada ao público a 18 de abril de 1857. Não foi por acaso que essa data ficou gravada nos anais do Espiritismo. Tão importante se tornou que, na atualidade, foi instituída como Dia Nacional do Espiritismo.

    O êxito do lançamento foi esplêndido. A primeira edição esgotou-se rapidamente. Em março de 1860, após revista, corrigida e ampliada, foi lançada a segunda edição, com seu conteúdo e formato definitivos. Completou-se, dessa forma, o primeiro livro da Codificação Espírita em toda sua amplitude filosófica e moral.

    O Espírito Baluze, em comunicação mediúnica e espontânea, faz referência a esse estandarte do Espiritismo:   
    E quando tantas esperanças não pedem senão para se espalhar,quando tantas outras regiões estão, como essa, numa prostração mortal, desejamos que, em todos os corações, em todos os recantos perdidos deste mundo, penetre O livro dos espíritos. Só a doutrina que ele encerra será capaz de mudar o espírito das populações [...].3 (Destaque nosso.)

    Em 1868, ao ser lançada A gênese,Allan Kardec ressalta em suas páginas:
O livro dos espíritos só teve consolidado o seu crédito, por ser a expressão de um pensamento coletivo, geral. Em abril de 1867,completou o seu primeiro período decenal. Nesse intervalo, os princípios fundamentais, cujas bases ele assentara, foram sucessivamente completados e desenvolvidos, por virtude da progressividade do ensino dos Espíritos.
Nenhum, porém, recebeu desmentido da experiência; todos,sem exceção, permaneceram de pé, mais vivazes do que nunca, enquanto que, de todas as ideias contraditórias que alguns tentaram opor-lhe, nenhuma prevaleceu[...].4 (Destaque nosso.)

    Tão importante se tornou O livro dos espíritos que os jornais da época se apressaram a publicar artigos favoráveis sobre essa obra monumental:
O livro dos espíritos, do Sr.Allan Kardec, é uma página nova do grande livro do infinito, e estamos persuadidos de que um marcador assinalará essa página. Ficaríamos desolados se pensassem que acabamos de fazer aqui um anúncio bibliográfico; se pudéssemos supor que assim fora, quebraríamos a nossa pena imediatamente. Não conhecemos absolutamente o autor, mas confessamos abertamente que ficaríamos felizes em conhecê-lo. Aquele que escreveu a introdução que inicia O livro dos espíritos deve ter a alma aberta a todos os sentimentos nobres.[...]
    A todos os deserdados da Terra,a todos os que caminham e caem, regando com suas lágrimas o pó da estrada, diremos:
Lede O livro dos espíritos; isso vos tornará mais fortes. Também aos felizes, aos que pelos caminhos só encontram os aplausos da multidão ou os sorrisos da fortuna, diremos: Estudai-o; ele vos tornará melhores.5 (Destaques nosso.)

    Chegara o momento em que o eminente trabalhador deveria retornar ao lar espiritual. Completara galhardamente a missão a que viera: a Codificação estava estruturada no Pentateuco Consolador. Tendo o grande missionário desencarnado, foi publicada a sua biografia, de que extraímos o seguinte excerto:
    Data do aparecimento de O livro dos espíritos a fundação do Espiritismo que, até então, só contara com elementos esparsos, sem coordenação, e cujo alcance nem toda gente pudera apreender. A partir daquele momento, a doutrina prendeu a atenção dos homens sérios e tomou rápido desenvolvimento. Em poucos anos, aquelas ideias conquistaram numerosos aderentes em todas as camadas sociais e em todos os países. Esse êxito sem precedentes decorreu sem dúvida da simpatia que tais ideias despertaram, mas também é devido, em grande parte, à clareza com que foram expostas e que é um dos característicos dos escritos de Allan Kardec.6 (Destaque nosso.)

    O Sr. Camille Flammarion fez um discurso emocionante junto ao túmulo de Kardec:
[...] Quando, pelo ano de 1850,as manifestações, novas na aparência, das mesas girantes,das pancadas sem causa ostensiva,dos movimentos insólitos de objetos e móveis começaram a prender a atenção pública, determinando mesmo, nos de imaginação aventureira, uma espécie de febre, devida à novidade de tais experiências, Allan Kardec, estudando ao mesmo tempo o magnetismo e seus singulares efeitos, acompanhou com a maior paciência e clarividência judiciosa as experimentações e as tentativas numerosas que então se faziam em Paris. Recolheu e pôs em ordem os resultados conseguidos dessa longa observação e com eles compôs o corpo de doutrina que publicou em 1857, na primeira edição de O livro dos espíritos. Todos sabeis que êxito alcançou essa obra, na França e no estrangeiro. Havendo atingido a 16a edição, tem espalhado em todas as classes esse corpo de doutrina elementar [...].7 (Destaque nosso.)

    Doze anos depois de seu lançamento,precisamente em maio de 1869, após a desencarnação do amorável Codificador, O livro dos espíritos alcançou sua décima sexta edição francesa. E, nos dias atuais, após 156 anos de divulgação, a obra basilar da Codificação já foi traduzida para as mais diversas línguas do mundo, entre elas o japonês. O livro dos espíritos é o alicerce sólido, a pedra angular dessa consoladora Doutrina, revivescência do Evangelho de Jesus.8

Referências:

1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. Trad. Guillon Ribeiro. 80. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. pt. 1, cap. 3, Do
método, it. 35.
2______. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 3, n. 3, p. 154 e 155, mar. 1860. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed.
2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. À venda O livro dos espíritos – Segunda edição.
3______. ______. ano 9, n. 5, p. 199, mai.1866. Trad. Evandro Noleto Bezerra.2. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Lembrança retrospectiva de um Espírito.
4______. A gênese. Trad. Guillon Ribeiro,52. ed. 5. reimp. Rio de Janeiro: FEB,2012. Introdução, p. 16.
5______. Revista espírita: jornal de estudos psicológicos. ano 1, n. 1, p. 64 e 65,jan. 1858. Trad. Evandro Noleto Bezerra.
4. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011.
A Doutrina Espírita, p. 64 e 65.
6______. ______. ano 12, n. 5, p. 188 e 189, mai. 1869. Trad. Evandro Noleto Bezerra.3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.
Biografia do sr. Allan Kardec.
7______. ______. p. 197. Discursos pronunciados junto ao túmulo. O espiritismo e a ciência.
8WANTUIL, Zêus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec – Pesquisa biobibliográfica e ensaios de interpretação. 4. ed. Rio de Janeiro:FEB, 1998. v. 3, cap. 1, As obras espíritasde Allan Kardec.

terça-feira, 19 de março de 2013

Abril, mês de O Livro dos Espíritos "...Herculano ainda nos diz: “Sobre este livro se ergue todo um edifício: o da doutrina espírita. Ele é a pedra fundamental do espiritismo, o seu marco inicial. O espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou, com ele se impôs e consolidou no mundo”..."...É muito comum vermos companheiros de ideal de boa vontade se dedicar à leitura e ao estudo, com entusiasmo e assiduidade, por exemplo, dos livros de André Luiz, os quais, ressaltamos, trazem muitos esclarecimentos compatíveis com os princípios espiritistas – mas é preciso conhecer-se o corpo doutrinário para poder distinguir essa qualidade..."...Os encarnados, ainda que reconhecidamente esclarecidos doutrinariamente e esforçados no que se refere à sua postura fraterna e edificante, ficam esquecidos nas prateleiras de livrarias e bibliotecas – quantas são as casas espíritas onde se encontram com facilidade livros de Deolindo Amorim, do citado Herculano Pires, de Herminio Miranda, de Carlos Imbassahy, de Hernani Guimarães e outros?... Alguns desses mencionados hoje já estão desencarnados, mas deixaram obras valiosíssimas enquanto aqui caminhavam conosco"...

Abril, mês de O Livro dos Espíritos PDF Imprimir E-mail
Escrito por Doris Madeira Gandres   
Qua, 18 de Abril de 2012 17:13
o livro dos espritos 2a. edicao“Com este livro, a 18 de abril de 1857, raiou para o mundo a era espírita (...) O livro dos espíritos é o código de uma nova fase da evolução humana. É exatamente essa a sua posição na história do pensamento. Este não é um livro comum, que se pode ler de um dia para o outro e depois esquecer num canto da estante. Nosso dever é estudá-lo e meditá-lo, lendo-o e relendo-o constantemente.”– Herculano Pires
Herculano Pires, como é conhecido, escritor e filósofo espírita de renome no meio e no movimento espírita, com dezenas de livros publicados e vasta atuação no cenário espiritista e laico, não poderia ter definido melhor a importância desse livro basilar que, para todo adepto sério e sinceramente interessado na doutrina, não pode jamais ser relegado ao segundo plano.
Herculano ainda nos diz: “Sobre este livro se ergue todo um edifício: o da doutrina espírita. Ele é a pedra fundamental do espiritismo, o seu marco inicial. O espiritismo surgiu com ele e com ele se propagou, com ele se impôs e consolidou no mundo”.
E é verdade – nele, toda a doutrina de forma condensada e concisa, sem que, no entanto, se perca a clareza e haja qualquer prejuízo para o bom entendimento dos temas e princípios doutrinários; todos os demais livros que compõem a codificação ali estão contidos: O livro dos médiuns, O evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese. Basta uma análise um pouco mais criteriosa e facilmente os detectamos no contexto de determinadas partes e questões.allan_kardecherculano

O que se vê, ainda, em muitas ocasiões, é uma atração quase irresistível por títulos novos, por romances e livros até algo sensacionalistas, alguns trazendo implicitamente promessas de transformação interior fácil mediante posturas externas...
O que se percebe lamentavelmente é um interesse muito mais evidente com relação aos livros ‘bonitos e emotivos’ em detrimento dos livros kardequianos, que são os que sustentam efetivamente nosso aprendizado quanto às leis da vida. Certamente que, uma vez conhecedores dos livros-chave da codificação, podemos e até devemos estender a nossa cultura espírita, buscando esclarecimentos em outros tantos livros sérios, notadamente entre os clássicos da nossa literatura doutrinária.
O que não podemos, e até não devemos, é sair atrás de todo e qualquer livro que surja no mercado, com belo título, bela capa, a maioria repetitivos, sem nada acrescentar ao nosso entendimento da vida, principalmente quando se trata de autor desencarnado, seja quem for, o é quase uma febre coletiva... Os encarnados, ainda que reconhecidamente esclarecidos doutrinariamente e esforçados no que se refere à sua postura fraterna e edificante, ficam esquecidos nas prateleiras de livrarias e bibliotecas – quantas são as casas espíritas onde se encontram com facilidade livros de Deolindo Amorim, do citado Herculano Pires, de Herminio Miranda, de Carlos Imbassahy, de Hernani Guimarães e outros?... Alguns desses mencionados hoje já estão desencarnados, mas deixaram obras valiosíssimas enquanto aqui caminhavam conosco...
Mas, tudo isso só pode ser devidamente avaliado a partir de UM livro, quando estudado, refletido e compreendido em profundidade e com respeito, para não dizer veneração, pois é a viga mestra, a pedra angular da cultura espírita – esse um é O LIVRO DOS ESPÍRITOS!

Doris Madeira Gandres é carioca, atua no movimento espírita como articulista em diversos jornais e revistas espíritas. Autora do livro A felicidade ao nosso alcance (DPL).

quinta-feira, 7 de março de 2013

III - O QUE SE PODE TRANSFORMAR INTIMAMENTE- Vícios

01 - OS VÍCIOS
"Entre os vícios, qual o que podemos considerar radical?- Já o dissemos muitas vezes: o egoísmo. Dele se deriva todo o mal Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles, não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade. Quem nesta vida quiser se aproximar da perfeição moral, deve extirpar do seu coração todo sentimento de egoísmo, porque o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade: ele neutraliza todas as outras qualidades. " (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Terceiro. Capitulo XII. Perfeição Moral. Pergunta 913.)

Vamos ao encontro de alguns dos condicionamentos e dependências os seres humanos apresentam mais comumente. Certamente o conhecimento desses vícios nos colocará em confronto com eles e nos dará ensejo a uma aferição de como estamos situados os homens em geral. Ninguém, na nossa sociedade, é criticado, ou rejeitado, pelo fato de fumar, beber, jogar, comer bem ou ter suas aventuras sexuais. Tudo isso já foi até mesmo consagrado como natural e, portanto, aceito amplamente como "costumes da época".
Estamos alheios aos perigos e às consequências que os citados hábitos nos acarretam. Além disso, os meios de comunicação estão abertos, sem restrições, à propaganda envolvente e maciça que induz a humanidade ao fumo, ao álcool, ao jogo, à gula e ao sexo. É inacreditável como a sociedade parece se deixar mansamente conduzir, sem a menor reação coletiva, a tão perniciosos incentivos, difundidos por todos os meios.

Em alguns países já há restrições à propaganda de bebidas alcoólicas e de marcas de cigarros, o que representa alguma reação a esses produtos de consumo. No entanto, são igualmente produtos de consumo as revistas e os filmes que exploram o uso indiscriminado das funções sexuais e estimulam o erotismo, produtos esses que se constituem em agentes contaminadores do comportamento moral do homem, que nos induzem ao viciamento das idéias pelo desejo de satisfações ilusórias, fragmentando a resistência ao prazer inconsistente e enfraquecendo os laços das uniões conjugais bem formadas.

Os chamados "hotéis de alta rotatividade" multiplicam-se nos arredores das capitais brasileiras, comprovando a crescente onda da "liberdade sexual", resultado da enganosa suposição de que todas as nossas insatisfações possam ser solucionadas apenas por atos sexuais. Deixamos de abordar aqui o problema dos tóxicos, que são disseminados principalmente entre os jovens, levando-os às mais trágicas e dolorosas experiências, enquanto enriquecem as secretas organizações que manipulam o submundo dos traficantes. Explorados são os moços, precisamente no que diz respeito aos seus desajustes e carências, iludidos por aqueles aproveitadores que os enganam, oferecendo soluções fáceis, acorrentando-os em processos difíceis de recuperação.

Outro entorpecente e agente enganoso do homem é o jogo. O que se tem arrecadado das loterias demonstra o nível de preocupação do nosso trabalhador, que busca fora de si a sorte e o enriquecimento rápido. Ficam a imaginar em detalhes o que seria feito com o dinheiro ganho, centralizando nele a razão principal do que se pode pretender na vida. Mais sonhos e quimeras que apenas alimentam as consciências inadvertidas, desconhecedoras de que as dificuldades existem para desenvolver as potencialidades do nosso espírito, a capacidade de lutar e vencer com esforço próprio. Raramente encontramos campanhas ou propagandas esclarecedoras dos malefícios do fumo, do álcool, do jogo, da gula, dos abusos do sexo e dos prejuízos do tóxico.

Condicionada como está a tantos vícios, de que modo entrará a humanidade na nova fase do progresso moral preceituada por Kardec?
É impraticável conciliar aquele ensinamento com a enorme propagação dos vícios, que envolve cada vez mais as criaturas de todas as idades, incentivando os prazeres individuais sem qualquer senso de responsabilidade e nenhuma preocupação com suas consequências. Parece-nos sensato que deveríamos esperar exatamente o contrário, isto é, a crescente valorização dos homens pelos exemplos no bem e nas atitudes nobres, compatíveis com um clima de respeito ao próximo, de solidariedade humana, de zelo ao patrimônio orgânico e ao manancial de energias procriadoras que detemos.

Numa análise realista, para mudar os rumos da humanidade nesses dias em que pouco se entende da natureza espiritual do homem e da sua destinação além-túmulo, é de se esperar grandes transformações. Mas de que forma? Será que esse desejado progresso moral cairá dos céus sem qualquer esforço nosso? É evidente que será edificado pelos homens de boa vontade, pelos trabalhadores das últimas horas, pelos poucos escolhidos dos que possam restar dos muitos já chamados, pelos Aprendizes do Evangelho que resistirem ao mal e souberem enfrentar não mais as feras e as fogueiras dos circos romanos, porém as feras dos próprios instintos animais e o fogo da agressividade que precisamos atenuar, controlar e transformar.

E para superarmos os defeitos mais enraizados no nosso espírito precisamos fortalecer a nossa vontade, iniciando com a luta por eliminar os vícios mais comuns. Ninguém conseguirá vencer essa batalha se não estiver se preparando para enfrentá-la. Essa condição, no entanto, não se consegue sem trabalho, sem testemunho da vontade aplicada. É, sem dúvida, conquista individual que se pode progressivamente cultivar.

A - A IMAGINAÇÃO NOS VÍCIOS

A criatividade representa, no ser inteligente, um dos seus mais importantes atributos. Pela imaginação penetramos nos mais insondáveis terrenos das idéias. Dirigimos vôos ao infinito, descobrimos os véus no mundo da física, da Química, da Anatomia, da Fisiologia, fazemos evoluir as Ciências, criamos as invenções, desenvolvemos as artes e constatamos o espírito. Essa imaginação, por outro lado, tem sido mal conduzida pelo homem, tanto de modo consciente quanto por desejos inconscientes, levando-o a muitos dissabores, contrariedades, sofrimentos e outras consequências graves.

A capacidade mental do homem está condicionada ao alcance da sua imaginação e ao uso que dela faz no seu mundo íntimo. A faculdade de pensar apresenta uma característica dinâmica, que nos proporciona, pelas experiências acumuladas, a percepção sempre mais ampla da nossa realidade interior e do mundo que nos cerca, num crescente evoluir. Desse modo, as nossas experiências, em todas as áreas, servem de referência para novas e constantes mudanças. Nunca regredimos. Quando muito, momentaneamente estacionamos em alguns aspectos particulares, mas nos demais campos de aprendizagem realizamos avanços. É como num ziguezague mais ou menos tortuoso que vamos caminhando na nossa trajetória evolutiva, porém sempre na direção do tempo, que jamais se altera no sentido do seu avanço.

O homem, pela sua imaginação, cria as suas carências, envolve-se nos prazeres, absorve-se nas sensações e perde-se pelos torvelinhos do interesse pessoal. Cristaliza-se, por tempos, nos vícios que a sua própria inteligência criou, necessidades da sua condição inferior, que ainda se compraz nos instintos, reflexos da animalidade atuante em todos nós encarnados. O ser pensante sabe os males que lhe causam o fumo, o álcool, o jogo, a gula, os abusos do sexo, os entorpecentes, embora proporcionem instantes de fictício prazer e preenchimento daquelas necessidades que a sua mente plasmou.

Tornam-se, então, hábitos repetitivos, condicionamentos que comodamente aceitamos muitas vezes sem quaisquer reações contrárias. Quem conseguiria justificar com razões evidentes as necessidades de fumar, de beber, de jogar, de comer demasiado, e da prática livre do sexo? O organismo humano se adapta às cargas dos tóxicos ingeridos e o psiquismo fixa-se nas sensações. Na falta delas, o próprio organismo passa a exigir, em forma de dependências, as doses tóxicas ou as cargas emocionais às quais se habituara, e a criatura não consegue mais libertar-se; fica viciada. Sente-se, então, incapaz de agir e prossegue sem esforço, contaminando o corpo e a alma, escravizando-se inapelavelmente aos horrores do desequilíbrio e da enfermidade.

Transfere da vida presente para a subsequente certos reflexos ou impregnações magnéticas que o perispírito guarda pelas imantações recebidas do próprio corpo físico e do campo mental que lhe são peculiares. As predisposições e as tendências se transportam, de alguma forma, para a nova experiência corpórea e, nessas oportunidades de libertação que nos são oferecidas, muitas vezes sucumbimos aos mesmos vícios do passado distante. Admitimos, à luz do Espiritismo, um componente reencarnatório nos vícios, o que de certa forma esclarece os casos crônicos e patológicos provocados pelo fumo, álcool, gula, jogo e pelas aberrações sexuais. Raramente estamos sozinhos nos vícios. Contamos também com as companhias daqueles que se servem dos mesmos males, tanto encarnados como desencarnados, em maior ou menor intensidade de sintonia, funcionando como fator de indução à prática dos vícios que ambos usufruem.
Muitas vezes podemos querer deixar tal ou qual vício, mas aquelas companhias nos sugestionam, persuadem e induzem. Como "amigos" do nosso convívio, apelam diretamente, convencendo-nos e arrastando-nos. Como entidades espirituais, agem hipnoticamente no campo da imaginação, transmitindo as ondas magnéticas envolventes das sensações e desejos que juntos alimentamos. Desse modo, ao iniciar o trabalho de extirpar os vícios, podemos estar dentro de um processo em que os três componentes abordados se verifiquem, ou seja: a própria imaginação e o organismo condicionados, a tendência reencarnatória e a persuasão das companhias visíveis e invisíveis.

B - A TENTAÇÃO NOS VÍCIOS

A somatória dos três componentes citados apresenta-se ao nosso intimo sob a forma de tentações. Interpretamos as tentações como sendo as manifestações de desejos veementes, de impulsos incontidos, a busca desesperada de prazeres ou necessidades que sabemos serem prejudiciais, mas que não estamos suficientemente fortes para conter. As tentações podem surgir em algumas circunstâncias como pela primeira vez, e podem repetir-se por muitas vezes, naqueles estados de ansiedade em que somos irresistivelmente impulsionados a cometer engimos para satisfazer desejos. As primeiras tentações estão, quase sempre, mescladas com a curiosidade, com o desejo de experimentar o desconhecido. Nesses casos, a influência dos já experimentados é, na maioria das vezes, o meio desencadeante dos vícios.
Alguém nos leva a praticá-los pela primeira vez quando assim cedemos às primeiras tentações. Esse procedimento é comum nos fumantes, nos alcoólatras, nos jogadores de azar, nos drogados, nos masturbadores. É a imitação que dá origem ao hábito, costume ou vício. Devemos considerar que todos nós somos tentados aos vícios e a muitos outros comprometimentos morais. Podemos ceder às tentações, mas a partir dos primeiros resultados colhidos nas experiências praticadas podemos nos firmar no propósito de não repeti-las e de não chegarmos à condição de viciados. Há também incontáveis ocasiões em que as tentações nem chegam a nos provocar, porque simplesmente não encontram eco dentro de nós. Isto é, já atingimos um nível de amadurecimento ou de consciência em que já não nos sintonizamos mais com aquelas categorias de envolvimentos ou de atrações. Não sentimos necessidade de experimentar o que possam nos sugerir; já nos libertamos, de alguma forma.

C - QUAL O NOSSO OBJETIVO?

Indiscutivelmente, todos nós colhemos, no sofrimento, os frutos amargos dos vícios, cedo ou tarde. Aí, na maioria, as criaturas despertam e começam a luta pela sua própria libertação. Não precisamos, porém, chegar às últimas consequências dos vícios para iniciar o trabalho de auto-descondicionamento. Podemos ganhar um tempo precioso e deliberadamente propormo-nos o esforço de extirpá-los de nós mesmos. É uma questão de ponderar com inteligência e colocar a imaginação a serviço da construção de nós mesmos. Esse é o nosso objetivo: compreender razoavelmente as características dos vícios e buscar os meios para eliminá-los.

Perguntamos: O que o amigo leitor acha que é fundamental em qualquer processo de conquista individual? É o querer? É a vontade posta em prática?É a ação concretizando o ideal?

Primeiro, perguntemos a nós mesmos se queremos deixar mesmo de fumar, de beber, de jogar, e se desejamos controlar a gula, o sexo.

E por quê? Temos razões para isso? O que nos motiva a iniciar esse combate? Será apenas para sermos bonzinhos? Ou teremos razões mais profundas? É claro que sabemos as respostas. O que ainda nos impede de assumirmos novas posições é o apego às coisas materiais, aos interesses pessoais, que visam a satisfazer os nossos sentidos físicos, digamos periféricos, ainda grosseiros e animais, indicativos de imperfeições. É uma questão de opção pessoal, livre e disposta a mudanças. A vontade própria poderá ser desenvolvida, até com pouco esforço; não será esse o problema para a nossa escolha. A questão é decidir e comprometer-se consigo mesmo a ir em frente.

Comecemos, então, por eliminar os vícios mais comuns, aqueles já citados, de conhecimento amplo e de uso social, que apresentaremos detalhadamente nos capítulos seguintes. Coloquemo-nos em posição de renunciar aos enganosos prazeres que os mesmos possam estar nos oferecendo e lutemos! Lutemos com todo o nosso empenho e não voltemos atrás!

D - FAÇA SUA AVALIAÇÃO INDIVIDUAL

1. Sente-se irresistivelmente condicionado a algum vício?
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2. Sofre as consequências maléficas que os mesmos provocam?
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3. Já tentou libertar-se voluntariamente de algum desses vícios?
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4. Analise como começou neles e conclua:

— Por livre desejo?
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- Por sugestão de alguém?
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5. Quando tentado a experimentar algum dos vícios sociais, cede facilmente?
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6 -. Percebe, por vezes, a sua imaginação articulando sensações que o satisfazem ao alimentá-las?
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7 - Já pensou que esse tipo de imaginação nos predispõe a cometê-las?
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8 - Tem dificuldades em afastar da mente os devaneios e os pensamentos ligados a prazeres íntimos?
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9 - Já chegou a compreender a necessidade de eliminar os vícios?
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10 - Acha que poderá com o próprio esforço deles se libertar?

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Ney P. Peres

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A fatalidade e os pressentimentos


Revista Espírita, março de 1858
INSTRUÇÕES DADAS POR SÃO LUÍS
Um dos nossos correspondentes nos escreveu o que segue:
"No mês de setembro último, uma embarcação leve, fazendo a travessia de Dunkerque à
Ostende, foi surpreendida por um tempo agitado e pela noite; o barquinho soçobra, e das
oito pessoas que o tripulavam, quatro perecem; as outras quatro, entre as quais me
encontrava, conseguiram se manter sobre a quilha. Permanecemos toda a noite nessa
horrível posição, sem outra perspectiva do que a morte, que nos parecia inevitável e da qual
experimentamos todas as angústias. Ao amanhecer, tendo o vento nos levado à costa,
pudemos ganhar a terra a nado.
"Por que nesse perigo, igual para todos, só quatro pessoas sucumbiram? Anotai que, por
minha parte, é a sexta ou sétima vez que escapo de um perigo tão iminente, e quase nas
mesmas circunstâncias. Sou verdadeiramente levado a crer que mão invisível me protege.
Que fiz para isso? Não sei muito; sou sem importância e sem utilidade neste mundo, e não
me gabo de valer mais do que os outros; longe disso: havia, entre as vítimas do acidente,
um digno eclesiástico, modelo de virtudes evangélicas, e uma venerável irmã de São Vicente
de Paulo, que iam cumprir uma santa missão de caridade cristã. A fatalidade me parece ter
um grande papel no meu destino. Os Espíritos, nela não estariam para alguma coisa? Seria
possível ter, por eles, uma explicação a esse respeito, perguntando-lhes, por exemplo, se são
eles que provocam ou afastam os perigos que nos ameaçam?-"
Conforme o desejo de nosso correspondente, dirigimos as perguntas seguintes ao Espírito de
São Luís que gosta de se comunicar conosco todas as vezes que há uma instrução útil para
dar.
1. Quando um perigo iminente ameaça alguém, é um Espírito que dirige o perigo, e quando
dele escapa, é um outro Espírito que o afasta?
Resp. Quando um Espírito se encarna, escolhe uma prova; escolhendo-a se faz uma espécie
de destino, que não pode mais conjurar, uma vez que a ele está submetido; falo de provas
físicas. Conservando o Espírito no seu livre arbítrio, sobre o bem e o mal, é sempre o senhor
para suportar ou repelir a prova; um bom Espírito, vendo-o enfraquecer, pode vir em sua
ajuda, mas não pode influir, sobre ele, de maneira a dominar a sua vontade. Um Espírito
mau, quer dizer, inferior, mostrando-lhe, exagerando-lhe um perigo físico, pode abalá-lo e
amedrontá-lo, mas, a vontade do Espírito encarnado não fica menos livre de todo entrave.
2. Quando um homem está no ponto de perecer por acidente, me parece que o livre arbítrio
nisso não vale nada. Pergunto, pois, se é um mau Espírito que provoca esse acidente, que
dele é, de algum modo, o agente; e, no caso em que se livra do perigo, se um bom Espírito
veio em sua ajuda.
Resp. O bom Espírito ou o mau Espírito não pode senão sugerir bons ou maus pensamentos,
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/1858/03d-a-fatalidade.html (1 of 3)7/4/2004 08:13:30
segundo a sua natureza. O acidente está marcado no destino do homem. Quando a tua vida é
posta em perigo, trata-se de uma advertência que tu mesmo a desejaste, a fim de te
desviares do mal e de te tomares melhor. Quando tu escapas desse perigo, ainda sob a
influência do perigo que correste, pensas mais ou menos fortemente, segundo a ação mais ou
menos forte dos bons Espíritos, em te tomares melhor. O mau Espírito sobrevindo (digo mau
subentendendo que o mal ainda está nele), pensas que escaparás do mesmo modo de outros
perigos e deixas, de novo, tuas paixões se desencadearem.
3. A fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossas vidas seria, pois, ainda o
efeito do nosso livre arbítrio?
Resp. Tu mesmo escolheste tua prova: quanto mais ela é rude, melhor tu a suportes, mais tu
te elevas. Aqueles que passam sua vida em abundância e na felicidade humana, são Espíritos
frouxos que permanecem estacionários. Assim, o número dos infortunados sobrepuja em
muito o dos felizes desse mundo, tendo em vista que os Espíritos procuram, em maior parte,
a prova que lhes será a mais frutífera. Eles vêem muito bem a futilidade de vossas grandezas
e de vossas alegrias. Aliás, a vida mais feliz é sempre agitada, sempre perturbada, não seria
isso senão pela ausência da dor.
4. Compreendemos perfeitamente essa doutrina, mas isso não nos explica se certos Espíritos
têm uma ação direta sobre a causa material do acidente. Suponhamos que no momento em
que um homem passa sobre uma ponte, essa ponte se desmorona. Que impeliu o homem a
passar nessa ponte?
Resp. Quando um homem passa sobre uma ponte que deve se romper, não é um Espírito que
o conduz a passar nessa ponte, é o instinto do seu destino que para lá o leva.
5. O que fez desmoronar a ponte?
Resp. As circunstâncias naturais. A matéria tem nelas suas causas de destruição. No caso do
qual se trata o Espírito, tendo necessidade de recorrer a um elemento estranho à sua
natureza para mover as forcas naturais, recorrerá antes à intuição espiritual. Assim tal ponte
adiante se rompe, a água tendo desconjuntado as pedras que a compõe, a ferrugem tendo
corroído a corrente que a suspenda, o Espírito, digo eu, ensinará antes ao homem para que
passe por essa ponte do que fazer romper uma outra sob seus passos. Aliás, tendes uma
prova material do que eu adianto: qualquer acidente que chegue sempre naturalmente, quer
dizer, de causas que se ligam umas as outras, e se conduzem insensivelmente.
6. Tomemos um outro caso no qual a destruição da matéria não seja a causa do acidente.
Um homem mal intencionado atira sobre mim, a bala me roça, não me atinge. Um Espírito
benevolente pode tê-la desviado?
Resp. Não.
7. Os Espíritos podem nos advertir diretamente de um perigo? Eis um fato que parece
confirmá-lo: uma mulher saía de sua casa e seguia pelo boulevar. Uma voz íntima lhe diz:
Vai-te; retorna para tua casa. Ela hesita. A mesma voz se faz ouvir várias vezes; então, ela
volta sobre seus passos; mas, reconsiderando-se, ela se diz: que vou fazer em minha casa?
Dela saí; é sem dúvida um efeito de minha imaginação. Então, ela continua o seu caminho. A
alguns passos dali, uma viga que se soltou de uma casa, atinge-lhe a cabeça e a derruba
inconsciente. Qual era essa voz? Não foi um pressentimento do que ia acontecer a essamulher?
Resp. A do instinto; aliás, nenhum pressentimento tem tais caracteres: sempre são vagos.
8. Que entendeis pela voz do instinto?
Resp. Entendo que o Espírito, antes de se encarnar, tem conhecimento de todas as fases de
sua existência; quando estas têm um caráter saliente, delas conserva uma espécie de
impressão no foro íntimo, e essa impressão, despertando quando o momento se aproxima,
torna-se pressentimento.
Nota. As explicações acima reportam-se à fatalidade dos acontecimentos materiais. A
fatalidade morai está tratada, de modo completo, em O Livro dos Espíritos.

Revista Espírita 1858 -Março

Fonte : Portal do Espírito

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Morte na boate- Richard Simonetti

Tragédias como a de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que vitimou 231 pessoas sempre suscitam a dúvida crucial: Maktub? Estava escrito?
            A meu ver está escrito apenas que morreremos um dia, mas sem definição do dia e hora, já que estes pertencem às contingências humanas, subordinadas ao livre-arbítrio.   Raros vivem integralmente o tempo concedido por Deus para as experiências humanas. Multidões retornam antes do tempo à espiritualidade por cuidarem mal do corpo, por se comprometerem no vício, no desregramento, na indisciplina, no crime…
            Há quem diga que débitos cármicos, nascidos de desvios cometidos em passadas existência teriam originado uma espécie de resgate coletivo na funesta madrugada.
            Além de logisticamente complicado juntar pessoas que queimam e sufocam seus semelhantes para morte igual, tal resgate lembra a pena de talião defendida por Moisés, o olho por olho, à distância do amor que cobre a multidão dos pecados, ensinado por Jesus.
            Há sempre a ideia supostamente consoladora, de que tudo vem de Deus. Assim pensando, seria, porventura, mais razoável imaginar que Deus estimula a negligência, a indisciplina, os vícios, os assassinatos, as bebedeiras, a agressividade, a maldade, a violência, as guerras, que diziam milhões de pessoas para que as pessoas paguem suas dívidas?
            Seria razoável imaginar que Deus inspirou os americanos a soltar duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, para que 200 mil japoneses quitassem seus débitos?
Essas mortes são de inspiração humana, jamais divina.
            O verdadeiro consolo está em considerar que o Espírito, a individualidade pensante, não morrerá jamais.
            Nascer e morrer são apenas duas faces da mesma moeda: a vida imortal, que se estende ao infinito, no desdobrar de experiências que nos conduzem à perfeição. Então, como diz Jesus, não mais experimentaremos a experiência da morte, em planos de matéria densa como a Terra. Nessa concepção está o verdadeiro consolo.
Quanto aos nossos amados, que nos antecedem no retorno à Espiritualidade, estão ausentes apenas aos nossos olhos.
            Se pudéssemos ver saberíamos que eles nos procuram, sofrem com nossa angústia, perturbam-se com nosso desconsolo, fortalecem-se com nossa coragem, vibram com nossas esperanças, torcem para que sejamos firmes e fortes no enfrentar os embates da existência a fim de que o reencontro mais tarde se dê em bases de vitória sobre as provações humanas, ensejando-nos luminoso porvir.
Transcrito do site Rede Amigos Espíritas

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

JUDAS ISCARIOTES, O APÓSTOLO.(...)"Embora Jesus Cristo já soubesse que o plano de Judas era irreversível, o bom senso nos diz que o ato na natureza fatal, uma vez que, com o uso do seu livre-arbítrio ele poderia ter-se furtado à execução do seu plano de traí-lo. O Evangelista João afirma que logo após Jesus ter-lhe dado o bocado de pão, entrou nele satanás, o que que Judas se tornou dócil instrumento de um possessor, o qual insuflou em seu coração o desiderato de consumar o ato de traição..."


"TENDO POIS, JUDAS RECEBIDO A COORTE E OFICIAIS DOS PRINCIPAIS
DOS SACERDOTES FARISEUS, VEIO PARA ALI COM LANTERNAS,
ARCHOTES E ARMAS". (JOÃO 18:3)
O nome de Judas Iscariotes provém da sua cidade de origem: Karioth, na Samaria, a qual, por sua vez, teve a sua raiz no nome de Issacar, um dos filhos de Jacó, que deu o título a uma das doze tribos de Israel. O papel de Judas Iscariotes no processo de revelação do Cristianismo, pelo que podemos deduzir das narrativas evangéIicas, não foi muito significativo. As poucas referências ali feitas sobre ele foram de natureza negativa, haja vista, por exemplo, o que diz o evangelista João sobre o episódio do do Jantar de Betânia: Logo após ter Maria derramado sobre o Mestre o vaso de unguento, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: por que não se vendeu esse unguento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres?
Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, tirava o que ali se lançava. Dizemos eventual traidor porque, embora naquela altura dos acontecimentos ele já tivesse pactuado com o sumo sacerdote, no sentido de entregar o Mestre mediante o prêmio de trinta moedas de prata, ele poderia bem ter voltado atrás em seu intento, uma vez que Deus jamais condena alguém à prática do mal

Em O Liuro dos Espíritos, de Allan Kardec, deparamos com os seguintes esclarecimentos:— No estado errante, antes de tomar uma existência corpórea, o Espírito escolhe o gênero de provas que sofrer; nisto consiste o seu livre-arbítrio.— Nada acontece sem a permissão de Deus, foi ele quem estabeleceu todas as leis que regem o universo.
Dando ao Espírito a liberdade de escolha, deixa-lhe responsabilidade dos seus atos e das suas consequências nada lhe estorva o futuro; o caminho do bem está à sua frente, como o do mal. Mas, se sucumbir, ainda se resta uma consolação, a de que nem tudo se acabou para ele, pois Deus, na sua bondade, permite-lhe recomeçar o que foi mal feito.

Embora Jesus Cristo já soubesse que o plano de Judas era irreversível, o bom senso nos diz que o ato na natureza fatal, uma vez que, com o uso do seu livre-arbítrio ele poderia ter-se furtado à execução do seu plano de traí-lo. O Evangelista João afirma que logo após Jesus ter-lhe dado o bocado de pão, entrou nele satanás, o que que Judas se tornou dócil instrumento de um possessor, o qual insuflou em seu coração o desiderato de consumar o ato de traição.

Com base nos ensinamentos acima, podemos afirmar que Judas Iscariotes não veio predestinado para aquele ato nefando. Ele poderia tê-lo praticado ou não. Na eventualidade de ter modificado a sua decisão, teria naturalmente surgido outro traidor, ou o Cristo teria sido preso em circunstâncias diferentes, embora o Mestre, profundo conhecedor dos homens e profeta que era, soubesse de antemão que Judas não mudaria o que já havia deliberado fazer, e que, portanto, os vaticínios sobre essa ocorrência aconteceriam em seus mínimos detalhes.

Estando Jesus falando, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma grande multidão com espadas e varapaus, que eram os ministros enviados pelos principais dos sacerdotes e pelos anciãos do povo, e deu-lhe um beijo, dizendo: Deus te salve Mestre, sinal esse que havia anteriormente combinado com os detratares do Senhor. Profundamente arrependido do ato de traição após ver a flagelação do Mestre, voltou Judas ao Templo e ali pretendeu reparar a sua falta, exclamando: Pequei, traindo o sangue inocente, ao que os principais dos sacerdotes replicaram:
Que nos importa? Isso é contigo. Desesperado diante dessa recusa, atirou as trinta moedas aos pés dos sacerdotes e, retirando-se para um campo, ali suicidou-se. Os mentores do Templo, tomando do dinheiro, disseram: Não é lícito deitá-lo na arca das esmolas, porque é preço de sangue, e em conselho deliberaram comprar com ele o campo de um oleiro, para servir de cemitério aos forasteiros. Por essa razão se ficou chamando aquele campo, Haceldama, isto é, campo de sangue. Com esse ato, aparentemente caridoso, os principais dos sacerdotes julgavam poder enganar a Deus, enganando-se a si próprios.
Esta passagem foi prevista no livro de Zacarias (11:12-13): E eu disse-lhes: Se parecer bem aos vossos olhos, dai-me o que é devido e, se não, deixai-o. E pesaram o meu salário trinta moedas de prata. O Senhor, pois, me disse: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trintas moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do Senhor.
É inegável que o Espírito de Judas já se redimiu no decurso de várias lutas expiatórias (NOTA: isto feito em centenas de reencarnações) e hoje forçosamente é um Espírito de ordem elevada, não se justificando as campanhas que se movem contra ele no mundo, principalmente com as chamadas malhações e coisas semelhantes.
É fato inconteste, porém, que a História do Cristianismo registra a passagem pela Terra de muitos outros Judas, que não traindo o Mestre traíram, entretanto, a sua Doutrina, impregnados com ritualismos e encenações exteriores que ele jamais ensinou.
Paulo A. Godoy

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 54

 
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 53

 
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 52

 
 
A diversidade em toda a criação de Deus é mostra de Sua inteligência soberana. A beleza que constitui as coisas do Senhor está nas variações sem perda da harmonia, que sublimam todos os ritmos. Tudo muda, de segundo para segundo, embelezando cada vez mais a natureza, nas linhas a que fomos chamados a servir. Um dia não é igual ao outro. O Céu que se contempla da Terra mostra diferenças dia a dia e noite a noite. As pessoas têm suas mudanças e reações variadas. Os animais e os pássaros, a flora e a fauna se alteram constantemente. Todas as formas se integram e desintegram com freqüência, pela força do progresso. Se assim podemos dizer, tudo que existe está em contínua modificação. Esta é uma lei cósmica que opera em toda a criação. Não há somente diversidade nas raças humanas, mas variedades em todas as coisas que Deus criou e nós, na profundidade das nossas consciências, gostamos de variações. Sentimos um prazer indefinível nas mutações.

domingo, 20 de janeiro de 2013

NASCIMENTOS ESTRANHOS. "...Há quem nos pergunte por que motivo nascem crianças nos recintos de assistência a companheiros em tratamento de moléstias mentais. E responderemos com ligeira mostra do assunto...."


Diversos amigos, de passagem por Uberaba, deixaram-nos uma pergunta que nos tomou a atenção: “Por que
nascem crianças em lugares exclusivamente reservados aos tratamentos de doentes mentais?” Com o assunto em
pauta, em nossa reunião pública, O Livro dos Espíritos nos deu a questão 167 para estudo.
Os temas da reencarnação foram comentados. “Recomposição Espiritual”, foi a página que nosso Emmanuel
escreveu ao término das tarefas.
RECOMPOSIÇÃO ESPIRITUAL
Emmanuel
Há quem nos pergunte por que motivo nascem crianças nos recintos de assistência a companheiros em
tratamento de moléstias mentais.
E responderemos com ligeira mostra do assunto.
***
No Mais Além, certo amigo acreditou poder superar o desafio das facilidades humanas e pediu vantagens de berço no Plano Físico, a fim de cumprir elevada missão.
Ressurgiu, para logo, na linhagem de pais generosos que lhe ficharam o nome, de imediato, na posse de
avantajados recursos materiais.
Desenvolveu-se em refúgio respeitável e opulento.
Encontrou grupo familiar que estendeu apoio e compreensão.
Favorecido por educadores abnegados, senhoreou ingredientes dos mais valiosos para a formação da própria cultura.
Entretanto, em plena maioridade na experiência humana, por mais advertido fosse pelos princípios da fé que
esposara, decidiu-se pelo abuso.
Traçou infeliz caminho a si próprio.
Sulcou de sofrimento o coração dos pais, feriu companheiros, desbaratou os próprios bens, suscitou a
infelicidade de vastos agrupamentos domésticos, criou dificuldades e sombras e, por fim, precipitando-se em
desregramentos sem nome, desencarnou em lamentável posição de criminalidade.
De regresso ao Mundo Espiritual, reconheceu amigos, recordou afeições, clareou o pensamento, reformulou
pereceres, recompôs idéias e aceitou a culpa que lhe danificava a consciência.
Por mais se lhe dispensasse consolação, mais lhe doía o arrependimento.
Por mais se lhe prestassem favores, mais profundamente sentia o remorso que lhe arruinava todas as forças.
E isso, porque a apreciação de todos os fatos em si procedia dele próprio, no autojuízo a que todos nos
submetemos tão mais intensamente quanto maior o discernimento que venhamos a desfrutar.
Decorrido algum tempo de revisão e reajuste, ei-lo com o novo requerimento de que se supunha necessitado.
Rogava, agora, às autoridades superiores, difícil reencarnação em ambiente obscuro e indefinível, em que
quaisquer vantagens maciças lhe fossem sonegadas.
Foi assim que o vimos renascer, em espaço do Plano Físico totalmente consagrado ao tratamento de nossos
irmãos alienados mentais, recanto esse do qual estamos a vê-lo emergindo muito pouco a pouco, em seus
recursos espirituais, de modo a facear em futuro próximo o grave trabalho de reconquista de que se sente
sequioso, de maneira a reinstalar-se por dentro da própria alma, no respeito a si
Mesmo.
Como, pois, é fácil de entender, somos livres na escolha, mas nos resultados de nossas escolhas, quaisquer que sejam, de um modo ou de outro, com a nossa própria adesão voluntária à execução da Lei, a Lei sempre se cumprirá.

Livro: Caminhos de Volta
Chico Xavier, Espíritos Diversos.

CONSIDERAÇÕES DE KARDEC."...Demônios, no sentido que a civilização corrente empresta ao vocábulo, não são seres votados pela Sabedoria Divina à prática do mal, e sim espíritos humanos que se desequilibraram em atitudes infelizes perante a vida..."


Francisco Cândido Xavier
Em várias conversações tivemos ocasião de comentar os noticiários da imprensa
sobre demônios e exorcismo. O assunto vem sendo muito debatido. E nós, também, num
grupo grande de companheiros, não escapamos às opiniões sobre essas ocorrências.
Acontece que, em nossa reunião pública, O Livro dos Espíritos nos ofereceu a
questão 131 para os estudos gerais e o nosso caro Emmanuel escreveu a página ”Demônios e
Exorcismo".
O nosso amigo espiritual trata do tema, expressando-se nas mesmas considerações
de Allan Kardec.
DEMÔNIOS E EXORCISMO
Emmanuel
Em vários setores da atualidade revive-se a figura do demônio, no estilo da Idade
Média, e articulam-se processos de exorcismo a fim de lhe conjurar a presença.
Entretanto, no assunto, vale revisar os conceitos kardequianos emitidos há mais de
um século.
Demônios, no sentido que a civilização corrente empresta ao vocábulo, não são seres
votados pela Sabedoria Divina à prática do mal, e sim espíritos humanos que se
desequilibraram em atitudes infelizes perante a vida. Podem estar domiciliados em faixas de
sombra do Mundo Espiritual, em correlação com o Plano Físico ou em núcleos residenciais da
Terra mesmo. Desencarnados e encarnados.
E, para entendermos o exorcismo, basta que nos detenhamos no estudo da hipnose e
do reflexo condicionado para recolher as melhores conclusões quanto ao poder da influência.
*
O homem sempre necessitou de apoiar-se em símbolos de amor e fé, autoridade e
responsabilidade para facear com segurança as forças que se lhe conservam desconhecidas.
Tanto na paisagem terrestre, quanto na paisagem espiritual, seja no estágio físico ou
nos períodos de tempo, antes e depois da permanência no corpo de matéria mais densa, a
personalidade humana, em determinados degraus da estrada evolutiva, frenará os impulsos de
agressividade exagerada ou buscará encorajamento nas próprias fraquezas, em sinais e
palavras, imagens e sons que lhe recordem os dispositivos de proteção mental a que
habitualmente se submeta ou recorra, nos lances das próprias experiências.
À vista disso, é fácil compreender que a pessoa humana, quando fora das leis de
harmonia e burilamento que nos regem os destinos, será sempre uma criatura de emoções
transitoriamente deterioradas, criando tribulações no lugar em que se encontre.
E, por outro lado, não é difícil perceber que o exorcismo, na base dos agentes
magnéticos e dos valores da memória, é sempre uma alavanca de emergência capaz de
remover influências infelizes.
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Na raiz do problema, em suma, encontramos a necessidade de considerar os
chamados “espíritos das trevas” por irmãos verdadeiros, requisitando compreensão e auxílio a
fim de se remanejarem do desajuste para o reequilíbrio neles mesmos. Entendendo-se ainda
que o melhor e mais alto processo de transformá-los, em definitivo, será sempre a prática do
amor, através da qual todos nós, os espíritos em evolução no campo terrestre, estamos sendo
orientados, treinados, instruídos, educados e sublimados pela abnegação incessante dos Sábios
Angélicos da Espiritualidade, em nossa marcha progressiva para Deus.

Caminhos de Volta
Chico Xavier / Espíritos Diversos

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

AS PAIXÕES

A Doutrina Espírita nos ensina que todas as paixões têm como princípio originário uma necessidade ou um sentimento natural, colocados em nosso âmago com o fim de estimular-nos ao trabalho e à conquista da felicidade.
"Deus é Amor" e, ao criar-nos, fêz-nos participantes de Sua natureza, isto é, dotados dessa virtude por excelência; carecendo apenas que a desenvolvamos e a depuremos, até a sublimação.
Houve por bem, então, tornar-nos sensíveis ao prazer para que cada um de nós, buscando-o, cultivasse o amor a si mesmo, para, numa outra etapa, ser capaz de estender esse amor aos semelhantes.
Pode parecer que a busca do prazer pessoal seja uma forma errônea, por sumamente egoísta, para que possa conduzir-nos à efetivação desse grandioso desiderato. Deus, porém, em Sua onisciência, sempre escolhe os melhores caminhos possíveis para o nosso progresso, e se assim há determinado é porque sabe que, sem experimentarmos, antes, quanto é bom o amor que nos devotamos e ao qual tudo sacrificamos, jamais chegaríamos ao extremo oposto, de sacrificar-nos por amor a outrem.
Os gozos que o mundo nos proporciona, entretanto, são regulados por leis divinas, que lhes estabelecem limites em função das reais necessidades de nosso corpo físico e dos justos anseios de nossa alma, e transpô-los ocasiona consequências tanto mais funestas quanto maiores sejam os desmandos cometidos.
Nisto, como em todo aprendizado que lhe cumpra fazer, seja de um ofício, de uma arte, ou do exercício de um poder qualquer, o homem começa causando, a si mesmo e ao próximo, mais prejuízos que benefícios.
E' que, em sua imensa ignorância, não sabe distinguir o uso do abuso, exagera suas necessidades e sentimentos, e é aí, no excesso, que aquelas e estes se transformam em paixões, provocando perturbações danosas ao seu organismo e ao seu psiquismo.
Apresentemos alguns exemplos:
Alimentar-nos é um imperativo da natureza, cujo atendimento é coisa que nos dá grande satisfação. Quantos, entretanto, façam dos "prazeres da mesa" a razão de sua existência, rendendo-se à glutonaria, mais dias, menos dias, terão que pagar, com a enfermidade, senão mesmo com a morte, o preço desse mau hábito.
Muito natural o nosso desejo de preparar dias melhores para nós e a nossa família, bem assim as lutas a que nos entregamos e os sacrifícios que nos impomos, visando a tal objetivo. Todavia, é preciso que essa preocupação pelo futuro não ultrapasse os limites do razoável, para que não se converta em obsessão.
A recreação, por outro lado, é uma exigência de nosso espírito, e os entretenimentos ocasionais valem por excelentes fatores de hiigiene mental. Infelizes, no entanto, os que, seduzidos pelas emoções de uma partida de baralho ou de víspora, pelo lucro fácil de um lance na roleta, ou quejandos, se deixem dominar pelo jogo! A desgraça não tardará a abatê-los, como abatidos têm sido todos quantos se escravizam a essa terrível viciação.
Calor excessivo ou frio intenso podem forçar-nos, vez por outra, a um refrigerante gelado ou a uma dose alcoólica, com o que nos dessedentamos, ou nos reconfortamos gostosamente. Mas todo cuidado será pouco para não descambarmos para a bebedice, pois seus malefícios, provam-no as estatísticas, assumem características de verdadeiro flagelo social.
Todos nós sentimos necessidade de dar e receber carinho, já que ninguém consegue ser feliz sem isso. É de todo conveniente, entretanto, repartir nosso afeto com os que pertencem ao nosso círculo familiar, estendê-lo a amigos e outros semelhantes, evitando concentrá-lo em uma só pessoa, fazendo depender unicamente dela o nosso interesse pela vida, pois, ao perder esse alguém, poderemos sofrer um golpe doloroso demais para ser suportado sem perda do equilíbrio espiritual.
Não há quem não deseje autoafirmar-se, mediante a realização de algo que corresponda às suas tendências dominantes, e daí porque alguns se atiram, com inusitado entusiasmo, a determinados estudos, outros se empolgam na procura ou no apuramento de uma nova técnica com que sonham projetar-se na especialidade de sua predileção, e outros ainda descuidam de tudo e de todos para devotar-se, inteiramente, às atividades artísticas ou científicas que os abrasam. Importa, porém, acautelar-nos com o perigo do monoideísmo, responsável por neuroses ou insânias de difícil recuperação.
Como se vê, o princípio das paixões nada tem de mau, visto que "assenta numa das condições providenciais de nossa existência", podendo inclusive, em certos casos e enquanto governadas, levar o homem a feitos nobilitantes.
Todo mal, repetimo-lo, reside no abuso que delas se faz.
Urge, portanto, que, na procura do melhor, do que nos traga maior soma de gozo, aprendamos a respeitar as leis da Vida, para que elas, inexoráveis como são, não se voltem contra nós, compelindo-nos a penosos processos de reajuste e reequilíbrio. (Cap. XII, q. 907 e seguintes.)
Rodolfo Calligaris
Livro: Leis Morais

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

CONHECE-TE A TI MESMO


A felicidade foi, é e será sempre a maior e a mais profunda aspiração do homem.
Ninguém há que não deseje conquistá-la, tê-la como companheira inseparável de sua existência.
Raros, no entanto, aqueles que a têm connseguido.
E' que grande parte dos terrícolas, não se conhecendo a si mesmos, quais "imagem e semelhança de Deus", e ignorando os altos destinos para que foram criados, não compreendem ainda que a verdadeira felicidade não consiste na posse nem no desfrute de algo que o mundo nos possa dar e que, em nos sendo negado ou retirado, nos torna infelizes.
Com efeito, aquilo que venha de fora ou dependa de outrem (bens materiais, poder, fama, glória, comprazimento dos sentidos, etc) é precário, instável, contingente. Não nos pode oferecer, por conseguinte, nenhuma garantia de continuidade. Além disso, conduz fatalmente à desilusão, ao fastio, à vacuidade.
«O reino dos céus está dentro de vós», proclamou Jesus.
Importa, então, que cultivemos nossa alma, a "pérola" de subido preço de que nos fala a parábola, e cuja aquisição compensa o sacrifício de todos os tesouros de menor valor a que nos temos apegado, porquanto é na auto-realização espiritual, no aprimoramento de nosso próprio ser, que haveremos de encontrar a plenitude da paz e da alegria com que sonhamos.
A Doutrina Espírita, em exata consonância com os ensinamentos do Mestre, elucida-nos que, tanto aqui na Terra como no outro lado da Vida, a felicidade é inerente e proporcional ao grau de pureza e de progresso moral de cada um.
"Toda imperfeição - di-lo Kardec - é causa de sofrimento e de privação de gozo, do mesmo modo que toda perfeição adquirida é fonte de gozo e atenuante de sofrimentos. Não há uma só ação, um só pensamento mau que não acarrete funestas e inevitáveis consequências, como não há uma só qualidade boa que se perca. Destarte, a alma que tem dez imperrfeições, p. ex., sofre mais do que a que tem três ou quatro; e quando dessas dez imperfeições não lhe restar mais que metade ou um quarto, menos sofrerá. De todo extintas, a alma será perfeitamente feliz."
Pela natureza dos seus sofrimentos e vicissitudes na vida corpórea, pode cada qual conhecer a natureza das fraquezas e mazelas de que se ressente e, conhecendo-as, esforçar-se no sentido de vencê-las, caminhando, assim, para a felicidade completa reservada aos justos.

A máxima - "nosce te ipsum" - inscrita no frontão do templo de Delfos e atribuída a um dos mais sábios filósofos da Antiguidade, constitui-se até hoje a chave de nossa evolução, isto é, continua sendo o melhor meio de melhorar-nos e alcançarmos a bem-aventurança.
E' verdade que esse autoconhecimento não é muito fácil, já que nosso amor-próprio sempre atenua as faltas que cometemos, tornando-as desculpáveis, assim como rotula como qualidades meritórias o que não passa de vícios e paixões.
Urge, porém, que aprendamos a ser sinceros com nós mesmos e procuremos aquilatar o real valor de nossas ações, indagando-nos como as qualificaríamos se praticadas por outrem.
Se forem censuráveis em outra pessoa, também o serão em nós, eis que "Deus não usa de duas medidas na aplicação de Sua justiça" .
Será útil conhecermos, igualmente, qual o juízo que delas fazem os outros, principalmente aqueles que não pertencem ao círculo de nossas amizades, porque, livres de qualquer constrangimento, podem estes expressar-se com mais franqueza.
Uma entidade sublimada, em magnífica mensagem a respeito, aconselha-nos:
"Aquele que, possuído do propósito de melhorar-se, a fim de extirpar de si os maus pendores, como de seu jardim arranca as ervas daninhas, evocasse todas as noites as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si próprio o bem ou o mal que houvera feito, grande força adquiriria para aperfeiçoar-se porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vós mesmos, questões nítidas e precisas, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo procedestes em tal ou qual circunstância, sobre se obrastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: se aprouvesse a Deus chamar-me neste momennto, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada pode ser ocultado? Examinai o que puderdes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado. Não trabalhais todos os dias com o fito de juntar haveres que vos garantam repouso na velhice? Não constitui esse repouso o fim que vos faz suportar fadigas e privações temporárias? Pois bem! que é esse descanso de alguns dias, turbado sempre pelas enfermidades do corpo, em comparação do corpo, em comparação com o que espera o homem de bem?" ( Cap. XII, q. 919 e seguintes.
Rodolfo Calligaris
Livro: Leis Morais