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quarta-feira, 21 de abril de 2021

TIRADENTES DIALOGA COM IRMÃO X SOBRE A INCONFIDÊNCIA MINEIRA.




(...)"antes de tudo, devo afirmar que não fui um herói e sim um Espírito em prova, servindo simultaneamente à causa da liberdade da minha terra. Quanto à Inconfidência de Minas, não foi propriamente um movimento nativista, apesar de ter aí ficado como roteiro luminoso para a independência da pátria. Hoje posso perceber que o nosso movimento era um projeto por demais elevado para as forças com que podia contar o Brasil daquela época, reconhecendo como o idealismo eliminou em nosso espírito todas as noções da realidade prática(...) Fomos os títeres de alguns portugueses liberais, que, na colônia, desejavam adaptar-se ao novo período histórico do planeta, aproveitando-se dos nossos primeiros surtos de nacionalismo. Não possuíamos um índice forte de brasilidade que nos assegurasse a vitória, e a verdade só me foi intuitivamente revelada quando as autoridades do Rio mandaram prender-me na rua dos Latoeiros.”(...)A nação ainda não foi realizada para criar-se uma linha histórica, mantenedora da sua perfeita independência. Todavia, a vitalidade de um povo reside na organização da sua economia e a economia do Brasil está muito longe de ser realizada. A ausência de um interesse comum em favor do País, dá causa não mais à derrama dos impostos, mas ao derrame das ambições, onde todos querem mandar, sem saberem dirigir a si próprios.”




Tirandentes:

Dos infelizes protagonistas da Inconfidência Mineira,  no dia 21 de abril de todos os anos, aqueles que podem excursionar pela Terra volvem às ruínas de Ouro Preto,  a fim de se reunirem entre as velhas paredes da casa humilde do sítio da Cachoeira, trazendo a sua homenagem de amor à personalidade do Tiradentes.

Nessas assembleias espirituais, que os encarnados poderiam considerar como reuniões de sombras, os preitos de amor são mais expressivos e mais sinceros, livres de todos os enganos da História e das hipocrisias convencionais.

Ainda agora, compareci a essa festividade de corações, integrando a caravana de alguns brasileiros desencarnados, que para lá se dirigiu, associando-se às comemorações do protomártir da emancipação do País.

Nunca tive muito contato com as coisas de Minas Gerais, mas a antiga Vila Rica [atualmente Ouro Preto],  atualmente elevada à condição de Monumento Nacional, pelas suas relíquias prestigiosas, sempre me impressionou pela sua beleza sugestiva e legendária. Nas suas ruas tortuosas, percebe-se a mesma fisionomia do Brasil dos vice-reis. Uma coroa de lendas suaves paira sobre as suas ladeiras e sobre os seus edifícios seculares, embriagando o espírito do forasteiro com melodias longínquas e perfumes distantes. Na terra empedrada, ainda existem sinais de passos dos antigos conquistadores do ouro dos seus rios e das suas minas e, nas igrejas, ainda se ouvem soluços de escravos, misturados com gritos de sonhos mortos, do seu valoroso heroísmo. A velha Vila Rica, com a névoa fria dos seus horizontes, parece viver agora com as suas saudades de cada dia e com as suas recordações de cada noite.

Sem me alongar nos lances descritivos acerca dos seus tesouros do passado, objeto da observação de jornalistas e escritores de todos os tempos, devo dizer que, na noite de hoje, a casa antiga dos Inconfidentes tem estado cheia das sombras dos mortos. Aí fui encontrar, não segundo o corpo, mas segundo o Espírito, as personalidades de Domingos Vidal Barbosa, Freire de Andrada, Mariano Leal, Joaquim da Maia, Cláudio Manuel, Inácio Alvarenga, Doroteia de Seixas, Beatriz Francisca Brandão, Toledo Pisa, Luís de Vasconcelos e muitos outros nomes, que participaram dos acontecimentos relativos à malograda conspiração. Mas, de todas as figuras veneráveis ao alcance dos meus olhos, a que me sugeria as grandes afirmações da pátria era, sem dúvida, a do antigo alferes Joaquim José da Silva Xavier, pela sua nobre e serena beleza. Do seu olhar claro e doce, irradiava-se toda uma onda de estranhas revelações, e não foi sem timidez que me acerquei da sua personalidade, provocando a sua palavra.

Falando-lhe a respeito do movimento de emancipação política, do qual havia sido o herói extraordinário, declinei minha qualidade de seu ex-compatriota, filho do Maranhão, que também combatera, no passado, contra o domínio dos estrangeiros.

— “Meu amigo — declarou com bondade —, antes de tudo, devo afirmar que não fui um herói e sim um Espírito em prova, servindo simultaneamente à causa da liberdade da minha terra. Quanto à Inconfidência de Minas, não foi propriamente um movimento nativista, apesar de ter aí ficado como roteiro luminoso para a independência da pátria. Hoje posso perceber que o nosso movimento era um projeto por demais elevado para as forças com que podia contar o Brasil daquela época, reconhecendo como o idealismo eliminou em nosso espírito todas as noções da realidade prática mas, estávamos embriagados pelas ideias generosas que nos chegavam da Europa, através da educação universitária. E, sobretudo, o exemplo dos Estados Americanos do Norte, que afirmaram os princípios imortais do direito do homem, muito antes do verbo inflamado de Mirabeau, era uma luz incendiando a nossa imaginação. O Congresso de Filadélfia, que reconheceu todas as doutrinas democráticas, em 1776, afigurou-se-nos uma garantia da concretização dos nossos sonhos. Por intermédio de José Joaquim da Maia procuramos sondar o pensamento de Jefferson, em Paris, a nosso respeito; mas, infelizmente, não percebíamos que a luta, como ainda hoje se verifica no mundo, era de princípios.  O fenômeno que se operava no terreno político e social era o desprezo do absolutismo e da tradição, para que o racionalismo dirigisse a vida dos homens. Fomos os títeres de alguns portugueses liberais, que, na colônia, desejavam adaptar-se ao novo período histórico do planeta, aproveitando-se dos nossos primeiros surtos de nacionalismo. Não possuíamos um índice forte de brasilidade que nos assegurasse a vitória, e a verdade só me foi intuitivamente revelada quando as autoridades do Rio mandaram prender-me na rua dos Latoeiros.”

— E nada tendes a dizer sobre a defecção de alguns dos vossos companheiros? — perguntei.

— “Hoje, de modo algum desejaria avivar minhas amargas lembranças… Aliás não foi apenas Silvério quem nos denunciou perante o Visconde de Barbacena; muitos outros fizeram o mesmo, chegando um deles a se disfarçar como um fantasma, dentro das noites de Vila Rica, avisando quanto à resolução do governo da província antes que ela fosse tomada publicamente, com o fim de salvaguardar as posições sociais de amigos do Visconde que haviam simpatizado com a nossa causa. Graças a Deus, todavia, até hoje, sinto-me ditoso por ter subido sozinho os vinte degraus do patíbulo.”

— E sobre esses fatos dolorosos, não tendes alguma impressão nova a nos transmitir?

E os lábios do Herói da Inconfidência, como se receassem dizer toda a verdade, murmuraram estas frases soltas:

“Sim… a Sala do Oratório e o vozerio dos companheiros desesperados com a sentença de morte… a Praça da Lampadosa, minha veneração pelo Crucifixo do Redentor e o remorso do carrasco… a procissão da Irmandade da Misericórdia, os cavaleiros, até o derradeiro impulso da corda fatal, arrastando-me para o abismo da morte…”

E concluiu:

“Não tenho coisa alguma a acrescentar às descrições históricas, senão minha profunda repugnância pela hipocrisia das convenções sociais de todos os tempos.”

— É verdade, acrescentei, reza a História que, no instante da vossa morte, um religioso falou sobre o tema do Eclesiastes — “Não atraiçoes o teu rei, nem mesmo por pensamentos.”

E terminando a minha observação com uma pergunta, arrisquei:

— Quanto ao Brasil atual, qual a vossa opinião a respeito?

“Apenas a de que ainda não foi atingido o alvo dos nossos sonhos. A nação ainda não foi realizada para criar-se uma linha histórica, mantenedora da sua perfeita independência. Todavia, a vitalidade de um povo reside na organização da sua economia e a economia do Brasil está muito longe de ser realizada. 
A ausência de um interesse comum em favor do País, dá causa não mais à derrama dos impostos, mas ao derrame das ambições, onde todos querem mandar, sem saberem dirigir a si próprios.”

Antes que se fizesse silêncio entre nós, tornei ainda:

— Com relação aos ossos dos inconfidentes, vindos agora da África para o antigo teatro da luta, hoje transformado em Panteão Nacional,  são de fato autênticos esqueletos dos apóstolos da liberdade?

— “Nesse particular, respondeu Tiradentes com uma ponta de ironia, não devo manifestar os meus pensamentos. Os ossos encontrados tanto podem ser de Gonzaga, como podem pertencer, igualmente, ao mais miserável dos negros de Angola. O orgulho humano e as vaidades patrióticas têm também os seus limites… Aliás, o que se faz necessário é a compreensão dos sentimentos que nos moveram a personalidade, impelindo-nos para o sacrifício e para a morte…”

Mas, não pôde terminar. Arrebatado numa aluvião de abraços amigos e carinhosos, retirou-se o grande patriota que o Brasil hoje festeja glorificando o seu heroísmo e a sua doce humildade.

Aos meus ouvidos emocionados ecoavam as notas derradeiras da música evocativa e dos fragmentos de orações que rodeavam o monumento do Herói, afigurando-se-me que Vila Rica ressurgira, com os seus coches dourados e os seus fidalgos, num dos dias gloriosos do Triunfo Eucarístico mas, aos poucos, suas luzes se amorteceram no silêncio da noite, e a velha cidade dos conspiradores entrou a dormir, no tapete glorioso de suas recordações, o sono tranquilo dos seus sonhos mortos.


(.Irmão X)

21 de abril de 1937.

  

Livro: Crônicas de Além Túmulo- Psicografado por Chico Xavier

TIRADENTES NOS BRAÇOS DE ISMAEL.


"resgatas hoje os delitos cruéis que cometeste quando te ocupavas do nefando mister do inquisidor, nos tempos passados. Redimiste o pretérito obscuro e criminoso com as lágrimas do teu sacrifício em favor da Pátria do Evangelho de Jesus. Passarás a ser um símbolo para a posteridade, com o teu heroísmo resignado nos sofrimentos purificadores. Qual novo gênio surges, para espargir bênçãos sobre a terra do Cruzeiro, em todos os séculos do seu futuro. "




Tiradentes nos braços de Ismael


[...]
"Os historiadores falam do grande pavor daqueles onze homens que se ajuntavam, andrajosos e desesperados, na sala do Oratório, para ouvirem a sentença da sua condenação, após três longos anos de separação, em que haviam ficado incomunicáveis nos diversos presídios da época. A leitura da peça condenatória, pelo Desembargador Francisco Alves da Rocha, levou quase duas horas. Depois de conhecerem os seus termos, os infelizes conjurados passaram às mais dolorosas e recíprocas recriminações. Os mais tristes quadros de fraqueza moral se patenteavam naqueles corações desiludidos e desamparados; mas, no dia seguinte, a dura sentença era modificada. D. Maria I havia comutado anteriormente as penas de morte em perpétuo degredo nas desoladas regiões africanas, com exceção do Tiradentes, que teria de morrer na forca, conservando-se o cadáver insepulto e esquartejado, para escarmento de quantos urdissem novas traições à coroa portuguesa.

O mártir da inconfidência, depois de haver apreciado, angustiadamente, a defecção dos companheiros, reveste-se de supremo heroísmo. Seu coração sente uma alegria sincera pela expiação cruel que somente a ele fora reservada, já que seus irmãos de ideal continuariam na posse do sagrado tesouro da vida. As falanges de Ismael lhe cercam a alma leal e forte, inundando-a de santas consolações.

Tiradentes entrega o espírito a Deus, nos suplícios da forca, a 21 de abril de 1792. Um arrepio de aflitiva ansiedade percorre a multidão, no instante em que seu corpo balança, pendente das trevas do cadafalso, no Campo da Lampadosa.
Mas, nesse momento, Ismael recebia em seus braços carinhosos a alma edificada do mártir.

– Irmão querido – exclama ele – resgatas hoje os delitos cruéis que cometeste quando te ocupavas do nefando mister do inquisidor, nos tempos passados. Redimiste o pretérito obscuro e criminoso com as lágrimas do teu sacrifício em favor da Pátria do Evangelho de Jesus. Passarás a ser um símbolo para a posteridade, com o teu heroísmo resignado nos sofrimentos purificadores. Qual novo gênio surges, para espargir bênçãos sobre a terra do Cruzeiro, em todos os séculos do seu futuro. Regozija-te no Senhor pelo desfecho dos teus sonhos de liberdade, porque cada um será justiçado de acordo com as suas obras. Se o Brasil se aproxima da sua maioridade como nação, ao influxo do amor divino, será o próprio Portugal quem virá trazer, até ele, todos os elementos da sua emancipação política, sem o êxito incerto das revoluções feitas à custa do sangue fraterno, para multiplicar os órfãos e as viúvas na face sombria da Terra...

Um sulco luminoso desenhou-se nos espaços, à passagem das gloriosas entidades que vieram acompanhar o espírito iluminado do mártir, que não chegou a contemplar o hediondo espetáculo do esquartejamento.

Daí a alguns dias, a piedosa rainha portuguesa enlouquecia, ferida de morte na sua consciência pelos remorsos pungentes que a dilaceravam e, consoante as profecias de Ismael, daí a alguns anos era o próprio Portugal que vinha trazer, com D. João VI, a independência do Brasil, sem o êxito incerto das revoluções fratricidas, cujos resultados invariáveis são sempre a multiplicação dos sofrimentos das criaturas, dilaceradas pelas provações e pelas dores, entre as pesadas sombras da vida terrestre."

Trecho retirado do capítulo"Inconfidência Mineira" no Livro “Brasil – Coração do Mundo – Pátria do Evangelho”
Psicografia Francisco C. Xavier – Espírito Humberto de Campos


segunda-feira, 19 de abril de 2021

FELIPE DOS SANTOS : UM TESTEMUNHO PARA OS INCONFIDENTES -"O sofrimento maior é o de fracassar na própria destinação!"

 

Contexto:

No plano espiritual , Ismael, convocava ,para um alistamento , Espíritos que pudesem levar ,no campo das ideias, uma nova proposta , para evolução . Essas ideias deveriam constar os ideais de Fraternidade de Igualdade e Liberdade. Neste ínterim , Ismael , após sua exposição, trouxe um testemundo, um depoimento , uma mensagem de *Felipe dos Santos , que acabara de desencarnar , redimido perante sua consciência, de forma cruel, por implantar estas novas idéias , visando encorajar esses Espíritos para uma missão nobre a desempenhar no Brasil, em Minas Gerais.
*Felipe dos Santos teve seu desencarne no ano de 1720 , condenado pelo conde de Assumar , na chamada Revolta de Vila Rica!




( Ismael) Não vos devo negar um alertamento. hoje recebemos em nosso plano um irmão que testemunhou, até a morte violenta, pelas novas ideias que vos chamamos a defender. Felipe dos Santos tem seus despojos espalhados como sementes mas seu espírito eterno já se refaz e vos envio um recado.


( Tomás Antônio Gonzaga) No mesmo instante, envolto em luz verde radiosa viva a figura do Mártir, cuja sentença tanto me revoltar, materializou se diante de nós e falou: 


 ( Felipe dos Santos ) Amados irmãos da Pátria do Cruzeiro, Jesus seja abençoado por por me aceitar como um soldado infiel que só doou sua vida, por mais não ter para o engrandecimento desta Terra tão querida.Eu, que me banhei nas suas cachoeiras, que corri selvagem entre os potros e  escravos, que foi livre e amei , e fui amado, estou feliz e agradecido pela oportunidade de voltar vitorioso, deixando o sangue do corpo botar na terra abençoada, como preito de saudade e esperança.O espírito eterno! O sofrimento maior é o de fracassar na própria destinação! O amor pelo Brasil me insuflou as veias da carne ,mas se o corpo tombou - este mesmo amor são as asas benditas da minha redenção e também dos erros do meu passado. Ajudar-vos-ei se Jesus me permitir,  tanto quanto me ajudaste hoje com vossas preces, na hora decisiva. Que a paz do Senhor abençoe  nossos espíritos tão fracos! 



Trecho retirado do livro:
Confidências de um Incofidente - 17ª edição - pg.23
Autora : Marilusa Moreira Vasconcelos
ditado pelo Espírito : Tomás Antônio Gonzaga.



sexta-feira, 9 de abril de 2021

O Evangelho Segundo o Espiritismo: "Nestes tumultuosos dias da sociedade, glória a Allan Kardec e à sua obra, que proporcionam as vindouras alegrias do encontro com a harmonia espiritual!"

O Evangelho Segundo o Espiritismo


A Revolução Francesa, ao libertar o ser humano da escravidão política, quando passou a entoar o hino da liberdade, da igualdade e da fraternidade, desenhou e inscreveu, com sacrifícios inomináveis, os direitos do homem e os da mulher nos grandiosos códigos da Justiça.

No fragor das lutas intérminas, os objetivos dos filósofos e dos idealistas da primeira hora foram substituídos pela alucinação dos famigerados assassinos do período do Terror, insculpindo no destino do país lamentáveis consequências, que seriam sofridas em amarguras indescritíveis.

Nesse enlouquecer das paixões asselvajadas, as turbas napoleônicas estimularam seus exércitos a expandir os horizontes da Flor de Lis por outros países europeus, que passaram a submeter-se-lhes, após as batalhas memoráveis.

Ao tornar-se Imperador da França, em 2 de dezembro de 1804, Napoleão Bonaparte governou o imenso território conquistado, até o período das desditas de 1815, com a derrota na batalha de Waterloo, durante os dias 16 a 19 de junho, com a sua respectiva prisão e exílio vergonhosos.

Houvera retornado a Paris por 100 dias, num verdadeiro golpe de Estado, para perder-se e, em Santa Helena, encerrar a jornada terrestre no dia 5 de maio de 1821, quando desencarnou.

Os céus da França encontravam-se plúmbeos e a sua psicosfera permanecia carregada dos ódios seculares que se prolongavam, desde a Noite de São Bartolomeu, nos trágicos 23 para 24 de agosto de 1572...

A religião dominante, enceguecida pelo poder temporal, manteve-se pela força da hediondez e da criminalidade, restaurada pela mão de ferro de Carlos Luiz Napoleão III, cognominado por Victor Hugo, como O Pequeno.

Desde o século XVII, quando houve a ruptura entre a Ciência e a Religião, a negação da fé religiosa substituiu a crença tradicional e cega, passando a predominar nos arraiais intelectuais e nas academias, o conhecimento, a experiência de laboratório, em vez da ingenuidade imposta aos simples e a todos que temiam o poder da Igreja.

Em pleno século XIX, nobres sacerdotes como Montalembert, Lamennais, Lacordaire e outros anelavam pela vivência do conceito Deus e liberdade, sendo alguns depostos das vestes que ostentavam, e tornou-se insuportável o relacionamento entre as academias e as sacristias.

Nesse ínterim de conflitos religiosos e acadêmicos, em que a política de Estado unida ao Clero interferia no destino das criaturas no país, Allan Kardec e a equipe luminosa do Espírito de Verdade já se encontravam em ação, preparando o advento de O Consolador, que logo mais se instalaria na Terra, porque pairava glorioso na Erraticidade e aguardava o momento de manifestar-se.

Lançados O Livro dos Espíritos, em 1857 e O Livro dos Médiuns, em 1861, vitoriosamente, uma nova ciência e uma filosofia otimista – o Espiritismo – passaram a iluminar as consciências e predispor a cultura vigente para o momento em que seria publicado O Evangelho Segundo o Espiritismo, libertado dos grilhões escravagistas dos teólogos insanos, distantes do amor de Jesus.

Em abril de 1864, Allan Kardec, sob a inspiração do Excelso Mestre, trouxe a lume a Sua superior moral, ao publicar a obra que iria consolar e esclarecer a Humanidade com as dúlcidas lições da ética e de valores elevados, todas exaradas nos sublimes sentimentos do amor, da caridade, da misericórdia, da compaixão...

Ao dedicar-se, exclusivamente, ao estudo e significado dos ensinamentos morais das palavras do Senhor, por serem de todos os tempos, o mestre de Lyon teve o cuidado de arrancar o joio que penetrara no trigal e transformou as espigas abundantes em celeiros de luz, que atravessaram os decênios como farol inapagável e apontam o rumo do porto seguro da plenitude para todos.

A noite densa e dominante passou a salpicar-se de diamantes estelares e nunca mais haverá escuridão.
As vozes dos Céus começaram a cantar as sinfonias incomparáveis enunciadas nos gloriosos dias em que Ele passeou pelas terras palestinas, quando encerrou o Seu ciclo de amor, não na cruz de vergonha, como se pensava, mas nas paisagens iridescentes da ressurreição triunfante.
Filósofos, missionários, cientistas, luminares da cultura, da arte, da abnegação, lídimos representantes do Sermão da montanha compuseram a partitura musical da Mensagem e Jesus retornou à Terra conforme prometera.

A partir desse novo momento, toda dor passou a encontrar lenitivo, toda aflição tem recebido conforto, e qualquer tipo de alucinação e ódio tem disposto de diretriz de segurança para a vivência da saúde e da paz.

As vozes siderais, ao exaltarem o triunfo da vida sobre a morte, glorificam Deus e Sublime Guia, preparam o Reino dos Céus nos corações terrestres, ansiosos pela conquista da plenitude.

Instaurada a Era que prenuncia o mundo de regeneração, quando o sofrimento cederá lugar à alegria de viver e o desespero facultará o encantamento da irrestrita confiança na Vida, as criaturas passam a experimentar novos estímulos para o prosseguimento da jornada, embora ainda enfrentem os últimos vestígios de inquietação que irão desaparecer por definitivo.

Em face do novo e ditoso acontecimento, saudamos, emocionados, o Sesquicentenário da publicação de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que permanece como um luzeiro na penedia ante o mar proceloso e aponta o porto de segurança para todos os viajores da Terra.

Nestes tumultuosos dias da sociedade, glória a Allan Kardec e à sua obra, que proporcionam as vindouras alegrias do encontro com a harmonia espiritual!
 
Vianna de Carvalho.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão
mediúnica da noite de 18 de dezembro de 2013, no Centro
Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 22.5.2014.

domingo, 1 de junho de 2014

ORDENAÇÕES HUMANAS "... a Boa Nova não ensina a genuflexão ante a tirania insolente; entretanto, pode respeito às ordenações humanas, por amor ao Mestre Divino..."

Emmanuel
"Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana, por amor do Senhor."
 - (I PEDRO, 2:13.)
 
Certos temperamentos impulsivos, aproximando-se das lições do Cristo, presumem no Evangelho um tratado de princípios destruidores da ordem existente no mundo. Há quem figure no Mestre um anarquista vigoroso, inflamado de cóleras sublimes.
Jesus, porém, nunca será patrono da desordem.
A novidade que transborda do Evangelho não aconselha ao espírito mais humilhado da Terra a adoção de armas contra irmãos, mas, sim, que se humilhe ainda mais, tomando a cruz, a exemplo do Salvador.
Claro está que a Boa Nova não ensina a genuflexão ante a tirania insolente; entretanto, pode respeito às ordenações humanas, por amor ao Mestre Divino.
Se o detentor da autoridade exige mais do que lhe compete, transforma-se num déspota que o Senhor corrigirá, através das circunstâncias que lhe expressam os desígnios, no momento oportuno. Essa certeza é mais um fator de tranqüilidade para o servo cristão que, em hipótese alguma, deve quebrar o ritmo da harmonia.
Não te faças, pois, indiferente às ordenações da máquina de trabalho em que te encontras. É possível que, muita vez, não te correspondam aos desejos, mas lembra-te de que Jesus é o Supremo Ordenador na Terra e não te situaria o esforço pessoal onde o teu concurso fosse desnecessário.
Tens algo de sagrado a fazer onde respiras no dia de hoje. Com expressões de revolta, tua atividade será negativa. Recorda-te de semelhante verdade e submete-se às ordenações humanas por amor ao Senhor Divino.

Do livro "Caminho, Verdade e Vida",  de Chico Xavier

sábado, 31 de maio de 2014

TRANSITORIEDADES "Valiosa é a escassez, porque traz a disciplina. Preciosa é a abundância, porque multiplica as formas do bem..."

Emmanuel
 
"Eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão."
- Paulo (HEBREUS, 1:11.)
 
Fala-nos o Eclesiastes das vaidades e da aflição dos homens, no torvelinho das ambições desvairadas da Terra.

Desde os primeiros tempos da família humana, existem criaturas confundidas nos falsos valores do mundo. Entretanto, bastaria meditar alguns minutos na transitoriedade de tudo o que palpita no campo das formas para compreender-se a soberania do escrito.

Consultai a pompa dos museus e a ruína das civilizações mortas. Com que fim se levantaram tantos monumentos e arcos de triunfo? Tudo funcionou como roupagem do pensamento. A idéia evoluiu, enriqueceu-se o espírito e os envoltórios antigos permanecem à distância.

As mãos calejadas na edificação das colunas brilhantes aprenderam com o trabalho os luminosos segredos da vida. Todavia, quantas amarguras experimentaram os loucos que disputaram, até a morte, para possuí-las?

Valei-vos de todas as ocasiões de serviço, como sagradas oportunidades na marcha divina para Deus.

Valiosa é a escassez, porque traz a disciplina. Preciosa é a abundância, porque multiplica as formas do bem. Uma e outra, contudo, perecerão algum dia. Na esfera carnal, a glória e a miséria constituem molduras de temporária apresentação. Ambas passam. Somente Jesus e a Lei Divina perseveram para nós outros, como portas de vida e redenção.

Do livro "Caminho, Verdade e Vida",  de Chico Xavier