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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

DENTRO DO LAR





         Famílias-problemas!..
         Irmãos que se antagonizam...
         Cônjuges em lamentáveis litígios...
         Animosidades entre filho e pai, farpas de ódio entre filha e mãe...
         Afetos conjugais que se desmantelam em caudais de torvas acrimônias...
         Sorrisos filiais que se transfiguram em rictos de idiossincrasias e vinditas...
         Tempestades verbais em discussões extemporâneas...
         Agressões infelizes de conseqüências fatais...
         Tragédias nas paredes estreitas da família...
         Enfermidades rigorosas sob látegos de impiedosa maldade...
         Mãos encanecidas sob tormentos de filhos dominados por ódios inomináveis.
         Pais enfermos açoitados por filhas obsidiadas, em conúbios satânicos de reações violentas em cadeia de ira...
         Irmãos dependentes sofrendo agressões e recebendo amargos pães, fabricados com vinagre e fel de queixas e recriminações...
         Famílias em guerras tiranizantes, famílias-problemas!...
* * *
         É da Lei Divina que o infrator renasça ligado à infração que o caracteriza.
         A justiça celeste estabeleceu que a sementeira tem caráter espontâneo, mas a colheita tem impositivo de obrigatoriedade.
         O esposo negligente de ontem hoje recebe no lar a antiga companheira nas vestes de filha ingrata e maldizente.
         A nubente atormentada, que no passado desrespeitou o lar, acolhe nos braços, no presente, o esposo traído vestindo as roupas de filho insidioso e cruel.
         O companheiro do pretérito culposo se reivincula pela consangüinidade à vítima, desesperada, reencontrando-a em casa como irmão impenitente e odioso.
         O braço açoitador se imobiliza sob vergastadas da loucura encarcerada nos trajos da família.
         Desconsideração doutrora, desrespeito da atualidade.
         Insânia gerando sandice e criminalidade alimentando aversões.
         Chacais produzindo chacais.
         Lobos tombando em armadilhas para lobos.
         Cobradores reencarnados junto às dívidas, na província do instituto da família, dentro do lar.
* * *
         Acende a claridade do Evangelho no lar e ama a tua família-problema, exercitando humildade e resignação.
         Preserva a paciência, elaborando o curso de amor nos exercícios diários do silêncio entre os panos da piedade para os que te compartem o ninho doméstico, revivendo os dias idos com execrandas carantonhas, sorvendo azedume e miasmas.
         Não renasceste ali por circunstância anacrônica ou casual.
         Não resides com uma família-problema por fator fortuito nem por enganos dos Espíritos Egrégios.
         Escolheste, antes do retorno ao veículo físico, aqueles que dividiriam contigo as aflições superlativas e os próprios desenganos.
         Solicitaste a bênção da presença dos que te cercam em casa, para librares com segurança nos cimos para onde rumas.
         Sem eles faltariam bases para os teus pés jornaleiros.
         Sem a exigência deles, não serias digno de compartilhar a vilegiatura espiritual com os Amorosos Guias que te esperam.
         São eles, os parentes severos nos trajos de verdugos inclementes, a lição de paciência que necessitas viver, aprendendo a amar os difíceis de amor para te candidatares ao Amor que a todos ama.
         A mensagem espírita, que agora rutila no teu espírito transformado em farol de vivo amor e sabedoria, é o remédio-consolo para tuas dores no lar, o antídoto e o tratado de armistício para o campo de batalha onde esgrimas com as armas da fé e da bondade, apaziguando, compreendendo, desculpando, confiando em horas e dias melhores para o futuro...
         Apóia-te ao bastão da certeza reencarnacionista, aproveita o padecimento ultriz, ajuda os verdugos da tua harmonia, mas dá-lhes a luz do conhecimento espírita para que, também eles, os problemas em si mesmos, elucidem os próprios enigmas e dramas, rumando para experiências novas com o coração afervorado e o espírito tranqüilo.
(De “Dimensões da Verdade”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Angelis)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Terapia do Evangelho


Amigos,
Lícito é que procuremos a cura de nossos males físicos, empregando os recursos
terapêuticos que a bondade de Deus coloca ao nosso dispor através dos profissionais da
saúde. Não olvidemos que o socorro dos Mentores Espirituais, em se tratando da saúde
humana, nem sempre se faz por meio de recursos estranhos à metodologia médica,
principalmente porque seus representantes, quando conscientes da responsabilidade que
assumiram perante o Médico das Almas, constituem-se em instrumentos da Vontade
Divina junto aos necessitados da jornada terrena.
Todavia, é preciso considerar a responsabilidade do doente ante as causas
desencadeadoras do mal que o infelicita. Originando-se todas no campo moral, o
principal agente terapêutico será unicamente a aplicação em si do remédio salvador, que
outro não é senão o Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo.
Indubitavelmente, nas atitudes de egoísmo, de orgulho e de vaidade extremados,
cultivados por anos e anos nas diversas etapas reencarnatórias, encontraremos as
causas dos desajustes vibratórios expressos na estrutura do perispírito, a ofertarem aos
desafetos e comparsas do passado as condições de afinização vibratório-magnética que
podem, de per si, não só desencadear os processos patológicos como também agravar
os já existentes.
Quando a criatura alia aos recursos terapêuticos da medicina humana – quer os
de natureza homeopática ou alopática, quer os da chamada medicina alternativa – o
esforço constante em buscar o autoconhecimento para melhor reeducar-se nas lições da
Boa-Nova, tais recursos terão sua ação potencializada e seus efeitos sobre a saúde
serão mais sentidos.
Ao reeducar-se à luz das lições imorredouras do Médico das almas, ao aceitar as
dificuldades da vida como um reflexo dos desmandos do passado, encarando-as como
oportunidades preciosas para o progresso rumo à Luz Maior, a criatura se furtará a
muitos males evitando agravamentos do seu estado físico.
Por mais eficazes possam ser os recursos da tecnologia da saúde colocados à
nossa disposição, é preciso também considerar o mérito de cada um perante a Medicina
Divina, bem como o papel regularizador das vibrações perispirituais desajustadas pelas
infrações às Leis Divinas, manifestadas na doença física. Esta, muitas vezes, é o agente
rearmonizador do ser com a própria consciência, e, neste caso, os recursos tecnológicos
representarão apenas a Bondade Celestial agindo para fornecer à criatura as condições
materiais que lhe permitam expiar seus débitos morais até o fim e, desse modo, libertarse
não apenas do mal físico mas, sobretudo, do mal vibratório que gerou o primeiro em
nível perispiritual.
Em todas as circunstâncias difíceis de nossa saúde, amigos, recorramos ao
Mestre, aplicando o seu Evangelho como recurso terapêutico por excelência.
Supliquemos-lhe forças para tudo suportar com mansidão e paciência.
Peçamos-lhe a coragem com que lutemos contra nossas más tendências e sigamos seus
exemplos.
Muita paz!
DIAS DA CRUZ
__________
(Mensagem recebida psicograficamente pela médium Tânia
de Souza Lopes, em reunião pública de 19-9-97,
na Sede Seccional do Rio de Janeiro-RJ.)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Evangelho em casa por Memei

quinta   reunião
Meimei
 
      
          No horário habitual do terceiro domingo de maio, Dona Zilda estava a postos na preparação do ambiente.
         Sobre a toalha, muito branca, que dava um tom de tranqüilidade e alegria ao aposento, achavam-se os livros e o jarro com água pura.
         Veloso e os filhinhos, juntamente de Marta, deram entrada no recinto.
         O grupo conversava, afetuosamente, mas o relógio lembrou-lhes a obrigação em pauta, badalando as seis da tarde.
 
PRECE INICIAL
 
         O mentor do conjunto orou, reverentemente:
 
         -Senhor Jesus; deste-nos vida dinâmica, para que seja naturalmente vivida. Movimenta-se nosso corpo, o tempo avança e a evolução caminha.
         Ajuda-nos, Senhor, para que a nossa fé também ande, a expressar-se em ação permanente no bem.
         A ti, Excelso Benfeitor, que traduziste confiança no Pai, em amor aos semelhantes, encomendamos a nossa aspiração de servir. Assim seja.
 
LEITURA
 
         Efetuada a oração de início, Veloso entregou o Novo Testamento às mãos de Marta, que o abriu, cuidadosamente, devolvendo-o ao orientador, que se deteve, conforme de hábito, no exame dos textos, passando a ler o versículo 12, do capítulo 15, nas Anotações do Apóstolo João: “O meu mandamento é este – que vos ameis uns aos outros, assim como vos amei”.
         Completando-se a preparação do comentário, Cláudio foi indicado para consultar a lição de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
         Aberto o volume e entregue a Dona Zilda, por recomendação de Veloso, a mãezinha, satisfeita, leu comovente a mensagem de Vicente de Paulo, em torno da caridade, inserta no capítulo XIII, entre as “Instruções dos Espíritos”.
 
COMENTÁRIO
 
         Finda a leitura, o orientador falou com segurança:
         -temos hoje um dos mais belos temas do Cristianismo – a caridade. Tão belo que Allan Kardec o inscreveu por senha no portal de seus princípios; “Fora da Caridade não há salvação”.
         É que a caridade é o próprio amor que o Mestre nos legou.
         E o amor do Cristo é luz que se estende a todos.
         Não apenas devoção afetiva aos que nos comungam a experiência do lar, mas devotamente fraternal a todas as criaturas.
         Seja onde for que surja a necessidade, os prestações de serviço são nossos simples deveres.
         A provação dos outros vale para nós como escola bendita, em que aprendamos igualmente a sofrer.
         Educandários diversos são mantidos para que adquiramos determinados conhecimentos.
         A química e a física, o idioma e a história pedem professores especiais.
         A experiência do cérebro exige a formação de vastos programas de ensino.
         O coração, ou melhor, o sentimento reclama o serviço do bem para instruir-me. E nenhuma instrutora mais eficiente que a caridade para infundirmos entendimento.
         A mão que se alonga para pedir-nos o necessário é uma oportunidade para que exerçamos o bem, mas constitui igualmente silenciosa acusação contra o egoísmo, na retenção do supérfluo.
         Contemplando infelizes crianças que não dispõem do agasalho e do pão com que se mantenham, somos espontaneamente forçados a situar-nos em lugar deles.
         A falta de trabalho remunerado, a moléstia insidiosa, a dificuldade maior em família e o fogão sem lume podem ser amanhã infortúnio igualmente nosso. Em razão disso, pelo menos ceder o que nos sobra, a benefício daqueles que carecem do essencial, é tarefa que se nos impõe à consciência.
         Entretanto, não é somente nos atos exteriores que a virtude sublime transparece para a edificação moral da Humanidade.
         A caridade é também atitude do coração nos menores gestos.
         Quantas vezes perdemos o governo de nós próprios, confiando-nos à irritação e à discórdia!...
         Nesses instantes, ficamos sempre entregues à compaixão dos que nos observam.
         Reparando nossos erros e identificando a necessidade de sermos perdoados, sentimos de perto como se faz imperioso o culto incessante da caridade em nossas relações uns com os outros.
         Olvidar as ofensas de que sejamos vítimas, não somente com os lábios, mas com todo o nosso coração, reconhecendo que poderíamos ter sido os ofensores, é manifestação de amor puro.
         Calar as imperfeições alheias entendendo que possuímos também as nossas, é ajudar nas situações mais difíceis, ainda mesmo despertando a calúnia contra nós, é começar a viver a fraternidade sem mácula.
         Quantas pessoas desejariam ter sido retas e nobres!
         Quantas rogam a Deus forças para que saiam do campo de sombra em que aprisionam por falta de vigilância!...
         Muitas delas estimariam pronunciar as palavras mais afáveis e mais doces, entretanto, o sentimento mal conduzido indu-las a falar, desajeitadamente.
         Se o papai chega do serviço, mostrando fatigado, é indispensável saibamos entender-lhe a necessidade de repouso, cessando o falatório ou o barulho. Se a refeição não apresenta os pratos de nossa preferência, se o café não nos satisfaz, é preciso aprender a sorrir, esquecendo os nossos caprichos e agradecendo às mãos que no-los preparam.
         Lina – (Fitando brejeiramente o irmão) – Ainda contem, quando o gatinho vomitou na sala, Cláudio agastou-se com Marta para tardar na limpeza, gritando palavras feias...
         CLÁUDIO – Ora essa! Eu queria o asseio...
         LINA – Mas, se Cláudio fosse caridoso, não precisava ter reclamado o serviço de Marta, não é mãezinha?
         D. ZILDA – O serviço em casa é de todos.
         VELOSO – Diga, pois, minha filha, que, se exercermos a caridade mútua, não reclamaremos de ninguém esse ou aquele trabalho. Se você viu a necessidade de higiene na sala, e ficou a esperar por Marta, a sua atitude não foi recomendável. Afirma você que Cláudio foi indelicado, mas, você, que via o quadro de serviço, poderia também ter sido caridosa com Marta, diminuindo-lhe a carga de trabalho, e para com Cláudio, ensinando-o como se deve agir.
         MARTA – (Sorrindo); – Reconheço-me culpada; entretanto, estava preparando bolos na cozinha, e o azeite a ferver não me deixava arredar o pé.
         D. ZILDA – Marta, você não precisa justificar-se.
         VELOSO – (Sorridente); – Não nos achamos num tribunal. Salientamos, apenas, o impositivo de sermos indulgentes, porquanto a caridade deve comparecer em tudo...
         CLÁUDIO – E quando Evandro e João, os meninos da vizinha, me atiram pedras?
         VELOSO – Meu filho, antes de qualquer reação, é imprescindível examine você a própria consciência, verificando se não existe alguma ofensa de sua parte a eles. Não se lembra de havê-los aborrecido? Responda sinceramente.
         CLÁUDIO – (Hesitante); – Bem, acheio-os tão miúdos e tão magros que lhes chamei, na escola, de “magricelas”.
         VELOSO – Alegro-me ao saber que você está falando a verdade, porque eu mesmo, há tempo, sem que me percebessem, observei que você os injuriava, de nossa janela. É muito raro, meu filho, haja persistência nesse ou naquele insulto, quando não o alimentamos, porquanto, se somos desconsiderados e perdoamos com toda a alma, a onda de crueldade ou de sombra não encontra combustível, acaba por si mesma.
         CLÁUDIO – Papai, e se eu não os tivesse ofendido e eles me apedrejassem mesmo assim?
         VELOSO – Nossa obrigação, meu filho, seria fazer silêncio e orar por eles, evitando qualquer ocasião de agravar o conflito. Pela oração, a bondade de Deis nos daria oportunidade de mostrar-lhes o nosso apreço.
         MARTA – Senhor Veloso, peço licença para contar aqui uma experiência sobre a oração. Nós temos uma vizinha. Dona Mercedes, que não conseguiu simpatizar comigo, desde a minha vinda para cá. Certa noite ouvi o senhor dizer a Dona Zilda que é caridade orar por aqueles que não nos estimam, a fim de que se faça harmonia entre eles e nós. Desde então, e isso faz muito tempo, comecei a lembrar-me de Dona Mercedes em minhas orações, rogando a Deus para que ela me perdoasse pela antipatia gratuita que eu lhe causava. Na ter-feira da semana passada, ela dirigiu-se a mim, perguntando se eu poderia auxilia-la na confecção do bolo de aniversário do Raulzinho, seu filho caçula. Muito contente, aceitei o convite e, com permissão de Dona Zilda, fui para a casa dela, durante a noite, e consegui armar o bolo e adorna-lo. Confesso ao senhor que fiz tudo com muita alegria e com muito carinho. Quando Dona Mercedes chegou à copa e notou o meu pequeno trabalho, ficou muito feliz e abraçou-me pela primeira vez. Desde esse dia, ela me cumprimenta, fitando-me nos olhos com muita bondade e, com grande surpresa para mim, deu-me uma linda colcha usada para minha cama.
         VELOSO – É uma experiência admirável, Marta. A oração dispõe e a caridade realiza. Como reconhecemos, é imprescindível cultivar a caridade com tudo, tudo...
         CLÁUDIO – Papai, o senhor disse “caridade para com tudo...” Como terei caridade para com uma xícara ou para com uma cadeira?
         VELOSO – Como não? Uma xícara ou uma cadeira manobradas com maldade pode fazer alvoroço e alvoroço em casa pode provocar enfermidade ou perturbação. A xícara serve-nos à mesa e deve ser lavada com cuidado. A cadeira serve-nos ao descanso e merece respeito.
         D. ZILDA – Meus filhos, o lar é a nossa primeira escola. Sem aprendermos aqui as lições da bondade, a se expressarem na paciência e na tolerância, no carinho e no entendimento que devemos aos que nos cercam, em vão ensinaremos, fora de nossa casa, qualquer virtude aos outros.
         VELOSO – E a todos nos cabe render graças a Deus por saber que é assim.
 
NOTA SEMANAL
 
            Veloso notificou que relataria um episódio edificante, sob o tema estudado, episódio esse que intitularia:
 
A BENFEITORA OCULTA
 
         Em grande cidade brasileira, Dona Rita Amaral, pobre viúva, mãe de dois meninos paralíticos, lavava roupa, a fim de ganhar o pão.
         Humilde e resignada, seu maior consolo era ouvir as lições do Evangelho, numa grande instituição espírita, responsável por vários serviços diários.
         Numa noite em que a abnegada irmã falara expressivamente quanto à assistência social, com alicerces na caridade pura, Dona Rita pediu avistar-se em particular com o diretor da organização.
         Conversaram ambos, longamente.
         Decorridos alguns dias, algo aconteceu no templo, chamando a atenção de todos.
         Os vasos sanitários daquela casa de socorro espiritual amanheciam brilhando.
         Todos os freqüentadores e visitantes se admiravam da limpeza sistemática e singular dos aludidos departamentos, o que perdurou por dezenove anos consecutivos, até que Dona Rita desencarnou.
         Foi então que o presidente do instituto, ao recordar0lhe a figura correta e simples, revelou que fora ela a benfeitora oculta da casa, efetuando-lhe as tarefas de higienização, sem qualquer pagamento, durante quase quatro lustros.
         Não lhe sendo possível colaborar com dinheiro, nas obras assistenciais da agremiação, oferecera-se para o asseio diário do edifício e, porque lhe não era possível comparecer durante o dia ao trabalho, à face dos deveres de mãe para com os filhinhos algemados ao catre, vinha, pontualmente, pela madrugada, atender ao serviço.
         O exemplo comoveu a todos e, ainda hoje, nos infunde a maior impressão.
 
ENCERRAMENTO
 
         Ante a quietude da pequena assembléia familiar, Veloso tomou a palavra e formulou a prece de encerramento:
 
         -Senhor Jesus; desejamos aprender a servir.
         Nos ensinam, Mestre, a procurar-te a presença divina no serviço de todos os dias! Entregamos-te, assim, as nossas vidas com os nossos sentimentos e idéias, com as nossas mãos e com as nossas possibilidades, rogando disponhas de nós, segundo a tua vontade. Assim seja.
 
*
         Logo após, Dona Zilda distribuiu a água fluidificada, entendendo-se com o pequeno grupo que conversava sobre a beleza das lições de Jesus.
         Lá fora, o céu noturno, resplendente de estrelas, parecia expressar à Humanidade um convite à paz e à ascensão, destacando-se entre as constelações o Cruzeiro do Sul no seu elevado simbolismo de libertação.
 
 
Da Obra “EVANGELHO EM CASA” – Espírito: MEIMEI –
Médium: FFRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

Evangelho em Casa por Meimei

quarta  reunião
Meimei
 
      
     
         
         Naquele domingo, o segundo de maio, considerado Dia das Mães, o aposento mostrava-se adornado de flores.
         Quando Dona Zilda trouxe o jarro de água pura, sorriu imensamente feliz, percebendo que os filhos lhe haviam preparado afetuosa surpresa.
         No justo momento, Veloso penetrou no recinto, em companhia da sogra, Dona Rosália, senhora simples e amável, que abraçava os netos, Lina e Cláudio, a lhe apertarem as mãos.
         Marta compareceu logo após, e, fosse para agradar Dona Rosália ou para homenagear o Dia das Mães, Dona Júlia e Silvia entraram na sala, sendo recebidas com carinho e respeito.
 
PRECE INICIAL
 
            Vindo o silêncio, Veloso orou, sensibilizado:
 
         -Pai Celeste, nós te agradecemos a bênção do lar em que nos reúnes. Ensina-nos que ele não é apenas o retângulo de paredes que nos asila os corpos, mas o santuário que nos concedeste para aproximação de almas.
         Ajuda-nos, ó Deus de Infinita Bondade, a fim de que nossos olhos espirituais se mantenham abertos para as nossas responsabilidades em família, e aprendamos, assim, com a tua bênção, a amar-nos realmente uns aos outros. Assim seja.
 
LEITURA
 
         Terminada a oração, o chefe da casa passou o Novo Testamento a Dona Rosália, que o abriu, restituindo-o ao genro.
         Veloso fez minuciosa busca, à maneira de um examinador de pedras preciosas, procurando a mais bela, e, em seguida, leu o versículo 7, do capítulo 13, da Epístola do Apóstolo Paulo aos Romanos: “Portanto, daí a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”.
         Completando a tarefa, como de hábito, o diretor do culto pediu à esposa trouxesse a estudo a parte de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que deveria enriquecer as meditações daquela hora, e a lição extraída, ao acaso, foi a página intitulada “A Virtude”, de autoria do mensageiro Francisco Nicolau Madalena, entre as “Instruções dos espíritos”, no capítulo XVII.
 
COMENTÁRIO
 
         Falou, então, Veloso com inflexão de sentimento profundo:
         -Meus filhos; tenho hoje a minha garganta como que embargada de emoção.
         Nesta data, comemoramos o Dia das Mães.
         Diz-nos a Epístola, na palavra do Apóstolo Paulo, que nos cabe entregar a cada um aquilo que devemos e, no livro de Allan Kardec, encontramos formosa exortação à virtude.
         Lembro-me, assim, do débito irresgatável para com nossas mãezinhas, depositárias da virtude celeste. Sem elas, sem a coragem sublime com que nos acolhem nos braços, não teríamos passagem pela escola deste mundo.
         É preciso ser por si próprias dons inefáveis de Deus para suportarem os sacrifícios a que se impõem por nossa causa, em verdade, os corações maternos, para ver-nos felizes, não hesitaria em transformar-se no prato que nos alimenta, na veste nos que agasalha, nos brinquedos que nos alegram ou no leito que nos propicia repouso...
         Há preço, meus filhos, para todas as utilidades da vida, menos para o amor dos anjos maternais, que se entregam à morte, pouco a pouco, na intimidade do lar, para que possamos efetivamente viver.
         O dinheiro pode pagar o trabalho de todas as profissões conhecidas no mundo, menos o ofício das mães que se levantam com a luz da alvorada, a fim de que não nos falte pão à mesa, e que prolongam a vigília e o cansaço noite adentro, para que a enfermidade não nos domine e para que o rumor não nos perturbe o descanso...
         Em razão disso, nenhum de nós pode ou sabe recompensar-lhes o ministério que, à força de crescer em abnegação e ternura, se torna verdadeiramente divino.
         Louvaremos, pois, neste dia, essas heroínas obscuras que se escondem na luta doméstica, prometendo honrá-las o melhor que pudermos, não somente lhes cercando a presença com as flores de nosso carinho, mas também cumprindo, com lealdade, os nossos próprios deveres.
         Respeitando-as, a elas que exprimem com tanto brilho a Divina Bondade, cultivaremos no lar o primeiro campo de nossas obrigações. Sem que sejamos, ai, corretos e nobres, é impossível venhamos, algum dia, a ser corretos e nobres para com o mundo.
         Ninguém olvide que a nossa tranqüilidade e segurança, originariamente, são frutos do pesado labor de nossas mães, constantemente inclinadas à própria renunciação, a favor de nossa felicidade.
         Dir-se-ia que estão sempre dispostas a desaparecer para que nos mostremos, a se rebaixarem para que nos ergamos, a monopolizarem a dor ara que não nos escasseie alegria e também a morrer para que vivamos.
         Faremos, assim, do nosso culto de hoje uma oração gratuitória a Deus, nosso Pai Celestial, por nos haver concedido o tesouro da devoção materna neste mundo.
         E lembrar-nos-emos de todas as mães que peregrinam na Terra... Das que respiram sob dourados tetos, padecendo, quase sempre, a traição dos entes mais caros; das que se enfeitam de ouro e pérolas, trazendo, muitas vezes, o coração semelhante a uma concha de lágrimas a se lhes encravar no peito dorido; das que gemem, na soledade, sob trabalho rude, para que os filhos conquistem alimento e remédio, higiene e instrução; das que residem sob as arcadas de pontes abandonadas ou em sombrios recantos das vias públicas, estendendo as mãos à generosidade pública, a fim de que os rebentos do próprio seio não se extingam de fome; das que enlouqueceram de sofrimento no santuário doméstico, perante as cruzes que, em muitas ocasiões, esposos e filhos lhes algemem às costas, e daquelas que, soluçando, se apartaram dos filhos queridos para fia-los à cinza do túmulo... Todas são missionárias do Senhor, chorando e padecendo, servindo e amando.
         Recebam, por toda a parte, os nossos pensamentos de gratidão e carinho, e, porque não contamos com palavras adequadas à nossa necessidade de reconhecimento, peçamos à Mãe Santíssima – anjo guardião de Jesus – a todas envolva em seu manto constelado de virtudes excelsas para que nunca lhes faltem as bênçãos da paz e da alegria, seja onde for.
 
CONVERSAÇÃO
 
         Via-se que o orientador queria continuar e que a pequena assembléia desejava prosseguir ouvindo; no entanto, a emoção era visível em todos os rostos.
         Silvia, a filha mais velha, que participava do culto pela primeira, levantou-se e, abeirando-se do Senhor Veloso, beijou-lhe a mão direita que descansava nas páginas do Evangelho.
         O pai, comovido, retirou os óculos e limpou uma lágrima.
         Em seguida, pediu que fosse iniciada a conversação da noite.
         Pesava o silêncio, mas as crianças se incumbiram de rompê-lo:
         LINA – (Voltando-se para Cláudio) – Fale alguma coisa.
         CLÁUDIO – (Que estivera ausente na véspera, em busca da vovó) – Estou sentindo falta de Dona Romualda e de Milota...
         VELOSO – Fomos ontem, sábado, assistir à iniciação do culto do Evangelho, na residência dessas nossas amigas... Dona Romualda decidiu organizar o mesmo serviço; entretanto, de vez em quando estará conosco.
         LINA – Milota disse-nos que hoje ficariam em casa por ser Dia das Mães.
         D. ROSÁLIA – O culto do Evangelho em casa é uma bênção que todos devemos cultivar. O contacto com o pensamento de Nosso Senhor Jesus-Cristo ilumina os nossos próprios pensamentos. Tornamo-nos mais calmos, mais compreensivos, mais operosos e, sobretudo, mais irmãos...
         D. JÚLIA – (Dirigindo-se especialmente a Dona Rosália) – Estou muito surpreendida, pois não pensava que os espíritas dedicassem tanto amor às lições do Divino Mestre.
         D. ROSÁLIA – Minha filha, nós, na Religião Espírita, não podíamos conservar raízes diferentes das do Evangelho. Aliás, você, também cristã, embora adotando interpretações diversas da nossa, não pode esquecer que Nosso Senhor Jesus-Cristo deixou o sepulcro vazio e foi o verdadeiro restaurador da doutrina da imortalidade da alma e da comunicação dos Espíritos, entretendo-se, muito tempo, depois da morte, com os próprios discípulos.
         D. JÚLIA – Sem dúvida. Não se pode negar o fato. (Nesse momento, alguém bate à porta. O dono da casa ausenta-se e volta, esclarecendo tratar-se de assunto alusivo à sua profissão, motivo por que não introduzira o visitante na sala, marcando-lhe encontro noutro horário).
         LINA – Papai, desejo perguntar ao senhor se posso recitar para mãezinha uma quadra que aprendi ontem com uma colega na escola...
         VELOSO – como não, minha filha?
         LINA – (Levantando-se e colocando-se diante de Dona Zilda):
                   Mãezinha terna e querida,
                   Estrela sempre a brilhar,
                   Seu amor é a nossa vida
                   Na vida de nosso lar.
         CLÁUDIO – Papai, eu posso falar também?
         VELOSO – Perfeitamente, meu filho.
         CLÁUDIO – (Encaminhando-se igualmente para perto de Dona Zilda) – Mãezinha, a senhora é o tesouro de nossos corações!
         D. ZILDA – (Chorando e abraçando os filhos) – Meus filhos! Meus filhos!... Deus abençoe a todos nós.
         (Alguém bate, de novo, à porta e ergue-se Veloso para atender. Dessa vez, porém, regressa trazendo um senhor descalço, humildemente trajado, que penetrou na sala, com singelo chapéu às mãos).
         VELOSO – (Falando particularmente com Dona Zilda) –É o nosso Glicério.
         D. ZILDA – Muito bem. Boa-noite, Glicério. Sente-se conosco.
         GLICÉRRIO – Dona Zilda, apesar de muito constrangido, venho comunicar à senhora que minha mulher e meus dois filhos caíram doentes de uma só vez e estamos muitos necessitados...
         D. ZILDA – Confiemos em Deus, Glicério. Espere um pouco e, no término de nossas orações, providenciaremos o que nos seja possível.
         (O visitante toma lugar ao lado das crianças, que o acolhem com simpatia).
         D. ROSÁLIA – (Voltando-se para o genro) – Sinto bastante que Lisbela, tão febril hoje, não tenha podido vir às nossas preces.
         (A estimada senhora referia-se à jovem que a auxiliava nos serviços domésticos e que, ao chegar à residência da filha, na véspera, aí se acamara, sob a pressão de forte gripe).
         VELOSO – Lembrá-la-emos, rogando aos Benfeitores Espirituais nos ajudem a vê-la melhorada e mais forte. Além disso, depois de nossa reunião, poderemos, juntos, envolve-la nas vibrações do passe curativo.
         Lina, Cláudio e Marta solicitaram permissão para se ausentarem do aposento, alguns instantes.
         Com a aprovação de Veloso, demandaram saleta próxima e voltaram, em momentos rápidos: lina e Cláudio trazendo rosas que ofereceram a Dona Zilda e a Dona Rosália, e Marta, um lindo bolo que entregou a dona da casa.
         As senhoras homenageadas agradeceram, contentes.
         A emotividade reinante predispunha à reflexão, e, tudo, indicando que a palestra alcançava o termo, Cláudio pediu fosse Dona Rosália indicada para contar a história edificante da noite.
        
            NOTA SEMANAL
 
         A bondosa vovó sorriu e falou:
         -Recordarei para nós um antigo conto de Andersen (Hans Christian Andersen, poeta e contista dinamarquês), o grande amigo das crianças. Trata-se da
 
HISTÓRIA DE UMA MÃE
 
         Havia uma sofredora mulher que velava aflita, à cabeceira do filhinho doente, quando a Morte chegou para busca-lo.
         Sem que ela pudesse ensaiar qualquer defesa, a Morte arrebatou o menino da cabana.
         Desesperada, a mãezinha saiu a gritar para reaver o pequenino, mas a Morte veloz desaparecera.
         Chorando, avançou a infeliz, estrada fora, quando, em plena noite, encontrou uma mulher que poderia encaminha-la; esta, todavia, em troca da informação, pediu-lhe cantar todas as canções com que a pobre embalava o filhinho.
         Embora em lágrimas, ela repetiu todas as cantigas com que afagava o pequenino, ao pé do berço.
         A mulher ensinou-lhe, então, que a Morte se dirigira para certo espinheiro.
         Sem vacilar, a desditosa mãezinha enlaçou-o, aquecendo-lhe os espinhos que a noite enregelara...
         Quando o seu corpo já se mostrava coberto de chagas, o espinheiro explicou que a Morte seguira no rumo de grande lago.
         A peregrina ensangüentada chegou ao lago, mas o lago fazia coleção de pérolas e, para prestar-lhe o serviço, pediu-lhe os belos olhos.
         A infortunada viajante arrancou os próprios olhos e lhes deu.
         O lago, desse modo, transportou-a, ferida e cega, para o outro lado da terra, onde a Morte costumava guardar as criancinhas.
         Era um grande cemitério, guardado por monstruosa mulher que, para ensinar-lhe o lugar exato onde a Morte aportaria naquela noite, lhe reclamou a linda cabeleira.
         Sem qualquer hesitação, ela deixou-se tosar e, logo após, quase irreconhecível, foi colocada em posição de perceber a chegada do pequeno que procurava.
         Esperou... Esperou...
         Em dado instante ouviu que a Morte regressava com os meninos que recolhera.
         Atenta, escutava as vozes diversas, qual se registrasse a presença de um bando de passarinhos, quando, dentre todas, distinguiu o choro de seu próprio filho e, apesar de cega, avançou para ele, gritando, jubilosa:
         -Meu filhinho!... Meu filhinho!... – E agarrou-o nos braços, a beija-lo, enternecidamente.
         A própria Morte, emocionada, perguntou-lhe então:
         -Como fizeste para chegar aqui, antes de mim?
         Ela, chorando e rindo, pôde apenas dizer:
         -Sou mãe.
 
            ENCERAMENTO
 
         Quando Dona Rosália terminou, todos choravam...
         Veloso, enxugando as lágrimas, conseguiu simplesmente balbuciar a prece final:
 
         -Deus de Infinita Bondade, nós te agradecemos o amor de nossas mães!... Guarda-as para sempre sob tua Bênção, conferindo-lhes a felicidade que não lhes sabemos dar.
         Louvado sejas, Pai Nosso! Assim seja.
 
*
         Depois da oração, por muito tempo, ninguém pôde articular palavra..
         Dona Zilda, no entanto, após distribuir a água fluidificada, serviu aos presentes saboroso café, acompanhado com as fatias do bolo de que Marta lhe fizera oferta.
         A seguir, rumou para o casebre de Glicério, a fim de ali ajudar no que lhe fosse possível.
 
 
Da Obra “EVANGELHO EM CASA” – Espírito: MEIMEI –
Médium: FFRANCISCO CÂNDIDO XAVIER