O texto colocado entre aspas, em seguida às perguntas,
é a resposta que os Espíritos deram. Para destacar as notas e explicações
aditadas pelo autor, quando haja possibilidade de serem confundidas com o
texto da resposta, empregou-se um outro tipo menor. Quando formam
capítulos inteiros, sem ser possível a confusão, o mesmo tipo usado para
as perguntas e respostas foi o empregado.
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Miramez;
Cap. 3 O Bem e o Mal ( A Gênese)
9. Sendo o mal o
resultado das imperfeições do homem, e sendo o homem criado por Deus,
dir-se-ia, ter Deus criado senão o mal, pelo menos a causa do mal;
tivesse ele feito o homem perfeito, o mal não existiria.
Se o homem tivesse sido criado perfeito, seria levado
fatalmente ao bem; ora, em virtude de seu livre-arbítrio, ele não é
fatalmente levado, nem ao bem, nem ao mal. Deus quis que ele fosse
submetido à lei do progresso e que esse progresso fosse o fruto de seu
próprio trabalho, a fim de que tivesse o mérito desse trabalho, do mesmo
modo que carrega a responsabilidade do mal que é feito por sua vontade.
Levanta-se, pois, a questão, de saber qual é no homem a fonte da
propensão para o mal. (10)
10. Se estudarmos todas as paixões, e assim também
todos os vícios, veremos que ambos têm seu princípio no instinto de
conservação. Tal instinto existe com toda sua força, nos animais e nos
seres primitivos que se aproximam mais à animalidade; aí ele domina
sozinho, porque em tais seres, ainda não tem o contra-peso do senso
moral; o ser ainda não nasceu na vida intelectual. Ao contrário, o
instinto se enfraquece à medida que a inteligência se desenvolve, pois
que a inteligência domina a matéria.
O destino do Espírito é a vida espiritual; porém, nas
primeiras fases de sua existência corporal, apenas tem necessidades
materiais a satisfazer, e com vistas a esta finalidade o exercício das
paixões é uma necessidade para a conservação da espécie e dos
indivíduos, materialmente falando. Entretanto, saindo desse período, tem
outras necessidades; a princípio, necessidades semimorais e
semimateriais, e depois, exclusivamente morais. É então que o Espírito
domina a matéria; se ele abala o jugo da matéria, avança em sua estrada
providencial, aproxima-se de seu destino final. Se, ao contrário, deixa
dominar-se por ela, o Espírito se retarda, assemelhando-se ao bruto.
Nesta situação, o que outrora era um bem, porque era uma necessidade de
sua natureza, torna-se um mal, não somente porque não é mais uma
necessidade, mas porque tal se torna nocivo à espiritualização do ser.
De modo semelhante; o que é qualidade na criança torna-se defeito no
adulto. Assim, o mal é relativo, e a responsabilidade é proporcional ao
grau de progresso.
Logo, todas as paixões têm sua utilidade
providencial; sem isso, Deus teria feito algo de inútil e de nocivo. É o
abuso que constitui o mal, e o homem abusa em virtude de seu
livre-arbítrio. Mais adiante, eslarecido por seu próprio interesse, ele
escolhe livremente entre o bem e o mal.
(10) O erro consiste em pretender que a alma saia
perfeita das mãos do Criador, enquanto que este, ao contrário, quis que a
perfeição fosse o resultado da purificação gradual do Espírito, e sua
própria obra. Deus quis que a alma, em virtude de seu livre-arbítrio,
pudesse optar entre o bem e o mal e que alcançasse suas finalidades
mediante uma vida militante, e em resistência ao mal. Se houvesse criado
a alma perfeita como ele, e, ao sair de suas mãos, já lhe houvesse
assegurado sua beatitude eterna, ele a teria feito, não à sua imagem,
mas sim, semelhante a si próprio (Bonnamy, Juiz de instrução: "A Razão
do Espiritismo", cap. VI).
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(Instituição Filantrópica) Todos os Direitos Reservados
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