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sábado, 1 de março de 2014

Renascimentos Libertadores

Renascimentos Libertadores (*) 
 
As anêmonas em flor padeciam a constrição do calor  e murchavam, deixando
manchas coloridas sobre o verde desbotado das ramagens ressequidas.
 
 O dia amanhecera morno e a tórrida Judéia de solo calcionado, como o coração dosseus habitantes, prenunciava calor sufocante.
 
Eles haviam chegado da Galiléia, em marcha tranqüila, passando pela povoações e casarios esquecidos dos administradores, nos quais paravam para adquirir alimentos e conversar com os aldeões. 
 
Para aquelas gentes simples e sofridas das regiões remotas das cidades grandiosas,o contato com Jesus significava uma primavera formosa explodindo luz e harmoniana acústica das suas almas. Ademais, por onde Ele passava, mesmo que não se fizessem necessárias as curas ostensivas, ou que não ocorressem de forma pujante, permaneciam suaves aragens de paz e todos se sentiam reconfortados, tocados no recessos do ser. 
 
Quem era Aquele homem que sensibilizava as multidões atraindo crianças
ingênuas ao regaço, anciãos ao acolhimento, enfermos à misericórdia, loucos e
obsessos à paz e as próprias condições difíceis da Natureza a uma alteração
perceptível para melhor? 
 
-Interrogavam-se todos quantos lhe sentiam a aura ir radiante de amor.
Inevitavelmente permaneciam atraídos e mesmo quando não O podiam seguir, em
razão das circunstâncias do momento, jamais O esqueciam, aguardando que Ele
voltasse entre hinos de júbilo interno e esperanças renovadoras. 
 
A Sua palavra cálida adquiria musicalidade especial de acordo com as ocasiões e
ocorrências, tendo modulações próprias para cada momento, penetrando na
acústica da alma de forma inesquecível.
É muito difícil conceber-se, na atualidade tumultua da da sociedade, o significado
da presença de Jesus e o convívio com Ele, em razão dos novos padrões
comportamentais e dos interesses em jogo de paixões agressivas e asselvajadas. 
 
Entretanto, numa pausa para reflexão, numa silenciosa busca interior, num
tranqüilo de espera, pode-se ter uma idéia do grandioso significado da convivência pessoal com Ele.
Isto porque, as motivações sociais e econômicas do momento terrestre são muito
tormentosas e as conquistas parecem sem sentido após conseguidas, não
preenchendo os vazios do coração , que prosseguem inquieto, aguardando. 
 
Aqueles eram diferentes, sim. Não obstante, as criaturas eram muito semelhantes
às atuais, em razão das suas necessidades espirituais que se apresentavam como angústias para imediato atendimento, face ao desconhecimento das Leis soberanas da vida, que estavam restritas aos impositivos da intolerância e às descabidas exigências políticas.O ser humano sentia-se relativamente feliz quando podia desfrutar dos jogos da ilusória ribalta dos prestígios econômicos, sociais epolíticos, cujas vantagens sempre deixavam um gosto azinhavrado dedecomposição. 
 
Sem uma visão profunda do significado da existência, sem uma psicologia pessoal
mais lúcida, após as mentirosas vitórias sentia-se frustrado, atirando-se nos fossos
da promiscuidade moral ou nas rampas da perversidade guerreira, quando
esmagava outros e consumia nas chamas da crueldade seus bens, seus animais,
seus descendentes, que eram reduzidos à ínfima condição de escravos. 
 
A esperança de um libertador pairava em todas as pessoas de Israel, que desejava,
por outro lado, tornar-se uma Nação escravizadora, em revanche contra todos
aqueles outros povos que a afligiram. Não era um anseio justo e nobre para a
conquista da liberdade, mas uma ambição de vingança.
Surge Jesus e os olhos ansiosos das massas voltam-se para Ele com variados anelos
que se diversificam desde as necessidades orgânicas, às ambições guerreiras, às
alucinadas questões de supremacia de raça e de religião, esses pensamentos
permanentes adversários do processo de evolução do espírito humano. 
 
A Sua, no entretanto, era outra missão: libertar o indivíduo de si mesmo, da
inferioridade que lhe predomina no caráter e nos sentimentos. É natural, portanto,
que não fosse compreendido, sequer por aqueles que estavam ao Seu lado, já que
os interesses em pauta eram tão divergentes. 
 
A harmonia das Suas lições iam cantando uma sinfonia de esperança nos corações
e a música do seu conteúdo lentamente fixava-se na memória dos companheiros de
ministério, que ainda não haviam dado conta da magnitude do empreendimento. As
revelações faziam-se lentamente, e como suave calor amadurece os frutos, assim
Ele necessitava preparar os seres para o entendimento. 
 
Desse modo, após o formidando fenômeno da multiplicação dos pães e dos peixes,
e após orar, interrogou os amigos que estavam a Seu lado, sem a presença de estranhos no convívio íntimo:
- Quem dizem as multidões que sou?
Tomados de surpresa com o inesperado da interrogação, Ele, que jamais indagava,
por conhecer a profundeza dos sentimentos humanos e a época em que estava,
responderam-lhe, quase em uníssono, vários deles:-João Batista - ; outros, - Elias
 - ; outros, - um dos antigos profetas ressuscitados.
Houve um silêncio quebrado levemente pela harmonias ambientais. Após alguns
instantes, Ele indagou sem rebuços:
-E vós, quem dizeis que eu sou?
A pergunta pairava no ar, quando Simão Pedro, tomando de súbita inspiração
respondeu, emocionado:
-O Messias de Deus. 
O dia avançava e, substituindo o perfume das flores que emurcheciam, o ar parado
aumentando de temperatura impunha a necessidade de avançarem, margeando os
caminhos ásperos nos quais algumas árvores frondosas, sicômoros, figueiras,
tamareiras exuberantes ofereciam abrigo ao Sol inclemente.
O processo da reencarnação é o único que se coaduna com  a justiça de Deus,
oferecendo a todos as mesmas oportunidades de evolução, mediante as quais,
enriquece os Espíritos com as conquistas nobres do pensamento e da emoção,
depurando-se dos atavismos infelizes que neles predominam como decorrência das
experiências primitivas.
Graças a essa lei de causa e efeito , cada um é responsável pelas ocorrências do seu
deambular, tendo a liberdade de agir e a responsabilidade pelas conseqüências da
sua escolha.
O Filho do Homem, porém, iria sofrer sem nenhuma necessidade ou impositivo de
evolução, exclusivamente para dar testemunho de que a dor não tem caráter
punitivo, mas também funciona nos culpados, culpado que Ele não era, como
recurso de autopurificação.
A Sua, era, portanto, uma dadivosa lição do amor e de encorajamento para todos
quantos atravessariam os portais da existência planetária tentando a conquista do
infinito.
______________
(*) Lucas: 9 - 18 a 21.
Nota da autora espiritual.
 
Livro : Até O Fim dos Tempos-
Amélia Rodrigues

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