Emmanuel
Quando nos referimos a
perdão, habitualmente mentalizamos o quadro clássico em que nos vemos à
frente de supostos adversários, distribuindo magnanimidade e benemerência,
qual se pudéssemos viver sem a tolerância alheia.
O assunto, porém, se
espraia em ângulos diversos, notadamente naqueles que se reportam ao
cotidiano.
Se não soubermos
desculpar as faltas dos seres que amamos, e se não pudermos ser desculpados
pelos erros que cometemos diante deles, a existência em comum seria
francamente impraticável, porquanto irritações e azedumes devidamente
somados atingiram quotas suficientes para infligir a desencarnação prematura
a qualquer pessoa.
Precisamos muito mais
do perdão, dentro de casa, que na arena social, e muito mais de apoio
recíproco no ambiente em que somos chamados a servir, que nas avenidas
rumorosas do mundo.
Em auxílio a nós
mesmos, todos necessitamos cultivar compreensão e apoio construtivo, no
amparo sistemático a familiares e vizinhos, chefes e subalternos, clientes e
associados, respeito constante a vida particular dos amigos íntimos,
tolerância para os entes amados, com paciência e olvido diante de quaisquer
ofensas que assaltem os corações. Nada de aguardamos sucessos calamitosos,
dores públicas e humilhações na praça, a fim de aparecermos na posição de
atores da benevolência dramatizada, apesar de nossa obrigação de fazer o bem
e esquecer o mal, seja onde for.
Aprendamos a desculpar
- mas a desculpar sinceramente, de coração e memória -, todas as alfinetadas
e contratempos, aborrecimentos e desgostos, no círculo estreito de nossas
relações pessoais, exercitando-nos em bondade real para ser realmente bons.
Tão somente assim, lograremos praticar o perdão que Jesus nos ensinou. E se
o Mestre nos ensinou perdoar setenta vezes sete aos nossos inimigos, quantas
vezes deveremos perdoar aos amigos que nos entretecem a alegria de viver?
Decerto que o Senhor se fez omisso na questão porque tanto de nossos
companheiros necessitam de nós, quanto nós necessitamos deles, e, por isso
mesmo, de corações entrelaçados no caminho da vida, é imprescindível
reconhecer que, entre os verdadeiros amigos, qualquer ocorrência será motivo
para aprendermos, com segurança, a abençoar e entender, amar e auxiliar.
Livro: Alma e Coração.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier Espírito
Emmanuel
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