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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

SESSÕES MEDIÚNICAS COM HERCULANO PIRES

SESSÕES MEDIÚNICAS COM HERCULANO PIRES
Jorge Rizzini
De volta a São Paulo retomou Herculano Pires a desgastante vida profissional nos Diários Associados sem, contudo, descuidar-se dos sucessivos compromissos no movimento espírita nacional. Para recuperar-se realizava, semanalmente, em seu lar sessões mediúnicas, cada vez mais concorridas. O grupo intitulava-se Grupo Espírita Cairbar Schutel. Sua filha Helena revelara-se excelente médium psicofônica e o filho Herculaninho um doutrinador competente. As sessões iniciavam-se com uma prece dita pela cunhada Lourdes e explanação de Herculano Pires sobre um capítulo das obras de Allan Kardec. E terminavam com mensagens ditadas pelos Instrutores Espirituais, quase sempre através de Victor e Assunta, abnegados (e notáveis) médiuns. Ela, vidente, o marido médium de cura e psicofonia. Entre inúmeros casos observados por Herculano Pires, relata ele um em seu Diário. Certo rapaz de nome Wilson gritava dia e noite com violentas dores que os médicos não conseguiam debelar com sedativos. Herculano visitou-o, acompanhado de Victor e Assunta. O rapaz e seus parentes não haviam jamais frequentado sessões mediúnicas.
“Encontramos o Wilson em lastimável estado. Magro, pálido, gritando a todo instante e lançando-se ao chão em contorções. A situação era dificílima: não sabíamos o que fazer. Impossível concentrar e orar ou dar-lhe passes. Sentamo-nos todos na sala e procuramos orar em silêncio. (...) Súbito, o Victor foi tomado e levantou-se de um salto, falando em italiano, com voz forte e enérgica. Era um Espírito esclarecido. Pôs-se imediatamente a repreender duas entidades inferiores que atormentavam o ragazzo. Conseguiu expulsá-las. Wilson estirou-se no soalho, exausto. (...) Dona Assunta relatou o que vira: um dos Espíritos afastados cortava os músculos e nervos do rapaz com uma tesoura fluídica, produzindo-lhe as dores que os médicos não conseguiam explicar. Outro o chicoteava sem cessar. O Espírito bom se despediu com a prece do Pai Nosso. Wilson se levantou com a ajuda de Victor e logo se pôs a andar, tranquilo, refeito, de um lado para outro, falando em Deus. Enquanto respondíamos às perguntas de dona Luizinha (mãe do rapaz), ele se encaminhou para o quarto. Queria deitar-se. Num instante começou a dormir. Quando saímos, ressonava tranquilo. (...) Foi realmente uma prova concreta da verdade espírita que os psiquiatras insistem em negar e combater.”
Memoráveis foram os trabalhos mediúnicos na casa do apóstolo de Allan Kardec. Ao final de cada sessão Virgínia servia café e um bolo de chocolate ou fubá. E só após longa conversa sobre a doutrina (Herculano Pires sempre amável, sorridente) as pessoas se despediam. Era quase uma hora da madrugada... O número de frequentadores crescera tanto que as sessões passaram a ser realizadas na garagem (Herculano não possuía automóvel). Era frequente à noite - e em qualquer dia da semana - o autor deste livro visitar Herculano Pires e, então, ao sentir a presença de espíritos realizavam sessões - ali mesmo, na copa, após Virgínia servir o lanche. Em uma dessas sessões improvisadas houve um fato inusitado. O notável escritor espírita desencarnado Carlos Imbassahy desejava conversar com Herculano Pires, mas recusava incorporar-se. Herculano Pires estranhou o fato e em carta narrou-o ao filho de Imbassahy:
“Tive a ventura de receber, há cerca de vinte dias, uma comunicação de seu pai, que se apresentou inesperadamente, acompanhado do Pedro Granja. Não foi em sessão. Estávamos conversando, na copa de minha casa, eu e o Rizzini (que é médium). Sentimos de repente uma presença espiritual. (Não falávamos dele nem do Granja). Rizzini disse que sentia dificuldades para receber um espírito que desejava manifestar-se mas não queria incorporar-se. Logo mais começou a receber a comunicação do Imbassahy por meio telepático. Uma ligação de mente a mente. O Imbassahy explicou que não queria incorporar mas podia transmitir a mensagem da mesma maneira. Na verdade, estabeleceu conversação comigo, como quando em vida. Deu-me recados do Granja, que não se comunicou. Foi realmente um momento feliz. A identificação era perfeita, na linguagem, nas ideias e na lembrança de nossa correspondência. Não lhe escrevi nada a respeito porque foi, de fato, uma visita de amigo, rápida e sem maiores consequências.”
Carlos de Brito Imbassahy confirmou a veracidade da comunicação, afirmando que seu pai costumava dizer que um Espírito para transmitir mensagens não tinha necessidade da chamada “incorporação”¹.  Foi por essa época que Herculano Pires, tendo acompanhado o desenvolvimento da mediunidade de Jorge Rizzini, prefaciou seu primeiro livro psicografado - Antologia do Mais Além - que enfeixa produções de quarenta e quatro poetas célebres, nacionais e estrangeiros e que teve repercussão, inclusive, fora do movimento espírita.
Grande era a experiência de Herculano Pires no trato da mediunidade, pois dirigia sessões mediúnicas desde os vinte e poucos anos de idade quando presidira o Centro Espírita Humberto de Campos, em Cerqueira César. E, por isso mesmo, a pedido de sua esposa Virgínia, escreveu um livro esclarecendo problemas relacionados à mediunidade que, até então, continuava mal compreendida em nosso país.
“Hoje ainda perduram as confusões a respeito (escreve o apóstolo de Kardec no primeiro capítulo de seu livro Mediunidade). Afirma-se tudo a respeito da mediunidade: é uma manifestação dos poderes cerebrais do homem, esse computador natural que pode programar o mundo; é uma eclosão dos resíduos animais de percepção sem controle de órgãos sensoriais específicos; é uma energia ainda desconhecida do córtex cerebral, mas evidentemente física (Vassiliev); é um despertar de novas energias psicobiológicas do homem, no limiar da era cósmica; é o produto do inconsciente excitado; é uma forma ainda não estudada da sugestão hipnótica. Ninguém se lembra da explicação simples e clara de Kardec: é uma faculdade humana.
Procuramos demonstrar, neste livro, o que é em essência essa faculdade, como funciona em nosso corpo e em relação com o mundo, os homens e os espíritos. (...) Apoiamo-nos nas obras de Kardec, nas conquistas atuais da Parapsicologia, da física, da biologia e da biofísica, sem outro objetivo que o de mostrar as relações dessas conquistas recentes com a estrutura geral da doutrina espírita. Apoiamo-nos também em nossas experiências pessoais de quase toda uma vida no trato dos problemas espíritas em geral e da mediunidade em particular, na observação e tratamento de casos de obsessão, no trato direto e vivencial de casos obsessivos na família e em nós mesmos, nas observações de tratamento em hospitais espíritas e nas instituições doutrinárias.(...) Não fazemos doutrina, procuramos apenas esclarecer, na medida do possível, as questões mais difíceis da teoria e da prática espíritas, hoje conturbadas por verdadeiras aberrações de pessoas inconscientes, que, demasiado confiantes em si mesmas, tripudiam sobre os princípios fundamentais do espiritismo.”
O livro de Herculano Pires Mediunidade, publicado em julho de 1978 pela Editora Edicel, não é didático nem um tratado sobre mediunidade, mas sua leitura agradabilíssima é indispensável porque conceitua a mediunidade e oferece ao leitor uma análise geral, arguta e profunda, dos seus problemas atuais. Esse livro, pois, a nosso ver notável complementa o estudo de O livro dos médiuns, de Allan Kardec. Estudemos a obra. Porque sem estudar com dedicação e humildade, os estudantes passam pela doutrina como gatos sobre brasas, saindo apenas chamuscados e, o que é pior, convencidos de que dominaram o assunto... (A frase é de Herculano Pires).


¹Herculano Pires, em seu livro Mediunidade, escrito anos depois, ensina ser errônea a denominação de “incorporação” para as manifestações orais. O que se dá não é uma incorporação, mas uma interpenetração psíquica, como a da luz atravessando uma vidraça.

Fonte: http://www.fundacaoherculanopires.org.br/apostolo-abertura/324-sessoesmediunicas

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